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Montesquieu, a formação do Estado moderno e a separação dos três poderes na filosofia

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Montesquieu, a formação do Estado moderno e a separação dos três poderes na 
filosofia: uma abordagem histórica mais crítica 
 
Isabela Ramires Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 O presente trabalho tem como principal objetivo investigar como se formou a clássica teoria 
da divisão dos poderes, construindo um raciocínio desde o pensamento de Aristóteles, durante 
a Antiguidade a respeito da origem da separação dos poderes, passando também por John 
Locke, enfatizando a necessidade da formação do Estado, abordando também Rousseau que 
direcionou mais seus estudos, dando ênfase ao poder legislativo e ao poder executivo. E por 
fim, finalizando com a formulação da ideia de tripartição das funções do poder do Estado em 
Montesquieu, com uma breve contextualização histórica da influência do Iluminismo francês. 
Que possibilitou a consolidação de princípios jurídicos adotados nas constituições modernas 
(como a americana e a francesa). Com o objetivo então do presente artigo, fazer uma abordagem 
mais crítica da história da divisão dos três poderes. Ademais, a problemática levantada nesse 
referido artigo refere-se aos mais variados questionamentos, intervenções e contribuições de 
outros filósofos para a teoria, que foi finalizada por Montesquieu, a respeito dessa separação 
dos poderes. Buscando assim, abordar com destaque na conclusão desse artigo a relevância da 
temática trabalhada no decorrer deste trabalho. 
Palavras-chave: separação de poderes, Montesquieu, justificação do Estado, Estado 
contemporâneo 
 
ABSTRACT 
 The present work has as main objective to investigate how the classical theory of division of 
powers was formed, building a reasoning from the thought of Aristotle, during Antiquity about 
the origin of the separation of powers, also passing through John Locke, emphasizing the need 
of the formation of the State, also approaching Rousseau who directed more his studies, 
emphasizing the legislative power and the executive power. And finally, ending with the 
formulation of the idea of tripartition of the functions of state power in Montesquieu, with a 
brief historical contextualization of the influence of the French Enlightenment. Which enabled 
the consolidation of legal principles adopted in modern constitutions (such as the American and 
French). With the aim of this article, then, to take a more critical approach to the history of the 
division of the three powers. Furthermore, the issue raised in this article refers to the most varied 
questions, interventions and contributions of other philosophers to the theory, which was 
finalized by Montesquieu, regarding this separation of powers. Seeking thus, address with 
emphasis in the conclusion of this article the relevance of the theme worked during this work. 
Key-words: separation of powers. Montesquieu. State is justification. Contemporaneous State 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A ideia de “Estado moderno” nasce das monarquias absolutistas, ou seja, predomina a 
visão que concebe o estado absoluto (ou absolutista) como primeira forma de estado moderno. 
O estado absolutista foi caracterizado pela forma de organização política predominante nos 
reinos europeus entre os séculos XV e XVII. Marcado pelo exercício do poder centralizado, a 
concentração de todos os poderes ou funções estatais nas mãos do soberano, o monarca era 
visto como “o absolutista todo poderoso e autônomo. “ 
Imbricado a esse Estado muitos autores passaram a discutir a sua justificação, 
historicidade, finalidade do estado, e a partir do liberalismo político começaram a questionar 
esse abuso do poder, propondo limitação aos poderes do monarca por meio do estabelecimento 
de constituições, a fim de assim, proporcionar segurança jurídica e liberdade a sociedade. Foi 
baseado nesse princípio de limitação que surgiu a ideia e separação dos poderes. Como ensina 
BARTHÉLEMY, “historicamente, o princípio da separação dos poderes surgiu como uma arma 
de guerra contra o poder absoluto dos Reis” (1932, p.76). Esses movimentos liberais 
conseguiram colocar fim aos estados absolutistas, dando origem então aos Estados Liberais. 
O objeto de estudo desse artigo científico está pautado em toda a historicidade a 
respeito dessa separação dos poderes, com o objetivo de tentar transmitir as influências dos 
pensamentos de alguns autores a respeito da temática, correlacionando sempre com o período 
histórico em que cada autor está inserido. 
A análise dessas visões a respeito da separação dos poderes estatais foi desenvolvida 
por Montesquieu, abordada também por John Locke e por Rousseau, porém teve sua origem 
com Aristóteles. O presente artigo, aborda a problemática dessas visões, ressaltando diferenças, 
semelhanças e novidades nos pensamentos desses filósofos. Para no fim, alcançar uma 
significação essencial, numa visão atualizada, da separação dos poderes que leva em conta o 
modelo democrático na prática contemporânea. 
A contribuição de Montesquieu para a história da separação de poderes é enorme. Foi 
ele quem criou a divisão do poder do Estado e formulou um esboço específico para cada país. 
