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PADRAO RESPOSTA 2

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P R O V A S A N T E R I O R E S
P A D R Ã O D E R E S P O S T A S
SUMÁRIO 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXV EXAME................................................................................. 2
PEÇA RESOLVIDA – RESPOSTA À ACUSAÇÃO (Vídeo 06 em provas anteriores)
QUESTÃO 01 – XXV EXAME..................................................................................................................................... 11
QUESTÃO 02 – XXV EXAME.................................................................................................................................... 15
QUESTÃO 03 – XXV EXAME.................................................................................................................................... 18
QUESTÃO 04 – XXV EXAME.................................................................................................................................... 21
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVI EXAME.............................................................................. 24
PEÇA RESOLVIDA – MEMORIAIS ESCRITOS (Vídeo 05 em provas anteriores)
QUESTÃO 01 – XXVI EXAME.................................................................................................................................. 34
QUESTÃO 02 – XXVI EXAME..................................................................................................................................38
QUESTÃO 03 – XXVI EXAME (desatualizada)..............................................................................................41
QUESTÃO 04 – XXVI EXAME..................................................................................................................................43
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVII EXAME............................................................................ 46
PEÇA RESOLVIDA – CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO (Vídeo 04 em provas anteriores)
QUESTÃO 01 – XXVII EXAME................................................................................................................................ 57
QUESTÃO 02 – XXVII EXAME............................................................................................................................... 61
QUESTÃO 03 – XXVII EXAME............................................................................................................................... 64
QUESTÃO 04 – XXVII EXAME............................................................................................................................... 67
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVIII EXAME.......................................................................... 70
PEÇA RESOLVIDA – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (Vídeo 03 em provas anteriores)
QUESTÃO 01 – XXVIII EXAME.............................................................................................................................. 80
QUESTÃO 02 – XXVIII EXAME..............................................................................................................................84
QUESTÃO 03 – XXVIII EXAME (desatualizada) ........................................................................................ 88
QUESTÃO 04 – XXVIII EXAME............................................................................................................................. 90
PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXIX EXAME......................................................................................... 93
PEÇA RESOLVIDA – AGRAVO EM EXECUÇÃO (Vídeo 02 em provas anteriores)
QUESTÃO 01 – XXIX EXAME................................................................................................................................. 101
QUESTÃO 02 – XXIX EXAME................................................................................................................................ 104
QUESTÃO 03 – XXIX EXAME................................................................................................................................ 108
QUESTÃO 04 – XXIX EXAME................................................................................................................................ 112
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXX EXAME.............................................................................. 115
PEÇA RESOLVIDA – RECURSO DE APELAÇÃO (Vídeo 01 em provas anteriores)
QUESTÃO 01 – XXX EXAME.................................................................................................................................. 125
QUESTÃO 02 – XXX EXAME................................................................................................................................. 128
QUESTÃO 03 – XXX EXAME.................................................................................................................................. 131
QUESTÃO 04 – XXX EXAME. ................................................................................................................................135
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXV EXAME
Patrick, nascido em 04/06/1960, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na
varanda de sua casa em Araruama, em 05/03/2017, no interior do Estado do Rio
de Janeiro, quando vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a de
maneira violenta, em razão de ciúmes.
Verificando o risco que sua sobrinha corria com a agressão, Patrick gritou com
Lauro, que não parou de agredi-la. Patrick não tinha outra forma de intervir,
porque estava com uma perna enfaixada devido a um acidente de trânsito.
Ao ver que as agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência e
pegou uma arma de fogo, de uso permitido, que mantinha no imóvel,
devidamente registrada, tendo ele autorização para tanto. Com intenção de
causar lesão corporal que garantisse a debilidade permanente de membro de
Lauro, apertou o gatilho para efetuar disparo na direção de sua perna. Por
circunstâncias alheias à vontade de Patrick, a arma não funcionou, mas o
barulho da arma de fogo causou temor em Lauro, que empreendeu fuga e
compareceu à Delegacia para narrar a conduta de Patrick.
Após meses de investigações, com oitiva dos envolvidos e das testemunhas
presenciais do fato, quais sejam, Natália, Maria e José, estes dois últimos sendo
vizinhos que conversavam no portão da residência, o inquérito foi concluído, e o
Ministério Público ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em face de
Patrick como incurso nas sanções penais do Art. 129, § 1º, inciso III, c/c. o Art. 14,
inciso II, ambos do Código Penal. Juntamente com a denúncia, vieram as
principais peças que constavam do inquérito, inclusive a Folha de
Antecedentes Criminais, na qual constava outra anotação por ação penal em
curso pela suposta prática do crime do Art. 168 do Código Penal, bem como o
laudo de exame pericial na arma de Patrick apreendida, o qual concluiu pela
total incapacidade de efetuar disparos.
Em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça
comparece à residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontrava
trancado. Apenas em razão desse único comparecimento no dia 26/02/2018,
certifica que o réu estava se ocultando para não ser citado e realiza, no dia
seguinte, citação por hora certa, juntando o resultado do mandado de citação e
intimação para defesa aos autos no mesmo dia. Maria, vizinha que presenciou a
conduta do oficial de justiça, se assusta e liga para o advogado de Patrick,
informando o ocorrido e esclarecendo que ele se encontra trabalhando e ficará
embarcado por 15 dias. O advogado entra em contato com Patrick por e-mail e
este apenas consegue encaminhar uma procuração para adoção das medidas
cabíveis, fazendo uma pequena síntese do ocorrido por escrito.
2
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade do advogado de
Patrick, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando todas
as teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. A peça deverá ser
datada do último dia do prazo. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldoà pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
3
O vídeo de correção da prova está disponível
no card "Provas Anteriores - 2ª Fase Penal"
em nosso EAD. Clique aqui para conferir!
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90919/225
4
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE ARARUAMA/RJ (0,10)
 
 
 
 
 
 
 
 PATRICK, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-
assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base no artigo
396 e 396-A do Código de Processo Penal (0,10), pelos fatos e fundamentos
a seguir expostos:
 
I) DOS FATOS
 
 No dia 05/03/2017, o réu Patrick viu Lauro, namorado de sua
sobrinha, agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes. 
 Ao perceber que as agressões não cessavam foi até o interior de
sua residência e pegou uma arma de fogo, de uso permitido, que mantinha
no imóvel, devidamente registrada, e, com intenção de causar lesão
corporal em Lauro, apertou o gatilho, mas a arma não funcionou.
 Após conclusão do Inquérito Policial, o Ministério Público ofereceu
denúncia contra o réu como incurso nas sanções penais do artigo 129, § 1º,
inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.
Foi juntado laudo de exame pericial da arma apreendida, o qual concluiu
pela total incapacidade de efetuar disparos.
5
 O oficial de justiça, considerando que o réu se ocultava para não ser
citado, procedeu à citação por hora certa. 
 
II) DO DIREITO 
A) PRELIMINAR
A.1) DA NULIDADE DA CITAÇÃO
 O oficial de justiça compareceu à residência do réu e, em razão do
único comparecimento realizado no dia 26/02/2018, certificou que o réu
estava se ocultando para não ser citado, realizando, no dia seguinte, a
citação por hora certa.
 Todavia, Patrick não estava se ocultando para ser citado, pois sua
residência estava fechada porque ele estava trabalhando em embarcação e
o oficial de justiça somente compareceu em uma oportunidade (0,15).
 Além disso, o oficial de justiça compareceu apenas uma vez na
residência do réu, sendo necessário procurar o réu duas vezes sem o
encontrar para efetivar a citação por hora certa, nos termos do artigo 362
do Código de Processo Penal c/c o artigo 252 do Código de Processo Civil. 
 Assim, verifica-se a nulidade da citação (0,40), nos termos do art. 564,
inciso III, “e”, do Código de Processo Penal (0,10).
 
B) MÉRITO
B.1) DO CRIME IMPOSSÍVEL
 O réu foi denunciado pela prática do crime de lesão corporal grave
tentado. Todavia, a arma de fogo utilizada não era apta a efetuar disparos,
conforme laudo pericial acostado (0,30). Logo, o meio utilizado era
absolutamente ineficaz para produzir qualquer resultado (0,20).
 Nos termos do artigo 17 do Código Penal, não se pune a tentativa
quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o delito. Trata-se, portanto, de crime
impossível.
6
 O reconhecimento do crime impossível gera a atipicidade da
conduta e, consequentemente, cabível a absolvição sumária pelo fato
evidentemente não constituir crime (0,40), com base no artigo 397, inciso
III, do Código de Processo Penal.
 
B.2) DA LEGÍTIMA DEFESA
 O réu visualizou o namorado da sua sobrinha agredindo-a de
maneira violenta. Ao verificar que as agressões não cessavam, resolveu
pegar sua arma de fogo, devidamente registrada, para defender a sua
sobrinha (0,10) 
 Logo, Patrick agiu amparado pela legítima defesa (0,70), prevista
nos artigos 25 e 23, inciso II, ambos do Código Penal (0,10).
 No caso, o réu usou moderadamente dos meios que tinha à sua
disposição, já que estava com a perna enfaixada devido a um acidente de
trânsito (0,10), para repelir injusta agressão praticada contra a sua
sobrinha (0,15).
 Além disso, Patrick não pretendia matar Lauro, mas apenas
lesionar. Assim, diante da legítima defesa, requer a Absolvição sumária,
tendo em vista que há manifesta causa excludente da ilicitude (0,40), com
fundamento no artigo 397, inciso I, do Código de Processo Penal.
 
