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VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 1 Volume 19 / Número 2 EDIÇÃO PORTUGUÊS ATOS O LÍDER DE IGREJA EFICAZ Adaptado dos ensinos de Frank e Wendy Parrish, e Ralph Mahoney Primeira Parte: Deus Molda Seus Líderes! Segunda Parte: O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança 2 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 O LÍDER DE IGREJA EFICAZ No Novo Testamento, a palavra “eficaz” significa “ativo, poderoso, forte”.As definições dos dicionários incluem “preparado e disponível para oserviço”. Assim sendo, o propósito deste ensino é ajudá-lo – através de Cristo – a tornar-se o líder de igreja mais ativo, forte e poderoso que você possa ser, alguém que esteja pronto para o serviço. Liderança santa significa serviço. Liderança santa significa trabalho – geralmente trabalho árduo, mas um trabalho que é sempre recompensador e duradouro. A liderança santa, no entanto, não é o nosso objetivo maior, mas é um meio para um fim: a edificação e a preparação do Corpo de Cristo, a divulgação do Evangelho, e, o que é mais importante, a glória de Deus. Para que este ensino seja eficaz em sua vida, você precisa estudá-lo numa atitude de oração e aplicar o que aprender em sua própria vida. Juntamente com isso, você precisa também estudar a Bíblia. A Palavra de Deus contém tudo o que você precisa saber sobre uma liderança santa. Portanto, este ensino o levará, vez após vez, a pesquisar as Escrituras. À medida que você estiver estudando, permita que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo o dirija, o molde e lhe ensine, transformando-o num líder eficaz e santo no Corpo de Cristo. À medida que você estiver estudando, permita que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo o dirija e lhe ensine... VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 3 I. DEPENDENDO DE DEUS Mais de 2,5 milhões de israelitas seguiram a Moisés e saíram do Egito, para entrarem no deserto desconhecido. Essa foi uma enorme responsabilidade de liderança – uma responsabilidade que Moisés não buscou (leia Êxodo 3). Moisés começou como um líder relutante. Ele não acreditava que tivesse capacidade ou habilidade para lide- rar um grupo de pessoas tão grande assim para uma jorna- da tão importante (Êx 3:11-4:16). Deus, no entanto, viu algo em Moisés que Ele desejava usar. As limitações hu- manas de Moisés não eram um problema para Deus – como também as suas limitações não o são. Moisés argumentou com Deus sobre o seu chamado. Ele sabia que não era qualificado para fazer o que Deus o estava chamando para fazer (Êx 3:11-4:16). Ele prova- velmente duvidou das próprias habilidades e temeu o que aquele chamado poderia envolver. Contudo, Deus pro- meteu estar com Moisés e fornecer a ajuda de que ele precisava para cumprir a grande incumbência de Deus para ele. [Estudaremos muito mais sobre o que Deus ensinou a Moisés a respeito de “liderança” na Segunda Parte: “O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança”.] A. Todos Nós Precisamos Ser Moldados Quando Moisés tirou os israelitas do Egito, ele não ti- nha experiência nos caminhos de Deus com relação à li- derança. Deus geralmente coloca as pessoas em posição de responsabilidade antes que elas se sintam prontas ou capazes. Talvez você já tenha sido lançado numa posição de liderança e esteja enfrentando frustrações ou até mes- mo fracassos. Se esse for o seu caso, anime-se! O fato de recebermos responsabilidades que vão além do nível com o qual nos sentimos confortáveis, freqüente- mente faz parte do processo de moldagem de Deus. Ele usa épocas de “esticamento” para nos ensinar importan- tes lições. Essas situações aumentam nossa fé, expandem nossa capacidade e aumentam nossa confiança em Deus. Nessas ocasiões, aprendemos a depender mais de Deus (Pv 3:5,6). O Senhor encorajou Moisés, certificando-lhe que os seus temores e fraquezas poderiam ser vencidos através da aju- da e do poder de Deus. Moisés – como todos nós – tam- bém precisava de ensinamentos, de ser moldado, e da aju- da de outros. Ele precisava desenvolver sua capacitação. Mais importante de tudo, ele precisava de uma dependên- cia muito maior de Deus, do Seu poder e da Sua sabedoria, como ele jamais precisou antes. B. Capacitação de Deus – Não Nossa Deus não escolhe Seus servos com base na inteligên- cia, talento ou sabedoria deles. Se você está preocupado com o fato de não ter a “capacitação” para cumprir o cha- mado de Deus para você, isso é na verdade algo bom. Primeira Parte: Deus Molda Seus Líderes! 4 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 EDIÇÃO PORTUGUÊS Volume 19 / Número 2 Índice Primeira Parte: Deus Molda Seus Líderes! ............................................... 3 Segunda Parte: O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança ...... 17 Item Extra: Esboço de Sermões Para “O Líder de Igreja Eficaz” ........ 38 Editores ................................................... Frank & Wendy Parrish Editor Internacional .................................................. Gayla Dease Revisor Final ............................................................. Keith Balser Fundador da World MAP .................................... Ralph Mahoney Artes Gráficas ....................................................... Vander Santos Arte da Capa ............................................................. Ben Parrish Tradutor .............................................................. Marcos Taveira Revisora ................................................................. Nadya Denis Leitora de Provas .............................................. Maura Ocampos Impressão Gráfica .......................................... Editora Betânia S/C VISÃO E MISSÃO DA REVISTA ATOS Prover ensino bíblico prático e treinamento ministerial grátis a líderes de igreja na Ásia, África e América Latina que pregam ou ensinam a Palavra de Deus a 20 ou mais pessoas a cada semana, de forma que estejam equipados para cumprir a Grande Comissão em sua própria nação e ao redor do mundo. ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publica- da a cada três meses pelo “World MAP”, 1419 N. San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA. Toda correspondência deve ser dirigida para o endere- ço acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail: revista.atos@uol.com.br SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudan- ças de endereço para “World MAP”, Caixa Postal 5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil. Visite nosso website: www.world-map.com O LÍDER DE IGREJA EFICAZ ATOS Na verdade, o Apóstolo Paulo nos ensinou exatamente sobre isto: “...não são muitos os sábios segundo a car- ne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Ele escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar as sábias; e Deus esco- lheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as coisas que são poderosas; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são, para que nenhuma carne se glorie em Sua presença” (1 Co 1:26-29). Paulo também citou as razões pelas quais ele poderia ter dependido de si mesmo: a sua vasta instrução acadê- mica, o seu zelo, a sua devota linhagem hebraica, a sua obediência à Lei. Contudo, Paulo passou três anos no De- serto da Arábia, separando-se dos seus próprios ganhos de acordo com a carne, a fim de verdadeiramente ganhar a Cristo (Gl 1:17; Fp 3:4-8). Paulo sabia que em seu próprio poder e sabedoria ele não poderia realizar nada eterno. Não foi “com palavras persuasivas de sabedoria humana, mas com a demons- tração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não fosse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (1 Co 2:4,5). Paulo não estava tentando reunir seguidores para si próprio. Ele queria que todos seguissem a Cristo Jesus, o Senhor. Isso somente poderia ser realizado atra- vés do poder e do Espírito de Deus, e não pela sabedoria humana. O sábio servo de Deus reconhece que é preciso mais que a sua capacitação ou experiência pessoal para qualificá-lo para a obra do ministério. É somente através da capacitação de Deus – do chamado,do poder, dos dons e da unção de Deus – que verdadeiramente seremos frutíferos no ministério. Deus procura os que são leais a Ele – e que são com- pletamente d’Ele – e, então, ELE faz obras poderosas atra- vés deles (2 Cr 16:9). O coração da pessoa, o seu caráter, a sua disposição de depender totalmente de Deus e de obedecer-Lhe são as características que a tornam um vaso adequado para uso do Mestre. II. CULTIVANDO UM CARÁTER SEMELHANTE AO DE CRISTO Quando as pessoas respondem obedientemente ao cha- mado de Deus, Ele assume a responsabilidade de prepará- las e moldá-las para o Seu uso. Deus usa a Sua Palavra, o Seu Espírito, as circunstâncias, outras pessoas – o que quer que Ele escolher – para moldar os Seus servos. Esta é a mensagem principal de Romanos 8:28: “Sa- bemos que todas as coisas contribuem para o bem da- queles que amam a Deus, dos que são chamados de acordo com o Seu propósito”. Quando amamos a Deus, Ele usa todas as coisas que acontecem em nossa vida para o nosso bem. Contudo, qual é o verdadeiro significado bíblico da palavra “bem”? Talvez pensemos que o “bem” vindo de Deus para nós consiste em conforto, saúde ou bênçãos materiais; ou um ministério “poderoso e bem-sucedido”; ou circunstâncias fáceis. VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 5 No entanto, o “bem” de Deus para nós é muito mais importante para a nossa maturidade do que para os con- fortos temporários ou sucesso no mundo. O maior “bem” de Deus para cada um de nós é explicado exatamente no próximo versículo – “sermos conformes à imagem de Seu Filho” (Rm 8:29). O “bem” de Deus é quando Ele usa tudo o que aconte- ce em nossa vida para nos fazer mais semelhantes a Je- sus. Os melhores dos melhores líderes de igrejas são os que diariamente rendem o coração e a vida para a obra de Deus. Eles estão se transformando cada vez mais à seme- lhança