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CALVINISMO x ARMINIANISMO_ A SO - Jeverson Nascimento

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Prévia do material em texto

JEVERSON NASCIMENTO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CALVINISMO x ARMINIANISMO: A SOTERIOLOGIA SOB
PRINCÍPIOS DIVERGENTES
 
 
 
 
 
2018
 
DEDICATÓRIA
Dedico este Tema Deus - Autor da Salvação - e à minha família pelo
incentivo, amor, carinho e dedicação constantes. Que Deus abençoe a todos!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter-me presenteado com a vida e
me permitido vivenciar esse momento.
Também agradeço aos meus familiares por todo amor e ensinamentos,
aos meus amigos por toda palavra de incentivo e dedicação. Muito Obrigado!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO
O presente trabalho intitulado “Calvinismo x Arminianismo: a
Soteriologia sob Princípios Divergentes” tem o objetivo de apresentar
reflexões sobre a soteriologia calvinista (defendida pelo Calvinismo), e a
soteriologia arminiana (sob o ponto de vista do Arminianismo),
conceituando-as, abordando as principais doutrinas que embasam essas linhas
teológicas, suas divergências e reflexões sobre as mesmas. Por soteriologia,
entende-se como o estudo teológico que trata da salvação humana. As
principais doutrinas do Calvinismo são: Depravação Total, Eleição
Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos
Santos. As principais doutrinas do Arminianismo são: Livre-Arbítrio,
Predestinação Condicional, Expiação Universal, A Graça pode ser impedida e
Decair da Graça. Os princípios divergentes entre estas duas linhas teológicas
circulam entre essas principais doutrinas apresentadas e na conceituação de
cada uma delas. Conclui-se que, tanto o Calvinismo quanto o Arminianismo,
constituem sistemas teológicos importantes, com fundamentação em textos
bíblicos, que buscam explicar a relação entre a soberania de Deus e a
responsabilidade humana em relação à salvação.
 
Palavras-chaves: Calvinismo. Arminianismo. Soteriologia. Princípios.
Divergências.
 
 
 
 
ABSTRACT
The present work entitled "Calvinism vs. Arminianism: Soteriology
under Divergent Principles" has the objective of presenting reflections on
Calvinist soteriology (defended by Calvinism) and Arminian soteriology
(from the point of view of Arminianism), conceptualizing them, approaching
the main doctrines that underlie these theological lines, their divergences and
reflections on them. By soteriology, it is understood as the theological study
that deals with human salvation. The main doctrines of Calvinism are: Total
Depravity, Unconditional Election, Limited Atonement, Irresistible Grace
and Perseverance of the Saints. The main doctrines of Arminianism are: Free
Will, Conditional Predestination, Universal Atonement, Grace can be
prevented and Decayed from Grace. The divergent principles between these
two theological lines circulate between these principal doctrines presented
and in the conceptualization of each one of them. It is concluded that both
Calvinism and Arminianism constitute important theological systems with a
foundation in biblical texts that seek to explain the relationship between
God's sovereignty and human responsibility for salvation.
 
Key-words: Calvinism. Arminianism. Soteriology. Principles. Divergences.
 
 
 
 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – A Soteriologia Calvinista e Arminiana 11
1.1 A Doutrina Calvinista e a Doutrina Arminiana 17
A) Os Filhos de Deus são Predestinados para a Salvação 18
B) Diferença entre Calvino e Calvinismo 21
C) O Calvinismo frente ao Cristianismo 24
1.2 A Rendição e a Justificação 26
CAPÍTULO II – Calvinismo x Arminianismo: pontos divergentes 29
CAPÍTULO III – O Arrebatamento e as Bodas do Cordeiro 38
CAPÍTULO IV – O Armagedom, o Julgamento Final e a Morte do
Diabo 43
4.1 Apocalipse Cap. 20 - A Morte do diabo 46
CONCLUSÃO 56
BIBLIOGRAFIA 59
 
INTRODUÇÃO
 
De acordo com Berkhof (1992), nos dias atuais, cada religião oferece
um tipo diferente de salvação e possui sua própria soteriologia. Algumas
enfatizam o relacionamento do homem em unidade com Deus, outras o
aprimoramento do conhecimento humano como forma de se obter a salvação.
O Calvinismo apresenta as doutrinas da Depravação Total, Eleição
Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos
Santos.
Já o Arminianismo contempla doutrinas opostas: Livre-Arbítrio,
Predestinação Condicional, Expiação Universal, A Graça pode ser impedida e
Decair da Graça. Diante disso, como apresentar reflexões sobre a soteriologia
calvinista e a soteriologia arminiana?[1]
O Calvinismo leva este nome por causa do seu precursor John
Calvino, e suas principais doutrinas são Depravação Total, Eleição
Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos
Santos.
Já o Arminianismo foi o nome dado à linha teológica e doutrinária
advinda dos seguidores de Jacob Arminius, cuja principais doutrinas são:
Livre-Arbítrio, Predestinação Condicional, Expiação Universal, A Graça
pode ser impedida e Decair da Graça.
Neste capítulo será apresentada a contextualização do “Calvinismo x
Arminianismo: a Soteriologia sob Princípios Divergentes”, a
problematização, bem como a definição do problema da pesquisa, a
justificativa, o objetivo geral e os objetivos específicos.
Por soteriologia, compreende-se o estudo da salvação humana. A
palavra é formada a partir de dois termos gregos σωτήριος [Soterios], que
significa "salvação" e λόγος [logos], que significa "palavra", ou "princípio".
A palavra Soteriologia é composta de duas palavras de origem grega (sotero
= salvação, e logia = estudo, tratado).[2]
Assim sendo, Soteriologia é a parte da Teologia Sistemática que
estuda a doutrina da salvação e, nesse trabalho, constitui o tema central da
problemática da pesquisa ora apresentada, onde o problema constitui é uma
dificuldade, teórica e prática, no conhecimento de alguma coisa de real
importância, para a qual se deve encontrar uma solução. Diante disso, o
problema do presente estudo consiste em: como apresentar reflexões sobre a
soteriologia calvinista e a soteriologia arminiana?
A presente pesquisa suscita questionamentos acerca da doutrina da
Salvação, a qual tem grande lugar na teologia e na prática ministerial,
contudo não tem a devida evidência na atualidade e apresenta relevância
científica, sendo de suma grandeza para a comunidade acadêmica, pois
disponibiliza amplo material bibliográfico para pesquisa acerca das linhas
teológicas que estudam a soteriologia.
O presente estudo também se refere à rendição, à justificação, às
diferenças entre o inferno e o lago de fogo, ao arrebatamento, às Bodas do
Cordeiro, ao Armagedom, ao Julgamento Final e à morte do diabo.
Tratando-se de sua importância social, o mesmo visa abordar
reflexões importantes, pois atualmente há um descrédito atual pelo conceito
correto da salvação tem causado grandes problemas para a Igreja, a qual tem
centralizado suas atividades evangelísticas em entretenimento, sociabilidade,
projetos sociais, contextualização, enquanto se esquece do primordial: “A
salvação é pela Graça”. [3]
O objetivo geral desta pesquisa é apresentar reflexões sobre a
soteriologia calvinista (defendida pelo Calvinismo), e a soteriologia
arminiana (sob o ponto de vista do Arminianismo), conceituando-as,
abordando as principais doutrinas que embasam essas linhas teológicas, suas
divergências e reflexões sobre as mesmas.
Constituem objetivos específicos:
1) conceituar a soteriologia calvinista e a soteriologia arminiana;
2) conhecer as principais doutrinas que embasam essas duas linhas
teológicas;
3) abordar suas divergências e reflexões sobre as mesmas.
Este estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica do tipo
qualitativa e permite afirmar que os cristãos buscam a salvação.
Frequentemente, ouve-se a frase: “Hoje eu apresentei o plano da salvação
para um homem hoje”. Dessa forma, torna-se evidente a existência de um
plano para a salvação, fazendo-se necessária uma reflexão mais aprofundada
sobre essa expressão.
Este estudo é de caráter bibliográfico e permite afirmar que os cristãosbuscam um plano de salvação. Dessa forma, torna-se evidente a existência do
mesmo, fazendo-se necessária uma reflexão mais aprofundada sobre essa
expressão e as demais abordagens que se fazem pertinentes.
O primeiro capítulo trata sobre Calvino, seu nascimento, sua história,
e seus principais discípulos, sobre Armínio, seu nascimento, sua história, e
seus principais discípulos, abordando a rendição e a justificação.
A posição calvinista, portanto, consiste na crença de diversas
denominações tradicionais, como os presbiterianos, anglicanos e
alguns batistas, por exemplo. João Calvino foi um dos expoentes da reforma
protestante que enfatizou a doutrina da predestinação, afirmando que o ser
humano só pode usufruir da salvação eterna dispensada pelos méritos de
Cristo se tiver sido predestinado para tal.
Já a posição arminiana acreditava que uma vez que Deus quer que
todos os homens sejam salvos, ele envia seu Santo Espírito para atrair todos
os homens a Cristo. Contudo, desde que o homem goza de vontade livre
absoluta, ele pode resistir à vontade de Deus em relação a sua própria vida.
Em outras palavras, a ordem arminiana sustenta que, primeiro, o
homem exerce sua própria vontade e só depois nasce de novo. Para Arminio,
o homem não pode continuar na salvação, a menos que continue a querer ser
salvo.
 
