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Copyright © 2012, Editora Cristã Evangélica Todos os direitos nacionais e internacionais desta edição reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da Editora Cristã Evangélica (lei nº 9.610 de 19/02/1998), salvo em breves citações, com indicação da fontes As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), exceto indicações de outras versões. Editora filiada à Associação de Editores Cristãos Rua Goiânia, 294 – Parque Industrial 12235-625 São José dos Campos-SP comercial@editoracristaevangelica.com.br www.editoracristaevangelica.com.br Telefax: (12) 3202-1700 mailto:comercial@editoracristaevangelica.com.br http://www.editoracristaevangelica.com.br/ “Quando se obtém um conhecimento dessa epístola, abre-se porta para todos os tesouros mais escondidos da Escritura.” (João Calvino) Considerada a rainha das cartas paulinas, “Romanos é a maior e mais influente de todas as cartas do apóstolo Paulo, a primeira grande obra de teologia cristã” (Merril Frederick Unger). 1. A mensagem de Romanos. Se você perguntasse a Paulo que visão ele tinha do evangelho de Cristo, ele iria responder: “leia a carta que escrevi aos Romanos e você vai encontrar a resposta mais completa que posso lhe dar num só documento”. Nos primeiros oito capítulos, ele descreve a essência do evangelho: condenação (1–3); justificação (4–5); santificação (6–8). 2. A influência de Romanos. Renomados teólogos e líderes evangélicos foram convertidos a Cristo lendo Romanos (Agostinho, Lutero), e outros foram grandemente influenciados por essa carta (John Wesley, Karl Barth, John Stott). É um dos livros do Novo Testamento mais citados em aulas de teologia e estudados em cursos teológicos. Excelentes comentários de Romanos foram escritos por consagrados autores: João Calvino, Karl Barth, Martyn-Lloyd Jones, F.F. Bruce, William Hendriksen, John Stott, John MacArthur e outros. 3. A atualidade de Romanos. A carta foi escrita para hoje. Ela tem mensagem para o ateu, para o religioso, para Israel, para a igreja, enfim, para todo ser humano. Romanos nos ensina sobre o evangelho, a ira, a graça, o plano e a vontade de Deus. É uma carta que nos mostra o caminho para a verdadeira paz com Deus, conosco e com o próximo. Estudando a carta aos Romanos, você vai descobrir a bênção e o poder dela. Aceite os desafios que ela propõe, a fim de viver a nova vida em Cristo e conhecer a graça que o próprio Senhor nos dá para andarmos em novidade de vida (Rm 6.4). José Humberto de Oliveira Recomendamos os seguintes livros: A mensagem de Romanos. John Stott, Editora ABU/Ultimato. Carta aos Romanos. Adolf Pohl, Editora Esperança. Comentário de Romanos. C.E.B. Cranfield, Edições Vida Nova. Romanos, Comentário Bíblico. John Murray, Editora Fiel. Romanos, Comentário do NT. William Hendriksen, Editora Cultura Cristã. Romanos, Comentário Expositivo. Hernandes Dias Lopes, Editora Hagnos 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1 2 3 – Sumário – Chegamos à Roma! Paulo e o Evangelho A ira de Deus contra a humanidade O justo juízo de Deus O caminho da justificação Justificados em Cristo O pecado, o batismo e a graça O cristão e a lei O Espírito de Deus nos filhos de Deus Cinco perguntas que todo cristão precisa responder O pasado de Israel com Deus O presente e o futuro de Israel Questões práticas da vida cristã O cristão e a cidadania Paulo e a liberdade cristã O ministério de Paulo Saudações, admoestações e doxologia 1 Chegamos a Roma! Pr. José Humberto de Oliveira texto básico Romanos 1.16-17 versículo-chave Romanos 1.17 “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” alvo da lição Ao estudar esta lição, você compreenderá o propósito e as circunstâncias que envolveram a escrita da carta aos Romanos, a influência dela, os principais temas e a importância que a carta tem para a igreja de hoje. leia a Bíblia diariamente seg Rm 1.1-17 ter Rm 1.18-32 qua Rm 2.1-29 qui Rm 3.1-31 sex Rm 4.1-21 sáb Rm 5.1-25 dom Rm 15.1-33 Fundada em 753 a.C., Roma era a capital e a sede do império romano. Na época do apóstolo Paulo, era a maior cidade do mundo. A maioria dos historiadores afirma que, no século 1º a.C., Roma teria pouco mais de um milhão de habitantes. O império romano foi um dos maiores da história. Não é sem motivo que Paulo escreveu em Romanos 1.8: “Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé”. Tudo o que acontecia em Roma, o mundo ficava sabendo. Sendo Deus estratégico, a igreja em Roma e a carta aos Romanos revestem-se de importância fundamental nos eternos propósitos do Senhor. I. A igreja em Roma 1. Roma no Novo Testamento A cidade é mencionada oito vezes: cinco no livro de Atos (At 18.2; 19.21; 23.11; 28.14,16), duas na carta aos Romanos (Rm 1.7,15) e uma vez em 2Timóteo 1.17. Outros lugares da Itália, mencionados em Atos são: Régio (At 28.13); Putéoli (At 28.13), hoje chamada de baía de Nápoles; Praça de Ápio (At 28.15); e Três Vendas (At 28.15). 2. Romanos em Pentecostes (Atos 2) O livro de Atos nos informa que havia romanos entre os que presenciaram o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes (At 2.10). É provável que alguns desses tenham sido convertidos a Cristo e, ao voltarem a Roma, deram início a um grupo de crentes. F.F. Bruce ressaltou que esses romanos “são o único grupo europeu a receber menção expressa entre os peregrinos”. John MacArthur informa-nos que “a partir do século 2º a.C., Roma passou a contar com significativa população de judeus” (Bíblia de Estudo MacArthur,p.1437). 3. Quem fundou a igreja? O imperador Cláudio (41-54 d.C.) ordenou a expulsão em massa dos judeus de Roma, por volta do ano 49 d.C. Essa expulsão é mencionada no livro de Atos (18.2), onde está escrito que Paulo, ao chegar a Corinto encontrou um judeu chamado Áquila e sua esposa Priscila. É provável que tenhamos aqui o relato do primeiro contato de Paulo com algum crente vindo de Roma. Ninguém sabe ao certo como e quando a igreja em Roma começou. Paulo foi à cidade de Roma como prisioneiro (At 28.16), três anos depois de ter escrito essa carta. Portanto, ele não foi o fundador dessa igreja. Recomendou a irmã Febe (Rm 16.1), da igreja em Cencreia, porto de Corinto, onde havia uma igreja (At 18.18). Possivelmente ela tenha levado a carta aos Romanos. 4. Os membros da igreja A igreja em Roma era formada por crentes gentios e judeus. A palavra “gentios” aparece 23 vezes na carta aos Romanos, e as palavras “judeu” e “judeus” ocorrem, juntas, 13 vezes. Esses números têm levado alguns comentaristas a afirmarem que os membros da igreja de Roma, na maioria, eram gentios (Rm 1.5-6, 13; 11.13). Romanos para hoje O império que dominava o mundo na época de Jesus é mencionado várias vezes no NT, e o Senhor Jesus Cristo não poderia deixar de plantar uma igreja nessa importantíssima e histórica cidade. Deus é estrategista. Por isso, peça a direção Dele em cada projeto, Ele tem as melhores estratégias e maior conhecimento. II. A data e as circunstâncias da carta 1. A data da carta Paulo ditou a carta aos Romanos a seu amigo e secretário Tércio (Rm 16.22), por volta do ano 57 d.C., quando residia em Corinto. “Isso se deduz da referência a Febe, membro da igreja em Cencreia, o porto de Corinto (Rm 16.1-2); a Gaio, como sendo o seu anfitrião (1Co 1.14); e a Erasto (At 19.22; 2Tm 4.20). Foi escrita provavelmente durante os três meses que passou na Grécia, descritos em Atos 20.2-3” (Bíblia de Estudo de Genebra, p.1316). Provavelmente Gaio tenha colocado Tércio, amanuense (a palavra vem do latim e significa “aquele que escreve textos à mão”), à disposição do apóstolo. 2. As circunstâncias da carta Paulo deixou-se gastar durante os dez anos que vãode 47 a 57 d.C. em viagens missionárias, em lugares como Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. Pregou o evangelho, fundou e instruiu igrejas em Icônio, Filipos, Tessalônica, Corinto, Éfeso e outras cidades. Então, em Romanos 15.23-24, ele que deseja visitar Roma. Leia Romanos 15.14-29. Resumindo, temos o seguinte projeto missionário de Paulo. 1. Ele tinha certeza de que sua missão nos territórios que margeiam o mar Egeu havia sido concluída (Rm 15.23). 2. O plano principal do apóstolo era ir à Espanha (Rm 15.24), e, a caminho, faria uma visita a Roma. 3. Mas antes de ir a Roma, precisava passar em Jerusalém a fim de levar ofertas que as igrejas da Macedônia e da Acaia levantaram para ajudar “pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém” (Rm 15.26). O próprio apóstolo sintetiza o roteiro da viagem: “Tendo, pois, concluído isto e havendo-lhes consignado este fruto [a oferta ], passando por vós [Roma], irei à Espanha” (Rm 15.28). Jerusalém, Roma e Espanha eram o plano dessa viagem missionária de Paulo. Será que esse plano chegou a ser concretizado? Após os dois anos mencionados em Atos 28.30, ele foi libertado, conforme estava certo que seria (Fp 1.25; Fm 22). Estamos no ano 61 d.C. Após essa libertação, Paulo reassumiu suas viagens e desenvolveu mais dois anos de ministério na Ásia Menor e na Grécia (62-64 d.C.), quando escreveu 1Timóteo e Tito. Em 65 d.C. Paulo ficou preso novamente em Roma, onde escreveu sua última carta (2Tm 1.16-17), foi julgado, condenado e executado. O próprio Paulo sabia que seu fim havia chegado: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado” (2Tm 4.6). Stott comenta o seguinte: “Se ele alcançou e evangelizou a Espanha, nós provavelmente nunca saberemos. A evidência mais próxima que temos é a declaração feita por Clemente de Roma (em 96-97 d.C.): ‘Ao mundo inteiro ele ensinou a justiça, e até os limites do ocidente testificou diante de governadores’ (1 Clemente 5.7)”. Stott continua, “pode ser, pois, como muitos supõem, que Paulo tenha sido libertado de seu confinamento em Roma (que é onde o deixam os Atos dos Apóstolos 28.30-32) e retomado suas viagens missionárias, inclusive uma visita à Espanha, antes de ser novamente capturado, aprisionado e finalmente decapitado durante a perseguição de Nero” (A mensagem de Romanos, p. 467). Romanos para hoje A visão missionária de Paulo e seu zelo para com as igrejas são exemplos para todos. Como está a sua visão missionária? Quantas pessoas têm sido influenciadas por meio da sua visão? III. A influência de Romanos A maioria dos comentários de Romanos reserva algumas páginas para testemunhar a influência que essa carta teve na vida de renomados servos de Deus. Vamos destacar alguns, a partir do livro de F. F. Bruce (Romanos, introdução e comentário, Série Cultura Bíblica, Edições Vida Nova), e fechamos com o testemunho do próprio Stott. 