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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE - CAMPUS ITAPERUNA CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA DÉBORAH CORRÊA MENDEL THAÍS MARTINS BARCELOS ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE NO MUNICÍPIO DE ITAPERUNA: avaliação da qualidade e propostas de recuperação. Itaperuna, RJ 2021 1 DÉBORAH CORRÊA MENDEL THAÍS MARTINS BARCELOS ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE NO MUNICÍPIO DE ITAPERUNA: avaliação da qualidade e propostas de recuperação. Trabalho apresentado ao Instituto Federal Fluminense - Campus Itaperuna como requisito parcial para conclusão do curso Técnico Integrado em Química. Orientadora: Prof. Dra. Juliana Baptista Simões Itaperuna, RJ 2021 3 “Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos.” Marie Curie 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos, primeiramente, a Deus, pela oportunidade, sustentação e energia para concluir esse trabalho. Agradecemos a nossa Orientadora Prof. DSc. Juliana Baptista Simões por todo incentivo e presteza no auxílio às atividades, sobretudo, no andamento deste Trabalho de Conclusão de Curso, onde com toda certeza seus conhecimentos foram partilhados. Agradecemos aos demais professores do Instituto Federal Fluminense - Campus Itaperuna, que foram co-responsáveis por nosso crescimento intelectual. Agradecemos aos funcionários do instituto que, de alguma maneira, colaboraram. Por último, agradecemos às nossas famílias por todo o suporte e incentivo durante esses anos. 5 RESUMO O solo é uma das bases de prosperidade econômica e qualidade de vida. Tendo em vista a sua relevância econômica, é de extrema importância o desenvolvimento de pesquisas que visem a análise e recuperação dos solos. Para isso, é fundamental que se conheçam as características do solo. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade físico-química do solo de um terreno ainda não utilizado do Instituto Federal Fluminense Campus Itaperuna. Foram realizadas as análises do teor de terra fina, cascalho e calhaus; granulométrica; umidade residual; densidade aparente; densidade de partículas; pH e carbono orgânico total, segundo o Manual de Métodos de Análise de Solos da EMBRAPA (2011). A amostragem do solo foi realizada em três regiões diferentes dando origem a três amostras: R1 (região de passagem e pisoteamento), R2 (região com cobertura vegetal) e R3 (região de encosta). A amostra R1 apresentou textura franco arenosa, a amostra R3 textura argilosa e a amostra R2 textura franca. Podemos observar que apesar das áreas analisadas serem próximas, a diferença entre as características das áreas foram refletidas na classificação textural, resultando em solos com texturas diferentes. A umidade residual variou de 1,517% a 1,984% nas amostras analisadas. A densidade aparente variou de 1,31 a 1,48 kg/dm3 enquanto que a densidade de partículas variou de 2,48 a 2,61 kg/dm3. O pH das amostras de solo analisadas variou de 4,29 à 5,49, entre temperaturas de 23,5 à 24,1ºC. O solo do Brasil é considerado ácido, seu pH varia de 4,5 a 5,5. As amostras de solo analisadas apresentaram teor de matéria orgânica entre 8,5 e 8,8%, valores acima de 6,0% indicam acúmulo de matéria orgânica no solo por condições localizadas. Assim as regiões analisadas apresentaram diferentes texturas, mas a umidade, densidade e o teor de matéria orgânica foram próximos. Análises adicionais do teor de nitrogênio e da capacidade de troca de cátions são necessárias para indicar possíveis tratamentos e culturas para recuperação destas regiões. Para além desses resultados, a área estudada pode ser aproveitada para reflorestamento, manutenção e preservação da cobertura vegetal e construção civil. Palavras Chave: solo, noroeste fluminense, análise granulométrica, densidade do solo, pH do solo, carbono orgânico total. 6 ABSTRACT Soil is one of the foundations of economic prosperity and quality of life. In view of its economic relevance, it is of utmost importance to develop research aimed at soil analysis and recovery. For this, it is fundamental to know the characteristics of the soil. Thus, the objective of this work is to evaluate the physical-chemical quality of the soil of a plot of land not yet used by the Instituto Federal Fluminense Campus Itaperuna. Analyses of the content of fine soil, gravel and pebbles; granulometric; residual moisture; bulk density; particle density; pH and total organic carbon were performed, according to the Manual of Methods of Soil Analysis of EMBRAPA (2011). Soil sampling was performed in three different regions giving rise to three samples: R1 (passage and trampling region), R2 (region with vegetation cover) and R3 (hillside region). The R1 sample had sandy loam texture, the R3 sample had clayey texture and the R2 sample had loamy texture.We can observe that although the analyzed areas are close, the difference between the characteristics of the areas were reflected in the textural classification, resulting in soils with different textures. The residual moisture ranged from 1.517% to 1.984% in the samples analyzed. Bulk density ranged from 1.31 to 1.48 kg/dm3 while particle density ranged from 2.48 to 2.61 kg/dm3. The pH of the soil samples analyzed ranged from 4.29 to 5.49, between temperatures of 23.5 to 24.1°C.The soil from Brazil it is considered acid, your pH varies from 4.5 to 5.5. The soil samples analyzed presented organic matter content between 8.5 and 8.8%, values above 6.0% indicate accumulation of organic matter in the soil by localized conditions. Thus the regions analyzed presented different textures, but the moisture, density and organic matter content were close. Additional analyses of nitrogen content and cation exchange capacity are necessary to indicate possible treatments and crops for recovery of these regions. In addition to these results, the area studied can be used for reforestation, maintenance and preservation of vegetation cover, and civil construction. Key words: soil, northwestern Rio de Janeiro, particle size analysis, soil density, soil pH, total organic carbon. 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………….…....08 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA………………………………………………..…....09 2.1. O SOLO…………………………………………………………….…....….09 2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS………………..…………………...….…11 2.3. SOLO DO NOROESTE FLUMINENSE …….……………………..…….13 2.4. ANÁLISE DO SOLO ……………………………………………….…..….15 3. OBJETIVOS……………………………………………………………..…….…....16 3.1. OBJETIVO GERAL………………………………………….….…….…...16 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS…………………………………..……..……16 4. METODOLOGIA………………………………………………………..….……...17 4.1. AMOSTRAGEM………………………………………………..……….....17 4.2. PREPARO DO AMOSTRA………………………………………..………18 4.3. ANÁLISES FÍSICAS……………………………………………...………..19 4.3.1. TEOR DE TERRA FINA, CASCALHO E CALHAUS…...…...….19 4.3.2. UMIDADE RESIDUAL………………............................................20 4.3.3. DENSIDADE DO SOLO………………………………………..….20 4.3.4. DENSIDADE DE PARTÍCULAS………………………….…….….21 4.3.5. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA (DISPERSÃO TOTAL)............22 4.3.6. RELAÇÃO SILTE/ARGILA…………………………………....….26 4.4. ANÁLISES QUÍMICAS…………………………………………………....26 4.4.1. pH……………………………………………………………...