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Penal 1 encerrou-se tratando sobre concurso de pessoas. Penal 2 inicia-se tratando sobre concurso de crimes. • O concurso de pessoas ocorre quando? Quando mais de um sujeito pratica o mesmo delito. • Já no concurso de crimes, a situação é completamente diversa. Contexto em que ocorre o concurso de crimes: Quando um único sujeito pratica mais de um delito. Exemplo: Furto na praça XV e outro furto na Cinelândia. • O comporta duas formas de calcular a pena: • 1° Forma: O sistema do cúmulo material pressupõe algo que decorre de um raciocínio lógico (regra: aplicação da soma integral das penas dos crimes praticados). Então, o sistema do cúmulo material pressupõe a soma integral das penas. Exemplo: Se o mesmo agente pratica dois ou mais crimes, você soma integralmente a pena desses crimes. • 2° Forma (somar uma fração) O sistema da exasperação pressupõe que deve-se aplicar a pena de um dos crimes (do mais grave, se houver, se os crimes não forem idênticos) e somo a essa pena uma fração. Portanto, de acordo com o Sistema da exasperação, não deve-se fazer a soma integral das penas, deve-se aplicar a pena de um dos delitos e somo a ela uma fração. (de um 1/6 até a metade, de 1/6 até 2/3). • Quais são as espécies de concurso de crimes? São três espécies de concurso de crimes. São elas: • previsto pelo artigo 69 do CP. • Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º- Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. Ocorre quando o autor do delito pratica mais de uma conduta (idênticas ou não) e essas condutas resultam em mais de um crime. OBS: Crime idêntico significa o mesmo tipo penal, não significa que o crime foi praticado da mesma forma. Não é a similaridade no modo de execução do crime. Exemplo: Dois crimes de corrupção passiva com as empresas A e B. Dois furtos. Corrupção passiva mais lavagem de dinheiro. O concurso material classifica-se como Homogêneo ou Heterogêneo. • • • Qual é a consequência quando estou diante do Concurso Material? A consequência é a soma integral das penas. Portanto, aplico o sistema do cúmulo material. Ou seja, mais de uma ação ou omissão que resultem em mais de um crime e o resultado disso é a soma integral dessas penas. • • • previsto pelo artigo 70 do CP. • Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Ocorre quando uma única conduta resulta em mais de um crime. Uma só ação ou omissão que resulta em mais de um crime. • O concurso formal também classifica-se como Homogêneo ou Heterogêneo. Exemplo de crime idêntico (homogêneo): Atropelamento múltiplo, ocorre quando um indivíduo perde o controle do veículo e atropela três pessoas, sendo assim, ocorreram três lesões corporais culposas. (única conduta: condução do veículo e a perda do controle da direção, resultando em um atropelamento múltiplo). Exemplo de crime não idêntico (heterogêneo): Atropelamento múltiplo, mas uma das vítimas veio a falecer (ocorreu um homicídio culposo e duas lesões corporais culposas). • ( ): “aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.” Esse trecho do artigo 70 pressupõe que o sujeito praticou uma única ação ou omissão que resulta em mais de um crime, como consequência, irá ser aplicado a pena de um dos crimes (do mais grave, se houver), e acrescenta-se uma fração de um sexto até metade na (pena desse crime mais grave, se houver). Portanto, seguimos com o sistema da exasperação. • Atropelamento múltiplo, mas uma das vítimas veio a falecer (ocorreu um homicídio culposo e duas lesões corporais culposas). Então, eu aplico a pena de um dos crimes (o mais grave, no caso, homicídio culposo), e aumento esta pena de um sexto até a metade. Significa que eu não aplico as penas das lesões corporais culposas. Essa é a regra do concurso formal perfeito. • Um condutor de um veículo que atropela ciclistas. Esse condutor atropela um ciclista, que é seu inimigo, com o objetivo de matá-lo (dolosamente). E depois perde o controle de seu carro e acaba por atropelar mais duas pessoas culposamente. Então, ocorreu um homicídio doloso e dois homicídios culposos. (não há dolo em todos os resultados) • Um condutor de veículo, abusa do excesso de velocidade, e perde o controle do carro, a acaba atropelando três pessoas culposamente. (não há dolo em nenhum resultado) • - ( ): “As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.” Esse trecho do artigo 70 pressupõe que eu tenho um cenário onde cada conduta é praticada com desígnios autônomos, ou seja, o agente tem a vontade de gerar cada um dos resultados. Do ponto de vista jurídico-penal, isso significa que ele possui dolo em cada um dos resultados. Então, isso significa que eu irei aplicar a , portanto, neste caso, eu aplico a soma integral das penas. Durante a 2° Guerra Mundial, na Alemanha nazista, tem um soldado alemão. Em fileira, em um campo de concentração de auschwitz, estão três prisioneiros judeus e esse soldado alemão dispara com um fuzil, com o objetivo de matá-los (desígnios autônomos). É uma única ação, que resulta em mais de um crime. E possui, naturalmente, o dolo em cada um desses crimes. Um condutor de veículo tem intenção deliberada