1. Martinho Lutero (1483-1546) Monge agostiniano e professor de teologia sagrada na universidade alemã de Wittenberg, Lutero expôs Romanos a seus alunos. Ele escreveu: “Ansiava muito por compreender a epístola de Paulo aos Romanos, e nada me impedia o caminho, senão a expressão: a justiça de Deus, porque a entendia como se referindo àquela justiça pela qual Deus é justo quando pune os injustos. Noite e dia eu refletia até que captei a verdade de que a justiça de Deus que se revela no evangelho (Rm 1.16-17) é aquela justiça pela qual, mediante a graça e a pura misericórdia, Ele nos justifica pela fé. Daí por diante, senti-me renascer e atravessar os portais abertos do paraíso. Toda a Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes a justiça de Deus me enchia de ódio, agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior amor. Esta passagem veio a ser para mim uma porta para o céu”. As igrejas evangélicas do mundo inteiro recebem, até hoje, os benefícios da conversão de Lutero, quando ele estava estudando a carta aos Romanos. (F. F. Bruce, ob. cit., p.50). 2. John Wesley (1703-1791) Na noite de 24 de maio de 1738, John Wesley visitou “de muita má vontade uma sociedade anglicana reunida na rua Aldersgate, onde alguém estava lendo o prefácio de Lutero, da epístola aos Romanos. Perto das nove horas,” escreveu no seu diário, “enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo, senti meu coração aquecer-se estranhamente. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi-me dada a certeza de que Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me salvou da lei do pecado e da morte”. Esse momento crítico da vida de John Wesley foi o acontecimento que, mais que todos os outros, deu início ao Avivamento Evangélico do século 18 (F. F. Bruce, ob. cit., p.52). 3. John Stott (1921-2011) O próprio Stott resume o que o estudo da carta aos Romanos produziu na vida dele. “Eu confesso que desde que me tornei um cristão – e isso já faz hoje 56 anos (1994) – cultivo como que uma relação de ‘amor e ódio’ – com a epístola aos Romanos, em virtude dos seus desafios pessoais com relação à alegria e ao sofrimento. Isso começou logo depois que eu me converti, com o capítulo 6 e o meu profundo desejo de experimentar essa tal ‘morte para o pecado’ que o texto parecia prometer. Durante muitos anos, eu brinquei com a fantasia de que o cristão tem de ser tão insensível ao pecado quanto um cadáver a qualquer estímulo externo. Minha libertação definitiva dessa quimera foi selada quando, em 1965, fui convidado a apresentar uma série de exposições bíblicas baseadas em Romanos 5 a 8...” (A mensagem de Romanos, p.9). Romanos para hoje Estudando a carta aos Romanos, você mesmo vai descobrir a bênção e o poder que ela tem, sendo desafiado a viver a nova vida em Cristo e fortalecido para fazê-lo. Após o estudo de cada lição aproveite para registrar o que aprendeu de novo e os desafios de Deus para você. IV. Estrutura geral da carta Romanos para hoje A visão panorâmica da carta nos ajuda a compreender os detalhes do texto bíblico. Leia Romanos em uma semana e deixe Deus falar com você. Se você estiver familiarizado com o conteúdo, poderá participar efetivamente das aulas e aproveitar melhor as lições nos próximos meses. Conclusão Romanos contém o mais rico esboço do entendimento que Paulo tinha da mensagem cristã. Ao estudarmos essa preciosa carta, “deixemos que Paulo fale por si mesmo, ao invés de tentarmos fazê-lo dizer aquilo que as antigas tradições ou as novas concepções pretendem que ele diga” (A mensagem de Romanos, John Stott, p.26). 2 Paulo e o evangelho Pr. Wilson Nunes texto básico Romanos 1.1-17 versículo-chave Romanos 1.16 “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” alvo da lição Ao estudar esta lição, você terá condições de compreender que todos os que creem em Cristo pertencem a Deus e são chamados a anunciar o evangelho aos perdidos. leia a Bíblia diariamente seg Is 53.1-7 ter Is 55.1-7 qua Jo 1.11-12 qui At 1.1-8 sex Rm 10.8-15 sáb 1Co 1.17-25 dom Ap 22.16-20 Paulo inicia a carta aos cristãos de Roma com um toque bem pessoal. Os pronomes possessivos relacionados à primeira pessoa do singular (eu, mim, meu) ocorrem mais de vinte vezes nos versículos de abertura. Fica evidenciado o seu profundo desejo de estabelecer uma relação pessoal com seus leitores. Respeitáveis intérpretes dizem que a introdução dessa carta é a mais longa e solene de todas as outras do apóstolo Paulo. O texto que será estudado nesta lição rompe os padrões estabelecidos por ele nas demais cartas. O estilo é solene, quase litúrgico. Já o início da carta está carregado de teologia. O apóstolo praticamente inclui uma confissão de fé e encerra estabelecendo, em forma de tese, o grande tema da epístola: “O evangelho como revelação da justiça redentora de Deus”. O evangelho é, portanto, um desvendar, uma revelação da justiça de Deus, porque explica como, pelo sacrifício e ressurreição de Cristo, Deus possibilitou o acesso do pecadora Ele, que permanece justo e santo. Vamos examinar a parte introdutória de Romanos dividindo-a em três partes. I. O evangelho de Paulo (Rm 1.1-6) 1. O remetente (Rm 1.1) Como remetente, Paulo se identifica atribuindo a si três predicados que descrevem a sua função. a. Servo – Paulo se considerava servo de Cristo, termo que tinha alegria em usar. Ele se fez, por amor e voluntariamente, prisioneiro de Cristo, ligado ao serviço de Jesus. b. Apóstolo – Paulo demonstrou que foi chamado para ser apóstolo. Com isso, quis dizer que foi escolhido pelo Senhor Jesus Cristo e enviado com autoridade, como representante do evangelho no mundo. c. Separado – Paulo tinha consciência da sua posição. Ele foi separado para anunciar as boas-novas do evangelho de Deus. 2. O evangelho de Deus (Rm 1.2-4) O apóstolo deixa claro que o evangelho não é fruto da sua imaginação, mas mistério que foi revelado nas Escrituras Sagradas. Três características são destacadas: a. é o evangelho prometido no AT (Rm 1.2); b. é o evangelho da encarnação do Filho de Deus (Rm 1.3); c. é o evangelho da ressurreição (Rm 1.4). Dessa forma, a pessoa de Cristo constitui o mistério e o ponto central do evangelho de Deus. 3. O apostolado de Paulo (Rm 1.5-6) Apostolado diz respeito a homens que foram chamados e ensinados pessoalmente por Cristo, para continuar o ministério terreno Dele, proclamando o evangelho com a autoridade outorgada pelo Senhor. Paulo destaca três aspectos do seu apostolado: a. origem – é o Senhor Jesus Cristo; b. objetivo – despertar a obediência pela fé; c. alcance – todos os gentios entre os quais se incluem os cristãos de Roma. Romanos para hoje Paulo afirmou, com alegria, sua posição em Cristo – servo e apóstolo. Qual tem sido o seu sentimento em relação à salvação? O fato de ser separado para Cristo reflete alegria intensa em seu coração? II. Paulo e os romanos (Rm 1.7-13) 1. Os destinatários (Rm 1.7) Paulo saúda todos os cristãos de Roma com graça e paz. “Graça” diz respeito ao favor imerecido de Deus que foi concedido aos homens. “Paz” trata da reconciliação de Deus com os homens (cf. Rm 5.1). Em seguida, Paulo destaca três qualidades atribuídas aos cristãos de Roma, descrevendo assim a condição deles como convertidos em Cristo Jesus: a. chamados para ser de Jesus Cristo; b. amados de Deus; c. chamados para ser santos. Paulo demonstra que os cristãos são objetos do amor de Deus e estão em condição diferente daqueles que não aceitaram a mensagem do evangelho. Quem não crê em Jesus Cristo é filho da ira, pois sobre tal pessoa pesa a condenação de Deus (Jo 3.18). Os cristãos são santos e separados como propriedade exclusiva de Deus por terem sido alcançados pelo Senhor por meio do evangelho. 2. A ação de graças e o anúncio da visita (Rm 1.8-13) a. A ação de graças (Rm 1.8) - Uma das características próprias às cartas de Paulo é o agradecimento a Deus logo após a saudação (cf. 1Co 1.1-4). Paulo estava contentíssimo, visto que sabia quanto a notícia de que os romanos estavam se rendendo ao evangelho poderia fazer propagar ainda mais a mensagem de salvação. b. A intercessão (Rm 1.9-10) - O apóstolo evoca a Deus como testemunha de quantas vezes fez menção dos cristãos romanos em oração. Ele orava pedindo que Deus concedesse uma oportunidade para visitar os cristãos em Roma. c. A finalidade da visita (Rm 1.11-13) - Paulo desejava confortá-los anunciando as dádivas recebidas de Deus e, por outro lado, também seria confortado ao observar a obediência deles ao evangelho. Do exposto, Paulo reitera que se propôs a ir a Roma por várias vezes, porém, foi impedido, provavelmente, devido ao seu trabalho evangelístico na Grécia e arredores. Seu desejo era obter algum fruto (conversão) entre os romanos da mesma forma que havia obtido entre os demais gentios. Romanos para hoje O que você entende a respeito da evangelização? O que aprendeu com o exemplo do apóstolo Paulo? O que conhece a respeito do serviço a Cristo? III. Que é o evangelho (Rm 1.14-17) O apóstolo já disse que estava entusiasmado para pregar o evangelho em Roma e fez três declarações fortes: “sou devedor” (Rm 1.14), “estou disposto” (Rm 1.15) e “não me envergonho do evangelho” (Rm 1.16). John Stott comentou: “Essas três declarações são tão impactantes, porque são contrárias à atitude de muita gente nas igrejas. As pessoas, hoje em dia, tendem a encarar a evangelização como escolha. Paulo, porém, fala na evangelização como dever. O sentimento que se vê em nossos dias é o de relutância; Paulo mostra-se disposto e entusiasmado. Muitos de nós teríamos de confessar, com humildade, que nos envergonhamos do evangelho; Paulo declara não se envergonhar dele”. Qual era a fonte de tanto entusiasmo evangelístico? O próprio Paulo apresenta duas razões. 