…….26 4.4.2. CARBONO ORGÂNICO…………………………………………..27 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES………………………………...………………...29 5.1. ANÁLISES FÍSICAS……………………………………………………….29 5.2. ANÁLISES QUÍMICAS…………………………………………………....36 6. CONCLUSÃO……………….……………………………………………………...39 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………….…………………..…….…..41 8 1. INTRODUÇÃO Apesar do grande avanço científico e tecnológico nas mais diversas áreas, a dependência da humanidade dos solos tende a aumentar (COELHO et al, 2013). O solo continua e continuará a fornecer a maior parte do que comemos, vestimos, fonte de espécies produtoras de medicamentos e energia renovável com culturas como a cana-de-açúcar e oleaginosas para produção de biocombustíveis. Ainda segundo COELHO et al. (2013, p.3): Atualmente, essefato já é bastante evidente no Brasil, onde a cultura da cana-de-açúcar está em crescente expansão, sobretudo na região sudeste, ocupando diferentes tipos de solos, a fim de produzir álcool combustível, cada vez mais utilizado nos veículos nacionais em substituição aos derivados do petróleo. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em 2019, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a R$ 1,55 trilhão ou 21,4% do PIB brasileiro, sendo a maior parcela pertencente ao ramo agrícola, que corresponde a 68% desse valor, o equivalente a R$ 1,06 trilhão. (CNA, 2020). Segundo CNA (2020): “...a soja (grãos) é o carro-chefe da produção agropecuária brasileira, responsável por aproximadamente R$1,00 de cada R$4,00 da produção do setor no Brasil.”. Atualmente, o Brasil não só é o maior exportador de açúcar, café, suco de laranja e soja em grãos, e o terceiro maior de milho, como também é o maior produtor mundial de café e suco de laranja, segundo maior na produção de açúcar e soja em grãos, e terceiro na produção de milho (CNA, 2020). Em 2019, 43% das exportações brasileiras consistiram em produtos do agronegócio, sendo, nos dias de hoje, o Brasil o quarto maior exportador mundial de produtos agropecuários, perdendo apenas para a União Europeia, EUA e China. Vale ressaltar que além de suprir o abastecimento interno, esse setor apresentou um crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019, dessa forma, o setor agropecuário tem contribuído no enfrentamento aos desafios econômicos que a pandemia proporcionou (CNA, 2020). Tendo em vista a relevância econômica da agricultura, é de extrema importância o desenvolvimento de pesquisas que visem a análise e recuperação dos solos. Para isso, é 9 fundamental que se conheçam as características do solo. Assim, o objetivo do nosso trabalho é avaliar a qualidade físico-química do solo terreno ainda não utilizado do Instituto Federal Fluminense Campus Itaperuna. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 O solo O solo pode ser conceituado como um manto superficial formado por rocha desagregada em mistura com matéria orgânica em decomposição, contendo, ainda, água e ar em proporções variáveis e organismos vivos (ABNT 1993). Nos solos as partículas minerais e orgânicas se encontram fortemente unidas, constituindo-se as partículas orgânicas do solo de restos de plantas, animais e microorganismos além de organismos vivos. Esses organismos vivos recebem o nome de biomassa do solo. Em sua maioria, os solos não apresentam grande quantidade de matéria orgânica, estando o teor dessa geralmente entre 1 e 6%, concentrado principalmente em sua superfície (COELHO et al, 2013). A água presente no solo é fundamental para seu funcionamento adequado, visto que a sobrevivência das plantas e organismos se torna impossível na ausência de água. Quase metade do volume total do solo é composto de espaço poroso de tamanhos diversos, os quais são preenchidos por água ou ar. Isso porque, após um longo período de seca, o solo apresenta seu espaço poroso ocupado majoritariamente por ar, mas depois de uma chuva a água se infiltra no solo e desloca o ar presente nos poros em direção a atmosfera, ocupando o lugar anteriormente preenchido por ele (COELHO et al, 2013). Figura 1 ilustra a quantidade ideal de cada um dos componentes para o bom funcionamento do solo. 10 Figura 1 - Composição ideal do solo. Fonte: JESUS (2016) Os solos variam muito ao longo da superfície da terra, não só em relação a sua espessura (a distância entre a superfície do solo e sua rocha de origem), mas também em relação às suas características, das quais podemos citar a cor, quantidade e organização das partículas que o compõem (areia, silte e argila), fertilidade (capacidade de favorecer o crescimento das plantas a partir do fornecimento de água e nutrientes) e porosidade (arranjamento e quantidade dos poros) (COELHO et al, 2013). O solo desempenha cinco funções no ambiente: i) sustenta o crescimento das plantas; ii) determina o destino da água na superfície da terra, visto que o solo afeta a perda de água, sua utilização, contaminação e purificação; iii) desempenha um papel essencial na reciclagem de nutrientes como o C e o N; iv) é o habitat de diversos organismos vivos; v) fornecem material e base para os mais diversos tipos de construção humana (COELHO et al, 2013). O solo está sujeito a diversas formas de contaminação, como por exemplo a disposição inadequada de produtos químicos, resíduos industriais e domésticos, o vazamento de combustíveis a partir de postos de gasolina, e o uso inadequado de fertilizantes e insumos agrícolas (ANDRADE, 2013). O uso inadequado dos solos causa danos ao meio ambiente e a vida na terra, podendo levar a contaminação das nascentes de rios e lagos e também do próprio solo (COELHO et al, 2013). A poluição e degradação do solo podem trazer consequências graves como a perda de ecossistemas, redução da produção agrícola, poluição dos rios e lençóis freáticos, 11 deslizamentos, etc. Visto isso, conhecer a composição e estrutura do solo permite melhor planejamento do seu manejo e de estratégias de recuperação deste, trazendo inúmeros benefícios ao meio ambiente. 2.2 Classificação dos solos. Existem cinco fatores determinantes da formação dos solos, são eles: material de origem (rocha de origem), relevo, organismos vivos, clima e tempo. O clima e os organismos atuam na rocha ao longo do tempo formando os solos, sendo o relevo um fator que exerce influência nesse processo de formação (COELHO et al, 2013). Considerando que esse processo de formação é demorado e que o solo é um recurso indispensável para diversos setores, torna-se essencial garantir a preservação desse recurso. Esses cinco fatores de formação definem o tipo de solo que se forma em determinada região, por isso, quando esses fatores são iguais em locais diferentes esses locais irão apresentar o mesmo tipo de solo, ainda que sejam distantes entre si (COELHO et al, 2013). As informações referentes ao tipo, as características e a distribuição dos solos, em conjunto com os estudos do clima e relevo regional, permitem o estabelecimento da aptidão agrícola e do potencial produtivo de uma região. A classificação do solo oferece ainda informações sobre as vantagens e os desafios para diversos tipos de construção no solo em questão (COELHO et al, 2013). No Brasil os solos mais comuns são os Latossolos e os Argissolos, ocupando cerca de 60% do território brasileiro (COELHO et al, 2013). Figura 2 mostra a distribuição dos 13 tipos de solos existentes no país segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 12 Figura 2 - Mapa de solos do Brasil. Fonte: COELHO et. al (2013) O Noroeste Fluminense, embora seja uma região onde predomina relevo fortemente ondulado, possui topografia bastante diversa, com influência sobre as características dos solos (ANDRADE, 2010). Segundo LUMBRERAS et al. (2004): Assim, nos relevos mais rebaixados, de conformação suave (suave ondulado e ondulado) contíguos às baixadas, predominam Argissolos com elevado gradiente textural (são em geral abruptos). Estes solos estão associados com Gleissolos, ou, menos frequentemente, com Planossolos, ambos situados nas baixadas. Nas áreas mais íngremes, relacionadas aos relevos serranos residuais e às escarpas que marcam a transição com a superfície mais 13 elevada do Planalto do Alto Itabapoana, Argissolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos ocorrem, por vezes, associados a afloramentos de rocha. Na Figura 3 apresenta os diferentes tipos de solo da região do Noroeste Fluminense. Observamos que na região na qual o município de Itaperuna está situado é predominante o argissolo. Figura 3 - a) Localização do noroeste fluminense no estado do Rio de Janeiro; b) Tipos de solos da região Noroeste. Fonte: LUMBRERAS et. al(2004) (modificado): Carvalho Filho (2005) 2.3 Solo do Noroeste Fluminense Na Figura 4 é possível observar o mapa do estado do Rio de Janeiro, com destaque para os municípios que compõem o Noroeste Fluminense. Essa região é formada por treze municípios: Itaperuna, Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaocara, Laje do 14 Muriaé, Miracema, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua, São José do Ubá e Varre-Sai (IBGE 2009 apud ANDRADE, 2010). Esses municípios reúnem 2% da população do Estado do Rio de Janeiro, é a região do estado com a menor densidade demográfica, o município mais populoso é Itaperuna, com 30% da população do Noroeste. Essa região trata-se de uma antiga área cafeeira que até meados do Século XX ocupou uma posição de destaque nas exportações nacionais. Após o auge da cultura cafeeira a região sofreu um acentuado processo de desterritorialização da população rural, associado a uma urbanização significativa, porém, as cidades cresceram sem estrutura de emprego compatível com o aumento da demanda (LUMBRERAS, 2009). A maioria dos grandes proprietários de terras substituiu o café pela pecuária extensiva, o que causou uma elevada taxa de desemprego rural. Hoje a zona rural dessa região é um verdadeiro “deserto” de homens (MIZUBUTI, 2005). Figura 4 – Mapa do Estado do Rio de Janeiro (Brasil) com a localização do Noroeste Fluminense e seus municípios. Fonte: LUMBRERAS, et al. (2004). A escolha do terreno a ser analisado foi feita levando em consideração a doação feita pela prefeitura de Itaperuna ao Instituto Federal Fluminense Campus Itaperuna, em dezembro de 2016 (Fig. 5). A área em questão ainda não está sendo utilizada de forma efetiva pelo Campus e apresenta solo visivelmente degradado por pastagens e uso inadequado. A análise das características do solo deste local permite otimizar o planejamento da distribuição dessas 15 áreas para as diversas atividades do Instituto. A área específica onde foram realizadas as amostragens se encontra destacada em verde na Figura 5. Figura 5 – Demarcação do terreno do IFF Campus Itaperuna. 2.4 Análise de solo. O conhecimento das características químicas e físicas dos solos é de grande importância para subsidiar o manejo de uso e ocupação das terras, com vistas à produção sustentável de alimentos e à recuperação de áreas degradadas, além de fornecer informações para fins não agrícolas, como o planejamento de rodovias, ferrovias, aterros sanitários e construções de edificações (SAHIN, 2011). A análise do solo, a correta interpretação dos atributos físicos e químicos, e das principais alterações geradas na qualidade do solo, são fundamentais para uma gestão segura dos recursos naturais (STEFANOSKI, 2013). O diagnóstico das condições físicas e químicas do solo, assim como os teores nutricionais, a acidez e o tamanho das partículas, permite avaliar se há necessidade de calagem, a dosagem e tipo de calcário que deve ser utilizado, além dos nutrientes que devem ser fornecidos pela adubação (MORAES, 2020). 16 Entre os principais benefícios da análise de solo é possível destacar: i) a indicação da capacidade de fornecimento de nutrientes pelo solo, servindo como base para as recomendações de uso de fertilizantes e calcário; ii) o aumento da produtividade através da identificação de nutrientes, ou fatores químicos e físicos do solo, que estejam reduzindo o crescimento das plantas; iii) a identificação e compreensão da variabilidade natural do território analisado, permitindo o manejo diferenciado de cada área em função de suas particularidades, e otimizando ainda mais as operações; iv) permite o monitoramento da fertilidade do solo e suas tendências a longo prazo, a fim de que os programas de manejo de nutrientes possam ser ajustados para atender a demanda do produtor; v) e são em sua maioria análises rápidas e de baixo custo (MORAES, 2020). A análise física deve ser realizada apenas uma vez na propriedade, visando caracterizar a textura do solo, já que a análise granulométrica quantifica os teores de argila, silte e areia no solo (CHINELATO, 2019). É recomendada a realização da análise química do solo anualmente, se o solo em questão for utilizado através de culturas anuais, no entanto, é recomendado realizar a análise química com maior frequência em solos arenosos ou que recebem maiores aplicações de fertilizantes e corretivos. Em uma análise química é determinada a fertilidade do solo, em outras palavras, a acidez do solo e a disponibilidade de nutrientes para absorção pelas plantas (CHINELATO, 2019). Interpretar de forma correta a análise de solo é de grande importância para o bom desenvolvimento da atividade agrícola (CHINELATO, 2019). 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral: Avaliar a qualidade físico-química do solo de áreas degradadas do terreno do Instituto Federal Fluminense Campus Itaperuna propondo possíveis alternativas para recuperação baseado nos princípios de sustentabilidade. 3.2 Objetivos Específicos: ● Realizar a amostragem do solo; ● Analisar as características físicas do solo, umidade e densidade; ● Fazer a análise granulométrica determinando os teores de areia, silte e argila; ● Examinar as características químicas do solo, pH e carbono orgânico total; 17 ● Propor possíveis alternativas para recuperação do solo, ou otimização de sua utilização. 4. METODOLOGIA A metodologia empregada nas análises físico-químicas do presente trabalho é descrita pelo Manual de Métodos de Análise de Solo da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária, 1997 (EMBRAPA). 