O segundo capítulo traz uma reflexão sobre as diferença doutrinárias
dessas duas linhas teológicas, fazendo apontamentos sobre as diferenças entre
o inferno e o lago de fogo.
No terceiro capítulo tem-se uma reflexão sobre as diferenças
doutrinárias e a compreensão do arrebatamento e as bodas do Cordeiro.
O quarto e último capítulo tratará da eleição, do livre arbítrio, do
Armagedom, do Julgamento Final e da morte do diabo.
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Calvinista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Presbiterianos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anglicanos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batistas
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I – A Soteriologia Calvinista e Arminiana
A expressão "Calvinismo" foi usada pela primeira vez em 1552,
numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo. O
calvinismo também é conhecido como Fé Reformada, Confissão Reformada
ou Teologia Reformada, se caracterizando tanto como movimento
religioso protestante, quanto como ideologia sociocultural com raízes
na Reforma Protestante iniciada por João Calvino, em Genebra.[4]
Calvinismo é o sistema teológico das Igrejas Reformadas, cuja
expressão doutrinária oficial é a Confissão de Fé de Westminster, redigida
por determinação do parlamento inglês. Os trabalhos tomaram cinco anos e
meio, participando ministros ou teólogos (alguns das universidades de
Oxford e Cambridge e delegados da Escócia).[5] 
João Calvino foi um teólogo francês que aderiu ao protestantismo
entre 1532 e 1536, tendo passado por Genebra, onde veio a ser considerado o
http://www.infoescola.com/cristianismo/protestantismo/
http://www.infoescola.com/historia/reforma-protestante/
http://www.infoescola.com/biografias/joao-calvino/
grande “reformador universal”. Participou do Conselho da Cidade, em
assuntos eclesiásticos, mesmo sem poder decidir, pois era estrangeiro, mas
onde exerceu grande influência a respeito de seu governo civil, ajudando a
elaborar leis, fundando a Academia de Genebra e tornando Genebra o
principal centro protestante da Europa.
Ajudou a estabelecer grandes reformas na Igreja na cidade, onde
trabalhou até a sua morte, em 27/05/1564, deixando um legado imenso e
muitas obras publicadas.
Do século XVI até os dias atuais hoje tem se espalhado por toda a
terra o cristianismo de orientação calvinista, com muitos seguidores de sua
teologia. Na Europa Ocidental, os calvinistas foram chamados de huguenotes
(França), presbiterianos (Escócia), puritanos (Inglaterra) e protestantes
(Holanda).
A Fé Reformada leva o nome de Calvinismo por ter sido Calvino o
seu principal expoente. Calvinismo é resultado de uma evolução
independente das ideias protestantes que nasceram sob a influência
de Martinho Lutero.
O calvinismo defende ideias e princípios morais rígidos, o trabalho e
a poupança como duas virtudes a serem valorizadas pelo verdadeiro cristão,
valorizando também o trabalho e a contenção dos lucros que atraíram vários
representantes da burguesia europeia.
O calvinismo serviu de ponto de partida e inspiração para que
o sistema capitalista se desenvolvesse, com ideias como a de trabalho árduo,
acúmulo de capitais, que impulsionaram o desenvolvimento dos negócios e
http://www.infoescola.com/biografias/martinho-lutero/
http://www.infoescola.com/historia/capitalismo/
empreendimentos, criando novas nações ricas.[6]
A posição calvinista, portanto, consiste na crença de diversas
denominações tradicionais, como os presbiterianos, anglicanos e
alguns batistas, por exemplo. João Calvino foi um dos expoentes da reforma
protestante que enfatizou a doutrina da predestinação, afirmando que o ser
humano só pode usufruir da salvação eterna dispensada pelos méritos de
Cristo se tiver sido predestinado para tal.
“... e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida
eterna”.[7]
Calvino ensinava que essa predestinação baseava-se exclusivamente
na livre graça de Deus, independente de qualquer ato ou fé previsto do
pecador que viesse a torná-lo agradável a Deus.
“Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido
predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo
o conselho da sua vontade”.[8]
Para Calvino, o pecado inabilitou completamente o homem e por isso
ele é totalmente incapaz de se aproximar de Deus sem o Espírito Santo o não
regenerar primeiro. E continuou: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me
enviou não o trouxer...”[9]
De acordo com Delfstra (1984), a teoria calvinista pode ser
representada pelo acrônimo TULIP conhecido como os Cinco Pontos do
Calvinismo, derivados do Sínodo de Dort, um sínodo local convocado em
1618-1619 na Holanda:
● Total Depravity – Depravação Total (o pecado atingiu o homem tão
https://pt.wikipedia.org/wiki/Calvinista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Presbiterianos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anglicanos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batistas
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADnodo_de_Dort
profundamente que o inabilitou de qualquer capacidade de dá
resposta positiva aos apelos do Evangelho);
● Unconditional Election – Eleição Incondicional (Deus, na sua graça
infinita, elegeu a Igreja para a salvação independente de qualquer ato
previsto);
● Limited Atonement – Expiação Limitada (Cristo morreu na cruz do
Calvário somente pelos eleitos, ou seja, somente aqueles que são
predestinados para a salvação é que serão eficazmente salvos);
● Irresistible Grace – Graça Irresistível (Todos os eleitos serão, no
devido tempo, atraídos pelo Espirito Santo a Cristo para alcançar a
salvação. Nenhum dos escolhidos de Deus deixará de receber a
salvação através de Cristo);
● Perseverance of the Saints – Perseverança dos Santos (todos os
eleitos perseverarão na fé até o final de sua jornada aqui neste
mundo, jamais cairão da graça de Deus que os sustenta).
Sendo assim, a predestinação refere-se ao eterno decreto de Deus,
pelo qual determinou em si mesmo o que ele quis que todo indivíduo do
gênero humano viesse a ser.
Porque eles não são criados todos com o mesmo destino. Para alguns
é preordenada a vida eterna, e para outros, a condenação eterna. Portanto,
sendo criada cada pessoa para um ou para outro destes fins, dizemos que é
predestinada para vida ou para morte.[10]
Delfstra conta que Jacó Armínio foi um teólogo holandês (1560 -
1609), nascido em Oudewater, Utrecht. Muito jovem tornou-se órfão de pai
(Hermann Jakobs), que deixou uma viúva com três filhos pequenos para
criar.
A sua mãe (Angélica), irmãos e parentes morreram durante o
massacre espanhol em Oudewater em 1575. O pastor Theodorus Aemilius
adotou Armínio e o enviou para ser instruído em Utrecht, após a sua morte,
coube ao professor Rudolph Snelliustrazê-lo a Marburgo e o qualificar para
estudar teologia na recém-fundada Universidade de Leiden (1576-1582).[11]
A sua formação teológica em Leiden, entre 1576 a 1582, incluiu os
professores Lambertus Danaeus, Johannes Drusius, Guillaume Feuguereius e
Johann Kolmann.
Kolmann ensinava que o hiper-calvinismo transformava Deus em um
tirano e homicida, sob a sua influência Armínio começou a elaborar uma
teologia que competiria com teologia reformada dominante de Calvino.
Em 1582, Armínio tornou-se aluno de Theodoro de Beza em Genebra.
O uso do método filosófico ramista o forçou a mudar-se para Basileia (1582-
1584), onde assistiu às aulas de J. J. Grynaeus. De volta a Genebra, Armínio
fez amizade com Johannes Uyttenbogaert, que viria a ser o seu principal
aliado nas futuras discussões teológicas.
Em 1588, ele foi chamado para ser pastor em Amsterdã, a partir de
então, Armínio ganhou reputação como um promissor teólogo, bem educado
em Marburgo, Leiden, Genebra, Basileia, Pádua e recomendado por Beza.
Em 16 de setembro de 1590 ele se casou com Lijsbet Reael, uma aristocrata
que lhe garantiu circular entre os comerciantes e líderes mais influentes da
cidade.
Em 1591, no entanto, ele se envolveu em uma disputa com um
imigrante flamengo chamado Petrus Plancius (1552-1622), onde foi
necessária a intervenção do consistório, pelos burgomestres de Amsterdã,
para manter a paz e abafar as divisões na população.[12]
A morte quase simultânea em 1602 de dois professores da
Universidade de Leinden abriu espaço para que Armínio fosse chamado para
ensinar teologia. Sua admissão trouxe um novo período de debates teológicos
e teve apoio político de Johannes Uyttenbogaert e Johan van Oldenbarvenelt.
Armínio faleceu em outubro de 1609, vítima de tuberculose.
Jacob Arminius, um teólogo holandês, discordando de Calvino,
passou a ensinar que o pecado não inabilitou o homem totalmente e sim que
ele ainda conservava a faculdade de por si mesmo, independente da ação
divina, de dá resposta ao evangelho de Cristo.
Arminius queria dizer que o homem colaborava com a sua salvação,
pois, ele tinha o livre-arbítrio de aceitar ou de rejeitar a obra redentora de
Cristo. Afirmava ainda que a salvação uma vez recebida poderia ser perdida
se o indivíduo não perseverasse na fé.[13]
Armínio acreditava que uma vez que Deus quer que todos os homens
sejam salvos, ele envia seu Santo Espírito para atrair todos os homens a
Cristo. Contudo, desde que o homem goza de vontade livre absoluta, ele pode
resistir à vontade de Deus em relação a sua própria vida.
Em outras palavras, a ordem arminiana sustenta que, primeiro, o
homem exerce sua própria vontade e só depois nasce de novo. Para Arminio,
o homem não pode continuar na salvação, a menos que continue a querer ser
salvo.[14]
Armínio ensinava que a vontade de Deus é que "todos" os homens
sejam salvos, porque Cristo morreu por todos os homens, baseado
principalmente no seguinte versículo: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna".[15]
Também ensinava que o fator decisivo para a determinação de quem
será salvo é a decisão humana. A ênfase no livre arbítrio tem levado a escola
católica e arminiana a negar as principais doutrinas soteriológicas, como por
exemplo, a justificação pela graça mediante a fé, ainda que os arminianos
façam isso de forma inconsciente.[16]
As raízes do arminianismo, dizem alguns teólogos, estão em Pelágio,
que pregava um tipo de auto salvação, negava que o homem é depravado, e
negava que Deus tem algum plano. Armínio dedicou-se com afinco ao estudo
das doutrinas calvinistas, a fim de combater mais eficazmente as idéias
pelagianas.
Entretanto, o calvinista Armínio surpreendentemente chegou à
conclusão de que o calvinismo estava errado, e passou a defender a posição
que vinha atacando. Simon Episcopius (1583-1643) é quem sistematizou o
arminianismo.[17]
Feinberg conta que, em 1610, após a morte de Arminius, quarenta e
quatro pregadores da igreja reformada da Holanda escreveram cinco artigos
contra a radicalidade da doutrina da predestinação: Deus destinou para a
bem-aventurança aqueles que crêem; Cristo morreu por todos; A fé salvadora
não advém da livre vontade humana, mas de Deus; Esta graça não é
irresistível; e Fica aberta a questão se os cristãos podem novamente decair.
Estes arminianos foram chamados de Remonstrantes. O armianismo pode ser
representado pelo acrônimo FACTS:
● Freed by Grace (to Believe) – Livre pela graça (sustenta que o
homem é dotado de vontade livre e que a graça é resistível);
● Atonement for All – Expiação para Todos (a morte de Cristo
oferece a Deus base para salvar a todos os homens, contudo, cada
homem deve exercer sua livre vontade para aceitar a Cristo);
● Conditional Election – Eleição Condicional (a eleição baseada no
pré-conhecimento de Deus em relação àquele que deve crer);
● Total Depravity – Depravação Total (O homem é tão depravado que
a graça divina é necessária para a fé ou para qualquer boa obra);
● Security in Christ – Segurança em Cristo (Cristo morreu por todos e
cada um dos homens, embora só os crentes sejam salvos).[18]
Em 1611, surgiram os "Contra-remonstrantes”, que eram seguidores
de Gomarus, e a questão extrapolou o âmbito eclesiástico e foi decidida na
esfera política.[19]
Em 1618 os remonstrantes (seguidores de Armínio) liderados por
Simão Episcópio entregou um escrito ao Sínodo de Dort. Os discípulos de
Armínio apresentaram uma representação (que ficou conhecida como
“Remonstrância”) ao Parlamento Holandês, para que os cinco pontos do
arminianismo fossem declarados como o novo padrão doutrinário daquele
país.
Para decidir a questão, foi convocado o Sínodo de Dort (reunião dos
principais teólogos do país que contou com a participação de oitenta e quatro
teólogos e treze delegados seculares). Dort vem de Dordrecht, cidade
holandesa local da reunião. O Sínodo de Dort ficou reunido por cerca de sete
meses, de 13 de novembro de 1618 a maio de 1619.[20]
Foram cento e cinquenta e quatro reuniões, nas quais os Cinco Pontos
do Arminianismo foram examinados e comparados com as Escrituras
Sagradas. Ao final, os teólogos concluíram que os Cinco Pontos do
Arminianismo são contrários ao ensino da Bíblia.
Então, o Sínodo de Dort formulou os cinco pontos do calvinismo:
total depravação do homem, eleição incondicional, expiação limitada, graça
irresistível e perseverança dos santos, concluindo que: Deus escolhe a partir
de um decreto eterno, Cristo morreu somente pelos eleitos, a graça é
irresistível e os santos perseverarão na fé.[21]
 
