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Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 ANESTESIA: Significado: AN – Ausência AISTHESIS – Sensação O que é dor? Sensação desagradável pele conscientização de uma agressão tissular. Objetivo: Bloquear temporariamente a capacidade do cérebro em reconhecer um estímulo doloroso. Diminuir a resposta endócrina resultante da dor. Onde atua: 1. No local da injúria; 2. Na medula espinhal; 3. No cérebro. Quais os tipos: 1. Anestesia geral: - Pilares: inconsciência, amnésia, analgesia, relaxamento muscular. 2. Anestesia regional: - Raquianestesia; - Peridural; - Bloqueio dos nervos periféricos. 3. Anestesia local. CONSULTÓRIO DE AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Atualmente, o padrão ouro de avaliação pré-anestésica (APA) pressupõe sua realização em consultório próprio, antes da internação, em nível ambulatorial, sempre que possível; Diferentemente do antigo modelo, este atual proporciona a redução da suspensão do procedimento, que levava ao desgaste emocional do paciente e ao aumento dos custos do sistema de saúde; O intervalo de tempo entre o atendimento do paciente no consultório para avaliação pré-anestésica (CAPA) e o procedimento a ser realizado sob anestesia seja determinado pela gravidade da doença e pelo grau de invasividade do procedimento e, nos casos de pacientes portadores de doenças graves, a APA deve ser sempre realizada antes do dia do procedimento; Nos pacientes portadores de doenças não graves e procedimentos e procedimentos pouco ou não invasivos, a APA pode ser feita antes ou no dia do procedimento; Não existe padrão numérico de intervalo de tempo entre o atendimento do pct no CAPA e a internação, mas o bom senso demonstra que o atendimento nos CAPA não deve ser realizado muito próximo à data prevista para o procedimento sob anestesia (alguns dias), porque se o pct apresentar outras doenças concomitantes e necessitar de encaminhamento para avaliação clínica especializada, a cirurgia provavelmente será adiada; O bom senso mostra também que a APA não deve ser feita muitos meses antes do procedimento sob anestesia, em razão da possibilidade de alterações do estado clínico do pct por descompensação de doenças associadas já compensadas ou o aparecimento de novas doenças. Mais ainda pela possibilidade de o relacionamento anestesiologista-paciente, adquirido na consulta, perder-se após um longo tempo; O ideal é que no momento que o cirurgião indica o procedimento sob anestesia, ocorra o encaminhamento para o anestesiologista; Nos casos de APA em criança, quando estas supostamente não têm outras doenças associadas (ASA I), a APA pode ser feita próximo à cirurgia, para que a criança não se esqueça do anestesiologista. As crianças que apresentam infecções frequentes de vias aéreas devem ser reavaliadas na véspera ou no mesmo dia da cirurgia; Objetivos: Introdução à Anestesia: Avaliação e Preparo Pré-Anestésico Identificar e investigar doenças Exames subsidiários Interconsultas Técnica anestésica Consentimento informado Redução do risco operatório Redução da morbimortalidade Promoção da eficiência anestésica Diminuição de custos Diminuição na suspensão de procedimentos Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 FICHA PRÉ-ANESTÉSICA: CONSULTA PRÉ-ANESTÉSICA: Identificação de doenças; Altera conduta pré-operatória: 15-20%; Refluxo gastroesofágico; Diabetes tipo I; Asma; Via aérea difícil; Anestesia anterior; Hábitos: tabagismo, passivos, DPOC; - Suspensão do fumo: diminui carboxihemoglobina, diminui efeito cardiovascular, melhora transporte mucociliar e desvia a curva Hb para direita. Abuso de substâncias: álcool, opioides, cocaína, maconha; Alergias: relaxantes musculares 58%, látex 17%, antibióticos 15%, coloides 4%; Obs.: Alergia ao látex: 1. PCR inexplicada; 2. Múltiplas exposições; 3. Alergia a certos alimentos; 4. Defeitos do tubo neural. SCV: 1. Sintomatologia; 2. Insuficiência coronária; 3. Hipertensão arterial; 4. Grau de tolerância aos esforços; 5. Arritmias. Sistema respiratório: 1. Sintomatologia; 2. Complicações pulmonares; 3. IVAS x secreção hialina; 4. Asma; 5. Apneia obstrutiva de vias aéreas. Diabetes: 1. Cardiopatia; 2. Insuficiência renal; 3. Neuropatias; 4. Rigidez articular; sinal de prece 5. Infecções; 6. Lesão neurológica maior. Sistema endócrino: 1. Hipo e