Foi também esse grande filósofo que lançou as bases para os princípios constitucionais mais 
importantes da grande democracia de hoje. 
 Após a verificação do conceito de separação de poderes na cadeia tripartite, resta 
examinar a aplicação desse princípio no atual ordenamento jurídico brasileiro. O poder 
executivo, o legislativo e o judiciário têm atribuições próprias, atribuições específicas e 
determinadas por cada domínio de poder, sendo especificamente responsáveis pelo seu 
exercício. Também tem a atribuição estipulada na constituição, para que um determinado poder 
possa exercer legalmente as funções de outro domínio de poder. 
A fim de assim, conseguir realizar um estudo da evolução da separação de poderes à 
tendência tripartite e sua aplicação prática no atual ordenamento jurídico brasileiro, 
contribuindo humildemente com as doutrinas jurídicas existentes, discutindo a redação, 
elaborando e discorrendo sobre os pensadores do início ao fim. 
 
2 ARISTÓTELES E AS ORIGENS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES 
É necessário, antes de começar a analisar a origem da separação dos poderes, 
compreender as distinções dos contextos históricos em que cada autor e cada obra se fez 
presente, características essas necessárias serem consideradas a fim de evitar possíveis 
comparações anacrônicas. 
Aristóteles, filósofo grego, pertencente ao período da filosofia clássica, estabeleceu 
um sistema filosófico que tinha a pretensão de abranger todas as áreas do conhecimento. 
Estabelecendo, as condições metafísicas do mundo, enumerando as explicações sobre o mundo 
natural, fazendo pesquisas empíricas em várias áreas do conhecimento – como na zoologia, na 
biologia- e ainda desenvolvendo seus pensamentos analíticos voltados para a política, a arte e 
a lógica. 
Por ser meteco, Aristóteles não participou diretamente da vida política da cidade. Isso 
porque estrangeiros, não eram considerados cidadãos nesse período, e a sua própria noção de 
cidadania exigia a possibilidade de exercer função pública. Apesar da marcação estrangeira, ele 
tinha grande proximidade com os governantes da Macedônia, fato que lhe garantiu, ainda assim, 
importância na política. Mais tarde, Aristóteles foi escolhido para ser preceptor do jovem 
príncipe- cargo esse que incentivou e possibilitou a escrita de Aristóteles a respeito da política-
Alexandre, que depois conquistara um vasto império, recebendo o nome de Alexandre, o 
Grande. 
Em seu livro “política”, escrito no século III a.C, Aristóteles aborda a divisão de 
funções do governo da Pólis grega, fazendo uma profunda análise da sociedade, das 
instituições, das leis, formas de governo. É nesse livro que se encontra a expressão famosa de 
Aristóteles “o homem é um animal político”, ou seja, a ideia expressa de que o homem só realiza 
a sua natureza essencialno convívio e na relação política com seus pares na Polís. 
A política, para esse pensador, estava totalmente atrelada a ideia de moral, já que a 
finalidade do Estado era a virtude, a busca pela felicidade, ou seja, estavam fundamentadas na 
formação moral das pessoas e nos meios necessários para conseguir alcançar a finalidade do 
Estado. E a grande diferença entre a política e a moral, estaria, portanto, acentuada na 
abrangência ou restringência das pessoas envolvidas, ou seja, a moral busca se individualizar, 
uma moral individual. Já a política, seria uma moral social e que consequentemente seria 
coletiva, abordando um todo. 
Torna-se perceptível e indispensável a relação da Antiguidade clássica como o 
embrião da doutrina da separação dos poderes como fundamento da organização política. Visto, 
todo o cenário observado por Aristóteles e as questões e contribuições levantadas por ele, como 
se pode observar na seguinte passagem: 
Toda Cidade tem três elementos, cabendo ao bom legislador 
examinar o que é mais conveniente para cada constituição. Quando 
essas partes forem bem ordenadas, a constituição será bem 
ordenada, e conforme diferem umas das outras, as constituições 
também diferem. A primeira dessas partes concerne à deliberação 
sobre os assuntos públicos; a segunda, às magistraturas: qual deve 
ser instituída, qual deve ter sua autoridade específica e como os 
magistrados devem ser escolhidos; por último, relaciona-se a como 
deve ser o poder judiciário. (ARISTÓTELES, 2001) 
Aristóteles, então, abordou a ideia de que em todo governo deveriam existir três 
poderes essenciais, e que o legislador prudente – prudência associada a ideia de produzir justiça- 
deveria acomodar da maneira mais conveniente para garantir um a ordem a busca pelo bem-
comum. Ideia essa corroborada principalmente pelo pensamento aristotélico com a temática 
ética e política, que andavam muito próximas, favorecendo o desenvolvimento de um espaço 
público favorável ao surgimento de relações político-sociais norteadas ao bem-comum e ao 
interesse de todos. 
