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AULA 5 EPIDEMIOLOGIA Profª Ivana Maria Saes Busato 02 CONVERSA INICIAL Vamos entender a Vigilância Epidemiológica como informação para ação, compreendendo a epidemiologia como ciência aplicada ao Sistema de Saúde. A vigilância epidemiológica integrada na vigilância em saúde possibilita o planejamento e a organização dos serviços. A vigilância epidemiológica instrumentaliza os profissionais de saúde e gestores na interpretação do diagnóstico da situação de saúde, na análise das condições de vida e saúde, identificando os problemas que exijam maior atenção. CONTEXTUALIZANDO Segundo o texto do Boletim Epidemiológico HIV/Aids (Brasil, 2017), que apresenta informações e análises sobre os casos de HIV/aids no Brasil, As fontes utilizadas para a obtenção dos dados são as notificações compulsórias dos casos de HIV e de Aids no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), além de dados obtidos no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do qual são selecionados os óbitos cuja causa básica foi o HIV/Aids (CID10: B20 a B24); o Sistema de Informação de Exames Laboratoriais (Siscel); e o Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom), aos quais todos os indivíduos registrados nesses sistemas são relacionados, conforme Nota Técnica ao final desta edição. Vale salientar que algumas variáveis são exclusivas do Sinan, como escolaridade, categoria de exposição e raça/cor da pele. Algumas dessas variáveis apresentam um elevado percentual de registros ignorados, como se pode verificar na análise da categoria de exposição nos casos de aids, segundo a qual, entre homens, essa informação é ignorada em 18,8% dos casos. De 2007 até junho de 2016, foram notificados no Sinan 136.945 casos de infecção pelo HIV no Brasil, e no ano de 2015, foram notificados 32.321 casos de infecção pelo HIV. Responda: qual a importância da fonte de dados? TEMA 1 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE No Sistema Único de Saúde a vigilância epidemiológica integra a vigilância em saúde. A vigilância em saúde tem por objetivo a “observação e análise permanente da situação de saúde articulando um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem num território, garantindo a integralidade da atenção, o que inclui tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde” (Teixeira; Pinto; Vilasboas, 2004). 03 Conforme Brasil (2005, p. 13), foi Alexandre Langmur, em 1963, que conceituou a vigilância como “observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, análise da morbidade e mortalidade, e outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la”. A vigilância em saúde tem como foco principal controlar os fatores de risco, os determinantes e condicionantes da saúde por meio de um conjunto de ações. “O principal objetivo da vigilância em saúde está na garantia da integralidade da atenção diante dos problemas de saúde, incluindo a abordagem individual e a coletiva. São componentes da vigilância em saúde: vigilância ambiental, vigilância sanitária, vigilância epidemiológica e saúde do trabalhador, todas integradas pela promoção da saúde” (Brasil, 2006). 1.1 Vigilância epidemiológica: conceito e funções Na década de 1950 as atividades de observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos foi aplicada a expressão vigilância epidemiológica, em especial no Combate à Malária, ações que incluíam a vigilância de pessoas, com base em medidas de isolamento ou de quarentena, aplicadas individualmente. (Brasil, 2009a, p. 17) Brasil (2002, p. 12) aponta que a vigilância epidemiológica fornece orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, para as ações de controle de doenças e agravos, disponibilizando informações atualizadas sobre a ocorrência de doenças e agravos, bem como os fatores de risco, numa determinada área geográfica ou população definida. As funções devem ser desempenhadas nos três níveis do sistema de saúde (municipal, estadual e federal) com graus de responsabilidade variáveis. As ações executivas são concentradas no nível municipal e cabe aos níveis nacional e estadual conduzir ações de caráter estratégico, de normatização, coordenação e da atuação complementar aos demais níveis. A vigilância epidemiológica tem as funções de realizar a coleta de dados; o processamento de dados coletados; a análise e interpretação dos dados processados; recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas; promoção das ações de prevenção e controle indicadas; avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; divulgação de informações pertinentes. 