III) DO PEDIDO
 Ante o exposto, requer:
a) Reconhecimento da nulidade do ato de citação, nos termos do art. 564,
inciso III, “e”, do Código de Processo Penal.
b) Absolvição sumária (0,30), com base no artigo 397, inciso I, do Código
de Processo Penal (0,10).
c) Absolvição sumária, com base no artigo 397, inciso III, do Código de
Processo Penal (0,10).
7
d) A produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente
prova testemunhal.
ROL DE TESTEMUNHAS (0,10):
1. Maria, qualificação;
2. José, qualificação;
3. Natália, qualificação.
 
Local..., 09 de março de 2018 (0,10).
 
Advogado...
OAB..
8
Considerando a situação narrada, o examinando deveria apresentar Resposta à
Acusação, com fundamento no Art. 396-A do Código de Processo Penal, em
busca de evitar o prosseguimento do processo em desfavor de Patrick. A peça
deveria ser encaminhada para a Vara Criminal da Comarca de Araruama, Rio de
Janeiro, local onde o delito imputado teria sido praticado.
Já de início, preliminarmente, deveria o advogado requerer o reconhecimento
da nulidade do ato de citação. O Código de Processo Penal, em seu Art. 362,
prevê a chamada “citação por hora certa”, que será admitida na hipótese de o
réu estar se ocultando para não ser citado, devendo tal informação ser
devidamente certificada por oficial de justiça. Ocorre que, no caso, não seria
possível a citação por hora certa, já que não havia nenhum indício concreto de
que o acusado estaria se ocultando para não ser citado. Simplesmente a
residência de Patrick encontrava-se fechada porque ele estava trabalhando em
embarcação, sendo prematura a conclusão do oficial de justiça apenas com
base em um único comparecimento na residência daquele que pretendia citar.
Dessa forma, a citação foi inválida e certamente houve prejuízo ao exercício do
direito de defesa, tendo em vista que o advogado não conseguiu conversar com
o réu sobre os fatos antes de apresentar resposta à acusação.
Superada tal questão, diante das informações constantes do enunciado, caberia
ao advogado do denunciado pleitear a absolvição sumária de seu cliente, tendo
em vista que o fato evidentemente não constitui infração penal e ocorreu causa
manifesta de exclusão da ilicitude.
O fato narrado evidentemente não constitui crime.
De acordo com o Art. 17 do Código Penal, não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o delito. Trata-se de aplicação do instituto do crime
impossível, onde se valoriza mais a vertente objetiva em detrimento da
subjetiva. No crime impossível, o agente age com dolo na prática do crime e
efetivamente este não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade.
Todavia, a tentativa não é punida pelo fato de ser impossível a consumação, logo
o bem jurídico não seria colocado em risco suficiente para justificar a
intervenção do Direito Penal.
Na situação apresentada, Patrick buscou praticar um crime de lesão corporal
grave mediante disparo de arma de fogo. Ocorre que aquela arma era
totalmente incapaz de efetuar disparos, conforme consta do laudo pericial
acostado, logo houve ineficácia absoluta do meio utilizado, impedindo a
punição da tentativa. O reconhecimento do crime impossível gera a atipicidade
da conduta e, consequentemente, cabível a absolvição sumária pelo fato
evidentemente não constituir crime, com fulcro no Art. 397, inciso III, do CPP.
Gabarito comentado
9
Por outro lado, diante da legítima defesa, deveria ser formulado pedido de
absolvição sumária com fundamento no Art. 397, inciso I, do CPP.
Consta do enunciado que Patrick somente agiu comintenção de lesionar Lauro
para resguardar a integridade física de sua sobrinha. De acordo com o Art. 25 do
Código Penal, haverá legítima defesa quando alguém, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem, sendo esta causa de exclusão da ilicitude, nos termos do Art. 23,
inciso II, do Código Penal.
Patrick agiu para proteger direito de terceiro (sua sobrinha) e para repelir injusta
agressão, já que Lauro estava agredindo Natália de maneira relevante e
exagerada em razão de ciúmes. Os meios utilizados foram moderados e
necessários, já que Patrick encontrava-se imobilizado na perna e no braço,
impedindo que entrasse em luta corporal sem utilizar outro meio que não a
arma de fogo. Ademais, Patrick não pretendia matar Lauro, mas apenas lesionar.
Após os pedidos de absolvição sumária e de nulidade, deveria o examinando
apresentar rol de testemunhas indicando Maria, José e Natália, no máximo de
08.
O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art. 396 do CPP, é de
10 dias, sendo que a intimação do réu ocorreu em 27 de fevereiro de 2018,
iniciando-se o prazo em 28 de fevereiro de 2018 e terminando em 09 de março
de 2018.
A petição deveria ter indicação de local, data, assinatura e advogado OAB n.
10
Distribuição dos Pontos
QUESTÃO 01 – XXV EXAME
Lucas, jovem de 22 anos, primário, foi denunciado pela prática do crime de
extorsão simples, tendo o magistrado, em 05/05/2016, recebido a denúncia e
decretado a prisão preventiva do acusado. Cumprido o mandado de prisão no
dia seguinte, Lucas permaneceu acautelado durante toda a instrução de seu
processo, vindo a ser condenado, em 24 de janeiro de 2017, à pena de 04 anos e
03 meses de reclusão, além de 12 dias-multa, sendo certo que o aumento da
pena-base foi fundamentado de maneira correta pelo magistrado em razão das
circunstâncias do crime. Foi, ainda, aplicado o regime semiaberto para início do
cumprimento da sanção, exclusivamente diante do quantum de pena aplicada,
e o valor do dia-multa foi fixado em 3 vezes o salário mínimo, em razão das
circunstâncias do fato.
Apesar de não se opor à condenação, nem à pena aplicada, Lucas, ainda preso,
pergunta a seu advogado sobre a possibilidade de recurso para aplicação de
regime de cumprimento de pena menos gravoso, ainda que mantido o
quantum de pena. Também informa ao patrono que não tem condições de
arcar com a multa aplicada, pois mora em comunidade carente e recebia, antes
dos fatos, remuneração de meio salário mínimo pela prestação de serviços
informais.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de
Lucas, responda aos itens a seguir.
A) Qual o argumento a ser formulado em sede de recurso para alteração do
regime prisional de início de cumprimento de pena aplicado, mantida a pena
final em 04 anos e 03 meses de reclusão? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento a ser apresentado em sede de recurso em busca da redução
do valor do dia-multa aplicado? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.
11
12
A) No caso, o magistrado decretou a prisão preventiva do réu no dia
05/05/2016, tendo permanecido preso durante toda a instrução do
processo, sendo condenado em 24/01/2017. Logo, o réu ficou preso por mais
de 08 meses. Considerando que a pena aplicada foi de 04 anos e 03 meses
de reclusão, bem como o período em que ficou preso provisoriamente, o
período de pena restante ficaria abaixo de 04 anos, comportando o regime
aberto.
Isso porque o tempo de prisão provisória deve ser computado no momento
da determinação do regime inicial de cumprimento de pena (0,55), nos
termos do Art. 387, § 2º do Código de Processo Penal (0,10), de modo que o
regime a ser fixado é o aberto.
 