4.1 Amostragem Para escolha dos locais de amostragem foi levada em consideração a doação feita pela prefeitura municipal de Itaperuna ao IFF campus Itaperuna que teve sua área total triplicada em dezembro de 2016. Assim justifica-se a escolha do próprio terreno do campus para análise de solo, buscando otimizar o planejamento da distribuição dessas áreas para diversas atividades do Instituto, desde a construção civil até uma área de reflorestamento. Foram realizadas três amostragens compostas de solo no terreno, utilizando um trado tipo rosca com 10 cm de profundidade. Levando em consideração a heterogeneidade do terreno, este foi dividido em R1 com dois pontos de coleta, R2 com cinco pontos de coleta e R3 com três pontos de coleta, a Figura 6 mostra as regiões de coleta das amostras. Vale ressaltar que a região R1 se caracteriza como uma região próxima a passagem de pedestres e animais, com um solo muito compactado e sem cobertura vegetal, R2 é uma região mais plana sem pisoteamento por animais e com cobertura vegetal e R3 é uma encosta com cobertura vegetal. 18 Figura 6 - Foto das regiões de amostragem . 4.2 Preparo da amostra Depois da coleta, as amostras foram colocadas em bandejas onde os torrões existentes foram destorrados manualmente, e em seguida foram deixadas em local ventilado e seco até completa dessecação do ar. A Figura 7 corresponde às diferentes cores e aspectos que as amostras apresentaram ao final desse processo. 19 Figura 7 - Aspecto das amostras R1, R2 e R3 após a destorra manual.. 4.3. Análises físicas. 4.3.1. Teor de terra fina, cascalho e calhaus. Foram pesadas aproximadamente 20 gramas de cada amostra inicial e as amostras foram peneiradas por uma peneira de 150 µm, sendo retido nesta peneira o material chamado de calhaus. Em seguida, as amostras foram peneiradas por uma peneira de 53 µm, sendo retido na segunda peneira o material chamado de cascalho. Após a peneiração, o material capaz de atravessar as duas peneiras foi chamado de terra fina. Uma solução de NaOH 1,0 mol L-1 foi preparada. Em seguida, os calhaus e cascalhos correspondentes a cada amostra foram colocados em béqueres, então foi adicionado a cada béquer água até cobrir a amostra e 10 mL da solução de NaOH preparada. O material foi agitado e deixado em repouso por uma noite, depois os calhaus e cascalhos de cada amostra foram lavados sob peneira com malha de 53 µm, utilizandoágua destilada. Por último foram secos em estufa, resfriados e as massas determinadas. Com a massa da amostra original, do cascalho e do calhaus, calculou-se para cada amostra o teor de cascalho, calhaus e terra fina utilizando as seguintes equações: 20 (1)𝑇 𝑐𝑎𝑠𝑐 = 𝑏𝑎( ) × 1000 (2)𝑇𝑐𝑎𝑙ℎ = 𝑐𝑎( ) × 1000 (3)𝑇𝑡𝑓 = 1000 − 𝑇𝑐𝑎𝑙ℎ + 𝑇𝑐𝑎𝑠𝑐( )[ ] Considerando-se: T casc = Teor de cascalhos (g kg-1) T calh = Teor de calhaus (g kg-1) T tf = Teor de terra fina (g kg-1) a = massa total da amostra (g) b = massa do cascalho (g) c = massa dos calhaus (g) 4.3.2. Umidade residual Colocou-se aproximadamente 20 g de cada amostra inicial em béqueres de peso conhecido, em seguida, as amostras foram deixadas na estufa a 105 °C por uma noite, depois colocadas em um dessecador para esfriar e então pesadas. Com isso, efetuaram-se os seguintes cálculos: (4)𝑈𝑟 = 100 × 𝑎−𝑏( )𝑏 Considerando-se: Ur = umidade residual (kg kg-1) a = massa da amostra seca ao ar (kg) b = massa da amostra seca a 105 °C (kg) 21 4.3.3. Densidade do solo Uma quantidade significativa de cada uma das amostras iniciais foi colocada em béqueres e deixada na estufa por aproximadamente 24 h a 105 °C. Posteriormente, as amostras foram retiradas da estufa e colocadas para esfriar em um dessecador. Em proveta de 100 mL de massa conhecida, foi adicionada a amostra de solo seco até aproximadamente a marca de 35 mL da proveta, transferido o solo do béquer para proveta de uma só vez, e em seguida compactou-se o solo batendo a proveta 10 vezes. Repetiu-se esta operação por mais duas vezes, até que o nível da amostra ficasse nivelado com o traço do aferimento da proveta. Então pesou-se as provetas contendo solo, e efetuou-se o seguinte cálculo: (5)𝐷𝑠 = 𝑎𝑏 Considerando-se: Ds = densidade do solo (kg dm-3) a = massa da amostra seca a 105 °C (kg) b = volume de solo na proveta (dm3) 4.3.4. Densidade de Partículas Foram pesados aproximadamente 20 g de cada amostra inicial, e colocados em béqueres de massa conhecida, depois as amostras foram deixadas na estufa por 24 h a 105 °C e transferidas para um dessecador para esfriar. Cada uma das amostras foi pesada e transferida para um balão volumétrico de 25 mL, ao qual adicionou-se álcool etílico agitando bem o balão, para eliminar as bolhas de ar que se formaram até a ausência de bolhas, e completou-se o volume do balão. Foi anotado o volume de álcool gasto e em seguida foi executado para cada uma das amostras o seguinte cálculo: 𝐷𝑝 = 𝑎25−𝑏( ) (6) 22 Considerando-se: Dp = Densidade de partículas (kg dm-3) a = massa da amostra seca a 105 oC (kg) b = volume de álcool gasto (m-3) A Figura 8 corresponde aos balões volumétricos das três amostras, contendo cada um a sua respectiva amostra e o álcool etílico gasto para completar o volume do balão até o menisco. Figura 8 - Balões volumétricos contendo as amostras. 4.3.5. Análise granulométrica (Dispersão total) Pesou-se aproximadamente 20 g de cada uma das amostras iniciais, e transferiu-se para um béquer de 250 mL, em seguida foram adicionados 100 mL de água e 10 mL de solução de hidróxido de sódio (0,1 mol/L). A suspensão foi agitada com o auxílio de um bastão de vidro e deixada em repouso durante uma noite coberta por uma placa de Petri. Depois, as amostras em solução foram colocadas no agitador magnético por 15 minutos, como mostra a Figura 9, para homogeneização da suspensão solo/solução. 23 Figura 9 - Amostra no agitador magnético Foi montada uma estrutura contendo uma peneira de 150 µm, colocada sobre um funil tendo abaixo uma proveta de 1000 mL e as amostras foram passadas por essa estrutura. O material retido na peneira foi lavado com água destilada a certa altura, depois foi completado com água destilada o volume da proveta até o aferimento. Com um dispositivo circular, de diâmetro pouco menor do que a proveta, e contendo vários orifícios, a suspensão dentro da proveta foi agitada 3 vezes. O esquema desse procedimento pode ser observado na Figura 10. Foi preparado também um branco, apenas com o dispersante (NaOH 1mol/L). 24 Figura 10 - Esquema do aparato experimental para determinação do tempo de sedimentação e análise granulométrica. Logo após a agitação, foram medidas as temperaturas das amostras e do branco com um termômetro, e marcado o tempo de sedimentação da fração argila para 5 cm de profundidade (medido pela altura de sedimentação na proveta), de acordo com a tabela do manual de métodos da EMBRAPA (Figura 11). 25 Figura 11 - Tempo calculado de sedimentação da argila, em suspensão aquosa, a diversas temperaturas. Fonte: EMBRAPA, Manual de Métodos de Análise de solo 2ª Ed. (2011). Após o tempo verificado, foi introduzida uma pipeta de 50 mL até a profundidade de 850 mL de forma a coletar a suspensão e transferi-la para um béquer de peso conhecido. Os béqueres contendo as suspensões foram levados à estufa a 90 °C até a secagem completa do líquido, sendo posteriormente resfriados em dessecador e pesados. Dessa forma, obteve-se a fração mais fina do solo (argila). A fração mais grossa do solo (areia) que ficou retida na peneira acima da proveta (Figura 10) foi transferida para um béquer de massa conhecida, que foi seco em estufa, resfriado e pesado. Essa fração foi novamente passada pela peneira de 150 µm a fim de proceder as separações entre a areia grossa e a areia fina. Depois transferiu-se a areia fina para um béquer de peso conhecido e realizou-se a pesagem da fração areia fina de cada uma das amostras. 