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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS QUOCIENTES FINANCEIROS APLICÁVEIS À CONTABILIDADE PÚBLICA: ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO ESTADO DE PERNAMBUCO EMERSON GREGÓRIO ALVES RECIFE 2015 EMERSON GREGÓRIO ALVES QUOCIENTES FINANCEIROS APLICÁVEIS À CONTABILIDADE PÚBLICA: ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO ESTADO DE PERNAMBUCO. . Monografia produzida para conclusão do curso de Ciências Contábeis, da Universidade Católica de Pernambuco, sob a orientação do Professor Paulo Henrique Ferreira da Paz. RECIFE 2015 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo demonstrar as principais mudanças verificadas na composição e na qualidade da dívida pública do Estado de Pernambuco no período compreendido entre os anos de 2011 a 2014. Como enquadramento metodológico, a presente pesquisa permite desenvolver um estudo de caso, buscando obter informações sobre o endividamento do Estado de Pernambuco, em relação à Dívida Fundada (Interna e Externa) e Flutuante, no período em análise, através da utilização de quocientes financeiros aplicáveis a contabilidade pública. Objetiva ainda avaliar se o endividamento do Estado está respeitando os limites legais e se está comprometendo ou não o orçamento estadual. Diante do cenário nacional de crise, o estudo da composição e qualidade da Dívida Pública do Estado de Pernambuco revela-se importante para esclarecer como anda o endívidamento do estado e que apesar dos aumentos anuais da dívida, verificam-se também aumentos da Receita Corrente Líquida, o que trás ao Estado a condição de um bom patamar de endividamento, levando-se em consideração o permitido em lei. Palavras-chave: Dívida Pública, Demonstrações Contábeis, Contabilidade Pública, Gestão Governamental. LISTA DE SIGLAS SIGLAS NOME POR EXTENSO NBC T Norma Brasileira de Contabilidade Técnica P IB Produto Interno Bruto CFC Conselho Federal de Contabilidade DLSP Dívida Líquida do Setor Público NFSP Necessidade de Financiamento do Setor Público RCL Receita Corrente Líquida LRF Lei de Responsabilidade Fiscal STN Secretaria do Tesouro Nacional IPI Imposto sobre Produtos Industrializados IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvlvimento LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Quocientes para análise da Dívida Pública.............................................39 Gráfico 2: Evolução da Dívida Fundada Interna......................................................40 Gráfico 3: Totais da Dìvida Fundada Externa..........................................................41 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Programa de Ajuste Fiscal .......................................................................27 Tabela 2: Resultados Primário e Orçamentário........................................................29 Tabela 3: Resultado Financeiro- Consolidado..........................................................29 Tabela 4: Poupança Corrente- Consolidada.............................................................30 Tabela 5: Receita Total- Consolidado.......................................................................30 Tabela 6: Despesa Total- Consolidada..........................................................................31 Tabela 7: Dívida Consolidada por ìndice de Correção...................................................32 Tabela 8: Quocientes do Balanço Orçamentário......................................................33 Tabela 9: Quocientes do Balanço Financeiro...........................................................34 Tabela 10: Quocientes do Balanço Patrimonial........................................................36 Tabela 11: Quocientes da Demonstração das Variações Patrimoniais....................37 Tabela 12: Dívida Fundada Interna..........................................................................39 Tabela 13: Dívida Fundada Externa.........................................................................41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................8 1.1. PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................9 1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................9 1.2.1. Objetivo Geral.............................................................................................9 1.2.2. Objetivos Específicos.................................................................................9 1.3. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA.....................................................................10 1.4 METODOLOGIA..............................................................................................11 2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................13 2.1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..........................................................................13 2.2. PATRIMÔNIO PÚBLICO.................................................................................15 2.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS..................................................................16 2.4. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS.........................................18 3. ANÁLISE DÍVIDA PÚBLICA – CONCEITOS E APLICAÇÕES..............................20 3.1 ASPECTOS TEÓRICOS DA DÍVIDA PÚBLICA...............................................20 3.2 FINANCIAMENTOS DA DÍVIDA.......................................................................22 3.3 ENTENDENDO A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL.............................23 3.4 RECEITA CORRENTE LÍQUIDA- RCL............................................................24 4. RESUMO DO BALANÇO GERAL DO ESTADO 2011-2014.................................26 4.1 PROGRAMA DE AJUSTE FISCAL....................................................................26 4.2 RESULTADO PRIMÁRIO, ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO........................27 5. APLICAÇÃO DE QUOCIENTES FINANCEIROS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO ESTADO DE PERNAMBUCO.......................................................32 5.1 QUOCIENTES RELATIVOS AO BALANÇO ORÇAMENTÁRIO, FINANCEIRO, PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS.........................................................................................................32 5.1.1 Quociente de Execução da Receita............................................................33 5.1.2 Quociente do Equilíbrio Orçamentário.........................................................33 5.1.3 Quociente da Execução da Despesa..........................................................33 5.1.4 Quociente do Resultado Orçamentário.......................................................33 5.1.5 Quociente da Execução Orçamentária........................................................34 5.1.6 Quociente do Resultado da Execução Financeira.......................................34 5.1.7 Quociente da Execução Extra-Orçamentária..............................................34 5.1.8 Quociente do Resultado dos Saldos Financeiros........................................355.1.9 Quociente da Situação Financeira..............................................................35 5.1.10 Quociente da Situação Permanente.........................................................35 5.1.11 Quociente do Resultado Patrimonial........................................................36 5.1.12 Limite de Endívidamento I.........................................................................36 5.1.13 Limite de Endívidamento II.......................................................................36 5.1.14 Quociente do Resultado das Mutações Patrimoniais...............................37 5.1.15 Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais Independentes da Execução Orçamentária.......................................................................................37 5.1.16 Quociente do Resultado