04 1.2 Vigilância sanitária, saúde do trabalhador e ambiental As vigilâncias que compõem a vigilância em saúde aderem suas especificidades com as informações da vigilância epidemiológica no monitoramento situacional de populações. A vigilância ambiental avalia e analisa qualquer mudança do ambiente que pode interferir nos fatores que determinam e condicionam a saúde (Brasil, 2002, p. 7). Brasil (2002, p. 7-8), a vigilância ambiental recomenda e adota medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambiental relacionados às doenças e outros agravos à saúde, com prioridade em: vigilância da qualidade da água para consumo humano, do ar, e do solo; desastres de origem natural; substâncias químicas e acidentes com produtos perigosos; fatores físicos, e o ambiente de trabalho. A saúde do trabalhador, outro componente da vigilância em saúde, utiliza todos os conhecimentos das vigilâncias para identificar, monitorar e prevenir os riscos ambientais ocupacionais que comprometem o ambiente de trabalho, além da proposição de medidas de prevenção e promoção da saúde do trabalhador. A Organização Internacional do Trabalho – OIT é a autoridade competente para estabelecer os critérios que permitam definir os riscos da exposição à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de trabalho, e para fixar, quando cabível, os limites de exposição nos processos produtivos. A vigilância sanitária tem como missão a proteção e promoção à saúde da população e defesa da vida. Para alcançar essa missão, a vigilância sanitária deve interagir fortemente com a sociedade, buscando prioritariamente ações de interesse coletivo. A vigilância sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde (Brasil, 2006). As ações da vigilância sanitária abrangem o “controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde” (Brasil, 1990). 05 TEMA 2 – SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA O Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica – SNVE, por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, na legislação específica, Lei n. 6.259/1975 e o Decreto n. 78.231/1976. A Lei n. 6.259/1975, no art. 1º, define que o Ministério da Saúde coordenará as ações relacionadas com o controle das doenças transmissíveis, orientando sua execução inclusive quanto à vigilância epidemiológica, à aplicação da notificação compulsória, ao programa de imunizações e ao atendimento de agravos coletivos à saúde, bem como os decorrentes de calamidade pública. (Brasil, 1975) O Decreto n. 78.231/1976 regulamentou a Lei n. 6.259/1975, que “dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações,estabelece normas relativas à notificação compulsória de doença” (Brasil, 1976). A Lei Federal n. 8.080/1990, que regulamentou o Sistema Único de Saúde, redefiniu a vigilância epidemiológica como um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. (Brasil, 1990) Além de ampliar o conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser operacionalizadas num contexto de reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades, pela universalidade, integralidade e equidade na prestação de serviços. As normas técnicas, orientações e regulamentações do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são resumidas no Guia de Vigilância Epidemiológica, estando na sétima edição, e aponta que todo sistema de vigilância epidemiológica, para ser efetivo, deve ser permanentemente atualizado, incorporando as inovações científicas e tecnológicas que reconhecidamente são capazes de imprimir melhorias à sua abrangência e qualidade, especialmente aquelas que elevam o impacto epidemiológico de suas ações. (Brasil, 2009a, p. 13) 2.1 Coleta de dados e informações A coleta de dados no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde, por meio de diversificadas 06 fontes e serviços de saúde públicos e privados. A coleta de dados deve ser feita no ponto de ocorrência do evento sanitário. “O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de informação para ação” (Brasil, 2009a, p. 19). A vigilância epidemiológica depende da confiabilidade da coleta de dados que possam transformar-se em informação que sustente a tomada de decisão. O sistema de vigilância deve “abranger o maior número possível de fontes geradoras, com regularidade e oportunidade da transmissão dos dados. Informação para ação princípio que deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utilizadas para o fornecimento de dados” (Teixeira; Pinto; Vilasboas, 2004). Para a produção de informação é definido um rol de tipos de dados, que são sistematicamente coletados entre as diversas fontes. Os principais tipos de dados são: demográficos, ambientais e socioeconômicos, dados de morbidade e mortalidade, as notificações compulsórias. Algumas fontes de coleta de dados são necessárias para completar as ações de vigilância epidemiológica, nos laboratórios são monitorados os resultados laboratoriais vinculados à rotina da vigilância epidemiológica que são usados como fonte de conhecimento de casos ou de eventos que não foram notificados. Os estudos epidemiológicos especiais, realizados pelos laboratórios de saúde pública em apoio às ações de vigilância, também são considerados fontes de dados. Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica (Brasil, 2009a, p. 23), os achados de investigações epidemiológicas de casos e de emergências de saúde pública, surtos ou epidemias “complementam as informações da notificação, no que se referem a fontes de infecção e mecanismos de transmissão, dentre outras variáveis. Também podem possibilitar a descoberta de novos casos que não foram notificados”. Devem ser consideradas, também, informações oriundas da imprensa e da própria comunidade como fontes importantes de dados. 2.2 Fontes especiais de dados Os estudos epidemiológicos são estratégias de coleta de dados realizadas diretamente na população ou nos serviços de saúde, quando as fontes de dados regulares não são suficientes para análise epidemiológica de alguma doença ou 07 agravo de interesse à saúde. Esses dados podem ser coletados por inquérito, investigação ou levantamento epidemiológico. Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica (Brasil, 2009a, p. 23), o inquérito epidemiológico é o estudo seccional, geralmente realizado em amostras da população, levado a efeito quando as informações existentes são inadequadas ou insuficientes, em virtude de diversos fatores, dentre os quais se podem destacar: notificação imprópria ou deficiente; mudança no comportamento epidemiológico de uma determinada doença; dificuldade na avaliação de coberturas vacinais ou eficácia de vacinas; necessidade de se avaliar eficácia das medidas de controle de um programa; descoberta de agravos inusitados. Já o levantamento epidemiológico “é um estudo realizado com base nos dados existentes nos registros dos serviços de saúde ou de outras instituições” (Brasil, 2009a, p. 24). Os sistemas sentinelas de informações, conforme Brasil (2009), têm a capilaridade de “monitorar indicadores-chave na população geral ou em grupos especiais, que sirvam de alerta precoce para o sistema de vigilância. No Brasil existem alguns tipos de sistemas sentinelas, por exemplo, para câncer e influenza”. TEMA 3 – NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte de informação da vigilância epidemiológica. A Lei Federal n. 6.259/1975 e o Decreto n. 78.231/1976 foram instrumentos que tornaram obrigatória a notificação de doenças transmissíveis que foram priorizadas na época, e desde então são regularmente atualizadas. A Portaria n. 204/2016, art. 3º, reafirma a “obrigatoriedade da notificação compulsória para os médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente”, já implantada no art. 8º da Lei n. 6.259, de 30 de outubro de 1975 (Brasil, 2016). Doenças, agravos ou eventos de notificação compulsória são situações que possuem um potencial grande de disseminação, vulnerabilidade e disponibilidade de medidas de controle, e grande nível de ameaça à população. As doenças, agravos e eventos são notificados e registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, por meio de ficha de notificação específica por 08 doença, agravo ou evento, obedecendo às normas e rotinas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. A notificação é a “comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, podendo ser imediata ou semanal” (Brasil, 2016). O art. 1º, inciso I, da Portaria n. 204/2016, aponta como definição de agravo “qualquer dano à integridade física ou mental do indivíduo, provocado por circunstâncias nocivas, tais como acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus-tratos, e lesão autoprovocada” (Brasil, 2016). Enquanto o inciso V, art. 1º, dessa Portaria define evento de saúde pública situação que pode constituir potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência de surto ou epidemia, doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no padrão clínico/epidemiológico das doenças conhecidas, considerando o potencial de disseminação, a magnitude, a gravidade, a severidade, a transcendência e a vulnerabilidade, bem como epizootias ou agravos decorrentes de desastres ou acidentes. (Brasil, 2016) A lista de notificação compulsória para todo o território nacional é definida pelo Ministério da Saúde, conforme Brasil (2009), sendo “atualizada quando é necessária qualquer alteração, estabelecida buscando monitorar as doenças, agravos e eventos considerados de maior relevância sanitária para o país”. As doenças da lista de notificação compulsória são escolhidas por critérios técnicos, sendo necessária revisão periódica,levando em consideração a situação epidemiológica da doença, a emergência de novos agentes, ou por mudanças no Regulamento Sanitário Internacional, ou ainda no estabelecimento de novos acordos multilaterais entre países. (Brasil, 2009) TEMA 4 – CENTRO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE – CIEVS A globalização que integrou os países, refletindo no aumento da circulação de pessoas e mercadorias, além das mudanças demográficas e epidemiológicas, são fatores que contribuem na ocorrência de epidemias e pandemias por doenças emergentes ou reemergentes, havendo necessidade de aprimorar os serviços de vigilância em saúde mundiais. 