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[Pensar Criminalista]_ Prisão em flagrante pode ser efetuada por Guarda Municipal

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jusbrasil.com.br
5 de Julho de 2021
[Pensar Criminalista]: Prisão em flagrante pode ser
efetuada por Guarda Municipal
Olá pessoal, tudo bem?
Como sabemos, o flagrante pode ser obrigatório ou facultativo. Aquele
quando efetuado por autoridades policiais e seus agentes. Este, quando
operado por qualquer do povo. Nesse sentido é o art. 301, do CPP.
CPP, Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e
seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito.
Entendendo pela possibilidade de qualquer do povo poder efetuar a
prisão em flagrante, a Quinta Turma do STJ disse não haver nulidade
em flagrante operado por guardas municipais.
O Relator frisou que apesar de os integrantes da guarda
municipal não desempenharem a função de policiamento
ostensivo, em situações de flagrante delito, possuem atuação
respaldada no art. 301, do CPP, que permite a realização do
flagrante facultativo por qualquer pessoa. E, com isso, afastado
qualquer constrangimento ilegal que possa resultar em nulidade do
flagrante.
Sobre a possibilidade da Guarda Municipal realizar o flagrante, Nucci
assim se manifesta:
(...) é evidente que os guardas municipais também estão
autorizados, pelo art. 301 do CPP, a dar voz de prisão em flagrante,
encaminhando o suspeito ao delegado. Entretanto, com a edição da
Lei Federal 13.022/2014, a guarda municipal, no seu território,
pode exercer a polícia ostensiva e auxiliar as forças estaduais e
federais na segurança pública. Particularmente, no âmbito do
flagrante, dispõe o art. 5.º, XIV, da referida lei: “encaminhar ao
delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor da infração,
preservando o local do crime, quando possível e sempre que
necessário”. Na jurisprudência: STJ: “Pode a Guarda Municipal,
inobstante sua atribuição constitucional (art. 144, § 8.º, CF), bem
como qualquer um do povo, prender aquele encontrado em
flagrante delito (art. 301, CPP). (...). TJMS: “I – A guarda
municipal, embora não esteja investida de atividade de polícia
ostensiva e possua como atribuição funcional primordial o
resguardo de bens, serviços e instalações do município, pode atuar
em caráter secundário na pacificação social, prevenção e inibindo a
prática de delitos, mormente quando este ocorre em locais e
condições que estão sob sua esfera de proteção. Aliás, inexiste
obstáculo para que integrantes da guarda municipal efetuem a
prisão em flagrante, eis que esta pode ser realizada por qualquer
um do povo. Ademais, desenhado esse quadro (legítima prisão em
flagrante), nenhum embaraço há na busca pessoal promovida por
guardas municipais. (...) TJRS: “O artigo 144, § 8.º da Constituição
Federal não impede a ação dos Guardas Municipais de darem voz
de prisão no momento de flagrância de um delito, assim também é
previsto no artigo 301, do Código de Processo Penal. Desta forma,
não há irregularidade nas provas colhidas. (...)” (...) (NUCCI, 2020)
Segue ementa do julgado para leitura:
(...) CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS. NULIDADE. PRISÃO EM
FLAGRANTE PELA GUARDA MUNICIPAL. POSSIBILIDADE. ART.
301 DO CPP. BUSCA PESSOAL EFETUADA SEM AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL. FUNDADA SUSPEITA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE.
AGRAVO IMPROVIDO. (...) 2. Consoante a jurisprudência desta
Corte Superior, inexiste óbice à realização da prisão em
flagrante por guardas municipais, por força do disposto
contido no art. 301 do Código de Processo Penal, não
havendo, portanto, que se falar em prova ilícita no caso em tela. 3.
A teor do art. 244 do CPP, a busca pessoal justifica-se quando
existente fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito. Na
espécie, a busca policial se deu de forma legal, tendo em
vista a existência de fundada suspeita de que o paciente
estaria transportando droga em seu veículo. No caso, ao
receberem a notícia de que o paciente fazia o transporte de drogas
em seu veículo, os guardas municipais primeiro identificaram o
referido automóvel e fizeram sinal de parada, o réu se negou a
parar e tentou fugir, gerando a suspeita da prática de crime, o que
justificou a abordagem. Na sequência, ao finalmente parar o carro,
o réu saiu dizendo “ladrão”, “perdi”. Além disso, o veículo possuía
cheiro de entorpecente. Tudo isso, motivou a busca veicular, a
apreensão do entorpecente e a prisão em flagrante. 4. Agravo
Regimental improvido. (AgRg no HC 635.303/SP, Rel. Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca - Quinta Turma, julgado em
15/06/2021, DJe 21/06/2021)
Abraços e uma excelente semana de estudos e trabalhos para todos!
____________________
Referências:
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código
de Processo Penal. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689compilado.htm >
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1240192456/agravo-regimental-no-habeas-corpus-agrg-no-hc-635303-sp-2020-0343358-5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm
_________. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no
Habeas Corpus nº 635.303/SP, Relatoria Ministro Reynaldo
Soares da Fonseca - Quinta Turma, julgado em 15/06/2021, DJe
21/06/2021. Disponível em <
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=128582... >
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal
comentado. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
____________________
Quem sou?
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Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online.
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criminalista-prisao-em-flagrante-pode-ser-efetuada-por-guarda-municipal
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1240192456/agravo-regimental-no-habeas-corpus-agrg-no-hc-635303-sp-2020-0343358-5
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=128582133&num_registro=202003433585&data=20210621&tipo=51&formato=PDF
https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea
https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcantegfigueiredo

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