de Cristo em seu ca- ráter e ministério. Vamos examinar a razão pela qual isso é tão essencial assim: A. O Caráter Semelhante ao de Cristo: O Primeiro Chamado do Líder Todos nós concordaría- mos que os líderes de igreja precisam devotar-se ao es- tudo diário da Palavra de Deus. Eles precisam traba- lhar no desenvolvimento de seus dons e chamados. Eles também provavelmente pas- sam muitas horas no serviço ministerial. Todas essas coi- sas são partes essenciais do ministério e sempre são pri- oridades importantes. No meio de todas as ati- vidades, no entanto, os líde- res não podem perder de vis- ta a sua busca mais impor- tante: conhecerem a Cris- to, terem a Sua semelhança formada neles, e permitirem que o Seu Espírito os capaci- te. Muitas pessoas procuram encontrar uma realização es- piritual em seu “ministério” ou “chamado”, em vez de bus- car um relacionamento com Deus. Elas se tornam muito mais preocupadas com o que podem fazer ou realizar do que com quem elas estão se tornando em Cristo. O nosso destino espiritual não tem a ver somente com o que nós fazemos para Deus. Ele consiste na conforma- ção da nossa vida no sentido de sermos semelhantes a Cristo. O nosso destino – em primeiro lugar – é sermos semelhantes a Cristo. Não há dúvida nenhuma de que o Apóstolo Paulo foi um homem extraordinário. Deus o usou para levar milha- res de pessoas a Cristo, escrever as Escrituras sob a inspi- ração do Espírito Santo, iniciar igrejas e mover-se nos dons espirituais com poder. Certamente diríamos que Paulo cum- priu tudo o que Deus o chamou para fazer. No entanto, a prioridade máxima de Paulo não era o seu chamado. Era a sua paixão em conhecer e tornar-se semelhante a Jesus! Foi Paulo que escreveu: “E, na ver- dade, tenho também por perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Se- nhor, pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cris- to... para que eu possa conhecê-Lo, e o poder da Sua ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, sendo feito conforme à Sua morte” (Fp 3:8,10; leia também os versículos 12-15). O Novo Testamento contém muitas referências ao nosso destino espiritual. E quase todas elas apontam para nós a direção de co- nhecermos e tornarmo-nos semelhantes a Cristo. Deus não está nada interessa- do no que fazemos por Ele, e sim no que esta- mos nos tornando para Ele. B. O Que é o Caráter Semelhante ao de Cristo? O tornarmo-nos seme- lhantes a Cristo envolve, em parte, o desenvolvimento do nosso caráter cristão – a nos- sa natureza, a nossa consti- tuição moral. Isso não reve- la o quão “perfeitamente” podemos nos comportar ex- ternamente, mas com o fato de sermos verdadeiramente “transformados” de dentro para fora. Aí então esta mu- dança interna se reflete ex- ternamente, através das nossas atitudes e ações. 1. Reverência Para com Deus O caráter cristão não tem a ver com honrar ou impres- sionar os homens. Todos nós precisamos responder pri- meiramente ao Deus Todo-Poderoso. O ponto de partida para o caráter semelhante ao de Cristo é o “temor do Senhor” (Pv 9:10) – o nosso respeito e reverência para com Ele e por Sua santidade. O processo para nos tornar- mos semelhantes a Cristo inicia-se com o nosso viver na prática de nossa fé, com reverência e respeito para com Deus, o Qual olha para nosso coração (1 Sm 16:7). 2. Coração de Servo O caráter cristão envolve o sacrifício. Precisamos es- tar dispostos a morrermos para os nossos próprios desejos e concupiscências. Precisamos deixar de lado nossas agen- das ou conveniências pessoais, a fim de nos tornarmos O nosso destino espiritual não tem a ver somente com o que nós fazemos para Deus. Ele consiste na conformação da nossa vida no sentido de sermos semelhantes a Cristo. O nosso destino – em primeiro lugar – é sermos semelhantes a Cristo. 6 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 mais semelhantes a Cristo. Lembre-se: somos chamados para sermos servos do Senhor Altíssimo. Jesus nos estimulou a termos em mente que a verda- deira atitude de servo não é simplesmente fazermos o que é esperado. É sacrificial! Precisamos procurar as oportu- nidades para fazermos até mesmo mais do que os nossos deveres mínimos (Lc 17:10). Talvez haja ocasiões em que menos atividades minis- teriais sejam necessárias, se outras prioridades ordenadas por Deus estiverem sendo negligenciadas (tais como a fa- mília ou a oração). Mais importante de tudo, como servos de Deus, devemos ser obedientes a tudo o que Ele dese- jar (1 Sm 15:22,23). 3. Arrependimento O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo é descrito por Paulo como o revestimento do “novo ho- mem” (Ef 4:24; Cl 3:10). Isso é realizado com um estilo de vida de arrependimento. Precisamos ser rápidos em respondermos às correções do Espírito Santo. Ele habita dentro de cada crente em Cristo, confirmando-nos à medida que somos obedientes aos caminhos de Deus. O Espírito Santo também nos con- vence de pecados de momento a momento, se formos sen- síveis aos Seus direcionamentos. A nossa resposta à con- vicção de pecado que o Espírito Santo nos traz é o arre- pendimento – uma mudança de mente ou de direção. Talvez estejamos a ponto de dizer ou fazer algo, mas, se formos sensíveis à convicção de pecado que o Espírito Santo nos traz, devemos parar. Se ignorarmos o Espírito Santo, nos tornaremos menos sensíveis, e, mais tarde, endurecidos à Sua obra. Contudo, à medida que respondemos a essa convicção, nos torna- mos mais sensíveis à Sua vontade e direcionamentos. O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo – ou de sermos santificados – é um processo diário de convicção de pecado, arrependimento e transformação. O Espírito Santo nos ajuda em nossa santificação (2 Co 3:18; Tt 3:5). Obviamente, o Espírito também opera através da Palavra de Deus. A santificação não pode ocorrer sem a Palavra, mas a Palavra precisa vir acompanhada de uma dependência do Espírito Santo. 4. Comportamento Transformado O fato de nos desvestirmos do velho homem também envolve em parte uma mudança do nosso comportamento. Paulo foi rápido em salientar que precisamos fazer es- colhas com a nossa vontadepara deixarmos para trás os caminhos da nossa antiga natureza. Leia cuidadosa- mente Efésios 4:22-5:21 e Colossenses 3:12-17. Sendo Verdadeiramente Transformados O sermos semelhantes a Cristo não tem a ver somente com uma conformidade externa a regras e regulamentos. Isso é o que faziam os fariseus. Eles tentavam parecer bons externamente, sem permitirem que seus corações fos- sem transformados. Isso é chamado de “auto-retidão” e não realiza nada, a não ser legalismo e morte espiritual. (Leia Mateus 23 e Mateus 5:20; 7:21-23.) Jesus chamou os fariseus de “sepulcros caiados” (Mt 23:27,28). Eles tinham a aparência externa de santidade, mas estavam cheios de impurezas e de hipocrisia. Não podemos nos purificar e nos santificar por nós mesmos. Precisamos depender inteiramente da obra de O Espírito opera através da Palavra de Deus. VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 7 Cristo. Ele “pagou o preço” pela nossa santificação. Ela já foi inteiramente providenciada para nós. Mas não pode- mos simplesmente tentar “agir” externamente como sen- do santificados. Precisamos nos render a Deus e cooperar com Ele, à medida que Ele opera a transformação em nos- sa vida. O Senhor faz isso à proporção que aprendemos a Bíblia, obedecemos a Ele, crescemos na verdade, e somos instruídos e dirigidos pelo Espírito Santo. Tenha a certeza de que Jesus já providenciou o que precisamos para nos tornarmos semelhantes a Ele, mas precisamos também fazer a nossa parte, como fiéis e obe- dientes discípulos do Mestre. C. Mais do que Caráter O processo para nos tor- narmos semelhantes a Cristo é, em grande parte, a obten- ção da beleza e pureza do ca- ráter de Jesus. Isso, no entan- to, é somente uma parte do que o Novo Testamento ensina so- bre o processo de nos tornar- mos semelhantes a Jesus. Quando recebemos a Cristo como nosso Salvador, torna- mo-nos povo do Reino de Deus. Todos os crentes têm esse privilégio. Não é algo re- servado somente aos líderes. Na qualidade de “embaixa- dores do Reino” de Cristo (2 Co 5:20), devemos ser expres- sões vivas da vida de Jesus. Devemos fazer o melhor pos- sível para representarmos o Senhor e os Seus desejos aqui na terra. Assim sendo, o obje- tivo de todos os crentes deve ser o de revelar Cristo viven- do em nós, como também Cristo ministrando através de nós. Ter a imagem completa de Cristo formada em nós sig- nifica duas coisas: · Ser semelhante a Cristo em nosso caráter e santi- dade pessoal; e · Ser semelhante a Cristo em poder e graça no minis- tério. Jesus viveu numa completa santidade, retidão e pureza – precisamos desesperadamente dessa parte da Sua ima- gem formada dentro de nós. Jesus, no entanto, também operava como um Servo em todos os dons e poder do Es- pírito Santo – os quais também precisamos que sejam for- mados em nós e liberados através de nós. À medida que nos tornamos semelhantes a Cristo, nos- sa vida deve manifestar tanto os frutos do Espírito (Gl 5:22,23), como também os dons do Espírito Santo (1 Co 12:4-11,27,28). Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou para o Meu Pai” (Jo 14:12). Quando Jesus foi para o Pai, Ele nos enviou o Espírito Santo. Uma das razões para isso é para que pudéssemos ser capacitados a fazermos as obras de Cristo. A Vida e o Poder de Cristo Somente podemos nos tornar verdadeiramente seme- lhantes a Jesus através da tremenda obra interna do Espí- rito Santo (2 Co 3:18), pela vida de Jesus “enchendo” todas as áreas da nossa vida. Não po- demos transformar a nossa natureza humana por nós mes- mos. Podemos, no entanto, escolher abrir nosso coração e vida à obra de Deus, atra- vés do poder do Espírito San- to. É o Espírito Santo operan- do dentro de nós – e a nossa resposta em rendição e obedi- ência – que forma a “plenitu- de de Cristo” dentro de nós. Somente podemos encon- trar a verdadeira “semelhan- ça de Cristo”, à medida que nos abrimos à “plenitude de Cristo”. Precisamos estar dis- postos a morrermos para a nos- sa própria vida e interesses próprios, a fim de ganharmos a Cristo (Gl 2:20). Exatamen- te como João Batista falou, “Ele precisa crescer, mas eu preciso diminuir” (Jo 3:30). Se a nossa vida estiver cheia com a presença e o Es- pírito de Cristo, seremos líde- res mais amorosos, sábios e graciosos. Amaremos mais a Deus, amaremos mais o Seu Corpo, e alcançaremos os perdidos como Jesus o faria. Conheceremos a Deus como nosso Pai Celestial, e estaremos mais preparados para res- pondermos e obedecermos a Ele. Nosso coração estará cheio com os desejos de Deus, no sentido de conhecermos e fazermos a Sua vontade. Seremos muito mais eficazes no que fazemos, por causa da semelhança d’Aquele que estamos revelando – Cristo. Até mesmo durante ocasiões de grandes tribulações e adversidades, devemos viver de uma maneira tal “que a vida de Jesus também possa ser manifesta em nossos corpos” (2 Co 4:10). Verdadeiramente, o nosso desejo deve ser o de dizer- mos: “Não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Aleluia! Quão desesperadamente a Igreja precisa levantar-se e Devemos ser expressões vivas da vida de Jesus. 8 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 alcançar este mundo moribundo – tanto com a santidade e pureza, como também com a vida e poder de Jesus Cris- to. O mundo precisa ver a beleza e o caráter de Cristo em Seus servos, e as pessoas precisam experimentar a vida e o poder de Deus sendo ministrados através dos Seus ser- vos. Uma Severa Admoestação Algumas pessoas têm alguns seguidores ou um minis- tério “bem-sucedido”. Isso não significa necessariamente que elas estejam servindo a Deus com os seus dons de liderança. O simples fato de que os seus “dons” ainda estejam funcionando não significa que os líderes estejam vivendo de acordo com os padrões das Escrituras. Eles podem es- tar vivendo em rebeldia ou numa óbvia desobediência a Deus. Talvez estejam ensinando enganos, diluindo a ver- dade para atraírem uma multidão de seguidores. No en- tanto, eles estão enganados no sentido de acreditarem que isso seja aceitável, pelo simples fato de que eles têm aparência de “êxito”. É um engano terrível acharmos que Deus nos isenta de uma iniqüidade tão grande assim pelo simples fato de que os dons ministeriais ainda estejam fun- cionando. Os líderes que estão vivendo neste engano estão prejudicando a si pró- prios, como também aos seus liderados. Eles desonram a Deus e à Sua Palavra, pois estão sendo desviados e estão fa- zendo com que outros percam o melhor de Deus para si mesmos. Há sérias conseqüências para este tipo de comportamento errado (Mt 18:6). Esse líder está em grande perigo de ele próprio ser “desqualificado” (1 Co 9:27). Deus usa pessoas, e pessoas que são pecadoras por natureza, falham (Rm 3:23). Contudo, um tropeção no pecado, seguido de um sincero arrependimento, é muito diferente de uma vida numa cla- ra rebeldia e pecado, enquanto a pessoa ainda estiver ministrando. Não podemos zombar de Deus nem enganá-Lo (Gl 6:7,8). Ainda que alguns ministros estejam aparentemente escapando impunes de pecados não arrependidos, Deus nunca é enganado. A Bíblia nos ensina que muitos que “ministram” um dia dirão: “Senhor, Senhor, não profetizamos em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7:22.) Eles pare- ciam ser líderes dotados. Contudo, eles não se esforçaram em conhecer a Cristo e em ser conformados à Sua ima- gem. No entanto, eles não terão enganado a Cristo. Ele falará as seguintes e terríveis palavras: “Eu nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a ini- qüidade” (Mt 7:23). Nossos dons e chamado não nos são dados para que possamos servir a nossos próprios interesses egoísticos. Deus dá dons para serem usados, para servirmos as nos- sas mais altas prioridades: conhecermos e glorificarmos a Deus; sermos transformados à imagem de Cristo; e capa- citarmos os santos para o ministério semelhante ao de Cristo. D. Rendendo-nosa Deus Diariamente As Escrituras se referem a Deus como sendo o “Olei- ro” e aos Seus filhos como sendo o “barro” (Is 29:16; 64:8; Jr 18:1-6; Rm 9:21). Deus está operando para nos moldar e formar de acordo com a Sua vontade. Isso pode ser um processo doloroso às vezes, mas precisamos nos lembrar de que o Oleiro Mestre nos ama e sempre tem o melhor e os mais elevados propósitos em mente para nós. A transformação é um processo que dura a vida in- teira (2 Co 3:18). Até mesmo os líderes de igreja com maturidade precisam render-se a Deus e aos Seus tra- tamentos. O Espírito Santo continuamente nos estimula com relação à vontade de Deus e aos Seus mais elevados pro- pósitos para nós. No entanto, o nosso dever é respondermos à convicção de pecado produzida pelo Espírito e bus- carmos os propósitos de Deus – todos os dias! Quer ser o servo de Deus mais efi- caz que você possa ser? Então com- prometa-se a tornar-se mais semelhan- te a Cristo. A obra de moldagem de Deus, a Sua Palavra e o Seu poder de unção são a chave para um ministério verdadeiramente eficaz e santo. III.O CAMINHO PARA A LIDERANÇA A transformação espiritual de Cris- to sendo formado em nós acontece durante toda a nossa vida. Contudo, pode haver tempos específicos de uma intensa moldagem ou preparo antes de uma nova responsabilidade ministerial. As que mais transformam nossa vida dentre estas ocasiões de moldagem ocorrem durante tribulações ou grandes adversidades. José foi um homem que experimen- tou muitos longos anos de tribulações e de preparo antes de ser liberado ao chamado que Deus lhe havia revelado. Um estudo da vida de José pode nos ajudar a compreen- der algumas das adversidades que talvez enfrentemos à medida que o Senhor nos molda para o Seu uso. Vários ministros do Evangelho com muita maturidade têm tido experiências que são bem semelhantes às de José. Talvez eles não percebam durante uma tribulação ou ad- versidade que Deus está usando estas circunstâncias para moldá-los ou dirigi-los. No entanto, eles passam a compre- ender mais tarde o motivo pelo qual Deus escolheu aquele caminho específico para eles. NOTA: Antes de estudarmos a vida de José, pare agora Responder à convicção de pecado produzida pelo Espírito. VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 9 e separe um tempo para ler Gênesis 37-49 em sua Bíblia (veja também Salmos 105:16-24). A. Um Chamado Precoce José era o filho primogênito de Jacó e sua esposa favo- rita, Raquel. Jacó teve outros filhos anteriormente, mas José era mais favorecido que todos os demais. Quando José ainda era um jovem, Deus lhe deu uma série de sonhos (Gn 37:5-11). Esses sonhos indicavam que o propósito para a vida de José era que ele tivesse uma posição de liderança proeminente. Esse papel de impor- tância fundamental ajudaria muitas pessoas e preservaria o povo escolhido de Deus, Israel, através do qual o Messi- as, o Cristo, viria (Gn 45:5-7). Talvez José tivesse sido mais sábio se simplesmente ponderasse essas coisas em seu coração. Em seu zelo, no entanto, José compar- tilhou os sonhos com a sua família. Ele chegou até mesmo a dizer que eles um dia se prostra- riam diante dele. O seu pai o repreendeu e os seus irmãos ficaram com inveja e o odiaram (Gn 37:10,11). José acabou sendo traído por seus irmãos. Eles o venderam como escravo e fizeram com que o seu pai cresse que ele havia sido morto por animais selvagens. Esse período na vida de José deve ter sido tão confuso como foi difícil. Deus havia lhe dado sonhos de grandes coisas que ele realizaria. José tinha uma impressão em seu coração sobre o chamado de Deus em sua vida. No entanto, as suas experiências até aquele momento haviam sido a rejeição, a decepção, a trai- ção e a dor. Ele havia se separado da sua família e estava agora trabalhando como escravo numa terra pagã. Como isso poderia fazer parte do grande plano de Deus para a sua vida? B. Deus Nunca nos Deixa José foi comprado no Egito como escravo por Potifar, um oficial de Faraó. Neste ponto da narrativa, a Bíblia revela uma verdade profunda: “O Senhor estava com José” (Gn 39:2). Se o Senhor estava com José, por que ele havia sido desprezado e traído por seus irmãos? Por que ele teve de sofrer tamanha adversidade? Somente Deus pode verdadeiramente responder a es- sas perguntas. Deus às vezes nos liberta imediatamente das tribulações e aflições. Às vezes Ele permite que as experimentemos por algum tempo antes de nos libertar. Deus é soberano, amoroso e justo. Quando nossa vida está entregue a Deus, é somente Ele que decide o curso que ela irá tomar. Quando as circunstâncias se tornam difíceis talvez ques- tionemos se a presença de Deus ainda está conosco. Você pode ter a certeza de que as tribulações NÃO significam que Deus o deixou! Deus prometeu nunca deixá-lo nem abandoná-lo (Dt 31:8; Js 1:5; Mt 28:20; Hb 13:5). Exata- mente como Ele estava com José, assim também Ele esta- rá com você. C. O Caminho Pode Parecer Estranho Muito embora Deus tivesse poupado a vida de José, Ele de fato permitiu que José sofresse traições e adversi- dades. Apenas podemos concluir que Deus tinha um plano muito especial para José que somente Ele comprendia na ocasião. Houve uma épo- ca em que as coisas começaram a me- lhorar para José. Permitiram-lhe que estivesse a cargo de toda a casa e das posses de Potifar. Essa foi uma grande responsabili- dade, e José foi fiel (Gn 39:1-6). Mas, exatamente quando as coisas começa- ram a ir bem, uma tribulação ainda maior estava se avultando. A Bíblia nos diz que a esposa de Po- tifar notou José e tentou seduzi-lo a um relacionamento imoral. Deus nunca nos tenta com o mal (Tg 1:12-16). Assim sendo, isso pode ter sido uma tentativa de Satanás de destruir o plano de Deus para José. José, no entanto, permaneceu fiel a Deus e recusou a esposa de Potifar. Amargurada, ela falsamente acusou a José (Gn 39:6-18). Potifar acreditou no engano de sua es- posa, e, irado, ordenou que José fosse lançado na prisão. José havia servido diligentemente e resistido