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ATOS outubro / novembro / dezembro 2001 volume 16 / número 4 edIÇÃo PortuGuÊS SALVAÇÃO PARE! Antes de você ler esta revista, por favor, olhe para a etiqueta de endereços de seu envelope. No topo esquerdo de sua etiqueta está o seu número de Atos. Por favor, escreva esse número aqui. pppppp No topo direito de sua etiqueta, depois da palavra “EXPIR”, está sua data de vencimento da assinatura da Revista Atos. (month/year). Por favor, escreva essa data aqui: __________ / __________ mês ano Você deverá dar esta informação cada vez que escrever ao World MAP, ou quando preencher seu Formulário de Renovação ou solicitação do livro O Cajado do Pastor. 2 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 edIÇÃo PortuGuÊS volume 16 / número 4 ATOS Índice SALVAÇÃO 1. NOSSA NECESSIDADE DE SALVAÇÃO .................................. 4 2. O DOM DE DEUS – A SALVAÇÃO ................................... 11 3. FEITO LIVRE ATRAVÉS DA SALVAÇÃO ................................ 16 4. ENVIADO PARA SALVAÇÃO ....................................... 26 Arrependa-se! ........................................... 28 Definições .................................................. 32 Como Conduzir Alguém a Cristo ........... 35 Diretor Responsável ..................... Ralph Mahoney Diretores ........................... Frank & Wendy Parrish Diretores Administrativos África ................................. Loreen Newington Índia ................................................. Bill Scott Internacional ............................. Gayla Dease Artes Gráficas .... Dennis McLain & Vander Santos Tradutor Vander Santos Revisora Rita Leite Leitora de Provas ....................... Maura Ocampos Impressao Gráfica ................. Editora Betânia S/C VISÃO E MISSÃO Como um ministério ao Corpo de Cristo, o World MAP existe para: 1. Fornecer aos lideres de igrejas nos paí- ses da Ásia, África e América Latino um treinamento pratico que os torne eficazes ministros do Evangelho. 2. Compartilhar com os crentes das na-coes ocidentais as vitórias e as tribulações de obreiros de igrejas nacionais, a fim de que a Igreja: Ore mais fervorosamente e de mais sacrificialmente para abençoar e desenvolver a obra dos que servem nas linhas de frente do evangelismo. ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) e pu- blicada a cada três meses pelo “World MAP”, 1419 N. San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA. Toda correspondência deve ser dirigida para o endereço acima ou para Caixa Postal 5053,31611-970 Venda Nova, MG, Brasil/ P.O. Box 4142, Manilha, Filipinas/P.O. Box 492, White River 1240, Transvaal, África do Sul/ Post Bag 459, 18, Khader Nawazkhan Road, Madras 600.006, Índia. SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mu- danças de endereço para “World MAP”, Caixa Postal 5053,31611 -970 Venda Nova, MG, Brasil. Todas as passagens das Escrituras serão da Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil – 1981, a menos que outra fonte seja indi- cada. SALVAÇÃO A Luz do evangelho “O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt 4:16). “... de graça recebestes...” Sim, querido amigo, como o evangelista nos assegura, uma luz res- plandeceu neste mundo mergulhado em trevas por causa do pecado. E a “luz do evangelho” (2 Co 4:4) – o glorioso Evangelho da Salvação em Cristo Jesus, que e a “verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (Jo 1:9). Esta Salvação e o dom gratuito de Deus – para você, para mim, e para qualquer um, em qualquer lugar do mundo, que aceitar esse dom. Esta determinado que todos os que jazem nas trevas do pecado e na “sombra da morte” – que e a penalidade pelo pecado – podem ter “a luz da vida” (Jo 8:12) e a “vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23). “... de graça dai” (Mt 10:8). Para serem salvos, eles têm que crer em Cristo. Mas antes disso eles precisam entender que carecem da salvação; que estão perdidos em seus pecados, condenados a uma eternidade no inferno, se Cristonãose tornar, para eles, o seu Salvador pessoal. Eles devem ser informados de que Deus lhes oferece salvação em Cristo e têm de saber o que esta salvação fará por eles. Finalmente, eles devem ser encorajados – e trei- nados – a falar a outros sobre a salvação. Você, querido líder de igreja, recebeu este presente inestimável que e a salvação. Oramos com fervor para que este assunto abordado na Revista de ATOS faça com que se lembre do que a salvação em Cristo fez por você, e o inspire – e o prepare – para fazer aos outros o que alguém fez por você, quando ainda “jazia em trevas”. Nossa oração e no sentido de que você compartilhe as Boas Novas de salvação com aqueles quenãoouviram sobre isto, desempenhando, assim, o vital pa- pel de fazer resplandecer “a luz do evangelho” em todo o mundo. outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 3 Você sabe o quanto somos pre- ciosos para Deus? Somos tão preciosos que nosso Pai divino planejou nossa salvação antes mesmo de criar os céus e a terra! Deus nos “escolheu... antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Ele escreveu nosso nome no Livro da Vida desde a fundação do mundo (Ap 17:8). O Cordeiro de Deus, Jesus Cris- to, foi “morto” (em outras palavras, Introdução o PLAno de deuS PArA A SALvAÇÃo FeIto AnteS dA FundAÇÃo do mundo A LUZ RAIOU! através dos profetas e anjos. E os profetas e anjos desejaram saber o que você já sabe, se estudou diligen- temente o que a Bíblia diz sobre o plano de salvação de Deus: “Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inqui- riram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os so- frimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam. “A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós ou- tros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espíri- to Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coi- sas essas que anjos anelam perscrutar” (1 Pe 1:10-12 – veja também Efésios 3:8- 10). Você deveria desejar conhecer mais sobre o que as Escrituras revelam a res- peito do plano de salvação que Deus lhe reservou... ...E PARA TODOS QUE VIESSEM A CRER Mas como eles crerão se não ouviram? E como ouvirão sem um pregador para lhes falar que eles também são tão preciosos para Deus que o Senhor planejou a salva- ção deles? (Veja Romanos 10:14.) Este é o lugar onde você se encai- xa no plano de salvação elaborado por Deus: você é o pregador. Mul- tidões aindanãotêm ouvido as Boas Novas de Salvação em Cristo Jesus. Cabe a você falar-lhes, prepará-los e inspirá-los a contar a outros (veja 2 Timóteo 2:2). É verdade, querido amigo. Você e tão precioso para Deus que “antes da fundação do mundo” Ele o “cha- mou com santa vocação” (2 Tm 1:9), a fim de revelar o Seu plano de salvação àqueles que aindanãoo ouviram. Assim, a luz do Evangelho resplandecerá sobre um mundo que jaz nas trevas do pecado. ■ Deus planejou a Sua morte sacrifi- cial como pagamento pelos nossos pecados) “desde a fundação do mundo” (Ap 13:8). Antes mesmo que Deus dissesse, “Haja luz” (Gn 1:3), Ele planejou o dia em que a luz do Evangelho res- plandeceria em nosso coração. RESERVADO PARA VOCÊ... Você é tão precioso para Deus que Ele lhe revelou, nas paginas da Bíblia, o que não revelou comple- tamente aos profetas do Velho Tes- tamento ou ate mesmo aos anjos. Deus revelou parcialmente o seu plano de salvação à humanidade 4 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 SALVAÇÃO CAPÍTULO 1 noSSA neCeSSIdAde de SALvAÇÃo ● DEUS PERMITE O LIVRE- ArbÍtrIo ● SATANÁS ESCOLHEU SE rebeLAr ● ADÃO ESCOLHEU PECAR ● NÓS HERDAMOS O PeCAdo de AdÃo ● A PENALIDADE PELO PeCAdoÉ A morte deuS PermIte o LIVRE-ARBÍTRIO Amar Deve Ser Uma Escolha Era o desejo do Pai que o homem O amasse, honrasse e obedecesse em todas as coisas. Deus queria que o ho- mem buscasse a Sua vontade e Seu propósito para a sua vida. O Pai de- sejava que o homem confiasse nEle e compartilhasse do Seu grande amor, sabedoria e poder. Ele almejava que o homem recebesse e retribuísse Seu amor – assim como o Pai e o Fi- lho amam um ao outro (João 17:23). Deus criou o homem com este propó- sito – compartilhar e desfrutar amor, graça, sabedoria, beleza e glória. Contudo o amor, por sua própria natureza, deve ser dado livremente. nãopode ser forçado.nãopodemos fazer com que alguém ame a outro, nem forçar uma pessoa a isso. O mesmo se aplica a prestar hon- ra, respeito e adoração. Adoração tem a ver com “valor”. Nós ama- mos, honramos e respeitamos o que nos é de grande valor ou “preço”. Isso significa que esse amor re- quer uma livre escolha. Adoração também demanda uma livre escolha. Nós escolhemos amar e adorar o que nos sentimos ser de grande valor. Escolha Envolve Risco Deus é soberano. Ele tem total liberdade para escolher os seus desejos e realizá-los. Ele sempre escolhe o que é certo, bom e santo. Ele escolheu criar o homem à sua própria ima- gem para que este pudesse conhecer e experimentar o Seu amor e, assim, retri- buí-lo a Deus. Isso significa dar ao homem livre-arbítrio. Com o poder de amar veio o direito de esco- lher. Por causa de seu livre-arbítrio, o homem poderia escolher amar, adorar e honrar a Deus. Quando Deus criou o homem, deu-lhe a liber- dade de escolha. Contudo, isso im- plicava em grande risco. Significa- va que o homem poderia escolher o bem ou o mal – o certo ou o errado. Ele poderia escolher o que quises- se! Ele escolheria baseado no que pensasse ser