09 Nesse sentido foi instituído o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – CIEVS, dentro da estrutura do Sistema Único de Saúde, e devem ser implantados nos diferentes níveis do sistema de saúde (nacional, estadual e municipal). Os CIEVS têm a finalidade de atuar imediatamente ante as emergências de Saúde Pública, aprimorando o processo de estruturação e aperfeiçoamento do serviço de recebimento, processamento e resposta oportuna às emergências epidemiológicas. O sistema de vigilância epidemiológica mantém-se eficiente quando há regularmente checagem de seu funcionamento para o aprimoramento contínuo do fluxo de informação, eficiência e eficácia. São necessárias as aferições em: sensibilidade; especificidade; representatividade; oportunidade; simplicidade; utilidade; flexibilidade e aceitabilidade. 4.1 Objetivos dos CIEVS Os CIEVS de todos os níveis (nacional, estadual e municipal) devem trabalhar de forma integrada para identificar as emergências epidemiológicas, de modo contínuo e sistemático, utilizando a notificação telefônica, eletrônica, e também buscando as informações nos principais meios de comunicação, especialmente no uso do Clipping Cievs, que resume essas informações coletadas. Os objetivos do CIEVS estão disponíveis no link <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o- ministerio/principal/secretarias/svs/cievs> e propõem aperfeiçoar os mecanismos de triagem, verificação e análise das notificações para identificar e responder às emergências epidemiológicas; fortalecer a articulação entre todos os órgãos e/ou instituições; possibilitar o desencadeamento de resposta às emergências epidemiológicas; apoiar as áreas técnicas do Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde na formulação de Planos de Respostas às emergências epidemiológicas; monitorar e avaliar a implementação dos Planos de Respostas às emergências epidemiológicas, para os eventos de relevância nacional, em meios de divulgação; disponibilizar, às áreas técnicas estrutura física e de tecnologia da informação, para a análise de situação de saúde dos programas prioritários; e disponibilizar informações oportunas sobre as emergências epidemiológicas de relevância nacional e programas prioritários. 4.2 Regulamento Sanitário Internacional O Regulamento Sanitário Internacional (RSI) é o marco legal aprovado pelos países na 58ª Assembleia Mundial da Saúde que estabelece os procedimentos para proteção contra a disseminação internacional de doenças. A primeira versão do Regulamento foi instituída em 1951, 010 sendo revisado em 1969, sofrendo alterações até a publicação de 2005. (Brasil, 2009b) O propósito e a abrangência do Regulamento são “prevenir, proteger, controlar e dar uma resposta de saúde pública contra a propagação internacional de doenças, de maneiras proporcionais e restritas aos riscos para a saúde pública, e que evitem interferências desnecessárias com o tráfego e o comércio internacionais” (Brasil, 2009b). Esse regulamento determina as ações de definições, propósito e abrangência, princípios e autoridades responsáveis, informação e resposta em saúde pública, recomendações, pontos de entrada e as medidas de saúde pública. O RSI tem como finalidade aumentar a segurança sanitária mundial com a mínima interferência nas viagens e comércio internacional. Ao adotar o RSI, a comunidade internacional concordou trabalhar em conjunto para cumprir estes desafios. Juridicamente obrigatório em qualquer Estado Membro da Organização Mundial da Saúde – OMS. (Busato, 2016, p. 174) TEMA 5 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE O Sistema de Informação em Saúde integra as estruturas organizacionais no Sistema Único de Saúde em todos os níveis. É constituído por vários subsistemas e tem, como propósito geral, facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões. Um dos objetivos básicos do Sistema de Informação em Saúde, na concepção do Sistema Único de Saúde, é possibilitar a análise da situação de saúde no nível local. Busato (2016, p. 143) aponta que a informação em saúde é a base para a gestão dos serviços, pois orienta a implantação, acompanhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde e das ações de prevenção e controle de doenças. São, também, de interesse, dados/informações produzidos extra setorialmente, cabendo, aos gestores do sistema de saúde, a articulação com os diversos órgãos que os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo regular de informação, em cada nível do setor. Segundo Busato (2017, p. 73-74), o sistema de informação é “hierarquizado, fluxo ascendente de variáveis ocorra de modo inversamente proporcional à agregação geográfica, ou seja, no nível local deve se dispor de maior número de variáveis, para as análises epidemiológicas”. 