26 Para finalizar, foram efetuados para cada amostra, de acordo com as informações obtidas em cada uma das etapas deste procedimento, os seguintes cálculos: 𝑇𝑎𝑟𝑔 = 𝑚𝑎𝑟𝑔 + 𝑚𝑑( ) − 𝑚𝑑[ ] × 1000 (7) 𝑇𝑎𝑓 = 𝑚𝑎𝑓( ) × 50 (8) 𝑇𝑎𝑔 = 𝑚𝑎𝑡 − 𝑚𝑎𝑓( ) × 50 (9) 𝑇𝑠 = 1000 − 𝑇𝑎𝑟𝑔 + 𝑇𝑎𝑓 + 𝑇𝑎𝑔( ) (10) Considerando-se: Targ = teor de argila (g kg-1) marg = massa de argila (g) md = massa de dispersante (g) Taf = Teor de areia fina (g kg-1) maf = massa de areia fina (g) Tag = Teor de areia grossa (g kg-1) mat = massa de areia total (g) Ts= teor de silte (g kg-1) 4.3.6. Relação silte/argila Considerando os dados obtidos pela análise anterior calculou-se a relação silte/argila a partir do seguinte cálculo: 27 𝑅𝑆/𝐴 = 𝑇𝑠𝑇𝑎𝑟𝑔 (11) RS/A = relação silte/argila Ts = Teor de silte Targ = Teor de argila 4.4. Análises Químicas 4.4.1. pH Preparou-se uma solução de KCl 1 mol L-1, dissolvendo-se 74,5 g de KCl em água destilada e adicionando-se essa solução a um balão volumétrico de 1 L, de forma a completar o volume do balão com água destilada até a aferição do menisco e efetuar a homogeneização da solução. Para cada uma das amostras, adicionou-se 10 g da amostra de solo e 25 mL da solução de KCl 1 mol L-1 em um béquer de 100 mL, depois agitou-se com um bastão de vidro e deixou-se em repouso durante uma hora. Calibrou-se o potenciômetro com as soluções padrão de pH 4,00 e pH 7,00. Ao final do tempo determinado a amostra foi agitada com um bastão de vidro e mergulhou-se os eletrodos na suspensão homogeneizada a fim de proceder a leitura do pH. 4.4.2. Carbono Orgânico Preparou-se uma solução de K2Cr2O7 0,0667 mol L-1 em meio ácido. Para isso, dissolveu-se 39,22 g de K2Cr2O7 p.a. em 500 mL de água destilada e transferiu-se para um balão volumétrico de 2 L. Em seguida, preparou-se uma mistura de 1.000 mL de ácido sulfúrico concentrado e 500 mL de água destilada, deixou-se esfriar e adicionou-se ao balão volumétrico. A solução foi agitada para dissolver todo o sal e, após o seu resfriamento, foi completado o volume do balão com água destilada até o volume do menisco. Preparou-se uma solução de sulfato ferroso amoniacal 0,1 mol L-1, dissolvendo-se 40 g de Fe(NH4)2(SO4)2.6H2O cristalizado, em 500 mL de água contendo 10 mL ácido sulfúrico concentrado. A solução foi transferida para um balão volumétrico de 1,0 L, onde foi agitada e teve seu volume aferido com água destilada.28 Também foi preparada a solução de difenilamina (solução indicador), através da pesagem de 1,00 g de difenilamina e da sua dissolução em 100 mL de ácido sulfúrico concentrado. Pesou-se 20,0 g de cada uma das amostras de solo, triturou-se com o auxílio de um almofariz e um pistilo e peneirou-se em uma peneira de 150 µm. A partir desse ponto todas as análises realizadas foram feitas em triplicata. Pesou-se 0,5 g do solo triturado e peneirado e colocou-se em um erlenmeyer de 250 mL, onde foram adicionados 30 mL da solução de dicromato de potássio 0,0667 mol.L-1. O erlenmeyer contendo amostra e solução foi aquecido até a fervura branda, com um pequeno béquer contendo água morna sobre a boca do erlenmeyer, sendo utilizado como condensador (Figura 12). Deixou-se esse sistema em fervura branda durante 5 minutos. Figura 12 - Erlenmeyer contendo as amostras durante o aquecimento. Depois de resfriada a solução foi diluída para 100 mL, então foram pipetados 50 mL de solução e transferidos a um outro erlenmeyer para análise. A este segundo erlenmeyer foram adicionados 80 mL de água destilada, 2 mL de ácido ortofosfórico (H3PO4) concentrado (85%) P.A. e 3 gotas do indicador difenilamina. Então, titulou-se a mistura formada no erlenmeyer com a solução de sulfato ferroso amoniacal 0,1 mol L-1 até que a cor 29 azul desaparecesse, dando lugar a cor verde, e anotou-se o volume de sulfato ferroso amoniacal gasto. Foi preparado paralelamente um branco contendo todas as substâncias e sendo submetido a todos os processos descritos acima, no entanto sem a adição de amostra de solo. A partir dos resultados obtidos foram calculados a quantidade de C (g/kg) e a porcentagem de matéria orgânica (g/kg) na amostra, por meio das equações abaixo, onde f é o fator de correção e C é o teor de carbono orgânico. 𝑓 = 40𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑠𝑢𝑙𝑓𝑎𝑡𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜𝑠𝑜 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎 𝑒𝑚 𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜( ) (12) 𝐶 (𝑔/𝑘𝑔) = 40 − 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜( ) × 𝑓 × 0, 6 (13) 𝑀𝑎𝑡é𝑟𝑖𝑎 𝑂𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑎 (𝑔/𝑘𝑔) = 𝐶 (𝑔/𝑘𝑔) × 1, 724 (14) 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. Análises físicas O calhaus possui fragmentos de rocha dura, ele apresenta uma estrutura mais grossa, é a fração que não passou por nenhuma das peneiras. O cascalho apresenta uma estrutura um pouco mais fina, sem pedras, é a fração que passou pela peneira de 150 μm mas não pela peneira de 53 μm. A terra fina é a parte que apresenta a estrutura mais fina e corresponde à fração que passou pelas duas peneiras. Na Figura 13 podemos observar o aspecto das frações calhaus e cascalho. Figura 13 - a) Calhaus; b) Cascalho. 30 Como é apresentado na Tabela 1, o calhaus apresentou maior massa que o cascalho, evidentemente por apresentar uma parte mais grossa do solo, enquanto o cascalho não apresenta fatores como pedras, apresentando uma estrutura mais fina e homogênea, logo mais leve. Foi possível visualizar que a Amostra R2 apresentou a maior massa de Calhaus, e a Amostra R3 apresentou a menor, sendo que os valores apresentados na Amostra R1 e R3 são mais próximos, enquanto o valor observado em R2 é significativamente maior. A Amostra R1 apresentou a maior massa de cascalho, pouco maior que o valor de R2, enquanto o valor da Amostra R3 foi expressivamente menor. Tabela 1 - Massa inicial, massa de cascalho e massa de calhaus das amostras R1, R2 e R3. Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Massa Inicial 20,008 g 20,007 g 20,000 g Cascalho 2,943 g 2,216 g 0,870g Calhaus 6,737 g 10,055 g 5,586 g Com os resultados da Tabela 1 foi possível calcular o teor de cada divisão do solo, ou seja, o teor do calhaus, do cascalho e também da terra fina, como foi apresentado na Tabela 2. Tabela 2 - Teor de terra fina, teor de cascalho e teor de calhaus em g/Kg das amostras R1, R2 e R3 Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Teor de terra fina 516 g/kg (51,6%) 387 g/kg (38,7%) 677 g/kg (67,7%) Teor de cascalho 147 g/kg (14,7%) 111 g/kg (11,1%) 44 g/kg (4,4%) 31 Teor de calhaus 337 g/kg (33,7%) 502 g/kg (50,2%) 279 g/kg (27,9%) É possível perceber a partir dos resultados obtidos, que a amostra R1 apresenta um solo que possui aproximadamente 50% de sua massa formada pela fração do solo correspondente a terra fina. O restante de sua constituição se dá por aproximadamente 35% da fração do solo chamada calhaus, e aproximadamente 15% da fração do solo chamada cascalho. Quando comparada às outras duas amostras, a amostra R1 apresentou um teor médio de calhaus e terra fina. O seu teor de cascalho foi o maior, com 147 g/kg. A amostra de solo correspondente a amostra R2, apresenta a porção de solo chamada calhaus constituindo cerca de 50% de sua massa total. Aproximadamente 40% são constituídos pela fração de solo chamada terra fina, e os outros cerca de 