1.1 A Doutrina Calvinista e a Doutrina Arminiana
 
Segundo a doutrina calvinista, quando uma pessoa se arrepende, é
inteiramente pelo poder atrativo do Espírito Santo. Para os calvinistas, a
predestinação é o "decreto" de Deus, através do qual Ele decidiu quem seria
ou não salvo.[22]
Os pastores que seguem as teorias de João Calvino ensinam que
Cristo veio, não para morrer por todos, mas para aqueles que fazem parte da
Sua Igreja. Estes serão salvos porque foram predestinados para a salvação, a
qual pertence inteiramente à Deus. Isso significa que o homem nada tem a ver
com a sua salvação e Deus a concede para quem Ele quer.[23]
A doutrina calvinista afirma que se fosse verdade que Jesus veio para
morrer por todas as pessoas, então a humanidade estaria diante de um Deus
impotente, que foi capaz de criar todas as coisas, mas incapaz de salvar o
homem. Ele não salva a todos, porque Ele não veio para todos, mas só para
os seus. Há pessoas a quem Ele não amou porque não eram os seus.[24]
Em I João 3: 10-12 diz:
"... Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta, que nos
amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do maligno e assassinou
a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de
seu irmão, justas".[25]
 
A) Os Filhos de Deus são Predestinados para a Salvação
 
A doutrina de João Calvinoexplica que os "filhos de Deus" são os
predestinados para a salvação, enquanto que os "filhos do diabo" são
destinados à perdição.
Segundo os Calvinistas, Caim teria nascido destinado à perdição e por
isso matou Abel, seu irmão. Dizem ainda que de Caim descendem todos os
filhos da perdição: Faraó, Judas, Herodes, etc. Segundo essa teoria existe
atualmente duas sementes no mundo: a semente do bem (os predestinados
para a salvação) e a semente do mal (os destinados à perdição).[26]
Os calvinistas afirmam que Caim não tinha outra opção, porque ele já
estava destinado à perdição. Pregam que o homem não tem livre escolha, mas
isso não é verdade indiscutível, pois antes que Caim matasse a seu irmão,
Deus disse para Caim: Por que andas irado? e por que descaiu o teu
semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia,
procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas
a ti cumpre dominá-lo.[27]
Vê-se que Deus deu a Caim o direito de escolha: se ele procedesse
bem, seria aceito; se procedesse mal, seria rejeitado. Deus ainda disse: "o seu
desejo será contra ti, mas cumpre a ti dominá-lo". Isso quer dizer que a
decisão era dele. Cabia à Caim dominar o seu desejo e ter uma atitude que
não desagradasse a Deus e assim poderia ter sido salvo.[28]
Deus advertiu à Caim antes que assassinasse a seu irmão. Mas qual
foi a sua atitude? Logo em seguida, a Bíblia conta que Caim matou Abel. E
por causa dessa atitude dele, Deus afirmou:
"És, agora, pois, maldito por sobre a Terra".[29]
 Os calvinistas afirmam que ele matou o seu irmão porque não era de
Deus. Dizem que o pecado aconteceu porque Caim já era maldito, mas na
realidade Caim foi maldito porque pecou.
Primeiro veio o pecado, depois a maldição; a maldição veio por causa
do pecado, tal como aconteceu com Adão e Eva que foram expulsos do
Jardim do Éden e sofreram maldições, exatamente por causa do pecado. Se
ambos não tivessem caído, não teriam sido expulsos.[30]
No entender de Calvino, a doutrina central do cristianismo é a da
majestade de Deus. E a miséria humana precisa se defrontar com a majestade
divina. 
O fim último de toda a realidade é a autoglorificação de Deus.
Tanto a bem-aventurança dos redimidos, quanto o inferno para os
condenados têm em vista um só objetivo: a glória e a majestade de Deus, que
criou o bem como o mal, a fim de evidenciar sua honra divina.
Calvino desenvolveu a doutrina da predestinação em sua obra
Institutio Religionis Christianae, livro III, Capítulos XXI a XXIV. Calvino
desenvolveu a doutrina da predestinação no final do terceiro livro, antes de
abordar a cristologia.
Neste contexto, onde é abordada a vida cristã, o Reformador analisou
a predestinação como uma doutrina prática, que serve de base para a
cristologia.[31]
A predestinação é o decreto eterno de Deus, através do qual ele
determinou o que haveria de acontecer com cada ser humano.
O decreto da eleição é soberano e não depende de qualquer ação
humana realizada no passado, no presente e no futuro. É uma decisão livre e
independente de Deus. O decreto divino é mistério absoluto. [32]
Ser salvo ou condenado é um desígnio não considera nenhum mérito
humano. Deus decidiu rejeitar alguns, não lhes concedendo a oportunidade de
ouvir o Evangelho.
“Mas, caso venham a ouvir o Evangelho, seus corações estarão
endurecidos”. De um modo misterioso, a condenação dos rejeitados é justa e
contribui para a glória de Deus. Já que todos os acontecimentos têm como
objetivo único a glória de Deus, então seria Deus a causa do mal existente no
mundo?[33]
Com relação ao mal, Calvino apresenta três argumentações: o mal
natural é uma consequência da distorção da natureza; o mal é uma forma de
levar os eleitos a Deus; e o mal é uma forma de mostrar a santidade de Deus.
[34]
Deus criou homens maus para castigá-los e para salvar outros, apesar
de sua natureza perversa. Os atos perversos de Satanás e dos homens maus
estão determinados pelo desígnio de Deus.
A queda de Adão esteve inserida nos planos de Deus. Deus decreta a
predestinação através da liberdade finita do homem.[35]
Segundo Delfstra (1984), Calvino falou muito pouco a respeito do
amor de Deus. A predestinação torna a salvação independente de nossas
oscilações humanas e pessoais.
A fé na providência divina nos liberta da ansiedade e das
preocupações, e a certeza da salvação está fundamentada unicamente em
Cristo. Contudo, a pessoa pode possuir sinais da predestinação em sua vida:
1) A relação interior com Deus através da fé;
2) Uma vida abençoada, cujo padrão é o burguês industrial. Calvino
viveu numa época de catástrofes, epidemias e profundas mudanças sociais.
Em janeiro de 1552 a doutrina da predestinação passou a ser reconhecida
oficialmente como dogma em Genebra.
Mas nem todos os seguidores de Calvino levaram a doutrina ao
extremo. Zacharias Ursinus (1534 – 1583) viu na predestinação uma
experiência de salvação. Ninguém pode ser considerado um rejeitado, pois
até no leito da morte alguém ainda pode se converter a Deus.[36]
 