hipertireoidismo; 2. Obesidade mórbida; 3. Alterações adrenais. Sistema hematológico: 1. Anemia; 2. Transfusões anteriores; 3. Coagulopatias e anticoagulantes. Sistema gastrointestinal e hepático: 1. Refluxo gastroesofágico; 2. Hepatopatias. SNC: 1. Cefaleias; 2. Convulsões; 3. Déficit motor. Sistema musculoesquelético: 1. Artrite reumatoide; 2. Dificuldade de IOT; 3. Acesso venoso difícil; 4. Uso de corticoides. Alterações psiquiátricas: 1. Uso de medicamentos; 2. Acompanhamento familiar; 3. Termo de consentimento. RISCO ANESTÉSICO-CIRÚRGICO: A determinação do estado clínico do pct implica na avaliação do risco perioperatório ou da probabilidade de mortalidade; Porte cirúrgico, envolve órgãos vitais, eletiva ou emergência; Nome e dados do paciente Diagnóstico cirúrgico Doenças associadas e medicamentos em uso Estado físico Antecedentes pessoais e familiares Exames complementares e interconsultas Prescrição pré- anestésica Técnica anestésica Direcionamento do jejum Consentimento informado Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 Classificação ASA: ASA I: - Paciente com saúde normal; - Ex.: Saudável, não tabagista, nenhum ou mínimo uso de álcool. ASA II: - Paciente com doença sistêmica leve; - Doenças leves, sem limitações funcionais significativas; - Tabagista atual, etilista social, gestação, obesidade (30<IMC<40), hipertensão ou DM controladas, doença pulmonar leve. ASA III: - Paciente com doença sistêmica grave; - Limitações funcionais significativas; - Uma ou mais doenças moderadas ou graves; - Hipertensão ou DM descompensadas, DPOC, obesidade mórbida (IMC ≥40), hepatite ativa, dependência ou abuso de álcool, uso de marcapasso, redução moderada da fração de ejeção, insuficiência renal terminal com diálise regular, prematuridade, história de IAM (>3 meses), acidente cardiovascular, acidente isquêmico transitório, doença coronariana com colocação de stent. ASA IV: - Paciente com doença sistêmica grave com ameaça constante de morte; - Ex.: IAM recente (< 3 meses), acidente cardiovascular, acidente isquêmico transitório, doença coronariana com colocação de stent, isquemia coronária atual, disfunção valvar grave, redução grave da fração de ejeção, sepse, insuficiência respiratória aguda, insuficiciência renal terminal sem diálise regular, coagulação intravascular disseminada. ASA V: - Paciente moribundo sem expectativa de sobrevida se não for operado; - Ex.: aneurisma abdominal/torácico roto, trauma maciço, sangramento intracraniano, isquemia mesentérica devido a doença cardíaca grave ou disfunção de múltiplos órgãos. ASA VI: - Paciente com morte encefálica declarada, cujos órgãos estão sendo removidos para doação. Risco cardiovascular: - Risco maior: • IAM < 30 dias • Angina instável (classe III/IV Canadian) • ICC descompensada • BAV alto-grau • Arritmias significativas • Valvulopatia grave - Risco intermediário: • Angina leve (classe I/II Canadian) • IAM prévio • ICC • DM - Risco baixo: • Idade avançada • ECG anormal • Ritmo não sinusal • Baixa capacidade funcional • AVC • HAS não controlada Risco pulmonar: - Mais frequentes que cardíacas:5 – 10%; Anestesia •Fármacos e técnicas utilizadas. Procedimento •Cirúrgico, diagnóstico ou terapêutico. Fatores intrísecos do paciente •Idade, condição clínica, complicações anestésicas anteriores e fatores de risco. Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 - Insuficiência respiratória; - Internação; - Morbimortalidade; - Cirurgias torácicas; - Cirurgias andar superior do abdômen; - Cirurgia emergência; - Anestesia; - Atelectasias; - Diminuição risco pneumonia. PACIENTE: Todo paciente deve ser avaliado quanto a sua história clínica, presença de comorbidades atuais e anteriores e de fatores de risco, anestesias precedentes, uso de medicamentos e/ou terapias alternativas, uso/abuso de substâncias lícitas ou ilícitas, assim como deve ser realizado exame físico; Independentemente da idade, da doença principal e dos fármacos/técnica anestésica a serem utilizados, deve se interrogar o paciente sobre os diversos sistemas e órgãos, a saber: cardiovascular; respiratório; nervoso-ósseo- muscular; digestório; endócrino; geniturinário, hematopoiético e sua coagulação; Em pacientes que vão ser submetidos a anestesia regional deve-se averiguar a ocorrência atual ou antiga de doenças neurológicas, musculares e/ou ósseas que podem