das Variações na Parte Permanente................38 5.1.17 Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais...............................38 5.2 ANÁLISE DA DÍVIDA PÚBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO..................38 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................42 REFERÊNCIAS..........................................................................................................43 8 1. INTRODUÇÃO A Contabilidade, nos últimos anos, está sofrendo alterações visando à harmonização com as normas internacionais. No campo da contabilidade aplicada ao setor público não é diferente. Fato que pode ser percebido pelas constantes reformulações nas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade e no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público sob responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional. Segundo o item 4, da NBC T 16.1, o objetivo da contabilidade aplicada ao setor público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social. O interesse da comunidade deve ser incentivado pelos gestores públicos, que podem aperfeiçoar as técnicas de transparência e prestação de contas na área estatal. Ao aprimorar as formas de demonstrar a gestão dos recursos públicos, o poder público trabalha para o fortalecimento da participação dos cidadãos. A transparência na gestão de recursos públicos, entretanto, não é atingida de forma ampla em razão de relatórios e formas de divulgação complexas, permeadas de expressões técnicas e regras específicas de contabilização, que não apresentam um grau de atratividade capaz de garantir envolvimento, participação ativa e exercício regular do controle social. Assim, considerando a legalidade que permeia os balanços públicos, com sua linguagem técnica, e a necessidade de ampliar o alcance da publicidade dos dados como sendo fontes potenciais das informações para o fortalecimento do controle social, esta pesquisa procederá a análise dos quocientes aplicáveis às Demonstrações Contábeis do Estado de Pernambuco confere instrumentos adicionais para o exame da Gestão Orçamentária e Financeira. 9 1.1. PROBLEMA DE PESQUISA Para Moraes (2003,p.315) “A administração pública pode ser definida objetivamente como a atividade concreta e imediata que o estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos.” O controle do patrimônio público é uma das atividades do estado. Sendo assim, o objetivo da Administração Pública não é obter, sucessivamente, resultados positivos, mas, sim, aplicar da melhor forma possível os recursos, buscando a satisfação da coletividade. Os indicadores financeiros aplicáveis à contabilidade pública são ferramentas apropriadas para avaliar a gestão do patrimônio público. A análise de Demonstrações Contábeis do Estado de Pernambuco visa a uma investigação de fatos com base nos dados apresentados. Os fatos investigados são todos aqueles que interferem, qualitativa e quantitativamente, na dívida pública estadual. Por tudo que foi relatado, faz-se necessário um estudo sobre as Demonstrações Contábeis Estaduais, buscando responder ao seguinte questionamento: Quais as principais alterações na composição e na qualidade da dívida pública do Estado de Pernambuco são possíveis verificar através de indicadores financeiros aplicáveis as suas demonstrações contábeis no período de 2011 a 2014? 1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA 1.2.1. Objetivo Geral Analisar as alterações na composição e na qualidade da dívida pública do Estado de Pernambuco através do uso de indicadores financeiros extraídos das suas demonstrações contábeis. 1.2.2.Objetivos Específicos 10 a) Analisar e discutir os aspectos teóricos da dívida pública de forma a evidenciar suas origens e por quais elementos é composta; b) Identificar e apresentar os indicadores que melhor evidenciam a composição e qualidade da dívida pública; c) Avaliar como a dívida pública do Estado de Pernambuco vem se comportando ao longo do período analisado. 1.3. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA Pernambuco vem apresentando, no último quadriênio, crescimento acima da média nacional. A evolução do PIB do estado trás consigo um aumento na arrecadação e na aplicação de recursos em projetos e investimentos por parte do setor público. Segundo cálculos realizados pela Agência CONDEPE/FIDEM, o PIB a preço de mercado pernambucano cresceu 2,7% no terceiro trimestre de 2014, acumulando um crescimento de 2,8% no período de janeiro a setembro desse ano, ambas as taxas comparadas ao mesmo período de 2013. Em valores correntes, o PIB a preços de mercado foi estimado em R$ 35,5 bilhões no terceiro trimestre de 2014. Tendo em vista o progresso alcançado pelo Estado de Pernambuco, torna-se necessária a existência de ferramentas que possam demonstrar e avaliar o modo como estão sendo geridos os recursos públicos nesse cenário. A contabilidade aplicada ao setor público fornece informações para adequada prestação de contas e instrumentalização do controle social. Dentre as funções dos serviços de contabilidade estão a análise e a interpretação, descritos no art. 85 da Lei nº 4.320/64: Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitir o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros. 11 Este trabalho justifica-se por demonstrar que os quocientes financeiros, largamente utilizados na contabilidade privada, com suas devidas adaptações às normas do setor público, são instrumentos eficazes na análise da gestão do patrimônio público. 1.4 METODOLOGIA “O Método é o conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim”(Galliano, 1979, p.6). Segundo Gil (2002), o estudo de caso “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. Para Yin (2001), este estudo é encarado como o delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos. A presente pesquisa permite desenvolver um estudo específico de um caso, buscando obter informações sobre o endividamento do estado de Pernambuco, em relação a Dívida Fundada Interna, Externa e Flutuante, no último quadriênio, através da aplicação de quocientes financeiros aplicáveis a contabilidadepública. Para a coleta de informações foram utilizados dados secundários fornecidos pelos Balanços Gerais do Estado, disponíveis no sitio eletrônico da Secretária da Fazenda do Estado de Pernambuco, cujo conteúdo apresenta o resultado e a composição patrimonial, bem como a execução do orçamento fiscal do Estado. Os relatórios contábeis, tanto na área pública como na privada, apresentam uma série de dados aos usuários. Estes dados podem não auxiliar de forma clara os objetivos de apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social. Para que seja alcançado o objetivo deste trabalho busca-se a análise dos indicadores financeiros obtidos, de forma que os dados possam ser transformados 12 em informações que depois de interpretadas prestem esclarecimentos ao tema proposto. 13 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A República Federativa do Brasil é um estado democrático de direito e conforme Alexandrino e Paulo (2012, p.14) “O Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e governo soberano. Onde um determinado povo, em um dado território, se organiza segundo sua livre e soberana vontade”. Para Ferreira (1999, p.826) “Estado é um organismo político-administrativo que, como nação soberana ou divisão territorial, ocupa um território determinado, é dirigido por um governo próprio e se constitui pessoa jurídica de direito público, internacionalmente reconhecida”. Ainda para Alexandrino e Paulo (2012), a República Federativa do Brasil adota a descentralização política, onde coexistem, em um mesmo território, distribuídas por regiões, diferentes entidades autônomas política, financeira e administrativamente. O Estado de Pernambuco representa uma dessas entidades, as Unidades Federativas. Administração Pública é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes do Estado, que buscam satisfazer as necessidades da sociedade, como saúde, educação, habitação, segurança e cultura. Meirelles (1989, p. 57), conceitua Administração Pública como “Todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”. Ainda segundo Meirelles (1989, p. 83) “Na Administração Pública, não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”. 