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1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 2 2. O QUE É CLASSIFICAÇÃO? ......................................................... 2 3. CLASSIFICAÇÃO DOS DOCUMENTOS PELA SUA NATUREZA . 5 4. ARQUIVAMENTO ........................................................................... 8 5. ROTINAS CORRESPONDENTES ÀS OPERAÇÕES DE ARQUIVAMENTO .............................................................................................. 9 6. FOLHA DE REFERÊNCIA ............................................................ 11 7. JAMES DUFF BROWN E SUA INFLUÊNCIA NA BIBLIOTECONOMIA ........................................................................................ 13 8. A CONTRIBUIÇÃO DE BLISS PARA A CLASSIFICAÇÃO .......... 14 9. CLASSIFICAÇÃO DE RANGANATHAN ....................................... 15 10. LIBRARY OF CONGRESS ........................................................... 17 11. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY .................................... 18 12. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL (CDU) ........................ 21 13. GESTÃO DE ESTOQUES INFORMACIONAIS ............................ 23 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 26 2 1. INTRODUÇÃO Essa apostila1 pretende abordar os principais estudos, que serviram de embasamento teórico para grandes autores, na área da classificação, o que resultou nas mais diversas contribuições. Grandes nomes da classificação como Brown, Bliss, Ranganathan e Dewey foram de suma importância e colaboração para as classificações mais utilizadas em nossos dias, como a da Library of Congress, Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal (CDU). Para se acompanhar a evolução e o surgimento das novas ciências e tecnologias, faz-se necessário uma boa classificação para uma posterior indexação e finalmente uma representação a altura do assunto proposto no material classificado, para que ele seja facilmente encontrado tanto pelo profissional da informação como pelo usuário, e para este objetivo ser alcançado gradativamente Brown, Bliss, Ranganathan, Dewey, Otlet, La Fontaine e tantos outros deram a sua importante contribuição. 2. O QUE É CLASSIFICAÇÃO? Classificação, num conceito geral, é o ato de classificar; separar por semelhanças ou diferenças; dividir. As classificações podem ser definidas a nível social, filosóficas e bibliográficas. Classificar é um processo natural que tem por finalidade reunir coisas semelhantes. Classificar e arquivar de maneira adequada tornaram-se pontos primordiais nos cuidados da documentação. Sua classificação se materializa a partir de um plano que deve ter como características a simplicidade, a 1 Texto com base nas autoras Edinete do Nascimento Pereira – edinete.nascimento@yahoo.com.br2; Gabriela de Oliveira Hortêncio – gabyhortencio@hotmail.com; Karla P. Dantas do Nascimento – kikapdantas@yahoo.com.br; Nadia Aurora Vanti Vitullo – nvanti@ufrnet.br3. Gestão de Documentos e Arquivística - Zélia Freiberger. 3 flexibilidade e fácil assimilação e, sobretudo, deve ser uniforme, mantendo sempre um padrão e ter um gerenciamento centralizado. Segundo o Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ), classificar é uma das atividades do processo de gestão de documentos arquivísticos, que inclui procedimentos e rotinas específicas que possibilitam maior eficiência e agilidade no gerenciamento e controle das informações. Está previsto pelo CONARQ que a classificação deve ser realizada por servidores treinados, de acordo com as seguintes operações: a) Estudo - Consiste na leitura de cada documento, a fim de verificar sob que assunto deverá ser classificado e quais as referências cruzadas que lhe corresponderão. b) Codificação - Consiste na atribuição do código correspondente ao assunto de que trata o documento. Rotinas correspondentes às operações de classificação, segundo o CONARQ: 1. Receber o documento para classificação. 2. Ler o documento, identificando o assunto principal e o(s) secundário(s), de acordo com seu conteúdo. 3. Localizar o(s) assunto(s) no código de classificação de documentos de arquivo, utilizando o incide, quando necessário. 4. Anotar o código na primeira folha do documento. 