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JULIA PICININ CLIMATÉRIO E MENOPAUSA _________________________________________________________________________________________________ CLIMATÉRIO - É fase de transição entre o período reprodutivo e não reprodutivo e tem como marco principal a menopausa (última menstruação natural). Dividido em 3 fases: ● Pré-menopausa: período assintomático em que o corpo começa a se preparar para não ser mais fertil. É também a fase do climatério, quando a mulher ainda menstrua mas o corpo já está a caminho de ter os primeiro sintomas. se inicia a redução da síntese de inibina e estrogênio e aumento da secreção de FSH. ● Perimenopausa: primeiros sintomas começam aparecer: irregularidade menstrual, alterações no humor e calores. Começa acontecer redução dos folículos (ciclos de anovulação) ● Pós-menopausa: tem inicio um ano apos a ultima mentruacao e dura ate o finl da vida. Nessa fase começam a ter mudanças hormonais e corporais. Ocorre maior risco de ter doenças cardiovasculares e osteoporose, além de secura vaginal, dores na relação sexual, etc. → Transição: Em mulheres no fase reprodutiva com ciclos menstruais regulares (até 40 anos), o GnRh é liberado de forma pulsátil pelo hipotálamo e faz feedback para hipófise secreta FSH e LH, e esses consecutivamente estimula a síntese de progesterona, estrógeno e inibina (feedback- na progesterona) pelo ovário. A partir de determinado tempo o eixo hipotálamo-hipofisário sofre alterações em seu metab. dopamínico e diminuição nos receptores iatrogênicas, e os ovários diminuem a atividade folicular, causando anovulação o aumento FSH O ovário perde a capacidade de responder aos hormônios hipofisários, hormônio foliculoestimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH), o que faz cessar a produção ovariana de estrogênio e progesterona. O eixo ovariano-hipotalâmico-hipofisário mantém-se intacto durante a transição da menopausa; assim, os níveis de FSH aumentam em resposta à insuficiência ovariana e à ausência de feedback negativo do ovário. A atresia do complexo folicular, sobretudo das células da granulosa, diminui a produção de estrogênio e inibina, com consequente elevação dos níveis de FSH, um importante sinal de menopausa. A produção de andrógenos (menores que na idade reprodutiva) continua mesmo após a menopausa, porque o estroma é preservado. Mesmo assim as mulheres continuam a apresentar níveis baixos de estrogênios circulantes, sobretudo pela aromatização periférica de androgênios ovarianos e suprarrenais. O tecido adiposo é um importante local de aromatização; assim, a obesidade afeta muitas das consequências da menopausa. RESUMO: sem atividade ovariana → atresia folicular → estrogênio, progesterona e inibina diminuem → levando aumento de FSH (4x) e mantém o LH em níveis normais. (o fsh só sai dos níveis normais porque a inibina que fazia feedback- a ele não consegue mais). MENOPAUSA - Último período menstrual seguido por 12 meses de amenorreia. - Ocorre em mulheres de +/- 50 anos, independente da idade da menarca, história familiar, uso de contraceptivos anovulatórios e seriedade. ● Menopausa precoce pode ter 2 anos de antecipação (mulheres tabagistas). ● Menopausa natural (sem intervenção cirúrgica) ● Menopausa induzida (com intervenção médica (quimioterapia ou terapia de irradiação pélvica) ou cirúrgica). - Pos-menopausa após 1 anos sem menstruar Manifestações clínicas CLIMATÉRIO: 1 JULIA PICININ - dificuldade de engravidar (pré-menopausa) - amenorreia - fogacho - dificuldade de dormir - sudorese e calafrios (termorregulação) MENOPAUSA - dores articulares - disfunção sexual, dispareunia e redução do libido (causada por atrofia dos ovários e diminuição do estrogênio) - secura vaginal - alterações cognitivas - disúria - urgência urinária - depressão → a queda no estrogênio pode causar: osteoporose, mudança de perfil lipídico (alto níveis de LDL), alterações na pele, desequilíbrio, manifestações urogenitais (por conta da atrofia dos membros), cistites (infecção urinária baixa), aumento do ph (mais suscetibilidade a infecções) → A redução do estrogênio casa, na menopausa, atrofia do trato reprodutivo feminino e também urinário). Doenças associadas: ● Hipotireoidismo: A insuficiência tireoidiana tem sido cada vez mais comum. Os sintomas não são específicos, o que muitas vezes retarda o diagnóstico. No entanto, em face de um quadro de indisposição, transtornos menstruais, metabolismo lento com tendência a aumento de peso, obstipação, queda de cabelos, ressecamento de pele, edema palpebral há de suspeitar de hipotireoidismo. ● Alterações Gastrointestinais: síndrome da boca seca, refluxo gastrointestinal, dispepsia. ● Doenças Cardiovasculares ● Osteoporose Prevenção - nas consultas é essencial avaliar: os fatores de risco de problemas comuns de saúde, como obesidade, osteoporose, doença cardíaca, diabetes melito e alguns tipos