B) Diferença entre Calvino e Calvinismo
 
Há distinção entre Calvino e calvinismo. Sob aspectos teológicos, a
ortodoxia calvinista está mais próxima de Zuínglio do que de Calvino
propriamente, principalmente no que diz respeito à doutrina da predestinação.
[37]
A expressão calvinismo surgiu no século XVI, por ocasião de
controvérsia com os luteranos. Os calvinistas passaram então a se
autodenominar de reformados. E desenvolveram confissões de fé, como a
galicana, a helvética, a de Westminster e a de Heidelberg.[38]
A ortodoxia calvinista deu uma ênfase diferente à doutrina da
predestinação, inserindo-a na abordagem do conhecimento, da vontade e do
poder de Deus. Com este procedimento, passou-se a confundir predestinação
com predeterminismo. Tal ortodoxia também introduziu a lógica de
Aristóteles na elaboração teológica. 
Foi no âmbito da teologia reformada que ocorreram as maiores disputas em
torno da doutrina da predestinação.[39]
Jacob Arminius (1560 - 1609), natural de Amsterdam e professor em
Leiden, teve uma discussão com Franz Gomarus, onde Arminius declarou
que a sentença divina para a perdição não é bíblica.
Gomarus era o representante mais autêntico da ortodoxia, defensor do
supralapsarismo (o postulado de que o decreto divino foi estabelecido antes
da queda de Adão).[40]
O Sínodo enfatizou que o decreto divino não aconteceu antes da
queda de Adão (supralapsário), mas após a queda (infralapsário). O item que
trata da expiação limitada deixa claro que o Sínodo compreende que Cristo
morreu somente pelos eleitos, enquanto há tantos textos bíblicos afirmando
claramente que Cristo morreu por todos.[41]
“E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos
nossos, mas também pelos de todo o mundo”.[42]
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.[43]
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão,
viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela
vida do mundo”.[44]
“Se o seu irmão se entristece devido ao que você come, você já não
está agindo por amor. Por causa da sua comida, não destrua seu irmão, por
quem Cristo morreu”.[45]
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá
também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de
perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos
repentina perdição.
E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o
caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras
fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua
perdição não dormita.[46]
Acontece que a doutrina da expiação limitada foi formulada com
bases filosóficas. A base da argumentação não era a exegese bíblica, mas
Aristóteles. A doutrina foi baseada na dicotomia aristotélica entre o real e o
possível.
O raciocínio era este: se Cristo morreu por todos, mas nem todossão
salvos, então Cristo morreu em vão. Esta lógica levava a uma conclusão
inadmissível, já que Deus alcança os seus propósitos. O mesmo raciocínio se
aplicava ao amor de Deus.
Para não concluir que Deus ama em vão, preferiu-se concluir que
Deus não ama a todos; seu amor é arbitrário. E assim passou a vigorar um
conceito de Deus com base na lógica de Aristóteles: Deus é pura realização;
nele não há potencial não realizado.[47]
Mais uma vez o calvinismo se distanciou de Calvino, pois este sabia
suportar uma certa tensão em seu sistema teológico. Calvino tinha até aversão
à especulação e à dedução, características da lógica aristotélica.
Com a introdução da filosofia de Aristóteles na teologia, passou-se a
ver Deus como um ser impassível e inescrutável, e não como o Pai que se
revelou em Jesus Cristo. Esta nefasta consequência perdura entre muitos
cristãos até hoje.
A doutrina Arminiana, por sua vez, ensina que a vontade de Deus é
que "todos" os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos os
homens, fundamentada nos seguintes textos bíblicos:
"O qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao
conhecimento da verdade".[48]
"Pois a graça de Deus se manifestou trazendo salvação a todos os
homens".[49]
"E todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo".[50]
"Assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens,
para condenação, assim também por um só ato de justiça, veio a graça sobre
todos os homens para justificação e vida".[51]
"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tem por
tardia. Ele é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca,
senão que todos venham a arrepender-se".[52]
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".
[53]
Deus amou o mundo e deseja que todas as pessoas sejam salvas e
venham ao conhecimento da verdade. Portanto, Deus entregou Seu único
Filho para morrer pelos pecados do mundo todo de modo a proporcionar
perdão e salvação a todas as pessoas. Enquanto providenciou salvação para
todas as pessoas pela morte substitutiva e sacrificial de Cristo para todos, os
benefícios desta morte são recebidos pela graça mediante a fé e são eficazes
apenas aos que creem.[54]
A teologia arminiana ensina que o fator decisivo para a determinação
de quem será salvo é a decisão humana. A ênfase no livre arbítrio tem levado
a escola católica e arminiana a negar as principais doutrinas soteriológicas,
como por exemplo, a justificação pela graça mediante a fé, ainda que os
arminianos façam isso de forma inconsciente.[55]
 
C) O Calvinismo frente ao Cristianismo
 
Se o calvinismo fosse a interpretação correta da Bíblia, o cristianismo
seria, portanto, irrelevante. É difícil ver a utilidade (ou até a eficácia) do
evangelismo, dada a veracidade do calvinismo. Se o calvinismo fosse correto,
é difícil entender até mesmo o motivo da existência, relevância e função dos
apóstolos, da igreja e do cristianismo em si.[56]
Se uma pessoa é salva incondicionalmente, então não há necessidade
de pregar, de anunciar o evangelho, de ler a Bíblia. Se Deus não estivesse
interessado na vida humana, elegendo e condenando pessoas
independentemente das próprias pessoas, por que se daria ao trabalho de se
revelar e ordernar que a palavra seja pregada à toda criatura viva? [57].
Quando João diz: “está consumado”, ele quer dizer quer tudo está
pago e isto representa a salvação para o cristão. Tudo foi comprado no
calvário. Abrange cada fase de nossas necessidades e dura de eternidade a
eternidade. Inclui a libertação do pecado no presente e a apresentação contra
as invasões do pecado no futuro.[58]
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-
vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Ao único Deus sábio,
Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o
sempre. Amém.[59]
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.
Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de
maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a
bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador,
Jesus Cristo.[60]
Ao contrário do que muitos pensam, não foi João Calvino quem
escreveu “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. No entanto, a pergunta que se
faz é: se não foi Calvino, quem foi então? Estes cinco pontos foram
formulados pelo Sínodo de Dort.
Portanto, é incorreto afirmar que João Calvino é o autor destes cinco
pontos, porque na verdade, a afirmação correta é que estes “pontos” foram
fundamentados tão somente nas doutrinas ensinadas por ele.
Aliás, este sistema doutrinário, se assim podemos chamá-lo, foi
elaborado somente 54 anos após a morte do grande reformador que viveu de
1509 a 1564.[61]
 