011 Todos os sistemas de informação do SUS foram resumidos de informações colocadas no site do Datasus (2018). 5.1 Sistemas de informações em saúde: epidemiológicas e clínicas O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é o mais importante para a Vigilância Epidemiológica, tem operacionalização ascendente, que inicia nas unidades de saúde. Seu objetivo é propiciar que a coleta de dados aconteça no território de ocorrência da doença, agravo ou evento de interesse à saúde. O SINAN é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação, específica de cada doença, agravo ou evento, que constam da lista nacional. A ficha epidemiológica fornece todas as informações necessárias para controle, prevenção e planejamento de ações de promoção da saúde. O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) tem como instrumento de coleta de dados a declaração de óbito – DO, possui três vias coloridas, cuja emissão e distribuição, em séries pré-numeradas, são de competência exclusiva do Ministério da Saúde. As secretarias municipais têm a responsabilidade do controle, distribuição e recolhimento das primeiras vias em hospitais e cartórios. Busato (2016, p. 149) aponta a importância do SIM para vigilância epidemiológica como fonte principal de dados, quando há falhas de registro de casos no Sinan, quanto como fonte complementar, por dispor também de informações sobre as características de pessoa, tempo e lugar, assistência prestada ao paciente, causas básicas e associadas de óbito, que são extremamente relevantes e muito utilizadas no diagnóstico da situação de saúde da população. O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) contempla as informações de nascidos vivos, importantes para o campo da saúde pública, avaliam-se os riscos à saúde do segmento materno-infantil, por representar o denominador dos coeficientes de mortalidade infantil e materna. Além de caracterizar as condições de parto, de nascimento e de assistência à gestante. O Sistema de Informação sobre o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento – Sisprenatal “objetiva o monitoramento da atenção pré-natal e puerperal, de forma organizada e estruturada, o qual possibilita a avaliação da atenção a partir do acompanhamento de cada gestante” (Datasus, 2017). O Siscolo/Sismama – Sistema de informação do câncer docolo do útero e Sistema de informação do câncer de mama possui parceria com o Inca – Instituto 012 Nacional do Câncer, para auxiliar a estruturação do Viva Mulher (Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama). Coleta e processa informações sobre identificação de pacientes e laudos de exames citopatológicos e histopatológicos, fornecendo dados para o monitoramento externo da qualidade dos exames, e assim orientando os gerentes estaduais do Programa sobre a qualidade dos laboratórios responsáveis pela leitura dos exames no município. (Datasus, 2017) O Hiperdia, sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e diabéticos, destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do SUS, “permitindo gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados” (Datasus, 2017). O Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) fornece “informações sobre a qualidade da água para consumo humano, proveniente dos sistemas públicos e privados, e de soluções alternativas de abastecimento” (Datasus, 2017). O Sistema de Informações de Atenção Básica (SIAB) é territorializado e a sua coleta de dados possibilita a construção de indicadores populacionais, referentes a áreas de abrangência bem delimitadas, cobertas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde e da Estratégia de Saúde da Família. Esse sistema vem sendo substituído pelo SISAB. O Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), implantado em 2013, objetiva informatizar os processos de trabalho, garantir um fluxo de informações, otimizar a gestão do cuidado, dos serviços e das redes de atenção à saúde. Aponta uma importante evolução em relação ao SIAB, com informações clínicas individualizadas integradas ao Cartão Nacional. O Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) tem como objetivo fornecer informações sobre o estado nutricional da população e de fatores que o influenciam. O Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), é implantado em todos os municípios brasileiros, fornece dados relativos à cobertura vacinal de rotina e em campanhas, taxa de abandono e controle do envio de boletins de imunização. 