de câncer, devem ser avaliados e tratados→ quando aplicável, é imprescindível dar orientações sobre dieta, exercícios, consumo moderado de bebidas alcoólicas e abandono do tabagismo. Tratamento - O tratamento é focado no alívio de sintomas climatéricos, sendo os principais sintomas tratados os fogachos e a secura vaginal. - - A terapia de reposição hormonal (TRH) continua sendo uma possibilidade terapêutica importante para mulheres no climatério, devendo-se sempre lembrar que quando bem indicada, ela deve fazer parte de uma estratégia global que inclua recomendações concernentes a atividade física, alimentação saudável, combate ao tabagismo e ao excesso de peso, entre outros. - A reposição hormonal pode ser por esquema puro estrogênico ou combinado a progesterona. - Em pacientes histerectomizadas a reposição deve-se apenas por estrogênio, em contrapartida, mulheres com útero a terapêutica é combinação do estrogênio e da progesterona, já que a progesterona é usada para proteção endometrial. - Ao se indicar e escolher a forma apropriada de reposição hormonal a cada caso deve-se levar em conta parâmetros fundamentais: Janela de oportunidade para início da terapia de reposição hormonal; Vias de administração da terapia de reposição hormonal; Esquemas de terapia de reposição hormonal propriamente ditos. ● Janela de Oportunidade: Momento propício para o início da terapia de reposição hormonal após a menopausa. - não se recomenda a indicação da terapêutica apenas com a finalidade de proteção cardiovascular. ● Vias de Administração da terapia de reposição hormonal: Os hormônios da terapia de reposição hormonal podem ser administrados por via oral ou parenteral. Oral: aumenta HDL, aumenta triglicerídeos, diminui LDL e tem maior associação com TEV (tromboembolismo venoso) 2 JULIA PICININ Parenteral: intramuscular, vaginal, subdérmico, percutânea e transdérmica (menor associação com AVC, não interfere no triglicerídeo, menor associação com TEV). Tibolona: A tibolona é um esteróide sintético, derivado do progestagênio noretinodrel, derivado da 19-nortestosterona, com propriedade estrogênica, progestogênica e androgênica. Ao contrário da terapia hormonal combinada tradicional, a tibolona não estimula o tecido mamário.. Após sua absorção origina três metabólitos com funções estrogênica, progestacional e androgênica. Em decorrência desta diversidade funcional, a tibolona exerce diferentes ações a depender do tecido alvo. OSTEOPOROSE - É uma doença sistêmica do esqueleto, caracterizada por baixa massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, com consequente aumento da fragilidade óssea e maior risco de fraturas. Fisiopatologia: multifatorial: ● deficiência de hormônios sexuais Os esteróides sexuais fazem um papel protetor do metabolismo ósseo. O estrógeno inibe a formação e a atividade osteoclástica, aumentando a produção de osteoprotegerina (OPG), que bloqueia a ligação entre o receptor ativador do fator nuclear kappa-B (RANK) e seu ligante (RANKL). Na mulher no climatério: insuficiência ovariana leva a aceleração da perda óssea, principalmente nos primeiros 5 a 10 anos após a menopausa. Menos estrógeno→ menos OPG → aumenta RANKL → aumenta reabsorção óssea. ● hiperparatireoidismo secundário a deficiência da absorção intestinal do cálcio e diminuição das concentrações séricas de vit D levam a uma hiperfunção das glândulas paratireóides, com aumento da concentração sérica de PTH, que estimula a atividade osteoclástica e a reabsorção óssea ● perda óssea decorrente da diminuição da formação óssea diminuição da taxa de hormônio do crescimento circulante → fígado produz menos IGF-1 (fator de crescimento insulina-like) e menos IGF2 → ambos, estimulariam a formação óssea, mas como estão em menor quantidade, há um desequilíbrio da remodelação óssea → favorecimento da ação reabsortiva osteoclástica. ● adipogênese da medula óssea durante terceira e quarta década de idade lipotoxicidade → reduz ação dos osteoblastos → diminuição da formação óssea. ● osteo sarcopenia e atividade física 1. sedentarismo → aumenta osteoclastogênese → aumenta atividade reabsortiva 2. sedentarismo → estimula sarcopenia (perda volumétrica e funcional da capacidade dos músculos em exercer sua função de impor uma carga mecânica aos ossos) Fatores de risco → não modificáveis: sexo feminino raça caucasiana menopausa idade > 60 anos história familiar de osteoporose/fratura → modificáveis: tabagismo atual etilismo baixa ingesta de cálcio na dieta 3 JULIA PICININ sedentarismo baixo peso- < 58 KG ou IMC < 19 - insuficiência de vitamina D - hipoestrogenismo - doenças crônicas - medicamentos: glicocorticóides, anticonvulsivantes, imunossupressores, inibidores de aromatase - tabagismo: efeito tóxico sobre os osteoblastos Quadro clínico no início, não causa sintomas, pois a perda da densidade óssea é gradual → fraturas - causam dor→ dependendo do tipo de fratura - deformidades→ as fraturas tendem a se consolidar lentamente em pessoas com osteoporose, podendo resultar→ coluna encurvada - nos ossos longos→ normalmente nas extremidades, não no meio - ossos da coluna vertebral→ fraturas ocorrem geralmente no meio ou na parte inferior das costas - fraturas por compressão vertebral ● tipo de fratura mais comum em pessoas com osteoporose ● pode causar dor e sensibilidade no local da fratura, que pode diminuir em uma semana ou demorar mais de meses ou até ser constante ● caso várias vértebras quebrem, pode-se desenvolver uma curvatura anormal da coluna vertebral (corcunda de viúva) → com isso tem-se tensão muscular, dor e deformidade na coluna - fraturas por fragilidade ● são fraturas que resultam de uma queda ou de um esforço relativamente pequeno, como uma queda da altura em pé ou menos, incluindo cair da cama, que normalmente não causaria a fratura de um osso saudável ● fraturas por fragilidade geralmente ocorrem na parte superior do osso do antebraço (rádio), parte superior do osso da coxa (fêmur), coluna vertebral (fraturas por compressão vertebral) e proeminência óssea (trocânter) na extremidade superior do osso da coxa. Outros ossos incluem a extremidade superior do osso do braço (úmero) e a pelve. Diagnóstico - primeiramente, clínico e passa por uma avaliação do histórico do paciente (anamnese) e exames clínicos em que, dados como uma história familiar, perda de altura, a baixa ingesta de cálcio na infância, falta de esporte na juventude, sedentarismo, menopausa precoce, uso de determinadas medicações, e a existência de doenças associadas. O Exame “Padrão Ouro” é a densitometria óssea da coluna lombar e do fêmur. FRAX → combina a idade e o gênero com fatores de risco clínico para estimar o risco de fratura nos próximos cinco ou dez anos . O FRAX tem a função primordial de auxiliar, não abolir ou se sobrepor ao julgamento clínico do médico na decisão terapêutica. Indica tratamento farmacológico para mulheres com T-score inferior a -1,5 DP e superior a -2,5 DP, se a probabilidade de fratura nos próximos 10 anos for superior a 3% no quadril ou 20% nas “fraturas maiores”. Recomenda-se considerar tratamento farmacológico para as seguintes situações: 4 JULIA PICININ •Pacientes com histórias prévias de fraturas por fragilidade, sem necessidade de avaliação adicional com DMO; •Pacientes com T-score igual ou menor do que -2,5 DP na coluna lombar, colo femoral, fêmur total ou rádio 33%; •Pacientes sem fraturas prévias OBS: O estrógeno freia osteoclasto e, consequentemente, freia também a reabsorção óssea, aumentando a atividade do osteoblasto e mantendo a atividade óssea. Tratamento CÁLCIO, VITAMINAS E DERIVADOS – A vitamina “D” tem importante papel na absorção do cálcio ingerido. Esses nutrientes são essenciais para a manutenção do tecido ósseo. EXERCÍCIOS – Hábitos saudáveis e prática regular de exercícios são de grande importância para a manutenção da densidade mineral óssea e para o tratamento da osteoporose. TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL – terapia que utiliza medicamentos que ajudam a repor os níveis de estrogênio e progesterona, que estão diminuídos na menopausa. É recomendada para prevenção da osteoporose, pois possui a capacidade de aumentar a massa óssea. BIFOSFONATOS – Atuam diminuindo a perda da massa óssea no fêmur e coluna, diminuindo assim o risco de fraturas. Os efeitos adversos mais frequentes são os relacionados ao aparelho gastrointestinal. MODULADORES SELETIVOS DE RECEPTORES DE ESTROGÊNIOS – Propiciam a estabilidade e por vezes o aumento na densidade mineral óssea na coluna vertebral. Efeitos adversos incluem cãibras de membros inferiores, sintomas vasomotores e tromboembolismo venoso CALCITONINA – Hormônio produzido na glândula tireóide que atua na diminuição da atividade dos osteoclastos, inibindo a reabsorção óssea. TERIPARATIDA (PTH) – Derivado sintético do hormônio da paratireóide estimula a formação óssea DENOSUMABE: atua na prevenção de fraturas vertebrais, do quadril e não fraturas não vertebrais. Única indicada para pacientes renais. Podem ocorrer com frequência Artralgia* e Dores nas costas. Raloxifeno: é um medicamento semelhante ao estrogênio, que pode ser útil na prevenção e tratamento da perda óssea, mas não tem alguns dos efeitos colaterais negativos do estrogênio. O raloxifeno é utilizado em pessoas que não podem ou preferem não tomar bifosfonatos. O raloxifeno pode reduzir o risco de fraturas vertebrais e pode reduzir o risco de câncer de mama invasivo. Prevenção São 2 os objetivos da prevenção: preservar a massa óssea e prevenir fraturas: ingestão adequada de cálcio e vitamina D, exercícios de levantamento de peso, prevenção de quedas e outras formas de reduzir riscos (p. ex., evitar fumar e restringir o consumo de álcool). OBS: níveis de cálcio maior que 30 ng/dL 5
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