14 Mello (1979 apud KOHAMA, 2010, p.09) dispõe que “Administrar é gerir os serviços públicos; significa não só prestar serviço, executá-lo, como também dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil”. Dispõe ainda que “O interesse público que à Administração incumbe zelar, encontra-se acima de quaisquer outros e, para ela, tem o sentido de dever, de obrigação. É obrigada a desenvolver atividade contínua, compelida a perseguir suas finalidades públicas”. Neste sentido, Duez (1935 apud KOHAMA, 2010, p.10) conceitua a Administração como “a atividade funcional concreta do Estado que satisfaz as necessidades coletivas em forma direta, contínua e permanente, e com sujeição ao ordenamento jurídico vigente”. Segundo afirma Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2003, p.69): O conceito de Administração Pública divide-se em dois sentidos: em sentido objetivo, material ou funcional, a Administração Pública pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. Em sentido subjetivo, formal ou orgânico, pode-se definir Administração Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado. A Administração Pública centralizada ou direta é aquela exercida diretamente pela União, Estados e Municípios que, para tal fim, utiliza-se de ministérios, secretarias, departamentos e outros órgãos, apresentando, assim, uma estrutura eminentemente piramidal. Por outro lado, a Administração Pública descentralizada ou indireta é exercida por outras pessoas jurídicas que não se confundem com os entes federados, criadas pelos mesmos, a saber: autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista, associações públicas. Para Alexandrino e Paulo (2012) a Administração Pública é formada por entidades políticas e entidades administrativas. As entidades políticas são pessoas jurídicas de direito público interno, dotadas de diversas competências de natureza política, legislativa e administrativa. As entidades administrativas são pessoas jurídicas que compõem a administração indireta, quais sejam: autarquias, fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 15 2.2. PATRIMÔNIO PÚBLICO Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de pessoas físicas ou jurídicas. Para Kohama (2012) o patrimônio é composto pelo somatório dos bens mais os direitos (ativo), subtraindo-se as obrigações (passivo), possuídos por uma pessoa física ou jurídica. A parte ativa do patrimônio compreende a propriedade física dos bens e os valores a receber em curto, médio ou longo prazo. Já a parte passiva, são os compromissos assumidos que devem ser exigidos em curto, médio ou longo prazo. De acordo com Mota (2009, p. 271) O patrimônio é o conjunto de bens, direitos a receber e obrigações a pagar pertencentes a uma entidade (pessoa física ou jurídica). A parte positiva do patrimônio (ativo) é representada pelos bens e direitos a receber, enquanto a parte negativa do patrimônio (passivo) é formada pelas obrigações a pagar. (2009, p. 271) Analogamente, o Patrimônio Público compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações do Estado. Para Silva (2003, p. 243) o patrimônio do Estado é “o conjunto de bens, valores, créditos e obrigações de conteúdo econômico e avaliável em moeda que a Fazenda Pública possui e utiliza na consecução de seus objetivos”. Conforme o item 3, da resolução CFC nº 1.129/2008: Patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações. Kohama (2003 apud GLAUBER, 2009, p. 271) afirma que “o patrimônio público compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações avaliáveis em moeda corrente das entidades que compõem a Administração Pública”. O Patrimônio Público sob o enfoque contábil é classificado em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Segundo o item 4, da resolução CFC nº 1.129/2008: O patrimônio público é estruturado em três grupos: (a) Ativos são recursos controlados pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem para a entidade benefícios econômicos futuros ou 16 potencial de serviços; (b) Passivos são obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos passados, cujos pagamentos se esperam que resultem para a entidade saídas de recursos capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços e (c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos seus passivos. Dentro do conceito de Ativos, integrantes do Patrimônio Público, faz-se necessário um esclarecimento sobre bens públicos. A definição de bens públicos está contida nos artigos 98 e 99 do Código Civil ( Lei nº 10.406/2002): Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, sejaqual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Dos bens referidos no Código Civil, não serão registrados no patrimônio público, apenas os bens de uso comum do povo que não absorveram recursos públicos ou que não forem recebidos em doação. Resolução CFC nº 1.137/2008, que aprova a NBC T 16.10- Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público, itens 30 e 31: Os bens de uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos, ou aqueles eventualmente recebidos em doação, devem ser incluídos no ativo não circulante da entidade responsável pela sua administração ou controle, estejam, ou não, afetos a sua atividade operacional. A mensuração dos bens de uso comum será efetuada, sempre que possível, ao valor de aquisição ou ao valor de produção e construção. 2.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 17 As principais demonstrações contábeis do setor público são Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro, Balanço Patrimonial e Demonstração das Variações Patrimoniais e estão previstas no artigo 101 da Lei 4.320/64. O Balanço Orçamentário apresentará as receitas previstas e as despesas fixadas em confronto com as realizadas, em conformidade com a Lei 4.320/64, art. 102. Pela redação da NBC T 16.6, item 20, o Balanço Orçamentário evidencia as receitas e as despesas orçamentárias, detalhadas em níveis relevantes de análise, confrontando o orçamento inicial e as suas alterações com a execução, demonstrando o resultado orçamentário. Kohama (2010, p. 255) conceitua balanço orçamentário como: Um quadro de contabilidade com duas seções, em que se distribuem as receitas previstas no orçamento como também as realizadas, e as despesas fixadas e as realizadas, igualando-se as somas opostas com os resultados, o previsto e o realizado, e o déficit ou superávit. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte, de acordo com a Lei 4.320/64, art. 103. Conforme o item 23, da NBC T 16.6, O Balanço Financeiro evidencia as receitas e despesas orçamentárias, bem como os ingressos e dispêndios extraorçamentários, conjugados com os saldos de caixa do exercício anterior e os que se transferem para o início do exercício seguinte. Para Mota (2009), em consonância com a lei 4.320/64, o balanço financeiro é um quadro com duas colunas denominadas de Receita (ingressos) e Despesa (dispêndios), diferenciadas ainda em orçamentária e extraorçamentária, onde as colunas se igualam quando da inclusão dos saldos de disponibilidades do exercício anterior e dos saldos de disponibilidades que passam para o exercício seguinte. De acordo com o caput do artigo 105 da Lei nº 4.320/64, o balanço patrimonial demonstrará o ativo financeiro, o ativo permanente, o passivo financeiro, o passivo permanente, o saldo patrimonial e as contas de compensação. Estabelece a NBC T 16.6, item 12, que o Balanço Patrimonial, estruturado em Ativo, 18 Passivo e Patrimônio Líquido, evidencia, qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial da entidade pública. Segundo Silva (2003), o Ativo é representado por contas que representam direitos e bens, dividido em financeiro e permanente. O Passivo é representado pelas obrigações e formado também pelo financeiro e permanente. O patrimônio líquido pela diferença entre ativo e passivo. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício. Pelo item 25, da NBC T 16.6, A Demonstração das Variações Patrimoniais evidencia as variações quantitativas, o resultado patrimonial e as variações qualitativas decorrentes da execução orçamentária. Afirma Kohama (2012, p. 268) A Demonstração das Variações Patrimoniais é um quadro de contabilidade com duas seções, Variações ativas e Variações Passivas, onde são distribuídos os elementos que alteraram o patrimônio durante o exercício, identificando por contas que, por si só, identificam o tipo de variação ocorrida e onde a igualdade das somas é obtida pelo déficit ou superávit, que corresponde ao resultado patrimonial do exercício. 2.4. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A análise e a verificação das Demonstrações tem como objetivo preparar os indicadores que servirão de suporte para a avaliação da gestão orçamentária, financeira e patrimonial. Os quocientes são importantes instrumentos para que se proceda a análise dos Balanços Públicos. Conforme Kohama (2000), são quocientes importantes e adequados para análise e interpretação dos resultados fornecidos pelas Demonstrações Contábeis: 1- Aplicáveis ao Balanço Orçamentário- Quociente de Execução da Receita, Quociente do Equilíbrio Orçamentário, Quociente de Cobertura dos Créditos Adicionais, Quociente da Execução da Despesa, Quociente do Resultado Orçamentário; 19 2- Aplicáveis ao Balanço Financeiro- Quociente da Execução Orçamentária, Quociente Financeiro Real da Execução Orçamentária, Quociente da Execução Orçamentária Corrente, Quociente da Execução Orçamentária de Capital, Quociente da Execução Extra-Orçamentária, Quociente do Resultado da Execução Financeira, Quociente do Resultado dos Saldos Financeiros; 3- Aplicáveis ao Balanço Patrimonial- Quociente da Situação Financeira, Quociente da Situação Permanente, Quociente do Limite de Endívidamento I, Quociente do Limite de Endívidamento II, Quociente do Dispêndio da Dívida, Quociente do Resultado Patrimonial; e 4- Aplicáveis a Demonstração das Variações Patrimoniais- Quociente da Mutação Patrimonial Passiva, Quociente da Mutação Patrimonial Ativa, Quociente do Resultado das Mutações Patrimoniais, Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais Independentes da Execução Orçamentária, Quociente do Resultado das Variações na Parte Permanente, Quociente Patrimonial da Execução Orçamentária e Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais. 20 3. ANÁLISE DÍVIDA PÚBLICA – CONCEITOS E APLICAÇÕES. Em 05/05/2014 o secretário da fazenda deu a seguinte declaração: “Pernambuco aumentou o nível de seu endívidamento no último ano. Porém, ainda estamos com folga”. A argumentação é de Décio Padilha, secretário da Fazenda de Pernambuco. Segundo ele, mesmo o volume da dívida estadual passando de 45,8% (2012) para 52,7% (2013), a "saúde" das contas do estado está excelente. O grande motivador dessa elevação foi a contratação de R$ 1,2 bilhão de novos contratos para investimentos de 2014 a 2017. Em 2013, a receita própria (fruto de arrecadação) mais as transferências (empréstimos) somaram pouco mais R$ 20 milhões contra uma dívida de R$ 11,2 milhões no mesmo ano. Para entender a declaração acima e tirar as devidas conclusões, tem-se de analisar os aspectos da dívida, e principalmente seu financiamento.Segundo a secretaria do tesouro nacional temos: “Dívida Pública: compromissos de entidade pública decorrente de operações de créditos, com o objetivo de atender as necessidades dos serviços públicos,em virtude de orçamentos deficitários, caso em que o governo emite promissórias, bônus rotativos, etc., em curto prazo, ou para a realização de empreendimentos de vulto.... (STN,2007) A dívida pública é compromisso da entidade pública, sendo classificada em interna ou externa, flutuante, administrativa ou de tesouraria ou consolidada, fundada ou inscrita. O que é exigido do governo é que as dívidas sejam pagas “em dia”. Tem-se que honrar nossas obrigações de juros e principal “em dia”, e para isso muitas vezes emiti-se novos títulos para gerar receita refinanciando a dívida. Ou criando novos impostos. Para mensurar a dívida pública faz-se uso da relação dívida/Produto interno Bruto de acordo com Giambiagi: “A dívida pública pode crescer indefinidamente da mesma forma que a dívida de uma empresa que está permanentemente expandindo-se não implica maiores riscos para o credor, desde que a empresa não deixe de crescer. O que não pode crescer sempre é a relação dívida/PIB”. (GIAMBIAGI, 2008, PAG.218). 3.1 ASPECTOS TEÓRICOS DA DÍVIDA PÚBLICA Há que se entender a Dívida pública pela ótica “equivalência Ricardiana”, onde tem-se: “Nem os déficits nem a dívida têm nenhum efeito sobre a atividade econômica(...) Suponhamos que o governo diminua os impostos em 1 este 21 ano. Suponhamos também que, ao fazer isso, ele anuncie que para saldar a dívida elevará os impostos em 1+r no ano vindouro” (BLANCHARD, 2001, PÁG 581) Essa teoria demonstra o quanto uma situação passa a ser transitória a curto prazo dependendo da política adotada, visto que a mesma deverá ser compensada no futuro. Se amparados nessa ideia, introduz-se a teoria contábil da continuidade. A dívida pública caracteriza-se pelo déficit do governo em uma ou várias áreas gastando mais do que arrecadando. “ Uma pessoa física ou jurídica que se dispuser a ‘apertar o cinto’ durante um certo período, para quitar as suas dívidas, será premiada pelo pagamento destas e, portanto terá uma melhora no seu fluxo de caixa futuro. Já o governante que seguir um comportamento desse tipo corre o risco de ser julgado como um administrador inoperante e de deixar o terreno livre de problemas para que um sucessor do partido oposicionista colha os frutos de sua austeridade, por não ter que assumir mais os encargos da dívida que terá sido paga”. (GIAMBIAGI, 2008, pág. 215)”. Ou seja, há um trade-off entre os interesses políticos dos governantes e a saúde financeira do estado, em tese existem teorias que aprovam o comportamento do estado, porém analisando a conjuntura oferecida, sabe-se que juros encima de juros gera algo que pode ser impossível de ser quitado. Faz-se importante destacar as definições básicas sobre dívida e endívidamento trazidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei nº 101/2000) em seu Capítulo 07 (sete), Seção 01, art. 29: Art. 29.Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições: I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses; II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios; III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros; IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada; 22 V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária. § 1 o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16. § 2 o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil. § 3 o Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento. 3.2 FINANCIAMENTOS DA DÍVIDA O modelo de crise de débito de ROMER, nesse modelo enquadrado aqui permiti-se entender o motivo pelo qual as taxas de juros são divergentes entre os países e como funciona a indexação da dívida ou “rolagem” ou ainda, refinanciamento: Consideando que o governo de um determinado país tem uma dívida D com finalidade de atrair investidores para financiar sua dívida, tería que pagar um premio a esses investidores que seria o risco para esse investimento, assim o título emitido seria em seu final D + prêmio. Contando que esse D já estejam todos os encargos da dívida. E em relção aos impostos, tem-se que analisar uma tributação mínima que cobriria os encargos sem ágio, de modo a sanar as dívidas sem a intenção de pagar mais por elas. Falando ainda de maneiras de financiamento da dívida, pode-se entrar na linha da senhoriagem ou seigniorage, que seria a emissão de moeda. Analisando assim os impactos da emissão de papel moeda na