013 5.2 Sistemas de informações em saúde: administrativas O Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) não foi concebido sob a lógica epidemiológica, mais muitos estudos utilizam suas informações, foi “criado com o propósito de operar o sistema de pagamento de internação nos hospitais, contratados pelo Ministério da Previdência” (Datasus, 2017). O Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) é o instrumento de ordenação do pagamento dos serviços ambulatoriais (públicos e conveniados), viabilizando, como informação aos gestores, apenas o gasto por natureza jurídica do prestador. Por obedecer à lógica de pagamento por procedimento, não registra o CID do diagnóstico dos pacientes. (Datasus, 2017) O Cadsus – Sistema de Cadastramento de usuários do SUS permite a geração do Cartão Nacional de Saúde, que facilita a gestão do Sistema Único de Saúde e contribui para o aumento da eficiência no atendimento direto ao usuário. O cadastramento permite a construção de um banco de dados para diagnóstico, avaliação, planejamento e programação das ações de saúde. (Datasus, 2017) O CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde “objetiva ser a base para operacionalizar os Sistemas de Informações em Saúde, sendo estes imprescindíveis a um gerenciamento eficaz e eficiente do SUS” (Datasus, 2017). O Siops – Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde é um sistema “disponibilizado pela internet que tem por objetivo apurar as receitas totais e os gastos em ações e serviços públicos de saúde” (Datasus, 2017). FINALIZANDO Estudamos a vigilância epidemiológica como componente da vigilância em saúde que permite o monitoramento de doenças, agravos e eventos de interesse à saúde. Na problematização percebe-se a importância da fonte de dados para vigilância epidemiológica, em especial a necessidade de fidedignidade na coleta de dados, rapidez na divulgação, obrigatoriedade da notificação compulsória e na responsabilidade da produção de informação. 014 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto Legislativo n. 395/2009. Regulamento Sanitário Internacional – RSI – 2005. Publicado no DOU de 10 jul. 2009b. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/viajante/Regulamento_Sanitario_Internacional_ vers%C3%A3o%20para%20impress%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2018. _____. Decreto n. 78.231, de 12 de agosto de 1976. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 ago. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/decreto/1970-1979/D78231.htm>. Acesso em: 14 mar. 2018. _____. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 5. ed. Brasília: Funasa, 2002. _____. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 set. 1990a. Seção 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em: 14 mar. 2018. _____. Lei n. 6.259, de 30 de outubro de 1975. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 out. 1975. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm>. Acesso em: 14 mar. 2018. _____. Portaria n. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html>. Acesso em: 14 mar. 2018. _____. Secretaria de Vigilância em Saúde. Curso básico de vigilância epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. _____. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, v. 48, n. 1. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. _____. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em saúde: volume único. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. _____. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009a. http://www.anvisa.gov.br/hotsite/viajante/Regulamento_Sanitario_Internacional_vers%C3%A3o%20para%20impress%C3%A3o.pdf http://www.anvisa.gov.br/hotsite/viajante/Regulamento_Sanitario_Internacional_vers%C3%A3o%20para%20impress%C3%A3o.pdf http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/decreto/1970-1979/D78231.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html 015 _____. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à Descentralização. Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada. Diretrizes Operacionais dos Pactos da Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Série a. Normas e manuais técnicos. BUSATO, I. M. S. Epidemiologia e processo saúde-doença. Curitiba: InterSaberes, 2016. _____. Planejamento estratégico em saúde. Curitiba: InterSaberes, 2017. DATASUS. Disponível em: <http://datasus.saude.gov.br>. Acesso em: 14 mar. 2018. TEIXEIRA, C. F.; PINTO, L. L.; VILASBOAS, A. L. (Org.). O processo de trabalho da vigilância em saúde. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2004. Série Material Didático do Programa de Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde. vol. 5.
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