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Bioquímica Aplicada 1 Bioquímica Renal Função do Rim O animal está desidratado (tem pouca água dentro dele), se o rim é um órgão que está o tempo inteiro filtrando o sangue e com isso ele consegue fazer uma regulagem desse equilíbrio da água, equilíbrio hidroeletrolítico… ele vai ter a capacidade de controlar a água que joga fora pela urina ou ele vai reter aquela urina. O animal desidratado urina menos para poupar água. Isto se dá pra compensar pois normalmente ocorreria a filtração e liberação dessa água pela urina. Então quanto mais desidratado o animal tiver, se o rim dele estiver funcionando bem, esperamos que ele produza um volume urinário menor Consequentemente essa urina será mais concentrada. Aí temos um padrão lá no exame de urina que é a densidade e essa densidade urinária vai estar mais elevada em casos de urina mais concentrada e elas vai estar mais reduzida em casos de urina mais diluída. Então conseguimos pensar lá no futuro na clínica quando se pedir um exame de urina, se um animal está desidratado, esperamos que, se o rim dele estiver funcionando bem a densidade da urina do animal esteja aumentada (relação entre o patológico/fisiológico/clínico — o que eu vou encontrar clinicamente? O animal produzindo pouco volume urinário com a densidade alta). Se eu pego um animal que está desidratado vomitando, perdendo água e a densidade está baixa isto é um parâmetro que me diz que o ruim não está funcionando bem. A densidade é um parâmetro para avaliar a função renal. A densidade urinária é um dos parâmetros que utilizamos para avaliar a função do rim. O rim tem inúmeras funções, uma delas é a concentração da urina. Tem a função de excretar os compostos que são derivados do metabolismo proteico que são principalmente a uréia e a creatinina, e utilizamos esses 2 marcadores como parâmetros de avaliação da função renal. ☻ (Critério de avaliação de uréia e creatinina no sangue → o rim excreta ureia e creatinina na urina. Se o rim perde a capacidade de excretar, jogar fora o que ele deveria jogar, se ele ficou ruim, deficiente, com alguma doença renal, o que eu espero desses níveis de uréia e creatinina no sangue? esteja normal. Então esse quadro vai me indicar uma doença renal). Existem outras causas no aumentos desses compostos, não só a doença renal, mas é um bom parâmetro para avaliar a função renal. O rim é responsável pela contenção de Ph no sangue (lembrar de equilíbrio ácido-base reação água Co2 vai dar o ácido carbônico que se dissocia em bicarbonato e H+, tinha o Co2 com a capacidade de ser expulso pelo pulmão, isto seria o controle respiratório, e tínhamos o bicarbonato e o H+ principalmente que tinha a capacidade de ser trocado pelo Na+ a nível renal e isto mostraria um parâmetro metabólico. O rim está envolvido principalmente nesta manutenção do Ph sanguíneo na hora que ele tem a capacidade de trocar um próton que é o H+ por uma outra molécula, outro íon, de mesma valência que é o Na a nível tubular. Aí ele regula o Ph pois consegue excretar H+, consegue jogar componente ácido fora ou ainda poupar H+ quando temos uma situação de alcalose. Bioquímica Aplicada 2 O rim também produz diversos hormônios. Eritropoietina hormônio produzida pelo rim faz a medula óssea se multiplicar, estimula os precursores a irem lá na medula óssea produzirem mais hemácias. Então essa eritropoietina é uma das funções do rim e sabemos que em situações em que o rim falha ele pode deixar de produzir a eritropoietina, que é um hormônio, e o animal além de ter uma doença renal vai ficar também anêmico. O rim também produz a renina. Renina é um hormônio que vai ajudar a regular a pressão sanguínea através de um sistema chamado Renina - Angiotensina - Aldosterona (IMPORTANTE!!!!). São 3 hormônios envolvidos, onde um acarreta na ativação do outro. Essa regulação da pressão vem através de uma mensuração da pressão com que o sangue chega no glomérulo renal. Então quando o sangue chega no glomérulo do rim para ser filtrado ele consegue detectar aquela pressão com que ele chegou ali e secretar um hormônio pra contrair os vasos ou para dilatar os vasos no sentido de aumentar a pressão ou diminuir a pressão. Isso vai depender da quantidade de sangue que chega no rim. A aldosterona é um outro hormônio