1.2 A Rendição e a Justificação
 
A misericórdia de Deus permanece sobre aquele que aceita as
condições Divinas para a paz. A pessoa deve se render, se reconciliar com
Deus e permanecer Nele, pois é essa atitude que mostra se a pessoa entendeu
a misericórdia Divina.
Por sua vez, a graça de Deus tem custos, tanto para Deus como para
os humanos. No entanto, por meio dessa paz, é possível viver em comunhão
com Ele em um novo e vivo “Caminho”, que é Cristo.[62]
“O poder pertence a Deus”[63], contudo há uma condição sob a qual
esse poder é concedido a nós: rendição absoluta a ele.
“Nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado como
instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus como ressurretos dentre
os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça”.[64]
“Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de
Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna”.[65]
O grande segredo da benção e do poder está descrito nesses versos.
“Oferecei-vos [rendei-vos] a Deus” – o segredo inteiro está contido nessas
palavras. A palavra traduzida como oferecer na versão atualizada aparece
como apresentar em diversas outras. Significa colocar-se à disposição de
alguém.
“Coloque-se à disposição de Deus” é a ideia. Em outras palavras,
coloque-se em rendição absoluta a Deus, para ser propriedade dele, para que
ele faça com você o que ele quiser e o use como ele desejar.[66]
O conhecimento da verdade vem com a rendição da vontade.
“Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da
doutrina… Nada torna a visão espiritual tão clara quanto a rendição da
vontade a Deus. “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma”.[67]
Render-se à Deus desperta o homem para ver a luz que é ele próprio.
Isso o coloca de uma só vez em harmonia com toda a verdade, pois nada cega
a visão espiritual tanto quanto a vontade própria ou o pecado.[68]
“Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se,
porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas…”[69]
Portanto, há apenas uma maneira de encontrar plenitude de alegria:
por meio de uma vida rendida. Quando a vontade e a vida estiverem
completamente rendidas ao Deus do amor, a pessoa terá alegria em quaisquer
circunstâncias.
Na noite em que Jesus foi traído, ele disse aos seus discípulos:
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e
aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me
manifestarei a ele.[70]
A rendição do “eu” a Cristo traz Cristo ao homem. Isso implica em
guardar os seus mandamentos e receber a grande chave da vida cristã, o
Espírito Santo. Pedro relata: “… o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que
lhe obedecem”.[71]
Tratando-se da justificação, a mesma define-se como um ato judicial
de Deus, no qual ele declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas
as reivindicações da lei são satisfeitas com vistas ao pecador.
A justificação envolve o perdão de pecados e a restauração do
pecador ao favor divino. O pecador justificado recebe o perdão de pecados e
tem paz com Deus, segurança da salvação[72] e herança com os que sãosantificados.[73]
A justificação está claramente associada à expiação. Talvez a
demonstração mais clara da conexão entre expiação e justificação seja aquela
feita por Paulo em Romanos:
Cristo “…foi entregue por causa das nossas transgressões e
ressuscitou por causa da nossa justificação” [74].
Aqui, a morte e ressurreição de Cristo são vistas por Paulo em uma
unidade ininterrupta. Por esta razão, a morte expiatória de Cristo assegura
uma parte de nossa justificação, ou seja, aquela que diz respeito ao perdão,
enquanto sua ressurreição obtém para o outro elemento, o da justiça.
Cristo é a única base da justificação, sendo os homens, por si mesmos,
culpados diante de Deus. Todos pecaram em Adão. Como a expiação não
possui nenhuma outra base além de Cristo, o mesmo ocorre com nossa
justificação.
É por isso que os cristãos são justificados somente pela graça, pois é
pela justiça de outra pessoa (Jesus Cristo) que somos feitos justos diante de
Deus. Isso não é nossa obra própria, mas o dom de Deus, o resultado de tudo
o que Cristo fez em favor de seu povo.
Há dois elementos da obra de justificação, que são a remissão dos
pecados e a imputação da justiça de Cristo ao pecador: a remissão dos
pecados (baseada na obediência completa e absoluta de Cristo, isto é, em seu
perfeito cumprimento da lei), e a imputação da justiça de Cristo (envolvendo
o perdão de pecados).
A Bíblia diz que, pela fé, é possível obter “… remissão de pecados e
herança entre os que são santificados…”[75]
Através da imputação da justiça de Cristo, distinguem-se duas partes
referentes ao pecador: a adoção de filhos[76] e o direito à vida eterna.[77]
 
 
 
 
CAPÍTULO II – Calvinismo x Arminianismo: pontos divergentes
A doutrina calvinista e a doutrina arminiana apresentam diferenças
significativas. Delfstra (1984)[78] estabelece comparações entre os pontos
preponderantes de ambas as doutrinas:
 
a) Comparação do Ponto 1
 
O arminianismo diz que a vontade do homem é ‘livre’ para escolher,
ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende
da obra de sua fé.
O calvinismo responde que o homem não regenerado é absolutamente
escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria
vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus,
que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.
 
b) Comparação do Ponto 2
 
Arminius sustentava que a ‘eleição’ é condicional, enquanto os
reformadores sustentavam que ela é incondicional. Os arminianos acreditam
que Deus elegeu àqueles a quem ‘pré-conheceu’, sabendo que aceitariam a
salvação, de modo que o pré-conhecimento de Deus estava baseado na
condição estabelecida pelo homem.
Os calvinistas sustentam que o pré-conhecimento de Deus está
baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está
baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta
da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem
espiritualmente morto.
Dever-se-á notar ainda que a segunda posição de cada um destes
partidos (arminianos e calvinistas) é expressão natural de suas respectivas
doutrinas a respeito do homem.
Se o homem tem “vontade livre”, e não é escravo nem de Satanás
nem do pecado, então ele é capaz de criar a condição pela qual Deus pode
elegê-lo e salvá-lo. Contudo, se o homem não tem vontade livre sua única
esperança é que Deus o tenha elegido para a salvação.
A Eleição é doutrina fundamental no pensamento cristão sobre a
salvação. Nada se pode entender das obras de Deus se não se toma por
princípio que ele quis cegar a uns e esclarecer os outros. Diante desse fato
ninguém dentro da ortodoxia teológica desacredita nesta verdade.
Contudo, não se tem um conceito sólido sobre o assunto, pois dentro
da ortodoxia teológica encontram-se, basicamente, duas formas de Eleição: a
Eleição Incondicional (Calvinismo) e a Eleição Prevista (Arminianismo).[79]
Porém, ainda é possível observar fora da ortodoxia teológica versões
sobre a salvação, pois há quem pense que Deus escolheu todos os seres
humanos, de todos os lugares do mundo e de todas suas eras para a salvação
(Universalismo). Assim, é necessário compreender tais possibilidades para
que a verdade bíblica seja ressaltada.[80]
“A salvação tem o propósito de trazer glória eternamente a Deus, e,
essa glória na salvação, é por Jesus Cristo para todo o sempre. ao único Deus
sábio seja dada glória para todo o sempre, por meio de Jesus Cristo. Amém”.
[81]
“Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem
resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória
de Deus, na face de Jesus Cristo”.[82]
“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à sua
eterna glória, depois de havemos padecido um pouco, ele mesmo vos
aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça”.[83]
O livre arbítrio do homem é axioma cristão. Toda moral, sob a Lei ou
sob o Evangelho, o responsabiliza e o considera capaz de considerar motivos,
pesar alternativas, calcular necessários para os atingir.[84]
O significado universal de Jesus como o Cristo pode também ser
expresso no termo “salvação”. Ele mesmo é chamado Salvador, Mediador ou
Redentor. O termo salvação tem tantas conotações quantas são as
negatividades que necessitam de salvação.
Porém, pode-se distinguir salvação com relação à negatividade última
e com relação àquilo que conduz à negatividade última. Negatividade última
é chamada de condenação ou morte eterna, a exclusão da unidade universal
do Reino de Deus, a exclusão da vida eterna.[85]
Para os calvinistas, a predestinação é decreto de Deus, onde o fato de
que alguns que são chamados pelo evangelho obedecerem ao chamado e
serem convertidos não deve ser atribuído ao exercício próprio do livre-
arbítrio, mas deve ser totalmente atribuído a Deus que, assim como escolheu
os seus próprios desde a eternidade em Cristo, chama-os eficazmente no
tempo apropriado, confere-lhes a fé e o arrependimento, resgata-os do poder
da escuridão e transporta-os para o reino do seu próprio Filho; para que
possam proclamar os louvores daquele que os fez sair da escuridão para a sua
luz maravilhosa e possam gloriar-se não em si mesmos, mas no Senhor, de
acordo com o testemunho dos apóstolos em vários lugares.[86]
Algumas passagens bíblicas que mostram, segundo o Calvinismo, que
Deus tem um povo eleito:
“Eis que do Senhor teu Deus são o céu e o céu dos céus, a terra e tudo
o que nela há. Entretanto o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; e
escolheu a sua descendência depois deles, isto é, a vós, dentre todos os povos,
como hoje se vê”.[87]
“Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, o povo que ele
escolheu para sua herança”.[88]
“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece
plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão
o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.[89]
“Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”.[90]
“E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas
por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias” (ALMEIDA,
BÍBLIA SAGRADA, 1999, Mateus, 24: 22).
“E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam
a ele, já que é longânimo para com eles?”.[91]
“E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.[92]
“Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que
chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também
glorificou’.[93]
“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus
quem os justifica”.[94]
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de
coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade”.
[95]
“Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançarmosa
salvação por nosso Senhor Jesus Cristo”.[96]
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o
povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz”.[97]
“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque
é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com
ele, os chamados, e eleitos, e fiéis”.[98]
Deus fez a escolha: “Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por
vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio
para a santificação do espírito e a fé na verdade”.[99]
Segundo Tillich, a eleição não é a salvação, mas é para a salvação.
Assim como o presidente eleito não se torna o presidente de fato até o dia da
sua posse (instalação), assim aqueles que são eleitos para a salvação não são
salvos até que sejam regenerados pelo Espírito e justificados pela fé em
Cristo.[100]
Paulo mostra que os homens foram eleitos “em Cristo” antes que o
mundo existisse.
Tillich (1984), afirma que a eleição foi baseada na misericórdia
soberana e especial de Deus. Não foi a vontade do homem, mas a vontade de
Deus que determinou que pecadores seriam salvos da misericórdia e ser
salvos.
As Escrituras não apenas ensinam que Deus predestinou certos
indivíduos para a vida eterna, mas que todos os eventos, grandes ou
pequenos, acontecem como o resultado do eterno decreto de Deus.
O Senhor Deus reina sobre os céus e a terra com absoluto controle.
Nada acontece fora do Seu eterno propósito.[101]
A exposição agostiniana da graça, por exemplo, desemboca na
doutrina da eleição. Agostinho cria que aquilo que Deus faz na história do
homem pecador que é regenerado, é na verdade algo que o Senhor já havia
decretado na eternidade.
Sendo assim, a eleição só pode ser incondicional, pois se Deus
escolhesse o homem tendo por base o conhecimento que tais homens viessem
a crer em Cristo futuramente, Deus estaria apenas trabalhando em cima do
que o homem, através de sua livre ação, determinasse.
Já, acerca dos não eleitos, Agostinho considerava o decreto de Deus
como mera omissão. A reprovação é diferente da eleição no fato que aquela
não é seguida por nenhuma eficiência divina para garantir o resultado
intentado.
Calvino, ao ensinar a Doutrina da Eleição, nunca foi além do que as
Escrituras afirmam sobre tal assunto. A predestinação nem pode ser
considerada a doutrina central nos escritos de Calvino, embora ela seja de
suma importância em sua teologia. O Reformador de Genebra a ensinou com
zelo e reverência os decretos inescrutáveis do Senhor.[102]
 
c) Comparação do Ponto 3
 
Os arminianos insistem em que a expiação (e, por esta palavra, eles
significam ‘redenção’) é universal. Os calvinistas, por sua vez, insistem em
que a Redenção é parcial, isto é, a Expiação Limitada é feita por Cristo na
cruz.
Ainda segundo o arminianismo, Cristo morreu para salvar não um em
particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o
oferecimento de vida eterna.
Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que
têm volição negativa, isto é, os que não a querem aceitar, irão para o inferno.
Já para o calvinismo, Cristo morreu para salvar pessoas determinadas,
que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade.
Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos
aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando
forem lançados no inferno.
 