1. O evangelho é uma dívida para com o mundo (Rm 1.14-15) Ainda que não sejamos apóstolos, somos também devedores para com o mundo. Se o evangelho chegou até nós, não temos o direito de guardá-lo para nosso exclusivo conhecimento. Suponhamos que haja uma epidemia, as pessoas estejam morrendo, que o governo tenha enviado um carregamento de vacinas que pode salvar vidas e lhe mandasse distribuir gratuitamente. Seria certo você se apropriar das vacinas e se recusar a compartilhá-las com os outros? Certamente não! 2. O evangelho é o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16-17) Aqui chegamos ao grande tema da epístola. A ideia que Paulo expõe nesses dois versículos é concluída depois de extensa argumentação. Perceba que Paulo conclui a exposição inicial acerca do evangelho no capítulo 3.20-21. O leitor precisa estar atento às argumentações e à ideia principal que está sendo desenvolvida. Paulo antecipa duas declarações acerca do evangelho. a. O evangelho é o seu orgulho (Rm 1.16) -Alguém poderia dar a entender que Paulo não teria ido a Roma por ter vergonha de evangelizar entre seus concidadãos. Paulo é enfático:“não me envergonho do evangelho”. O próprio Jesus advertiu os Seus discípulos para que não se envergonhassem Dele (Mc 8.38), e Paulo deu a Timóteo uma admoestação parecida (2Tm 1.8,12). Ele sabia que a mensagem da cruz era “loucura” para alguns e “escândalo” para outros. Portanto, sempre que o evangelho é pregado com fidelidade gera oposição, desprezo, não raro, expõe-nos ao ridículo. b. O evangelho é o poder de Deus (Rm 1.16) - Como Paulo superou a tentação de envergonhar-se do evangelho? E nós, como podemos superar? A resposta é: lembrando-nos de que a mensagem do evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, porque nele se revela a justiça de Deus. O pensamento de Paulo é guiado pelo tema apocalíptico da “justiça de Deus”. Ele explica que, em Cristo, Deus demonstra Sua justiça e cumpre Suas promessas de ser bênção para Israel, e por meio de Israel, abençoar todas as nações. A manifestação da justiça de Deus cumpre especialmente Habacuque 2.1-4. Habacuque se queixa de que Deus tratou Israel de maneira injusta em relação às demais nações. O profeta mostra que a questão é “o justo viverá pela fé”, que, para Paulo, se manifestou na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Romanos para hoje Quando você recebeu o chamado de Cristo? Como esse chamado mudou seus objetivos? Você sente obrigação para com os outros? Como isso se reflete em suas orações? Como você compararia seu compromisso para com o evangelho ao de Paulo no versículo 16? Conclusão O evangelho não era obra simples do intelecto do apóstolo Paulo. Para ele, a singularidade da mensagem de Cristo significava a razão de ser do Senhor. O evangelho de Paulo é o mesmo evangelho de Cristo. Disse F. Davidson: “Este evangelho sublime, divino, profetizado e cristocêntrico torna-se, como tal, a regra dos cristãos” (O Novo Comentário da Bíblia, p.1155). 3 A ira de Deus contra a humanidade Pr. Wilson Nunes texto básico Romanos 1.18-32 versículo-chave Romanos 1.18 “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” alvo da lição Ao estudar esta lição, vocêterá condições de compreender a horrível condição moral e espiritual da humanidade sem Cristo, sua incredulidade e a ira justa de Deus contra o pecado. leia a Bíblia diariamente seg Sl 30.5 ter Ez 7.8-9 qua Sl 106.19-23 qui Sl 51.1-7 sex Is 54.7-8 sáb At 14.14-18 dom At 17.22-31 Em Romanos 1.18-32, Paulo expõe a revelação da ira de Deus sobre a pecaminosidade humana. Ele faz um diagnóstico radical da humanidade, descrevendo a verdadeira dimensão da perdição e explica a tese exposta sobre a justiça de Deus nos versículos 16 e 17. Segundo a Bíblia, somos pecadores antes mesmo de qualquer ação concreta de nossa parte. Em Romanos 5.12, Paulo afirma que, por meio da desobediência de Adão, o pecado e a morte se tornaram realidade para todos os homens “porque todos pecaram”, isto é, todos pecaram no pecado de Adão (Rm 5.14-19; 1Co 15.22). Assim a ira de Deus se revela aos homens segundo as suas próprias “más obras” (Mt 7.21-27; 13.41; 25.31-46; Lc 3.9; Rm 2.5-10; Ap 20.11-14). A expressão “homens que detêm a verdade pela injustiça” é a peça-chave da leitura do texto. A análise do apóstolo mostra que a depravação da humanidade não é fatalidade ou consequência de ignorância, mas evidência clara da incredulidade voluntária dos homens. Examinemos três tópicos principais da passagem. I. A ira de Deus (Rm 1.18) 1. Sua natureza - Que é ira de Deus? Segundo John MacArthur: “Não se trata de uma explosão impulsiva de raiva voltada, de maneira caprichosa, às pessoas das quais Deus não gosta. É a resposta certa e determinada de um Deus justo ao pecado” (Bíblia de Estudo MacArthur, p.1.492). É algo completamente distinto da raiva humana. 2. Seu objeto - Contra o que se revela a ira de Deus? Paulo é específico ao dizer que a ira de Deus se revela contra dois grandes males: a. impiedade – ação divina contra a falta de reverência e devoção a Ele; b. perversão – ação divina contra a falta de conformidade com a Lei Dele. A manifestação da ira de Deus não se dará só no juízo final, mas também silenciosa e invisivelmente no presente. Romanos para hoje “Deus demonstra sua ira contra aqueles que persistem no pecado. Então, certifique-se de que você não está adorando uma fantasia, e sim o verdadeiro Deus. Não despreze a verdade a respeito de Deus simplesmente para proteger seu estilo de vida” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, p.1.552). II. A culpabilidade dos gentios (Rm 1.19-25) “A justiça da raça humana é, de fato, injustiça. O ideal moral absoluto é a justiça de Deus, que só pode vir Dele e ser revelado, ou feito conhecido somente por meio do evangelho de Jesus Cristo. Nessa conformidade, Paulo traça um retrato vívido da injustiça do mundo gentílico, descrevendo a religião pagã (impiedade) e a moralidade pagã (injustiça). Sobre uma e outra a justiça de Deus se revela” (O Novo Comentário da Bíblia, p.1.156). De que forma provocaram a ira de Deus? 1. Na rejeição deliberada da verdade revelada na natureza (Rm 1.20-22) Deus, de maneira soberana, tem apresentado Seus atributos e Sua existência por meio da natureza, embora a expressão “o que de Deus se pode conhecer” não possa ser tomada em termos absolutos, uma vez que Paulo diz que as pessoas que não estão em Cristo não conhecem a Deus (Gl 4.8; 1Ts 4.5; 2Ts 1.8). A revelação divina na natureza lança luz suficiente ao homem a ponto de torná-lo indesculpável diante de Deus. A verdade sobre a revelação na criação é um tema comum nas Escrituras (Sl 19.1-2; Is 6.3; Jó 42.5). A dúvida acerca da existência do Deus verdadeiro não é algo insuperável, que não possa ser vencida. Ninguém é forçado pelas evidências a ser ateu, pelo contrário, a observação da natureza faz surgir em nós a pergunta sobre Deus. Ela nos faz saber sobre nossa dependência quanto à vida. Ora, à criatura cabe gratidão e louvor ao Criador. Os homens, em vez de aproveitarem a luz que receberam, suprimiram o que sabiam ser verdade, a fim de seguirem seus próprios caminhos. Daí o veredicto: Culpados! 2. Na perversão da verdade conhecida (Rm 1.23-25) Paulo chama a atenção para a rejeição que vinha ocorrendo, trocando o conhecimento de Deus pela idolatria (cf. Sl 106.20). Idolatria significa perverter e deturpar a Verdade. O Deus da Bíblia é inimigo de todos os ídolos. Isso inclui qualquer reivindicação de possuir caráter absoluto e divino, o que deve ser veementemente repudiado. O homem precisa considerar radicalmente o caráter absoluto de Deus antes de se precipitar aos pés de um ídolo qualquer. Caráter absoluto remete à ideia de ser portador de qualidade soberana. Se quisermos fugir do perigo da idolatria, precisamos nos voltar para Deus, pois nada neste mundo visível é infinito, perfeito e imortal; nada aqui pode ser divinizado e adorado. A lição crucial que a natureza e a nossa consciência nos ensinam é que não há Deus além do Senhor. Romanos para hoje Pare e pense: “Quando as pessoas adoram a criatura, em vez de adorarem o Criador, perdem de vista a própria identidade como seres criados à imagem de Deus” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, p.1.553). Você tem idolatrado algo que não seja Deus? III. A punição divina dos idólatras (Rm 1.26-32) A idolatria leva o homem às formas mais grosseiras de superstição e imoralidade. Vejamos alguns efeitos. 