B) O valor do dia-multa deverá considerar a capacidade econômica do
acusado e, no caso, Lucas revelou ser pessoa humilde, já que reside em
comunidade carente e sua remuneração correspondia a meio salário
mínimo, de modo que incompatível com sua situação econômica o valor do
dia-multa aplicado de 3 (três) vezes o salário mínimo (0,50), na forma do art.
60 do Código Penal (0,10).
13
A) O argumento a ser apresentado pela defesa de Lucas é que o período de pena
provisória cumprido deverá ser computado para aplicação do regime inicial do
cumprimento de pena, nos termos do Art. 387, § 2º do Código de Processo Penal,
de modo que o regime a ser fixado é o aberto. De início, destaca-se que a
questão não apresentava elementos suficientes para justificar um pedido de
redução de pena, de modo que a pena final aplicada fosse de até 04 anos e
permitisse a aplicação do regime aberto. Ademais, o próprio enunciado da
questão requer que o patrono de Lucas apresente argumento para alteração do
regime ainda que mantida a pena de 04 anos e 03 meses de reclusão. Em
princípio, estabelece o Art. 33, § 2º, alínea b, do Código Penal, que cabível o
regime semiaberto ao condenado não reincidente, quando a pena aplicada for
superior a 04 anos ou não exceda a oito, como é a situação de Lucas. Ao mesmo
tempo, estabelece o Art. 42 do Código Penal que será computado, na pena
privativa de liberdade, o tempo de prisão provisória, disciplinando, assim, o
instituto conhecido como detração. Outrossim, o Art. 387, § 2º, do Código de
Processo Penal, acrescentado pela Lei nº 12.736/12, prevê expressamente que o
tempo de prisão provisória será computado para fins de determinação do
regime inicial de pena privativa de liberdade. No caso, Lucas ficou preso por
período superior a 08 meses, período esse que deve ser computado como pena
cumprida, na forma da detração, para determinação do regime inicial. Assim,
considerando os oitos meses apenas para fins de aplicação do regime inicial,
seria possível a aplicação do regime aberto.
B) Na sentença condenatória, entendeu o magistrado que os dias-multa
deveriam ser fixados no valor de 3 vezes o salário mínimo em razão das
circunstâncias do fato. Ocorre que é pacificado o entendimento jurisprudencial,
em especial diante da previsão do Art. 60 do Código Penal, que o critério para
fixação do VALOR do dia-multa será o da capacidade econômica do réu. Na
situação apresentada, Lucas era pessoa humilde, que recebia, antes da prisão,
remuneração de meio salário mínimo em razão da prestação de serviços
informais, logo não se justifica o fundamento apresentado pelo magistrado para
fixação do valor do dia-multa.
Gabarito comentado
14
Distribuição dos Pontos
QUESTÃO 02 – XXV EXAME
Rodrigo, pela primeira vez envolvido com o aparato judicial, foi condenado
definitivamente, pela prática do crime de rixa, ao pagamento de pena
exclusivamente de multa. Para pensar sobre as consequências de seu ato, vai
para local que acredita ser deserto, onde há uma linda lagoa. Ao chegar ao
local, após longa caminhada, depara-se com uma criança, sozinha, banhando-
se, mas verifica que ela tem dificuldades para deixar a água e, então, começa a
se afogar.
Apesar de ter conhecimento sobre a situação da criança, Rodrigo nada faz, pois
não sabia nadar, logo acreditando que não era possível prestar assistência sem
risco pessoal. Ao mesmo tempo, o local era isolado e não havia autoridades
públicas nas proximidades, além de Rodrigo estar sem celular ou outro meio de
comunicação para avisar sobre a situação. Cerca de 10 minutos depois, chega
ao local Marcus, que, ao ver o corpo da criança na lagoa, entra na água e retira a
criança já falecida. Nesse momento, Rodrigo verifica que a lagoa não era
profunda e que a água bateria na altura de sua cintura, não havendo risco
pessoal para a prestação da assistência.
Após a perícia constatar a profundidade da lagoa, Rodrigo é denunciado pela
prática do crime previsto no Art. 135, parágrafo único, do Código Penal. Não
houve composição dos danos civis, e o Ministério Público não ofereceu
proposta de transação penal, sob o argumento deque havia vedação legal
diante da condenação de Rodrigo pela prática do crime de rixa.
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de
advogado(a) de Rodrigo, aos itens a seguir.
A) Existe argumento a ser apresentado pela defesa para combater o
fundamento utilizado pelo Ministério Público para não oferecer proposta de
transação penal? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Qual argumento de direito material poderia ser apresentado em busca da
absolvição do denunciado? Justifique. (Valor: 0,65)
15
16
A) Sim. Nos termos do artigo 76, § 2º, I, da Lei 9099/95, não caberá proposta
de transação penal se o autor da infração tiver sido condenado, pela prática
de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva. 
No caso, não há vedação legal para oferecimento de transação, porque a
condenação anterior de Rodrigo foi apenas ao cumprimento de pena de
multa e não de pena privativa de liberdade (0,50), nos termos do Art. 76, §2º,
inciso I, da Lei 9.099/95 (0,10).
 
B) No caso, Rodrigo errou sobre o elemento “sem risco pessoal” (0,40), que
integra o tipo penal que define o crime de omissão de socorro, previsto no
artigo 135 do Código Penal, já que não sabia nadar, acreditando, por isso,
não ser possível prestar assistência à criança sem risco pessoal. Logo, não
tinha conhecimento que a lagoa não era profunda.
Assim, Rodrigo deve ser absolvido pois sua omissão ocorreu em erro de tipo,
nos termos do artigo 20, “caput”, do Código Penal (0,10), havendo a exclusão
do dolo e da culpa. Além disso, o crime do Art. 135 do Código Penal não
prevê a modalidade culposa, logo a sua conduta é atípica (0,15).
A) Sim, existe argumento. Inicialmente deve ser destacado que o delito
imputado a Rodrigo, ainda que considerando a aplicação da pena de maneira
triplificada em razão do resultado morte, é de menor potencial ofensivo. Prevê o
Art. 76 da Lei 9.099/95 que o Ministério Público poderá oferecer proposta de
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, caso não haja
composição dos danos e não seja hipótese de arquivamento. Todavia, o próprio
Art. 76, em seu parágrafo 2º, traz hipóteses em que a proposta de transação
penal não poderá ser realizada. O inciso I do dispositivo mencionado afirma que
não caberá a proposta quando o autor da infração já tiver sido condenado, pela
prática de crime, por sentença definitiva, à pena privativa de liberdade. Na
hipótese apresentada, Rodrigo possuía condenação anterior com trânsito em
julgado, mas apenas ao cumprimento de pena de multa e não pena privativa de
liberdade. Assim, não há vedação legal, podendo o Ministério Público oferecer
proposta de transação penal.
B) Rodrigo deve ser absolvido pois sua omissão ocorreu em erro de tipo. Para
configuração do delito de omissão de socorro, previsto no Art. 135 do Código
Penal, é preciso que a omissão tenha ocorrido quando era possível ao agente
prestar assistência sem risco pessoal. Rodrigo somente não agiu porque
acreditava que existia risco para si, já que não sabia nadar e a criança estava se
afogando na lagoa. Em que pese a lagoa fosse rasa e não apresentasse risco para
Rodrigo, ele não tinha conhecimento de tal situação, logo agiu em erro sobre a
elementar “sem risco pessoal”. Havendo erro sobre elementar do tipo, a
consequência é o afastamento do dolo, somente podendo o agente ser
responsabilizado se o erro for evitável e prevista a modalidade culposa do delito,
nos termos do Art. 20 do Código Penal. No caso, o crime do Art. 135 do Código
Penal não traz a modalidade culposa, logo o fato é atípico
17
Gabarito comentado
Distribuição dos Pontos
QUESTÃO 03 – XXV EXAME
Na cidade de Goiânia funciona a boate Noite Cheia, onde ocorrem shows de
música ao vivo toda sexta-feira. Em razão da grande quantidade de
frequentadores, os proprietários João e Maria estabeleceram que somente
poderia ingressar na boate aquele que colocasse o nome na lista de convidados,
até 24 horas antes do evento.
Em determinada sexta-feira, Eduardo, morador de São Paulo, comparece ao
local com a intenção de assistir ao show, mas foi informado sobre a
impossibilidade de ingresso, já que seu nome não constava na lista.
Pretendendo ingressar ainda assim, Eduardo ofereceu vantagem indevida, qual
seja, R$ 500,00, a Natan, integrante da segurança privada do evento, em troca
de este permitir seu ingresso no local sem que os proprietários soubessem.
Ocorre que a conduta foi filmada pelas câmeras de segurança e, de imediato,
Natan recusou a vantagem, sendo Eduardo encaminhado à Delegacia mais
próxima.
O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Eduardo pela prática do
crime de corrupção ativa consumada, previsto no Art. 333 do Código Penal.
Durante a instrução, foi expedida carta precatória para determinada cidade de
Minas Gerais, para oitiva de Natan, única testemunha, tendo em vista a
mudança de endereço residencial do antigo segurança do estabelecimento,
não sendo a defesa de Eduardo intimada do ato, uma vez que consta
expressamente do Código de Processo Penal que a expedição de carta
precatória não suspende o feito. Após o interrogatório, a defesa de Eduardo é
intimada a apresentar alegações finais. Considerando as informações narradas,
na condição de advogado(a) de Eduardo, responda aos itens a seguir.
A) Para questionar a prova testemunhal produzida durante a instrução, qual o
argumento de direito processual a ser apresentado pela defesa? Justifique.
(Valor: 0,65)
B) Em busca da absolvição de Eduardo pelo delito imputado, qual o argumento
de direito material a ser apresentado? Justifique. (Valor: 0,60)
18
19
A) Durante a instrução foi expedida carta precatória para ouvir a
testemunha Natan, sem que a defesa fosse intimada do ato. Todavia,
verifica-se cerceamento de defesa, havendo violação aos princípios do
contraditório e da ampla defesa (0,15), nos termos do artigo 5º, inciso LV, da
Constituição Federal (0,10), tendo em vista que não houve intimação em
relação à expedição da carta precatória (0,30), conforme determina o CPP,
que prevê expressamente, em seu Art. 222, que as partes deverão ser
intimadas (0,10). 
Embora a expedição da carta precatória não gere a suspensão do processo,
de acordo com o Art. 222, §1º, do CPP, não é possível dispensar a intimação
da defesa em relação à sua expedição. 
Convém ressaltar que, nos termos da Súmula 273 do Superior Tribunal de
Justiça, somente seria desnecessária a intimação da expedição da carta
precatória, se a defesa for intimada da data da audiência no juízo
deprecado, o que não ocorreu no caso.
 