 
d) Comparação do Ponto 4
 
Os arminianos afirmam que, ainda que o Espírito Santo procure levar
todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e
deseja salvar a todos os homens).
Ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do
homem, o Espírito de Deus pode ser resistido pelo homem, se o homem
assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser
salvo, é evidente que Deus, pelo menos, ‘permite’ ao homem obstruir sua
santa vontade.
Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de
modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como Satanás
prometeu a Eva, no jardim do Éden.
Calvinistas respondem que a graça de Deus não pode ser obstruída,
visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com
isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco
rolo compressor.
A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda
que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da
vida, conhecido como regeneração.
É neste ponto que aparece outra grande diferença entre a teologia
arminiana e a teologia calvinista. Para os calvinistas, a ordem é: primeiro o
dom da vida, por parte de Deus; e, depois, a fé salvadora, por parte do
homem.
 
e) Comparação do Ponto 5
 
Os arminianos concluem, muito logicamente, que o homem, sendo
salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a
Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido
salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o.
Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder,
subsequentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a
teologia arminiana é uma “teologia de obras”, pelo menos no sentido e na
extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo.
Os calvinistas sustentam muito simplesmente que a salvação, desde
que é obra realizada inteiramente pelo Senhor (e que o homem nada tem a
fazer antes, absolutamente, “para ser salvo”), é óbvio que o “permanecer
salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito
possa praticar.
Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu
completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de
TULIP incluem a Perseverança dos Santos.
 
2.1 O Inferno e o Lago de Fogo
 
Segundo a Bíblia Sagrada, o inferno é o lugar de tormento criado para
punir satanás e destruir o pecado. Quem morre no pecado vai para o
inferno. Deus não quer que ninguém vá para o inferno, por isso enviou Seu
filho Jesus para morrer por todos e para salvá-los de seus pecados.
O homem peca, fica separado de Deus[103]. Isso causa a morte, tanto
física como espiritual. O inferno é o lugar de separação total de Deus. Como
tudo de bom vem de Deus, quem fica totalmente separado de Deus só vai ter
tristeza e tormento. É por isso que o inferno é um lugar tão ruim, sem
esperança.
Só vai para o inferno quem não quer estar com Deus. A escolha é de
cada um. Se alguém não quer mesmo passar a eternidade com Deus, então
não passará. Mas Deus já avisou como isso será, o sofrimento do inferno,
separado d'Ele. Deus não esconde a verdade do homem.[104]
Deus é carinhoso porque enviou Jesus para salvar o homem do
inferno e restaurar seu relacionamento com Ele.[105] Mas Deus não obriga
ninguém a ficar com Ele contra sua vontade.
Deus o ama e o deu liberdade para escolher O amar de volta ou não.
Se Ele não nos desse essa escolha, não seria amor a sério. Ele não quer que
ninguém vá para o inferno, mas Ele respeita a escolha de cada um.
O lago de fogo simboliza destruição eterna. É o mesmo que Geena,
mas não é o mesmo que inferno, que é a sepultura comum da humanidade. Os
cinco versículos da Bíblia que mencionam “o lago de fogo” indicam que não
se trata de um lago literal, mas de um símbolo.[106]
São lançados no lago de fogo:
● O Diabo[107];
● A morte[108];
● “A fera” e “o falso profeta”.[109]
A Bíblia diz que o lago de fogo “significa a segunda morte”.[110] O
primeiro tipo de morte mencionado na Bíblia é a que resultou do pecado de
Adão. Essa morte pode ser revertida pela ressurreição e será eliminada por
Deus no futuro.[111]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III – O Arrebatamento e as Bodas do Cordeiro
 