bom, verdadeiro e vá- lido. Nossa vida é centrada em nossos valores. Amamos, honramos e respeitamos tudo que sentimos ser de valor para nós. A ques- tãonão é “se” vamos adorar, mas “o que” vamos adorar. E todo mundo – até certo ponto, de uma forma ou outra – adora! Deus criou o homem para O adorar. Ao ado- rar a Deus o homem ex- pressaria seu amor, fé e obediência.nãouma ser- vidão humilhante, mas uma obediência repleta de alegria e confiança, crendo no amor de Deus Nós somos livres para escolher o caminho que vamos seguir: aceitar a Jesus... ou não aceitar a Jesus. outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 5 e seu desejo de fazer o melhor para nós. É verdade que nós servimos, obe- decemos, e nos tornamos semelhan- tes àquele a quem adoramos. O que nós adoramos determinara nosso caráter e nossa conduta – nossas ati- tudes e nossas ações. Isto e verdade tanto negativa (Sl 115:4-8; Is 44:9- 20) como positivamente (2 Co 3:18). Não admira que Jesus tenha dito: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino (de Deus)”; pois ao fazer- mos isto, tudo se encaixara em seu devido lugar (veja Mateus 6:33). Deus permitiu ao homem fazer sua escolha de adoração obediente, colocando duas arvores especiais no Jardim do Éden. Uma foi chamada de “árvore da vida” (Gn 3:22). A outra árvore foi chamada de “árvore de morte”. A esta Deus denominou “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2:17). O homem foi advertido de que não poderia comer daquela árvore. Ele não deveria fixar padrões de bem e mal – certo e erra- do – para a sua vida independente- mente da sabedoria de Deus: “Há caminho que ao homem parece di- reito, mas ao cabo da em caminhos de morte” (Pv 14:12). SATANÁS ESCOLHEU Se rebeLAr Expulso do Céu Satanás, em forma de uma gra- ciosa serpente, entra em cena. Ele e astuto nos caminhos do mal e há um mau propósito em seu coração. De onde ele veio? Por que ele se encon- tra ali? O que estará buscando e o que pretende fazer? Voltemos novamente as Escrituras e vejamos as respostas. Às vezes a Bíblia usa exemplos terrenos e pessoas para nos ensinar a respeito das coisas divinas e espiri- tuais. O profeta Ezequiel nos fala de um certo rei de Tiro que era muito mau. Em Ezequiel 28:11-19, o julga- mento de Deus e dirigido ao Rei de Tiro. Porém, há muitos estudiosos da Bíblia que vêem nesta passagem (e em Isaías 14:12-15) uma descri- ção da queda de Satanás. Essa foi uma visão defendida por vários Pais da Igreja do 4.o século D.C. Uma leitura cuidadosa dessa passagem de Ezequiel revela várias descrições extremas, difíceis de se atribuir ao Rei de Tiro (veja especial-mente Ezequiel 28:13-15). “Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te co- brias: o sárdio, o topázio, o diaman- te, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os orna- mentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. “Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti. “Na multiplicação do teu comér- cio, se encheu o teu interior de vio- lência, e pecaste; pelo que te lan- çarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pe- dras. “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrom- peste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem. “Pela multidão das tuas iniqüida- des, pela injustiça do teu comercio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os que te contemplam” (Ez 28:12-18). O mesmo tipo de quadro e pin- tado pelo profeta Isaías. Com pala- vras fortes, ele revela o mau caráter do malvado rei da Babilônia. Nova- mente, estes versos tem uma dupla aplicação. Neles o profeta nos mos- tra a imagem maligna de Satanás. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estre- las de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assen- tarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Is 14:12-15). Cinco vezes Satanás contrapõe a “vontade de Deus” a “sua vontade”. Cinco vezes Satanás declara a pró- pria vontade em oposição a vonta- de de Deus (v.13-14). Podemos ver claramente o orgulho de Satanás e sua rebelião contra Deus. Satanás desejou (e ainda deseja) substituir a lei soberana de Deus pela sua lei. Ele também quer agir independen- temente do Deus Altíssimo. Satanás convida, tenta, intimida e engana os homens, induzindo-os a cometer o pecado da auto-exaltação e da in- dependência egoísta. Parece que Satanás, antes de sua queda – bem como todos os outros seres angeli- cais – foi criado originalmente com a capacidade para amar, honrar, ado- rar e servir a Deus. Como dissemos, criar os seres com liberdade de esco- lha implicava em grande risco. Há o perigo de rebelião. Os resultados dessas escolhas er- radas podem ser trágicos. A rejeição do amor de Deus, da verdade e da bondade divinas implica colher os resultados do ódio, do erro e da mal- dade. Rejeitar um e escolher o outro. E como quando lançamos uma mo- eda – um lado ou o outro fica para cima. Lamentavelmente Satanás fez a escolha errada! Em Ezequiel e Isaías as Escritu- ras parecem mostrar que Satanás foi criado por Deus com um propósito elevado e nobre. Ele era perfeito em beleza e sabedoria. Recebera grande poder e autoridade. Os querubins no Livro de Apo- calipse são relacionados a adorarão divina. É possível que Satanás, por um tempo,não só governou as hostes celestiais como “querubim da guar- da ungido” (Ez 28:14)– o que indica um alto posto com autoridade e res- ponsabilidade. Ele também os con- duziu na adoração a Deus. Ezequiel 28:13 parece indicar isso, quando se refere a instrumento musical incluído na criação de Lúcifer (Satanás) – de acordo com a versão Revista e Cor- rigida. Muitos vêem isto como apoio 6 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 à idéia de que um dos deveres de Lú- cifer era conduzir as hostes celestiais em adoração do Supremo. Ele tinha o dever e a responsabilidade de guar- dar o santo testamento e a palavra de Deus e honrar ao Senhor de todas as formas. Parece que ele era o “supe- rintendente” das hostes celestiais. O Orgulho de Satanás Por causa de sua beleza e de sua posição, o orgulho entrou no cora- ção de Satanás (Ez 28:15,17). Pau- lo, ao listar as qualificações de um bispo, adverte sobre orgulho, e usa Satanás como exemplo: “...não seja neófito, para não su- ceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo” (1 Tm 3:2-6). O céu e santo e perfeito. Logo, o pecado de Satanás só poderia ter surgido do seu próprio coração. O orgulho e o desejo de possuir poder precipitaram a sua queda. Ele achou mais prazer na própria beleza do que na glória de Deus. Ele se exaltou aos próprios olhos e buscou a honra e o poder que só pertencem a Deus. Satanás quis a adoração do céu e a autoridade do trono de Deus. Ele estava disposto a se rebelar contra o Deus Altíssimo para adquirir isto. Lamentavelmente, um grande nu- mero das hostes angelicais uniu-se a Satanás em sua rebelião (veja 2 Pe- dro 2:4; Judas 6). Talvez alguém desejasse saber por que Satanás e suas hostes pen- saram que poderiam ter sucesso na rebelião contra Deus. A Bíblia afir- ma até mesmo que ele era “cheio de sabedoria” (Ez 28:12). Contudo, como vimos, há uma “cegueira” e um auto-engano no or- gulho. Quando centramos tudo em nós mesmos, fica difícil “ver” além de nós. É engano crer que algo está certo quando está errado – que algo é bom quando de fato é mau! Com o orgulho vem o engano. Satanás estava verdadeiramente en- ganado. Ele era muito inteligente para tentar algo que fosse claramen- te condenado ao fracasso. Mas ele realmente pensou que ganharia! Aquele que facilmente engana outros esta sujeito a ser enganado. Ele estará muito seguro de que es- tá certo e parece ser muito sincero. Certeza e sinceridade não são sinais confiáveis de que alguém esteja cer- to. É possível ser totalmente sincero mas verdadeiramente errado! O Auto-Engano de Satanás Pode ter havido várias razões pelas quais Satanás e suas hostes acreditassem que poderiam ganhar. Ninguém nunca tinha desobedecido a Deus antes. O poder de Deus bem como Sua autoridade nunca tinham sido testados. Os resultados de uma rebelião nunca tinham sido vistos. A morte era desconhecida. Além disso, essa foi a primeira vez que os pode- res do bem e do mal entraram em conflito um com o outro. A batalha das eras estava a ponto de começar! Ao contrário de Deus, Satanás não era “onisciente” – conhecedor de todas as coisas. Como um ser criado, toda informação que ele ti- nha era a palavra de Deus. Ele não sabia realmente o quanto poderia ser poderoso ou importante. Com o orgulho vem o engano. E com o engano vem a dúvida. Satanás duvidou da palavra de Deus, e, como resultado, decidiu desobedecê-la. Os elos da cadeia do mal po- diam ser vistos agora claramente: ORGULHO – AUTO-ENGANO – REBELIÃO – DESOBEDIÊNCIA. O ultimo elo era desconhecido e im- previsto – o elo da MORTE! Satanás também pode ter pen- sado que tinha achado uma fraque- za no plano divino. Uma avaliação bíblica parece mostrar que Deus escolheu alcançar seu propósito na criação através de criaturas com Foi o orgulho de Satanás que o fez ser expulso do Céu! outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 7 livre-arbítrio. Os anjos, e depois o homem, foram feitos com liberdade de escolha. Como foi dito antes, isso impli- cava grande risco. Havia o perigo de escolhas erradas e os resultados que se seguiriam. Deus previu aque- la possibilidade, mas descansou em seu conhecimento de que no fim: O BEM superaria o MAL O AMOR superaria o ÓDIO A LUZ superaria as TREVAS A VERDADE superaria a MENTIRA O DIREITO superaria o ERRO O Ciúme de Satanás Além disso, as nobres qualidades do caráter de Deus seriam expressas por aqueles que escolhessem amar, honrar e obedecer a Ele. No céu isso seria alcançado pelos anjos que escolhessem permanecer leais ao seu Criador. Na terra isto ocorreria através de uma família real de filhos e filhas amados. O “Primogênito” daquela família seria o próprio Senhor Jesus. É possível que Satanás tenha ti- do ciúmes do amor, da honra e da adoração que as hostes celestiais prestavam a Deus. A rebelião de Sa- tanás era uma tentativa de tomar o lugar de Deus e receber a adoração que pertencia a Ele. O diabo ofere- ceu a Jesus os rei-nos deste mundo – numa tentativa para conseguir que Jesus o adorasse no deserto (veja Lucas 4:5-8). Este incidente mostra que o diabo deseja a adoração que só a Deus pertence. Opondo-se a Deus, Satanás ali- nhou as fileiras de batalha para o conflito de longas eras entre o bem e o mal. As Escrituras mostram que Sata- nás não alcançou vitória no céu. Ele e suas hostes de anjos caídos foram expulsos. Contudo, mais tarde, eles tentariam ganhar na terra – no Jar- dim do Éden – o que perderam no céu. ADÃO ESCOLHEU PECAR Satanás Entra no Mundo Como já vimos, há um grande an- seio no coração de nosso Pai celes- tial. E o desejo de estabelecer uma família através da qual o caráter, a autoridade e o poder de Seu Filho possam ser revelados. Por isso, Deus fez o primeiro homem e a primeira mulher e lhes disse que fossem os mordomos, os guardiões da terra – e a enchessem, formando uma família de filhos amorosos que fossem leais a Ele. E a essa terra e aquela família, então, que Satanás vem agora. A ba- talha que começou no céu alcança agora a nova criação de Deus. Sata- nás busca roubar da primeira família terrestre a herança que lhes foi dada, tentando-os para que cometessem o mesmo pecado que causou a queda dele das alturas celestiais - orgulho e rebelião! Ele se aproxima deles na forma de uma sagaz e linda serpente. Ele não pode dominá-los, pois Deus lhes dera autoridade sobre todas as cria- turas da terra. Ele tem apenas um modo de enredá-los para o seu ma- léfico propósito – o engano! Agora nós podemos entender por que Jesus chamou Satanás de “pai da menti- ra” (veja João 8:44). O apóstolo Paulo refere-se a es- se engano em sua segunda carta a Igreja de Corinto. Atentemos para suas palavras de advertência: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simpli- cidade e pureza devidas a Cristo” (2 Co 11:3). Sim, Satanás usou mentiras e confusão para enganar e confundir o entendimento deles quanta aos man- damentos simples de Deus. Você se recorda de que Deus lhes tinha dito que não comessem daquela árvore. Veja-mos novamente as palavras de advertência de Deus: “... De toda ar- vore do jardim comerás livremente, mas da arvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certa- mente morrereis” (Gn 2:16,17). Satanás Engana Eva Satanás, agora, começa a formar seus laços de maldade: orgulho – engano – dúvida – desobediência – morte. Vamos estudar cada elo da cadeia conforme e apresentado no próprio registro bíblico: “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse a mulher: E assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? “Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim pode- mos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem toca- reis nele, para que não morrais. “Então, a serpente disse a mu- lher: E certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em quedele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhece- dores do bem e do mal (Gn 3:1-5). Satanás lhes falou que o fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal não era algo que eles deviam temer, mas, sim, verdadeiramente desejar. Ele lhes afirmou que, em vez de morrer como Deus tinha dito, eles realmente começariam a viver. Na realidade, de acordo com Sata- nás, eles se tornariam como Deus, e poderiam decidir o que era bom e mal – certo e errado – para eles. Eles não precisariam de Deus para dirigir a vida deles. Eles se conhe- ceriam, governariam a si mesmos, e poderiam se tomar os melhores – tu- do por eles mesmos. Então o reino, o poder e a gloria seriam deles so- mente! Se Deus realmente os amas- se, Ele mesmo lhes teria dito isso. E fácil ver como Satanás primei- ramente lançou as sementes do or- gulho e do desejo egoísta. Então ele os induziu a duvidar de Deus. Ele conseguiu que eles duvidassem da Palavra de Deus, do amor de Deus, e de Seu poder e autoridade. A duvida os conduziu a desobediência – e a desobediência, a morte! O que Adão Perdeu “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fru- to e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 3:6). Lamentavelmente, a mentira fun- 8 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 cionou. Quando a mulher aceitou o engano, acreditando nas mentiras de Satanás, ela desobedeceu. Então fi- cou sujeita ao julgamento que Deus havia prometido. Embora Adão não tenha sido enganado, ele escolheu pecar, submetendo-se, assim, a lei de Satanás. Deus havia criado o ho- mem originalmente para ser mor- domo sobre a terra, para governa-la e cuidar dela. Mas como o homem desobedeceu a Deus, sujeitando-se as mentiras de Satanás, tudo isso foi mudado. A partir de então o domínio do homem foi entregue a Serpente (Apocalipse 12:9 mostra que o ten- tador no Jardim era Satanás em for- ma de serpente). O governo de nosso mundo, originalmente delegado ao homem, caiu nas mãos de Satanás. Satanás foi rápido em tomar o cetro – o bastão real para reinar – nas pró- prias mãos. Satanás assumiu a autori- dade que tinha sido dada ao homem. Este colocou-se debaixo da autoridade do reino das trevas e da morte. Era como se uma tragédia infinita tivesse começado. For causa de seu pecado e de sua desobediência, o ho- mem perdeu muitas coisas: 1. Ele perdeu sua comunhão co- mo um filho amado. 2. Ele perdeu a cobertura divina e a autoridade outorgada por Deus. 3. Ele perdeu a beleza da imagem de Deus em sua vida. 4. Ele perdeu seu lugar no piano de Deus. 5. Ele perdeu a própria vida – es- pírito, alma e corpo. NÓS HERDAMOS O PeCAdo de AdÃo Por que Nós Pecamos? Então, o primeiro problema que temos de resolver para que possa- mos ser salvos, e a questão do peca- do. É nosso pecado que nos separa da santa vontade de Deus e de seu propósito para nossa vida. Se qui- sermos compreender a grandeza de nossa salvação temos de entender por que somos pecadores e por que pecamos. Isso levanta duas questões im- portantes: 1. Nos somos pecadores porque peca- mos? 2. Ou, nos pecamos porque somos pe- cadores? Os teólogos e estudiosos da Bí- blia tem debatido estas questões durante séculos. No entanto uma questão tão importante deveria ser respondida claramente na Bíblia. O Pecado Entrou no Mundo por um Homem Encontramos a chave para en- tender a relação entre pecado e pecador em Romanos, capitulo 5. Paulo fala sobre a origem do pe- cado e como isso afeta cada um de nos. Observemos suas palavras em Romanos 5:12: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” A palavra “mun- do” e a mesma usada em João 3:16: “Por que Deus amou ao mundo...” Vem do termo grego original kos- mos, e se refere a raça humana. Paulo esta dizendo que, como cabe- ça da raça humana, Adão, ao pecar, contaminou todo o gênero huma- no. A conseqüência dessa terrível contaminação através do pecado foi a morte espiritual e física. Paulo explica esta verdade da seguinte forma. No período entre Adão e Moisés ninguém foi julgado culpado pelos próprios pecados, pois a lei não tinha ainda sido instituída. No entanto, eles morreram. Portan- to, essa morte não pode ser atribuída diretamente aos pecados deles, pois não havia nenhuma lei para estabe- lecer essa sentença. Assim, Paulo argumenta, a mor- te nesse período deveria ter sido creditada ao pecado de Adão. Está- vamos “em Adão” quando ele deso- bedeceu a Deus. Então, nos sofre- mos a penalidade daquele pecado porque nos somos os membros da raça adâmica (os descendentes de Adão) (Sl 51:5). Aqui temos os fatos nas próprias palavras de Paulo: “Porque até ao regime da lei havia pecado no mun- do, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. Entretanto, reinou a morte desde Adão ate Moi- sés, mesmo sobre aqueles que não pecaram a semelhança da trans- gressão de Adão... pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte... pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pe- cadores” (Rm 5:13,14,17, 19). Em Adão, Todos Pecam; Em Adão, Todos Morrem. A verdade é clara; nos todos nas- cemos pecadores por causa do pe- cado de Adão. Independentemente de qualquer ato de pecado de nossa par-te, nos somos herdeiros do peca- do de Adão – e de sua natureza peca- minosa. Mesmo que nunca tivéssemos pecado, ainda assim seríamos pe- cadores. Pela ofensa de um, o juizo veio sobre todos. “...a morte veio por um homem... em Adão, todos morrem” (1 Co 15:21,22). Em Adão todos nós pecamos; em Adão todos nos morremos. Es- se conceito ou idéia de estar “em Adão” e uma verdade importante que temos de entender. Como vere- mos, o mesmo raciocínio se aplica a nossa condição de estar “em Cristo”, e será uma das verdades que nos aju- dara a entender muito melhor nossa grande salvação. “Em Adão – em Cristo”: Um Exemplo da Natureza Esta idéia de estar “em outro” pode ser vista também em um exem- plo da natureza. Tentando produzir arroz