economia, verifica-se uma aceleração inflacionária indesejada. Note que todos os métodos de financiamento são danosos a sociedade, porém seguindo a linha de raciocínio Ricardiana e os interesses políticos, a rolagem se torna o verdadeiro foco da política fiscal para financiamento da dívida, pois ela não inflaciona a economia, apenas gera mais dívida. Em contrapartida ela gera a atração de divisas, ou capital estrangeiro, que muito nos é necessária e desejada. O setor público é acompanhado com estatísticas fiscais de “acima da linha” “e abaixo da linha” “As estatísticas fiscais desagregadas que apresentam as variáveis de receita e de despesa, são chamadas “acima da linha”, enquanto que a variável que mede apenas a dimensão do desequilíbrio através da variação do endívidamento público 23 sem que se saiba ao certo se este mudou por motivos ligados à receita ou à despesa é denominada de estatística “abaixo da linha”. (GIAMBIAGI,2001,PÁG 69). O critério “abaixo da linha” leva em consideração apenas os itens de financiamento apurando o desempenho fiscal do Governo por intermédio do cálculo de variação do endívidamento líquido em determinado período. Já o “acima da linha”, apura o desempenho fiscal do Governo mediante a apuração dos fluxos de receitas e despesas orçamentárias em determinado período. (fonte: Ministério do Planejamento,www.planejamento.gov.br Acesso 20/09/15 ) Assim sendo, quando em um período registra uma despesa maior que a receita pelo critério “acima da linha” isso viria a ser um déficit nominal, já quando há uma variação no valor do endívidamento público sem que se saiba a contabilização entre despesa ou receita, esse é contabilizado na necessidade de financiamento do setor público (NFSP) pelo método “abaixo da linha”. Já a NFSP seria igual a Variação da Dívida líquida do setor público DLSP. Contudo tal igualdade na representa a realidade, pois a fatores que geram uma variação na DLSP sem afetar a necessidade de financiamento, que seriam as privatizações e ajustes patrimoniais, ou seja, quando a empresa é privatizada ocorre apenas uma transferência de ativos financeiros entre o setor público e o privado, já por ajustes patrimoniais, o impacto gerado nas contas já ocorreu em um período anterior então só há uma realização contábil desse ajuste. A formação do estoque de dívida públicaé, por definição, determinada pela evolução das necessidades de financiamento do setor público (NFSP). 3.3 ENTENDENDO A LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL A lei da Responsabilidade Fiscal, entra como uma importante ferramenta para equilibrar a economia. Com ela os estados ficam “controlados”. O governo de Fernando Herique Cardoso, tenta organizar a economia com o Plano Real e com a LRF, os estados não mais estão “soltos”, de modo que, os governantes não mais podem fazer o que bem entenderem e se endívidar incontrolavelmente. Essa lei estabeleceu metas a serem cumpridas. O Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal - PAF, firmado em 1999 pelo Estado de Pernambuco com a União, é parte integrante do contrato de assunção e renegociação da dívida ao amparo da Lei nº 9.496/97. No âmbito das negociações com a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, o Estado se propôs a adotar ações que possibilitassem alcançar metas ou compromissos relativos a: a) Relação Dívida Financeira/Receita Líquida Real; b) Resultado Primário; 24 c) Despesas com Funcionalismo Público; d) Receitas de Arrecadação Própria; e e) Despesas com Investimentos. O objetivo principal do Programa consiste na geração de Resultados Primários suficientes para, juntamente com as receitas de operação de crédito e de alienação de bens, honrar o Serviço da Dívida mantendo-se o equilíbrio fiscal do Estado. O Programa pactua metas para o ano em curso e os dois outros subsequentes, sendo que, anualmente, poderão ser realizados a atualização dessas metas para um novo triênio. Estes procedimentos deverão ser observados até 2028, enquanto perdurar o contrato de refinanciamento. Na fixação de metas e previsões de receitas e despesas do Programa, adota-se o conceito de fontes de recursos do tesouro estadual, em conformidade com a metodologia da STN. 3.4 RECEITA CORRENTE LÍQUIDA -RCL Um conceito importante e necessário para entender como funciona a LRF é a Receita Corrente Líquida (RCL), uma vez que ela é a base para todos os cálculos. Ela é o somatório das receitas tributárias, de contribuições patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes. Dela são deduzidos: 1. Na União - os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições para a previdência social do empregador incidente sobre prestação de serviço de terceiros e a contribuição à previdência feita pelo trabalhador e também as contribuições para o PIS (Programa de Integração Social); 2. Nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; 3. Na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira entre diferentes sistemas de previdência. A verificação da RCL deve ser para o período de um ano, mas não necessariamente o ano civil. Então, para verificar a RCL do mês de abril, por 25 exemplo, de um determinado exercício financeiro, devemos contar as receitas arrecadadas desde maio do exercício anterior até o mês de abril em questão. 26 4. RESUMO BALANÇO GERAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO 2011-2014 Demonstra-se a seguir tabelas disponíveis no balanço geral do Estado de Pernambuco, no período de 2011 a 2014, a fim de entender melhor os indicadores usados e analisar as mudanças sofridas na economia do estado. 4.1 PROGRAMA DE AJUSTE FISCAL Segundo o Tesouro Nacional: “O Programa de Ajuste Fiscal, assinado pelos governadores dos 25 Estados que refinanciaram suas dívidas (Amapá e Tocantins não o fizeram), apresenta metas anuais para um triênio, considerando a evolução das finanças estaduais, os indicadores macro-econômicos para o novo período e a política fiscal adotada pelos governos estaduais. A cada ano é avaliado o cumprimento das metas e compromissos do exercício anterior. Também anualmente poderá ser realizada a atualização de metas para um novo triênio. Estes procedimentos deverão ser observados enquanto perdurar o contrato de refinanciamento. As propostas de metas fiscais apresentadas pelos Estados e Distrito Federal são avaliadas pelo Ministério da Fazenda, que manifesta sua concordância de acordo com metodologias de análise técnica, de responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional, as quais buscam preservar a solvência do ente federado, particularmente em relação à sua capacidade de honrar os compromissos assumidos contratualmente. Ao longo da existência dos Programas de Ajuste Fiscal, por conta da adoção de uma postura consistente com a manutenção do equilíbrio fiscal e com a estabilidade macroeconômica, os resultados alcançados pelos Estados foram significativos, em especial na redução do endívidamento estadual. Ademais, as revisões dos programas se coadunam com o entendimento do Governo Federal de que deve haver um compartilhamento dos benefícios da estabilidade econômica entre os entes que se esforçaram e mantém uma situação fiscal equilibrada. “ Tabela 1: Programa de Ajuste Fiscal 27 Pela análise da Tabela 1, no exercício de 2014, o Estado de Pernambuco deixou de cumprir, além da meta do Resultado Primário, que ficou abaixo do acordado em R$ 591 milhões, a meta de Receitas Próprias, ficando abaixo do acordado em R$ 180 milhões. Em tese isso significa um aumento substancial na dívida, além de uma incapacidade de financiamento próprio. No tocante ao assunto tem-se que entender que a maior parte da dívida consiste na variação cambial. Então sabe-se que ao final de 2014 e agora em 2015 a dívida aumentou substancialmente pela desvalorização cambial. Ao ser implantado o ajuste fiscal houve redução da dívida, frente à receita liquida real o que culminou em um aumento da capacidade de financiamento do estado. Se certos investimentos não fossem realizados teríamos recursos suficientes para não somente pagar os juros da dívida, mas para quitar amortizações, gerando sobra de recursos para incrementar o resultado orçamentário. Para analisar melhor o quadro da dívida é necessário ver o Resultado primário e Orçamentário, a seguir detalhados. 