Diante disso, Aristóteles aborda diversas formas ideias de governo nas Cidades-
Estados, por se tratar de uma sociedade diversificada, com costumes diferentes, essas Pólis 
recebiam tais reflexos dessas diferenças culturais em suas organizações políticas. Porém, é 
notório ressaltar que todas as formas de governo abordada pelo filósofo, tinham como finalidade 
a felicidade, e a ideia de que os homens se agrupavam e se associavam não apenas para viver, 
mas para viver bem. A melhor forma de governo escolhida por Aristóteles é a monarquia, 
governo de um só fundamentado na honra e na glória do governante, seguida da aristocracia, 
governo dos melhores, e da democracia, governo de todos. 
Logo, é perceptível a importância e necessidade de compreender a visão de Aristóteles, 
a respeito da sua preocupação em organizar o poder político, de forma a estruturá-lo 
organicamente, variando de acordo com as funções do Estado. 
 
3 O ESTADO DE NATUREZA EM JOHN LOCKE PARA A CORROBORAÇÃO DO 
SURGIMENTO DO Estado 
John Locke, expoente da filosofia inglesa do século XVII, nasceu em Wrington, na 
Inglaterra, em 1632. Suas obras principais são o Primeiro tratado sobre o governo civil, o 
Segundo tratado sobre o governo civil, Ensaio sobre o intelecto humano e Cartas sobre a 
tolerância religiosa (MONDIM, 1982, p. 102). 
 John Locke, conhecido como o “pai do liberalismo”, movimento político-que surge 
como consequência da luta da burguesia contra a nobreza e a Igreja, afirmando a liberdade do 
indivíduo e defendendo a limitação dos poderes do Estado- que deu origem as práticas políticas 
predominantes, desde a revolução francesa, até os dias de hoje. Viveu durante o século XVII 
até o século XVIII, contribuiu muito para os pensamentos da época relacionados ao ramo da 
filosofia política, dando de certa forma continuidade com progressos e conceitos nas separações 
dos poderes, abordada primeiramente por Aristóteles. Locke acreditava que todo governo surge 
de um contrato revogável (caso o governante não cumprisse sua missão) entre indivíduos, com 
o propósito de proteger a vida, a liberdade e à propriedade das pessoas. 
Na concepção desse pensador, o estado de natureza caracteriza-se pela existência de 
uma relativa paz, harmonia e concórdia. Neste estado, os homens já eram dotados de razão e 
gozavam da propriedade (Vida, Liberdade, Bens – direitos naturais do homem). Essa 
propriedade, para Locke, já era existente no estado de natureza e, uma vez considerada uma 
instituição anterior à sociedade, é um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo 
Estado. 
Porém, em seu estado de natureza, o homem a partir do trabalho, tornava-se 
proprietário, estabelecendo sobre a terra e seus frutos um direito próprio do qual todos os outros 
seres humanos estavam excluídos (o trabalho era o fundamento principal e original da 
propriedade). E, a partir do surgimento da moeda, uma nova forma de aquisição da propriedade 
também surgiu: a compra. O uso do dinheiro propiciou a concentração da riqueza e a 
distribuição desigual dos bens entre os homens. 
Para Locke, o surgimento da moeda e, consequentemente, do comércio, consistiu no 
processo que provocou a passagem da propriedade limitada, fundamentada no trabalho, à 
propriedade ilimitada, alicerçada na acumulação, esta possibilitada pelo dinheiro. Origem então 
de conflitos e disputas (entre duas ou mais pessoas, nos quais não há uma terceira parte, um 
juiz ou um mediador, motivo pelo qual vencerá o mais forte e não o mais justo). O Estado surge 
então como mediador para evitar esses conflitos contínuos, convencendo os homens a 
ingressarem numa “sociedade civil e política”, onde o governo atuará como juiz e protegerá os 
direitos já preexistentes. 
Os poderes naturais do homem no estado de natureza se transformam, graças ao 
contrato, nos poderes políticos da sociedade civil. Assim, cabendo à comunidade a escolha de 
uma determinada forma de governo. Neste ponto, a unanimidade do contrato deverá ceder 
espaço para o princípio da maioria, ou seja, deve prevalecer a decisão majoritária. 
