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CLIMATÉRIO AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Conceitos · Climatério – é o período fisiológico que se inicia desde os primeiros indícios de insuficiência ovariana (queda da função ovariana), e termina na senilidade que inicia aos 65 anos. · Perimenopausa – compreende os anos que precedem a menopausa, do momento que ela manifesta a irregularidade até os 12 meses da menopausa, pode preceder a última menstruação de 2-8 anos. · Menopausa – é o evento fisiológico da última menstruação (data) – 12 meses consecutivos de amenorreia · É um diagnóstico retrospectivo · Menopausa antes dos 40 anos – insuficiência ovariana prematura · Menopausa após os 52 ou 55 anos – insuficiência ovariana tardia · Pós-menopausa – é o período que se inicia 12 meses após a última menstruação e vai até os 65 anos · Senilidade ou senectude – é o período que se inicia a partir dos 65 anos · Falência gonadal feminina com decréscimo da produção de estrogênio · Climatério é um período, a menopausa é uma data · O climatério não é uma doença, mas sim uma fase natural - Estudo populacional brasileiro – idade média de ocorrência da menopausa de 46,5 +/- 5,8 anos. Fisiologia do climatério - O climatério tem início com o declínio progressivo da atividade gonadal da mulher, é o período de transição entre o ciclo reprodutivo (menacme) e o não reprodutivo (senilidade ou senectude). - Ovários – são glândulas com funções gametogênicas e endócrinas, que são reguladas através do eixo HHO - Órgãos bastantes dinâmicos, que nunca s encontram em repouso absoluto - Desde a 20ª semana intrauterina até a menopausa – sinais de intensa e ininterrupta atividade - Fenômenos mais marcantes da atividade ovariana – maturação parcial e a subsequente atresia folicular. - Por ocasião da menarca, restarão a 300.000 a 400.000 folículos em ambos os ovários. - Durante a menacme, em cada ciclo menstrual, quase 1.000 folículos são recrutados e quase a totalidade deles sobre atresia. - Em geral, apenas um é predestinado à ovulação. - Dessa forma, durante a vida reprodutiva apenas 400-500 folículos serão ovulados. - Esteroidogênese ovariana – paciente na menacme · Células da teca – produção de androgênios mediante estímulo do LH · Colesterol – androstenediona e testosterona · Células da granulosa – produção de estrogênios (aromatização que depende do FSH) · Sob ação da aromatase androstenediona converte em estrona e testosterona em estradiol · O estradiol em concentração fixa é imprescindível para um pico de LH para deflagar a ovulação. - Recrutamento folicular – FSH - Com um menor número de unidades e com as que sobraram não funcionando adequadamente, ocorre uma redução nos níveis de inibina, um produto das células da granulosa que exerce um importante feedback negativo sobre a secreção de FSH. · Elevação dos níveis de FSH - A ausência de menstruação só se instala quando o número decrescente de folículos atinge um ponto crítico de cerca de 1.000 folículos, o que representaria o limite inferior necessário para manter os ciclos menstruais. - Nos 2-3 anos subsequentes à menopausa, os folículos praticamente se esgotam, permanecendo apenas alguns folículos degenerados. - Quantidade de oócitos e qualidade de oócitos · Pré-menopausa · Elevação do FSH com queda da inibida · Estradiol normal ou discretamente elevado · Ovula ainda – produz progesterona · Pós-menopausa · Aumento ainda maior do FSH · Queda do estradiol · Não ovula – não há produção de progesterona - Ovário – depleção folicular - O diagnóstico do climatério é clínico, não há necessidade de dosar hormônios se há irregularidade menstrual ou amenorreia e quadro clínico compatível - Níveis de FSH>40 e E2<20 – período pós-menopausa. Classificação das etapas da vida reprodutiva feminina – STRAW +10 - Três categorias – reprodutiva, transição menopausal e pós-menopausa - Pacientes com SOP e IOP ou submetidas a procedimentos cirúrgicos (ablação endometrial, ooforectomia unilateral ou histerectomia) o diagnóstico e classificação devem ser realizados baseando-se nos critérios de suporte e sintomas. · As mudanças no ciclo podem ser explicadas pela doença de base. Quadro clínico do climatério - Consequências do hipoestrogenismo, somente 15% das mulheres não apresentarão sintomas no período do climatério. - Sintomas precoces · Fogachos · Irregularidade menstrual - Sintomas tardios · Atrofia genital · Distúrbios do humor e do sono · Alteração da libido · Osteoporose - Alterações · Menstruais – irregularidade · Perdas pré-menstruais · Fluxos aumentados · Oligomenorreia · Hipomenorreia · Amenorreia · Genitais · Vulva – diminuição dos pelos pubianos e gordura subcutânea · Vagina – atrofia, ressecamento, dispareunia, infecções, elevação do pH e diminuição da rugosidade · Colo – reversão e estenose · Corpo uterino – queda do volume · Ovários – atrofia · Enfraquecimento do diafragma pélvico – prolapsos · Mamárias · Lipossubstituição, atrofia, flacidez e redução do volume · Ondas de calor ou fogachos – sensação subjetiva de calor na parte superior do tronco, membros superiores e face, com ruborização e posterior sudorese. · Hipoestrogenismo provoca alteração em neurotransmissores cerebrais que causa instabilidade no centro termorregulador hipotalâmico. · Duração – 15 a 60 segundos · Mais intensos a noite – insônia · Repetitivos durante o dia · Mantidos por +/- 01 ano · São autolimitados – perca da qualidade de vida da paciente · Ansiedade, depressão e alteração do perfil do sono · Irratibilidade · Cutâneas · Queda do colágeno · Perda da elasticidade · Rugas · Manchas hipo e hipercrômicas · Pelos frágeis e esbranquiçados · Perfil lipídico · Queda do HDL, elevação dos triglicerídeos, aumento do colesterol total, LDL, VLDL e Lp(a). · Ósseas · Osteoporose – fraturas vertebrais, radio distal (fratura de Colles) e colo do fêmur. · Queda do estrogênio – aumento da atividade dos osteoclastos, e queda dos osteoblastos – desequilíbrio com reabsorção óssea excessiva. · Diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo – maior risco de fraturas. · Receptores de estrogênio no tecido ósseo protege a estrutura biomecânica. · Sono · Menor duração, aumento nos episódios de despertar noturno e menor eficácia do sono. · Depressão e ansiedade também estão correlacionadas. · Aumento da prevalência de hipertensão e diabetes mellitus. - Alterações atróficas vulvovaginais · Secura vaginal · Dispareunia – dor ao coito · IUE – incontinência urinária de esforço que as vezes evolui para prolapso · Infecções vaginais - Síndrome Geniturinária na Menopausa – atrofia vulvo vaginal (AVV) · É o resultado dos baixos níveis sistêmicos do estrogênio – alterações histológicas e físicas da vulva, vagina e TU baixo. · Vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e pele se torna mais fina e plana com rarefação de pelos pubianos. · Vagina mais curta e estreita, diminui suas rugosidades, principalmente se ausente atv sexual. · pH alcalino – diminuição dos lactobacilos, predisposição a infecções e vaginite atrófica. - Sangramento – atribuído à atrofia – deve ser valorizado para excluir alguma afecção endometrial (CA endometrial – terapia de reposição hormonal sem progesterona) · USG pós-menopausa · Limite de corte – normal menor ou igual a 4-5 mm (espessura endometrial) · Se espessura normal – o sangramento é por atrofia · Se sangramento persiste – avaliar por histeroscopia · Alto risco para CA de endométrio - Humor · A variação dos níveis séricos de estrogênio parece estar mais associada com efeitos depressivos do que com a própria concentração hormonal absoluta. - Cognição · Redução da atenção e alterações da memória, 44% reportam esquecimento. · Papel modulador do estrogênio nos sistemas neurotransmissores, influenciando o desempenho nas tarefas de aprendizagem e memória, bem como sua ação no hipocampo e lobo temporal. · Não está indicado o uso do TH apenas com objetivo de melhorar a função cognitiva. - Pele e fâneros · Cabelo – mais fino e pode aumentar o padrão de queda. · Oculares – síndrome do olho seco · Auditivas – diminuição auditiva · Pele– declínio do colágeno e espessura da pele · Padrão de distribuição da gordura passa de ginecoide para androide – acúmulo de gordura em área abdominal. · Aumento da circunferência e da gordura abdominal e total. - Perfil hormonal passa a ser androgênico e a prevalência de SM aumenta, em função do hipoestrogenismo. · Transição menopáusica por si só é fator de risco para SM, independentemente de idade, hábitos de vida e composição corporal. - Aumento da adiposidade central – perfil lipoproteico mais aterogênico. · Principal preditor para eventos cardíacos isquêmicos. · DCV e IAM são principais causas de morte em mulheres com mais de 50 anos no Brasil e mundo. - Aumento dos níveis de glicemia e insulina. Diagnóstico climatério - É essencialmente clínico - Dosagens hormonais (desnecessárias – não muda a conduta) · FSH maior ou igual a 30 um/ml · Estradiol <30 pg/ml · LH maior ou igual a 30 um/ml · Inibina - Diagnóstico da osteoporose – densitometria óssea · Indicação · Idade >65 anos e com algum fator de risco para osteoporose. · Fator de risco · História prévia de osteoporose; · Raça branca – mais chance de fratura; · Pacientes com artrite e dieta baixa em VitaD e Calcio; · Tabagistas; · Menopausas precoces (<45 anos estão mais predispostas a evoluir com osteoporose); · Uso de determinados medicamentos – anticonvulsivantes, heparina, varfarin, antiácidos com alumínio, hormônio tireoidiano, depoprovera; · Abuso de álcool ou consume de