4.2 RESULTADO PRIMÁRIO, ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO O resultado primário é um indicador usado para verificar se o ente publico tem capacidade de pagar a dívida pública. Quando os resultados primários são negativos significa que houve um aumento da dívida pública. Um dos parâmetros utilizados para controle da dívida é o controle do estoque da dívida pública, esse valor não pode ultrapassar 100% da Receita Liquida Real. O resultado orçamentário demonstra o valor atingido pela administração pública na gestão orçamentária dos recursos. O resultado orçamentário é obtido atráves da diferença entre as receitas orçamentárias deduzidas das despesas orçamentárias. Caso obtenha-se um resultado positivo tem-se um superávit, do contrário, há um déficit orçamentário. 28 Tabela 2: Resultados Primário e Orçamentário do Estado de Pernambuco Esse resultado é complementado com o resultado financeiro, que dará mais informações a seguir detalhadas: Tabela 3: Resultado Financeiro- Consolidado O Resultado financeiro, verificado na Tabela 3, demonstra mais um indicador para saber a saúde e a capacidade do estado de Pernambuco quanto às suas obrigações. Esses aumentos consecutivos demonstram um bom desempenho do estado. Porém, sabe-se que houve vários incentivos fiscais e orçamentários para ocorrer esses aumentos consecutivos.Há muito o governo do estado vem incentivando a industrialização e esses números talvez não expressem o quadro real que a sociedade se encontra. Uma política onde se tem disponíveis recursos é muito mais fácil de gerar resultados positivos. 29 Tabela 4: Poupança Corrente- Consolidada O resultado, demonstrado na Tabela 4 e em notas explicativas disponíveis no Balanço Geral do Estado 2014, foi bastante influenciado pela redução dos valores previstos das transferências correntes da União, pela redução do ritmo de crescimento da arrecadação tributária própria e de receitas tributárias de participação da União (política de incentivos através de redução de IPI), bem como pelo reduzido arrefecimento nos gastos com algumas despesas correntes. Tabela 5: Receita Total- Consolidado No exercício de 2014, a partir da verificação da Tabela 5, comparativamente aos exercícios anteriores, a Receita Total apresentou crescimento mais moderado (1,9%), equivalente a R$ 545 milhões, influenciado principalmente pela retração das Receitas de Capital decorrente da queda no volume de liberações provenientes de operações de crédito. É importante frisar que o Estado também previa contratação de operações de crédito a serem assinadas no referido exercício fiscal, destinadas ao ressarcimento de investimentos executados com recursos do Tesouro. As Receitas Correntes evoluíram 8,3%, equivalente a um montante de R$ 2.004 milhões. Este crescimento, 30 acima da inflação brasileira calculada pelo IPCA (6,41%), é explicado pelo fato de que as principais rubricas das receitas correntes, ICMS, IPVA e FPE, apresentaram desempenho superior à taxa de inflação, evidenciando a capacidade da economia do estado resistir aos efeitos da crise mundial. Tabela 6: Despesa Total- Consolidada Segundo dados da Tabela 6, a Despesa Total apresentou taxa de crescimento de 9,3%, influenciada por um lado pelo crescimento das Despesas Correntes (14,1%) e por outro devido à queda das Despesas de Capital (-14,8%). A rubrica de Pessoal e Encargos Sociais apresentou um crescimento de 15,2%, enquanto a de Juros e Encargos da Dívida elevou-se em 16,7%. Vale salientar que o crescimento da rubrica Juros e Encargos se deve, em boa medida, à variação cambial, à variação da taxa SELIC e ao aumento do estoque da dívida. Tabela 7: Dívida Consolidada por ìndice de Correção 31 Em relação à Dívida Consolidada do Estado de Pernambuco, apresentada na Tabela 7, houve um incremento de 17,2%, equivalente a R$ 2.019 milhões, explicada, em sua quase totalidade, pela elevação em 19,3% da Dívida da Administração Direta. Vale salientar o peso da Variação Cambial, que representa 38,0% da Dívida Consolidada. Os parcelamentos com a União tiveram uma redução de 20,2%, enquanto que a Dívida da Administração Indireta foi reduzida em 17,7%. 32 5. APLICAÇÃO DE QUOCIENTES FINANCEIROS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO ESTADO DE PERNAMBUCO As demonstrações a serem analisadas são as exigidas conforme artigo 101 da lei 4.320/64, quais sejam: Balanço Orçamentário Balanço Financeiro Balanço Patrimonial Demonstração das Variações Patrimoniais Segundo o manual de contabilidade aplicada ao setor público, 5ª edição, parte V- demonstrações contábeis aplicadas ao setor público, a análise e a verificação das demonstrações têm como objetivos: Balanço Orçamentário- preparar os indicadores que servirão de suporte para a avaliação da gestão orçamentária; Balanço Financeiro- preparar os indicadores que servirão de suporte para a avaliação da gestão financeira. Balanço Patrimonial- a avaliação dos elementos do ativo e passivo, bem como a situação de liquidez e endívidamento. Demonstração das Variações Patrimoniais- apurar o quanto e de que forma a administração influenciou nas alterações patrimoniais quantitativas e qualitativas do setor público. O resultado patrimonial é um importante indicador de gestão fiscal, já que é o principal item que influencia na evolução do patrimônio líquido de um período, objeto de análise do anexo de metas fiscais integrante da Lei de Diretrizes Orçamentárias. 5.1 QUOCIENTES RELATIVOS AO BALANÇO ORÇAMENTÁRIO, FINANCEIRO, PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS Aplicando-se os quocientes, sugeridos por Kohama (2000), mais importantes e adequados para interpretação dos resultados fornecidos pelas Demonstrações Contábeis do Estado de Pernambuco,obtem-se os valores a seguir: 33 Tabela 8: Quocientes do Balanço Orçamentário Balanço Orçamentário Anos Quociente Financeiro 2011 2012 2013 2014 Execução da Receita 0,97 0,97 0,9 0,94 Equilíbrio Orçamentário 1,18 1,15 1,05 1 Execução da Despesa 0,83 0,82 0,83 0,98 Resultado Orçamentário 0,99 1,02 1,04 0,97 Fonte: Elaboração prórpria do autor, com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 5.1.1 Quociente de Execução da Receita Receita Executada/Receita Prevista Esse quociente indica o quanto foi realizado de Receita Executada em comparação com a Receita Prevista, e o resultado normal deverá ser 1 ou maior ou menor do que 1, porém próximo de 1, ou seja, evidenciando que a Receita Executada esteve próxima da Receita Prevista. Caso seja muito acima ou abaixo de 1, deve-se procurar as causas e possíveis justificativas convincente. 5.1.2 Quociente do Equilíbrio Orçamentário Despesa Fixada/Receita Prevista Esse quociente deve demonstrar quanto a Despesa Fixada é maior do que a Receita Prevista, pois revelará também o quanto foi aberto de Crédito Adicional, e o resultado normal será 1 ou pouco maior do que 1. Caso seja menor do que 1, a tendência é de considerá-lo normal, entretanto, deverá ser uma hipótese, na atualidade, atípica, que precisa ser verificada. 5.1.3 Quociente da Execução da Despesa Despesa Executada/Despesa Fixada Esse quociente deve demonstrar quanto da Despesa Fixada foi utilizado em Despesa Executada, e o resultado menor do que 1 será considerado normal. Dificilmente ocorrerá um resultado 1 e jamais poderá ser maior do que 1, porque, nesse caso, executar-se-á despesa sem autorização. 5.1.4 Quociente do Resultado Orçamentário Receita Executada/Despesa Executada 34 Esse quociente deve demonstrar quanto da Receita Executada serve de cobertura para a Despesa Executada. Tabela 9: Quocientes do Balanço Financeiro Balanço Financeiro Anos Quociente Financeiro 2011 2012 2013 2014 Execução Orçamentária 0,99 1,02 1,04 0,97 Resultado da Execução Financeira 0,99 1,01 1,01 0,99 Execução ExtraOrçamentária 1,02 1 0,97 1,01 Resultado dos Saldos Financeiros 0,99 1,24 1,11 0,83 Fonte: Elaboração prórpria do autor, com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 5.1.5 Quociente da Execução Orçamentária Receita Orçamentária/Despesa Orçamentária Esse quociente deve demonstrar quanto a receita orçamentária representa para o pagamento da despesa orçamentária. 