B) Nos termos do artigo 333 do Código Penal, o crime de corrupção ativa se
configura quando o agente oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público. No caso, Eduardo ofereceu vantagem indevida para
Natan, integrante de segurança privada do evento, não se tratando,
portanto, de funcionário público.
Logo, trata-se de fato atípico, já que a conduta de Eduardo não se enquadra
na descrita no artigo 333 do Código Penal. (0,60).
A) O advogado de Eduardo deve alegar que ocorreu cerceamento de defesa,
havendo violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, tendo em
vista que não houve intimação em relação à expedição da carta precatória,
conforme determina o CPP, que prevê expressamente, em seu Art. 222, que as
partes deverão ser intimadas. De fato, conforme consta do enunciado, a
expedição de carta precatória, de acordo com o Art. 222, § 1º, do CPP, não gera
suspensão do processo. Todavia, essa informação não se confunde com a
necessidade de intimação da defesa em relação à expedição. A jurisprudência
admite que não ocorra intimação da defesa em relação à data da audiência a ser
realizada no juízo deprecado somente no caso de ter ocorrido a devida
intimação em relação à expedição da carta precatória, nos termos da Súmula
273 do Superior Tribunal de Justiça, o que não ocorreu na hipótese.
B) O argumento a ser apresentado é o de que, apesar de Eduardo teroferecido
vantagem indevida para o segurança do estabelecimento para que ele não
praticasse ato de seu ofício, não há que se falar em crime de corrupção ativa. O
crime de corrupção ativa, previsto no Art. 333 do Código Penal, é crime praticado
por particular contra a Administração Pública em Geral. Ocorre que, no caso, a
vantagem foi oferecida para particular e não funcionário público, logo o fato é
atípico.
20
Gabarito comentado
Distribuição dos Pontos
QUESTÃO 04 – XXV EXAME
Vitor, 23 anos, decide emprestar sua motocicleta, que é seu instrumento de
trabalho, para seu pai, Francisco, 45 anos, por um mês, já que este se encontrava
em dificuldade financeira. Após o prazo do empréstimo, Vitor, que não residia
com Francisco, solicitou a devolução da motocicleta, mas este se recusou a
devolver e passou a atuar como se proprietário do bem fosse, inclusive
anunciando sua venda.
Diante do registro dos fatos em sede policial, o Ministério Público ofereceu
denúncia em face de Francisco, imputando-lhe a prática do crime previsto no
Art. 168, § 1º, inciso II, do Código Penal.
Após a confirmação dos fatos em juízo e a juntada da Folha de Antecedentes
Criminais sem qualquer outra anotação, o magistrado julgou parcialmente
procedente a pretensão punitiva, afastando a causa de aumento, mas
condenando Francisco, pela prática do crime de apropriação indébita simples,
à pena mínima prevista para o delito em questão (01 ano), substituindo a pena
privativa de liberdade por restritiva de direito.
Considerando apenas as informações narradas no enunciado, na condição de
advogado(a) de Francisco, responda aos itens a seguir.
A) Para combater a decisão do magistrado, que, após afastar a causa de
aumento, imediatamente decidiu por condenar o réu pela prática do crime de
apropriação indébita simples, qual argumento de direito processual poderia ser
apresentado? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Qual argumento de direito material, em sede de apelação, poderia ser
apresentado em busca de evitar a punição de Francisco? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.
21
22
A) O réu foi denunciado pela prática do crime do artigo 168, § 1º, inciso II, do
Código Penal. O Juiz julgou parcialmente procedente a pretensão punitiva,
afastando a causa de aumento de pena, condenando o réu pela prática do
crime de apropriação indébita simples, previsto no artigo 168, “caput”, do
Código Penal.
Assim, considerando que o crime de apropriação indébita simples prevê
pena mínima de 01 ano, admitindo, portanto, a suspensão condicional do
processo, deveria o magistrado ter encaminhado os autos ao Ministério
Público para manifestação sobre o previsto no Art. 89 da Lei nº 9.099/95
(0,50).
Ressalta-se que todos os demais requisitos previstos no dispositivo estão
preenchidos, já que Francisco era primário, de bons antecedentes e as
circunstâncias do crime eram favoráveis. Ademais, o Superior Tribunal de
Justiça, na Súmula 337, prevê expressamente que é cabível a suspensão
condicional do processo na desclassificação do crime ou na procedência
parcial do pedido. (0,10)
 
B) Embora a conduta de Francisco esteja prevista como crime de
apropriação indébita, por ser ascendente da vítima será isento de pena, nos
termos do artigo 181, II, do Código Penal (0,10), que prevê a escusa
absolutória quando o crime é praticado por ascendente contra
descendente (0,40). Além disso, não incide, no caso, nenhuma das exceções
trazidas pelo Art. 183 do Código Penal.
Assim, em sendo o autor do fato pai da vítima (0,15) e não havendo violência
ou grave ameaça à pessoa, é ele isento de pena, não podendo ser
criminalmente punido
A) O argumento de direito processual a ser apresentado seria no sentido de que
não poderia o magistrado, de imediato, condenar o réu pela prática do crime de
apropriação indébita simples, tendo em vista que com o afastamento da causa
de aumento, a pena mínima prevista para o delito do Art. 168, caput, do Código
Penal admite o oferecimento de proposta de suspensão condicional do
processo, de modo que deveria o magistrado ter encaminhado os autos ao
Ministério Público para manifestação sobre o previsto no Art. 89 da Lei nº
9.099/95. Ressalta-se que todos os demais requesitos previstos no dispositivo
estão preenchidos, já que Francisco era primário, de bons antecedentes e as
circunstâncias do crime eram favoráveis. Ademais, o Superior Tribunal de
Justiça, na Súmula 337, prevê expressamente que é cabível a suspensão
condicional do processo na desclassificação do crime ou na procedência parcial
do pedido.
B) O argumento de direito material a ser apresentado em busca de evitar a
punição de Francisco é da aplicação da previsões do Art. 181, inciso II, do Código
Penal, que traz o instituto conhecido como escusa absolutória. Em que pese a
conduta praticada por Francisco abstratamente se adeque as previsões do Art.
168, caput, do Código Penal, de acordo com o dispositivo antes mencionado, é
isento de pena quem comete crime previsto no título contra descendente,
sendo certo que nenhuma das exceções trazidas pelo Art. 183 do Código Penal
ocorreu. Assim, em sendo o autor do fato pai da vítima e não havendo violência
ou grave ameaça à pessoa, é ele isento de pena, não podendo ser criminalmente
punido.
23
Gabarito comentado
Distribuição dos Pontos
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XXVI EXAME
Em 03 de outubro de 2016, na cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro,
Lauro, 33 anos, que é obcecado por Maria, estagiária de uma outra empresa que
está situada no mesmo prédio em que fica o seu local de trabalho, não mais
aceitando a rejeição dela, decidiu que a obrigaria a manter relações sexuais
com ele, independentemente da sua concordância. 
Confiante em sua decisão, resolveu adquirir arma de fogo de uso permitido,
considerando que tinha autorização para tanto, e a registrou, tornando-a
regular. Precisando que alguém o substituísse no local do trabalho no dia do
crime, narrou sua intenção criminosa para José, melhor amigo com quem
trabalha, assegurando-lhe que comprou a arma exclusivamente para ameaçar
Maria a manter com ele conjunção carnal, mas que não a lesionaria de forma
alguma. Ainda esclareceu a José, que alugara um quarto em um hotel e
comprara uma mordaça para evitar que Maria gritasse e os fatos fossem
descobertos.
Quando Lauro saía de casa, em seu carro, para encontrar Maria, foi
surpreendido por viatura da Polícia Militar, que havia sido alertada por José
sobre o crime prestes a acontecer, sendo efetuada a prisão de Lauro em
flagrante. Em sede policial, Maria foi ouvida, afirmando, apesar de não
apresentar documentos, que tinha 17 anos e que Lauro sempre manteve
comportamento estranho com ela, razão pela qual tinha interesse em ver o
autor dos fatos responsabilizado criminalmente. 
Após receber os autos e considerando que o detido possuía autorização para
portar arma de fogo, o Ministério Público denunciou Lauro apenas pela prática
do crime de estupro qualificado, previsto no Art. 213, §1º c/c Art. 14, inciso II, c/c
Art. 61, inciso II, alínea f, todos do Código Penal. O processo teve regular
prosseguimento, mas, em razão da demora para realização da instrução, Lauro
foi colocado em liberdade. Na audiência de instrução e julgamento, a vítima
Maria foi ouvida, confirmou suas declarações em sede policial, disse que tinha
17 anos, apesar de ter esquecido seu documento de identificação para
confirmar, apenas apresentando cópia de sua matrícula escolar, sem indicar
data de nascimento, para demonstrar que, de fato, era Maria. José foi ouvido e
também confirmou os fatos narrados na denúncia, assim como os policiais. O
réu não estava presente na audiência por não ter sido intimado e, apesar de seu
advogado ter-se mostrado inconformado com tal fato, o ato foi realizado,
porque o interrogatório seria feito em outra data.
24
Na segunda audiência, Lauro foi ouvido, confirmando integralmente os fatos
narrados na denúncia, mas demonstrounão ter conhecimento sobre as
declarações das testemunhas e da vítima na primeira audiência. Na mesma
ocasião, foi, ainda, juntado o laudo de exame do material apreendido, o laudo
da arma de fogo demonstrando o potencial lesivo e a Folha de Antecedentes
Criminais, sem outras anotações. Encaminhados os autos para o Ministério
Público, foi apresentada manifestação requerendo condenação nos termos da
denúncia. 
Em seguida, a defesa técnica de Lauro foi intimada, em 04 de setembro de
2018, terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para apresentação
da medida cabível. 
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de
Lauro, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando
todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do
prazo para interposição. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
25
O vídeo de correção da prova está disponível
no card "Provas Anteriores - 2ª Fase Penal"
em nosso EAD. Clique aqui para conferir!
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/85259/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/85259/225
26
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE CAMPOS/RJ (0,10)
 
Processo nº ...
 