às tenta- ções. Contudo, o resultado da sua fidelidade foram falsas acusações e a prisão! Quão estranho o caminho pelo qual Deus pode levar os Seus escolhidos! D. Servindo Fielmente A presença do Senhor continuou com José na prisão e lhe deu graça (Gn 39:21). Surpreendentemente, não lemos que José ficou amar- gurado, até mesmo após anos de aprisionamento. Ele ser- via diligentemente em quaisquer circunstâncias em que se encontrava. Assim sendo, ele recebia mais responsabilida- des de liderança para que nelas pudesse se desenvolver 10 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 (Gn 39:22,23). O tempo não estava sendo desperdiçado. O propósito de Deus ainda estava se desvendando para a vida de José. José, no entanto, estava ciente de que havia sido aprisi- onado injustamente. Ele até mesmo tentou mudar as suas circunstâncias, mas em vão (Gn 40:14,15,23). José permaneceu na prisão, enquanto mais anos se passavam – mais de dez anos ao todo. Ele deve ter tido momentos de frustração, desespero e até mesmo de falta de esperança. O chamado de Deus ao governo deve ter parecido impossível. E. Provado e Purificado Muito embora o oficial de Faraó tivesse se esquecido de José por muitos anos, Deus não Se esqueceu dele. No momento certo, aquele oficial lembrou-se de José, e ele foi tirado da prisão e colocado diante de Faraó (Gn 41:9-15). Deus habilitou José para dar a interpretação do signifi- cado de um importante sonho de Faraó. O sonho previa um tempo de fartura, seguido por um tempo de fome para todo o Egito. Deus também deu a José a sabedoria para desenvolver um plano de ação que salvaria o Egito – e o povo de Deus – de muitas perdas e de uma grande devas- tação (Gn 41:28-36). Faraó reconheceu que José era um homem cheio do Espírito de Deus (Gn 41:38). Ele colocou José numa posi- ção de autoridade sobre todos os interesses do Egito. So- mente o próprio Faraó teria uma autoridade maior (Gn 41:40-44). Quando Faraó elogiou José pela sua capacidade de in- terpretações de sonhos, José conhecia a fonte dasua sa- bedoria: “Isto não está em mim; Deus dará a Faraó uma resposta” (Gn 41:16). José deu a Deus toda a gló- ria – um exemplo para todos nós quando Deus nos usa para ministrarmos eficazmente. Assim sendo, qual foi o resultado dos muitos anos de José em que ele passou por traições, decepções, adversidades e aprisionamento? José saiu da prisão como um homem cheio do Espírito de Deus e cheio de sabedoria! Ele sabia que a sua fonte para tudo era Deus so- mente. O caráter de José havia sido pro- vado e purificado. Ele havia sido prepa- rado para receber muita responsabilida- de e autoridade, como também para ser- vir com retidão e integridade. F. O Controle Soberano de Deus Chegou o tempo em que José foi final- mente restaurado a seus irmãos e até mes- mo a seu pai (Gn 42-49). José havia so- frido muitos anos de adversidades por causa daquilo que seus irmãos haviam fei- to com ele. Contudo, quando José os viu novamen- te, ele lhes disse: “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá, porque Deus me enviou, diante da vossa face para conservação da vida” (Gn 45:5). José não guardou nenhum ressentimento contra seus irmãos. Ele de livre e espontânea vontade os perdoou. Como isso foi possível? José disse mais tarde a seus irmãos: “... intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem...” (Gn 50:20.) José havia aprendido uma lição extremamente impor- tante: era Deus que estava a cargo das circunstâncias da sua vida. Ele disse a seus irmãos: “porque Deus me enviou...” A Bíblia diz novamente em Salmos 105:17 que “Ele [Deus] enviou” a José como escravo ao Egito. Deus enviou José? Não foram os irmãos dele que cons- piraram para matá-lo, e aí então para vendê-lo como es- cravo? Sim, eles fizeram isso. Mas foi Deus, o Qual é maior do que qualquer circunstância, que estava em to- das as situações da vida de José. Deus usou as circuns- tâncias de José para, de uma maneira singular, preservá- lo e prepará-lo para um propósito maior. Posteriormen- te, Deus transformou as ações malignas feitas contra José em algo bom. Líder de igreja: Fique ciente de que quando as tribula- ções, rejeições, mal-entendidos e injustiças vêm a nossa vida, Deus está presente conosco! Se estivermos rendidos e formos obedientes a Deus, Ele moverá as circunstâncias a fim de nos transformar para usar-nos até mesmo as pro- vações de fogo (Dt 4:20; Is 48:10,11). Deus não provoca calamidades ou aflições para nós, para de alguma maneira “ensinar-nos uma lição”. Em vez disso, Ele vem ao nosso encontro – quando as calami- dades nos sobrevêm, ou quando estamos nos escuros e sombrios vales da vida (Sl 23:4) – para caminhar conosco e fazer com que algo útil surja dessas tribulações. Talvez tenhamos sofrido terríveis dores, abusos ou re- Ele vem ao nosso encontro. VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 11 jeições em nossa vida. Somente Deus pode usar tudo o que o inimigo pretendeu fazer para nos prejudicar e des- truir, e transformar essas coisas em algo bom. O nosso Deus é o Grande Libertador, que cura, redime e restaura. Deus não Se esqueceu de você! Deus nunca o deixa- rá! Somente Ele pode fazer com que todas as coisas que aparentemente são contrárias a você contribuam para o seu bem e o bem de outros, para a glória e honra d’Ele! O sangue de Cristo pode purificá-lo, o poder d’Ele pode redimi- lo, o amor d’Ele pode curá-lo, a Palavra d’Ele pode libertá- lo! Você pode se regozijar! Enquanto você se rende diari- amente a Deus, Ele o transforma e o prepara – para fazê- lo mais semelhante a Cristo Jesus! G. A Esperança de Glória José permaneceu fiel a Deus, independentemente das circuns- tâncias. Ele foi posteriormente fundamental para a preservação do povo de Deus e para o favorecimento dos propósitos do Senhor. Nós também precisamos per- manecer fiéis, agradecendo a Deus pelo Seu direcionamento e pela Sua presença que preserva nossa vida (Mt 5:11,12; veja tam- bém Provérbios 2:8; João 14:16- 18). Precisamos continuar confi- ando em Deus, independente- mente das circunstâncias (Pv 3:5,6). Precisamos escolher per- doar os que nos maltratam e amar os que nos perseguem (Mt 5:44-48). Não devemos pagar mal por mal (Rm 12:17-21). Essas coi- sas são difíceis de fazermos por nós próprios, mas podemos fazer todas as coisas “através de Cris- to” e pela grande graça de Deus. Podemos viver nossa vida com fé, certos do seguinte: Deus está conosco, Ele nos ama, e Ele usará tudo em nossa vida para os Seus mais sublimes pro- pósitos. “Mas graças a Deus, que nos dá a vitória através do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1 Co 15:57,58). Lembre-se disto: Temos a honra de servirmos a Deus e de entregar a Ele nossa vida para o Seu uso e glória. Mas está chegando o dia em que os que abandonaram tudo para seguirem a Cristo nesta vida temporária entra- rão em sua recompensa eterna. Não haverá mais dores, mais sofrimentos ou lágrimas (Ap 21:4). As leves aflições temporárias desta vida serão coisas do passado (2 Co 4:17; Rm 8:18). Estaremos com o nosso amado Salvador! Do- minaremos e reinaremos com Cristo para todo o sempre (2 Tm 2:12). Aleluia! IV.COMO DEUS USA AS TRIBULAÇÕES Muitos líderes cristãos maduros podem testificar sobre ocasiões na vida em que aparentemente toda esperança havia se acabado. As circunstâncias e desafios haviam sido tão difíceis que eles quase perderam toda a fé em Deus. Talvez eles tenham até mesmo desistido dos sonhos que Deus lhes havia dado, permitindo que morressem em seus corações. Mas do seu desespero e das cinzas surgiu o propósito de Deus. Deus os havia sustentado pela Sua graça e os havia preservado para o Seu propósito. Por permanecerem fiéis, Deus usou as suas tribulações para fortalecê-los e prepará- los para os usar, exatamente como Ele fez com José (Gn 49:24). Todas as pessoas que Deus deseja usar aparentemente en- frentam tribulações e adversida- des. As Escrituras nos relatam as suas histórias. Noé enfrentou muitas zombarias e escárnios. Abraão enfrentou muitas e mui- tas dificuldades e provas de fé. Moisés teve de vencer adversi- dades desde praticamente a épo- ca do seu nascimento. Os pro- fetas de Deus sofreram grandes perseguições e adversidades. Os discípulos de Jesus, o Apósto- lo Paulo – nenhum deles esca- pou dos grandes desafios e tri- bulações. Contudo, Deus usou a cada um deles como participantes do Seu grandioso plano de redenção da humanidade. Cada um deles fez parte da preservação do povo de Deus, abrindo o caminho para o Salvador, proclamando a Sua sal- vação aos confins da terra, fa- zendo discípulos, equipando os santos, etc. É bem possível que você tenha as suas próprias expe- riências do preparo de Deus através de tribulações e ad- versidades. Ou talvez você esteja no meio de uma grande tribulação agora mesmo. A. Fontes de Tribulações De onde vêm as tribulações? Algumas tribulações são os tratamentos de Deus. Algumas são produzidas por nós mesmos através dos nossos próprios pecados e rebeldia. Algumas são ataques diretos de Satanás. Muitas tribulações são simplesmente o resultado da vida neste mundo caído. Estas tribulações podem incluir o se- guinte: Confie em Deus. 12 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 · Opressões ou perseguições civis ou governa- mentais, pelo simples fato de crermos em Jesus Cris- to. · Membros de nossa família ou outras pessoas que nos traem ou nos desprezam por causa da nossa fé. · Grandes desafios para o nosso chamado minis- terial. As coisas podem ser especialmente difíceis, ou talvez nos sintamos isolados ou sozinhos em nos- sas lutas. Esses ataques podem vir através de ou- tras pessoas, mas são na verdade forças malignas que estão em operação (Ef 6:12). Nada agradaria mais ao Diabo do que apagar o fogo da sua paixão por Cristo ou o seu zelo em servi-Lo. · Grandes tribulações físicas para nós ou para alguém que amamos. Alguém muito íntimo e que- rido para nóspode até mesmo morrer. A agonia e a angústia que acompanham esse tipo de sofri- mento ou perda