de melhor qualidade, cientis- tas agrícolas expõem sementes de arroz a altos raios de energia. Es- sa radiação pode mudar a estrutura genética da semente. Essa radiação de alta-energia, muda a natureza da semente de arroz. A forma co- mo o arroz, a partir dessa semente, vai crescer e sobreviver e alterada. A maioria das mudanças feitas por radiação de genes (material he- reditário) e prejudicial. Contudo, algumas vezes, essas alterações promovem melhoria. As mudanças outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 9 provocadas pela radiação só podem ser conhecidas após o plantio da se- mente – e vendo o resultado obtido na ocasião da colheita. Uma semente produzira um cau- le com muitas sementes. Cada uma dessas sementes levara consigo as mudanças genéticas – quer sejam para melhor ou pior. Isto se aplicara a todas as produções de arroz que se seguirão. Como as sementes são plantadas e replantadas, após alguns anos ha- verá uma grande colheita de arroz. Cada planta, conseqüentemente, terá as mesmas características e qualida- des que foram “fixadas” quando a primeira semente sofreu a radiação. Se as mudanças genéticas fo- ram para melhor, de onde a grande colheita de arroz de alta qualidade teria vindo? Daquela primeira se- mente! Muitos alqueires do melhor arroz estavam todos “em uma se- mente”. O mesmo se aplica se a mudança genética tivesse sido para pior. Na- quela semente ruim estariam muitos alqueires de arroz de baixa qualida- de. Os resultados da radiação seriam passados a todas as produções se- guintes. Nenhuma radiação adicional e necessária para que os resultados prejudiciais produzidos na primeira semente continuem. A natureza do arroz foi mudada para todas as futu- ras produções! Na Carne de Adão Agora podemos entender melhoro que Paulo quis dizer ao afirmar que “em Adão” todos fomos feitos pecadores. Quando Adão pecou, estava-mos em sua carne (corpo). A semente de humanidade da qual vie- mos estava potencialmente em Adão desde o começo. O que nos aconte- ceu então quando Adão pecou? Nos nos tornamos pecadores! “Por uma só ofensa, veto o juizo sobre todos” (Rm 5:18). Davi estava bastante ciente desta verdade. Ele expressou esse concei- to claramente em um de seus sal- mos: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51:5). Davi está reconhecendo que ele nasceu pecador. Ele foi feito pecador – como todo ser humano – em Adão. Ele sabia que precisava de um coração limpo e um espírito no- vo, não só por causa dos seus peca- dos, mas também pela sua natureza pecaminosa inata. Nós nascemos pecadores por- que estávamos em Adão. Pecamos porque temos uma natureza peca- minosa. Isto evidencia-se muito cedo na vida. Nós, que somos pais, vemos isso em nossos filhos. Nós não tive-mos de ensiná-los a pe- car; eles simplesmente receberam isso de nós. Eles aprenderam rapi- damente como fazer a sua própria vontade e a sua própria maneira. Sempre que a sua vontade foi frus- trada, sua pequena natureza peca- minosa se manifestava ruidosa e forte. Aquela atitude pecaminosa parecia crescer mais rapidamente que eles! Por que isso era assim? Porque todos nos saímos à semelhança de nosso antepassado, Adão. “Quando ele pecou, muitos foram feitos pe- cadores.” Nós estávamos todos em Adão desde o principio. Nascidos pecadores Todos nos nascemos pecadores. Mas também e verdade que somos pecadores porque pecamos. Temos provado isso através de nossos mui- tos e repetidos atos de pecado. Paulo nos fala claramente que “não há jus- to, nem um sequer... todos pecaram Assim como uma árvore tem muitos ramos mas todos eles vêm de uma só raiz, todas as pessoas vêm de uma única semente: Adão. 10 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 e carecem da gloria de Deus” (Rm 3:10,23). Então, se alguém nos perguntar: “Nós pecamos porque somos peca- dores?”, teríamos de dizer: “Sim”. Se nos perguntassem também: “Nos somos pecadores porque pecamos?”, a resposta seria novamente: “Sim”. Ambas são verdadeiras. Não é um ou outro. Nós nascemos pecadores, e todos têm provado isso através de seus numerosos pecados. Logo, nos temos sido julgados pecadores em ambos os casos – por nosso antepas- sado pecador (Adão) e por nossas ações pecaminosas. São dois lados da mesma moeda. Todos somos “nascidos pecado- res”. Porém, muitas pessoas reli- giosas continuam sem enxergar sua necessidade de salvação. Elas não se consideram pecadoras. Vivem bem e honestamente. Fre- qüentam uma igreja ou vão regular- mente a um templo pagão, e con- tribuem financeiramente com esses trabalhos. Pagam suas contas, não bebem e nem falam palavrão. Procu- ram cumprir os Dez Mandamentos, e acreditam que, fazendo isso, irão para o céu – por seus próprios atos de justiça. Estão cometendo um trágico er- ro, porque estão equivocados! So- mos todos pecadores – duplamente pecadores – pela nossa herança de nascença e através de nossos atos. E um fato da história – e da vida. Não podemos fazer nada a esse respeito. Por mais boas obras que façamos, não mudaremos nossa natureza pe- caminosa nem cancelaremos a pe- nalidade pelos nossos pecados. As Escrituras afirmam que por melhor que façamos “todas as nossas justiças, (são) como trapo da imun- dícia” (Is 64:6). Nós não podemos esperar cobrir nosso pecado com nossas “boas obras”. Paulo declara em Gálatas 2:16 que “por obras da lei, ninguém será, justificado.” Mes- mo se fôssemos perfeitos em nossa obediência a toda a lei de Deus, isso não seria suficiente para nos salvar! Diante da brilhante luz da santi- dade de Deus, nos somos vistos ape- nas como os pecadores que somos. Nossa esperança não pode estar nun- ca em nossa bondade – somente na graça de Deus. Nós só receberemos a cura de Deus quando nos cons- cientizarmos de que estamos “doen- tes até a morte” por causa do pecado de Adão, e dos nossos próprios! A PenALIdAde PeLo PeCAdo e A morte “O salário do pecado...” Vimos que a condição de peca- do e “universal”. Por isso queremos dizer todo mundo, em todo lugar e um pecador! Além disso, a pena- lidade pelo pecado também e uni- versal. Todo mundo e sentenciado a morrer por causa do próprio pe- cado. “Todos pecaram... o salário [penalidade] do pecado e a morte” (Rm 3:23; 6:23). A Bíblia diz que todo ser humano esta debaixo da sentença de morte. Sem exceção, todos estão separados da graça de Deus. Desde o começo, a penalidade pelo pecado tem sido a mesma. Deus advertiu Adão e Eva clara e firmemente que a desobedi- ência significava morte. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; por- que, no dia em que dela comeres, certamente morreras” (Gn 2:17). Mais adiante, o profeta Ezequiel declara a pena de morte para o pe- cado, usando as seguintes palavras – simples, mas muito fortes: “A alma que pecar, essa morrerá.” (Ez 18:4, 20). Nada poderia ser mais verda- deiro. O salário, ou o resultado, do pecado e a morte. Por natureza e por nossos atos somos pecadores. Nos escolhemos ir pelo nosso cami- nho em vez de andar no caminho de Deus. “Todos nós andávamos des- garrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho” (Is 53:6). Qual e o resultado de fazermos a nossa própria vontade e andarmos no nosso próprio caminho? “Há ca- minho que ao homem parece direi- to, mas ao cabo da em caminhos de morte” (Pv 14:12). Um Destino Sombrio O caminho do homem e uma rua sem saída! Realmente não pode ser outra coisa. Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; nin- guém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6). A vontade do Pai e o caminho para a vida estão centralizados em Seu Filho. Qualquer outro caminho conduz a morte. Quando escolhe- mos desobedecer a Deus e andar em nosso próprio caminho, seguimos em uma única direção – queda e des- truição. O pecado pode ser definido co- mo a oposição pessoal a vontade e ao caminho de Deus. A desobedi- ência, por sua própria natureza, so- mente pode nos levar a morte. Essa e a razão por que todos os pecadores estão conde-nados a morrer. Inten- cionalmente temos escolhido o ca- minho errado. Essa atitude teve ini- cio “em Adão”, quando ele escolheu desobedecer a Deus. Não só fomos vítimas daquela escolha, como tam- bém desenvolvemos aquela escolha por nossos próprios atos de desobe- diência. Separados de Deus e da sua graça, estamos sem esperança neste mundo. A morte é o nosso destino! Nossa Única Saída Há apenas um modo pelo qual podemos escapar deste destine: Al- guém sem pecado deve pagar a pe- nalidade do pecado por nós. Deus já fez isto – enviando o Seu único Filho Jesus, gerado pelo Pai, para le- var sobre Si toda a culpa de nossos pecados e, na cruz, morrer em nos- so lugar. Uma Esperança Brilhante Todo pecador vive sem Deus e sem esperança neste mundo. E re- almente uma noite de escuridão e desespero. Mas no final deste escuro túnel resplandece a brilhante luz do amor de Deus. Como a Bíblia nos diz: “onde abundou o pecado, supe- rabundou a graça” Nós podemos ser gratos porque há uma segunda parte no versículo que declara que “o salário do pe- cado e a morte...” Essa parte e uma mensagem de esperança e amor: “... mas o dom gratuito de Deus e a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Se- nhor” (Rm 6:23). ■ outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 11 SALVAÇÃO CAPÍTULO 2 o dom de deuS – A SALvAÇÃo ● UM DOM GRATUITO ● UM DOM QUE DEVEMOS ACeItAr ● UM DOM QUE DEUS PAGou Por ComPLeto! um dom GrAtuIto O que é um Dom? O Evangelho de João, em uma passagem muito conhecida, fala sobre esse grande dom