 
 
 
 
 LAURO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado,
com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar MEMORIAIS, com base no artigo 403, § 3º, do Código
de Processo Penal (0,10), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
 
I) DOS FATOS
 O réu foi denunciado pela prática do crime tentativa de estupro
qualificado, previsto no artigo 213, § 1º, combinado com os artigos 14, II, e 61,
II, “f ”, todos do Código Penal.
 Durante a primeira audiência de instrução, foi ouvida a vítima, que
não levou documento de identificação, apresentando apenas cópia da
matrícula escolar, bem como José e os policias. O réu não compareceu na
audiência, pois não foi intimado, mas mesmo com o inconformismo da
defesa, o ato foi realizado, sendo interrogado apenas na segunda audiência.
 O Ministério Público requereu a condenação do réu, nos termos da
denúncia.
 A defesa foi intimada em 04 de setembro de 2018.
 
II) DO DIREITO
A) DA PRELIMINAR
A.1) DA NULIDADE DA INSTRUÇÃO
27
 O réu Lauro não compareceu na primeira audiência. Todavia, os
atos processuais realizados durante a instrução devem ser anulados (0,20),
uma vez que não foi intimado, e mesmo com a defesa manifestando o
inconformismo com o ato, a audiência foi realizada. 
O réu não estava presente na primeira audiência, quando foram ouvidos a
vítima e as testemunhas, causando-lhe evidente prejuízo à sua defesa. 
 Assim, os atos processuais realizados a partir da primeira audiência
de instrução devem ser anulados, uma vez que a falta de intimação para
comparecimento do réu em audiência (0,40), representa cerceamento de
defesa e afronta o princípio da ampla defesa (0,15), previsto no artigo 5º, LV,
da Constituição Federal/88 e artigo 564, IV, do Código de Processo Penal 
 (0,10).
 Diante disso, verifica-se a nulidade dos atos da instrução, nos termos
do artigo 564, IV, do Código de Processo Penal.
 
B) DO MÉRITO
B.1) DA ABSOLVIÇÃO 
 O réu foi acusado de ter tentado estuprar Maria. Todavia, o fato de
Lauro ter comprado uma arma, alugado um quarto de hotel e comprar
uma mordaça, para supostamente ameaçar a vítima para com ele manter
conjunção carnal, configura apenas atos preparatórios. Logo, não foi
iniciada a execução do crime de estupro (0,60), haja vista que os atos
preparatórios, de regra, não são puníveis (0,20).
 Diante disso, não há de se falar em tentativa de estupro, já que não
havia sido iniciada a execução do delito, devendo o agente ser absolvido,
uma vez que sua conduta não configura crime. No mais, o porte de arma
de fogo por si só não configura infração, tendo em vista que Lauro possuía
autorização.
 Assim, o réu deve ser absolvido (0,30), com base no artigo 386, III, do
Código de Processo Penal (0,30).
28
C) DA SUBSIDIARIEDADE
C.1) DA QUALIFICADORA (0,60)
 O réu foi denunciado pelo crime de tentativa de estupro qualificado.
Todavia, na audiência de instrução, a vítima não apresentou documentação
hábil que comprovasse sua idade, apenas apontando que possuía 17 anos,
limitando-se a apresentar cópia da sua matrícula escolar, sem indicar data
da nascimento.
 A mera alegação em audiência não é suficiente para comprovação
de idade, não sendo possível ter certeza, em razão de sua aparência física,
se era menor de 18 anos. 
 Nos termos do artigo 155, parágrafo único, do Código de Processo
Penal, em relação ao estado das pessoas, serão observadas as restrições
estabelecidas na lei civil. 
 Além disso, conforme a Súmula 74 do Superior Tribunal de Justiça,
que pode ser considerada no presente caso, a menoridade requer prova
com documento hábil.
 Nesse sentido, não há prova nos autos da idade da vítima (0,50), bem
como não foi apresentado nenhum exame pericial, devendo ser afastada a
qualificadora prevista no artigo 213, §1º, do Código Penal (0,10),
 
C.2) DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL FAVORÁVEL (0,20)
 Na eventualidade de sentença condenatória, o que não se espera,
deve a pena-base ser fixada no mínimo legal.
 Isso porque foi juntada a folha de antecedentes criminais o réu sem
qualquer anotação. Logo, o réu ostenta bons antecedentes, devendo a
pena-base ser fixada no mínimo legal, já que todas as circunstâncias
judiciais do artigo 59 do Código Penal são favoráveis.
 
C.3) DA AGRAVANTE (0,30)
29
 Apesar da vítima ser mulher, não existia situação de relação familiar
ou de coabitação, não sendo o crime praticado no âmbito de violência
doméstica contra mulher (0,10), como prevê a Lei nº 11.340/06. Isso porque,
não basta a vítima do crime ser mulher para reconhecimento da
agravante.
 Sendo assim, requer seja afastada a agravante do artigo 61, II, “f ”, do
Código Penal (0,20).
 
C.4) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA (0,40)
 Ao ser interrogado, o réu confirmou integralmente os fatos descritos
na denúncia. Logo, incide a atenuante da confissão espontânea (0,30),
prevista no artigo 65, inciso III, “d”, do Código Penal (0,10).
 Assim, requer seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea.
 
C.5) DA TENTATIVA (0,25)
 Considerando que o crime ficou longe da consumação , o
entendimento pacífico é de que o critério do quantum de redução guarda
relação com o iter criminis percorrido (0,10). Assim, considerando que o
delito ficou distante da consumação, a diminuição pela tentativa deve ser
no percentual máximo (0,15).
 Assim, requer seja aplicada a redução máxima de 2/3 em razão da
tentativa.
 