5. Preencher a folha de referência para os assuntos secundários. (Ao final desta aula você terá acesso ao modelo de folha de referência). IMPORTANTE! Quando o documento possuir anexo(s), este(s) deverá(ão) receber a anotação do(s) código(s) correspondente(s). Segundo Paes (2002, p. 20), os documentos podem ser classificados da seguinte maneira: Por seus mantenedores: a) Públicos - federal, estadual e municipal. b) Institucionais - instituições educacionais, igrejas, corporações não lucrativas, sociedades e associações. c) Comerciais - empresas, corporações e companhias. d) Famílias ou pessoais. 4 Atente para os estágios de evolução dos arquivos, o que chamamos de Teoria das Três Idades, a seguir. a) Arquivos de primeira idade ou corrente. b) Arquivos de segunda idade ou intermediário. c) Arquivos de terceira idade ou permanentes. A classificação social é aquela intrínseca ao ser humano, fazendo parte de sua natureza. É algo que constitui a personalidade de uma pessoa, atuando diariamente para a organização mental dela. Por isso, elas podem classificar apenas o que lhe interessam. A classificação filosófica é uma classificação mais elaborada e sofisticada, voltada para a definição e hierarquização do conhecimento humano. Já a classificação bibliográfica se preocupa com a organização e a disposição física de documentos, visando com isso, a sua recuperação. Busca ordenar, para arquivar e ter acesso ao documento em estantes ou nos arquivos. “Todas as teorias da classificação bibliográfica buscam promover uma classificação sistemática, lógica que reflita crítica e sistematicamente sobre os elementos de ligação que servem para a reunião de conceitos” (ARAÚJO, 2006, p.122). Curiosidade: O que são documentos correntes? - são aqueles que estão em curso, isto é, tramitando, ou que foram arquivados, mas são objetos de consultas frequentes. Podem ser conservados no local onde foram produzidos, sob a responsabilidade das pessoas, ou do órgão, que o criaram. O que são documentos intermediários? - são aqueles que não são mais de uso corrente, mas que por razões de interesse administrativo, aguardam sua eliminação ou recolhimento à instituição arquivística. Esses documentos devem ser recolhidos a um arquivo intermediário, sob a responsabilidade conjunta dos funcionários do organismo produtor e da instituição arquivística. O que são documentos permanentes? 5 - são aqueles de valor histórico, probatório e informativo que devem ser definitivamente preservados. Eles não são mais necessários ao cumprimento das atividades da administração. Devem ser conservados nas instituições arquivísticas, sob a responsabilidade dos profissionais de arquivo. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS DOCUMENTOS PELA SUA NATUREZA Arquivo especial - Detém sob sua guarda diferentes tipos de suportes de documentos resultantes da experiência humana em algum campo específico do conhecimento, tais como fotos, fitas cassete, filmes VHS, discos, CD's, recortes de jornais, disquetes, CD-ROOM, entre outros. Por se tratar de documentos na sua grande maioria frágeis deve-se ter maior cuidado com a conservação e preservação, não somente no aspecto de armazenagem, mas também em seu registro, acondicionamento e controle. Fonte: www.tfarma.it a) Arquivo especializado - Detém sob sua custódia documentosresultantes da experiência humana num campo específico, independente da forma física que seus documentos apresentem. 6 Pelo Gênero a) Escritos ou textuais. b) Cartográfico (perfis/mapas). c) Iconográficos (imagem estática/cartazes). d) Filmográficos (filmes). e) Sonoros; (CDs, Fita Cassete). f) Micrográficos (microfilme). g) Informáticos. Pela Natureza do assunto a) Ostensivos – documentos cuja divulgação não prejudica a administração. b) Sigilosos – documentos de conhecimento, custódia e divulgação restrita. Classificação dos documentos em quatro graus a) Ultrassecreto - Esta classificação é dada aos assuntos que requeiram excepcional grau de segurança e cujo teor ou características só devam ser do conhecimento de pessoas intimamente ligadas ao seu estudo ou manuseio. São assuntos normalmente classificados como ultrassecretos aqueles da política governamental de alto nível e segredos de Estado, tais como: negociações para alianças políticas e militares, planos de guerra, descobertas e experimentos científicos de valor excepcional, informações sobre política estrangeira de alto nível. São documentos oriundos da Presidência e Ministérios (PAES, 2005, p. 30). b) Secreto - Consideram-se secretos os assuntos que requeiram alto grau de segurança e cujo teor ou características podem ser do conhecimento de pessoas que, sem estarem intimamente ligadas ao seu estudo ou manuseio, sejam autorizadas a deles tomar