10% são constituídos pela fração de cascalho. Essa amostra apresentou o maior teor de calhaus entre as amostras analisadas. O seu teor de cascalho não é o maior, mas apresenta um alto teor se comparado a Amostra R3, e sua terra fina apresentou o valor mais baixo, com 387 g/kg. A porção de solo correspondente a amostra R3, apresenta apenas aproximadamente 5% de cascalho, sendo constituída em sua maioria por aproximadamente 65% de terra fina e aproximadamente 30% de calhaus. Quando comparada às demais, a amostra R3 apresentou o menor teor de calhaus e cascalho, porém, sua terra fina apresentou um alto teor, o maior entre as três amostras. As 3 amostras apresentam resultados semelhantes em relação a fração de solo denominada cascalho, pois estes constituem a menor parte em todas as amostras. No entanto a amostra R2 apresenta certa divergência em relação às demais no que desrespeito a frações de calhaus e terra fina, pois esta apresenta maior concentração de calhaus que de terra fina, enquanto nas amostras R1 e R3 as concentrações de terra fina são as maiores. Esta diferença muito provavelmente se deve a característica de cada região de coleta das amostras, a região da coleta das amostras R2 foi a com maior cobertura vegetal e com menos passagem de animais. A umidade do solo ou teor em água é definida como relação entre massa de água contida em uma amostra de solo pela massa de solo seco (ARAUJO; RODRIGUES, 2016). Para que a umidade residual fosse encontrada nas amostras analisadas, precisou que a amostra passasse pela estufa, esfriasse e que seu peso real fosse encontrado, como é apresentado na Tabela 3. 32 Tabela 3 - Massas das amostras secas ao ar, massas das amostras secas a 105 °C e umidade residual das amostras Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Massa da amostra seca ao ar 20,000 g 20,000 g 20,000 g Massa da amostra seca a 105 °C 19,611 g 19,701 g 19,697 g Umidade residual 1,984% 1,517% 1,538% A umidade residual variou de 1,517% a 1,984% nas amostras analisadas. A amostra que apresentou a maior umidade residual foi a Amostra R1, enquanto a que apresentou a menor umidade residual foi a Amostra R2. Outra característica analisada foi a densidade aparente do solo (Tabela 4), visando medir a densidade média de um volume conhecido de solo, vale destacar que a densidade está relacionada com a porosidade total e com a composição orgânica e mineralógica média do solo (EMBRAPA, 2017). A densidade do solo é um importante atributo físico dos solos, por fornecer indicações a respeito do estado de sua conservação, sobretudo em sua influência em propriedades como infiltração e retenção de água no solo, desenvolvimento de raízes, trocas gasosas e suscetibilidade desse solo aos processos erosivos, e também sendo largamente utilizada na avaliação da compactação e/ou adensamento dos solos. (CAMPANHARO et. al, p. 7710, 2009) Tabela 4 - Massas das amostras secas a 105 °C, volumes de solo nas provetas (dm3) e a densidade aparente das amostras analisadas Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Massa da amostra seca a 105°C 0,146022 kg 0,147668 kg 0,130708 kg Volume de solo na 0,1 dm3 0,1 dm3 0,1 dm3 33 proveta Densidade do solo 1,46 kg/dm3 1,48 kg/dm31,31 kg/dm3 As amostras R1 e R2 apresentaram grande semelhança em relação ao seu valor de densidade do solo, sendo a amostra R2 a que apresentou o maior valor de densidade. Já a amostra R3 apresenta certa divergência no que desrespeito ao valor de sua densidade em comparação às demais amostras, sendo o menor valor de densidade encontrado, tais resultados demonstram que a amostra R3 caracteriza um solo menos denso, ou seja, mais poroso. É válido ressaltar que os resultados da densidade aparente correspondem a aproximadamente 1% do peso da amostra. De acordo com Kiehl (1979, apud NUNES, 2015, p. 4), valores de densidade aparente do solo entre 1,70 e 1,80 g/cm3 podem constituir impedimento mecânico para o crescimento de raízes e consequentemente do desenvolvimento das plantas, e solos de diversas texturas com densidade aparente de 1,90 g/cm3, ou argilosos com densidade aparente entre 1,60 e 1,70 g/cm3 podem não apresentar raízes. Os valores de densidade aparente das amostras analisadas variaram entre 1,31 e 1,48 kg/dm3, logo, não são elevados e, consequentemente, não dificultam o crescimento das raízes. Vale lembrar que essa informação é muito importante na seleção de espécies para recuperação de áreas degradadas. Outro tipo de densidade analisada foi a densidade de partículas. “Essa densidade está relacionada ao volume efetivamente ocupado por matéria sólida, desconsiderando a porosidade” (EMBRAPA, 2017). Refere-se ao volume de sólidos de uma amostra de terra, sem considerar a porosidade. Observa-se na Tabela 5 dados como o peso da amostra, o volume de álcool gasto para que houvesse o aferimento do balão volumétrico de 25 mL e a densidade de partículas, encontrada por meio de cálculos matemáticos. Tabela 5 - Massas das amostras secas a 105 °C, volumes de álcool gastos e densidades de partículas das respectivas amostras Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Massa da amostra 0,0195681 kg 0,0198271 kg 0,0196184 kg 34 seca a 105 °C Volume de álcool gasto 0,0171 dm3 0,0174 dm3 0,0172 dm3 Densidade de partículas 2,48 kg/dm3 2,61 kg/dm3 2,52 kg/dm3 A densidade das partículas é a relação entre a massa de uma amostra de solo e o volume que ocupam as partículas do solo, desconsiderando o volume dos poros. Também denominada de densidade real, reflete as características do solo em relação ao seu peso e volume real (HILLEL, 1998 apud. BAMBERG, 2015). A densidade de partículas é uma característica que varia com a composição das partículas, não sendo afetada por variações no seu tamanho. Em um solo que têm quantidades elevadas de minerais mais pesados, como magnetita, por exemplo, a densidade de partículas também se elevará. Os resultados da densidade de partículas variam entre 2,3 a 2,9 g/cm3, em média 2,65 g/cm3 (HEINRICHS, 2010). Os resultados obtidos experimentalmente para as amostras tiveram seus valores entre 2,48 e 2,61 kg/dm3, logo, estão dentro da margem esperada de acordo com a literatura. Também foi feita uma análise granulométrica dos solos e por ela pode-se encontrar as porcentagens de areia, silte e argila. A granulometria do solo é a distribuição de suas partículas constituintes, de natureza inorgânica ou mineral, em classes de tamanho. Raramente, encontra-se um solo que seja constituído de uma só fração granulométrica. O caso mais comum é ocorrer combinações das frações areia, silte e argila. Encontrou-se também, o teor de argila, de areia fina, areia grossa e com o resultado das três, foi possível calcular o teor de silte. Os resultados dessa análise podem ser acompanhados de sua classe de textura. Todas as amostras apresentaram temperatura entre 38 °C a 40 °C, tendo como tempo de sedimentação da fração argila para 5 cm de profundidade, aproximadamente 2h e 52 min. cada uma. Tabela 6 - Massas e teores das frações de solo que compõem as amostras analisadas Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Massa de dispersante 0,0374 g 0,0374 g 0,0374 g 35 Massa de argila 0,1289 g 0,2190 g 0,4735 g Massa de areia fina 0,403 g 0,399 g 0,140 g Massa de areia total 4,3638 g 9,1481 g 4,4605 g Teor de argila 92 g/kg (9,2%) 182 g/kg (18,2%) 436 