C.6) DO REGIME INICIAL ABERTO (0,30)
 Considerando a pena no mínimo legal e a redução pela tentativa,
com a diminuição no patamar máximo, a pena ficará abaixo de quatro
anos, devendo, portanto, o Magistrado fixar o regime inicial de
cumprimento de pena no aberto OU semiaberto.
 Logo, na hipótese de eventual condenação, o Magistrado deverá fixar
o regime aberto OU semiaberto (0,20), nos termos do artigo 33, § 2º, “b” OU
30
“c”, do Código Penal (0,10), já que o réu é primário e as circunstâncias
judiciais são favoráveis.
 OU
C.7)
DA SUSPENSÃO DA PENA (0,30)
 Considerando a pena no mínimo legal e a redução pela tentativa,
com a diminuição no patamar máximo, a pena ficará em dois anos, com o
que o réu preenche os requisitos do artigo 77 do Código Penal (0,10).
 Assim, requer a aplicação da suspensão condicional da pena (0,20).III) DO PEDIDO
 Ante o exposto, requer:
a) seja declarada a nulidade dos atos da instrução em razão da falta de
intimação do réu para a solenidade; (0,05)
b) a absolvição (0,20), com base no artigo 386, inciso III, do Código de
Processo Penal; (0,10).
c) seja afastada a qualificadora do artigo 213, § 1º, do Código Penal; (0,05)
d) seja aplicada a pena base no mínimo legal OU;
e) seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea, com base no
artigo 65, III, “d”, do Código Penal; (0,05)
f) seja afastada a agravante do artigo 61, II, “f”, do Código Penal; (0,05)
g) seja aplicada a redução máxima pela tentativa; (0,05)
h) seja fixado o regime inicial de cumprimento de pena como sendo o
aberto, artigo 33, § 2º, “c”, do Código Penal (0,05);
i) seja aplicada a suspensão da pena, com base no artigo 77 do Código
Penal. 
Local..., 10 de setembro de 2018 (0,10).
Advogado...
OAB... (0,10)
31
O examinando deve redigir Alegações Finais na forma de memoriais ou
Memoriais, com fundamento no artigo 403, § 3º, do CPP, devendo a petição ser
direcionada ao juiz de uma das Varas Criminais da Comarca de Campos, RJ.
Preliminarmente, deveria o examinando, na condição de advogado, requerer a
nulidade dos atos processuais realizados durante a instrução probatória, a partir
da realização da primeira audiência de instrução e julgamento, tendo em vista
que Lauro não foi intimado para comparecimento e sua defesa técnica
manifestou o inconformismo com o ato.
O princípio da ampla defesa, assegurado pelo Art. 5º, inciso LV, da CRFB/88,
garante ao acusado não somente o direito a sua defesa técnica, mas também a
autodefesa, que, por sua vez, inclui o direito de presença. A não intimação de
Lauro para realização da audiência de instrução e julgamento, ainda que não
tenha ocorrido o interrogatório, certamente causa prejuízo a sua defesa, pois
não estava o réu presente quando toda a prova da acusação foi produzida.
Assim, a nulidade dos atos praticados desde a primeira audiência de instrução e
julgamento deve ser reconhecida.
Após a preliminar, deveria o examinando passar a analisar o mérito.
No mérito, caberia ao examinando pleitear a absolvição de Lauro, na forma do
Art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal, pois o fato narrado não constitui
crime. Isso porque não foi iniciada a execução do crime imputado na denúncia,
havendo meros atos preparatórios, que, em regra, são impuníveis. Os atos
preparatórios constituem atividades materiais ou morais de organização prévia
dos meios ou instrumentos para o cometimento do crime. A compra de uma
arma e a reserva do quarto configuram atos preparatórios e não início de
execução.
Em respeito ao princípio da lesividade, prevaleceu na doutrina brasileira o
entendimento de que, salvo quando expressamente previsto em lei, os atos
preparatórios não são puníveis, pois não colocariam em risco, de maneira
concreta, o bem jurídico protegido. Ainda que presente o elemento subjetivo,
não haveria crime em razão de objetivamente não haver risco próximo ao bem
jurídico.
Diante disso, não há tentativa de estupro, já que não havia sido iniciada a
execução do delito, devendo o agente ser absolvido, porque sua conduta não
configura crime. O porte de arma de fogo por si só não configura infração penal,
já que Lauro possuía autorização para tanto, nos termos do enunciado.
Pela eventualidade do caso de condenação, deveria o examinando analisar
eventual pena a ser aplicada.
Já de início, deveria o examinando defender que eventual condenação de Lauro
deveria ser pela prática do crime do Art. 213, caput, do CP e não por seu
parágrafo primeiro, já que não havia nos autos prova da idade da vítima.
Gabarito comentado
32
Prevê o Art. 155, parágrafo único, do CPP que, quanto ao estado das pessoas,
serão observadas as restrições estabelecidas pela lei civil. Ademais, o Enunciado
74 da Súmula de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça prevê que a
prova da menoridade do réu requer prova com documento hábil. Assim, a
mesma ideia deve ser aplicada para comprovação da idade da vítima.
No caso, não foi feito qualquer exame pericial, já que o ato não chegou a se
consumar. A vítima não apresentou qualquer documento que comprovasse sua
idade, sendo certo que a mera alegação em audiência não é suficiente para
provar a idade, em especial porque a vítima já possuía 17 anos, logo não há como
se ter certeza, por sua aparência física, se maior de 18 anos.
Em razão disso, deve ser afastada a qualificadora do Art. 213, § 1º, do CP.
Necessário ao examinando buscar afastar o reconhecimento da agravante do
Art. 61, inciso II, alínea f, do CP, descrita na denúncia. Isso porque, apesar de a
vítima ser mulher, não há que se falar em violência na forma da Lei nº 11.340/06,
já que não existia relação familiar, de coabitação ou qualquer outro
relacionamento anterior entre as partes. Não basta para o reconhecimento da
agravante a simples situação de vítima do sexo feminino.
Ademais, deveria o examinando requerer o reconhecimento da atenuante da
confissão espontânea, prevista no Art. 65, inciso III, alínea d, do CP, pois, apesar
de a conduta não ser crime, Lauro confessou integralmente os fatos descritos na
denúncia.
Na terceira fase, a diminuição em razão da tentativa deveria ser do máximo, em
razão de o delito ter ficado longe
da consumação, adotando-se o entendimento pacificado de que o quantum de
redução deve considerar o iter
criminis percorrido.
Por fim, o regime de pena a ser aplicado seria o aberto ou semiaberto,
considerando a pena mínima e a redução aplicável.
Diante do exposto, deveria ser formulado pedido requerendo:
a) Preliminarmente, reconhecimento da nulidade dos atos praticados desde a
primeira audiência de instrução e julgamento.
b) No mérito, absolvição de Lauro, com fulcro no Art. 386, inciso III, do CPP.
c) Na eventualidade de condenação, afastamento da qualificadora do Art. 213, §1º
do CP e aplicação da pena base no mínimo legal.
d) Afastamento da agravante do Art. 61, inciso II, alínea f, do CP.
e) Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea.
f) Redução máxima em razão da tentativa.
g) Aplicação do regime aberto ou semiaberto.
A data a ser indicada é 10 de setembro de 2018, tendo em vista que o prazo para
Alegações Finais é de 05 dias, mas o prazo se encerraria em um domingo,
devendo ser prorrogado para o primeiro dia útil seguinte.
33
Distribuição dos Pontos
QUESTÃO 01 – XXVI EXAME
Insatisfeito com a atividade do tráfico em determinado condomínio de
residências, em especial em razão da venda de drogas de relevante valor, o juiz
da comarca autorizou, após requerimento do Ministério Público, a realização de
busca e apreensão em todas as centenas de residências do condomínio, sem
indicar o endereço de cada uma delas, apesar de estas serem separadas e
identificadas, sob o argumento da existência de informações de que, no interior
desse condomínio, haveria comercialização de drogas e que alguns dos
moradores estariam envolvidos na conduta.
Com base nesse mandado, a Polícia Civil ingressou na residência de Gabriel, 22
anos, sendo apreendidos, no interior de seu imóvel, 15 g de maconha, que, de
acordo com Gabriel, seriam destinados a uso próprio. Após denúncia pela
prática do crime do Art. 28 da Lei nº 11.343/06, em razão de anterior condenação
definitiva pela prática do mesmo delito, o que impossibilitaria a aplicação de
institutos despenalizadores, foi aplicada a Gabriel a sanção de cumprimento de
10 meses de prestação de serviços à comunidade.
Intimado da condenação e insatisfeito, Gabriel procura um advogado para
consulta técnica, esclarecendo não ter interesse em cumprir a medida aplicada
de prestação de serviços à comunidade. Considerando apenas as informações
narradas, na condição de advogado de Gabriel, esclareça os itens a seguir.
A) Qual o argumento de direito processual a ser apresentado em sede de
recurso para questionar a apreensão das drogas na residência de Gabriel?
Justifique. (Valor: 0,60)
B) Em caso de descumprimento, por Gabriel, da medida deprestação de
serviços à comunidade imposta na sentença condenatória pela prática do
crime do Art. 28 da Lei nº 11.343/06, poderá esta ser convertida em pena
privativa de liberdade? Justifique. (Valor: 0,65)
34
35
A) O mandado de busca e apreensão não era válido, pois genérico. OU.
Além disso, foi expedido sem indicação de endereço específico para
cumprimento (0,50), afrontando o artigo 243, I, do Código de Processo
Penal (0,10). 
Ainda, segundo o artigo 5º, XI, da Constituição Federal/88, a casa é asilo
inviolável, não sendo possível nela ingressar, salvo com autorização do
morador ou em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro. No caso, não havia fundadas razões sobre o envolvimento de
ilícito por parte de Gabriel, sendo o mandado inválido.
 
B) Não poderia ser convertida a prestação de serviços à comunidade em
pena privativa de liberdade, tendo em vista que o artigo 28 da Lei 11.343/06
não admite a conversão OU. Além disso, a Lei nº 11.343/06 prevê que em
caso de descumprimento da prestação, aplica-se multa ou admoestação
verbal (0,55), conforme artigo 28, § 6º, da Lei 11.343/06 (0,10).
36
A) O argumento de direito processual a ser apresentado em sede de recurso é
que o mandado de busca e apreensão que justificou a realização de diligência
na residência de Gabriel é inválido, tendo em vista que genérico. O mandado de
busca e apreensão em determinada residência, por ser uma restrição aos
direitos fundamentais da inviolabilidade de domicílio, trazido pelo Art. 5º, inciso
XI, da CRFB/88, e privacidade deve ser determinado e amparado em fundadas
razões no envolvimento com ilícito. No caso, o mandado foi genérico, sem
indicar o endereço exato onde deveria ser cumprido o mesmo, apesar de as
residências do condomínio serem separadas e identificadas. Por essas mesmas
razões, houve violação, ainda, da previsão do Art. 243, inciso I, do CPP, que diz
que no mandado deve ser indicada o mais precisamente possível a casa onde
será realizada a diligência.
B) Ainda que diante do descumprimento da medida de prestação de serviços à
comunidade, não poderia ser convertida esta em pena privativa de liberdade.
Desde a Lei nº 11.343/06, o crime de posse de material entorpecente para
consumo próprio deixou de ser punido com pena privativa de liberdade, apesar
de prevalecer o entendimento de que a conduta não deixou de ser considerada
crime. De acordo com o Art. 28, inciso II, da Lei nº 11.343/06, uma das sanções que
pode ser imposta em caso de condenação é a prestação de serviços à
comunidade, podendo esta ser fixada pelo prazo de 10 meses em razão da
reincidência. Em que pese a prestação de serviços à comunidade ser pena
restritiva de direitos de acordo com o Código Penal, o que, em tese, admitiria a
conversão em pena privativa de liberdade diante de descumprimento, o
tratamento trazido pela Lei nº 11.343/06 é peculiar. Estabelece o Art. 28, § 6º, da
Lei nº 11.343/06 que, em caso de descumprimento da medida imposta em
sentença, em busca de sua execução, pode ser aplicada multa ou admoestação
verbal, permanecendo, porém, a vedação na imposição de sanção penal
privativa de liberdade, tendo em vista que a prestação de serviços à comunidade
não foi aplicada como pena substitutiva da privativa de liberdade como ocorre
no Código Penal.
Gabarito comentado
37
Distribuição dos Pontos
QUESTÃO 02 – XXVI EXAME
Arthur, Adriano e Junior, insatisfeitos com a derrota do seu time de futebol,
saíram à rua, após a partida, fazendo algazarra na companhia de Roberto, que
não gostava de futebol. Durante o ato, depararam com Pedro, que vestia a
camisa do time rival; simplesmente por isso, Arthur, Adriano e Junior passaram
a agredi-lo, tendo ficado Roberto à distância por não concordar com o ato e não
ter intenção de conferir cobertura aos colegas.
Em razão dos atos de agressão, o celular de Pedro veio a cair no chão, momento
em que Roberto, aproveitando-se da situação, subtraiu o bem e empreendeu
fuga. Com a chegada de policiais, Arthur, Adriano e Junior empreenderam fuga,
mas Roberto veio a ser localizado pouco tempo depois na posse do bem
subtraído e de seu próprio celular.
Diante das lesões causadas na vítima, Roberto foi denunciado pela prática do
crime de roubo majorado pelo concurso de agentes e teve sua prisão em
flagrante convertida em preventiva. Na instrução, as testemunhas confirmaram
integralmente os fatos, assim como Roberto reiterou o acima narrado. A família
de Roberto, então, procura você para, na condição de advogado(a), adotar as
medidas cabíveis, antes da sentença, apresentando nota fiscal da compra do
celular de Roberto.
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de
advogado(a) de Roberto, aos itens a seguir.
A) Existe requerimento a ser formulado pela defesa para reaver, de imediato, o
celular de Roberto? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Confessados por Roberto os fatos acima narrados, existe argumento de
direito material a ser apresentado em busca da não condenação pelo crime
imputado? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.
38
39
A) Sim, requerimento de restituição do celular apreendido (0,35), já que o
aparelho não tem relação com o fato, logo não interessa ao processo (0,15),
nos termos do artigo 118 do Código de Processo Penal. OU. Além disso, foi
apresentada nota fiscal que comprova a compra do celular, não havendo
controvérsia sobre a propriedade do bem, nos termos do artigo 120 do
Código de Processo Penal, não configurando instrumento de crime,
conforme artigo 119 do Código de Processo Penal. (0,10)
 