Locke então propôs a separação entre os poderes executivo, legislativo e federativo 
(características dos regimes liberais), afirmando a necessidade de subordinação do poder 
executivo ao legislativo, dessa maneira, o governante não poderia agir livremente, tendo então 
seu poder limitado pelas leis que emanam do povo - a sociedade exerce, por meio do legislativo 
então o controle sobre o Governo. John argumenta que a necessidade do poder executivo se 
pauta na ideia de que nem sempre é preciso que novas leis sejam criadas, mas executar as que 
já existem. E enquanto ao Poder Federativo, atribuiu o cuidado das relações internacionais do 
governo, conforme mencionado na passagem do livro dele, “Segundo Tratado”: 
Quando o legislativo confia a execução das leis que elabora a outras 
mãos, mantém o poder de retirá-lo dessas mãos se encontrar causas 
para tanto ou a fim de punir qualquer má administração contrária às 
leis. O mesmo, vale também em relação ao poder federativo, sendo 
este e o executivo ambos ministeriais e subordinados ao legislativo, 
que, tal como demonstramos, é supremo numa sociedade política 
constituída. (LOCKE, 1689, p.153) 
 
Dessa forma, Locke retomou de Hobbes a ideia de contrato acrescentando a ela um 
princípio revolucionário: caso o governante não tivesse sucesso em garantir os direitos de todos, 
a sociedade ganharia o direito de substituí-lo. Com esse princípio, Locke legitimou a ação 
revolucionária: se fosse necessário o uso da força para derrubar um governante, tal medida seria 
legitima, uma vez que a resistência à opressão é um dos direitos do homem. 
 
4 O PENSAMENTO ILUMINISTA E A SEPARAÇÃO DE PODERES NA 
CONCEPÇÃO DE MONTESQUIEU 
O fortalecimento do racionalismo no século XVIII se deu em grandeparte pelos 
avanços nos estudos das Ciências Naturais, por exemplo, com as descobertas de Newton no 
campo da Física, que provocaram grande impacto no século anterior. Com o tempo, consolidou-
se o termo "Século das Luzes", em referência às "luzes da razão" que iluminavam o 
conhecimento humano. Na Alemanha, o movimento iluminista foi chamado de Aufklärung, ou 
"esclarecimento", com O mesmo sentido de exaltação da razão que promove o entendimento. 
Ideias políticas de fundamento racional prosperara nesse período, sobretudo na França, 
cujo regime absolutista era questionado. Nesse contexto, destacaram-se três importantes 
pensadores: Voltaire (1694-1778), o barão de Montesquieu (1689-1755) e Jean-Jacques 
Rousseau (1712-1778). 
Montesquieu tornou-se um grande filósofo e escritor da França. Conhecido como um 
dos importantes filósofos do Iluminismo, aprimorou trabalhos significativos sobre política, suas 
fundamentais ideias foram: Criticar o clero do catolicismo, principalmente, sobre seu poder e 
interferência política; Contrário ao absolutismo; E buscou defender os aspectos democráticos 
de governo e o respeito às leis e a divisão dos poderes em três: poder Executivo, poder 
Legislativo e poder Judiciário Teoria filosófica e política de Montesquieu. 
Como pautado anteriormente, Montesquieu foi um crítico do absolutismo e do 
catolicismo, que abusavam da posição social através de suas grandes influências, dominando 
os homens e ocultando a sua capacidade de raciocínio. Montesquieu buscava alcançar a 
liberdade, portanto, foi um dos primeiros sociólogos e cientistas políticos a tentar descobrir as 
conexões existentes entre as leis e a realidade social de cada grupo. Classificou as leis em dois 
tópicos: as leis naturais, aquelas feitas por um ser divino -Deus, regem a natureza, são perfeitas, 
imutáveis, universais e indiscutíveis- e as leis positivas, aquelas feitas pelo homem, um 
conjunto de normas que visam expressar as necessidades do povo. 
 O grande filósofo, acreditava, até então, na inexistência de alguma forma de governo 
conseguir atender qualquer povo em qualquer época. Incomodado com tal situação, decidiu 
buscar soluções para desenvolver um sistema político efetivo e, para isso, diversos aspectos 
deveriam ser analisados, como o desenvolvimento econômico-social e os fatos geográficos do 
país. Em sua obra “O Espírito das Leis”, Montesquieu, tenta explicar o que é essencial e 
fundamental na relação lógica entre as diferentes instituições políticas e sociais que as leis 
fundamentam. Neste livro, ele busca um meio de reformular às instituições políticas através da 
chamada “teoria dos três poderes”. Diante disso, essa divisão tripartite poderia ser uma solução 
frente aos desmandos comumente observados no regime absolutista. 