cafeína; · Sedentarismo. · Densitometria – T-score ou z-score · Fêmur e lombar L1-L4 · Z-score – resultados são expressos em desvio-padrão em relação a DMO esperada para idade da paciente. · Maior ou igual a 2,5 é osteoporose · T-score – resultados são expressos em desvio-padrão da diferença da DMO em indivíduo em questão da DM de adultos jovens, geralmente entre 25-45 anos, respeitando-se sexo e raça. · Abaixo ou igual a 2,5 é osteoporose Assistência clínica à mulher no climatério - Exames que devem ser solicitados · Glicemia de jejum · Perfil lipídico · Colpocitologia oncótica – rastrear CCU · Mamografia · USG pélvica transvaginal – espessura endometrial · Densitometria óssea – >65 anos ou fatores de risco · Pesquisa de sangue oculto nas fezes ou colonoscopia – a partir dos 50 anos Tratamento do climatério - TH - Via oral – é a mais utilizada (a 1ª escolha) pela popularidade, simplicidade c/ menor custo. · A metabolização é hepática · Leva a um aumento do Fator VII e X, HAS, Resistência insulínica, HDL, globulinas hepáticas e triglicerídeos · Leva a uma queda do LDL - Via parenteral – quando a oral não é possível · Inclui as vias transdérmica, vaginal, IM, Subdérmica e nasal · Não inclui a via EV · Vantagem · Evita a primeira passagem hepática, diminuindo as repercussões imediatas sobre as proteínas hepáticas (enzimas e fatores de coagulação), o perfil lipídico, composição da bile e sobre o próprio parênquima hepático. · Não causa intolerância digestiva, não tem passagem hepática, não leva a HAS, não interfere na resistência insulínica · Reduz triglicerídeos · É uma boa opção para fumantes · Efeitos colaterais – reação alérgica e incomodo (em especial na transdérmica) - Riscos da terapia hormonal · Estudos HERS · Não protege para DCV · Dividiu as pacientes em ECE/AMP · Muitas pacientes já tinham comorbidade cardíaca prévia · Estudo WHI · A terapia combinada leva a um: · Aumento no CA de mama (>5 anos) · Diminui CA cólon-retal · Aumenta risco DCV (AVE, IAM e TEV) · Não protege da demência · Aumenta doença biliar e incontinência biliar · Aumenta CA ovário · Estudo MWS · Aumento do CA de mama c/ TER de forma isolada - Indicações primárias · Sintomas vasomotores e urogenitais · Osteoporose – preferir outras opções - Cuidados · Progesterona confere proteção endometrial · Não fazer para proteção de DCV · Menor período possível · Baixas doses – e evitar os EEC (estrogênioequino) e AMP (acetato) · Informar os riscos - Benefícios · Melhora dos sintomas vasomotores, sintomas geniturinários, pele, libido, humor, densidade óssea (menos fraturas) e diminuição do CA de cólon e reto. - Riscos · Doença tromboembólica · CA de endométrio (TRE) · CA de mama (>5 anos) · Doenças cardiovasculares · Doença biliar - Contraindicações · Doença hepática ativa · Sangramentos sem diagnósticos - Contraindicações absolutas · Antecedentes recentes de CA de endométrio · Antecedentes recentes de CA de mama · Tromboembolismo agudo · Sangramento genital de origem indeterminada · Doenças hepáticas ativas e graves · Porfiria - Escolha da via de administração da TH · DM, HAS, Fumantes, Hipertrigliceridemia – parenteral · Hipercolesterolemia – oral (aumenta o HDL) · Risco de trombose e doenças hepáticas (em casos selecionados) – parenteral Tratamento das alterações vasomotoras - Mudança dos Hábitos de Vida · Roupas arejadas · Evitar tabagismo · Diminuição do peso · Exercícios leves – atividade física regular - Medicamentos · Terapia de reposição estrogênica (TRE) · Sempre associar progesterona na mulher que tem útero – combinada é mais eficaz · Tibolona – ajuda a repor a quantidade de estrogênios que se encontram diminuída na menopausa. · Não tão utilizados, mas podem ser usados · ISRS · Varaliprida · Clonidina · Ciclofenila · Cinarizina · Fitoestrogênicos · Evidências não mostraram benefício Tratamento dos sintomas genitourinários - Estrogênio tópico · Promestrieno – dispensa progesterona, só trata a região vaginal (é a melhor opção) · Estriol - TRH – 2ª opção, se vários outros sintomas. - Tibolona – paciente com muitos fogachos, alteração da libido e osteoporose. Tratamento da osteoporose - Bifosfonados – é a droga de escolha. · Alendronato e Risedronato · Efeito adverso – Esofagite erosiva - TRE – os riscos excedem os benefícios, muitas vezes não prescreve. - Tibolona – opção para pacientes com fogachos, atrofia geniturinária e queda da libido. - Cálcio + Vit D · Profilaxia e tratamento (sempre associar se tratamento). - Calcitonina – é empregada para controle da dor óssea - Raloxifeno e SERM – antagonista na mama e endométrio, e agonista no osso e no perfil lipídico. · Efeitos colaterais – tromboembolismo e fogachos. - Ranelato de estrôncio – reduz a função dos osteoclastos e estimula osteoblastos
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