B) Sim, o fato não configura o crime de roubo, visto que Roberto não
empregou violência ou grave ameaça com o fim de subtrair coisa alheia,
como exige no tipo penal do roubo. Ocorre que Roberto, mesmo que
tenha confessado os fatos, apenas aproveitou da facilidade da situação
para subtrair o aparelho celular, praticando o crime de furto, previsto no
artigo 155 do Código Penal.
A) A defesa de Roberto poderia buscar a restituição do bem apreendido, tendo
em vista que o mesmo não tem qualquer relação com o fato, logo não interessa
ao processo (Art. 118 do CPP). Ademais, há nota fiscal a demonstrar a
propriedade do bem, logo o pedido de restituição poderia ser formulado
diretamente nos autos aos magistrado, já que não há controvérsia sobre o
propriedade do bem (Art. 120 do CPP). Da mesma forma, o celular de Roberto
não é produto e nem instrumento do crime, não havendo qualquer vedação em
sua restituição (Art. 119 do CPP).
B) Ainda que confessados os fatos, existe argumento de direito material para
buscar evitar a condenação do crime de roubo. Em que pese Pedro tenha sido
vítima de violência e, também, tenha tido seu celular subtraído, não há que se
falar em crime de roubo por parte de Roberto. Isso porque a violência
empregada não foi com o objetivo de subtrair coisa alheia móvel, como exige o
Art. 157 do Código Penal. Pelo contrário, Arthur, Adriano e Junior queriam
praticar crime de lesão corporal. Por sua vez, Roberto subtraiu o celular que caiu
do bolso de Pedro, não se utilizando, porém, de grave ameaça ou violência para
subtrair a coisa. Tanto é assim que Roberto não tinha vínculo com os agentes
quando da prática dos atos de violência, apenas se aproveitando da facilidade
na subtração gerada pela situação. Logo, deve ser afastada a prática delitiva do
crime de roubo majorado, ainda que reste a possibilidade de desclassificação e
condenação pelo crime de furto.
40
Gabarito comentado
Gabarito comentado
Flávio está altamente sensibilizado com o fato de que sua namorada de
infância faleceu. Breno, não mais aguentando ver Flávio sofrer, passa a
incentivar o amigo a dar fim à própria vida, pois, assim, nas palavras de Breno,
ele “novamente estaria junto do seu grande amor.”
Diante dos incentivos de Breno, Flávio resolve pular do seu apartamento, no 4º
andar do prédio, mas vem a cair em um canteiro de flores, sofrendoapenas
arranhões leves no braço. Descobertos os fatos, Breno é denunciado pela
prática do crime previsto no Art. 122 do Código Penal, na forma consumada, já
que ele incentivou Flávio a se suicidar.
Recebida a denúncia, o juiz, perante a Vara Única da Comarca onde os fatos
ocorreram, determina que seja observado o procedimento comum ordinário.
Durante a instrução, todos os fatos anteriormente narrados são confirmados. Os
autos são encaminhados para as partes para apresentação de alegações finais.
A família de Breno procura você para, na condição de advogado(a), prestar os
esclarecimentos a seguir.
A) O procedimento observado durante a ação penal em desfavor de Breno foi o
adequado? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Qual o argumento a ser apresentado pela defesa técnica para questionar a
capitulação delitiva realizada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou
transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
QUESTÃO 03 – XXVI EXAME
Que
stão
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41
http://0.0.0.50/
42
QUESTÃO 04 – XXVI EXAME
Larissa, revoltada com o comportamento de Renata, ex-namorada de seu
companheiro, foi, em 20 de julho de 2017, até a rua em que esta reside.
Verificando que o automóvel de Renata estava em via pública, Larissa quebra o
vidro dianteiro do veículo, exatamente com a intenção de deteriorar coisa
alheia.
Na manhã seguinte, Renata constatou o dano causado ao seu carro, mas não
identificou, em um primeiro momento, quem seria o autor do crime. Solicitou,
então, a instauração de inquérito policial, em 25 de julho de 2017. Após
diligências, foi identificado, em 23 de outubro de 2017, que Larissa seria a autora
do fato e que o prejuízo era de R$ 150,00, tendo sido a informação
imediatamente passada à vítima Renata.
Com viagem marcada, Renata somente procurou seu advogado em 21 de
fevereiro de 2018, informando sobre o interesse em apresentar queixa-crime em
face da autora dos fatos. Assim, o advogado de Renata apresentou queixa-
crime em face de Larissa, imputando o crime do Art. 163, caput, do Código
Penal, em 28 de fevereiro de 2018, perante o Juizado Especial Criminal
competente, tendo sido proferida decisão pelo magistrado de rejeição da
queixa, em razão da decadência, em 07/03/2018. A defesa técnica é intimada da
decisão.
Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a) de Renata,
responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime apresentada
por Renata? Indique o fundamento legal e o prazo de interposição. (Valor: 0,65)
B) Qual o argumento para combater o mérito da decisão do magistrado de
rejeição da denúncia? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou
transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
43
44
A) Recurso de Apelação (0,40), previsto no artigo 82, “caput”, da Lei nº
9.0099/95, visto que que o crime de dano se trata de delito de menor
potencial ofensivo. O prazo de interposição é de 10 dias, conforme artigo 82,
§ 1º, da Lei nº 9.0099/95.
 