do amor de Deus: “Porque Deus amou ao mun- do de tal maneira que deu o seu Fi- lho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). A definição jurídica da palavra dom requer três partesindispensá- veis. Esses elementos são os seguin- tes: 1. Alguém tem de oferecer algo 2. Alguém tem de aceitar algo 3. O que aceita algo não paga por isto Um dom e algo oferecido gratui- tamente e aceito sem qualquer idéia de pagamento. Nós Não Merecemos Esse Dom Um dom e algo que e oferecido gratuitamente, não pode haver ne- nhum pagamento senão o “dom” se torna uma “aquisição” – algo que foi comprado. O dom de Deus – a sal- vação – foi dado gratuitamente. Ele não nos oferece algo que temos de comprar – Ele nos oferece um dom. O apóstolo Paulo nos lembra que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23). Mas no verso seguinte ele nos dá as Boas Novas de que todos que aceitam a salvação dada por Deus estão “justi- ficados gratuitamente, por sua gra- ça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24). Algumas pessoas não entendem totalmente que o dom da salvação foi gratuitamente dado por Deus. Por isso, eles tentam transformar es- se dom em uma aquisição, buscando alcançar o favor de Deus pelos pró- prios meios. No Sudeste da Ásia há um grupo de pessoas que levam seus esforços a um trágico extremo. Eles são cha- mados “flagelistas”. Na Sexta-Feira Santa, antes da Páscoa, eles chico- teiam as próprias costas ate sangrar. Alguns vão tão longe que crucificam a si mesmos. Por que as pessoas fazem essas coisas terríveis em nome do cristia- nismo? E porque não entendem que a salvação é um dom. A vida eterna e um dom de Deus. Não há nada que possamos fa- zer ou realizar por nossos próprios meios para merecermos o favor de Deus. Nos somos salvos pela graça, não através de “obras” – senão po- deríamos nos vangloriar de nossos esforços (Ef 2:8,9). Nossa salvação foi “paga inte- gralmente” no Calvário. Ao morrer naquela cruz, Jesus disse, “está con- sumado”. Nossa fé, então, repousa totalmente na obra de Cristo, consu- mada na cruz. Aquelas pessoas no Sudeste da Ásia são sinceras, porém, ignoran- tes. Não sabem ou não entendem a grandeza da salvação de Deus. Es- tão buscando a salvação, mas fazem isso através de seus próprios meios. Elas real-mente são muito zelosas, mas zelo e sinceridade não nos sal- varão. Nos podemos ser sinceros e, ao mesmo tempo, estarmos errados. Paulo refere-se a tal zelo religio- so em sua carta aos romanos: “Por- que lhes dou testemunho de que eles tem zelo por Deus, porem não com entendimento. “Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando esta- belecer a sua própria, não se sujei- taram a que vem de Deus. “Porque o fim da lei e Cristo, pa- ra justiça de todo aquele que crê” (Rm 10:2-4). O que podemos concluir disso? Tais pessoas são sinceras? Sim. Ze- losas? Sim. Estão erradas? Sim. Per- didas? Sim – por ignorância! Não podemos ser justificados diante de Deus pelos nossos pró- prios esforços ou obras. Esse não e o caminho de Deus para a vida eterna. A salvação e um dom, não uma aqui- sição. Não podemos adquiri-la, por mais que nos esforcemos. A obra da salvação já foi consumada por Cris- to na cruz. Nossa parte é receber o dom que nos foi dado gratuitamente. Não há nenhum outro modo. Muitos aceitaram a Cristo como Salvador e receberam a vida eterna. Contudo, há aqueles que pensam que de qualquer maneira eles tem de acrescentar algo ao trabalho de Cris- to consumado na cruz. Eles não se ferem fisicamente, mas se castigam freqüentemente de outros modos. 12 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 Eles trabalham duro, para conquistar a aprovação de Deus. Contudo nun- ca se sentem totalmente aceitos. Eles estão constantemente se esforçando para alcançar maiores metas, mas sempre falham. Então se castigam se- veramente com sentimentos de culpa e de condenação. São sinceros? Sim. Zelosos? Sim. Estão errados? Sim. Perdidos? Sim. Eles não perderam a salvação, mas ficaram sem a alegria da salvação – por ignorância! UM DOM QUE DEVEMOS ACeItAr Qualquer um Pode Aceitar Esse Dom? Deus fez Sua oferta quando deu Seu Filho. Porém, a oferta de Deus não e “legalmente” um dom enquan- to não for aceita. Ele “veio para o que era seu, e os seus não o recebe- ram” (Jo 1:11). Os judeus que viviam no tempo de Jesus não O aceitaram, por isso não receberam o benefício e a bên- ção da oferta de Deus. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o po- der de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1:12). Certa vez Billy Graham, o grande evangelista, chocou muitas pessoas ao dizer: “Um dos grandes mistérios da redenção e este: Enquanto muitos homens maus irão para o céu, muitos homens bons irão para o inferno!” Por que muitos homens maus irão para o céu? Porque eles aceita- ram o dom de Deus, a vida eterna. Você se lembra do ladrão que foi crucificado próximo a Jesus? Em seu momento de agonia ele disse: “Lembra-te de mim quando vieres no teu reino”. A resposta de Jesus foi imediata: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraí- so” (Lc 23:39-43). Aquela simples oração do ladrão estava cheia de fé. Ela continha to- dos os elementos de fé para salva- ção. Quais são esses elementos? 1. Ele creu que Jesus era o Rei (Se- nhor). 2. Ele creu que o Rei teria um Rei- no. 3. Ele pediu para ser incluído na- quele Reino. Jesus respondeu: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43). Je- sus aceitou o ladrão porque este creu nEle como Salvador e Rei. Por que muitos homens bons irão para inferno? Porque eles recusaram o dom de Deus e confiaram em suas “boas obras”. Jesus declarou a mesma verdade aos fariseus – que eram muito reli- giosos, mas estavam perdidos: “Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus” (Mt 21:31). Por que tais pecadores entrariam no Reino e os fariseus ficariam de fo- ra? Os fariseus eram homens muito religiosos que iam ao Templo, ora- vam e davam dízimos. Eles tinham dias de jejum e dias de banquete, e guardavam o sábado. Por que os fariseus iriam para o inferno, e as meretrizes para o céu? Porque elas aceitaram o dom de Deus, e os fariseus, não. Em vez disso, eles buscavam assegurar a própria salva- ção através de seus atos de justiça. O Caminho Divino para a vida eterna lhes foi apresentado, mas eles esco- lheram seguir o próprio caminho. Romanos 10:3 diz: “sujeitaram a (justiça) que vem de Deus”. Isto significa aceitar o dom da salvação de Deus, que ocorre apenas median- te a fé em Cristo Jesus. Para muitos de nos e difícil “submeter-nos” a qualquer coisa. Algo dentro de nos se rebela contra qualquer tipo de au- toridade – até mesmo a de um Deus sábio e amoroso. UM DOM QUE DEUS PAGOU Por ComPLeto! Nosso Criador – o Redentor Há uma linda história no Velho Testamento que exemplifica clara- A salvação é um dom. Nós temos de aceitar esse dom para que possamos receber as bênçãos advindas dele. outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 13 mente o amoroso coração paterno de Deus. Nessa passagem, Deus se reve- la não só como um Pai-Criador, mas também como um Pai-Redentor. O profeta Isaías teve esta revela- ção dupla do caráter de Deus: “Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que reformou, ó Is- rael: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu” (Is 43:1). O Deus que cria, também resga- ta. Resgatar o homem e trazê-lo de volta ao propósito divino de formar uma família custou ao Pai a vida do Seu único Filho. Sua vida foi entre- gue – como cordeiro sacrificial – pa- ra nos comprar de volta – nos resga- tar. Abraão e Isaque: Um Quadro Profético do Amor Redentor “Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão a prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! “Acrescentou Deus: Toma teu fi- lho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te a terra de Moriá; ofe- rece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. “Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenhapara o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado. “Ao terceiro dia, erguendo Abra- ão os olhos, viu o lugar de longe. “Então, disse a seus servos: Es- perai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo ado- rado, voltaremos para junto de vós. “Tomou Abraão a lenha do holo- causto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos. “Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abra- ão: Eis-me aqui, meu filho! Pergun- tou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde esta o cordeiro para o ho- locausto?” (Gn 22:1-7). A esta altura de nossa história, poderíamos desejar saber por que Deus pediria a um homem que ma- tasse seu único filho. O nascimento de Isaque (que significa “riso”) tinha sido um milagre, pois Abraão e Sara, há muito tempo, haviam passado da idade de gerar filhos. Porém, Deus havia prometido um filho a Abraão, e cumpriu Sua pro- messa. Abraão esperou vinte e cin- co anos pelo cumprimento daquela promessa, e ficou cheio de júbilo quando Isaque nasceu. Agora, Deus ordenava-lhe que matasse o seu úni- co filho. Será que Ele realmente exi- giria tal coisa, e nesse caso, por que? Deus tinha um propósito ao registrar esse acontecimento: revelar uma verdade importante. Essa história e um quadro profético do piano divino de redenção. Deus quer que enten- damos claramente os papéis que o Pai e o Filho desempenham na ob- tenção de nossa salvação. Isaque – o Filho Nós sabemos que Isaque, como filho obediente, e um tipo (figura profética) do Senhor Jesus. A ma- deira que seria usada no sacrifício foi posta sobre os ombros de Isa- que, quando eles subiram o monte. Dois mil anos depois, o único Filho de Deus levaria uma cruz de madei- ra em seus ombros ao escalar outro monte – o Calvário! Esse acontecimento na vida de Abraão e Isaque ocorreu nas colinas de Moriá. Foi nessas colinas, que se localizam fora de Jerusalém, que Cristo, o único Filho de Deus, foi sa- crificado como nosso substituto. Às vezes nós negligenciamos o fato de que Abraão é um tipo de Deus, o Pai. Não podemos imaginar a dor que Abraão deveria estar sen- tindo no coração quando tomou em suas mãos a faca e o fogo. Deus lhe prometera que, através de Isaque, sua descendência seria numerosa co- mo as estrelas no céu. Como poderia tal promessa se cumprir se Isaque deveria morrer – a menos que hou- vesse esperança de uma ressurrei- ção! (Hb 11:17-19). Os Firmes Passos de Fé e Obediência Sentimos um toque de ternura nessa história quando lemos: “e se- guiam ambos juntos”. Lado a lado, eles caminhavam em silêncio; um pai amoroso com seu filho, e um fi- lho amoroso com seu pai. O pai Abraão caminhava com passos firmes de fé e obediência, mas havia uma grande dor em seu coração. Essa dor só era suavizada pela esperança que ele tinha na pro- messa de Deus. Finalmente o silên- cio foi quebrado por uma pergunta de Isaque: “Onde está o cordeiro?” A resposta de Abraão revela uma linda figura profética do gran- de amor redentor de Deus: “Res- pondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o ho- locausto; e seguiam ambos juntos” (Gn 22:8). A palavra “juntos” aparece pela segunda vez nessa passagem e vem carregada de significado. Ela fala do amor de um para com o outro; e tam- bém mostra a fé e a obediência deles a Deus. Abraão deve ter falado a Isaque sobre a vontade de Deus que ele fos- se morto – e da promessa divina so- bre a sua vida. Ambos estavam dis- postos a se submeterem a Palavra do Senhor. Isaque era um jovem forte e facilmente poderia ter resistido ao seu pai que era ancião. Que revelação profética do amor de Deus nos temos aqui: um pai dis- posto a sacrificar o seu filho amado, e um filho pronto a submeter-se ao sacrifício. Nós só podemos assistir em assombroso silêncio. Nós conhecemos o fim desta his- tória, e claro. Na última hora Deus proveu um sacrifício: um carneiro que estava preso em um arbusto pró- ximo. A vida de Isaque foi poupa- da, e Deus renovou Sua promessa a Abraão. Da descendência de Isaque nasceram pessoas que estavam des- tinadas a abençoar todas as nações da terra. Deus Providenciou um Cordeiro Para Nós Dois mil anos depois essa mes- ma história se repetiu. Só que dessa vez não ocorreu um salvamento de ultima hora para Aquele que subme- teu Sua vida ao sacrifício. Nos esta- mos falando do Filho de Deus, que 14 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 Se deu como o “Cordeiro de Deus”. Abraão e Isaque são uma maravilho- sa tipificação da relação Pai-Filho na Divindade. Quando uma palavra, ou concei- to importante, aparece pela primei- ra vez nas Escrituras, estabelece-se um padrão para seu uso futuro. A colocação na qual aquela palavra e encontrada carrega, então, um signi- ficado muito especial. Pensando nisso, é interessan- te constatar que a palavra “amor” ocorre primeiro em referenda ao amor de um pai por um filho. Mais especificamente, o amor de Abraão por Isaque. “Toma teu filho, teu úni- co filho, Isaque, a quem amas” (Gn 22:2). O palavra “amor” no No- vo Testamento ocorre pri- meiramente nos evangelhos sinóticos nesta frase notável: “Este e o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3:17; Mc 1:11; Lc 3:22). Se Abraão amava o seu único filho, quanto maior e o amor de Deus pelo Seu único Fi- lho! O Evangelho de João e o evangelho do amor de Deus, Quando lemos a primeira re- ferenda ao grande amor de Deus neste livro especial, fi- camos maravilhados e somos movidos a uma atitude de hu- mildade: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:l6). Sim, o Pai sempre amou Seu Filho – desde toda a eter- nidade passada Ele O amou (Jo 17:24). De fato, quão in- tensamente eles amaram Um ao Outro. Mas nos também somos incluídos nesse amor. Jesus nos fala que o Pai nos ama da mesma forma que ama o Seu Próprio Filho (Jo 17:23). É quase impossível com- preendermos isso, mas o Pai e o Filho planejaram em amor a nossa redenção antes mes- mo que o mundo fosse criado. Eles “caminharam juntos” nesse amor – por você e por mim. Mais que isso, eles “executaram isso juntos” na cruz. O Terrível Preço Muitos de nós temos a falsa idéia de que, por incrível que pareça, o Pai estava separado do Próprio Fi- lho durante aquela hora horrível na qual Ele foi “abandonado”. Isso é verdadeiro, pois um Deus Santo não pode contemplar o pecado. E Cris- to levou sobre Si, nosso pecado na cruz. “Aquele que não conheceu pe- cado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:21). Contudo isso não significa que o Pai sentisse menos dor que o Fi- lho em Sua agonia na cruz. Quando o Filho de Deus, imaculado, puro e sem pecado, tomou sobre Si o nos- so pecado, algo temível aconteceu. Pela primeira vez em toda a eterni- dade, Sua comunhão com o Pai foi quebrada! O pecado separa. A morte espiri- tual e a separação de Deus. Como o “Filho do Homem” (um titulo pro- fético de Jesus – Mt 8:20; 17:12,22, etc.) Jesus pagou por completo a outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 15 penalidade pelo nosso pecado. E Ele o fez, sozinho, em uma cruz. Mas o Pai, assim como o Filho, sentia toda a dor daquela penalida- de. Quando a comunhão e quebrada, ambas as partes participam da dor terrível que essa separação causa. Eles caminharam juntos na estrada da dor – ate o fim. Da mesma manei- ra que o coração de Abraão foi afli- gido pelo possível sacrifício do seu filho Isaque, assim também o cora- ção de Deus foi afligido pelo sacri- fício do Seu único Filho pelo nosso pecado. Ao escrever aos coríntios, Paulo consegue mostrar o significado dessa terrível – contudo maravilhosa – ver- dade: “Deus [o Pai] estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas trans- gressões,”(2 Co 5:19). Esta é uma parte do mistério da Trindade Santa. Jesus disse, “eu estou no Pai e... o Pai, em mim” (Jo 14:10,11). Quando Jesus nasceu da virgem Maria, Mateus diz que “ele será cha- mado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” (Mt 1.23.) João Batista, ao ver Jesus, de- clarou: “Eis o Cordeiro de Deus, que lira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). Abraão disse a Isaque: “Deus proverá para si, meu filho, o cordei- ro para o holocausto” (Gn 22:8). Essas palavras proféticas apresen- tam um lindo quadro do amor pes- soal de Deus por nos. Deus proverá um Cordeiro sacrificial pelo nosso pecado. Ele assumiu a responsabili- dade de prover os meios necessários pelos quais poderíamos ser salvos. O Dom Gratuito da Vida Eterna Um Deus santo e justo declarou: “A alma que pecar, essa morrera” (Ez 18:4). Desta forma, o Juiz da to- da a terra sentenciou toda a raça hu- mana a morte. Esta era a única coisa que a justiça poderia fazer. Contudo, o poderoso Criador do universo e o Juiz de todos os ho- mens, e um Pai-Redentor também. Ele olha com amor e misericórdia para um mundo pecador e toma a mais maravilhosa – embora terrível – decisão: “Eu morrerei no lugar de- les. Para que eles possam viver, Eu pagarei a penalidade que a justiça exige. Eu os amo demais!” E foi isso que Deus fez. Ele es- tava em Cristo Jesus reconciliando consigo o mundo. Em Seu Filho Ele recolheu toda a raça humana – e morreu em uma cruz. Agora a pas- sagem da carta de Paulo aos roma- nos ganha muito mais vida e signi- ficado: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juizo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens, para a justificação que da vida. “Porque, como, pela desobedi- ência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. Sobre- veio a lei para que avultasse a ofen- sa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, median- te Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5:18-21). Nesta passagem, Paulo re- sume o piano de Deus de retenção e salvação. Nos temos duas cabeças representativas: Adão, representan- do toda a raça humana; e Cristo, representando todas as pessoas que creriam nEle para salvação (veja também 1 Coríntios 15:22). Isso sig- nifica que estamos representados em Adão através do nascimento natural, mas em Cristo, pela fé. Quando Adão, deliberadamente, desobedeceu a ordem especifica de Deus (veja Gênesis 2:17; 3:6,17), ele pecou. Através de Adão, o pe- cado entrou no mundo e, com ele, a sentença de morte. Assim, o pecado e a morte passaram a todo o gênero humano porque todos pecaram (Rm 5:12). Desesperadamente, o homem morreria nesta vida e para toda a eternidade, a menos que alguém viesse para salvá-lo! Deus fez isso em Cristo, quando o “Cordeiro de Deus”, sem pecado, pagou pelos pecados de toda a hu- manidade, sacrificando-Se na cruz (Rm 5:6-11). Em Adão, por nosso nascimento humano natural, nos somos conde- nados a morrer como pecadores. Mas, por causa da obra remidora de Cristo na cruz, podemos ser justifica- dos e viver, se estivermos nEle pela fé (Rm 5:18,19). Em outras palavras, nos precisamos “nascer de novo” em uma nova “família” para que pos- samos ter a experiência de um nasci- mento espiritual (Jo 3:1 -6). AGORA é o Dia da Salvação Para que os homens sejam salvos