que é estimulado mas não é produzido no rim e sim é produzido pela hipófise mas ele vai ser estimulado numa situação em que a renina está funcionando. Daí a aldosterona tem a capacidade também de aumentar a pressão sanguínea aumentando a reabsorção de água. A pressão sanguínea é dada pela força de contratilidade do coração, na sístole, mas ela também é dada pela quantidade de líquido que tem dentro do vaso. A pressão que aquela água faz contra a parede do vaso vai determinar isso. Imagina que eu tenho um vaso com pouco sangue dentro, este vai murchar pois a pressão interna vai reduzir. Então se eu tenho mais água dentro do que chamamos de leito vascular eu tenho uma pressão sanguínea maior, ou seja, excreção de água ajuda também a regular a pressão sanguínea. Isto é hemodinâmica. Além disso o rim interfere no metabolismo da Vitamina D (metabolismo Ca e o P). A Unidade morfofuncional renal é uma estrutura formada por várias células que chamamos de néfrons. O néfron por sua vez é composto por uma cápsula glomerular ou glomérulo renal (antigamente era chamado de cápsula de Bowman). Dentro do glomérulo temos arteríolas Arteríola aferente) e (eferentes). Quando essa arteríola entra trazendo sangue da aorta tem o ramo da aorta, artéria renal… lá faz um novelinho, tem vários vasos, o sangue entra — Esse glomérulo é permeável, é como se fosse uma peneirinha — ali o sangue faz o processo de filtração, chamada filtração glomerular. Essa filtração vai acontecer dentro do glomérulo vai produzir produto que vai seguir pelo túbulo contorcido proximal. Esse túbulo vai desaguar na alça de Henle, e contínua para um outro chamado túbulo contorcido distal que deságua no ducto coletor. Quando pensamos em unidade morfofuncional renal, queremos dizer que uma estrutura daquelas consegue sozinha realizar a função do rim inteiro, consegue filtrar, reabsorver e produzir lá no final a urina prontinha. Quando esse sangue é filtrado dentro do glomérulo vai dar origem a um subproduto denominado pré urina (ultra filtrado do plasma). Essa pré urina é formada quimicamente de o sangue na hora que é filtrado o que ainda é retido dentro dos vasos, o que é permitido dentro do glomérulo a passagem para o interior do túbulo? O sangue é Bioquímica Aplicada 3 dividido em parte líquida (plasma é a água com várias substâncias dissolvidas molecularmente: glicose, aminoácidos, proteínas, gorduras, sais minerais, eletrólitos)e parte sólida (plaquetas, leucócitos e hemácias). Entre a parte sólida e a parte líquida o que passa e o que fica? o plasma passa e as plaquetas, leucócitos e hemácias ficam retidos. Do plasma que é a parte líquida não passa tudo, ficam retidas moléculas grandes: as proteínas. Desde a albumina que é a menor molécula até o VLDL, HDL, que são lipoproteínas (moléculas enormes), todos estes ficam retidos no sangue. Quando se fala em pré-urina, a composição bioquímica dela é plasma sem proteína (plasma desproteinizado). Prova: Qual a composição da pré-urina? plasma menos proteína ou plasma desproteinizado. Então essa pré urina vai continuar seguindo por dentro do túbulo sendo que por fora do túbulo a arteríola eferente vai se enovelar em volta dos meus túbulos. Pra quê? Se passou o plasma inteiro existe alguma coisa que me interessa? Além das proteínas, glicose, aminoácidos, vitaminas, alguns sais minerais. Então nesse momento vai permitir que alguma coisa seja jogada fora e o que importa seja trazido de volta. Nos túbulos renais vai acontecer o processo de reabsorção tubular. Além da absorção de glicose, sais minerais, glutamina, um principal papel deste túbulo é reabsorver a água. Lembrar: Filtração glomerular e reabsorção tubular Uma das principais funções da filtração glomerular é reabsorver a água (que foi permitida a passagem dela pela filtração) e com isso vai acontecer um processo de concentração sanguínea. Eu estou pegando um produto que tinha uma concentração baixa, bem dissolvido (uma densidade baixinha) e estou tirando a água dele e estou causando uma concentração. Então a diferença entre a pré urina e o líquido que vai ser formado no final, a urina, é que a urina é mais concentrada, tem menos água (PROVA!!). Prova: A urina tem menor concentração de água do que a pré-urina (ERRADO!!!) CONCENTRAÇÃO DE ÁGUA NÃO EXISTE. O que existe é a maior concentração