levantar suspeitas, no pós-operatório, de alguma lesão causada pela anestesia ou podem apresentar agravamento; Deve-se também inquirir o paciente sobre sua história pessoal e/ou familiar sugestiva de hipertermia maligna e deficiência de pseudocolinesterase e, independentemente da técnica anestésica a ser escolhida a posteriori, deve-se questionar sobre a história atual ou antiga de alergia. Deve-se procurar identificar o(s) fármaco(s) envolvido(s), o quadro clínico apresentado e sua evolução. Na dúvida, deve-se encaminhar o paciente para um alergista/imunologista; Devem, ainda, ser inquiridas informações sobre as condições da dentição (presença ou não de todos os dentes e de próteses fixas ou móveis); o uso de medicamentos, fitoterápicos e suplementos vitamínicos; tabagismo e dependência de drogas e álcool; A condição cardiorrespiratória dos pacientes feita no período pré-operatório pode ser considerada preditor da evolução pós-operatória. A avaliação da capacidade funcional ou atividade física pode ser quantificada em termos de equivalentes metabólicos consumidos nas tarefas (METs), que estão associados ao consumo de oxigênio gastos nessas atividades; Exame físico: Deve conter os sinais vitais, a avaliação da permeabilidade das vias aéreas e exame cardiopulmonar, incluindo a ausculta. Pressão arterial: a hipertensão arterial crônica é a comorbidade mais frequente associada em pacientes cirúrgicos e é a principal causa de suspensão ou adiamento de cirurgias, sendo, portanto, importante a sua detecção no CAPA, em que é preciso verificar quais pacientes são realmente hipertensos e quais estão hipertensos no momento da consulta, por causa de estresse, por exemplo. Avaliação da permeabilidade das vias aéreas: Observar a presença de dentes falhos, anômalos e próteses; anormalidades da boca, da cavidade oral, do queixo e do pescoço. Entre os testes preditivos de intubação orotraqueal (IOT) difícil podem ser citados: teste de Mallampati; distância esterno-mento; distância tiro-mento; comprimento entre os incisivos durante protrusão voluntária; visibilidade da úvula (Mallampati > 2); forma do palato (muito arqueado ou estreito); e largura do pescoço. Outro item importante em relação à permeabilidade das vias aéreas é a avaliação de preditores de ventilação difícil. A ventilação difícil sob máscara facial é definida como um a condição em que não é possível sua consecução pelo Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 anestesiologista por causa de: vedação ineficiente/ineficaz entre a máscara e a face do paciente e/ou excessiva resistência à entrada do fluxo de ar gerado pelo balão de ventilação. Diferentes autores propuseram preditores de ventilação difícil: presença de barba; ausência de dentes; IMC > 26 kg.m-2; idade > 55 anos; Mallampati III ou IV; protrusão mandibular limitada e histórico de apneia do sono ou roncos. Vias aéreas: taruma de VA, instabilidade de coluna cervical, pequena abertura da boca, pescoço curto e musculoso, trismo, IOT difícil anterior, sequelas de queimaduras, tumores/abcessos cervicais. Dentição: incisivos superiores longos, caninos superiores longos e condições dentárias precárias. Teste de Mallampati modificado: é realizado com o paciente sentado, com o pescoço em posição normal (perpendicular ao chão), boca em abertura total e língua em protrusão máxima. O observador deve estar sentado, com os olhos à mesma altura do paciente. A cavidade oral é classificada em quatro categorias: I: palato mole, fauce, úvula e pilares visíveis; II: palato mole, fauce de úvula visíveis; III: palato mole e base da úvula visíveis; IV: palato mole parcialmente ou não visível. As classes III e IV são sugestivas de intubação difícil. Distância esterno-mento: Com o paciente sentado, pescoço em extensão máxima, boca fechada, mede-se a distância entre o bordo superior do esterno (manúbrio) e o queixo. Distância igual ou menor que 12,5 cm é considerada sugestiva de intubação difícil. Avaliação da condição emocional do paciente: - Vários fatores são responsáveis pela ansiedade e pelo medo que podem estar envolvidos no procedimento anestésico-cirúrgico, como o tipo de procedimento cirúrgico e de anestesia; desconforto e dor no pós- operatório; incapacitação; dependência e medo da morte; - É indiscutível que, no momento da APA, além da avaliação clínica, deve ser priorizada a avaliação das condições emocionais, uma vez que, em pacientes no pré-operatório, com frequência, são encontrados sintomas psicológicos de ansiedade e depressão que se confundem com os sinais da doença que originou a intervenção cirúrgica e que merecem algum tipo de intervenção farmacológica diferenciada. MEDICAÇÕES EM USO: Anti-hipertensivos: Não suspender. - IECA; - BRA. Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 Diuréticos: Não suspender. - Hidroclorotiazida e clortalidona; - De alça. Digoxina (é um glicosídeo cardíaco – digitálico - indicado para o tratamento da insuficiência cardíaca congestiva e de algumas arritmias cardíacas, como a fibrilação atrial): Não suspender. Antiarrítmicos: Não suspender. Anti-inflamatórios: - AINES e inibidores da COX-2: Não suspender. AAS: Não suspender. Antiagregantes plaquetários: Suspender. - Tienopiridinas: Clopidogrel - 7 dias; Ticlopidina - 14 dias. Vasodilatadores penianos: Suspender. Warfarina: Suspender 5 dias antes. Estatinas: Manter no pré-operatório. Insulina: - Insulina de ação rápida: interromper; - DM tipo I: 1/3 a ½ insulina intermediária ou longa; - DM tipo II: não tomar ou ½ dose intermediária. Hipoglicemiantes orais: - Metformina e Clorpropramida: Suspender; - Acarbose e Pioglitazona: Não suspender. Esteroides: Não suspender. Obs.: Doses altas – efeitos colaterais. Reposição hormonal: - Estrógeno: risco de TVP e TEP. Suspender 1 mês antes; - ACO: manter. Drogas psiquiátricas: Manter todas. - IMAO/ Moclobemida; - Antidepressivos tricíclicos; - Lítio; - Inibidores da recaptação serotonina. Fitoterápicos: Suspender. Muitos têm ação anticoagulante, por isso estão sujeitos a suspensão. - Alho: suspender 7 dias; - Gingko biloba – Suspender 36h antes; - Ginseng – Suspender 7 dias; - Tanaceto – Suspender 7 dias; - Gengibre; - Éfedra – Suspender 24h antes;- Kawa kawa – Suspender 7 dias antes; - Erva de São João – Suspender 5 dias antes. A ANESTESIA: A escolha dos fármacos e da técnica anestésica depende das condições clínicas do paciente: - Presença de comorbidades atuais e anteriores e de fatores de risco; anestesias precedentes; - Uso de medicamentos e/ou terapias alternativas; - Uso/abuso de outras substâncias lícitas ou ilícitas; - Alterações do exame físico e de exames complementares. Depende, também, do procedimento a ser feito sob anestesia (cirúrgico, diagnóstico ou terapêutico), da habilidade técnica do profissional que o realizará (médico assistente ou residente) e das condições do local onde será realizada a anestesia (p. ex.: parque de equipamentos; disponibilidade de fármacos mais caros; material de via aérea difícil; ultrassom etc.; Uma vez definida a técnica anestésica, o anestesiologista deve comunicar ao paciente sua decisão, relatar em detalhes a sequência de eventos que vão acontecer, desde sua entrada no hospital até a alta da recuperação anestésica. O paciente, por sua vez, tem o direito de tirar dúvidas e opinar sobre a decisão médica/anestésica, podendo não aceitar a técnica escolhida, portanto, nesses casos, ao anestesiologista cabe estar aberto ao diálogo. Também o cirurgião deve estar ciente da técnica e dos fármacos que serão utilizados e, no caso de haver discordância sobre eles, o bom senso deve prevalecer. EXAMES COMPLEMENTARES: Independentemente do tipo de anestesia a ser realizada (regional, geral, sedação), a tendência atual na APA é a solicitação de exames pré-operatórios segundo informações da história clínica e/ou do exame físico do Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 paciente; de acordo com a necessidade de avaliação sequencial de exames que podem sofrer alterações durante o procedimento cirúrgico; conforme a inclusão do paciente em população de alto risco para alguma condição específica, mesmo que sem dados positivos da história clínica e/ou do exame físico; e de acordo com o tipo e o grau de invasividade do procedimento cirúrgico; Exames laboratoriais: - Falhas; - Alterações não determinantes. Exames que podem ser alterados; Eletrocardiograma (ECG) : doenças cardiovasculares e respiratórias; tipo e invasividade da cirurgia. A FT da A SA reconhece que alterações do ECG podem ser mais frequentes em pacientes idosos e com múltiplos fatores de risco cardíacos. Considera que o ECG pode ser indicado em pacientes com fatores de risco cardiovascular já identificados