1. Efeitos na vida moral (Rm 1.26-27) Por causa do pecado do rompimento da ordem natural da sexualidade, Deus os entregou à“imundícia e imoralidade” (Rm 1.24) e às “paixões vergonhosas” (Rm 1.26-27). Os versículos 26 e 27 são cruciais no debate contemporâneo sobre a homossexualidade. John Stott escreveu que são três os argumentos básicos dos homossexuais para contestar o argumento bíblico do repúdio divino à homossexualidade. a. Que a passagem é irrelevante, já que seu propósito não é ensinar ética sexual nem denunciar o vício, mas sim retratar a maneira como se manifesta a ira de Deus. Resposta: Se uma conduta sexual é vista como consequência da ira de Deus, então, é desagradável a Ele. b. Que Paulo estaria pensando apenas na pederastia (prática sexual entre um homem e um rapaz mais jovem) já que não havia outra forma de manifestação homossexual masculina no mundo greco- romano. Nesse caso, Deus estava Se opondo à pederastia por causa da humilhação e da exploração vivenciada pelos jovens envolvidos. Resposta: O texto não contém a mínima indicação que comprove essa tese. c. O que Paulo quis dizer por “contrário à natureza” não são as relações homossexuais, já que elas são perfeitamente naturais. Ele condena atos homossexuais provocados por heterossexuais; daí a afirmação de que eles “abandonaram” as relações naturais e as “trocaram” por outras contrárias à natureza. Resposta: Não temos o direito de interpretar o substantivo “natureza” como “minha natureza”. Pelo contrário, a palavra grega physis (natural) significa a ordem criada por Deus. Agir contra a natureza significa violar a ordem que Deus estabeleceu. É ir contra a intenção do Criador. Gênesis deixa claro qual era essa intenção; e Jesus a confirma: “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher” (Mt 19.4). Uma parceria homossexual é contrária à natureza e nunca pode ser vista como uma alternativa legítima ao casamento. 2. Efeitos na vida mental e social (Rm 1.28-32) Já que achavam que não valia a pena permanecer na sabedoria de Deus, acabaram seguindo a própria mente doentia e depravada deles. Praticaram o que não deviam, evidenciando uma inúmera variedade de atos antissociais, os quais juntos descrevem a derrota da sociedade humana, à medida que os padrões desaparecem e a humanidade se desintegra. O versículo 32 é um resumo conclusivo da perversidade humana que, apesar de todo o conhecimento, não só continuam a praticar, mas, o que é pior, aprovam os que assim procedem. Romanos para hoje Você acha que nossa sociedade mudou para melhor ou para pior desde que Paulo escreveu essa descrição? Qual tem sido o padrão moral em seu ambiente de trabalho ou escola? Conclusão “Paulo retratou claramente a inevitável decadência em direção ao pecado. Primeiro,as pessoas rejeitam a Deus; em seguida, elaboram seu conceito de como Ele deveria ser; depois, cedem a toda espécie de iniquidade: ganância, ódio, inveja, crimes, lutas, engano, malícia e mexericos; finalmente, chegam a odiar a Deus e encorajar os outros a fazerem o mesmo. Mas Ele não é o agente dessa progressão em direção ao mal. Quando as pessoas O rejeitam, Deus permite que elas vivam como desejam. Permitem que experimentem as consequências naturais dos pecados que praticam. Uma vez preso nesse movimento descendente rumo ao pecado, ninguém poderá libertar-se por suas próprias forças. Os pecadores devem confiar somente em Cristo para libertá-los da destruição” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, p. 1.553). 4 O justo juízo de Deus Pr. Julio César Bueno de Oliveira texto básico Romanos 2.1–3.20 versículo-chave Romanos 2.12 “Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados” alvo da lição Ao estudar esta lição, você terá condições de saber por que os gentios estão condenados, assim como os judeus, e uma compreensão mais ampla do justo juízo de Deus sobre todos os homens. leia a Bíblia diariamente seg 1Co 6.9-12 ter Gl 5.16-21 qua Ef 2.1-10 qui Cl 3.5-11 sex 2Tm 3.1-9 sáb Sl 139.1-12 dom Sl 139.13-24 O aluno será capaz de saber compreender que a condenação, sem Cristo, é tanto para judeus quanto paragentios; que há um justo juízo sobre todos os homens; sentir compadecer-se dos que vivem sob o jugo do pecado e não conhecem a liberdadeda salvação; agir anunciar o poder transformador da graça divina. Muitas pessoas não compreendem o que é pecado. Não são poucas as que qualificam pecado apenas as atitudes como matar, roubar, mentir, etc. A Bíblia ensina que pecado é a transgressão dos mandamentos de Deus. Estes orientam o homem a viver para a glória de Deus e foram revelados pelo Senhor nas Sagradas Escrituras (cf. 2Tm 3.16; 2Pe 1.21; 3.16). Na queda (Gn 3), ocorreu a separação entre Deus e o homem, além da depravação total do ser criado e seus descendentes. Desde a queda, todos foram manchados pelo pecado original de Adão: “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). Como consequência do pecado, a morte foi instituída “porque o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Nesse trecho da carta aos Romanos, o apóstolo Paulo expõe, de forma sistemática, a doutrina da depravação do homem e a incapacidade do ser humano se relacionar com o Criador. I. Todos são culpados A partir do segundo capítulo da carta, Paulo passa a demonstrar que a justiça divina é necessária para punir os malfeitores e incrédulos. O amor e a justiça de Deus caminham juntos. Deus age em concordância com a Sua própria natureza, porque Ele é santo. 1. O juízo de Deus é inevitável (Rm 2.1-4) O apóstolo Paulo inicia o capítulo dois com “portanto”, para mostrar a relação do que disse anteriormente sobre a pecaminosidade do homem com o que vai dizer a seguir – estamos debaixo do julgamento inevitável de Deus. Os homens são indesculpáveis por julgar outras pessoas, pois cometem os mesmos erros pelos quais as condenam. Deus conhece nossos pensamentos, e não podemos esconder Dele nenhum dos nossos atos (Sl 139; Pv 5.21; 15.3). Por essa razão, o Senhor tem condições de exercer justo juízo sobre todos. Não há como escapar do juízo do Senhor. O ser humano tem a tendência de pensar que é melhor que os outros e que seus pecados não são tão graves. O motivo de não ser condenado imediatamente é a bondade, a tolerância e a paciência do Senhor. E é a mesma bondade que conduz o homem ao arrependimento. Perceba que o homem não busca a Deus (Rm 3.10-11), não há quem disponha o coração para cumprir a vontade do Senhor. Até nosso arrependimento é fruto da bondade de Deus. 2. O juízo de Deus é justo (Rm 2.5-11) O Senhor não dá nada além do que a humanidade merece. O pecado gera a morte física. O prêmio que os homens receberão está relacionado às suas ações: a. a vida eterna como prêmio para aqueles que perseveram em fazer o bem (Rm 2.7). “Embora a Escritura ensine, ao longo de toda ela, que a salvação não vem pelas obras, ela ensina, de modo consistente, que o julgamento de Deus é sempre baseado nas ações das pessoas. Os feitos dos redimidos não são a base da salvação deles, mas a evidência dela” (Bíblia de Estudo MacArthur, p.1494); b. a perdição eterna a todos os que desobedecem a verdade (Rm 2.8- 9), e, nesse caso, não há distinção entre judeus e gentios ou entre religiosos e não religiosos (Rm 2.9), pois todos os homens são iguais diante do Senhor (Rm 2.11). Como não existe quem persevere em fazer o bem ou busque insistentemente a honra e a incorruptibilidade, o destino já está determinado – perdição para todos. 3. O juízo de Deus é imparcial (Rm 2.12-16) Aprendemos nas Escrituras que Deus é santo e justo. Então o juízo que virá sobre toda a humanidade é imparcial (Rm 2.12-16). Todos os homens serão julgados não por rejeitar a Cristo, pois alguns nunca ouviram e jamais ouvirão, falar de Cristo mas por causa da natureza do pecado que existe neles. Todos possuem a lei de Deus gravada no coração (Rm 2.15) e mesmo assim continuam transgredindo a lei de Deus. Os judeus possuíam a lei dada por Deus, a qual ensinava como viver em conformidade com o Senhor. Os gentios não possuíam a lei, mas Deus deu a todo ser humano um testemunho interno, que é a própria lei de Deus gravada na nossa mente. Calvino chama esse princípio de “semente da religião” e “senso da divindade”. Sendo assim, todos são culpados por não viver em conformidade com esse testemunho interno. Romanos para hoje Você já parou para pensar como a natureza do homem é má? Isso acontece por causa do pecado que reside na raça humana e afeta toda a criação. Avalie quanto você tem lutado contra essa natureza má. II. O judeu tem alguma vantagem? (Rm 2.17-3.8) O povo judeu desenvolveu, ao longo de muitos anos, um sentimento particularista e exclusivista no tocante à revelação messiânica. Ele se julgava superior pelo fato de ter sido escolhido pelo Senhor para ser Seu povo. Deus também deu aos judeus a Sua Palavra, falando-lhes de diversas maneiras pelos profetas (Hb 1.1-2). Tudo isso os levou a acreditar que tinham algumas vantagens diante do Senhor. O argumento do apóstolo destrói esse particularismo judaico. Os judeus eram tão culpados quanto os gentios, pois, possuindo a lei, não viviam de acordo com ela (Rm 2.17-23). Eles conheciam claramente os preceitos da lei, mas mesmo assim estavam escravizados pela natureza pecaminosa. Não é suficiente conhecer a lei, é necessário viver de acordo com o que nela está escrito. Por causa da atitude dos judeus, Deus era blasfemado entre os não religiosos. Faltava coerência entre o que era dito e o que era vivido. É o dilema entre “dizer” e “viver” que afeta também a nossa vida como cristãos no século 21. Paulo defende que a circuncisão, como evidência externa de compromisso, não tem valor algum se não for acompanhada de ações comprobatórias (Rm 2.25-29). A vantagem que os judeus possuíam de ser escolhidos como povo de Deus aumentava a condenação. Eles foram eleitos para receber a revelação divina carregando no corpo a marca do pacto de Deus (circuncisão). Apesar da descrença deles, a fidelidade de Deus não pode ser anulada. Novamente Paulo testifica da condenação dos judeus por não serem fiéis ao pacto ao enfatizar que “a condenação destes é justa”(Rm 3.8). Romanos para hoje O povo judeu pretensiosamente achou que tinha alguma vantagem sobre os gentios. A verdade divina revela que Deus não faz acepção de pessoas e ordena que também não façamos. Pare e pense! Você age de maneira discriminatória? Você se sente melhor que as outras pessoas? III. Que se conclui? (Rm 3.9-20) “Todo mundo é culpado diante de Deus” (Rm 3.1-20). Nem judeus nem gentios têm alguma razão para se justificar diante da presença do Senhor. Nos versículos seguintes, Paulo dá um panorama do coração do homem, mostrando a culpabilidade de todos os indivíduos. 