g/kg (43,6%) Teor de areia grossa 198 g/kg (19,8%) 437 g/kg (43,7%) 216 g/kg (21,6%) Teor de areia fina 20 g/kg (2,0%) 20 g/kg (2,0%) 7 g/kg (0,7%) Teor de silte 690 g/kg (69,0%) 361 g/kg (36,1%) 341 g/kg (34,1%) As amostras apresentaram divergências significativas entre si em relação ao valor de teor de argila, sendo a amostra R3 a que apresentou o maior teor de argila, aproximadamente 44%, e a amostra R1 a que apresentou o menor teor de argila, aproximadamente 9%. As amostras R1 e R2 apresentaram um valor de teor de areia fina de 2%, enquanto a amostra R3 apresentou uma considerável divergência em relação às demais, tendo menos de 1% de sua composição em areia fina. Todavia, considerando os teores de areia grossa, é possível perceber uma nítida semelhança entre as amostras R1 e R3, que apresentam cerca de 20% de sua composição em areia grossa, e um distanciamento em relação a amostra R2 em que observou-se um valor de aproximadamente 44%. Em relação ao teor de silte, observou-se uma grande semelhança entre as amostras R3 e R2, ambas têm esse teor em torno de 35%, e uma atenuante diferença em relação ao valor desse teor na amostra R1, que é de aproximadamente 70%. Em síntese a amostra R1 possui um solo com maior concentração de silte e menor concentração de argila, a amostra R3 possui um solo com maior concentração de argila e menor concentração de areia fina, e a amostra R2 possui um solo com maior concentração de areia grossa e concentração intermediária de argila. As classes texturais dos solos são obtidas através dos triângulos texturais (Figura 15). Sabendo-se os valores das frações areia, silte e argila de uma amostra de solo, e entrando com esses valores no triângulo textural, pode-se determinar a classe de textura do solo. Para classificação textural neste trabalho utilizamos o Triângulo Textural Quoos que agrupam os solos em 13 classes (Figura 14). 36 Figura 14 - Triângulo textural QUOOS. FONTE: http://www.quoos.com.br/ A amostra R1 apresentou a textura franco arenosa, a amostra R3 a textura argilosa (argila no triângulo), e a amostra R2 textura franca. Podemos observar que apesar das áreas analisadas serem próximas, a diferença entre as características da áreas, uma próximo a passagem de animais, outra em uma elevação com cobertura vegetal e a última uma encosta, foram refletidas na classificação textural, resultando em solos com texturas diferentes. A textura do solo condiciona todos os fatores de crescimento das plantas em menor ou maior grau, como na retenção, movimento e disponibilidade de água, arejamento, disponibilidade de nutrientes e resistência à penetração de raízes. Como foi obtido o valor do teor de silte e de argila, foi possível obter a relação silte/argila (Tabela 7). Tabela 7 - Relação silte/argila das amostras R1, R2 e R3 Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Relação silte/argila 7,50 1,98 0,78 37 A relação que apresentou maior valor foi a da Amostra R1, enquanto a que apresentou menor valor foi a Amostra R3, e as amostras não apresentaram semelhanças entre si no que se refere a relação silte/argila, sendo observados valores muito distantes uns dos outros. A relação silte/argila pode ser usada para avaliar o estádio de intemperismo nos solos. Indica alto grau de intemperismo quando apresenta valor inferior a 0,7, nos solos de textura média, ou valor inferior a 0,6 nos solos de textura argilosa ou muito argilosa (ALMEIDA et al., 2018). Nenhuma das amostras analisadas apresentou valor abaixo de 0,7, indicando que o intemperismo da região analisada não se encontra em um estágio tão avançado. No entanto, a amostra R3 revelou um valor muito baixo e próximo ao parâmetro de 0,6 (já que a amostra R3 apresenta textura argilosa), o que indica que o intemperismo na região de coleta R3 (encosta) é mais intenso. 5.2. Análises Químicas O pH é definidocomo a concentração, ou atividade, dos íons de hidrogênio, ou de hidroxila (pOH) em um determinado material. É possível atribuir a partir do valor da medida de pH caráteres ácido (valores de pH 0,00 a 7,00), alcalino (valores de pH 7,00 a 14,00) e ainda caráter neutro (pH igual a 7,00) (MUNIZ, 2006). Para que fosse possível medir o pH das amostras de solo (Tabela 8) foi preciso formar uma mistura com água, solo e KCl. O pH das amostras de solo analisadas variou de 4,29 – 5,49, entre temperaturas de 23,5 – 24,1ºC. Sabe-se que a maior parte das terras agricultáveis brasileiras apresentam valores de pH na faixa de 4,5- 5,5, isto é, com acidez elevada (ANDRADE, 2010 apud EMBRAPA, 1981). A partir dessa informação podemos concluir que as amostras R1 e R2 apresentaram pH dentro da faixa média, enquanto a amostra R3 apresentou um valor abaixo da faixa média de pH dos solos brasileiros, indicando que esta região apresenta solo um pouco mais ácido que o normal. Tabela 8 - Valores de pH e as temperaturas em que foram analisados Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 38 pH 5,49 4,61 4,29 Temperatura 23,5°C 24,0°C 24,1°C Vale ressaltar que o pH em uma solução varia de acordo com a temperatura, dessa forma as pequenas variações de temperatura entre as amostras podem levar a mínimas diferenças nos resultados do pH. O solo que apresentou um valor mais alto do pH foi o da amostra R1, sendo este, o mais básico entre os analisados, ele foi analisado na temperatura mais baixa das amostras, de 23,5ºC. O solo que apresentou um valor mais baixo de pH, sendo este o mais ácido, foi o solo da amostra R3, que foi analisado na temperatura mais alta entre as amostras, de 24,1ºC. O grau de acidez ou de alcalinidade do solo é influenciado pelos tipos de materiais de origem. (ANDRADE, 2010) Para corrigir o pH do solo, é muito comum a adição de calcário (carbonato de cálcio, CaCO3), em um processo denominado calagem. Todavia, apenas o valor de pH medido em solução, que corresponde a acidez disponível, não é suficiente para uma recomendação completa da calagem. Grande parte da acidez do solo corresponde a acidez trocável, determinada a partir das quantidades de alumínio trocável e alumínio total no solo. Por isso, para uma determinar se a calagem é ou não recomendada e a dosagem para as áreas analisadas, seria necessário executar a determinação do alumínio e da capacidade de troca iônica (CTC) das amostras coletadas. A matéria orgânica do solo consiste em resíduos de plantas e animais em decomposição. Seus níveis podem beneficiar o solo de diferentes maneiras: melhorando as condições físicas, aumentando a retenção de água, diminuindo as perdas por erosão, e fornecendo nutrição para as plantas. (EMBRAPA, 2021) A matéria orgânica foi calculada em função do teor de carbono orgânico. A partir do volume de sulfato ferroso amoniacal gasto para titular o branco calculou-se o fator de correção “f” e a partir dos volumes de sulfato ferroso de cada titulação das amostras foram calculadas as quantidades de carbono orgânico presente e a porcentagem de matéria orgânica (Tabelas 9 e 10). 