do soluto!!!! A água é o solvente. Maior concentração significa dizer que há mais soluto do que solvente. (CORRETO!!!!), quando se fala em concentração estamos falando de concentração da urina. A urina fica mais concentrada ou a urina fica mais diluída. O que significa que ela pode ter no diluido mais água e no concentrado menos água. ►Temos então a urina mais concentrada do que a pré-urina. Portanto ela tem uma menor quantidade de água e não concentração de água. No túbulo renal vai acontecer a reabsorção de substâncias importantes como a glicose, vitaminas, eletrólitos e principalmente a reabsorção de água. Vai passar Bioquímica Aplicada 4 o plasma quase inteiro, só que sem proteínas, aí há a necessidade de puxar a água novamente se não o animal desidrata (há a perda excessiva de água pela urina). Nesse momento a diferença entre a pré urina e a urina é que a urina é mais concentrada do que a pré urina. Então temos no glomérulo a formação da pré urina ou ultrafiltrado do plasma, nos túbulos vamos ter o processo da reabsorção e ainda em alguns pontos dos túbulos renais, principalmente no túbulo distal temos a excreção de alguns produtos. Temos ainda gasto de energia para jogar fora mais restinho daquilo que porventura possa ter ficado no sangue, que é o caso do potássio. O organismo ainda gasta energia para pegar o K e jogar ele fora. A gente tem um processo de reabsorção por excreção com a formação da urina pronta lá no final que aí do ducto coletor… os túbulos coletores se juntam e vão cair na pelve renal, no meio do rim. Da pelve renal ela cai no ureter (cada um no seu rim), bexiga, uretra e ser expulso. A filtração glomerular é a filtração do plasma produzindo a pré urina (uma quantidade razoável). Ele é um líquido livre de proteínas e quem tem Ph e as concentrações das outras substâncias, ureia, glicose, ácido úrico, vitaminas, bicarbonato, fosfato entre outras coisas dissolvidas onde as concentrações são idênticas à do plasma. Ela tem a concentração dos outros elementos exatamente igual à do plasma sem proteínas. Já o processo tubular é um processo dividido em reabsorção e excreção. A reabsorção vai acontecer em vários pontos dos túbulos, e ela pode acontecer de forma ativa ou passiva. Forma ativa se dá quando gasta ATP é a forma passiva onde não acontece gasto de energia. A maioria dos processos são ATIVOS o organismo dá essa energia para reabsorver substâncias e jogar algumas fora. A necessidade metabólica desse órgão, a quantidade de O2 que tem que chegar ali, tem que ser muito intenso, muito grande porque é um órgão vital e está o tempo inteiro gastando energia para exercer a sua função. Então vai acontecer a reabsorção de Na ativa e água. Quando o rim reabsorve o Na ele carreia com ele uma molécula de água (onde o Na vai a água vai atrás). Então é assim que ele consegue reabsorver a água. Lembra que no equilíbrio ácido-base se falou que quando se reabsorve o Na ele troca por um H+? Então ele pode trocar o Na por H+, excretar uma substância ácida, reabsorvendo água e concentrando urina. Túbulos Temos 2 processos em conjunto: ►Reabsorção ativa de água e Na isso ocorre durante toda a extensão do túbulo isso faz com que essa função seja a mais importante do túbulo renal. ►Reabsorção ativa de cloreto que vai acontecer junto com o Na a verdade eu vou estar gastando energia para reabsorver o Na aí o cloro pega uma carona com ele e não gasta energia. ►Reabsorção ativa da glicose passou toda a glicose que havia dentro do sangue, no túbulo contorcido proximal, logo no iniciozinho, o organismo diz: Opa! Bioquímica Aplicada 5 me devolve essa glicose porque ela foi errada, eu preciso dela!!!! o organismo gasta energia para puxar a glicose de volta. Essa glicose só consegue ser reabsorvida até o limiar, isto é, até o limite, até uma certa quantidade. Vamos supor que eu tenha um animal diabético. Na diabetes o animal não consegue produzir insulina pelo pâncreas, se faltar insulina com a glicose não entra nas células e acumula glicose no sangue → hiperglicemia (alto teor de glicose no sangue) na hora que esse sangue for filtrado vai passar toda a glicose. Vamos supor que o animal tenha 300mg/dl de glicose no sangue (o normal é até 120). O ducto proximal só consegue reabsorver até 180 (na maioria das espécies). No caso