1. Não existe ninguémjusto (Rm 3.10). 2. Ninguém busca a Deus (Rm 3.11). 3. Ninguém faz o bem (Rm 3.12). 4. Todos dizem palavras impróprias (Rm 3.13). 5. Todos fazem planos maléficos (Rm 3.15). 6. Há destruição e miséria em todos os seus caminhos (Rm 3.16). 7. São inimigos dos homens e de Deus (Rm 3.17). 8. Não há temor ou respeito a Deus (Rm 3.18). Por meio desse retrato do homem, os planos e ações que brotam do seu coração se tornam revelados. Todo homem é culpado diante do Senhor (Rm 3.19). Ninguém consegue cumprir a lei e ser justificado pelas obras (Rm 3.20); a lei é boa, pois reflete o caráter de Deus (Rm 7.7-25), mas também revela a nossa incapacidade em cumpri-la. Por isso, a condenação de todos é certa. Romanos para hoje Todo homem está condenado. Mas existe um caminho de salvação chamado Jesus Cristo. Você já reconheceu sua condição de completa perdição? Já entregou sua vida a Cristo? Conclusão O apóstolo Paulo deixa claro que não há esperança para judeus nem para não judeus. Todos estão condenados a enfrentar o justo juízo de Deus e, diante Dele, ninguém poderá se justificar. Os judeus acreditavam que jamais perderiam o relacionamento com o Senhor, pois alimentavam uma visão particularista quanto à salvação. Deus, entretanto, revelou que a condenação deles era iminente, pois Ele não Se impressiona com religiosidade. Graças a Deus pelo dom da fé e salvação em Cristo. 5 O caminho da justificação Pr. Julio César Bueno de Oliveira texto básico Romanos 3.21-4.25 versículo-chave Romanos 3.23-24 “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” alvo da lição Ao estudar esta lição, você terá condições de saber que a justiça de Deus se revelou em Cristo, que só é possível obter a justiça pela fé na pessoa do Redentor; e de entender o caráter étnico universal da justiça divina. leia a Bíblia diariamente seg Gl 1.1-9 ter Gl 1.10-24 qua Gl 2.1-21 qui Gl 3.1-29 sex Gl 4.1-31 sáb Gl 5.1-26 dom Gl 6.1-18 Deus é o justo juiz sobre toda a humanidade corrompida pelo pecado. Na lição anterior, estudamos como Deus julga e por que não há homem qualquer isento de responsabilidade quanto ao pecado. Todos, judeus e gentios estão na mesma condição. Esta lição tratará sobre o caminho da justificação e os benefícios alcançados pela obediência de Cristo. I. Como a justiça de Deus se revela Deus age de acordo com Sua natureza santa e justa. Por isso, a transgressão humana precisa ser punida. De Romanos 3.21 a 4.25, o apóstolo Paulo revela a maneira como a justiça de Deus foi aplicada a todos os que creem em Jesus Cristo. 1. A justiça de Deus é fruto de Sua promessa (Rm 3.21) A separação do Criador e a execução da justiça divina por meio da Sua ira trouxeram julgamento e condenação a todos os homens. Entretanto, por causa do soberano plano divino e do Seu grande amor, desde antes da criação (Ap 13.8), Deus estabeleceu a maneira pela qual os homens poderiam se relacionar com Ele, revelando e comunicando Seu plano por meio da lei e pelos profetas. A promessa apontava para a justificação dos homens que, no tempo certo, colocariam sua confiança na obra do Redentor. 2. A justiça de Deus é mediante a fé (Rm 3.22-23) A melhor definição de fé está em Hebreus 11.1: “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem”. A justiça que é conferida aos homens foi alcançada pela graça divina, mediante a fé, que nesse contexto significa firme confiança na obra de Cristo – o Justo morreu pelos injustos, para beneficiá-los com Sua justiça. 3. A justiça de Deus é gratuita pelo mérito de Cristo (Rm 3.24-28) A justificação que Deus atribuiu àqueles que creem é pelo mérito de Cristo e não do homem. Quem recebe o benefício da justificação o recebe como presente, é gratuito, não há nada que se possa fazer para merecer tamanha graça. Para que ocorresse a justificação, foi pago alto preço – o sangue do Deus Filho foi derramado. Um aspecto importante da cristologia aparece na frase “a quem Deus propôs, no seu sangue” (Rm 3.25) e mostra claramente a divindade de Jesus. A natureza de Deus é espiritual, no entanto, Paulo atribuiu a Cristo um elemento (o sangue) que pertence à natureza humana, enfatizando que Jesus Cristo é um ser teantropo, que possui duas naturezas, a humana e a divina, 100% homem e 100% Deus. Jesus foi, ao mesmo tempo, o justo que nos substituiu em nossa condenação, como também o nosso justificador. Foi Ele que nos apresentou diante do Pai de forma justa, imputando Sua justiça em nós. Por isso, o homem não pode se vangloriar em ter obtido tamanho favor. Todos nós estávamos incapacitados de buscar a Deus por causa do pecado; a lei testificava contra nossa incapacidade. A conclusão só pode ser uma: “o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei” (Rm 3.28). 4. A justiça de Deus é etnicamente universal (Rm 3.29-31) Paulo trata novamente da questão universal da salvação, porém, ele não quer dizer que todos serão salvos. Paulo trata de uma salvação étnica universal, isto é, para todas as etnias da terra. A salvação não está circunscrita aos judeus somente, nem aos gentios exclusivamente. Lembre- se de que a igreja primitiva foi formada primeiramente dentro do povo judeu (At 2-4) e depois, gradativamente, alcançou os gentios de todas as etnias. O apóstolo utiliza os termos “circuncisos”, para se referir aos judeus que traziam no corpo a marca da aliança, e “incircuncisos”, referindo-se a todas as outras etnias. Ambos alcançam a salvação por meio da fé. A Boa-Nova da salvação é para todas as etnias da terra. A lei não se torna nula por causa da fé, ela aponta para o cumprimento da promessa. Da mesma forma, a lei reflete o caráter puro, santo, justo e bom do Senhor Deus. Romanos para hoje Você consegue discernir o significado de justiça de Deus? Você é capaz de transmitir a outros o sentido de justiça divina? Passe adiante essa mensagem! II. Abraão e a justiça de Deus Mesmo após terem se passado 2.000 anos da abolição da lei pela morte de Cristo, a igreja cristã ainda tem sérios problemas quanto à prática ou não da lei como forma de justificação. Existe um forte movimento em algumas denominações estimulando seus fiéis a voltarem à forma de culto semelhante à que ocorria no Antigo Testamento. O próprio Paulo enfrentou essa dificuldade com os judaizantes, homens que queriam instituir a obediência à lei nas igrejas no Novo Testamento. Na ocasião, o apóstolo atacou de maneira muito dura esse pensamento na carta que escreveu às igrejas na região da Galácia (atual Turquia) e, no capítulo 4 de Romanos, usou a vida de Abraão como testemunho de alguém que foi justificado pela fé em Deus e não nas obras da lei, pois a lei só foi dada aos judeus por meio de Moisés, após o Êxodo. Há lições importantes na vida de Abraão, e Paulo se utiliza delas para ilustrar a justificação pela fé alcançada pelo patriarca. 1. A justificação pela fé glorifica a Deus (Rm 4.1-8) Ao contrário do que o homem espera, a justificação pela fé exalta a Deus e ao Seu propósito em salvar o perdido. O foco está em Deus e não no homem. Abraão acreditou nas palavras do Senhor, e foi o suficiente para receber a justificação que proveio da fé. Não foi por meio do esforço humano, pois se fosse assim, Abraão teria de gloriar-se em si mesmo. O próprio Davi testemunhou acerca dessa justificação no Salmo 32.1-2 quando disse que é o Senhor Quem atribui Sua justiça, apesar da nossa incapacidade em obedecer à Lei. É Ele quem“jamais imputará pecado” (Rm 4.8) aos que justifica. 2. A justificação pela fé é anterior à lei (Rm 4.9-12) Novamente surge o tema da universalidade étnica da salvação, em parte para mostrar aos judeus que o particularismo desse povo não estava de acordo com o propósito soteriológico de Deus; por outro lado, torna evidente o amor de Deus por pessoas de todas as etnias. A salvação é chamada aqui de “bem-aventurança” (v.9) que foi conferida a todas as etnias. A imputação da justiça de Deus a Abraão foi feita 400 anos antesde a lei ser dada a Moisés. A circuncisão era apenas uma marca externa do que Deus havia efetuado no interior de Abraão, tornando o patriarca o pai de todos aqueles que viriam a crer em Jesus. Os judeus se gloriavam por serem filhos de Abraão. Eles não entendiam que a filiação espiritual é muito mais importante do que a filiação natural. A filiação espiritual é reportada à fé e à confiança que o patriarca depositou em seu Senhor. 3. A justificação pela fé suplantou a obediência à lei (Rm 4.13-25) A lei sempre foi limitada, enferma e incapaz de conduzir o homem à justificação ou trazer-lhe qualquer benefício. Abraão não foi justificado por ela, primeiramente porque ela não existia, pelo menos na forma escrita, e também porque ele não conseguiu cumprir a lei de Deus gravada no coração. A promessa dada a Abraão seria anulada se a justificação fosse alcançada pelos méritos da lei, pois ela desperta a ira no ser humano. Deus fez promessas a Abraão, e ele acreditou! Deus prometeu que Abraão seria o pai de muitas nações. Mesmo impossibilitado fisicamente, tanto ele quanto sua esposa, para ver essa promessa se cumprir, ele creu. Apesar das dificuldades, Abraão acreditou na promessa feita pelo Senhor e estava plenamente convicto de que Deus era poderoso para cumprir o que havia prometido. Essa confiança se chama fé! A demonstração maravilhosa da confiança que Abraão teve nas promessas do Senhor ecoa até os nossos dias como testemunho de fé e justiça que lhe foi imputada tão somente porque ele creu. Abraão se tornou modelo para todos que, semelhantemente a ele, colocam a confiança na salvação que Deus operou por intermédio do nosso Senhor Jesus Cristo. O objeto da nossa fé é a pessoa de Jesus Cristo, que foi entregue em nosso lugar como aplicação da justiça de Deus, e que ressuscitou, evidenciando a vitória sobre a morte. Não há mais separação entre Deus e o homem; a ruptura causada pela queda foi desfeita pela morte e ressurreição de Jesus. Para que pudéssemos receber a imputação da justiça divina, foi necessário que Jesus fosse o substituto em nossa morte e condenação. Por meio da Sua ressurreição, fomos agraciados com a justificação diante de Deus. Romanos para hoje A fé fortaleceu a esperança de Abraão; a fé deu a Abraão lições sobre os atributos de Deus. Você pode dizer hoje que tem a mesma fé que outrora fortaleceu Abraão? Conclusão O caminho da nossa justificação passa necessariamente pela morte substitutiva de Jesus. Ao Se entregar como sacrifício pelos nossos pecados, sendo Ele mesmo a oferta do altar e o Sumo Sacerdote, conferiu a todos os que creem a imputação da justiça de Deus, que é alcançada somente pela fé em Jesus, não por obras produzidas pela lei. A fé salvadora aponta para o objeto da fé: a saber, Jesus Cristo, o Homem Deus. A grande diferença entre o cristianismo e todas as outras religiões do mundo é a certeza da morte e ressurreição de Jesus, testemunho que deve encher nosso coração de esperança e alegria. Somos o povo mais feliz da terra! 