podem ser os opressores mais sombrios. · As circunstâncias na- turais desta terra caí- da e repleta de peca- do podem trazer tremen- das adversidades. A fome, as enfermidades, as pestilências, graves desastres climáticos ou naturais – tudo isso pode realmente trazer consigo grandes tribulações. B. A Importância da Perseverança Deus não prometeu que nossa vida aqui na terra seria vivida com tranqüilidade e con- forto, ou que Ele nos pouparia de dores e adversidades. Esta vida é muito curta em comparação com a eternidade. Ela é temporária, e não devemos fixar as nossas afeições neste mundo, nem no que ele pode oferecer (Mt 6:19-21; Cl 3:2). Este não é o nosso lar permanente. Somos apenas peregrinos aqui (Fp 3:20; Hb 11:13; 1 Pe 2:11). A Palavra nos diz que, como crentes em Jesus Cristo, enfrentaremos oposições nesta vida (1 Pe 5:8,9). Enfren- taremos tribulações, perseguições e adversidades (2 Tm 3:12; veja também Marcos 4:17; Romanos 8:35,36) por amor a Jesus. As Escrituras ensinam que é necessário muito trabalho e perseverança para “terminarmos a corrida” desta vida com sucesso (2 Tm 4:7). A Palavra de Deus nos diz que precisamos “perseverar” até o fim (Mt 10:22; 24:13; 1 Co 4:12; 2 Ts 1:4; Hb 3:14). Esses versículos subentendem o fato de ficarmos firmes na fé em Cristo, até mesmo no meio de grandes dificuldades. Os próprios Apóstolos de Cristo enfrentaram surras, aprisionamentos, privações e adversidades (2 Co 11:23- 33). Todos eles, exceto um, morreram como mártires para Jesus Cristo. Muitas pessoas da época do Velho e do Novo Testamento sofreram nas mãos dos que se opunham a Deus ou ao Evangelho de Jesus Cristo (por exemplo, João Ba- tista – Mt 14:1-12; leia também Hebreus 11). A vida, de fato, reserva grandes vitórias e alegrias para o crente em Cristo. No entanto, as ocasiões em que nos encontramos “no topo da montanha” misturam-se com as ocasiões em que também precisamos caminhar através dos vales das tribulações. C. Confiando em Deus nas Tribulações Talvez Deus não seja a causa direta dos nossos sofri- mentos e tribulações, e Ele pode ou não nos libertar imedia- tamente deles. Contudo, realmente sabemos o seguinte com relação às tribulações: Ou Deus nos liberta delas, ou Ele nos dá a força e a graça para en- frentá-las. E Deus promete usar tudo em nossa vida – as coisas boas e as ruins – para nos moldar cada vez mais à imagem de Cristo para os Seus propósitos (Rm 7:28,29). D. Qual é o Propósito das Tribulações? A Bíblia nos ensina que as tribulações são necessárias para o nosso crescimento es- piritual. Tiago faz a seguinte co- locação com relação a isto: “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em vá- rias tribulações, sabendo que a prova da vossa fé pro- duz a paciência [perseveran- ça]. Tenha, porém, a paciên- cia, a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem a falta de coisa alguma” (Tg 1:2-4). A palavra “perfeito” aqui significa “maturidade, tota- lidade” (não significa uma impecabilidade perfeita, pois so- mente Deus é perfeito). Os crentes são fortalecidos na perseverança e amadurecidos espiritualmente através das tribulações. Há muitas e muitas outras coisas que as tribulações realizam para os crentes. Examinemos agora apenas algu- mas destas coisas: 1. As Tribulações Provam Nossa Fé A Bíblia descreve o preparo na vida de José como uma época em que “a palavra do Senhor o provou [refi- nou]” (Sl 105:19). Pedro nos faz a seguinte exortação: “Amados, não estranheis a ardente tribulação que vem “Tende grande gozo...” VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 13 sobre vós para vos provar [testar]” (1 Pe 4:12a). Deus geralmente permite que a nossa fé seja provada e testada com o fogo das dificuldades. Davi escreveu: “Pois o justo Deus prova os cora- ções e as mentes [o homem interior]” (Sl 7:9). Deus sabe de tudo. Assim sendo, Ele já sabe o que está em nosso coração. No entanto, as Suas provas nos revelam o que está em nosso próprio coração. Precisamos conhecer a força (ou a fraqueza) da nossa fé em Deus. Por exemplo: Durante as tribulações você fica ansio- so? Com medo? Com raiva? Impaciente? Em caso afir- mativo, isso revela áreas de fraqueza em sua fé, áreas em que você não está confiando em Deus. Essas coisas po- dem se tornar uma grande barreira à obra de Deus através de você no futuro. O reconhecimento de onde a nossa fé é fraca nos ajuda a en- frentarmos o problema, nos arre- pendermos dele, e nos voltarmos a Deus para recebermos a Sua for- ça e ajuda. O Senhor também prova as nos- sas motivações. Será que amamos e servimos a Deus egoisticamente, somente para obtermos as Suas bênçãos? Satanás acusou Jó desse tipo de coisa. Jó provou que Sata- nás estava errado e permaneceu fiel a Deus, apesar de perder tudo. (Leia o Livro de Jó.) O Senhor nos prova para nos ajudar a vermos a quem realmente amamos (Dt 13:3). Será que ama- mos a Deus mais do que qualquer outra coisa ou qualquer outra pes- soa, independentemente das cir- cunstâncias? Será que o seguir a Deus é mais importante para nós do que qualquer outra coisa? (Leia Lucas 14:26-33.) “O Senhor prova os justos” (Sl 11:5). As tribulações são uma prova em que podemos ser apro- vados ou reprovados. Se formos aprovados, seguimos adiante para uma força maior em Deus. Se formos reprovados, verificamos onde precisa- mos crescer ainda e aprendemos com o nosso fracasso. 2. As Tribulações nos Purificam Quando purificamos o ouro, é necessário que ele seja aquecido a temperaturas muito altas. Somente desta ma- neira as impurezas do ouro podem subir à superfície, a fim de que elas possam ser removidas. Às vezes precisamos de muito calor e pressões em nossa vida para que motiva- ções, ações e pensamentos impuros sejam revelados. À medida que essas coisas sobem à superfície, podemos en- tão ter a oportunidade de confessá-las e nos arrepender diante de Deus. Ele nos purificará das nossas iniqüidades (1 Jo 1:9), purificando-nos e preparando-nos para fazer- mos Sua vontade (1 Pe 4:1-3). 3. As Tribulações nos Ensinam Sobre Dependência e Humildade A humanidade não segue automaticamente o caminho de Deus. Geralmente é bem o oposto (Is 55:8). Contudo, as tribulações geralmente revelam os erros dos nossos próprios caminhos e nos levam a um lugar de uma maior dependência de Deus. Quando somos humilhados, temos a tendência de bus- carmos o caminho do Senhor mais diligentemente. Fica- mos mais dispostos a cooperarmos com Ele e a nos ren- dermos a Ele. Reconhecemos quão desesperadamente precisamos de- pender d’Ele – da Sua força, sabe- doria, direcionamento e poder. Deus nos prova e nos humilha através das tribulações (Dt 8:16). No entanto, Ele também usa os tempos difíceis para nos lembrar de que todas as coisas boas, todo o sucesso, toda a frutificação somen- te são possíveis por causa da gra- ça, amor e poder de Deus (Dt 8:17,18; Tg 1:17). Vamos nos lem- brar dessas coisas, para que o nos- so próprio orgulho jamais faça com que pensemos que o nosso êxito no ministério é devido às nossas pró- prias ações. Paulo foi poderosa- mente usado por Deus, mas ele re- cebeu uma tribulação física como uma garantia para que ele não se ensoberbecesse, ou se “exaltasse além da medida” (2 Co 12:7-10). À medida que Deus opera gran- des obras através de nós, as tribu- lações nos relembram que não te- mos nenhuma força espiritual ver- dadeira independentemente da grande graça e capacitação de Deus. 4. As Tribulações Liberam o Poder de Deus Durante as ocasiões de grandes tribulações, nossas fra- quezas são reveladas. Isso não acontece para nos desani- mar. É para nos ensinar a dependermos de Deus e rece- bermos d’Ele. Pois Deus “dá poder aos fracos, e aos que não têm nenhum vigor Ele aumenta a força” (Is 40:29). Quando Paulo estava fraco, Jesus lhe disse: “A Minha graça é suficiente para ti, pois a Minha força é aper- feiçoada na fraqueza” (2 Co 12:9). Deus não Se limita às nossas fraquezas, pois Ele vê o que podemos fazere ser, através da Sua ajuda e poder. Deus chamou Gideão de um “homem poderoso e valo- roso” (Jz 6:12). Naquela ocasião, no entanto, Gideão es- Ele nos purificará. 14 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 tava aterrorizado e estava escondido dos midianitas (Jz 6:11). No entanto, Deus chamou Gideão assim mesmo, e mais tarde o capacitou a cumprir um grande propósito. (Leia Juízes 6-8.) “Temos este tesouro em vasos de barro [fracos, frá- geis], para que a excelência do poder possa ser de Deus, e não nossa” (2 Co 4:7). Podemos agradecer a Deus pelas tribulações que re- velam a nossa fraqueza e inadequabilidade. Muito embora as tribulações sejam difíceis para a nossa carne (a nature- za humana pecaminosa), elas fortalecem o nosso espírito – pressionando-nos a uma maior dependência de Cristo e da Sua força. “De boa vontade pois me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo... pois quando sou fraco então sou forte” (2 Co 12:9,10b). 5. As Tribulações nos Fortalecem É impossível haver vitóri- as sem batalhas. As tribula- ções nos ensinam a usarmos a nossa armadura espiritual; elas nos fortalecem em nos- sas “habilidades de comba- te” espiritual (Ef 6:11-18). Aprendemos sobre batalha espiritual e intercessão, e crescemos na fé triunfante (2 Co 10:3-6; 1 Jo 5:4). À medida que passamos por tribulações, os nossos “músculos espirituais” são exercitados. Tornamo-nos mais fortes para a próxima tribulação. Podemos assim enfrentar um inimigo ainda maior. Aí então, tornamo-nos ainda mais fortes. À medida que fazemos isso tornamo- nos mais úteis e desenvolve- mos a perseverança (Rm 5:3,4; Tg 1:3). Deus poderá então nos usar de maneiras ainda maiores. Passamos de “força em força” (Sl 84:7) e de “glória em glória” (2 Co 3:18). No meio de batalhas assim, talvez sejamos tentados a sentirmos dó de nós mesmos ou a temermos. Contudo, precisamos resistir a esses pensamentos, e, em vez dis- so, nos lançarmos na misericórdia de Deus em oração. Podemos admitir diante de Deus que somos apenas car- ne – e, aí então, em nossa fraqueza, podemos clamar pela ajuda e força de Deus. Quando oramos “Preciso de Ti, Deus! Não consigo fazer isto sem Ti!”, Deus respon- de, pois verdadeiramente não conseguimos fazer nada sem Ele (Mt 19:26). 