mencionado, filtrou, passou 300 para o lado de lá. Quando chegou no túbulo, este reabsorveu 180, devolveu para o sangue e o que sobrou continua dentro do túbulo, vai sair dentro da urina, fazendo um processo chamado de glicosúria → quantidade de glicose sobrando na urina, ela ultrapassou o limiar (o sufixo uria significa que está na urina). Isto vai acontecer nos diabéticos, animais estressados (isto porque acontece uma contração do vaso, liberação de glicose de reserva para dentro da circulação) … A exceção é o gato: ele conseguereabsorver até 280mg/dl, ou seja, ele tem a capacidade maior de puxar a glicose. Então pra ele fazer glicosúria, a quantidade de glicose no sangue é muito maior do que o cão, do bovino, do equino… do que as outras espécies. O gato faz hiperglicemia muito fácil, não só pela diabetes, mas principalmente pelo estresse. Pra evitar de perder muita glicose pela urina o organismo o organismo absorve mais do que deveria ele reabsorve tudo no túbulo proximal. Os outros não tem capacidade de reabsorver glicose (os outros túbulos) nem a alça de Henle nem o distal. Imagina se temos uma lesão no túbulo proximal substância tóxica, hipóxia tecidual ele vai perder a capacidade de absorver glicose. Então mesmo que a glicemia (quantidade normal de glicose no sangue) esteja normal, esse animal pode apresentar glicose na urina, glicosúria, pois o túbulo não está mais conseguindo reabsorver. Então se eu tenho glicose normal no sangue com presença de glicose na urina é bem possível haver uma lesão renal!!!!! O problema não é diabetes, mas sim lá no rim. ►Creatinina e sulfatos não são reabsorvidos A creatinina e o sulfato não são reabsorvidos, ou seja tudo aquilo que passa pelo glomérulo sai exatamente igual no túbulo. ►Reabsorção passiva da ureia O organismo não gasta energia e a ureia que é uma molécula super pequenininha, apesar de algumas funções desse rim que é excretar a uréia ele reabsorve 40% dessa ureia. Ele mantém os níveis do sangue um pouquinho mais altos do que a creatinina. Ele consegue filtrar mas não consegue evitar a reabsorção de volta pois é uma molécula muito pequena, aí ela fica regulando a osmolaridade que é a quantidade de pressão ali naquele local. Bioquímica Aplicada 6 ►Excreção ativa de K vai ocorrer no túbulo distal, o organismo ainda vai gastar energia pra jogar o K fora. Essa excreção do K está intimamente ligada com o fluxo urinário (quantidade de urina que vai passar e excretar o K). Se eu tenho um animal produzindo muita urina a excreção do K estará maior que o normal ele estará perdendo K pela urina quando ele tem um fluxo maior Poliúria). ►Reabsorção de 50% do Fosfato metade do fósforo fica e metade do fósforo é excretado junto com a urina. Para que tudo funcione perfeitamente faz-se necessário que haja sangue em quantidade ideal, na pressão ideal. A quantidade de sangue que chega ao rim seja a quantidade ideal a fim de ser filtrado e uma pressão ótima. Se a pressão que chegar for mais baixa esse glomérulo pode sofrer de hipóxia tecidual e consequentemente vai se lesionar. Chamamos o processo de filtração, essa pressão do sangue que chega no glomérulo Taxa de filtração glomerular. É a velocidade com que o sangue é filtrado ao longo do tempo. Em média o animal consegue filtrar ¼ do seu volume sanguíneo a cada min, ou seja, a cada 4 min há a filtragem do volume sanguíneo todo. Se ele parar vai começar a acumular o que ele deveria excretar, não vai produzir urina ou ele pode perder a capacidade de reabsorver ele vai filtrar tudo mas não vai conseguir puxar novamente o que é importante. Então temos 2 mecanismos para avaliar essa função do rim. O que é pior? O pior não é perder a água, não reabsorver. Quando ele não reabsorve ainda é o processo inicial. O pior mesmo é quando o animal pára de produzir, deixar de filtrar, aí ele vai acumular um monte de compostos que são tóxicos aí o animal pode fazer convulsão, quadros neurológicos, vomitar, fazer úlcera oral, vai ter todo um quadro decorrente do acúmulo destes compostos nitrogenados que ele deveria excretar. Causas patológicas da diminuição da TFG Taxa de filtração glomerular ❏ Diminuição do débito cardíaco → débito cardíaco é o volume de sangue que é expulso, ejetado do ventrículo esquerdo no momento da sístole (contração do coração). Um animal desidratado, com