eles tem de vir pessoalmente a Cris- to para receber dele a salvação. Nós já vimos anteriormente que um pre- sente não e um presente ate que seja aceito. Romanos 5:17 diz que temos de “receber” pessoalmente o gracioso dom da vida de Deus em Cristo Jesus. Se não o recebermos, ele não nos fa- rá nenhum bem. A oferta já foi feita, mas deve ser aceita. Só aqueles que recebem o Senhor Jesus como seu Salvador desfrutarão da vida eterna. “Eis, AGORA, o tempo sobre- mo-do oportuno, eis, AGORA, o dia da salvação” (2 Co 6:2). Deus nos chama hoje para fazer- mos uma única coisa: Receber o Filho dEle como Salvador. Nada mais realmente importa. Carlos Wesley escreveu o mara- vilhoso hino, “Nada em minha mão eu trago, somente a Tua cruz eu me apego”. E ele disse tudo. Andrew Murray falou a mesma coisa da seguinte forma: “Todo ser humano deveria colocar seus peca- dos em uma pilha, e todas as suas boas obras em outra. E então, deveria deixar ambos para juntar-se a Jesus”! “Porque o salário do pecado e a morte, mas o dom gratuito de Deus e a vida eterna em Cristo Jesus, nos- so Senhor” (Rm 6:23). “Veio para o que era seu, e os seus não o recebe- ram. Mas, a todos quantos o recebe- ram, deu-lhes o poder de serem fei- tos filhos de Deus” (Jo 1:11,12). “Está Consumado”! Nós não merecemos esse dom precioso de vida eterna – mas não precisamos merecer. Isso não nos custa nada. Quando Jesus disse na cruz “esta consumado”, o preço de nossa salvação havia sido pago – por completo! ■ 16 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 SALVAÇÃO CAPÍTULO 3 FeIto LIvre AtrAvÉS dA SALvAÇÃo ● ATRAVÉS DE UMA NOVA ALIAnÇA ● LIVRE DO LEGALISMO ● LIVRE DA CONDENAÇÃO ● LIVRE PARA SE TORNAR Como CrISto ● LIVRE PARA “ANDAR NA Luz” AtrAvÉS de umA novA ALIAnÇA Alianças bíblicas Uma aliança é um acordo em que duas partes juram cumprir certas promessas ou condições. Uma aliança “condicional” e uma promessa feita por uma parte, e que só será honrada se a outra parte cumprir certas condições. “Eu farei isto, se você fizer isso”. Uma aliança “incondicional” e uma promessa sem condições. “Eu farei isto, não importa o que você faca, ou deixe de fazer”. As Escrituras mostram varias alianças muito interessantes e im- portantes entre Deus e o homem: 1. Edênica ........................... Entre Deus e o Gênero Humano 2. Adâmica ......................... Entre Deus e Adão 3. Noélica ............................ Entre Deus e Noé 4. Abraâmica ..................... Entre Deus e Abraão 5. Mosaica (velho) ............. Entre Deus e Israel 6. Davídica ......................... Entre Deus e Davi 7. Novo Testamento ........... Entre Deus e a Igreja A palavra “testamento” significa “aliança”. A Bíblia e dividida em Velho e Novo “Testamentos”. Num sentido mais especifico, o “Velho Testamento” se refere a Aliança Mosaica, que era baseada na lei de Deus. O “Novo Testamen- to” refere-se a uma aliança nova e melhor, que e baseada na graça de Deus. Agora estudaremos estas duas alianças com mais detalhes. A Nova Aliança Substitui a Velha Para entender a salvação, e ne- cessário saber a diferença entre a ve- lha e a nova aliança. Como um raio na escuridão, o contraste e muito grande. O escritor da carta aos he- breus explica isto da seguinte ma- neira: “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelen- te, quanta e ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. “Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo bus- cado lugar para uma segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis ai vem dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, pa- ra os conduzir ate fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor. “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, de- pois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo... “Pois, para com as suas iniqüi- dades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei. “Quando ele diz Nova, torna an- tiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido es- ta prestes a desaparecer” (Hb 8:6- 10, 12,13).A Nova Aliança: Baseada no Amor, não na Lei Deus escreveu as leis e os man- damentos da velha aliança em duas tábuas de pedra. A lei era santa; mas fria, difícil e pesada para suportar. Ela estava sempre lá–no exterior de cada pessoa – fazendo exigências que o “homem interior” não podia cumprir. A nova aliança, ao contrário, e uma obra do Espírito de Deus que escreve a Sua vontade em nossos corações e mentes. Além disso, a vontade de Deus se resume na lei real do amor: “Ama- ras, pois, o Senhor, teu Deus, de to- do o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força... Amaras o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12:30,31). A motivação da nova aliançã e o amor. Jesus simplesmente disse: “Se me amais, guardareis os meus man- damentos” (Jo 14:15). “Nos ama- mos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19). outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 17 Essencial Para se Obter um Novo Coração Um dos salmos de Davi revela claramente as diferenças entre a ve- lha e a nova aliança. Ele o escreveu depois de adulterar com Bate-Seba. Quando Davi de fato entendeu a grande dor que seu pecado causara ao coração de Deus, ele se arrepen- deu com profunda tristeza. Com o coração angustiado ele clamou a Deus por misericórdia e perdão. A oração de Davi, então, assu- miu um aspecto profético que e bom observarmos. Ele revela a base da salvação do homem, que um dia se- ria garantida pela morte de Cristo na cruz, e escrita uma nova aliança. Prestemos atenção a estas belas pa- lavras: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, se- gundo a multidão das tuas miseri- córdias, apaga as minhas trans- gressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado. “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado esta sempre diante de mim. Pequei con- tra ti, contra ti somente, e fiz o que e mal perante os teus olhos, de ma- neira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar. “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe. Eis que te comprazes na verdade no intimo... Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável.” (Sl 51:1-6,10). A revelação profética que Davi recebeu dizia respeito a nova obra que Deus queria fazer em sua vida. Uma outra versão da Bíblia apresen- ta o texto deste modo: “Cria em mim um coração novo.” Davi entendeu claramente que a lei de Deus era boa; mas seu cora- ção, mau. Ele não podia estabelecer uma coexistência pacifica entre os dois. O apóstolo Paulo, sabendo que em seu próprio coração havia este problema, clamou: “Desventu- rado homem que sou! Quem me li- vrara do corpo desta morte?” (Rm 7:24.) Nossa Luta Contra o Pecado Temos de concordar que Davi e Paulo não eram os únicos a enfren- tar esse problema. Todo mundo tem de lidar com a presença, o poder e o hábito do pecado na própria vida. Além disso, nós nunca encontra- mos alivio nas “tábuas de pedra” da Lei. Verdadeiramente, a Lei e san- ta, justa e boa (Rm 7: 12), contudo nosso coração e pecaminoso e infiel, como bem nos mostram as nossas próprias experiências pessoais! A boa lei de Deus condena – mas não pode ajudar – o mau coração do homem. Por isso, como Davi, todos nos podemos clamar a Deus para que faca uma obra profunda em nos- so interior: “Cria em mim, ó Deus, um novo e puro coração...” Jeremias Olha Além da Velha Aliança Uns quatrocentos anos depois de Davi, o profeta Jeremias abordou o mesmo tema. Ele claramente pre- viu a nova aliança como uma obra interior da graça de Deus. Ele tra- çou claramente uma linha definida de contraste entre a velha e a nova aliança. Prestemos bastante atenção as palavras dele. Perceberemos que elas são as mesmas citadas no oitavo capitulo de Hebreus. Vamos rever aqui o registro original: “Eis ai vem dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Davi, quando caiu em pecado, clamou a Deus para que criasse nele um coração novo. Ele sabia que se se arrependesse, Deus faria o resto. 18 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 “Porque esta e a aliança que fir- marei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas ins- creverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31:31-33; ve- ja também Ezequiel 36:26,27). A Velha Aliança: Escrita em Tábuas de Pedra Jeremias diz que quando Deus, pelo seu grandioso poder, trouxe seu povo da terra do Egito para o monte Sinai, Ele fez uma aliança com eles (Êxodo, capítulos 18-32). Deus prometeu fazer deles um reino de sacerdotes, uma nação san- ta, e um povo especial – se eles guar- dassem as Suas leis e obedecessem a Sua voz. Ele escreveu Sua lei em tábuas de pedra e as deu a Moisés. A impor- tância dessa aliança foi demonstrada por uma prodigiosa exibição de fo- go, fumaça, trovão e um terremoto. Os israelitas ficaram grandemen- te impressionados – mas apenas por pouco tempo. Antes que Moisés des- cesse do monte, eles já haviam in- fringido a lei de Deus. Eles fizeram ídolos de ouro, como os que viram no Egito, e estavam dançando ao re- dor deles e adorando-os. Quando Moisés viu o que eles estavam fazendo, lançou as tábuas de pedra ao chão – quebrando-as. As tabu-as quebradas aos pés dos israe- litas constituíam uma clara figura da lei quebrada em seus corações. A Arca da Aliança Moisés retornou ao topo do mon- te, e Deus lhe deu outras tábuas de pedra nas quais estavam escritos os seus mandamentos. Uma vez mais, Moisés trouxe a lei ate o povo. Deus, então, designou um lugar seguro