6. As Tribulações nos Ensinam a Esperarmos Jeremias lamentou-se pelas suas tribulações e aflições. No entanto, quando ele se lembrou das misericórdias e da fidelidade do Senhor, ele decidiu: “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3:26; leia Lamentações 3). Isaías também nos ensinou que Deus dá vigor aos fra- cos e renova as forças dos que esperam n’Ele (Is 40:28- 31). Esperar em Deus significa entrar em Sua presença com adoração e oração. Significa humilharmo-nos diante d’Ele e tomarmos o tempo para recebermos d’Ele o que neces- sitamos. A Bíblia ensina que há tempos e ocasiões para tudo (Ec 3:1-8; At 1:7). Talvez Deus tenha nos chamado, mas talvez ainda não seja o tempo d’Ele para nos enviar à próxima fase ministerial. Talvez precisemos primeiramen- te esperar e enfrentar um tempo de moldagem e cresci- mento. Enquanto entregamos nossa vida a Deus, precisa- mos esperar n’Ele, para o Seu tempo perfeito, até mesmo durante as tribulações. Ao fazermos isso, Ele nos salva, nos fortalece, nos direciona e nos ajuda a perseverar- mos. 7. As Tribulações nos Preparam Os sofrimentos podem na verdade acelerar o cresci- mento espiritual e promover o nosso preparo: “Que o Deus de toda a graça, o Qual nos chamou à Sua eterna glória por Cristo Jesus, depois de haverdes sofrido um pouco, vos aperfeiçoe, estabeleça, for- taleça e confirme” (1 Pe 5:10). Deus usa as tribula- ções e sofrimentos para nos aperfeiçoar [preparar, com- pletar], e para nos estabele- cer fortemente em Seus ca- minhos. José era um jovem quando Deus lhe deu os sonhos do seu futuro. Para poder cumprir um chamado tão grande assim, José precisava de tempo para desenvolver sabedo- ria, maturidade e caráter santo. 8. As Tribulações Mudam Nossa Perspectiva Durante as tribulações talvez recorramos aos valores temporários do mundo, procurando alívio, como por exem- plo posses, dinheiro, viagens, álcool ou outras coisas. Logo, no entanto, percebemos que esses bens terrenos não for- necem nenhuma ajuda, alívio ou consolo duradouro. As tribulações revelam o que se tornou a nossa fonte de ajuda e força em tempos de necessidade. Será que re- corremos a Deus ou a alguma outra fonte? As tribulações também elevam os nossos olhos em di- reção ao Céu. Quando perdemos um ente querido, ou en- frentamos grandes desafios, nosso coração se volta para Espere n’Ele. VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 15 nossa esperança eterna. O Céu parece tão mais doce quan- do temos um ente querido lá. As tribulações nos ajudam a perceber que este mundo, juntamente com tudo o que há nele, está passando. Os valores eternos e a vontade de Deus tornam-se muito mais reais e importantes para nós (2 Co 4 e 5; 1 Jo 2:15-17). As tribulações nos mostram a futilidade dos recursos humanos. Enquanto sofremos, as tribulações avivam em nós uma fome pela glória de Deus. “... se de fato sofre- mos com Ele [Cristo], é para que também possamos ser glorificados juntamente com Ele, pois considero que os sofrimentos deste tempo presente não são dignos de ser comparados com a glória que há de ser revelada em nós” (Rm 8:17,18). Muito embora Deus faça com que todas as coisas co- operem para o bem – a imagem de Cristo moldada dentro de nós – Ele também está nos preparando para o dia em que revelará a Sua glória através de nós, e seremos glori- ficados com Cristo! Aleluia! E. Seguros no Amor de Deus – Até Mesmo no Meio das Tribulações Deus usa as tribulações e provações para nos prepa- rar, e não para salientar nossos fracassos, ou nos conde- nar (Rm 8:1). Lembre-se: Deus quer que sejamos bem- sucedidos no cumprimento do Seu chamado. Ele quer nos purificar, para que o nosso futuro seja frutífero. Deus está a nosso favor, e não contra nós (Rm 8:31). Deus é imenso e grandioso, e a Sua perspectiva é eterna. Ele vê e compreende tudo – muito mais do que jamais poderíamos ver e compreender! Ele tem um eterno propósito do Reino para cumprir. Podemos escolher ser parceiros com Ele no cumprimento deste propósito. Devemos, no entanto, con- fiar no Senhor com relação a qualquer que seja o papel que Ele nos der para cumprirmos. Deus também promete nunca nos deixar ou nos aban- donar, e que Ele será o nosso Ajudador. Assim sendo, não há necessidade de ficarmos com medo (Hb 13:5,6). Exa- tamente como Ele estava com José no meio das suas tri- bulações, Deus também está conosco, independentemen- te das circunstâncias. Nunca poderemos ser separados do Seu grande amor (Rm 8:38,39). Talvez você tenha sofrido por causa do seu compro- misso com Cristo, mas ouça as palavras encorajadoras de Pedro: “... alegrai-vos pelo fato de serdes participan- tes dos sofrimentos de Cristo, para que, quando a Sua glória for revelada, possais também vos alegrar com uma alegria excessivamente grande. Se sois vitupera- dos pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, pois o Espírito de glória e de Deus repousa sobre vós” (1 Pe 4:13,14). F. A Disciplina de Deus nos Molda É importante lembrar que José não havia feito nada que trouxesse adversidades à sua vida. A Bíblia não nos diz que José se rebelou ou pecou contra Deus. Às vezes, nosso próprio egoísmo ou pecado pode trazer tribulações ou dificuldades para nossa vida. Isso NÃO é a mesma coisa que sofrermos em Cristo. Não haverá nenhum galardão para o tipo de sofrimento que trazemos sobre nós mesmos através de escolhas ou ações pecaminosas. Quando Miriã falou contra Moisés e foi acometida de lepra, aquele não foi um caso de sofrimento por Deus (Nm 12). Quando Jonas passou alguns dias na barriga de um grande peixe, aquilo foi devido à sua própria rebeldia (Jn 1). Quando Ananias e Safira foram mortos, aquilo foi um resultado direto das suas ações enganosas (At 5:1-11). Se formos impetuosos ou desobedientes, ouse tentar- mos nos apossar de posições ou de poder, para os quais Deus não nos chamou, sofreremos por causa das nossas próprias ações. Se nossas concupiscências ou paixões pas- sam por cima do nosso bom senso, ou se tentarmos exaltar a nossa vontade própria acima da verdade das Escrituras, talvez nos encontremos em apuros terríveis. As Escrituras nos admoestam a sermos cuidadosos, para que não soframos pelas nossas próprias transgres- sões: “Que nenhum de vós sofra como homicida, la- drão, malfeitor, ou como o que se entremete em negó- cios alheios” (1 Pe 4:15). Contudo, até mesmo quando pecamos voluntariamente contra Deus, nem tudo está perdido. Deus ainda pode nos libertar quando nos arrependemos com sinceridade [re- nunciamos aos nossos pecados e nos afastamos deles]. Nossos fracassos podem trazer sofrimentos desnecessá- rios sobre nossa própria vida ou sobre as pessoas que es- tão perto de nós. Deus, no entanto, pode usar até mesmo os piores fracassos de nossa vida para ajudar a nos moldar e nos transformar. Sua correção e disciplina, e nossa res- posta a elas, também nos moldam (Dt 8:5; Pv 3:12; Hb 12:7,8). Deus pode redimir e usar até mesmo os nossos fracas- sos. Ele é digno de todo louvor, pelo Seu grande perdão e graça redentora! G. Como Devemos Responder às Tribulações? As tribulações vêm a todos nós. Jesus disse: “No mun- do tereis tribulações...” (Jo 16:33.) O significado da pa- lavra “tribulação” inclui o seguinte: “pressão, opressão, tensão, angústia, compressão, adversidade, aflição, sofri- mento”. Ela representa o que é livre e desacorrentado, sendo colocado sob muita pressão. Somos livres em Cristo. Este mundo, no entanto, traz as pressões das tribulações e provações. Como podemos ser bem-sucedidos através das tribulações e crescer com elas? Eis aqui algumas diretrizes. 1. Ore! A oração é essencial para sermos perseverantes e bem-sucedidos nas tribulações. Precisamos estar em ora- ção continuamente, pedindo que Deus nos dê força, graça, e sabedoria. Precisamos pedir que Ele santifique as tribu- lações para nós, usando-as para a Sua glória e para o nos- so bem. Precisamos sondar nosso coração e permitir que Deus nos purifique das impurezas. Precisamos renunciar ao nosso orgulho e esforços próprios, clamando a Deus em humildade e pedindo a Sua ajuda e poder. 16 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 Precisamos ter um coração que crê. Precisamos crer que Deus tem um propósito nas tribulações e que Ele suprirá tudo de que precisamos para sermos perseve- rantes. Ele nos dará sabedoria quando Lhe pedirmos (leia Tiago 1:2-8), para que saibamos o que fazer em resposta às tribulações. Deus CERTAMENTE Se en- contrará conosco, nos ensinará, nos consolará e nos aju- dará. a. Ore no Espírito As tribulações podem ser algo desanimador ou até mesmo esmagador. Às vezes nem mesmo conseguimos encontrar as palavras para orarmos. É nessas ocasiões que podemos – e devemos – orar no Espírito. Ao fazer- mos isso, o Espírito Santo nos ajuda, orando de acordo com a vontade de Deus (Rm 8:26,27). A oração no Espíri- to também é uma maneira poderosa e eficaz de se edificar a nossa fé (Jd 20). Algumas vezes as tribulações podem ser ataques dire- tos de Satanás ou de demônios. Nesses casos, precisamos nos submeter a Deus e resistir ao Diabo (Tg 4:7), e contender com orações e súplicas (Ef 6:10-18). b. Ore com Jejuns O jejum nos ajuda a aquietar nossos impulsos carnais e a nos tornar mais sensíveis à voz do Espírito Santo. Quan- do você estiver jejuando, não deixe de orar freqüentemen- te. Da mesma forma, tome tempo para silenciosamente esperar em Deus. Permita que Ele ministre a você e fale ao seu coração. 