pouca água, vai ter um menor volume sanguíneo vai fazer um quadro de hipotensão e o débito cardíaco dele vai ser menor. Como essa pressão do sangue que chega na arteríola aferente é menor vai diminuir a taxa de filtração glomerular. A curto prazo o rim resolve, libera renina, concentra a urina… mas a longo prazo isso causará a lesão do glomérulo o que vai determinar doença renal crônica, que se for agudo (de uma hora para outra) vai gerar uma injúria renal aguda… doenças que são decorrentes da diminuição da taxa da filtração glomerular. ❏ Afecções do sistema vascular renal afecções que alteram o sistema vascular como um todo, coração e outras alterações sistêmicas, afecções do sistema vascular no rim como hipóxia renal, alguma alteração vascular naquele local. Bioquímica Aplicada 7 ❏ Redução do tecido renal funcionante se eu tenho, por exemplo uma inflamação do rim ele vai diminuir a quantidade de néfrons disponíveis que ele tem para filtrar e isso tudo vai diminuir a sua filtração, como é o caso da Pielonefrite (Pielo = pelve renal frite = infecção) É a infecção da pelve e dos néfrons que vai acarretar em alterações importantes para a taxa de filtração glomerular. Neoplasias, IRC = Insuficiência renal crônica, hipoplasia = diminuição dos rins. Os felideos em geral tem a alça de Henle mais comprida isso faz com que a urina do gato tenha uma concentração muito maior que as outras espécies. O valor da densidade do gato é o maior que temos que vai de 1.025 a 1.045. O gato tem uma capacidade maior de concentrar urina e isso faz a urina mais forte, odor mais característico, não só isso mas a alimentação do gato que é baseada só em carne (carnívoro estrito), proteína animal. No cão temos a densidade de 1020 a 1.035. Nesta figura existem 3 cores: isto me mostra a tonicidade do rim se o meio é hipotônico = concentração de soluto mais baixa ou hipertônico = concentração de soluto mais alta. Isso é no meio externo na parte que envolve o néfron no Bioquímica Aplicada 8 tecido intersticial ou interstício ou estroma = é o que dá estrutura. Naquela área externa ao néfron eu tenho aquela faixa de concentração. No final da alça de Henle, muito concentrado. O que acontece com a água numa situação de meio interno, isto é dentro do túbulo? será menos concentrado e o externo, mais concentrado e isso ajuda a reabsorver água. Por isso que é na alça de Henle que acontece a maior parte da reabsorção de água. Porque ela desce lá do rim aonde tem um meio externo mais hipertônico e isso ajuda a água sair de dentro do túbulo e voltar para o sangue. Quem causa esse meio externo, esse estroma mais hipertônico é a ureia. A ureia que é excretada pela urina é reabsorvida e fica livre principalmente próximo a alça de Henle causando uma maior absorção de água da urina e causando a concentração urinária.Teste de Função Renal Existem alguns exames que conseguem me dizer se o rim funciona ou não funciona. Um deles é o exame de urina. Outra possibilidade é dosar aqueles compostos que o rim deveria jogar fora pela urina e se ele estiver ruim ele não vai conseguir jogar, que são a ureia e a creatinina e também os eletrólitos Na, K, Ca, P. Eu posso utilizar tudo isso dosando no sangue pra ter uma noção do que está acontecendo no rim. O diagnóstico definitivo só conseguimos retirando um fragmento do órgão e fazendo uma histopatologia, mas os exames laboratoriais conseguem nos auxiliar a chegar a um diagnóstico estabelecendo um bom tratamento e até um prognóstico é quando o proprietário te pergunta a situação do animal. Vai morrer? Vai salvar? (se o prognóstico é bom, se tem chance de cura = bom; se for de de 50% o prognóstico é reservado e se eu sei que é uma doença degenerativa, não tem cura nem tratamento específico chamamos esse prognóstico de ruim). Então podemos dar esses parâmetros para o proprietário e os exames laboratoriais vão nos ajudar nesse quesito. Quando falamos em coleta de urina, o grande problema para os animais é tentar coletar, dependendo do animal o volume, se for um gatinho pequenininho eu não consigo coletar uma quantidade ideal para coletar o exame. Mas a coleta em si já causa um certo problema: tem que esperar o animal urinar, quando o animal urina na caixa de areia, ele urina tão pertinho que o proprietário não consegue colocar o pote para coletar