conhecimento, funcionalmente. São documentos considerados secretos os referentes a planos, programas e medidas governamentais, os assuntos extraídos de matéria ultrassecreta que, 7 sem comprometer o excepcional grau de sigilo da matéria original, necessitam de maior difusão, tais como: planos ou detalhes de operações militares, planos ou detalhes de operações econômicas ou financeiras, aperfeiçoamento em técnicas ou materiais já existentes, dados de elevado interesse sob aspectos físicos, políticos, econômicos, psicossociais e militares de países estrangeiros e meios de processos pelos quais foram obtidos, materiais criptográficos importantes que não tenham recebido classificação inferior (PAES, 2005, p. 30). c) Confidencial - A classificação de confidencial é dada aos assuntos que, embora não requeiram alto grau de segurança, seu conhecimento por pessoa não autorizada pode ser prejudicial a um indivíduo ou criar embaraços administrativos. São assuntos, em geral, classificados como confidenciais os referentes à pessoal, material, finanças e outros, cujo sigilo deva ser mantido por interesse das partes, como por exemplo: informações sobre e atividade de pessoas e entidades, bem como suas respectivas fontes: radiofrequência de importância especial ou aquelas que devam ser usualmente trocadas, cartas, fotografias aéreas e negativos que indiquem instalações consideradas importantes para a segurança nacional (PAES, 2005, p. 30). d) Reservado - Esta classificação diz respeito aos assuntos que não devem ser do conhecimento do público em geral. Recebem essa classificação, entre outros, partes de planos, programas e projetos e suas respectivas ordens de execução; cartas, fotografias aéreas e negativos que indiquem instalações importantes (PAES, 2005, p. 30). 8 4. ARQUIVAMENTO Fonte: www.tudouberaba.com.br Uma vez classificado e tramitado, o documento deverá ser arquivado, obedecendo às seguintes operações: a) INSPEÇÃO: consiste no exame do(s) documento(s) para verificar se o(s) mesmo(s) se destina(m) realmente ao arquivamento, se possui(em) anexo(s) e se a classificação atribuída será mantida ou alterada. b) ORDENAÇÃO: consiste na reunião dos documentos classificados sob um mesmo assunto. A ordenação tem por objetivo agilizar o arquivamento, minimizando a possibilidade de erros. Além disso, estando ordenados adequadamente, será possível manter reunidos todos os documentos referentes a um mesmo assunto, organizando-os previamente para o arquivamento. Após a ordenação, os documentos classificados sob o mesmo código formarão dossiês acondicionados em capas apropriadas com prendedores plásticos, com exceção dos processos e volumes. Os dados referentes ao seu conteúdo (código, assunto e, se for o caso, nome de pessoa, órgão, firma ou lugar) serão registrados na capa de forma a facilitar sua identificação. Os dossiês, processos e volumes serão arquivados em pastas suspensas ou em caixas, de acordo com suas dimensões. Esta operação possibilita: – racionalizar o arquivamento, uma vez que numa mesma pasta poderão ser arquivados vários dossiês correspondentes ao mesmo grupo ou subclasse, diminuindo, assim, o número de pastas. 9 Exemplo: Pasta: 061 – PRODUÇÃO EDITORIAL Dossiês: 061.1 – EDITORAÇÃO. PROGRAMAÇÃO VISUAL 061.2 – DISTRIBUIÇÃO. PROMOÇÃO. DIVULGAÇÃO – organizar internamente cada pasta, separando os documentos referentes a cada pessoa, órgão, firma ou lugar, sempre que a quantidade de documentos justificar e desde que relativos a um mesmo assunto. Exemplo: Pasta: 021.2 – EXAMES DE SELEÇÃO Dossiês: Será criado um dossiê para cada tipo de exame e título de concurso, ordenados alfabeticamente. c) ARQUIVAMENTO: consiste na guarda do documento no local devido (pasta suspensa, prateleira, caixa), de acordo com a classificação dada. Nesta fase deve-se ter muita atenção, pois um documento arquivado erroneamente poderá ficar perdido, sem possibilidades de recuperação quando solicitado posteriormente. 5. ROTINAS CORRESPONDENTES ÀS OPERAÇÕES DE ARQUIVAMENTO Fonte: papouniv.com.br 10 1. Verificar a existência de antecedentes (documentos que tratam do mesmo assunto); 2. Reunir os antecedentes, colocando-os em ordem cronológica decrescente, sendo o documento com data mais recente em primeiro lugar e assim sucessivamente; 3. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes, de acordo com a ordem estabelecida (cronológica, alfabética, geográfica ou outra), formando dossiês. Verificar a existência de cópias, eliminando-as. Caso o original não exista, manter uma única cópia; 4. Fixar cuidadosamente os documentos às capas apropriadas com prendedores plásticos, com exceção dos processos e volumes que, embora inseridos nas pastas suspensas, permanecem soltos para facilitar o manuseio; 5. Arquivar os documentos nos locais devidos, identificando de maneira visível às pastas suspensas, gavetas e caixas; 6. Manter reunida a documentação seriada, como por exemplo boletins e atas, em caixas apropriadas, procedendo ao registro em uma única folha de referência, arquivada em pasta suspensa, no assunto correspondente, repetindo a operação sempre que chegar um novo número. d) RETIRADA E CONTROLE (EMPRÉSTIMO): esta operação ocorre quando processos, dossiês ou outros documentos são retirados do arquivo para: Emprestar aos usuários; Prestar informações; Efetuar uma juntada. Nesta fase é importante o controle de retirada, efetuado por meio do recibo de empréstimo, no qual são registradas informações sobre processos, dossiês ou outros documentos retirados, além do setor, nome, assinatura do servidor responsável pela solicitação e, posteriormente, a data da devolução do documento. O recibo de empréstimo tem como finalidade controlar o prazo para devolução do documento e servir como indicador de sua frequência de uso, fator 11 determinante para o estabelecimento dos prazos para sua transferência e recolhimento. Por meio desse controle é possível informar com precisão e segurança a localização do(s) documento(s) retirado(s). O recibo de empréstimo é preenchido em duas vias, sendo: 1ª via: tal como guia-fora substitui o documento na pasta de onde foi retirado, devendo ser eliminada quando da devolução do documento; 2ª via: arquivada em fichário à parte, em ordem cronológica, para controle e cobrança,quando vencido o prazo de devolução. 6. FOLHA DE REFERÊNCIA Folha de referência (modelo I) Especificações: Cor BRANCA Via UMA Formato A-4 Utilização ANVERSO Instruções para preenchimento: CÓDIGO DO ASSUNTO: indicar o código de classificação referente ao assunto sob o qual a folha de referência estará arquivada, e que corresponde realmente ao assunto secundário do documento. RESUMO DO ASSUNTO: descrever resumidamente o conteúdo do documento. DADOS DO DOCUMENTO: NÚMERO: indicar o número do documento a ser arquivado. Se não houver, indicar s.n. DATA: indicar a data do documento. ESPÉCIE: indicar a espécie do documento: ofício, carta, memorando, relatório, aviso ou outra. 12 REMETENTE: indicar o nome completo e a sigla do órgão de origem do documento, ou seja, do órgão onde foi assinado o documento. DESTINATÁRIO: indicar o setor para onde foi destinado o documento. VER: indicar o código de classificação referente ao assunto sob o qual o documento está arquivado. Recibo de empréstimo (modelo II) Especificações: Cor BRANCA Via DUAS Formato 11 x 15,5cm Utilização ANVERSO Instruções para preenchimento: CLASSIFICAÇÃO: indicar o código de classificação referente ao assunto do documento a ser emprestado. RESUMO DO ASSUNTO: descrever resumidamente o conteúdo do documento. REQUISITADO POR: indicar o nome do órgão/unidade administrativa e do servidor responsável pela solicitação. DATA: indicar a data do empréstimo. ENCAMINHADO POR: indicar o nome completo do servidor do arquivo que está efetuando o empréstimo e a assinatura deste. RECEBIDO POR: indicar o nome completo do servidor que está recebendo o documento e a assinatura deste. DEVOLVIDO EM: indicar a data da devolução do documento. 13 7. JAMES DUFF BROWN E SUA INFLUÊNCIA NA BIBLIOTECONOMIA Fonte: 2.bp.blogspot.com James Duff Brown nasceu em Edimburgo, na Escócia, concluiu seus estudos com doze ou treze anos, após sua formação dedicou sua vida a leitura, particularmente em biblioteconomia, música e literatura. Trabalhou para vários editores e livrarias de bibliotecas, logo começou a trabalhar como assistente na Biblioteca Mitchaell Glasgow. Depois se mudou para Londres para trabalhar na Biblioteca Pública Clerkernwell. Ele criou dois sistemas de classificação que não servia para coleções grandes, por serem muito rígido: “Quinn-Brown Classification” e “Adjustable Classification”. Posteriormente idealizou um sistema de classificação intitulado de “Subject Classification” que teve sua primeira publicação em 1906 considerada, na época, um bom sistema de classificação, sendo usado em muitas bibliotecas inglesas por vários anos, na qual introduziu o livre acesso às estantes. (BARBOSA, 1969). Na época o bibliotecário Brown chegou a ser reconhecido como Dewey