de atropelar três pessoas para matá-las. (dolosamente). (ocorreu uma única ação e mais de um resultado, havendo dolo em cada um dos resultados) • Diferença entre e o No , o sistema aplicável é o da (não há dolo em todos os resultados, por isso caracteriza-se como concurso formal perfeito) No , o sistema aplicável é o (é necessário que haja dolo em cada um dos resultados para que caracterize-se como ) • Semelhança entre o Concurso Formal Perfeito e o Concurso Formal Imperfeito: Ocorre sempre uma única ação e mais de um resultado. • OBS: Prestar mais atenção no Concurso Formal, pois exige mais cuidado que o Concurso Material. Pois no Concurso Formal aplica-se o sistema do cúmulo material ou o sistema da exasperação. No Concurso Material, só aplica-se o sistema do cúmulo material. • Art. 70 - Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Esse parágrafo único desse artigo trata-se de Indivíduo psicopata que quer atropelar e consequentemente matar seu vizinho (dolosamente). Então, esse indivíduo atropela seu vizinho e o mata, e consequentemente acaba perdendo o controle do carro e atropela duas pessoas que estavam em um ponto de ônibus (culposamente). Então, ele pratica um homicídio doloso e dois lesões corporais culposas. (Neste caso ocorreu o , pois uma só conduta foi praticada, que resultou em mais de um crime, onde não houve dolo em todos os resultados). Ademais,no , o sistema aplicável é o da (não há dolo em todos os resultados, por isso caracteriza-se como concurso formal perfeito). No sistema da exasperação deve-se aplicar a pena de um dos delitos (mais grave, se houver) e somo a ela uma fração. (de um 1/6 até a metade). • Ocorreu um homicídio doloso e duas lesões culposas. Crime mais grave: Homicídio doloso (pena mínima de 6 anos). Trabalhando com pena mínima e aumento mínimo: Acrescento 6 anos + 1/6 de 6 anos = 7 anos. • O sistema do cúmulo material pressupõe algo que decorre de um raciocínio lógico (regra: aplicação da soma integral das penas dos crimes praticados). Então, o sistema do cúmulo material pressupõe a soma integral das penas. Exemplo: Se o mesmo agente pratica dois ou mais crimes, você soma integralmente a pena desses crimes. Trabalhando com pena mínima e aumento mínimo: Homicídio doloso (6 a 20 anos) + duas lesões culposas (três meses a um ano) = 6 anos + 3 meses + 3 meses = 6 anos e 6 meses (?) • Neste caso específico, o sistema do cúmulo material resultou em uma pena total inferior à pena obtida pelo sistema da exasperação. • Art. 70 - Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Esse parágrafo único ressalta que se a exasperação resultar em um valor de pena, superior aquele que obteria com a regra do cúmulo material, deve-se aplicar a pena de acordo com a regra do cúmulo material, com a soma das penas). • previsto pelo artigo 71 do CP. • Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. No crime continuado, há uma série de requisitos necessários e caso o agente preencha todos esses requisitos, o resultado será que o agente responde pela pena de um dos crimes, e será acrescentado a essa pena uma fração que vai de 1/6 até 2/3. 1. Mais de uma ação ou omissão praticadas pelo agente; 2. Que essas referidas ações ou omissões configurem crimes; 3. Que os crimes praticados sejam da mesma espécie. • OBS: Há duas interpretações sobre o que viria a ser crimes da mesma espécie 1° Interpretação/Corrente: Crimes da mesma espécie seriam variações de um mesmo tipo penal. Exemplo: Variações tipo penal de homicídio (homicídio culposo, doloso e qualificado). Variações do tipo penal de lesão corporal (lesão leve, culposa, grave, gravíssima, lesão seguida de morte). 2° Interpretação/Corrente: Entende que crimes da mesma espécie pressupõe dois requisitos. Então, para essa 2° corrente, necessita-se de dois requisitos para que caracterizem-se crimes da mesma espécie. Primeiro requisito: tutela do mesmo bem jurídico Segundo requisito: modo de execução semelhante Exemplo de tutela do mesmo bem jurídico: Furto e roubo (Crimes contra o patrimônio). Não são praticados de modo semelhante, portanto, não são crimes da mesma espécie. Exemplo de crimes da mesma espécie: Roubo e extorsão. (Ambos tutelam o bem jurídico do patrimônio e possuem o emprego de violência ou grave ameaça). 4. Feições adverbiais semelhantes (são circunstâncias em comum, no que tange a algumas situações: tempo, lugar, modo de execução e outras similares). Tempo: significa que não pode haver uma distância temporal muito grande entre cada um dos delitos. Ou seja, eu não posso ter um crime continuado se pratiquei um crime hoje e o outro só vou praticar daqui a dois anos. Para que se caracterize crime continuado, é necessário que distância temporal entre os crimes não seja muito longínqua. Há uma proximidade temporal entre os delitos. Exemplo de tempo: O agente comete um crime hoje e outro na semana seguinte. Lugar: Então, não se caracteriza crime continuado se eu pratico um crime no Rio de Janeiro, outro em Nova Iorque e outro em Paris. Para que haja um crime continuado, é necessário que se pratique esse crime dentro de uma determinada localidade. Exemplo de lugar: No município do Rio de Janeiro, no mesmo bairro. Modo de execução: O modo de execução do delito também deve ser semelhante para que se configure crime continuado. Exemplo de modo de execução: No período noturno, no terminal rodoviário o agente furta pessoas distraídas. • Quais são os requisitos necessários para que configure-se crime continuado? 