6 Justificados em Cristo Pr. Olivar Alves Pereira texto básico Romanos 5.1-21 versículo-chave Romanos 5.8 “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” alvo da lição Ao estudar esta lição, você terá condições de compreender que a justificação é a única forma de entender seu real valor diante de Deus, e lhe mostrará quanto o Deus perfeito e santo pode amar pecadores como nós. leia a Bíblia diariamente seg At 13.16-41 ter Rm 2.12-16 qua 1Co 6.9-11 qui Gl 2.11-21 sex Gl 3.23-29 sáb Tt 3.4-7 dom Rm 8.28-30 Paulo descreveu o que é justificação (Rm 3.21-31), ilustrando-a com o exemplo de Abraão (Rm 4.1-25). No texto básico desta lição, lemos que a justificação operada por Deus no coração do crente, por meio do sacrifício de Cristo Jesus, é também eficaz e, em sua eficácia produz no coração do crente a “paz com Deus” (Rm 5.1). Usando outro personagem do Antigo Testamento, Adão, Paulo mostra que as verdades concernentes à certeza e, especialmente, ao caráter abundante da salvação recebem maior esclarecimento do versículo 12 ao 21. O capítulo 5 de Romanos abre o assunto sobre os benefícios decorrentes da justificação que nos foi imputada por Deus em Cristo, por meio da fé. I. Justificação: definição e resultados (Rm 5.1-11) Quando o pecado entrou na vida do homem, trouxe-lhe terrível desgraça: separou-o de Deus, atraindo sobre ele a ira do Senhor. A condenação do homem era certa. Só havia um meio pelo qual o homem poderia ser aceito novamente diante de Deus - por intermédio da justificação. 1. Que é justificação? William Hendriksen define justificação como: “declarar justo – gracioso ato de Deus por meio do qual, sobre a base unicamente da obra de mediação efetuada por Cristo, ele declara justo o pecador, e este aceita o benefício com um coração crente”. a. A execução da justificação - Deus deu a nós a justiça de Cristo e colocou sobre os ombros de Jesus a nossa condenação (Rm 8.1). Dessa forma, quando Deus nos vê, Ele vê primeiro a justiça do Filho e, por amor a Ele e em respeito ao Seu precioso sangue vertido na cruz, não mais nos condena. Em vez disso, dá-nos as bênçãos decorrentes da justificação (Rm 4.3,5; 5.1,9; 8.30; Gl 2.15-16; 3.8,11,24; 5.4; Tt 3.7). b. A aceitação da justificação - O crente é justificado e abençoado por meio da fé, que também é obra de Deus no coração do pecador (Ef 2.8- 9). É por isso que dizemos que o tema principal da carta é “justificação pela fé em Cristo Jesus”. Deus nos tornou aceitáveis por meio de Cristo; Ele também leva o pecador a aceitar humildemente o sacrifício de Jesus em seu lugar, pela ação do Espírito Santo. 2. Cinco resultados da justificação Estamos livres da condenação eterna. Recebemos também outros benefícios da maravilhosa graça de Deus revelada em Cristo Jesus como resultado da justificação. Romanos 5.1-11 está intimamente ligado a 1João 4.18 – por causa do amor de Deus revelado a nós, não precisamos temer a Deus, pois Ele removeu o que trazia Sua ira sobre nós. Seu trono para o salvo não é lugar de medo, mas sim de exultação e alegria. a. Paz com Deus (Rm 5.1) - Pelo sangue de Cristo, a paz com Deus foi restabelecida. É a remoção da ira divina contra nós. Temos paz porque sabemos que os nossos pecados do passado foram perdoados (justificação); que os pecados do presente não mais têm poder sobre nós (santificação); e que os eventos futuros não podem separar-nos do amor de Deus (glorificação). b. Acesso a Deus (Rm 5.2) - Por meio do sacrifício de Jesus, obtivemos acesso confiante à presença do Pai (Ef 2.8; 3.12) e ao Seu trono de graça (Hb 4.16). Jesus é o “nosso Senhor”(dono, proprietário). Ele intercedeu junto ao Pai por nós, por meio do Seu sacrifício (Is 53.5). Resta-nos, como crentes em Cristo Jesus, confiar somente Nele e, além disso, gloriarmo-nos “na esperança da glória de Deus”. A seguir Paulo lança seu olhar e conduz o nosso para o futuro, para a glória eterna. Nossa alegria e exultação estão na promessa da vida eterna feita por Deus, que fez a mesma promessa a Abraão e cumpriu (Rm 4). c. Esperança nas tribulações (Rm 5.3-5) - Paulo se gloriava também nos sofrimentos decorrentes da causa do evangelho (Rm 8.35-39; 1Co 4.9-13; 2Co 1.4-10; 11.23-30; 12.7-10; Gl 6.17; 2Tm 3.11-12). “E não somente isto, mas também” refere-se ao fato de que o crente Paulo não exultava somente na esperança da vida eterna, “mas, também ... nas próprias tribulações”. Nas tribulações (as que eram fruto de sua obediência a Cristo Jesus), ele via um instrumento que Deus usava para fortalecê-lo ainda mais em sua esperança. Note a sequência dos elementos que ele apresenta e que resultam na esperança. Tribulação – Instrumento de Deus para moldar o nosso coração. Perseverança – Embora seja verdade que a perseverança (força para suportar, mais a persistente aplicação dessa força) é basicamente o resultado da operação do Espírito Santo na vida dos filhos de Deus, ela implica uma ação humana (Ap 2.10,25). Experiência – Antesde sermos aprovados, temos de ser provados. A tribulação na vida do crente, quando permitida por Deus, obedece a Seu propósito: trabalhar o caráter do crente; fazê-lo “conforme a imagem de Seu Filho” (Rm 8.29-30; Zc 13.9). O caráter provado e aprovado produz esperança. Esperança (Rm 5.2) – Significa esperança da vida eterna. Ela não nos deixa confusos, não nos desaponta, pois, “o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). Quando enfrentamos provas, somos fortalecidos pelo amor de Deus que foi derramado em nosso coração. d. Certeza do amor de Deus (Rm 5.6-8) - Quando Deus demonstrou Seu amor para conosco, “ainda éramos fracos... ímpios ... ainda pecadores”. Cristo foi motivado pelo amor do Pai pelos ímpios. e. Reconciliação com Deus (Rm 5.9-11) - Não seremos frustrados em nossa esperança porque, em Cristo, Deus demonstrou Seu profundo amor por nós. Fomos justificados por meio da morte de Cristo e seremos salvos da ira de Deus a ser derramada no futuro. O servo de Deus, enquanto louva a Deus pelas bênçãos recebidas no presente, exulta em seu coração pelas bênçãos do porvir. Romanos para hoje Deus nos reconciliou consigo. Estabeleceu a paz conosco, mesmo quando não merecíamos. Nosso caráter deve expressar o caráter de Deus. Assim sendo, como temos agido em relação àqueles que nos têm ofendido e pecado contra nós? O segundo tópico deve ser compartilhado a partir do quadro disponível no terceiro ponto que traça o paralelo entre Adão e Cristo. Reproduza o quadro a seguir da maneira que melhor lhe convier (data-show, transparência, cartaz, quadro). ADÃO JESUS CRISTO Um só ato de transgressão Condenação a todos Um só ato de justiça Justificação (que dá vida) a todos os escolhidos Desobediência de um só (todos se tornaram pecadores) Obediência de um só (muitos se tornaram justos) Adão abriu portas para o pecado Cristo abriu portas para a salvação Fracassou em sua missão Obteve êxito em Sua missão II. Adão e Cristo (Rm 5.12-21) Nesses versículos temos os contrastes: Adão versus Cristo; condenação versus justiça; pecado versus perdão. Adão e Cristo são os representantes da humanidade. O primeiro fracassou em representar-nos e trouxe sobre todos a condenação; o segundo representou os escolhidos de Deus, cumprindo toda a Lei. O que o primeiro não conseguiu fazer, o segundo fez, e por isso pode salvar os que Nele confiam. 1. Adão e Cristo são apresentados (Rm 5.12-14) Lutero disse que “diante de Deus só estão dois homens: Jesus e Adão. E nos lombos desses toda a humanidade”. Adão abriu a porta para o pecado e, em consequência, à morte. Dele herdamos o pecado e toda a miséria (Sl 51.5). “Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo” (Rm 5.13). Paulo poderia estar pensando em situações como o dilúvio, Sodoma e Gomorra, nas quais a morte (o resultado do pecado) governou. Ela reinou mesmo “sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão” (Rm 5.14) Todos os que não transgrediram o mandamento expresso de Deus, como fez Adão ao comer do fruto proibido, sofreram a morte. Mesmo durante o período de Adão a Moisés, o pecado foi de fato levado em conta. Embora a lei do Sinai, com seus mandamentos expressos, ainda não tivesse sido revelada, havia lei. Aqui o apóstolo estava pensando no que havia escrito anteriormente nessa mesma epístola (Rm 2.14-15). Essa lei, com a morte como castigo para os transgressores libertinos, foi verdadeiramente aplicada (Rm 1.18-32). Que havia lei se deduz do fato de que havia pecado. Se não houvesse lei, então, não haveria pecado. 