onde as tábuas de pedra da Lei seriam guardadas. Este lugar foi denominado “Área da Aliança”. Es- sa área ficava na parte do Taberná- culo conhecida como o “Santo dos Santos”. A Arca da Aliança era uma linda tipificação ou figura do Senhor Jesus Cristo. Ele era o Guardião perfeito da Lei. Ele nunca falhou. A lei de Deus era sempre a alegria e delícia do Seu coração. “Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei” (Sl 40:8). Durante séculos a Lei tinha es- tado gravada em pedra. Agora, pela primeira vez, a Lei estava no cora- ção de um homem – o Homem Cris- to Jesus. Ele era o Escolhido através de Quem a nova aliança viria. A Arca da Aliança era o lugar de habitação de Deus entre os Seus es- colhidos, os israelitas. Jesus Cristo, contudo, se tornou a Área viva da presença de Deus entre as pessoas de todo o mundo. O Fracasso da Velha Aliança A lei da velha aliança não tornou os homens santos. Ela era uma lista de faça isto e não faça aquilo: “Vo- cê fará isto; você não fará aquilo!” Os homens deveriam ler a Lei, e então cumprir suas ordenanças. Pau- lo, porem, deixa muito claro que essa e uma tarefa impossível (veja Gála- tas Capítulos 2-4). Nenhum homem consegue cumprir a Lei, não importa com quanto empenho ele o tente. O propósito da Lei não é nos fa- zer santos, mas revelar-nos o quanto somos pecaminosos. A Lei mostra- nos claramente que não podemos nos salvar a nos mesmos – não im- porta o que façamos. A Lei foi dada para nos conduzir ao nosso Salva- dor: “De maneira que a lei nos ser- viu de aio para nos conduzir a Cris- to, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl 3:24). Não, nos não podemos ser justifi- cados diante de Deus pelo que faze- mos; somente pelo que cremos. A justificação vem pela fé, não através de obras! (veja Romanos 3:21-26). A Lei da velha aliança era uma “manifestação externa” – uma pala- vra que vem de fora – dizendo-nos o que Deus deixara em testamento e o que Ele queria. Porém, a Lei não pode dar-nos opoder para cumprirmos as orde- nanças. A Lei nos dissera o que devia-mos realizar, mas não nos deu nenhum poder para fazê-lo. Ela mostrou-nos o quanto somos fracos e pecadores, mas não nos proveu de nenhum talento para cumprirmos suas ordenanças. O Novo Testamento e diferente. Na nova aliança, Deus diz ao Seu povo: “Eu farei por vocês o que vo- cês não podem fazer por si mesmos. Eu tomarei esta, que tem sido exter- na, e a escreverei em seu interior – em seus corações. “Vocês já não vão mais considerar a manifestação exterior da Lei, e to- mar o seu fardo pesado em suas mãos. Eu imprimirei isto em seu ‘interior’, e os levarei a cumprir fielmente a Mi- nha vontade e a andar nos Meus ca- minhos. Minha Lei, agora, governará e capacitara seu ser interior, em vez de fazer cobranças vindas de fora. “Além disso, Minha nova alian- ça não impõe nenhuma condição. A única coisa que você precisa fazer e crer nela e recebe-la. E Meu presen- te de graça e amor para você.” Necessidade de um Espírito Novo Como Deus consegue manter uma promessa tão maravilhosa? De que maneira Ele pode remover a Lei das inanimadas tábuas de pedra e escrevê-las no coração e na mente do homem? Temos de voltar ao profeta Eze- quiel para achar nossa resposta. E importante que o façamos, pois sem considerarmos a revelação de Eze- quiel, a nova aliança será apenas uma teoria, e nunca uma realidade em nossa vida. Davi pediu a Deus que lhe desse não apenas um coração limpo, mas que renovasse dentro dele um es- pírito reto. Observemos o teor da profecia de Ezequiel: “Dar-vos-ei coração novo e po- rei dentro de vos espírito novo; tira- rei de vos o coração de pedra e vos darei coração de carne. “Porei dentro de vós o meu Es- pírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juizos e os observeis” (Ez 36:26,27). A Nova Aliança Ratificada Para que uma aliança tenha efei- to, primeiramente, deve ser ratifi- cada, ou estabelecida. Somente a morte de Cristo poderia ratificar (es- tabelecer) a nova aliança. outubro / novembro / dezembro 2001 AtoS / 19 Na queda do homem, a lei do pe- cado e da morte entrou em vigor. A conseqüência disso para to- do o gênero humano teria sido uma tragédia infinita não fosse a graça de Deus. Essa graça foi revelada na cruz de Cristo no Calvário. Só Ele poderia se-lar definitivamente a nos- sa salvação através da nova aliança de Deus. Meditemos um pouco sobre isso. Quando um homem faz um testa- mento, registrando sua ultima von- tade, as leis da maioria das nações determinam que este testamento só pode ser executado quando esse ho- mem morrer. Deus também estabeleceu a Sua vontade em forma de um novo tes- tamento ou aliança. Isto não poderia ser posto em vigor ate que Aquele que o escrevera tivesse morrido. Por isso Deus, o Filho, veio a esta Terra como o Filho do homem. Ele veio morrer para que a nova aliança – a Sua vontade e Seu testamento – tivesse efeito. O Espírito Santo: O Executor da Nova Aliança Quando morre o homem que de- clarou sua vontade, escrevendo seu testamento, e necessário que alguém tome as medidas relacionadas ao testamento. Alguém tem de executar (ou cumprir) essas providencias. A pessoa nomeada para fazer isto e chamada “testamenteiro” – porque ele executa (ou determina) as medidas para o cumprimento da vontade do falecido. Cristo não só morreu, mas Ele subiu novamente e ascendeu a mão direita do Pai. Ao fazer isso, Ele po- deria se tornar, no céu, “o executor” da Sua vontade, do Seu Testamento. Ele poderia estabelecer assim, legal- mente, as providências para a exe- cução do próprio testamento, da Sua (nova) aliança. Uma vez que o novo testamento foi estabelecido no céu, era neces- sário executá-lo ou colocá-lo em vi- gor – aqui na Terra. Por isso, do céu, Deus enviou o Seu Espírito Santo no dia do Pentecostes. O Espírito de Deus e o divino “Executor” da vontade e do testa- mento de Cristo. Ele e Aquele que executa a nova aliança com suas bên- çãos e benefícios. “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36:27). O papel do Espírito Santo de exe- cutor da nova aliança e confirmado pelas palavras do próprio Cristo. Logo antes de Sua crucificação, Jesus tentou preparar os Seus dis- cípulos para a Sua partida. Ele iria deixa-los, e eles ficariam por conta própria. Contudo, Ele lhes prometeu que não os deixaria órfãos; Ele envia- ria Alguém para ocupar o Seu lugar: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Es- pírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vos o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vos” (Jo 14: 16,17). A palavra grega para “consola- dor” é parakletos. Ela tem um sig- nificado muito mais amplo do que “aquele que conforta ou consola”. Esta palavra vem da combinação de duas palavras gregas: para, que significa “ao lado de”, e kaleo, cujo sentido e “chamar”. Juntas essas pa- lavras querem dizer “chamado para o lado da pessoa”. Esta palavra, pa- rakletos, significa muitas coisas no Novo Testamento. E traduzida como “intercessor”, “consolador”, “aju- dante”, “defensor”, “conselheiro”. Ela conceituava um advogado que representa um dos lados num tribu- nal. Vemos esse sentido em 1 João 2:1: “Se, todavia, alguém pecar, te- mos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. Um “advogado” é um conselhei- ro legal ou um defensor. Ele pleiteia a causa de seu cliente perante um tri- bunal de justiça. O advogado fica ao O Espírito Santo flui de Deus para nós. 20 / AtoS outubro / novembro / dezembro 2001 lado do seu cliente, para aconselha- lo e defender seus interesses. E de- ver do advogado providenciar para que seu cliente tenha acesso a todos os benefícios da lei. Para fazer vigorar o Seu testa- mento – a nova aliança – Deus, o Pai, designou dois Advogados para nos. (Isso deveria nos dar uma me- dida de “conforto”!) Um deles esta a mão direita do Pai. Como já vimos, Ele e o próprio Senhor Jesus. Desta forma, se nos pecamos, temos um “Advogado” no céu para pleitear nossa causa – e Ele nunca perdeu ne- nhum caso. Também e muito impor- tante nos lembrarmos de que Deus, o Pai, Juiz de tudo, esta totalmente ao nosso lado! Deus e por nós (Rm 8:31-39). Mas Ele também tem que satisfazer sua perfeita justiça, exi- gindo um pagamento pelo pecado. Ele fez isso quando “não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nos o entregou” (Rm 8:32). A justiça exigiu que o Juiz de to- da a Terra julgasse o pecado; e a sen- tença foi a morte. Ou seja, o homem errou e a justiça puniu. Mas Deus, que e totalmente jus- to, e também perfeitamente miseri- cordioso. A perfeita justiça requer pagamento pelo pecado, contudo a perfeita misericórdia fez pelo ho- mem o que este não pode fazer por si mesmo. “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nos mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos, e juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos sé- culos vindouros, a suprema rique- za da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que nin- guém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de ante- mão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:4-10). Louvado seja Deus pelo Seu grande amor! Nós também temos um Advoga- do aqui na Terra. E o Espírito Santo – nosso divino Conselheiro e Advo- gado. Foi isso que Jesus disse quan- do afirmou que o Pai nos enviaria outro Parakletos. A seguir, vamos meditar na obra do Espírito Santo em nosso coração e em nosso viver diário. O Espírito Santo:
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