1. Mais de uma ação ou omissão praticadas pelo agente; 2. Que essas referidas ações ou omissões configurem crimes; 3. Que os crimes praticados sejam da mesma espécie. 4. Feições adverbiais semelhantes (são circunstâncias em comum, no que tange a algumas situações: tempo, lugar, modo de execução e outras similares). OBS: Para que configure-se crime continuado, todos os requisitos devem estar presentes! Exemplo de crime continuado: O agente que pratica furtos reiteradamente no bairro de Bangu, zona norte do Rio de Janeiro, no período noturno, quando as pessoas estão saindo do ponto de ônibus do terminal rodoviário. Mais de uma ação? Sim. Mais de um crime? Sim, vários furtos. Mesma espécie? Sim, no caso são crimes idênticos. Em relação ao tempo: Toda semana. Em relação ao lugar: No bairro de Bangu. Modo de execução: No período noturno, no terminal rodoviário o agente furta pessoas distraídas. Exemplo de crime continuado: O agente trabalha em um caixa de supermercado e insatisfeito com seu salário atrasado, resolve subtrair valores do caixa. Então, todo dia ao final do expediente, ele furta 50 reais. Ao longo de dez dias, ele subtraiu 500 reais. Mais de uma ação? Sim, dez ações. Mais de um crime? Sim, dez furtos. Mesma espécie? Sim, no caso são crimes idênticos. Em relação ao tempo: Distância de alguns dias entre um crime e outro. Em relação ao lugar: Sempre no mesmo lugar, no supermercado em que o agente trabalhou. Modo de execução: Sempre o mesmo modo de execução, ao final do expediente, o agente furtava 50 reais do caixa. • A quantidade de infrações pressupõe se deve aumentar muito ou pouco a pena. Exemplo: Se o agente pratica somente duas infrações, parte do raciocínio lógico que deve-se aplicar a menor soma possível (portanto, deve-se aplicar a pena de um dos delitos e somo a ela uma fração de 1/6). Se o agente pratica um número muito grande de infrações, tende a aplicar a maior soma possível (portanto, deve-se aplicar a pena de um dos delitos e somo a ela uma fração de 2/3). Se o valor subtraído desses furtos é um valor muito pequeno, o bom senso leva a crer que eu devo aplicar o aumento menor possível. Entretanto, se o agente comete somente dois furtos, porém o valor subtraído é uma quantia elevada (exemplo: duas subtrações, uma de vinte mil e outra de trinta mil, a soma total corresponde a cinquenta mil reais), aplica-se a maior soma possível, pois apesar do número de infrações ser pequeno, o grau de reprovação da conduta é maior, ou seja, o valor das subtrações foi muito grande. No parágrafo único do artigo 71, está presente o crime continuado específico. No crime continuado específico, existem outros requisitos além daqueles presentes no crime continuado “comum”. 1. Crimes dolosos; 2. Vítimas diferentes; 3. Violência ou grave ameaça a pessoa.Além disso, o artigo menciona ainda que são necessárias as seguintes características: 1. Culpabilidade; 2. Antecedentes; 3. Conduta social; 4. A personalidade; 5. Os motivos e as outras circunstâncias do crime. Todas essas características devem ser interpretadas pelo juiz como favoráveis ao réu. A consequência do crime específico encontra-se no parágrafo único do artigo 71. Se o juiz aplica o crime continuado específico, é aplicado a pena de um dos crimes e pode-se multiplicá-la até três. ▪ Art. 71, § único - Poderá, o juiz “aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código”. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antece- dentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. OBS: Se o juiz não vislumbra o crime continuado, serão aplicadas as penas somadas na forma do cúmulo material. OBS: Deve-se atentar-se ao fato de que no artigo 71 também aplica-se a re- gra do Cúmulo Material Benéfico. Ou seja, esse aumento até o triplo não poderia jamais chegar ao resultado de pena maior do que aquele que seria obtido com o Cúmulo Material. (com a mera soma das penas) Exemplo: No caso em que o agente pratica dois roubos, não é possível apli- car somente a pena de um dos crimes e multiplicá-la até três, ou seja, não é possível aplicar o crime continuado específico, pois caso você faça isso, o re- sultado será maior do que o do cúmulo material. Então, neste caso deve-se aplicar a regra do Cúmulo Material, que pressupõe a soma das penas. (artigo 70, parágrafo único) Limite das penas Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser su- perior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. O artigo 75 estabelece que não se pode cumprir mais de 40 anos de prisão. O cálculo para concessão de eventuais benefí- cios ao condenado (como por exemplo a progressão de regime e o livra- mento condicional), esse cálculo é feito em cima da pena que foi aplicada pelo juiz e não pelo teto máximo estabelecido pelo CP.
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