O arrebatamento da Igreja e a vinda do Senhor nos ares para os seus
santos ocorrerá antes que comece o período de sete anos da tribulação. Por
isso, a Igreja não passará pela Tribulação, segundoeste ponto de vista.
A promessa de ser guardada fora da hora da provação. Uma vez que
você guardou a minha ordem para perseverar, eu também guardarei você da
hora da tentação. Esta hora vira sobre o mundo inteiro, para colocar a prova
os habitantes da terra.[112]
A remoção do aspecto de habitação no ministério do Espírito Santo
exige necessariamente a remoção dos crentes. Não se deixem perturbar tão
facilmente! Nem se assustem, como se o Dia do Senhor estivesse para chegar
logo, mesmo que isso esteja sendo veiculado por alguma suposta inspiração,
palavra, ou carta atribuída a nós.[113]
A tribulação é um período de derramamento da ira de Deus, da qual a
Igreja já está isenta. Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá
subsistir? Falam também de como vocês esperam que Jesus venha do céu, o
filho de Deus, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. É ele que
nos liberta da ira futura. Pois Deus não nos destinou a sua ira, e sim para a
salvação através do nosso Senhor.[114]
O arrebatamento só pode ser iminente se for pré-tribulacional.
Portanto, não fiquemos dormindo como os outros. Estejamos acordados e
sóbrios.[115]
O arrebatamento ocorrerá depois de transcorridos três anos e meio do
período da tribulação. A última trombeta[116] é a sétima trombeta de
Apocalipse 11.15, que soa na metade da tribulação.
Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final.
Sim, a trombeta tocará e os mortos ressurgirão incorruptíveis; e nós seremos
transformados. O sétimo anjo tocou a trombeta. E vozes bem fortes
começaram a gritar no céu:
“A realeza do mundo passou agora para Nosso Senhor e para o seu
Cristo. E Cristo vai reinar para sempre”.[117]
Setenta semanas foram determinadas para o seu povo e sua Cidade
Santa, para fazer cessar a transgressão, selar o pecado, expiar o crime, para
trazer uma justiça perene, ate se realizarem a visão e a profecia e ser ungido o
lugar santíssimo.
Com muitos ele fará uma aliança que durara uma semana e, durante
meia semana fará cessar ofertas e sacrifícios. Colocará a nave do Templo o
ídolo abominável, até que chegue para o destruidor o fim decretado.
A Grande Tribulação é composta apenas dos últimos três anos e meio
da septuagésima semana da profecia de Daniel[118], e a promessa de libertação
da Igreja só se aplica a esse período.
Deixe de lado o pátio externo do templo; não precisa medi-lo; pois o
pátio foi entregue ao poder das nações; elas vão pisar a Cidade Santa durante
quarenta e dois meses. A mulher fugiu para o deserto. Deus lhe tinha
preparado ai um lugar onde fosse alimentada por mil duzentos e sessenta
dias.[119]
A ressurreição das duas testemunhas retrata o arrebatamento da igreja,
e sua ressurreição ocorre na metade da tribulação.
“Vou permitir que minhas duas testemunhas possam profetizar,
vestidas de pano de saco, durante mil duzentos e sessenta dias”. Após três
dias e meio, um sopro de vida veio de Deus e penetrou nos dois profetas e
eles ficaram de pé. Todos aqueles que os comtemplavam ficaram com muito
medo.[120]
Após galardoar seus servos fiéis, no seu Tribunal, Jesus conduzirá a
Igreja às mansões celestiais, onde será servida a grande Ceia do Senhor. Os
salvos de todos os lugares da Terra, em todos os tempos, ao longo da
História, estarão reunidos, sob os olhares dos milhões de anjos, querubins,
serafins e demais seres celestiais, participando da celebração do maior evento
do universo.
Muitos acreditam que o arrebatamento da igreja vai acontecer antes da
grande tribulação, deixando todos que não crêem na terra para
sofrerem. Também acreditam que alguns ainda poderão ser salvos depois do
arrebatamento.
Nesse caso, a segunda vinda de Jesus aconteceria em outra ocasião,
bastante tempo depois do arrebatamento. Ao contrário da segunda vinda de
Jesus, o arrebatamento aconteceria em segredo, deixando muitas pessoas
confusas.
Outras acreditam que os salvos serão arrebatados depois da grande
tribulação. Isso acontecerá na altura da segunda vinda de Jesus. Os mortos
ressuscitarão e os salvos que estão vivos serão arrebatados e Jesus trará
julgamento e justiça sobre a terra. O arrebatamento e a segunda vinda de
Jesus não acontecerão em fases distintas.
Em suma, podem ser feitas as seguintes considerações sobre o
arrebatamento:
a) Para os salvos é um dia de grande alegria! É o momento em que
Jesus vem buscar a Igreja, aqueles que esperam por Ele[121];
b) Jesus voltará do modo como o viram subir: nas nuvens[122];
c) A Palavra sempre cita A VOLTA e não as voltas. Então Ele voltará
uma vez somente;
d) Os anjos enviados por Deus levarão os salvos até Jesus[123];
e) Haverá o arrebatamento, a ressurreição dos mortos e também
alguns juízos de Deus;
f) Há um grande número de sinais que mostrarão a vinda de Jesus[124];
g) Quanto ao dia e hora ninguém sabe, mas é possível saber pelos
tempos e acontecimentos que ocorrerão. 
A geração que vir acontecer todos os sinais da volta de Jesus será
aquela em que Jesus virá, pois Ele disse:
“…não passará essa geração sem que tudo isso aconteça” [125];
h) É preciso se preparar, vigiar[126];
i) Os salvos receberão recompensas[127];
j) Se alguém for salvo instantes antes de morrer, receberá
recompensa. [128] “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento, perda
(de recompensa); mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”.
O ladrão que foi crucificado com Jesus se converteu instantes antes de
morrer e não fez obra alguma por Jesus, então não terá recompensa por obras,
mas está salvo.
Tratando-se das Bodas do Cordeiro, esse representa o encontro
glorioso, já nos céus, entre Cristo e sua Igreja amada: “Regozijemo-nos, e
alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e
já a sua esposa se aprontou”.[129]
Jesus previu esse acontecimento: “E eu vos destino o Reino, como
meu Pai mo destinou, para que comais e bebais à minha mesa no meu
Reino”.[130]
Na visão do Apocalipse, João teve o privilégio de registrar o anúncio
do grande acontecimento, que marcará para sempre a união entre Cristo e sua
Igreja.
Participarão, segundo as escrituras sagradas, todos os salvos em Jesus
Cristo. João viu a multidão incalculável de remidos por Cristo que estarão
com Ele nos céus.[131] A Noiva do Cordeiro (a Igreja) é composta dos cristãos
verdadeiros e dos crentes de todas as épocas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV – O Armagedom, o Julgamento Final e a Morte do Diabo
O Armagedom é o lugar onde as nações se reunirão nos tempos do
fim para lutar contra Deus. O nome Armagedom aparece apenas uma vez na
Bíblia, em Apocalipse.[132]
Armagedom poderá significar "monte de Megido". O Armagedom
ficou associado à batalha que vai acontecer. A Bíblia apenas diz que os
exércitos serão reunidos no Armagedom. Não sabemos se será também ali a
grande batalha. O Armagedom também está associado à destruição ou o fim
do mundo.
A Bíblia diz que nos últimos dias Deus derramará pragas e sofrimento
sobre a terra, para punir a maldade, mas as nações não se vão arrepender. A
besta vai reunir os povos para uma grande batalha, com a ajuda de três
demônios que fazem milagres.[133]
Os demônios juntarão os exércitos dos inimigos de Deus no lugar
chamado Armagedom. Depois, Jesus voltará para lutar contra seus inimigos.
Jesus derrotará todos os exércitos que se juntaram contra ele e estabelecerá
https://www.bibliaon.com/versiculo/apocalipse_16_16/
seu reino de paz.[134]
Não é possível ter certeza sobre quando acontecerá a batalha do
Armagedom. Apenas se sabe que será marcada pela segunda vinda de Jesus.
Antes da batalha surgirá a besta, ou o Anticristo, que unirá todos os inimigos
de Deus.
Deus é soberano. Ele tem autoridade absoluta sobre as hostes
celestiais e sobre a raça humana e sua história. Ele sustenta todas as coisas
com seu poder soberano. Ele é quem governa todas as nações: 
“Reina o SENHOR. Revestiu-se de majestade; de poder se revestiu o
SENHOR e se cingiu. Firmou o mundo, que não vacila.” [135]
 A sua vontade é soberana, ele faz tudo sem prestar contar a qualquercriatura:
“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.” [136] A criação
veio a existir através do poder absoluto de Deus: “Tudo quanto aprouve ao
SENHOR, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos.”[137]
Deus é soberano na salvação do homem perdido. Ele mesmo afirma:
“… Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e
compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão”.[138]
A salvação é obra exclusiva de Deus, é por sua graça e não por obras
que a alcançamos.[139] Deus também mostra soberania em seus juízos. Ele
pune os que são rebeldes à sua Palavra manifestando assim sua justiça
soberana e santa.
Quando Jesus voltar em companhia dos seus anjos e das almas dos
fiéis que já tiverem morrido[140], ele ressuscitará em glória os que já morreram
em Cristo e transformará os corpos dos que estiverem vivos.
Os corpos dos humanos serão os mesmos de antes, apenas com
qualidades diferentes; os salvos terão os seus corpos adaptados a bem-
aventurança eterna; os ímpios à condenação eterna. Isso se dará pelo poder de
Deus:
“Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu
poder.” [141]
Deus revelará o seu poder de forma cabal na execução do juízo final.
[142]
O Senhor é o juiz de todos, por isso todos comparecerão diante de
Cristo e cada um dará contas de si mesmo.[143]
Ninguém escapará desse juízo:
“Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as
mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?”[144]
O juízo será extremamente meticuloso e revelador.[145] Os eleitos
serão julgados não quanto a condenação – visto que não há condenação para
os que estão em Cristo, pois os seus pecados foram perdoados.[146]
Todos os anjos que se rebelaram contra Deus serão condenados
juntamente com seu chefe, Satanás. A sua condenação será apenas executada:
pois ele já foi julgado e condenado.[147]
O pecado trouxe consigo a necessidade da manifestação do juízo de
Deus. Adão e Eva desobedeceram a Deus, e tiveram a sua sentença de morte
decretada. Eles imediatamente morreram espiritualmente, ficando separados
de Deus, todavia a morte física veio também como consequência do pecado.
[148]
Desde então, o pecado sujeitou o homem ao juízo histórico e
eterno[149], por isso parte desse juízo já é manifestado nessa vida[150], mas não
totalmente; por isso, algumas vezes, vemos que o mal parece oprimir e
diminuir o bem.[151]
A Bíblia nos diz que na tarefa de julgar a todos os homens e os anjos
rebeldes, Cristo será auxiliado pelos anjos[152], e pelos eleitos glorificados. O
tipo de participação que teremos nesse juízo é difícil de saber. Seja qual for a
nossa atividade, o fato bíblico é que o juiz soberano compartilhará conosco,
de alguma forma, esta responsabilidade.
O juízo de Cristo será integro devido a sua própria natureza, nada
ficará oculto diante de seus olhos “Nada há oculto, que não haja de
manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado.”
[153]
O critério fundamental do julgamento do julgamento será a vontade
revelada de Deus, tendo como elemento principal a aceitação ou rejeição de
Cristo como Salvador pessoal.
Os homens que tendo ouvido a mensagem do evangelho, rejeitando de
maneira deliberada a Cristo, terão a sentença de condenação confirmada,
visto que rejeitar a Cristo implica em condenação ainda nesta vida.[154]
O juízo final será na realidade a execução do decreto de juízo que já
passou. Deus fará seu juízo por meio de Sua Palavra:
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que
qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e
espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos
do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo
contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a
quem temos de prestar contas.” [155]
 
4.1 Apocalipse Cap. 20 - A Morte do diabo
 
Apocalipse significa revelação. No grego tem a mesma raiz do verso
“apocalipto”, que significa “tirar o véu”. O último livro da Bíblia tem este
nome porque se propõe revelar as coisas que estão encobertas para os últimos
dias.
João, o escritor do livro, não é seu autor, apenas o escriba,
que escreveu o livro ditado pelo autor, Jesus. Por duas vezes, João relata que
o conteúdo do livro foi revelado através de anjos. Eis o Capítulo 20 do Livro
de Apocalipse – Bíblia Sagrada:
1 E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma
grande cadeia na sua mão.
2 E prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás,
e amarrou-o por mil anos.
3 E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para
que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois é
necessário que seja solto por um pouco de tempo.
4 E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de
julgar; e vi as almas daqueles que foram decapitados pelo testemunho de
Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua
imagem, e não receberam o sinal em sua testa nem em suas mãos; e viveram,
e reinaram com Cristo, durante mil anos.
5 Mas os outros mortos não reviveram até que os mil anos se
acabaram. Esta é a primeira ressurreição.
6 Bem-aventurado e santo aquele que tem parte
na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; porém
serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.
7 E acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão,
8 E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da
terra, Gogue e Magogue, para as reunir em batalha, cujo número é como a
areia do mar.
9 E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o acampamento dos
santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo do céu, e os devorou.
10 E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre,
onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados
para todo o sempre.
11 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele,
de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus; e
abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos
foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas
obras.
13 E o mar deu os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram
os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.
14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a
segunda morte.
15 E aquele que não foi achado inscrito no livro da vida foi lançado
no lago de fogo.
Considerando o texto:
“Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da
sua prisão”.[156]
Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da
sua prisão: Mantendo a figura de períodos de tempo, este versículo serve
como um aviso importante. Tudo que já passou se encaixa no contexto
histórico que João identificou no livro – coisas que iam acontecer em breve.
Mas, enquanto a história continua na Terra, seria errado presumir que
o diabo nunca mais tentaria se levantar, ou que outros santos, em outras
épocas, não poderiam sofrer perseguições brutais. A situação geral dele é de
poder muito limitado, e os santos em qualquer circunstância têm a confiança
da vitória pelo sangue do Cordeiro.
Se ele surgir aqui ou ali em algum outro momento da história, não se
deve concluir que o Cordeiro ou os santos perderam seu domínio. É possível
para ele atacar novamente, mas nenhum ataque dele contra os fiéis será bem-
sucedido.
“E sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue
e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia
do mar”.[157]
E sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra:
Diferente do poder normal do diabo como tentador, que os santos resistem
pela fé[158], ele teria ocasiões de pelejar contra os santos como perseguidor,
usando o poder de governos humanos contra os santos.
Gogue e Magogue:No Apocalipse, estes nomes aparecem somente
aqui. O significado deles se torna evidente quando examinados em outras
passagens bíblicas que falam de Gogue ou Magogue. Este símbolo vem de
Ezequiel.[159]
 