ou ele consegue coletar e o animal trava, pára de urinar. Quando vamos coletar a nossa urina a recomendação do médico é que seja a primeira urina da manhã. Faça uma boa assepsia na genitália e despreze o 1º jato. Por que se colhe a primeira urina da manhã? Porque está mais concentrada, porque representa toda aquela produção urinária da noite. Nos animais não dá para fazer isso. Isto porque a primeira urina da manhã nem sempre é a primeira porque existem, animais que tem atividade noturna intensa e urina a noite. Então o melhor momento para colher é o momento no qual o animal está sem urinar. Aí se tenta colher, na micção espontânea, aí se consegue com mais facilidade, no cão macho é mais fácil, nos gatos é problemático. Coletar do chão é um problema sério pois tem muita sujeira que contamina o material. Na micção espontânea, na hora que o animal urina, que ele vai passar aquela urina pela uretra, ele vai passar pela genitália, o material vai entrar em Bioquímica Aplicada 9 contato direto com o chão e vai contaminar. A urina por micção espontânea ou massagem da bexiga não é o melhor material pra ser avaliado. Temos outras formas de coleta o cateterismo. Introduz-se uma sonda dentro da uretra (temos que pensar nas espécies. Quando for em grandes animais a micção espontânea é fácil. Espera-se a vaca urinar, coloca-se o potinho embaixo e espera que ela urine). Quando a coleta for em pequenos animais, por exemplo, um gato macho, enfia-se uma sonda bem fininha por dentro da uretra, e consegue-se coletar por cateterismo. Fêmea é mais complicado, a saída da uretra está mais próximo a vagina. Tem que virar o animal em decúbito dorsal, pra se conseguir acessar a uretra que com prática se consegue fazer. A outra possibilidade é a cistocentese (centese = punção, cisto = bexiga) é a punção da bexiga por fora do abdômen: Se introduz uma agulha e retira o material. Pode ser feito só na apalpação (apalpa a bexiga e punciona ou pode ser feito com auxílio do aparelho de ultrassonografia, se coloca o transdutor o pedaço do ultrassom que se coloca na barriga, coloca na barriguinha do animal, acha o local da bexiga, perfura com agulha e coleta o material. Opção: Animal estressado → Pode-se retirar a caixa de areia e colocar um plastico bem limpinho para a coleta de material. O único problema na cistocentese é quando o animal está obstruído, por exemplo, eu tenho um animal com um cálculo que obstruiu a uretra, na bexiga vai acumular urina, ela vai crescer em tamanho, a parede vai ficar muito fininha e vai acontecer igual a “balão de festa cheio de ar”, vai furar e vai romper. Então quando está obstruído e a parede inflamada não pode, mas uma cistite normal sem problemas. Em tese a urina que está na bexiga é estéril. Se você urina para saber se há uma infecção, uma cistite, vulvovaginite, pode mascarar uma cistite por exemplo, e na realidade ser uma situação de genitália. O frasco deve ser estéril e fosco. A bilirrubina que é um dos componentes que se dosam na urina é sensível a luz por isso o frasquinho deve ser fosco, para proteger essa urina da luz. Se eu obtenho a urina pelo cateterismo ou pela cistocentese eu tenho uma seringa na ponta da sonda, na hora que eu retirar eu posso tampar essa seringa e mandar essa mesma seringa para o laboratório. Tem que processar a urina de 4 a 6 horas e refrigerar esse material até a realização do processamento. O exame da urina é dividido em 3 etapas: ❏ Exame físico → vai se avaliar o volume, cor, odor, turbidez, densidade. ❏ Exame químico → proteína, glicose, Ph, tudo que está dissolvido na urina ❏ Sedimentoscopia → análise do sedimento. Pegar o material da urina centrifugar em uma centrífuga específica e deixar sedimentar. Aí eu vou ver aquelas estruturas que vão ficar em suspensão na urina. Eventualmente se tiver uma célula descamativa da parede da bexiga ou do rim ou uma hemácia por uma hemorragia, ou um leucócito por uma infecção ou se eu tiver um cristal, pode se juntar e formar uma pedra um cálculo, a gente vai centrifugar esse material pra ver o que a gente tem ali de células e material no sedimento. Bioquímica Aplicada 10 No exame físico temos a avaliação do volume, então, para os animais essa avaliação é dificultada. No caso da coleta de urina produzida em 24h então as opções são: animais internados