da Inglaterra, pois tinha energia surpreendente, mostrava-se comprometido, e interessado em todos os aspectos da biblioteca e da biblioteconomia, foi um dos primeiros a escrever livros sobre biblioteconomia e o criador do único sistema de classificação do país. 14 A partir desta posição, foi reconhecido e prestigiado no mundo das bibliotecas e da biblioteconomia, pois no final do século XIX e no início do XX na Inglaterra, deu contribuição muito importante para a área da biblioteconomia. Fonte: www.febab.org.br De acordo com o que foi explanado acima, percebemos que James Duff Brown se destacou por ter elaborado o sistema de classificação, “Sbject Classification” (Classificação de Assunto), no qual trouxe o desenvolvimento na biblioteconomia dando subsídio para a evolução de outros sistemas. 8. A CONTRIBUIÇÃO DE BLISS PARA A CLASSIFICAÇÃO Fonte: mlb-s1-p.mlstatic.com 15 Conhecida também como Classificação Bibliográfica, a classificação de Bliss teve como criador o bibliotecário do College of City of New York, Henry Evelyn Bliss. Antes de publicar o seu sistema de classificação, Bliss havia publicado outras obras, a saber: “[...] a) Organization of knowledge, 1927; b) Organization of knowledge in libraries and the subject approach to books, 1933, 2. ed. em 1939; c) A system of bibliographic classification, 1935, 2. ed. em 1936” (BARBOSA, 1969, p. 145). Seu sistema foi apontado como um dos melhores desenvolvimentos de classes encontrado em classificações bibliográficas. Uma de suas principais características é a possibilidade de classificações alternativas. Seu sistema é dividido em quatro grandes classes: Filosofia; Ciência; História; Tecnologia e Arte. As obras gerais dos outros sistemas são chamadas por Bliss de Classes numéricas anteriores. Em suma, a classificação de Bliss dá liberdade ao classificador, porém, infelizmente, seu sistema não apresenta explicações nem exemplos de sua aplicação, tornando-o de difícil aprendizado. 9. CLASSIFICAÇÃO DE RANGANATHAN Fonte: www.icarlibrary.nic.in 16 O mais atual sistema de classificação foi criado pelo indiano Shiyali Ramanrita Ranganathan. Nascido em 1892, Ranganathan estudou na Hind High School, em Shiali, e conseguiu a graduação em matemática no Christian College, da Universidade de Madras. Com a sua nomeação, em 1924, de bilbiotecário da Madras University Library, Ranganathan começou a desencadear um profundo interesse na área de Biblioteconomia, principalmente por classificações e administração de bibliotecas, passando então a estudar na School of Librarianship, da Universidade de Londres. Seguindo conselhos de Berwick Sayers, “Ranganathan dedicou-se à leitura de obras de Biblioteconomia, estagiou na Croydon Public Libraries e visitou diversas bibliotecas da Grã-Bretanha” (PIEDADE, 1977, p.156). A partir desta divergência, Ranganathan idealizou um sistema de classificação analítico-sintético, o qual motivou profunda mudança nos estudos teóricos de classificação. A necessidade de criar um novo sistema, surgiu dos estudos dos sistemas até então existentes, observando suas aplicabilidades em várias bibliotecas e verificando as limitações de cada um quanto à abrangência de todos os aspectos de um assunto. O seu sistema, considerado bem mais elástico que os demais, adotou “o uso dos dois pontos (:) como símbolo para correlacionar ideias diferentes” (BARBOSA, 1969, p. 165). Daí sua nomeação, Colon Classification ou Classificação dos Dois Pontos. Em 1925, ao voltar da Índia, aplicou seu novo sistema de classificação na Universidade de Madras. Reconheceu que Bliss teria influenciado nas suas teorias de classificação. A numeração do capítulo foi feita de forma paralela, sempre com o capítulo seguinte retomando o anterior. A primeira edição da Colon Classification data de 1933, seguindo com edições revisadas e acrescentadas até 1960. Sua estrutura está dividida em 41 classes principais (main classes). A notação é mista, utilizando algarismos arábicos, letras maiúsculas e minúsculas, letras gregas e sinais gráficos, além de indicadores especiais de faceta. Ela é totalmente expressiva, hierárquica e altamente mnemônica. “É o único esquema 17 com uma série completa de regras explícitas” (LANGRIDGE, 1977, p. 91). As tabelas auxiliares são divididas em subdivisões geográficas, políticas, orientadas, fisiográficas, cronológicas, por línguas e comuns. Ranganathan reconhece cinco tipos de relacionamento entre assuntos: 1.General; 2.Bias; 3.Comparacion; 4.Difference; 5.Influencing. Sua empregabilidade atual é em bibliotecas da Índia, porém exercendo forte influência sobre estudiosos e autores de classificações nos atuais estudos. O que pode ser destacado, é que este sistema é pioneiro da classificação moderna e ainda o único esquema geral completamente facetado, além de ser único quanto à coerência e sistematização. Ele certamente exercerá a mais forte atração naquele que procuraa perfeição. 