 B) Não deveria o Magistrado rejeitar a queixa-crime, porque conforme
previsão do artigo 38 do Código de Processo Penal OU artigo 103 do Código
Penal (0,10), a contagem do prazo decadencial de 6 meses inicia do
conhecimento da autoria do fato, ou seja, dia 23/10/2017 (0,50). Sendo assim,
não ocorreu decadência.
A) O recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime é o recurso de
apelação, com prazo de 10 dias, conforme previsão do Art. 82 da Lei nº 9.099/95.
O advogado de Renata apresentou queixa-crime em face de Larissa pela prática
do crime de dano simples, delito esse de menor potencial ofensivo, logo
aplicáveis as previsões da Lei nº 9.099/95. Da decisão de rejeição da denúncia ou
queixa, como regra, caberá recurso em sentido estrito, no prazo de 05 dias,
conforme o Art. 581, inciso I, do CPP. Todavia, o procedimento sumaríssimo dos
Juizados Especiais Criminais prevê peculiaridades que o afasta do procedimento
comum ordinário do CPP. De acordo com o Art. 82 da Lei nº 9.099/95, da
sentença e da decisão de rejeição de denúncia ou queixa caberá recurso de
apelação, sempre com o prazo de 10 dias.
B) O argumento para combater a decisão do magistrado é o de que a contagem
do prazo decadencial somente se inicia na data do conhecimento da autoria do
crime e não necessariamente na data dos fatos. Em sendo crime de ação penal
privada, o dano está sujeito ao prazo decadencial de 06 meses previsto no Art.
38 do CPP. Ocorre que este dispositivo estabelece que tal prazo somente se
iniciará no dia em que o ofendido vier a saber quem é o autor do crime e não da
data dos fatos. Na situação apresentada, Renata somente tomou conhecimento
da autoria em 23 de outubro de 2017, de modo que nesse dia o prazo se iniciou,
e não em 20 de julho de 2017. Dessa forma, não há que se falar em decadência.
45
Gabarito comentado
Gabarito comentado
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVII EXAME
João, 22 anos, no dia 04 de maio de 2018, caminhava com o adolescente
Marcelo, cada um deles trazendo consigo uma mochila nas costas. Realizada
uma abordagem por policiais, foi constatado que, no interior da mochila de
cada um, havia uma certa quantidade de drogas, razão pela qual elas foram, de
imediato, encaminhadas para a Delegacia. 
Realizado laudo de exame de material entorpecente, constatou-se que João
trazia 25 g de cocaína, acondicionados em 35 pinos plásticos, enquanto, na
mochila do adolescente, foram encontrados 30 g de cocaína, quantidade essa
distribuída em 50 pinos. Após a oitiva das testemunhas em sede policial, da
juntada do laudo e da oitiva do adolescente e de João, que permaneceram em
silêncio com relação aos fatos, foram lavrados o auto de prisão em flagrante em
desfavor do imputável e o auto de apreensão em desfavor do adolescente. Toda
a documentação foi encaminhada aos Promotores de Justiça com atribuição. O
Promotor de Justiça, junto à 1ª Vara Criminal de Maceió/AL, órgão competente,
ofereceu denúncia em face de João, imputando-lhe a prática dos crimes
previstos nos artigos 33 e 35, ambos com a causa de aumento do Art. 40, inciso
VI, todos da Lei nº 11.343/06. Foi concedida a liberdade provisória ao
denunciado, aplicando-se as medidas cautelares alternativas.
Após a notificação, a apresentação de resposta prévia e o recebimento da
denúncia e da citação, foi designada a audiência de instrução e julgamento,
ocasião em que foram ouvidas as testemunhas de acusação. Estas confirmaram
a apreensão de drogas em poder de Marcelo e João, bem como que eles
estariam juntos, esclarecendo que não se conheciam anteriormente e nem
tinham informações pretéritas sobre o adolescente e o denunciado. O
adolescente, ouvido, disse que conhecera João no dia anterior ao de sua
apreensão e que nunca o tinha visto antes vendendo drogas. Em seguida à
oitiva das testemunhas de acusação e defesa, foi realizado o interrogatório do
acusado, sendo que nenhuma das partes questionou o momento em que este
foi realizado. Na ocasião, João confirmou que o material que ele e Marcelo
traziam seria destinado à ilícita comercialização. Ele ainda esclareceu que
conhecera o adolescente no dia anterior, que era a primeira vez que venderia
drogas e que tinha a intenção de praticar o ato junto com o adolescente
somente aquela vez, com o objetivo de conseguir dinheiro para comprar uma
moto.
Foi acostado o laudo de exame definitivo de material entorpecente
confirmando o laudo preliminar e a Folha de Antecedentes Criminais de João,
onde constava uma anotação referente a crime de furto, ainda pendente de
julgamento.
46
O juiz, após a devida manifestação das partes, proferiu sentença julgando
parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal. Em um primeiro
momento, absolveu o acusado do crime de associação para o tráfico por
insuficiência probatória. Em seguida, condenou o réu pela prática do crime de
tráfico de drogas, ressaltando que o réu confirmou a destinação das drogasà
ilícita comercialização. No momento de aplicar a pena, fixou a pena-base no
mínimo legal, reconhecendo a existência da atenuante da confissão
espontânea; aumentou a pena em razão da causa de aumento do Art. 40,
inciso VI, da Lei nº 11.343/06 e aplicou a causa de diminuição de pena do Art. 33,
§ 4º, da Lei nº 11.343/06, restando a pena final em 1 ano, 11 meses e 10 dias de
reclusão e 195 dias multa, a ser cumprida em regime inicial aberto. Entendeu o
magistrado pela substituição da pena privativa de liberdade por duas
restritivas de direitos. O Ministério Público, ao ser intimado pessoalmente em
22 de outubro de 2018, apresentou o recurso cabível, em 25 de outubro de
2018, acompanhado das respectivas razões recursais, requerendo:
a) nulidade da instrução, porque o interrogatório não foi o primeiro ato, como
prevê a Lei nº 11.343/06;
b) condenação do réu pelo crime de associação para o tráfico, já que ele estaria
agindo em comunhão de ações e desígnios com o adolescente no momento
da prisão, e o Art. 35 da Lei nº 11.343/06 fala em “reiteradamente ou não”;
c) aumento da pena-base em relação ao crime de tráfico diante das
consequências graves que vem causando para a saúde pública e a sociedade
brasileira;
d) afastamento da atenuante da confissão, já que ela teria sido parcial;
e) afastamento da causa de diminuição do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06,
independentemente da condenação pelo crime do Art. 35 da Lei nº 11.343/06,
considerando que o réu seria portador de maus antecedentes, já que responde
a ação penal em que se imputa a prática do crime de furto;
f) aplicação do regime inicial fechado, diante da natureza hedionda do delito
de tráfico;
g) afastamento da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, diante da vedação legal do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
Já o acusado e a defesa técnica, intimados do teor da sentença, mantiveram-se
inertes, não demonstrando interesse em questioná-la.
O magistrado, então, recebeu o recurso do Ministério Público e intimou, no dia
05 de novembro de 2018 (segunda-feira), sendo terça-feira dia útil em todo o
país, você, advogado(a) de João, a apresentar a medida cabível.
Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que
podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluídas as
possibilidades de habeas corpus e embargos de declaração, no último dia do
prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
47
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O vídeo de correção da prova está disponível
no card "Provas Anteriores - 2ª Fase Penal"
em nosso EAD. Clique aqui para conferir!
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/85264/225
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/85264/225
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ/AL (0,10)
 
Processo nº ...
 
 
 
 
 
 JOÃO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-
assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar as presentes CONTRARRAZÕES DE
APELAÇÃO, com base no artigo 600 do Código de Processo Penal (0,10),
requerendo sejam recebidas, com posterior remessa ao Tribunal de Justiça
do Estado de Alagoas.
 
 
 
Nestes termos,
Pede deferimento.
 
Local...,
13 de novembro de 2018 (0,10)
 
Advogado...
OAB...
50
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS (0,10)
 
APELANTE: Ministério Público
APELADO: João
 
CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO ou RAZÕES DO APELADO
 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas
Colenda Câmara Criminal
 
I) DOS FATOS
 O réu foi denunciado pela prática do crime tráfico e associação
para o tráfico, previstos nos artigos 33 e 35, combinado com a causa de
aumento do art. 40, inciso IV, todos da Lei 11.343/06.
 Ao final da instrução, o Magistrado proferiu sentença parcialmente
procedente para o fim de condenar o réu pelo crime de tráfico de drogas,
aplicando a pena de 01 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão e 195 dias multa, a
ser cumprida em regime aberto.
 Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de apelação,
acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 25 de outubro de 2018.
O Magistrado recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e intimou
a defesa para apresentar a medida cabível no dia 05 de novembro de 2018.
 
II) DO DIREITO
A) DA NULIDADE DA INSTRUÇÃO
 O Ministério Público arguiu a nulidade da instrução, em face do
interrogatório não ter sido o primeiro ato da instrução. Todavia, embora o art.
57 da Lei 11.343/06 disponha que o interrogatório é o primeiro ato no
procedimento da Lei de Drogas, o fato é que a nulidade não foi suscitada no
momento adequado (0,15), ou seja, na audiência, uma vez que o Ministério 
51
Público somente postulou a nulidade em sede de recurso. 
 Além disso, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de
Justiça adotam o entendimento no sentido de que não há nulidade
quando o interrogatório for realizado como último ato da instrução,
aplicando-se as regras do artigo 400 do Código de Processo Penal,
sobretudo porque não há violação do princípio do contraditório e ampla
defesa. 
 Nesse sentido, deve a alegação da nulidade ser afastada (0,20).
 
B) DA ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
 O Ministério Público postula a condenação do réu pelo crime de
associação para o tráfico, previsto no artigo 35 da Lei 11.343/2006.
Todavia, para caracterizar tal delito é necessário o animus de praticar o
tráfico de forma permanente e estável, o que não restou comprovado. Isso
porque, o réu João e o adolescente se conheceram um dia antes dos fatos,
praticando, em tese, apenas um delito, não caracterizando, portanto, a
relação estável e permanente exigida para a incidência do crime de
associação para o tráfico (0,40).
 Diante disso, deve ser mantida a absolvição em relação ao delito
de associação para o tráfico (0,20).
 
C) DA PENA BASE
 O Ministério Público requer o aumento da pena-base alegando
que o tráfico gera consequências graves para a sociedade. Todavia, a
gravidade abstrata do crime do tráfico, por si só, não é fundamentação
idônea para elevar a pena-base acima do mínimo legal (0,40).
 Além disso, a ofensa à saúde pública é inerente ao crime de
associação para o tráfico e tráfico de drogas, ou seja, integra o delito, não
podendo tal circunstância ser usada também para elevar a pena-base
acima do mínimo legal, já que representaria verdadeiro bis in idem.
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 Sendo assim, não deve ser aumentada a pena-base do delito de
tráfico, mantendo-se no mínimo legal (0,20).
 
D) DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA
 O Ministério Público postula o afastamento da atenuante da
confissão espontânea. Todavia, o réu admitiu que a droga apreendida seria
destinada à ilícita comercialização, sendo a confissão utilizada pelo juiz
para fundamentar a sua decisão (0,10).
 Logo, deve ser mantida a atenuante da confissão espontânea,
prevista no artigo 65, inciso III, “d”, do Código Penal (0,20), já que
considerada pelo Magistrado para fundamentar sua decisão, conforme
previsão da Súmula 545 do Superior Tribunal de Justiça (0,10).
 
E) DO TRÁFICO PRIVILEGIADO
 O Ministério Público requer o afastamento da causa de
diminuição pelo tráfico privilegiado, previsto no artigo 33, § 4º, da Lei
11.343/2006, tendo em vista que o réu seria portador de maus
antecedentes. 
 Todavia, o fato de o agente apenas responder por outro
processo de furto não serve para caracterizar maus antecedentes (0,35),
conforme previsão da Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça (0,10),
bem como em razão do princípio da presunção

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