 Montesquieu acreditava que cada uma das três formas de governo surgia a partir de 
um princípio: o republicano (governo do povo) baseia-se na virtude; o monárquico (governo de 
um só) baseia-se na honra; o despótico baseia-se no medo. Desse modo, Charle Montesquieu, 
foi o responsável por organizar uma das suas principais contribuições intelectuais: o modelo 
político conhecido como a divisão dos poderes dentro de um estado: o Legislativo, o Executivo 
e o Judiciário, que, segundo ele, é a base de qualquer república. A divisão dos Três Poderes 
Desde então, Montesquieu objetivou a separação da autoridade governamental em três âmbitos 
fundamentais, vistas como “Doutrina dos três poderes”, tendo como finalidade ser independente 
e fiscalizar os outros. Para tanto, o poder precisava ser dividido em três instâncias: Poder 
Legislativo: Aquele responsável por elaborar as leis, além de fiscalizar a execução das mesmas 
pelo Executivo; Poder Executivo: Aquele responsável por executar as leis vigentes no país, 
além de propor planos de ação e administrar os interesses públicos; Poder Judiciário: Aquele 
responsável por interpretar as leis e julgar os casos concretos de acordo com as regras 
constitucionais. 
Diante o exposto, o objetivo do grande filósofo era encontrar um equilíbrio entre a 
sociedade e o governo, de forma que a lei não limita a liberdade, mas garante fazermos tudo o 
que ela nos possibilita, podendo, em determinadas circunstâncias, até reduzi-la e, se for o caso, 
anulá-la. A partir dessa flexibilidade, pode-se caracterizar os governos como absolutos, onde a 
liberdade passa por grandes restrições, ou como moderados, onde a liberdade possui alto grau 
de apreço. 
Montesquieu, em “Do Espírito das Leis” de 1748, não fez simplesmente uma análise 
teórica da natureza da separação de poderes, mas também criou a chamada "faculté de sculptor” 
(faculdade de estatuir) e a famosa técnica de equilíbrio,"faculté d'empêcher" (faculdade de 
impedir), conhecido hoje como o sistema de freios e contrapesos (“Check and balance”). 
Compõem-se na ideia do controle do poder pelo próprio poder. Nessa teoria, há a ideia 
de que as diferentes funções desenvolvidas pelo Estado precisam de autorregular, mas, para 
Montesquieu a ideia de criar estes três poderes, seria para que houvesse um equilíbrio entre o 
governo e a sociedade e, não o próprio governo se organize sem a opinião do povo. Outro 
filósofo que propôs, logo, concordava com essa ideia foi John Locke. Para ele, seria importante 
está separação dos três poderes pois, o governo não poderia agir de forma livre, sem que possua 
a opinião do povo. 
Conforme leciona Paulo Bonavides, “Numa idade em que o povo organizado se fez o 
único e verdadeiro poder e o Estado contraiu na ordem social responsabilidades que o Estado 
liberal jamais conheceu, não há lugar para a prática de um princípio rigoroso de separação. Os 
valores políticos cardeais que inspiraram semelhante técnica ou desapareceram ou estão em 
vias de desaparecimento. A separação foi historicamente necessária quando o poder pendia 
entre governantes que buscavam recobrar suas prerrogativas absolutas e pessoais e o povo que, 
representado nos parlamentos, intentava dilatar sua esfera de mando e participação na gerência 
dos negócios públicos [...] Não temos dúvida por conseguinte em afirmar que a separação 
de poderes expirou desde muito como dogma da ciência. Foi dos mais valiosos instrumentos de 
que se serviu o liberalismo para conservar na sociedade seu esquema de organização do poder. 
Como arma dos conservadores, teve larga aplicação na salvaguarda de interesses 
individuais privilegiados pela ordem social. Contemporaneamente, bem compreendido, ou 
cautelosamente instituído, o velho princípio haurido nas geniais reflexões políticas de 
Montesquieu poderia, segundo alguns pensadores, contra arrestar outra forma de poder absoluto 
para o qual caminha o Estado moderno: a onipotência sem freio das multidões políticas.” 
Portanto, a ideia desta divisão de poderes seria para proporcionar maior segurança aos 
cidadãos quanto aos seus desejos em sociedade. Para a estrutura da divisão dos Poderes, 
utilizam-se dois elementos como fundamento: especialização funcional e independência 
orgânica; esta requer a independência manifestada pela inexistência de qualquer meio de 
subordinação, significando que cada órgão é especializado no exercício de uma função. 
A teoria social da separação de poderes é o complemento necessário à concepção de 
liberdade de Montesquieu. Segundo ele, liberdade seria a permissividade da lei, assim, uma 
forma de assegurar que a lei seja a expressão da liberdade seria estipulando limites a está através 
dos próprios cidadãos. A fim de então, utilizar a lei como meio do poder, norteando e se 
preocupando para que está, não se torne opressora, segundo Montesquieu, sendo necessário 
total proteção contra a publicação de leis indevidas feitas através dos pertencentes do processo 
legislativo. 