sonda o animal e ela vai coletar toda a urina do animal em todas aquelas bolsinhas e se consegue aferir a quantidade de urina produzida em ml/kg por hora. O ideal é que o animal produza pelo menos 2ml de urina por quilo de peso vivo a cada hora débito urinário (quantidade de urina produzida por quilo de peso vivo em 1h). Este débito urinário vai dar uma noção se esse animal está produzindo muita urina ou pouca urina. Qual é o dado clínico que eu veterinário vou concluir que o animal está produzindo muita ou pouca urina? Exemplo do início da aula. Animal desidratado, chegou na clínica com vômitos, ingeriu um corpo estranho, uma tampa de refrigerante, está lá no estômago produzindo vômitos. Esse animal está perdendo água o tempo inteiro o que leva ao quadro de desidratação. Se o rim dele estiver bom eu espero que esse animal diminua a produção urinária, vai fazer um quadro de Oligúria (produçãode um volume urinário menor que o normal. Poliúria significa produção de um volume urinário maior que o normal. Causas de Poliúria: ►Aumento da ingestão hídrica → calor. A minha poliúria está sendo causada pelo calor, comi um alimento mais salgado o que aumentou a minha sede me levando a maior ingestão de água/bebi mais água vou produzir muita urina. Para os animais é calor + ração muito salgada Essas são as duas causas da ingestão hídrica gerando uma maior produção de urina polidipsia primária com uma poliúria secundária. O fato do animal beber mais água, o diabético, é secundário a perda de muita água na urina. temos 2 situações: A poliúria e polidipsia (ingestão de muita água). Estas são 2 situações que acontecem em conjunto. Quem vem primeiro? Tanto faz. Há mecanismos que estimulam primeiro a polidipsia e consequentemente virá uma poliúria secundária e tem mecanismos que vão causar primeiro a poliúria e pra compensar o animal bebe mais água. Não é só uma que leva a outra. Outro caso é a polidipsia psicogênica, quando o animal bebe mais água por ele mesmo. Animais que ficam em casa só o dia todo. Se esse animal está produzindo um volume urinário maior essa urina vai ser mais diluída. Aí a densidade urinária que é um outro parâmetro físico vai estar mais baixo. ►Diuréticos → um animal que tem problema cardíaco e pressão alta que toma medicação diurética para regular a pressão como é o caso da furosemida (componente ativo do Lasix). Esse é um medicamento de alça, age na alça de Henle estimulando a produção urinária, a maior diurese. Vai tornar a urina mais diluída menos concentrada, fazendo poliúria primária com uma polidipsia secundária. O animal vai beber mais água para compensar e não desidratar. Se esse processo de reabsorção está acontecendo. ►Fluidoterapia → soro = não ingeriu mais água só o colocou no soro. Quando vamos ao médico e por algum motivo precisamos tomar soro urinamos mais vezes. Bioquímica Aplicada 11 ►Corticóides → medicações derivadas do cortisol. Cortisol que nós e os animais produzem. São endógenos, isto é, produzido pelo próprio organismo, especificamente pela adrenal ou supra adrenal. Este hormônio estimula várias ações no organismo, dentro do metabolismo, faz com que a gente acorde de manhã cedo. Na hipófise ele faz feedback negativo com o ADH, aí o organismo deixa de produzir o ACTH para produzir o ADH (hormônio antidiurético) deixa a urina mais diluída. Esse corticoide pode ser exógeno, o médico administrou a medicação ou endógeno, causado por uma doença - hiperadreno - por exemplo. Então ele pode ter a poliúria e a polidipsia, o cortisol dele aumentou sozinho ou porque eu dei. Quando o veterinário já faz a prescrição de corticóide já avisa o proprietário que ao administrar a medicação o animal vai urinar mais, vai beber mais água. ►Diabetes Mellitus → no túbulo, o animal terá uma glicemia acima do limite, do limiar, vai filtrar e vai sair glicose na urina. A glicose é higroscópica, ela torna o meio dentro do túbulo mais hipertônico. Ela vai puxar a água para dentro do túbulo. Aí ele faz uma poliúria primária com polidipsia compensatória. Diabetes é a causa mas primeiro é a poliúria. Sintomas de diabetes = beber muita água e urinar muito. ►Diabetes Insipidus → é a deficiência do ADH, representa um outro tipo de diabetes, é hormonal. Isto porque o animal não produz o ADH e a gente tem que repor. ►Nefrites, IRC → o animal