2. “Tende Grande Gozo!” Paulo e Silas haviam acabado de ser severamente sur- rados e lançados na prisão por terem pregado o Evange- lho. Contudo, naquela mesma noite eles estavam orando e cantando hinos ao Senhor (At 16:22-25). O Senhor, em Sua fidelidade, havia colocado em seus corações “cânticos de livramento” (Sl 32:7). Enquanto cantavam, um terremoto os libertou, juntamente com to- dos os outros prisioneiros. Até mesmo o carcereiro se con- verteu. Uma forte igreja foi estabelecida em Filipos como resultado disso. Como Paulo pôde cantar durante uma tri- bulação como aquela? Porque Paulo era humilde e rendia- se a Deus. Ele tinha a confiança de que Deus estava a cargo de sua vida. Paulo reconhecia a mão de Deus ope- rando em todas as tribulações e desafios. Que fé e graça que Deus nos dá! Deus é sempre digno do nosso louvor. Enquanto O adoramos, nossos olhos se levantam e nosso espírito se eleva. A esperança e a alegria de Deus enchem nosso coração, fortalecendo-nos para as tribulações. Nós podemos ter alegria e ações de graça no meio das tribulações (Jo 16:33; Tg 1:2). Sabemos que Deus as usa- rá para o nosso bem e para a Sua glória (Hb 12:3-11). Podemos até mesmo triunfar sobre as tribulações se voltarmos nosso coração a Deus num humilde louvor: “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cris- to” (2 Co 2:14). 3. Não Fuja Quando você estiver sendo severamente provado, tal- vez queira fugir de Deus, do ministério ou da própria situ- ação. Isso é um erro grave! (Obviamente, presumindo-se que você esteja enfrentando tribulações pelo fato de estar obedecendo ao chamado de Cristo!). Talvez você diga em seu coração: “Deus, se Tu não fizeres algo com relação a isso, eu vou embora!” Uma oração muito melhor, no entanto, seria: “Deus, até que Tu me liberes ou me envies a uma outra tarefa, vou ficar exa- tamente onde estou. Ajuda-me a perseverar, a ser fiel ao Teu chamado!” Somente quando for provado que você foi fiel numa dada situação é que você estará preparado para uma tarefa maior (Lc 16:10; 19:17). Geralmente Deus não nos orienta a deixarmos uma tarefa, a menos que Ele es- teja claramente nos direcionando à nossa próxima tarefa. Se formos adiante prematuramente, provavelmente per- deremos o propósito que Deus tinha para nós. Ou Deus talvez tenha que intervir a fim de chamar nossa atenção. (Leia os dois primeiros capítulos de Jonas, por exemplo.) 4. Obedeça a TUDO que Deus lhe Disser Nas tribulações é importante que ouçamos a Deus – e aí então que Lhe obedeçamos! O caminho de Deus para moldá-lo é singular. Você não pode imitar o que vê os ou- tros fazendo. Você precisa descobrir o que Deus quer que você faça. É necessário que em seu coração você esteja submis- so a Deus. Precisamos permitir que a tribulação seja usa- da por Deus para realizar o seu propósito (Tg 1:2-4). Se precisarmos de sabedoria podemos pedi-la a Deus. Ele deseja nos dar sabedoria com liberalidade (Tg 1:5). A obediência requer muita oração; talvez arrependi- mento, uma busca nas Escrituras – e uma espera, espera, espera no Senhor! Seja rápido em responder a Deus e em obedecer-Lhe. 5. Mantenha seu Coração em Retidão Somente você pode escolher a sua resposta a uma tri- bulação. Você pode permitir que seu coração fique irado, temeroso ou amargurado. Ou você pode escolher receber o perdão, a paz, a graça e a força de Deus. Essas nem sempre são escolhas fáceis de fazermos. A nossa angústia ou decepção pode ser grande. Os ataques contra nós po- dem ser muitos. Talvez temamos colocar toda a nossa con- fiança em Deus. Pode levar algum tempo para conquistar- mos os obstáculos ou desafios à nossa fé que surgem du- rante as tribulações. Precisamos continuar achegando-nos a Deus com as nossas ansiedades, temores e preocupações. Podemos ser honestos com Ele, pois Ele já conhece nosso coração. Pre- cisamos entregar as nossas preocupações a Ele, pedindo a Sua ajuda e graça. Somente nós podemos decidir continuar recorrendo a Ele e escolhendo os Seus caminhos – pois somente Ele pode nos tornar líderes eficazes em Seu Reino. Na Segun- da Parte, estudaremos mais detalhadamente algumas das maneiras pelas quais Deus realiza isso. nnnnn VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 17 “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, servindo como supervisores, não por compulsão, mas voluntariamente; não para ganhos desonestos, mas debom ânimo; não como senhores sobre aqueles que vos foram confiados, mas sendo exemplos ao rebanho; e quando o Sumo-Pastor aparecer, recebereis a incor- ruptível coroa de glória.” (1 Pe 5:2-4.) Nessa eloqüente passagem, a Bíblia descreve princípios eternos de uma liderança bíblica santa. Mas como pode- mos colocar em prática estes princípios da forma mais efi- caz possível? Como sempre, as próprias Escrituras nos fornecem instruções claras, específicas e práticas. Êxodo 18:13-22 ressalta alguns problemas comuns na liderança e oferece soluções altamente eficazes e que hon- ram a Deus. Dependendo de Deus Quando Moisés começou a liderar e tirar o povo do Egito, não demorou muito tempo até que ele caísse numa armadilha de liderança comum: ele tentou ser o único líder de um grupo de pessoas. Moisés talvez tenha presumido que, uma vez que Deus o havia chamado para fazer uma tarefa, então ele deveria cumprir essa tarefa sozinho. Felizmente para Moisés e os filhos de Israel, Deus en- viou um servo sábio – Jetro, o sogro de Moisés – para aconselhá-lo. Jetro reconheceu os problemas que estavam sendo criados pelo estilo de liderança independente de Moisés. Quando Moisés começou a enfrentar desafios em seu chamado, Deus usou Jetro para sabiamente instruir Moisés com relação à maneira pela qual os problemas poderiam ser solucionados. Leiamos agora algumas passagens bíblicas que contam essa história: “E aconteceu que, ao outro dia, Moisés assentou- se para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até à tarde. Vendo pois o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: ‘Que é isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até à tarde?’ ... Então o sogro de Moisés lhe disse: ‘Não é bom o que fazes. Totalmente desfalecerás, assim tu e o povo que está contigo, porque este negócio é muito difícil para ti; tu só não o podes fazê-lo... Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo... Procura dentre o povo homens capazes... pois eles carregarão o fardo contigo’.” (Êx 18:13-22.) Jetro salientou uma falha grave na liderança de Moisés: ele estava tentando fazer a obra que Deus o havia chama- do a realizar por si só, sem a ajuda de outros. O líder que é pego na armadilha de ser um líder independente se limi- tará e nunca cumprirá o seu propósito completo como líder de igreja. Jetro deu a Moisés um conselho sábio sobre como so- lucionar os desafios de liderança que ele estava enfren- tando. Jetro entregou o seu conselho a Moisés e sabia- mente o dirigiu a Deus para uma confirmação do seu con- selho (Êx 18:23). Moisés foi humilde e sábio por receber e agir em obediência ao conselho de Jetro (Êx 18:24). Eles tinham um bom relacionamento, um relacionamento de confiança e respeito mútuo (Êx 4:18; 18:7). Segunda Parte: O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança Frank e Wendy Parrish 18 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 Vamos estudar agora as instruções de Jetro mais detalhadamente: I. CINCO INSTRUÇÕES DADAS A MOISÉS A. Fique Diante de Deus Pelo Povo (Êx 18:19) “Fique diante de Deus pelo povo, para que você possa trazer as dificuldades a Deus.” (Êx 18:19.) Moisés estava passando a maior parte do seu tempo “as- sentado diante do povo” (Êx 18:13-16), tentando resolver os problemas deles. Isso representa uma tentação que to- dos os líderes enfrentam. É lisonjeador quando as pessoas o respeitam como líder e pedem a sua ajuda. Talvez você te- nha algum entendimento da Palavra e dos caminhos de Deus. Assim sendo, as pessoas querem a sua opinião ou conselho. Isso é aceitável, mas somente de uma forma limitada. Isso NÃO é aceitável quando você, como líder, se encontra sentindo-se responsável – até mesmo obri- gado – a resolver os problemas de todos. Esse erro grave pode fazer com que as pessoas dependam de você, em vez de amadurecerem e aprenderem a ir a Deus por si próprias. Moisés estava se- guindo o costume oriental dos governantes, os quais se assentavam nos portões (lu- gares de autoridade) para administrarem justiça a seus vassalos. Moisés tinha boas intenções, mas ele nunca poderia suprir as exigênci- as nem resolver os proble- mas de milhões de pessoas sozinho. Jetro reconheceu que Moisés estava passando tempo demasiado tentando resolver os problemas das pessoas, e não passando tempo suficiente indo a Deus pelas pessoas. Ele disse a Moisés: “Não é bom o que fazes. Total- mente desfalecerás, as- sim tu e o povo que está contigo, porque este ne- gócio é muito difícil para ti; tu só não podes fazê- lo” (Êx 18:17,18). Jetro ofereceu várias soluções para aquele desa- fio. Contudo, elas exigiam que Moisés mudasse a maneira pela qual ele estava pas- sando o seu tempo. Jetro primeiramente instruiu a Moisés a “ficar diante de Deus pelo povo” (Êx 18:19). Moisés não precisava ouvir e resolver os problemas de todos. A responsabilidade primordial de Moisés era orar pelo povo. Moisés deveria chegar perante Deus e colocar as dificuldades do povo diante do Senhor em oração. Ir a Deus primeiramente com as necessidades do povo: · aliviava Moisés do tremendo fardo de tentar resol- ver tantas necessidades (leia Salmos 37:5-7; 55:22; Provérbios 3:5,6; 16:3; 1 Pedro 5:7); · convidava Deus a mover-Se a favor do Seu povo e de suas necessidades; · proporcionava a Moisés o tempo para ouvir de Deus com relação ao que ele deveria fazer para conduzir o povo apropriadamente. A primeira responsabilidade do líder de igreja é orar pelas pessoas que Deus lhe dá (1 Sm 12:23; Rm 1:9; Cl 1:9). Depois, ele precisa tomar o tempo para ouvir o que Deus lhe disser para fazer – e aí então fazê-lo! Moisés aprendeu essa lição, e as suas intercessões pelo povo tornaram-se muito importantes (Êx 32:30-34). Discipulado, e Não Solução de Problemas No Velho Testamento, os líderes designados por Deus agiam como mediadores entre Deus e as pessoas, dizen- do-lhes o que o Senhor es- perava delas. O líder fica- va diante de Deus a favor do povo. Contudo, Jesus é o Me- diador final entre Deus e a humanidade (1 Tm 2:5,6). O Seu sacrifício e perdão