5.1.6 Quociente do Resultado da Execução Financeira Receita (Orçamentária + Extra-orçamentária)/Despesa (Orçamentária + Extra-orçamentária) Nesse quociente, o que se considera normal é o resultado de 1, ou pouco maior do que 1. Caso seja menor do que 1, deve-se verificar as disponibilidades (saldo de caixa/bancos) refletem a movimentação financeira de origem extra- orçamentária, para se ter melhor base de análise e interpretação. 5.1.7 Quociente da Execução Extra-Orçamentária Receita Extra-orçamentária/Despesa Extra-orçamentária Quanto mais próximo de 1 esse quociente estiver, mais será o desejável. Se for maior do que 1, representará aumento da dívida flutuante, o que provocará,em conseqüência, aumento do Passivo Financeiro, no Balanço Patrimonial. Entretanto, se houver, o correspondente aumento dos recursos financeiros das disponibilidades (caixa/bancos), a situação será considerada normal.Porém, se ocorrer a diminuição dos recursos financeiros das disponibilidades em caixa/bancos, isso indicará que a diferença financiou o pagamento de despesas orçamentárias e a situação deverá ser considerada preocupante. Quando for menor do que 1,por outro lado, refletirá uma diminuição da dívida flutuante e, por conseqüência,diminuição do Passivo 35 Financeiro, no Balanço Patrimonial, mas, por outro lado, refletirá a utilização de recursos financeiros, reduzindo as disponibilidades (caixa/bancos) existentes. 5.1.8 Quociente do Resultado dos Saldos Financeiros Saldo que passa para o exercício seguinte/Saldo do Exercício Anterior Tenderá a ser considerado normal o resultado de 1, ou pouco maior do que 1. Caso seja menor do que 1, deve-se verificar se as disponibilidades (saldo de caixa/bancos) refletem a movimentação financeira de origem extra-orçamentária, para se ter melhor base de análise e interpretação. Tabela 10: Quocientes do Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Anos Quociente Financeiro 2011 2012 2013 2014 Situação Financeira 1,7 2,1 3,14 1,73 Situação Permanente 0,49 0,46 0,44 1,33 Limite de Endívidamento I 0,43 0,54 0,65 0,7 Limite de Endívidamento II 0,04 0,15 0,17 0,1 Resultado Patrimonial 0,53 0,51 0,49 1,37 Fonte: Elaboração prórpria do autor, com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 5.1.9 Quociente da Situação Financeira Ativo Financeiro/Passivo Financeiro O resultado deste quociente deve ser analisado observando os seguintes detalhes: Sendo menor do que 1, será considerado negativo. Todavia, há que se verificar se existe algum convênio registrado nas contas de compensação como direito contratual que não tenha sido realizado no exercício, mas com potencial para ser recebido em curto prazo, já que esse registro não consta do ativo financeiro e cuja despesa já tenha sido empenhada, causando a distorção no resultado desse quociente. Essa informação é importante, pois ajudará na análise e interpretação mais correta desse resultado. 5.1.10 Quociente da Situação Permanente Ativo Permanente/Passivo Permanente Esse quociente demonstrará o resultado da relação entre o ativo permanente e o passivo permanente. O resultado esperado é que seja maior do que 1 ou, pelo menos, 1. 36 5.1.11 Quociente do Resultado Patrimonial Soma do Ativo Real/Soma do Passivo Real No caso do quociente apresentar o resultado menor do que 1, há que se verificar na Demonstração das Variações Patrimoniais as causas que originaram esse efeito patrimonial negativo 5.1.12 Limite de Endívidamento I Dívida Fundada/Receita Liquida Real Segundo definições apresentadas em Tesouro (2006), a Dívida Fundada Pública corresponde a compromissos de exigibilidade com prazo superior a doze meses, e contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financiamento de obras e serviços públicos. Já a Receita Líquida Real segundo o tesouro (2006), é usada para renegociar com o Tesouro Nacional o limite apurado de pagamento da dívida dos Estados e Municípios. Ela corresponde à receita realizada nos doze mês anteriores ao mês imediatamente anterior àquele em que estiver apurando. São excluídas desse valor as receitas provenientes de operações de crédito, de alienação de bens e transferências voluntárias ou de doações recebidas com o fim especifico de atender despesas de capital. Na análise deste índice, caso a soma da Dívida Fundada apresente valor superior à soma da Receita Líquida Real arrecadada no exercício, portanto resultando em um quociente maior que 1, significará que o somatório das obrigações de longo prazo representadas pela dívida fundada é superior à soma dos recebimentos de origem orçamentária líquidos, realizados no exercício. 5.1.13 Limite de Endívidamento II Operações de Crédito/Receita Líquida Real Se o resultado da equação for maior que 1, isso indica que a Soma das Operações de Crédito foi maior que a Receita Líquida Real. Essa hipótese demonstrará que o montante global das operações de crédito realizadas no exercício é superior ao valor da Receita Líquida Real. Esse quociente é básico para se determinar, ainda que a posteriori, o nível de operações de crédito realizadas no exercício em relação à Receita Líquida Real. 37 Tabela 11: Quocientes da Demonstração das Variações Patrimoniais Demonstração das Variações Patrimoniais Anos Quociente Financeiro 2011 2012 2013 2014 Mutação Patrimonial Passiva 0,68 0,42 0,43 0 Resultado das Variações Patrimoniais Independentes da Execução Orçamentária 0,67 0,77 0,82 0 Resultado das Variações Patrimoniais 0,89 0,87 0,89 0 Resultado das Variações na Parte Permanente 0,68 0,67 0,63 0 Fonte: Elaboração prórpria do autor, com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 O ano de 2014 apresenta valores zerados pois todas as demonstrações contábeis, a partir do término do exercício de 2014, conforme Portaria STN nº 634, de 19 de Novembro de 2013, sofreram alterações visando o processo de convergência às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas as Setor Público, bem como a implantação do Plano de Contas Aplicado as Setor Público, das Demonstrações Contábeis Aplicadas as Setor Público e dos procedimentos descritos na portaria. Sendo assim, a Demonstração das Variações Patrimoniais teve sua estrutura alterada de tal forma que a maioria dos indicadores não pode ser aplicado diretamente a esta demonstração sem antes haver uma análise de cada linha e cada conta apresentada e, auxiliado também, pelas notas explicativas e por outros demonstrativos e anexos complementares. 5.1.14 Quociente do Resultado das Mutações Patrimoniais Mutação Patrimonial Ativa/Mutação Patrimonial Passiva O resultado considerado positivo para a instituição é quando for maior do que 1, pois demonstrará que a Mutação Patrimonial Ativa é maior que a Mutação Patrimonial Passiva. 5.1.15 Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais Independentes da Execução Orçamentária Independente da Execução Orçamentária Ativa/Independente da Execução Orçamentária Passiva 38 Para que se tenha conhecimento sobre as variáveis que envolvem este quociente é necessário conhecer algumas definições, como: Variações Ativas – Independentes da Execução Orçamentária – correspondem às variações patrimoniais às alterações ou modificações que ocorrem no patrimônio, aumentando-o; porém, não se originam da execução orçamentária. As variações ativas – independentes da execução orçamentária, por não se originarem de fatos orçamentários, surgem sempre por meio de questões provenientes de: Superveniências Ativas; Superveniências Passivas 5.1.16 Quociente do Resultado das Variações na Parte Permanente Soma das Mutações Patrim. Ativas + Indep.da Execução Orçament. Ativa/Soma das Mutações Patrim. Passivas + Indep. da Execução Orçament. Passiva Este quociente abrange dois subgrupos da Demonstração das Variações Patrimoniais, o das Mutações Patrimoniais, e o Independente da Execução Orçamentária. Neste quociente será demonstrado, principalmente, se houve aumento ou não do ativo permanente da organização. 