Deus prometeu a restauração de Israel.[160] Outras mensagens
reforçaram esta promessa.[161]
Eis o texto de Ezequiel – capítulo 36:
1___ Homem mortal, fale com as montanhas de Israel e diga-lhes que
escutem a mensagem que eu,
2___ o SENHOR Deus, tenho para elas: “Os inimigos de Israel zombaram
de vocês e disseram: Aquelas velhas montanhas são nossas!”
3 — Agora profetize e anuncie aquilo que eu, o SENHOR Deus, estou
dizendo. Quando as nações vizinhas tomaram as montanhas de Israel e
roubaram o que havia nelas, todos zombaram dos israelitas.
4___ Por isso, agora vocês, montanhas de Israel, ouçam o que eu,
o SENHOR Deus, estou dizendo às montanhas e aos morros, aos ribeirões e aos
vales, aos lugares arrasados e às cidades desertas que todas as nações
vizinhas roubaram e de que zombaram.
5 — Eu, o SENHOR Deus, no calor da minha ira, falei contra essas
nações vizinhas e especialmente contra Edom. Com alegria e com desprezo,
elas tomaram a minha terra e ficaram com os seus pastos.
6 — Por isso, homem mortal, profetize a respeito da terra de Israel;
diga às montanhas, morros, ribeirões e vales o que eu, o SENHOR Deus, estou
dizendo com ira e ciúmes por causa da maneira como as nações zombaram
deles.
7 — Eu, o SENHOR Deus, juro que as nações vizinhas de Israel cairão
na desgraça.
8 ___ Porém nas montanhas de Israel as árvores de novo terão folhas e
produzirão frutas para vocês, meu povo de Israel. Logo vocês voltarão para a
sua pátria.
9 ___ Eu estou do lado de vocês. E garantirei que a sua terra será arada
de novo para que nela sejam feitas plantações.
10 ___ Farei aumentar a população. Vocês viverão nas cidades e
construirão de novo tudo o que estava arrasado.
11 ___ Farei com que haja muita gente e muito gado. Entre vocês haverá
mais gente do que nunca, e vocês terão muitos filhos. Deixarei que vivam ali
como antes e farei com que fiquem mais ricos do que nunca. Aí vocês ficarão
sabendo que eu sou o SENHOR.
12 ___ Farei com que vocês, meu povo de Israel, vivam de novo na
terra. Ela será a terra de vocês e nunca mais deixará que os seus filhos
morram de fome.
13 — Eu, o SENHOR Deus, afirmo que, de fato, o povo chama a terra de
Israel de “comedora de gente” e diz que ela rouba do país os seus filhos.
14 ___ Mas, de agora em diante, ela não será mais a comedora de gente
que rouba de vocês os seus filhos. Sou eu, o SENHOR Deus, quem está falando.
15 ___ A terra não precisará mais de ouvir as nações zombarem, nem
fazerem pouco caso dela. A terra não roubará mais do país os seus filhos. Eu,
o SENHOR Deus, estou falando.
16 ___ O SENHOR me disse o seguinte:
17 — Homem mortal, quando os israelitas viviam na sua terra, eles a
tornaram impura por causa da sua maneira de viver e de agir. O
comportamento deles era tão impuro como a menstruação de uma mulher.
18 ___ Eu os fiz sentir a força da minha ira, por causa dos crimes de
morte que haviam cometido na terra e por causa dos ídolos com que eles a
tornaram impura.
19 ___ Eu os condenei pela sua maneira de viver e de agir e os espalhei
por nações estrangeiras.
20 ___ Mas, em todos os lugares aonde eles foram, só envergonharam o
meu santo nome, pois as pessoas diziam: “Esse povo é de Deus, o SENHOR,
mas eles tiveram de sair da terra que ele mesmo lhes deu”.
21 ___ Aí eu me preocupei com o meu santo nome porque os israelitas o
profanaram em todos os lugares aonde foram.
22 — Por isso, dê aos israelitas esta mensagem que eu, o SENHOR Deus,
tenho para eles: “O que vou fazer não é por amor de vocês, israelitas, mas por
amor do meu santo nome, que vocês profanaram em todas as nações para
onde foram.
23 ___ Quando eu mostrar às nações a santidade do meu grande nome
— o nome que vocês profanaram no meio deles —, aí eles ficarão sabendo
que eu sou o SENHOR. Sou eu, o SENHOR Deus, quem está falando. Usarei
vocês para mostrar às nações que eu sou santo.
24 ___ Eu os tirarei de todas as nações e países e os trarei de volta para a
sua própria terra.
25 ___ Borrifarei água limpa sobre vocês e os purificarei de todos os
seus ídolos e de todas as coisas nojentas que vocês têm feito.
26 ___ Eu lhes darei um coração novo e porei em vocês um espírito
novo. Tirarei de vocês o coração de pedra, desobediente, e lhes darei um
coração bondoso, obediente.
27 ___ Porei o meu Espírito dentro de vocês e farei com que obedeçam
às minhas leis e cumpram todos os mandamentos que lhes dei.
28 ___ Aí vocês viverão na terra que dei aos seus antepassados. Vocês
serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
29 ___ Eu os livrarei de todas as coisas que os tornam impuros. Darei
ordem para que haja bastante trigo, e assim não haverá mais tempos de fome
no meio de vocês.
30 ___ Aumentarei a produção de frutas e das plantações de cereais, de
modo que não haverá mais épocas de fome que façam vocês passarem
vergonha no meio das outras nações.
31 ___ Vocês lembrarão da sua má conduta e das maldades que
cometeram e ficarão aborrecidos com vocês mesmos por causa dos seus
pecados e maldades.
32 ___ Povo de Israel, quero que saibam que eu não estou fazendo tudo
isso por amor de vocês. Quero que vocês sintam como é vergonhoso e
desonroso aquilo que estão fazendo. Eu, o SENHOR Deus, estou falando.”
33 ___ O SENHOR Deus diz: No dia em que eu os purificar de todos os
seus pecados, deixarei que construam de novo as suas cidades arrasadas e
vivam nelas. 
34 ___ Todos os que passavam pelas lavouras de vocês viam que
estavam abandonadas e que o capim havia crescido; mas eu deixarei que
vocês façam plantações de novo.
35 ___ Todos dirão isto a respeito desta terra: “Ela era um deserto, mas
agora ficou igual ao jardim do Éden.” Falarão também a respeito das cidades
que foram roubadas, destruídas e arrasadas e que naquele tempo estarão
cercadas por muralhas e habitadas.
36 ___ Então as nações vizinhas que sobrarem ficarão sabendo que eu,
o SENHOR, construí de novo as cidades destruídas e fiz novas plantações nas
terras abandonadas. Eu, o SENHOR, disse que ia fazer isso e farei.
37___ O SENHOR Deus diz: Mais uma vez deixarei que os israelitas
peçam a minha ajuda. Deixarei que cresçam em número como se fossem um
rebanho de ovelhas.
38 ___ As cidades que agora estão arrasadas ficarão tão cheias de gente
como Jerusalém ficava cheia de ovelhas que eram oferecidas em sacrifício
num dia de festa. Aí eles ficarão sabendo que eu sou o SENHOR.
Voltando a tratar sobre Gogue, de repente, Gogue ajunta um exército
das nações ímpias e invade Israel restaurada. Deus peleja contra Gogue e as
nações, e os ímpios são destruídos e enterrados.[162] O resultado é a derrota
total de Gogue e seus aliados.
Torna-se pertinente a leitura do capítulo 39 do Livro de Ezequiel – Bíblia
Sagrada:
1 ___ Tu, pois, ó filho do homem, profetiza ainda contra Gogue, e dize:
Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e
chefe de Meseque e de Tubal.
2 __ E te farei voltar, mas deixarei uma sexta parte de ti, e far-te-ei
subir do extremo norte, e te trarei aos montes de Israel.
3 ___ E, com um golpe, tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei
cair as tuas flechas da tua mão direita.
4 __ Nos montes de Israel cairás, tu e todas as tuas tropas, e os povos
que estão contigo; e às aves de rapina, de toda espécie, e aos animais do
campo, te darei por comida.
5 ___ Sobre a face do campo cairás, porque eu o falei, diz o Senhor
DEUS.
6 ___ E enviarei um fogo sobre Magogue e entre os que habitam
seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o Senhor.
7 ___ E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel,
e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e os gentios saberão que
eu sou o Senhor, o Santo em Israel.
8 ___ Eis que vem, e se cumprirá, diz o Senhor DEUS; este é o dia de
que tenho falado.
9 ___ E os habitantes das cidades de Israel sairão, e acenderão o fogo, e
queimarão

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