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Universidade Federal do Ceará - Curso de Psicologia (2020.2) Disciplina: Psicologia e Saúde Coletiva I Profª: Andrea Batista de Andrade Castelo Branco Aluna: Débora Maria de Oliveira Alexandre (MAT. 472303) 1 AUTOAVALIAÇÃO · Participação pessoal: 2.5 pts. · Atitudes: 2.5 pts. · Conhecimentos: 2.5 pts. · Habilidades: 2.5 pts. · TOTAL: 10.0 pts. 2 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA SAÚDE COLETIVA (ABS) Segundo Paim e Almeida Filho (2000, p. 63 apud OSMO e SCHRAIBER, 2015, p. 206), “a Saúde Coletiva pode ser considerada como um campo de conhecimento de natureza interdisciplinar cujas disciplinas básicas são a epidemiologia, o planejamento/administração de saúde e as ciências sociais em saúde”. Esse campo, conforme Nunes (1994 apud OSMO e SCHRAIBER, 2015), desenvolveu-se em três momentos históricos: a fase pré-saúde coletiva, de 1955 até 1970, marcada pelo preventivismo; a fase da medicina social, durante os anos 70; e a fase da Saúde Coletiva propriamente dita, a partir do fim dos anos 70, quando o campo foi realmente se consolidando. Porém, é extremamente importante considerar o contexto dessas mudanças, os fatores históricos que foram suas condições de possibilidade: na América Latina, os movimentos de redemocratização fervilhavam, e, especificamente no Brasil, as Reformas Sanitária e Psiquiátrica e a criação do SUS, em 1988, foram relevantes marcos. Nesse contexto, na psicologia, surgiam grandes críticas ao modelo de Clínica Tradicional, e, com o surgimento do SUS, em 1988, ocorriam grandes mudanças nas práticas de cuidado, orientadas pelos princípios e diretrizes desse novo Sistema de Saúde. A oferta de concursos públicos para psicólogos aumentava; surgia o primeiro Centro de Atenção Psicossocial, em 1986, em São Paulo, configurando-se como um grande marco para a Reforma Psiquiátrica Brasileira e o Movimento Antimanicomial; em 1997, surgia o Programa de Saúde na Família (depois Estratégia de Saúde da Família e Núcleo de Apoio à Saúde da Família), abrangente estratégia para transformação das práticas sociais; em 2003, era implantada a Política Nacional de Humanização no SUS, que reforçava a valorização da dimensão subjetiva/coletiva nos processos de trabalho em saúde, no trabalho em equipe e na gestão, além de outras grandes conquistas para a Saúde Mental no Brasil. Nesse panorama, aumenta-se bastante o foco nas ações em Atenção Primária à Saúde (ou Atenção Básica), em detrimento de um enfoque estritamente biomédico e hospitalocêntrico. A APS corresponde a um conjunto de práticas integrais em saúde direcionadas a responder a necessidades individuais e coletivas, sendo a porta de entrada, o serviço de saúde mais próximo do usuário-cidadão, o primeiro nível de atenção em termos de complexidade. Seus princípios norteadores são: longitudinalidade; integralidade; coordenação; orientação para a comunidade; centralidade na família e competência cultural. A atuação do psicólogo no âmbito da Atenção Básica é de grande relevância, justamente pelo próprio ethos desse fazer saúde, por esses princípios norteadores de uma Clínica Ampliada, crítica, que realmente intervém na comunidade de forma conjunta e colaborativa, com uma visão de intersubjetividade e horizontalidade em vez das tradicionais práticas verticais de cuidado em saúde. O fazer psi e a saúde mental como um todo são importantes fatores a se considerar, no SUS e na Atenção Básica, em especial, potente e eficaz modelo de assistência à saúde. Porém, ainda há muito a ser feito nesse campo, especialmente na psicologia. Muitas vezes, falta uma maior integração de ações e intervenções (além de uma integração da própria equipe multiprofissional dos serviços de saúde); há ainda uma grande verticalização no contexto do trabalho em equipe, com uma certa assimetria e desigualdade entre os cargos dos profissionais; além de fatores estruturais como a pouca valorização desses profissionais, a deficiência no quesito da formação permanente e as condições precárias de trabalho, afetando inclusive a qualidade dos serviços ofertados. REFERÊNCIAS OSMO, A.; SCHRAIBER, L. B. O campo da Saúde Coletiva no Brasil: definições e debates em sua constituição. Saúde Soc., São Paulo, v. 24, supl. 1, p. 205-218, 2015.
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