anteriormente ou detectados no momento da APA. Por último, considera que a idade como fator isolado pode não ser critério para a solicitação do exame; Outros exames cardiológicos: exames de avaliação cardiológica, como ecocardiograma, teste de estresse e teste ergométrico, na evolução perioperatória são indicados em situações específicas após consulta com especialistas; Radiografia de tórax: tabagismo; infecção respiratória recente; doença pulmonar obstrutiva crônica e doença cardíaca. A F T da A SA reconhece que alterações do RX são mais frequentes em pacientes tabagistas, com DPOC, doença cardíaca e infecção respiratória aguda recente e nos extremos de idade, mas não considera a presença dessas condições clínicas como critério isolado para a solicitação do exame; Outros exames de avaliação pulmonar como prova de função pulmonar; gasometria arterial e venosa; oximetria de pulso e espirometria são indicados em situações específicas após consulta com especialistas; Hemoglobina e hematócrito: pacientes com doença hepática; história de anemia; sangramento; outras alterações hematológicas; tipo e invasividade da cirurgia e extremos de idade; Testes de coagulação: alterações da coagulação; doenças renal e hepática; tipo e invasividade da cirurgia. A FT reconhece que o uso de medicação anticoagulante e terapias alternativas pode aumentar o risco perioperatório. A FT conclui que não existem evidências que provem a necessidade desses exames quando da indicação de anestesia regional; Bioquímica sanguínea (dosagem sérica de potássio, sódio, glicose, função renal e hepática): doenças endócrinas; risco de doenças renal e hepática; uso de terapias perioperatórias; certas medicações e terapias alternativas. A FT da ASA reconhece que nos extremos de idade os valores desses exames podem diferir do padrão de normalidade; Urina tipo I: a FT considera indicada apenas em procedimentos urológicos específicos ou quando ocorre infecção urinária; Teste de gravidez: mulheres em idade fértil que podem estar em início de gestação ainda não diagnosticada. A FT recomenda que o teste de gravidez seja oferecido a todas as pacientes em idade fértil e nas quais o resultado pode alterar a conduta anestésica/cirúrgica. JEJUM: O jejum pré-operatório foi instituído com o objetivo de garantir o esvaziamento gástrico e prevenir complicações como regurgitação e broncoaspiração (síndrome de Mendelson); Recomenda-se exceção para o protocolo de jejum: gestantes em trabalho de parto; pacientes com obesidade mórbida; gastroparesia; mau esvaziamento gástrico de qualquer etiologia; suboclusão ou obstrução intestinal e doença do refluxo gastresofágico moderado a grave; Maria Beatriz Valença Técnicas Cirúrgicas e Anestesiologia 1 Baseado na experiência europeia (ERAS) e por recomendação da Sociedade Europeia de Anestesiologia (ESA), teve início, no Brasil, em 2005, o projeto ACERTO, que, entre suas recomendações inclui a abreviação do jejum com a utilização de líquidos claros ricos em carboidrato de fácil absorção, acrescidos ou não de aminoácidos, duas horas antes da cirurgia. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: Alívio da ansiedade; Sedação; Amnésia; Analgesia; Redução da secreção das vias aéreas; Prevenção da resposta reflexa autonômica; Redução do volume gástrico e aumento de seu pH; Efeito antiemético; Redução de anestésicos. Midazolam: - Início e recuperação rápidos; - Via oral, IM, EV, nasal, retal, sublingual; - Amnésia anterógrada. PLANEJAMENTO ANESTÉSICO: Este item é fundamental para a qualidade do ato anestésico, principalmente quando quem faz a avaliação pré-anestésica não é o anestesiologista que vai anestesiar o paciente. O primeiro deve planejar as possíveis técnicas anestésicas para cada paciente e deve, naqueles mais complicados (p. ex.: com síndromes raras, pacientes ASA > II), decidir sobre os cuidados especiais e informar, por escrito e pessoalmente, os anestesiologistas do centro cirúrgico e cirurgiões sobre tais cuidados; A finalidade da avaliação pré-anestésica de per si nunca é, nem será liberar ou não um paciente para o ato anestésico-cirúrgico, mas tentar, de todas as formas possíveis, definir o risco-benefício do ato anestésico- cirúrgico para cada paciente na situação específica em que ele se encontra no momento da APA.
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