A finalidade da separação das funções é evitar a concentração de poder nas mãos de 
uma única pessoa ou de um único grupo.Essa divisão confere a cada um dos poderes a 
autonomia para exercer sua função, assegura a harmonia entre os três poderes (Executivo, 
Legislativo e Judiciário) e evita que abusos aconteçam através de qualquer um desses. A Teoria 
da Separação dos Poderes, surgiu na época da formação do Estado Liberal, a partir da ideia da 
iniciativa livre e da menor interferência do Estado nas liberdades individuais. Essa tripartição 
dos poderes está consolidada pelo artigo 16 da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e 
do Cidadão de 1789. 
É importante compreender que atualmente, cada órgão do Poder tem suas funções 
típicas e atípicas. Na obra “Direito Constitucional” do ministro Alexandre de Moraes, ele 
aborda a definição dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, ou seja, as suas funções 
típicas. As funções típicas do Poder legislativo são as de criar e modificar o ordenamento 
jurídico, além de fiscalizar o Executivo (por meio do Tribunal de Contas da União e da Justiça 
Federal), deve ser respeitado pelas pessoas físicas e pelos órgãos estaduais. 
As funções típicas do Poder Legislativo são legislar e fiscalizar, tendo 
ambas o mesmo grau de importância e merecedoras de maior detalhamento. 
Dessa forma, se por um lado a Constituição prevê regras de processo 
legislativo, para que o Congresso Nacional elabore normas jurídicas, de outro, 
determina que a ele compete a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, 
operacional e patrimonial do Poder Executivo. (CF, art. 70). (MORAES, 
2007. p. 391) 
Já o Poder Executivo, é o órgão responsável por executar as leis, observando as normas 
vigentes do país, propondo planos de ação e administrando os interesses públicos. No âmbito 
Federal esse papel é exercido pelo Presidente da república, juntamente com os ministros 
indicados por ele, já no âmbito municipal esse papel é designado aos prefeitos e no âmbito 
estadual, pelos governadores. 
O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função 
precípua é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de 
administração. A Chefia do Poder Executivo foi confiada pela Constituição 
Federal ao Presidente da República, a quem compete seu exercício, auxiliado 
pelos Ministros do Estado, compreendendo, ainda, o braço civil da 
administração (burocracia) e o militar (Forças Armadas), consagrado mais 
uma vez o presidencialismo, concentrando na figura de uma única pessoa a 
chefia dos negócios do Estado e do Governo. (MORAES, 2007. p. 444) 
O poder judiciário, por fim, é o órgão responsável pela aplicação da lei, ou seja, 
responsável por interpretar as leis e julgar casos de acordo com as normas vigentes, buscando 
uma melhor distribuição da justiça. Representado pelos juízes, desembargadores e promotores 
da justiça. 
Ao lado da função de legislar e administrar, o Estado exerce a função 
de julgar, ou seja, a função jurisprudencial, consistente na imposição da 
validade do ordenamento jurídico, de forma coativa, toda vez que houver 
necessidade. Dessa forma, a função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, 
ou seja, julgar, aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante 
de um conflito de interesses. (MORAES, 2007. p. 478) 
Todavia, como toda regra no direito tem exceções, ocasionalmente haverá funções 
atípicas de poder, a saber, legislação ou implementação do Poder Judiciário, julgamento e 
implementação do Poder Legislativo, legislação administrativa e juízes. Essas funções atípicas 
são harmônicas, independentes e autônomas, porém não viáveis numa estrutura rígida de 
funções, pois os poderes exercem funções de outros, onde esporadicamente, o Judiciário legisla 
ou administra, o Legislativo julga e administra e o Executivo legisla e julga. Esta divisão 
impede que o poder do Estado seja exercido por uma pessoa ou instituição, criando assim um 
sistema de controle. 
5 A RELAÇÃO ENTRE OS TRÊS PODERES E O CONTRATO SOCIAL PARA 
ROUSSEAU 
Jean-Jacques Rousseau foi o autor da obra Do contrato Social (1792), em que levou 
adiante a reflexão política do iluminismo, embora chegando a resultados contrários aos que 
aspirava a burguesia da época. Ao observe a origem dos Estados, o autor identificou no 
surgimento da propriedade privada a origem dos conflite entre os homens, bem como da perda 
do caráter ideal presente no estado de natureza. Essa crítica ere acompanhada de um apelo à 
democracia, vista por Rousseau como a única forma possível de resolver os conflitos surgidos 
com a criação da propriedade. A soberania, segundo o pensador francês, não se encontra na 
figura de um rei, mas no próprio povo, e o governo deve expressar a vontade geral da sociedade. 