39 Tabela 9 - Volumes gastos de sulfato ferroso para calcular as quantidades de Carbono Total das amostras e do branco. Volume gasto de sulfato ferroso Média do volume gasto 12,2 mL Amostra R1 11,5 mL 11,9 mL 12,0 mL 10,6 mL Amostra R2 10,8 mL 10,8 mL 10,9 mL 11,3 mL Amostra R3 11,6 mL 11,3 mL 10,9 mL Branco 13,7 mL Tabela 10 - Carbono Orgânico (g/kg), Matéria Orgânica (g/kg) e o fator “F” das amostras R1, R2 e R3. Amostra R1 Amostra R2 Amostra R3 Carbono Orgânico 49,23 g/kg (4,923%) 51,15 g/kg (5,115%) 50,28 g/kg (5,028%) Matéria Orgânica 84,86 g/kg (8,486%) 88,19 g/kg (8,819%) 86,68 g/kg (8,668%) “F” 2,9197 2,9197 2,9197 O teor adequado de matéria orgânica para o solo varia com a textura. Para solos médios o teor adequado deve variar entre 2,1 a 3,0 % e para solos argilosos de 3,1 a 4,5% (EMBRAPA, 2004). Valores muito acima de 6,0% indicam acúmulo de matéria orgânica no solo por condições localizadas, em geral por má drenagem ou acidez elevada. As amostras de solo analisadas apresentaram teor de matéria orgânica entre 8,5 e 8,8% estando, portanto, acima do valor médio desejado. A amostra R1 é a que apresentou menor quantidade de Carbono Orgânico, logo menor porcentagem de Matéria Orgânica, e a 40 amostra R2 apresentou a maior quantidade de carbono orgânico, logo, a maior porcentagem de matéria orgânica. A análise do carbono orgânico determina a qualidade do solo e a matéria orgânica do solo, geralmente, tem 58% de carbono. A adoção de práticas conservacionistas, rotação de culturas favorecem o aumento e a recuperação da matéria orgânica do solo (BRAGA, 2011). De acordo com a Classificação dos teores de matéria orgânica do solo, no Estado de Minas (1999) da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, uma porcentagem de 8,5 – 8,8% é classificada como muito boa, como podemos ver na Figura 15. Essa classificação muda de Estado para Estado. Figura 15- Classificação dos teores de matéria orgânica no solo para o estado de Minas Gerais. Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. 5a. Aproximação (1999) 6. CONCLUSÃO. Por meio da realização da análise físico-química do solo do Instituto Federal Fluminense no Campus Itaperuna, foi possível concluir que o solo, mesmo que coletado em lugares próximos, pode apresentar características bem diferentes. A amostra R1 se localizava em uma região próxima a passagem de pedestres e animais, apresentando um solo visivelmente compactado e sem nenhuma cobertura vegetal. Quanto ao seu aspecto esta amostra era caracterizada por uma coloração marrom clara levemente amarelada e era rico em pedras/torrões pequenos. Quanto às suas propriedades físicas, a amostra R1 possui cerca de 50 % de sua massa formada pela fração do solo correspondente a terra fina, em torno de 35 % da fração calhaus e aproximadamente 15 % da fração cascalho. A amostra em questão apresentou aproximadamente 2 % de umidade residual. Em relação a densidade, esta amostra obteve os valores de 1,46 kg/dm3 para a densidade aparente e 2,48 kg/dm3 para a densidade de partículas. Segundo a análise granulométrica, esta amostra é composta por 69% de silte, 41 19,8% de areia grossa, 9,2% de argila e 2% de areia fina, sendo classificada como franco arenosa segundo sua classe textural. A respectiva amostra apresentou o valor de 7,50 para sua relação silte/argila. Quanto às suas características químicas, a amostra R1 apresentou um pH de 5,49 e 84,86 g/kg de matéria orgânica. A amostra R2 se localizava em uma região um pouco mais elevada e plana, sem pisoteamento animal e com a melhor cobertura vegetal entre as três amostras analisadas. Entretanto, vale destacar que a cobertura vegetal presente nesta região ainda não é a ideal, visto que é insuficiente para proteger e fornecer os nutrientes que o solo precisa. Quanto ao seu aspecto esta amostra era caracterizada por uma coloração marrom escura e possuía poucas pedras ou torrões. Quanto às suas propriedades físicas, a amostra R2 possui cerca de 50 % de sua massa formada pela fração do solo correspondente ao calhaus, em torno de 40 % da fração terra fina e aproximadamente 10 % da fração cascalho. A amostra em questão apresentou aproximadamente 1,5 % de umidade residual. Em relação a densidade, esta amostra obteve os valores de 1,48 kg/dm3 para a densidade aparente e 2,61 kg/dm3 para a densidade de partículas. Segundo a análise granulométrica, esta amostra é composta por 43,7% de areia grossa, 36,1% de silte, 18,2% de argila e 2% de areia fina, sendo classificada como franca segundo sua classe textural. A respectiva amostra apresentou o valor de 1,98 para sua relação silte/argila. Quanto às suas características químicas, a amostra R2 apresentou um pH de 4,61 e 88,19 g/kg de matéria orgânica. A amostra R3 se localizava em uma região de encosta e apresentava pouca coberturavegetal, havendo alguns pontos em que o solo estava exposto sem nenhuma cobertura vegetal. Quanto ao seu aspecto esta amostra era caracterizada por uma coloração avermelhada e possuía muitas pedras/torrões pequenos. Quanto às suas propriedades físicas, a amostra R3 possui cerca de 65 % de sua massa formada pela fração do solo correspondente a terra fina, em torno de 30 % da fração calhaus e aproximadamente 5 % da fração cascalho. A amostra em questão apresentou aproximadamente 1,5 % de umidade residual. Em relação a densidade, esta amostra obteve os valores de 1,31 kg/dm3 para a densidade aparente e 2,52 kg/dm3 para a densidade de partículas. Segundo a análise granulométrica, esta amostra é composta por 43,6% de argila, 34,1% de silte, 21,6% de areia grossa e 0,7% de areia fina, sendo classificada como argilosa segundo sua classe textural. A respectiva amostra apresentou o valor de 0,78 para sua relação silte/argila. Quanto às suas características químicas, a amostra R3 apresentou um pH de 4,29 e 86,68 g/kg de matéria orgânica. 42 A região R1 é a mais recomendada para a construção civil, visto que a região R2 compreende uma região de morro, embora não apresente um declive elevado, e a região R3 compreende uma região de encosta, logo, são locais onde a retirada da cobertura vegetal e a construção favorecem a erosão e os deslizamentos. No entanto, todas as regiões analisadas podem ser usadas para construção. O reflorestamento dessas regiões traria grandes benefícios, como aumento dos nutrientes e a manutenção da matéria orgânica presente no solo, além da diminuição da erosão e da vazão das chuvas que escoam na superfície dessas regiões, visto que a capacidade de infiltração da água no solo seria otimizada. Com relação ao uso dessa região para o cultivo de alguma cultura, seria necessário considerar a acidez do solo e o clima da região na escolha da espécie a ser cultivada. Para indicar possíveis tratamentos e culturas para recuperação destas regiões são necessárias análises adicionais. É recomendada a realização de calagem nas três regiões. Isso porque, apesar de R1 e R2 apresentarem pH dentro da faixa média para os solos brasileiros, todos os valores de pH encontrados demonstram que o solo é fortemente ácido. Entretanto, não é possível determinar a dosagem em que essa calagem deve ser aplicada, pois para isso seriam necessárias outras análises. Para finalizar, destacamos a possibilidade e potencial do desenvolvimento de trabalhos posteriores sobre este tema, visto que determinar a CTC do solo em questão e seus principais macro e micronutrientes iriam ampliar e aprofundar o conhecimento das características dessa região. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AlMEIDA, Jaime Antônio de. et al. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. EMBRAPA, 5ª Ed, Brasília, 2018. ANDRADE, Luana Caetano Rocha. 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