2. Adão e Cristo são contrastados (Rm 5.15-17) “Todavia, não é assim”. Paulo mostra que a influência de Cristo para o bem excede muito à eficiência de Adão para o mal: o dom gratuito é muito mais eficaz do que a transgressão. Se a transgressão de Adão foi tão eficiente em prejudicar toda a raça humana, o dom de Deus foi superabundante naqueles a quem Deus justificou. No caso de Adão, por causa de um pecado, veio sobre todos a condenação. Cristo, porém, por Sua obra de redenção, fez provisão para perdão não só daquele único pecado. Seu sacrifício foi suficiente e eficaz para todos os pecados cometidos pelos que, pela graça soberana, depositaram Nele a confiança – a condenação foi substituída pela justificação (Rm 1.17; 3.24; 5.1). 3. Adão e Cristo são comparados (Rm 5.18-21) Paulo prossegue: “Pois assim como”. Para ajudar-nos nessa comparação, apresentamos a tabela a seguir. ADÃO JESUS CRISTO Um só ato de transgressão Condenação a todos Um só ato de justiça Justificação (que dá vida) a todos os escolhidos Desobediência de um só (todos se tornaram pecadores) Obediência de um só (muitos se tornaram justos) “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa” (Rm 5.20). Isso revela a intenção divina em promulgar a lei e mostrar não somente a pecaminosidade latente da humanidade, como também sua incapacidade de cumprir a lei divina. Daí, somente um ato da graça de Deus poderia reverter a situação do homem pecador. Deus não é o responsável pela pecaminosidade do homem. O que a Palavra nos mostra é que a vontade de Deus em promulgar a Sua lei era aguçar a consciência humana quanto à própria pecaminosidade. A lei age como “lentes de aumento”, que não aumentam o número de impurezas encontradas num corpo, apenas as tornam mais visíveis. A lei não aumenta o pecado, mas ressalta quão pecadores somos. Em princípio, o ser humano não tem esperança, entretanto, a graça divina mostra que “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Se o pecado encheu a medida, a graça divina derramou além da medida, transbordou, tornou-se mais excelente. Deus agiu “a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5.21). Romanos para hoje Quem é o seu representante diante de Deus? Em quem você tem posto a sua confiança? Em algum grande líder espiritual? Ele já se mostrou totalmente competente para isso? Ou em Jesus? Então Deus já recebeu você como filho! Conclusão Como descendentes de Adão, permaneceríamos em estado deplorável de perdição. Felizmente, Deus tomou a iniciativa de promover a justificação pela fé aos eleitos. Louvado seja Seu nome por tão grande salvação! 7 O pecado, o batismo e a graça Pr. Olivar Alves Pereira texto básico Romanos 6.1-23 versículo-chave Romanos 6.12-13 “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça” alvo da lição Ao estudar esta lição, você terá condições de compreender que não mais precisa ser escravo do pecado; também compreenderá que “viver na graça de Deus” é viver em santidade. leia a Bíblia diariamente seg Ef 4.22-32 ter Cl 3.8-11 qua Fp 3.12-16 qui Cl 1.13-23 sex Ef 4.1-6 sáb Mt 5.43-48 dom 1Jo 5.13-19 É comum ouvirmos crentes dizerem que não gostam de estudar doutrinas porque elas não são práticas. Uma ortopraxia (prática correta e saudável) depende totalmente da ortodoxia (sã e correta doutrina). Em Romanos 6, Paulo continua o assunto que vinha desenvolvendo no capítulo anterior, quando trata do pecado e dá mais enfoque à questão moral-espiritual, enquanto no capítulo 5 ele abrangeu o aspecto legal. Conceitos como santidade, vida nova, morte para o pecado, viver para Deus, estão presentes no capítulo em estudo. Romanos 5 e 6 se relacionam como justificação e santificação. “O Deus que declara justo o pecador é o mesmo que, ao mesmo tempo e em estreita conexão com ele, derrama o Espírito santificador em seu coração, produzindo santidade” (William Hendriksen). I. Sete fatos cruciais (Rm 6.1-14) A mensagem maravilhosa do evangelho anunciada por Paulo mostra que a salvação é somente pela graça de Deus revelada em Cristo e nada mais. Esse anúncio foi mal compreendido pelos judeuse pagãos convertidos que faziam parte da igreja de Roma. Levou-os a pensar da seguinte forma: se a graça de Deus se manifestou superabundante onde o pecado se manifestou, quanto mais pecarmos, mais da graça de Deus teremos! Para rebater o erro Paulo argumenta. 1. Uma pergunta (Rm 6.1) “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” (Rm 6.1). No capítulo 3 versículo 8, Paulo já combateu, em termos breves, essa distorção da doutrina da graça. Lembremos que entre os que distorciam a doutrina estavam os que agiam com sinceridade, e não estavam afrontando Paulo. O raciocínio deles era sincero, porém, errado. A cada época surgem enganadores e pessoas que são enganadas, como o monge russo Rasputin, por exemplo. Ele pregava que, “quanto mais uma pessoa pecar, mais graça ela receberá. Portanto peque à vontade”, ele dizia. Tal iniquidade tinha que ser rebatida. Foi o que Paulo fez. 2. Uma resposta (Rm 6.2) A resposta de Paulo no versículo 2 teve tom de desespero, como o de alguém que vê uma barragem se rompendo e logo mais abaixo vê um grupo de pessoas pescando tranquilamente sem perceber o perigo iminente. Paulo disse: “De modo nenhum!” Para o cristão, viver na prática deliberada do pecado é inadmissível, impossível, pois “Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” Paulo lembra seus leitores que algo maravilhoso havia acontecido na vida deles. Morreram para o pecado, e, portanto não poderiam mais continuar pecando. Continuar pecando prova que a pessoa ama mais o pecado que a Deus. 3. Uma lembrança (Rm 6.3-4) “Ou, porventura, ignorais”. Esse estilo nos lembra o do próprio Senhor Jesus (cf. Jo 3.10; 19.10; Mt 12.3,5; 19.4; 21.16,42; 22.31; Lc 6.3). Ser batizado com Cristo na Sua morte implica ser introduzido em relação pessoal com o Senhor. Aqui Paulo realça que “batizar pessoas em Cristo Jesus implica batizá-las em – ou seja, em conexão com o sacramento do batismo, introduzindo-as em relação pessoal com – a morte de Cristo, de modo que esta morte venha a ser significativa para elas, ensinando-as que por meio dela a culpa de seus pecados já foi removida e que já receberam poder para lutar e vencer a contaminação do pecado” (William Hendriksen). Aqui o sepultamento ilustra o batismo. A pessoa que morre é sepultada. Assim como o crente que morreu para o mundo é batizado em Cristo, inserido no corpo de Cristo tal como um morto é inserido numa cova. Paulo ainda nos lembra do dever que temos de “andar em novidade de vida”. O crente em Cristo Jesus mostra a fé na pessoa do Senhor por meio do comportamento cotidiano, em “novidade de vida”, surpreendendo positivamente aos circunstantes. 4. Um princípio (Rm 6.5-10) A ressurreição dos crentes é uma das verdades cruciais do evangelho. Contudo não é esse o assunto dos versos 5-10. O que Paulo ensina é que, havendo Cristo ressuscitado, Ele desferiu o último golpe contra o pecado. Assim, temos também condição de vencê-lo e andar em novidade de vida. O mesmo princípio está em Efésios 4.22-32 e Colossenses 3.8-11 – o despirmo-nos da nossa velha natureza e o revestirmo-nos da nova natureza. O crente deve ter uma postura radical contra o pecado. Não há como encontrar meio termo entre a velha e a nova natureza. 5. Uma exortação (Rm 6.11) O crente tem de considerar-se morto para o pecado. A carne (nossa natureza) é fraca para obedecer a Deus, para orar (Mt 26.41), mas para pecar, ela se mostra muito forte. É por isso que nós, os crentes, precisamos nos considerar mortos para o pecado, “mas vivos para Deus, em Cristo Jesus”. E isso quer dizer que devemos lembrar sempre o que Cristo fez por nós. 6. Uma ordem (Rm 6.12-13) Não deixemos que o pecado reine em nosso coração. Cristo já nos libertou da tirania do pecado. Nosso Rei, hoje, é outro - o Rei dos reis, o Rei de amor. Para que o pecado não se assenhoreie do coração do crente, devemos apresentar-nos a Deus. É o que Paulo passa a dizer. Os crentes não devem continuar a pôr à disposição do pecado seus membros físicos como armas da impiedade. Os crentes devem oferecer o corpo a Deus. 7. Uma promessa (Rm 6.14) No começo desse capítulo, Paulo rebateu a ideia distorcida dos que diziam que “quanto mais pecarmos mais da graça de Deus teremos”. Ele mostra que quem se entrega a Deus não mais será dominado pelo pecado. A libertação não se dá por conta do homem, mas por causa da graça de Deus que o libertou do senhorio do pecado e o transportou para as “trincheiras do amor de Deus”.Contudo, se o soldado de Deus se descuidar e começar a rondar os limites do acampamento do inimigo, será atacado por ele, que não poupará esforços para escravizá-lo novamente. Em contrapartida, se o crente se entregar cada vez mais a Deus, o pecado perderá o domínio sobre ele. Romanos para hoje Ser filho de Deus é expressar o caráter de nosso Pai Celeste. Assim como Ele abomina o pecado, nós também devemos abominá-lo, esteja ele em que âmbito estiver: pensamento, palavras, ações, sentimentos. Em qual grupo você se encaixa? Nos que operam segundo a carne ou nos que operam segundo o Espírito? II. Da escravidão à liberdade (Rm 6.15-23) Temos neste texto as dicotomias: pecado e santidade; condenação e justificação; morte e vida. Fomos transportados do reino da escravidão do pecado para a liberdade em Cristo, e, portanto agora servimos a Ele. 1. Entre o pecado e a obediência (Rm 6.15-19) O versículo 16 responde aos versículos 14 e 15 com a mesma ênfase que o versículo 2 responde ao versículo 1. A Lei como meio de salvação foi descartada anteriormente. Ela só nos mostra o que é e o que não é pecado, mas se pecarmos ela só pode nos condenar. O pecado tem efeito lento, porém progressivo e destruidor na alma da pessoa. A primeira vez que um pecado é cometido causa horror ao coração. Mas à medida que se continua pecando, a consciência é cauterizada até que o mesmo pecado, que antes era horrendo, se torna comum e não visto mais com a feiura que lhe é inerente. Se a pessoa pratica o pecado para satisfazer aos próprios “desejos” (Rm 6.12), receberá morte como pagamento. Se, porém, a pessoa se esforça para obedecer, com certeza colherá justiça. Cada um tem um só senhor: o pecado ou Deus. A conversão de um pecador em servo da justiça (Rm 6.18) é obra exclusiva da graça de Deus. Paulo registra que os romanos, antes escravos do pecado, passaram a obedecer “de coração”. Zelo, amor e fervor são elementos fundamentais para uma vida verdadeiramente feliz, pois os que obedecem a Deus estão imitando ao próprio Senhor Jesus. É importante lembrar que quando alguém é liberto por Deus encontra oportunidade singular de servir a Ele. Paulo declara: “Falo como homem”, em termos humanos, usando exemplos que os homens podem entender, no caso, a figura dos dois senhores e dos servos. É importante observar que a santificação é algo que acontece em nossos membros, também no nosso corpo. Uma pessoa que declara santidade somente “da alma”, mas não a revela fisicamente, deve reavaliar a decisão de seguir a Cristo. Ele veio para salvar as pessoas no seu todo - corpo e alma. Que sentido teria a ressurreição final se assim não fosse? 