O fundamento do conceito de vontade geral em Rousseau encontra-se na concepção 
segundo a qual um grupo de pessoas reunido criava uma nova entidade: não mais um conjunto 
de indivíduos, mas uma coletividade. Ao descrever o contrato que funda a sociedade civil, ele 
afirmou: "Imediatamente, esse ato de associação produz, em lugar da pessoa particular de cada 
contratante, um corpo moral e coletivo, composto de tantos membros quantos são os votos da 
Assembleia e que, por esse mesmo ato, ganha sua unidade, seu eu comum, sua vida e sua 
vontade" 
Dessa forma, uma eleição simples, em que indivíduos expressam livremente sua 
vontade individual, calculando-se em seguida uma maioria, era vista como pouco democrática. 
Em seu lugar, Rousseau pregava a necessidade de chegar à vontade geral, obtida por meio das 
deliberações do povo suficientemente informado. Somente após o debate se procede a votação, 
na qual descobre-se o que é comum em meio a todas as vontades individuais, conforme explica 
em Do “Contrato social”: "Há comumente muita diferença entre a vontade de todos e a vontade 
geral. Esta se prende somente ao interesse comum; a outra ao interesse privado e não passa de 
uma soma das vontades particulares". Além disso, pode ocorrer de a vontade particular estar 
em conflito com a vontade geral que se tem como cidadão, conforme colocado também é 
sublinhado no livro Do “Contrato social”: 
Cada indivíduo, com efeito, pode, como homem, ter uma vontade particular, 
contrária ou diversa da vontade geral que tem como cidadão. Seu interesse 
particular pode ser muito diferente do interesse comum. Sua existência, 
absoluta e naturalmente independente, pode levá-lo a considerar o que deve à 
causa comum como uma contribuição gratuita, cuja perda prejudicará, menos 
aos outros, do que será oneroso cumprimento a si próprio. (ROUSSEAU 10, 
p. 363) 
 
Portanto, para Rousseau, os indivíduos podem cometer erros, diferentemente da 
vontade geral que é a manifestação do fundamento coletivo da consciência das pessoas que 
formam uma sociedade. Em outras palavras, sempre há uma vontade geral soberana que emana 
de um grupo de pessoas. Uma vez que as pessoas nem sempre reconhecem sua verdadeira 
vontade, faz-se necessário um guia ou um grande legislador. Sua autoridade deve guiar não 
somente as ações, mas, sobretudo, as convicções. 
A prática da democracia, no entanto, passava longe das aspirações burguesas 
iluministas da época. O movimento iluminista como um todo era bastante elitista, prevendo a 
destruição do absolutismo e sua substituição por um regime de privilegiados, mesmo que 
baseado em uma Constituição escrita, e com a separação de poderes. Nesse sentido, em geral 
rejeitava-se a concepção de Rousseau sobre a propriedade privada como fonte de desigualdade. 
Para a principal corrente do pensamento iluminista, a igualdade a ser atingida não era a 
econômica, mas sim a jurídica, com o estabelecimento de leis de igual validade para todos os e 
o fim dos privilégios de nascimento. 
Rousseau, busca com a separação dos poderes, fixar de maneira estrita a função de 
cada poder, tendo como propósito proteger os cidadãos de posturas arbitrárias individuais ou 
até mesmo coletivas (de grupos). A rigor, a distinção uniforme de podersignifica entender que 
ele tem suas limitações nas questões relacionadas às questões de que trata. Portanto, na visão 
de Rousseau, o poder executivo será restringido por leis elaboradas pelo legislativo. Desse 
modo, Rousseau pretende delinear o papel do soberano, ou seja, ele deve apenas promulgar leis 
que sejam suficientes para expressar a vontade geral, e o governo deve implementar a lei, não 
se colocando acima da lei. 
A explícita separação entre o poder executivo e o poder legislativo não se dá somente 
no que diz respeito a função exercida por cada poder, mas também está correlacionada com a 
diferença em termos de sujeição. Já que, aquele que executa a lei é um simples indivíduo, 
funcionário de quem as autorizam. Em um Estado republicano, explicado melhor por Rousseau 
como “Chamo pois de república todo Estado regido por leis, sob qualquer forma de 
administração que possa conhecer, pois só neste caso governa o interesse público e a coisa 
pública passa a ser qualquer coisa” (ROUSSEAU, 1978b, p. 55), a soberania assim encontra-se 
totalmente pertencente ao povo, não podendo ser alienada, ou seja, o poder legislativo em um 
Estado legítimo só pode ser exercido pelo povo, quem detém do poder soberano. Logo, o Estado 
torna-se republicano, assim, legítimo, quando o poder legislativo é exercido pelo povo de forma 
direta. 