5.1.17 Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais Total das Variações Ativas/Total das Variações Passivas Este quociente revela se o resultado patrimonial do período em análise, gerou superávit, ou um déficit. 5.2 ANÁLISE DA DÍVIDA PÚBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO Dos indicadores financeiros vistos no item anterior, auxiliam no entendimento das alterações na composição e na qualidade da Dívida Pública: O Limite de Endívidamento I apresentou um resultado crescente,mas sempre abaixo de 1, o que revela que a soma da Dívida Fundada, representada pelo total das obrigações de longo prazo, apresenta valor inferior a Receita Líquida Real, recebimentos orçamentários, arrecadada no exercício. O Limite de Endívidamento II apresentou um resultado crescente até 2013 e uma queda em 2014. Resultados abaixo de 1 demonstram que o montante global das operações de crédito realizadas no exercício são inferiores ao valor da Receita Líquida Real. 39 O quociente da Execução Extra-Orçamentária, exceto em 2013, apresentou valores ligeiramente maiores que 1. O Que representa aumento da dívida flutuante, e em conseqüência, aumento do Passivo Financeiro, no Balanço Patrimonial. Auxiliam ainda na análise da dívida pública, os anexos 16 e 17 exigidos pelo artigo 101 da 4.320/64, que tratam,respectivamente, da Dívida Fundada Interna e Externa e, da Dívida Flutuante. Gráfico 1: Quocientes para análise da Dívida Pública 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 2011 2012 2013 2014 Limite de Endividamento I Limite de Endividamento II Execução Extra-Orçamentária Fonte: Elaboração própria do autor com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 Tabela 12: Dívida Fundada Interna Divida Fundada Interna em R$ Credor Anos 2011 AH % 2012 AH % CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 656.683.715,68 100 1.435.700.016,52 218,63 BNDES- BANCO NACIONAL DE DESENV.ECONO. SOCIAL 1.396.675.009,63 100 1.738.772.968,72 124,49 TESOURO NACIONAL 3.055.116.341,17 100 3.060.066.216,05 100,16 BANCO DO NORDESTE DO BRASIL 155.692.369,89 100 157.055.107,46 100,88 Totais 5.264.167.436,37 100,00 6.391.594.308,75 121,42 Divida Fundada Interna em R$ Credor Anos 2013 AH % 2014 AH % CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 1.961.436.511,07 136,62 2.389.547.804,21 121,83 BNDES- BANCO NACIONAL DE DESENV.ECONO. SOCIAL 2.045.546.483,31 117,64 2.516.500.040,26 123,02 TESOURO NACIONAL 2.981.018.302,14 97,42 2.956.850.852,12 99,19 BANCO DO NORDESTE DO BRASIL 165.567.776,07 105,42 171.319.382,34 103,47 Totais 7.153.569.072,59 111,92 8.034.218.078,93 112,31 Fonte: Elaboração própria do autor com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 40 Gráfico 2: Evolução da Dívida Fundada Interna 0,00 500.000.000,00 1.000.000.000,00 1.500.000.000,00 2.000.000.000,00 2.500.000.000,00 3.000.000.000,00 3.500.000.000,00 2011 2012 2013 2014 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL BNDES- BANCO NACIONAL DE DESENV.ECONO. SOCIAL TESOURO NACIONAL BANCO DO NORDESTE DO BRASIL Fonte: Elaboração própria do autor com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 Pela verificação da tabela 12 tem-se que a Dívida Pública Fundada Interna do Estado de Pernambuco, nos anos de 2011 a 2014, está aumentando, de forma que, pela análise horizontal, no ano de 2012 houve um aumento no total da dívida de 21,42% em relação ao total de 2011 que foi de 5.264.167.436,37. No ano de 2013 o aumento correspondeu a 11,92% e em 2014 de 12,31%, sempre em relação ao ano anterior. Ainda na tabela 12, partindo-se para a análise da composição da Dívida Fundada, os principais credores foram a Caixa Econômica Federal, BNDES- Banco Nacional de Desenv.Econo. Social, tesouro nacional e Banco do Nordeste do Brasil. A Caixa Econômica Federal foi responsável por um montante de 6.443.368.047,48 no último quadriênio e apresentou, verificando o gráfico “y”, crescimento dos seus valores de forma a se tornar o terceiro maior credor do estado. O BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econo. Social contribuiu, crescentemente, com 7.697.494.501,92 no período analisado. Ficando como segundo maior credor do Estado. O Tesouro Nacional participou com um total de 12.053.051.711,48, sendo ele o maior credor do estado. Por fim, aparece o valor de 649.634.635,76 relativo ao Banco do Nordeste do Brasil, ficando assim como quarto principal credor. 41 Tabela 13: Dívida Fundada Externa Dívida Fundada Externa em R$ Anos 2011 2012 2013 2014 Total 545.392.460, 26 1.685.152.221, 90 3.748.396.924, 74 4.967.075.491, 85 10.946.017.098, 75 Fonte: Elaboração própria do autor com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 Os valores da Dívida Fundada Externa são oriundos de Contratos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento- BID e do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvlvimento- BIRD, conhecido como Banco Mundial. Gráfico 3: Totais da Dìvida Fundada Externa Valor dos Contratos em R$ 0,00 1.000.000.000,00 2.000.000.000,00 3.000.000.000,00 4.000.000.000,00 5.000.000.000,00 6.000.000.000,00 2011 2012 2013 2014 Fonte: Elaboração própria do autor com base no Balanço Geral do Estado de 2011 a 2014 Verifica-se que a Dívida Fundada Externa apresentou um total de 10.946.017.098,75, resultado de um constante aumento nos valores ao longo do quadriênio. Apresentando uma diferença de 1.139.759.761,64 de 2012 em relação a 2011, 2.063.244.702,84 de 2013 para 2012 e, 1.218.678.567,11 de 2014 em relação a 2013. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do cenário nacional de crise, o Estado de Pernambuco vem, ao longo do último quadriênio, apresentando valores positivos e crescentes referentes ao Produto Interno Bruto. Acompanhados também por uma maior arrecadação. A contabilidade aplicada ao setor público é um dos instrumentos mais eficazes para avaliar a gestão do patrimônio público, pois fornece informações para adequada prestação de contas e instrumentalização do controle social. O estudo da composição e qualidade da Dívida Pública do Estado de Pernambuco revela-se importante para esclarecer como anda o endívidamento do estado, quem são seus maiores credores, a que percentual as Dívidas Fundadas Interna e Externa estão aumentando e quais quocientes financeiros são mais adequados para analisar o endívidamento estadual. Quanto a composição da dívida pública, de uma forma geral, não apresentou uma grande modificação, visto que seus credores foram os mesmos nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014, quais sejam a Caixa Econômico Federal, o BNDES, o Banco do Nordeste, o Tesouro Nacional, o BID e o BIRD. Atráves da aplicação dos quocientes financeiros e dos anexos 16 e 17 exigidos pela lei 4.320/64, pode-se verificar que tanto a Dívida Pública Fundada Interna quanto a Externa sofreram constantes aumentos anuais, mas que não comprometem o orçamento do estado nem representam aumento do endívidamento, pois a Receita Corrente Líquida também teve seus valores crescentes, o que torna o percentual das dívidas dentro do permitido legalmente. 43 REFERÊNCIAS A GÊNCIA ESTADUAL DE PLANEJAMENTO E PESQUISA DE PERNAMBUCO. Desempenho da economia de Pernambuco- 3º Trimestre de 2014.Disponível em: <http://www.condepefidem.pe.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=3670f27e-513 b-44f4-aea5-ab6bf5bad6c0&groupId=19941>. Acesso em 15 mai.2015. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente,. Direito administrativo escomplicado. 20. ed., rev. atual. [São Paulo]: Método, 2012. d BRASIL. Ministério da Fazenda . Secretaria do Tesouro Nacional . Manual de Contabilidade Aplicada ao setor Público- Parte Geral.5 edição. 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