2. Libertos do pecado (Rm 6.20-23) Enquanto vivíamos escravizados pelo pecado, não tínhamos qualquer relacionamento com a justiça. Éramos injustos e estávamos totalmente alheios à justiça. Qual o resultado da servidão ao pecado? Pergunta Paulo. A resposta é: “a morte”. À luz do evangelho de Cristo e do culto prestado ao único e verdadeiro Deus, sentimos vergonha das coisas que fizemos no passado e fazemos no presente. Hoje, Deus está conosco numa estreita relação; no futuro, desfrutaremos de outro aspecto dessa relação – a vida eterna, o céu de glória (Rm 6.22). ANTES AGORA Escravidão Liberdade Escravos do pecado Escravos de Deus Vício Santidade Vergonha Paz no coração Morte Vida eterna O pecado faz do homem um escravo e, no final, como pagamento lhe dá a morte física, espiritual e eterna (Rm 6.23). O “dom gratuito de Deus”, que não custa nada para o pecador, custou um altíssimopreço para Deus. O sangue de Seu Filho dá vida eterna ao pecador que foi justificado pelo sacrifício de Cristo. Romanos para hoje “Todas as pessoas têm um mestre e se conduzem de acordo com os padrões dele. Sem Jesus, não teríamos escolha, seríamos escravos do pecado, e teríamos a culpa, o sofrimento e a separação de Deus. Mas graças a Deus, podemos escolher Jesus como nosso Mestre. Quando O seguimos, podemos desfrutar uma nova vida e aprender como trabalhar para Ele. Será que você ainda serve ao antigo mestre, ao pecado, ou já optou por Deus?” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, p.1562). Conclusão Uma escolha deve ser feita. Servirmos a dois senhores é impossível (Mt 6.24). Cada senhor retribui de uma forma à sua lealdade: o pecado com a morte, e Deus com a vida eterna. 8 O cristão e a lei Pr. Dionatan Cardoso texto básico Romanos 7.1-25 versículo-chave Romanos 7.12 “a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” alvo da lição Ao estudar esta lição, você terá condições de compreender o que é lei e qual o valor e os efeitos da lei na vida do cristão. leia a Bíblia diariamente seg Sl 119.1-24 ter Sl 119.25-48 qua Sl 119.49-72 qui Sl 119.73-104 sex Sl 119.105-128 sáb Sl 119.129-152 dom Sl 119.153-176 Sem dúvida, Romanos 7.1-25 é um dos textos mais complexos da epístola e, talvez, um dos mais difíceis de interpretar em todo o NT. Por isso, há tanta polêmica entre os estudiosos. A grande tensão está na dificuldade que os ouvintes de Paulo, especialmente os judeus, tinham de relacionar a lei com a fé em Jesus Cristo. O propósito desta lição é definir e explorar os principais aspectos que dizem respeito à lei e ao seu relacionamento com o cristão. I. Considerações gerais sobre a lei No trecho em estudo, aparece 21 vezes a palavra “lei”. Tal frequência indica o tema central do trecho. Façamos algumas considerações sobre a palavra “lei” na Bíblia. 1. Que é lei? De maneira simples, tomamos “lei” como a vontade de Deus revelada aos homens em palavras, princípios, preceitos, julgamentos, atos (cf. Êx 16.28; Sl 119). Na Bíblia, geralmente está relacionada ao AT, mas não significa que o NT não apresenta normas ao crente. a. O Pentateuco - Nominado pelos judeus de “A Lei” (Torá), Pentateuco é o conjunto dos cinco primeiros livros do AT. De origem grega, Pentateuco significa “cinco volumes”. Para os judeus, ouvintes de Paulo, a Torá, designava todo o conjunto de leis da sua tradição – lei escrita e lei oral. b. O Antigo Testamento - O AT também era visto como um tipo de compêndio de toda a lei de Deus. c. Um princípio - Lei, em sentido geral, significa regra, prescrição que emana de autoridade soberana. Assim, lei também é entendida como um princípio de obediência a toda orientação de Deus. Nesse sentido o NT é lei de Deus. d. A lei de Deus - Significa todo desígnio de Deus ao homem – a Bíblia em sua constituição total (66 livros, cf. Sl 119; 2Tm 3.16). 2. Três possíveis atitudes diante da lei John Stott, em sua obra A Mensagem de Romanos, menciona três tipos de pessoas e as atitudes que elas adotam diante da lei. a. O legalista - Observa rigorosamente a lei, mas está sob sua servidão. Uma vez que não é capaz de cumprir integralmente a lei, acaba vivendo de aparências. Pauta seu comportamento pela religiosidade hipócrita. Observa excessivamente o exterior, mas não é capaz de examinar o próprio interior. Aponta os pecados alheios, mas não enxerga os próprios erros. b. O antinomiano (ou libertino) - Detesta a lei e a lança fora. Transforma a liberdade em libertinagem. Rejeita integralmente a lei e se declara completamente livre de suas exigências. Para quem pensa assim, a lei é causadora de todos os seus problemas. Vive sem normas ou limites. c. O cristão equilibrado - Respeita, ama e obedece à lei. Ele se alegra pela libertação do regime da lei e pela liberdade que Deus dá para cumpri- la. Regozija-se pela oportunidade de observar a revelação de Deus – a Bíblia (Rm 7.12), reconhecendo que a força para cumprir tais preceitos vem do Senhor. 3. Os objetivos da lei a. Ser uma revelação de Deus e de Sua vontade. b. Proporcionar bem-estar e preservação da raça humana. c. Pôr o pecado às claras. d. Levar os homens ao arrependimento e à confiança na graça de Deus. e. Prover orientação para a vida do cristão. Romanos para hoje Das três atitudes diante da lei, mencionadas na lição: legalista; antinomiana e cristã equilibrada - em qual você se enquadra? Mesmo livre do regime da lei, você tem prazer em cumprir os preceitos de Deus? II. A severidade da lei (Rm 7.1-6) Paulo inicia a seção indagando se os seus ouvintes conheciam os limites da lei. O texto deixa claro que os ouvintes do apóstolo conheciam a lei (Rm 7.1). Para ele, “a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm 7.12). O problema estava no conceito que se dava à lei. Segundo F. F. Bruce, os ouvintes de Paulo entendiam que, devido à penosa conformidade com um código de leis, era possível adquirir mérito para salvação diante de Deus. 1. O princípio (Rm 7.1) O princípio estabelecido é: a lei tem autoridade sobre o homem somente enquanto ele vive. A morte invalida o domínio da lei sobre o indivíduo e o desobriga dos compromissos contratuais. Com a morte, os preceitos da lei são dados como terminados. O princípio é visto de maneira universal como uma sentença legal para qualquer tipo de lei: grega; romana; judaica ou bíblica. 2. A ilustração (Rm 7.2-3) Paulo explica o princípio da autoridade da lei usando a ilustração do casamento. A mulher está legalmente unida ao marido enquanto ele viver (o mesmo se aplica ao marido). O compromisso conjugal só é rompido quando uma das partes morre. As obrigações de um para com o outro são canceladas na morte. Matrimônio para toda a vida não significa para além da vida. Na ilustração, o marido morre, e a esposa fica livre para contrair novas núpcias. No tema em questão, existe uma morte que nos libera da escravidão da lei, pois pela morte de Cristo somos libertos das exigências da lei. É evidente que isso só ocorre por meio da fé em Jesus. 3. A aplicação (Rm 7.4-6) Na morte de Cristo, o homem pode ser liberto do regime da lei e contrair novo relacionamento, agora com o próprio Senhor Jesus (Rm 7.4). A nova união, porém, não pode ser desfeita uma vez que Cristo ressuscitou e não mais morrerá (Rm 7.9). Então o crente pode frutificar para Deus, uma vez que morreu com Cristo. John Stott alerta para o fato de que estar emancipado da escravidão da lei não significa estar livre para fazer o que quiser. Libertação da lei não significa liberdade para pecar, e sim liberdade para servir a Deus (Rm 7.6). F. F. Bruce conclui dizendo que a morte e o pecado são resultados da associação com a lei, mas a vida e a justiça são o resultado da união com Cristo. Romanos para hoje Você realmente é livre do regime de escravidão da lei? Você sente alegria e liberdade para servir a Deus verdadeiramente? III. O ministério da lei (Rm 7.7-13) 1. A lei é pecado? A resposta é franca e clara: “De modo nenhum!” (Rm 7.7). O apóstolo precisava ter certeza de que seus ouvintes não deturpariam seus ensinos sobre a lei. Mas se por um lado a lei não é pecado, qual a relação entre pecado e lei? a. A lei revela o pecado (Rm 7.7) - Paulo já havia escrito algo a respeito: “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20). Agora ele diz: “eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Rm 7.7). A lei é capaz de revelar os pecados mais ocultos e conduzir o indivíduo à luz. Paulo ainda menciona o décimo mandamento: “pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Rm 7.7). Paulo dá testemunho da ação da lei em sua vida, citando o pecado da cobiça. b. A lei desperta o pecado (Rm 7.8) - Para melhor compreensão do verso, faz-se necessário observar como algumas versões traduziram Romanos 7.8. Bíblia Viva – “O pecado, no entanto, usou essa lei contra os maus desejos lembrando-me
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