pelos pecados da humani- dade possibilitam que todo indivíduo arrependido seja restaurado a Deus. Todo crente em Jesus Cristo pode ter agora um relacio- namento direto com Deus! Deus também forneceu à Igreja a Sua Palavra – a Bíblia – para que soubés- semos o que Deus espera de nós. Jesus também nos deu o Espírito Santo. Ago- ra todos os crentes em Je- sus Cristo podem e devem orar diretamente a Deus. Todos os crentes podem ser dirigidos por Deus, ou- vir respostas de Deus, e re- ceber poder do Espírito Santo para o serviço cris- tão. Contudo, pode levar um tempo para os novos crentes amadurecerem a ponto de poder receber o que necessi- tam de Deus por sí próprios. É por isso que Deus le- vanta e designa a liderança na Igreja (Ef 4:11-16). Os líderes precisam discipular os crentes jovens, equi- pando-os e ensinando-lhes nas Escrituras e nos cami- nhos do Senhor. Os crentes imaturos precisam de ajuda, para saberem como obedecer a Deus, caminhar com Ele, Equipando-os e ensinando-lhes. VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 19 e ser dirigidos por Ele. É necessário que você, na quali- dade de líder de igreja, fique diante de Deus e ore pela sua congregação. Você precisa orar por ela a fim de mi- nistrar-lhe eficientemente! Mas, você também tem de ensinar às pessoas como elas podem ir a Deus em ora- ção por si próprias, como ouvir a Sua voz, e como buscar em Sua Palavra as respostas que elas precisam receber d’Ele. É errado, como líder de igreja, achar que só você preci- sa ter todas as respostas e resolver todos os problemas para as pessoas. Se você agir assim, as necessidades das pessoas começarão a ocupar a maior parte do seu tempo. Esse grave erro pode rapidamente desequilibrar suas prio- ridades ministeriais – e levá-lo à comum armadilha de lide- rança do orgulho e da autoconfiança. B. Ensine ao Povo (Êx 18:20) Jetro, em seguida, deu a Moisés um outro ponto de instrução para o povo – “ensina-lhes!”Moisés era res- ponsável por dirigir uma grande multidão de pessoas. Aqueles indivíduos haviam sido escravos na cultura pe- caminosa do Egito por toda a sua vida. Eles eram pagãos e supersticiosos, ignorantes com relação a Deus e Seus caminhos. Ao saírem do Egito, aquelas pessoas trouxeram ídolos com elas (Ez 23:7,8). Elas caíram em idolatrias gravíssimas ao longo do caminho (Êx 32), de forma que Deus as julgou severamente. Deus é um Deus zeloso (Êx 20:5; 34:14; Tg 4:4,5) e Ele não tolera por muito tempo as afeições do Seu povo sendo direcionadas a ídolos inúteis ou a outros deu- ses. Devemos adorar e servir a Deus somente (Êx 20:2,3; 1 Sm 7:3). Deus disse aos israelitas como eles deveriam viver quan- do Ele lhes deu mandamentos para guiá-los (Êx 20:1-17). Contudo, o povo precisava de instruções adicionais que o ajudasse a aplicar aqueles mandamentos em sua vida diá- ria. Assim sendo, Moisés deveria “ensinar-lhes” (Êx 18:20), tantos os mandamentos, como também a maneira de caminhar em obediência a esses mandamentos. Essa mesma situação existe em muitos países e cultu- ras ainda hoje. Quando as pessoas são salvas e saem de uma cultura religiosa pagã, elas não sabem como viver de uma forma que seja obediente e agradável a Deus. Buscando a Verdade Através de Jetro, Deus deu a Moisés três áreas gené- ricas para o ensino, a fim de ajudar o povo a viver num fiel relacionamento de aliança com um Deus santo. 1. Ensine ao Povo os Estatutos e as Leis de Deus (Êx 18:20) Moisés já estava usando os estatutos e as leis de Deus para decretar decisões justas (Êx 18:16). Contudo, Moisés estava apenas resolvendo disputas e problemas individuais. Ele não havia reunido o povo para instruir a todos eles nos caminhos de Deus. O desejo de Deus é que o Seu povo O conheça. Eles também precisam conhecer as leis e princípios que Ele lhes deu através da Sua Palavra (Sl 119). Assim sendo, as pessoas precisam ser ensinadas com relação ao que se encontra na Palavra de Deus e como estudarem a Pala- vra de Deus por si próprias. Em Atos 17:11, o povo de Beréia, ao ouvir o Evangelho, “examinou cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Conseqüentemente, “muitos deles creram...” (At 17:12.) O povo de Beréia sabia como examinar a verdade e confirmá-la na Palavra de Deus. Isso era uma prote- ção para eles no sentido de não serem desviados por fal- sos ensinamentos. Quando o líder de igreja ensina ao seu rebanho a Palavra de Deus com precisão, ela o ajudará a proteger os membros da congregação contra enganos, fal- sas religiões e mentiras do Diabo. Ensino Bíblico: Prioridade Máxima Para Todo Líder de Igreja O líder de igreja diligente ensina ao seu rebanho os es- tatutos, leis e doutrinas encontrados na Palavra de Deus. O líder dedicado: · estuda a Palavra de Deus da melhor maneira possí- vel (2 Tm 2:15); · passa tempo orando e meditando na Palavra de Deus, permitindo que Deus lhe dê revelações e entendi- mento; · usa quaisquer ferramentas de pesquisa confiáveis que lhe estiverem disponíveis para ajudá-lo a estu- dar (tais como a Revista ATOS); · faz todo o possível para ter a certeza de que o seu rebanho seja instruído com a sabedoria e a verdade da Palavra de Deus (1 Tm 4:13,16). Deus valoriza muito o estudo e o ensino da Sua eterna e imutável Palavra. Ele até mesmo designou um dos cinco dons principais de treinamento ministerial como “mestre” (Ef 4:11). Deus instruiu que os presbíteros e líderes sábios, “que governam bem, sejam considerados dignos de uma duplicada honra, especialmente os que trabalham na Palavra e na doutrina” (1 Tm 5:17). É por isso que Deus faz um juízo mais severo sobre os que ensinam a Palavra de Deus (Tg 3:1). Ensinar a Palavra de Deus ao seu rebanho é a pri- oridade máxima do líder. Paulo ensinou a Timóteo a “persistir em ler, exortar e ensinar” e a “meditar nes- tas coisas, dedicando-se inteiramente a elas” (1 Tm 4:13,15; veja também 2 Timóteo 2:15). 2. Ensine ao Povo a Maneira de Caminhar (Êx 18:20) As pessoas precisam fazer mais do que simplesmente memorizarem estatutos e leis. Elas também precisam apren- der como aplicar as Escrituras na própria vida, vivendo em obediência a Deus, o Qual lhes deu esses estatutos e leis. Deus nos dá a Sua Palavra para nos ensinar quem Ele é e o que é exigido para andarmos em retidão diante d’Ele. Precisamos aprender como caminhar com Deus diaria- mente, amando-O, assim como Ele nos ama (Dt 6:5; 7:6- 9). O desejo de Deus – desde a época da Sua Criação original, desde a Sua aliança com Abraão, desde o envio 20 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 do Seu Filho por nós, e até mesmo agora – é o de ter um relacionamento pessoal e de amor com toda a huma- nidade (Gn 1:26-28; 12:1-3; Jo 3:16; 1 Tm 2:4). Uma Vida Agradável a Deus Moisés estava liderando um grupo pagão de ex-escra- vos, e eles não sabiam nada sobre Deus. Não sabiam o que significava amar a Deus, obedecer-Lhe, ou servir a Ele e a outros com a própria vida. Era preciso mostrar- lhes como caminhar nas leis de Deus e aplicá-las na vida prática diária. Esse tipo de discipulado realiza várias coi- sas importantes: · À medida que as pessoas vivem em caminhos que agradam a Deus, a obediência delas as ajuda a se aproximarem do Senhor. Deus, por outro lado, Se aproxima delas e Se agra- da de suas ações (veja Tiago 4:8). · À medida que as pesso- as aprendem a viver pe- los princípios da Palavra de Deus, elas são poupa- das do pecado e da de- sobediência. Elas não participam mais de com- portamentos que sejam destrutivos para elas ou para outros. A vida des- sas pessoas melhoram e elas ficam mais sábias. Elas não precisam con- versar com um líder com relação a todas as peque- nas disputas ou questões que surgem. · À medida que as pessoas começam a ser pratican- tes da Palavra e não so- mente ouvintes (Tg 1:22), elas vivem uma vida mais frutífera. Elas começam a se alinhar com o propósi- to de Deus para elas e para a Sua Igreja. Elas aprendem a evangelizar, ministrar e a servir outros, através de atos de mise- ricórdia e de bondade. Como Ensinar a Palavra de Deus Há dois aspectos com relação ao ensino apropriado da Palavra de Deus: · O primeiro deles é ensinar exatamente o que se en- contra na Palavra de Deus. · O segundo é ajudar as pessoas a compreenderem como a Palavra de Deus deve ser aplicada na vida diária. Vamos examinar agora um exemplo de como isso pode ser feito. Uma Amostra de um Ensino Bíblico Mateus 5:48 diz: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos Céus”. À primeira vista, esse versículo citado por Jesus parece impossível de se cumprir, e, portanto, pode parecer condenatório. Deus sabe que nós, como seres humanos, não somos capazes de uma impecabilidade absolutamente per- feita nesta vida. O que significa então a palavra “perfeitos” neste versículo bíblico? A palavra grega original traduzida por “perfeitos” neste texto é a palavra “teleios”. Essa palavra significa “ter sido com- pletado ou totalmente amadu- recido”, como uma pessoa to- talmente adulta em comparação com uma criança. No entanto, ela também tem um significado derivado da sua raiz “telos”, que significa “um fim, propósito, alvo, ou objetivo”. O ideal grego com relação a perfeição também en- volvia a função, ou a maneira pela qual alguma coisa poderia ser útil. É como uma ferramen- ta que se encaixa perfeitamen- te em nossas mãos e é perfei- tamente útil para cumprir o pro- pósito para o qual ela foi plane- jada. Assim sendo, podemos en- tender que Mateus 5:48 signifi- ca que devemos nos esforçar em direção ao objetivo de sermos plenamente maduros em Cristo e úteis nas mãos de Deus para cumprirmos o propósito para o qual Ele nos criou. O nosso Pai Celestial é to- talmente completo. Vemos em outras referências bíblicas que Deus tem o compromisso de nos ajudar a sermos mais completos – mais semelhantes a Cristo – e de nos ajudar a cumprir o nosso propósito n’Ele (Hb 12:3-11; Fp 1:6; 2 Co 3:8; Rm 8:27-30). Para mais revelações com relação a Mateus 5:48, po- demos examinar os outros
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