Portanto, para Rousseau, as formas de governos ideais variam de acordo com o 
tamanho do Estado, ou seja, em um Estado pequeno, a democracia é a forma de governo melhor 
vista pelo filósofo, já em um Estado não tão grande e não tão pequeno, mediano, cabe o governo 
dos aristocratas e em um Estado grande a monarquia para Rousseau é a mais cabível forma de 
governo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ante todo o exposto, torna-se evidente a importância de entender e analisar todo o 
percurso histórico da separação dos poderes para não cometer anacronismos quando citados 
momentos e falas de filósofos importantes, que trouxeram grandes contribuições para o 
conceito e ideia contemporânea dessa separação. 
A vida em sociedade, desde os primórdios, foi norteada pelo princípio do poder que 
um grupo tinha sobre o outro. Aos poucos esse poder foi se categorizando para um grupo 
específico de indivíduos com características ímpares. Dessa forma é que o ordenamento social, 
chamado Estado, começa a nascer, ou seja, a atividade política surge pela disputa da detenção 
do Estado, disputa desse poder. Daí falar-se em um poder estatal, poder político. 
O Estado então, como artefato humano que é, é dotado de finalidades, estas que estão 
diretamente atreladas as funções do Estado, ou seja, a separações dos poderes estatais. Tais 
finalidades, são amplamente variáveis no espaço e no tempo, de modo que não se pode adotar 
ou fixar, de uma única vez, as finalidades de tal sociedade politicamente organizada. 
O Estado moderno nasce como Estado absolutista, onde o poder encontrava-se todo 
concentrado nas mãos do rei, do monarca. E atinge seu maior ápice de desenvolvimento e 
ganhos de direito com o Estado Democrático de Direito, e é nesse período em que se observa 
dois princípios, finalidades, responsáveis por nortear todo o Estado: princípio democrático e 
princípio do estado de direito 
O princípio do estado de direito citado acima, está diretamente atrelado a essa ideia de 
garantia de equilíbrio entre os governantes e o governado, entre os poderes estatais, ou seja, o 
grande desafio desse Estado contemporâneo é conseguir ser esse Estado democrático de Direito, 
visando conseguir fazer com que todas as autoridades estatais exerçam o poder com fundamento 
na constituição e nas leis. Não as violando e não os colocando acima delas, por isso a ideia 
abordada desde Aristóteles, trabalhada por Locke e com Rousseau e por fim, bem desenvolvida 
por Montesquieu a respeito da separação dos poderes estatais são de suma importância na 
atualidade. 
Aristóteles, fundamentava a autoridade estatal e o dever de obediência dela decorrente 
na natureza. Ao definir o homem como animal político e ao sustentar que o ser humano somente 
alcançaria sua plenitude na sociedade política. Então, quando disserta sobre a separação dos 
poderes, ele entende que o poder não pode designado indistintamente a apenas um indivíduo, 
já que isso levaria a verdadeiro caos social. Mais tarde, John Locke, importante filósofo inglês 
abordou também a ideia da separação dos poderes, mas trabalhando com uma corrente tripartite 
(Legislativo, Executivo e Federativo). Na concepção de John, o Estado ideal para ele seria 
aquele onde a liberdade de cada cidadão fosse resguardada. 
Já Rousseau, se preocupou em fazer uma análise mais profunda de outros conceitos 
em sua teoria política que visava diminuir a incompatibilidade entre os poderes, principalmente 
o poder legislativo e o poder executivo. Contudo, conforme abordado com maior ênfase nesse 
artigo, cujo a temática do artigo é relacionada a este filósofo, foi Montesquieu quem realmente 
deu contornos específicos a Tripartição dos Poderes. 
Essa tentativa de limitar o Poder Estatal, torna-se um interesse social a partir da ideia 
da separação dos poderes, onde é criado mecanismos de separação de atividade, funções além 
da criação de mecanismos de controle mútuo dos poderes do Estado (Sistema de frio e 
contrapesos). A fim de assim, evitar possíveis usurpações do poder, usando assim o próprio 
poder para limitar o outro. 
Todavia, foram os americanos que criaram o modelo constitucional tripartido em 1787, 
atribuindo todo o seu escopo de propriedade a cada poder separadamente, inclusive 
equilibrando os três poderes, pois antes disso, até mesmo Locke havia formulado diretrizes para 
separação e Montesquieu sobre os freios e contrapesos, sempre demarcando a prevalência do 
poder legislativo sobre os demais poderes do estado. Dois anos depois, esse princípio 
constitucional iniciado pelos americanos com base nas diretrizes dos pensadores acima 
mencionados ao longo da história tornou-se um verdadeiro dogma e foi incluído na "Declaração 
dos Direitos Humanos e do Cidadão", e deu início à transição para um país democrático. E cabe 
salientar que no Brasil, desde o seu desenvolvimento político, histórico e econômico, o 
princípio da separação dos três poderes sempre esteve presente nas suas constituições, 
obviamente que diferenciado em cada período, com diferentes abordagens e visões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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