produz muita urina porque ele vai perder a capacidade de concentrar água. ►Piometras → infecção de útero. Infecção com acúmulo de pus dentro do conteúdo uterino, e aquelas bactérias que estão ali causando a infecção produz uma toxina que atuam lá no rim e a partir daí o ADGH não consegue mais atuar. Com isso o animal produz muita urina porque bebe muita água. ►Insuficiência hepática → Diminuição da produção de ureia que mantém que mantém esse meio hipertônico o que produz muita urina também. Causas de Oligúria: (Pouca produção urinária) ►Diminuição da ingestão hídrica → proprietário esqueceu de deixar a água disponível, lesão na boca (língua machucada); Tumor na boca. Essas situações precisam ser avaliadas portanto se o rim estiver funcionando ele produzirá menos urina. ►Desidratação → outras causas de desidratação levam a oligúria: vômitos, diarréia… ►Febre → a água sai pela transpiração. Nos animais em coxins e troca calor pela boca. Bioquímica Aplicada 12 ►Hiperventilação → e a taquipneia pela boca também causam perda de água. No cão e no gato, na febre não vamos ver muita oligúria porque eles tem poucos locais para transpirar. Um animal que tem muita glândula sudorípara é o cavalo. Nele vai acontecer o mesmo processo e nos pequenos animais não vai acontecer esse processo. ►Insuficiência cardíaca → se chegou pouco sangue no coração, vai filtrar pouco sangue no glomérulo, vai chegar pouca urina. ►IRC (fim), IRA → IRA significa Injúria Renal Aguda. Situações que eu tenho alguma toxina que agiu no rim e nem filtrar consegue. E final da Doença Renal Crônica… O início da Doença Renal Crônica, ele perde a capacidade de concentrar e depois ele vai perder a capacidade de filtrar. Aí quando ele perder a capacidade de filtrar ele vai parar de produzir urina. O trato urinário pode ser dividido: ❏ Trato urinário alto ou superior rim e pelve ❏ Trato urinário baixo ou inferior ureter, bexiga e uretra Essa classificação dá uma noção, por exemplo, uma doença no rim ou uma cistite que é mais benigno do que uma doença renal. Ainda no exame físico temos a avaliação da cor da urina. Essa avaliação é muito subjetiva já que é um exame operador dependente. Então o patologista vai olhar o material e vai dizer a cor. O normal é amarelo e suas variações amarelo claro, amarelo escuro tem gente que fala amarelo ouro, amarelo citrino… a variação dessa cor aparece em situações de doença por exemplo a cor alaranjada ou ambar, mais acastanhado é bilirrubina solução de bilirrubina naquele material. Um tom de vermelho, rosa, avermelhado significa que eu tenho uma hemorragia, hemácias, hemoglobina E o marrom ou castanho também pode ser chamado de castanho provavelmente tem essa hemácia ou a mioglobina que é aquela molécula do músculo, que é um pouquinho mais acastanhada, amarronzada que a urina. O odor é uma característica operador dependente. Quando falamos de urina sabemos que existe um odor característico da urina odor sui generis. Temos que levar em consideração as várias espécies com as quais a gente trabalha. Quando pegamos a urina de gato, a gente sabe que tem um cheiro mais intenso, mais forte ou seja, esse odor característico faz com que percebamos que essa urina não foi alterada. O clínico tem que saber com que espécie está lidando até mesmo para saber preencher a ficha e identificarcom mais nitidez o tipo de urina que ele está analisando. Quando falamos em grandes animais temos um odor mais característico, odor de pasto, característico da espécie. Alterações Bioquímica Aplicada 13 Quando sentimos um cheiro ruim, coloca-se como cheiro alterado se ele é mais adocicado, mais pútrido, amoniacal. Se eu colocar adocicado eu estou sugestionando para o clínico que tem glicose, tem alguma coisa doce. Aspecto É o grau de turvação da urina. Pra avaliar isso eu preciso olhar minha urina num frasco transparente e normalmente se coloca um papel com alguma coisinha escrita atrás. Se eu tiver conseguindo ler é que a urina está limpa, se estiver vendo que tem alguma coisa escrita, mas eu não consigo identificar, ler, diz-se discretamente turvo e o outro é turvo mesmo. Então o grau de turvação tem relação direta com a quantidade de célula, de muco, de cristal, de espermatozóides… de coisas que estão ali na urina.
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