10. LIBRARY OF CONGRESS Criada em fins do século XIX, mais exatamente em 24 de abril de 1800, a Library of Congress, ou Biblioteca do Congresso (Estados Unidos - EUA), foi inaugurada com uma coleção de 3.000 volumes. Os livros, que antes eram ordenados por tamanho, em 1892 já estavam divididos em 18 classes, baseadas nas classificações de Francis Bacon, com adaptação de Diderot e d’Alembert. Em 1815 fora adquirida a coleção de Thomas Jefferson, constituindo assim, a nova biblioteca. Fonte: blogs.loc.gov 18 Após a mudança de prédio, em 1897, os bibliotecários, sentiram a necessidade de criar um novo sistema de classificação, que comportasse o crescente acervo. Designados por John Russel Young, então diretor da entidade, James Hanson e Charles Martel tomaram por guia a Classificação Expansiva de Cutter, “introduzindo grandes modificações, especialmente quanto a notação.” (PIEDADE, 1977, p.118). A partir deste planejamento em linhas gerais, cada classe foi entregue a diversos especialistas, derivando daí, as pequenas diferenças que ocorrem de uma classe para outra. As classes são publicadas independentemente umas das outras, e cada uma tem seu próprio índice, sofrendo revisões e acréscimos, conforme a expansão do acervo, publicadas quadrimestralmente no L.C. Classification: Addition and changes. Em sua estrutura a ordem alfabética é frequentemente utilizada. Na notação, a classificação é mista, contendo letras maiúsculas, e algarismos arábicos, de 1 a 9.999, precedidos por um ponto, chamada de números-de- Cutter, por ser semelhante as conhecidas Author marks, projetadas por Cutter. A Classificação da Library of Congress baseou-se em 21 classes principais, representadas de A-Z, exceto pelas letras I, O, N, X e Y, deixadas para futuras expansões, sendo igualmente adotada por diversas bibliotecas dos EUA e no mundo. O sistema da Biblioteca do Congresso tem a flexibilidade para classificar qualquer tipo de material, é muito detalhado, bastante enumerativo, porém recorrente à síntese, quando aplicada suas inúmeras tabelas auxiliares. É um esquema prático, para aqueles que acreditam em soluções simples. 11. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY Sendo muito utilizada em todo o mundo e especialmente em bibliotecas públicas, CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY foi criada pelo bibliotecário Melvil Dewey e teve sua primeira edição publicada em 1876. 19 Idealizando um sistema de classificação baseado no uso de números em ordem decimal e influenciado pelo sistema de W. T. Harris, Dewey criou o seu próprio sistema. Fonte: linux2.fbi.fh-koeln.de Em 1976, anonimamente, foi publicada a 1. Edição de Dewey, sob o título A classificação and subject índex for cataloging and arranging the books and pamphlets of a library. Só depois da 16. Edição é que o nome de Dewey passou a fazer parte integrante do título (BARBOSA, 1969, p. 199). A expansão de seu sistema se deu pela facilidade de memorização e da fácil localização dos livros. O Instituto Internacional de Bibliografia, atualmente conhecido por Federação Internacional de Documentação, tomou por base a CDD para criar seu sistema de organização conhecido hoje como Classificação Decimal Universal ou CDU. De acordo com Barbosa “a responsabilidade editorial do sistema de Dewey está hoje a cargo de um comitê misto”. Este Comitê tem a responsabilidade de dar continuidade e ser íntegro a numeração estabelecida pelo idealizador do sistema. Com as Ciências e as Tecnologias em constante mudança e com o surgimento de novas ciências, o Comitê responsável pela CDD entra num 20 dilema: continuar com a integridade ao sistema ou acompanhar a evolução das ciências a cada edição reformulada. O dilema está, conforme citado por Barbosa, em: [...] se um sistema não evolui em terminologia e expansão de assuntos, torna-se, com o passar do tempo, obsoleto e é logo abandonado; se, por outro lado, quer seguir à risca essa mesma evolução, motiva uma eterna reclassificação das coleções, implicando em desperdício de tempo, pessoal e material, o que acaba, também, por levá-lo ao abandono. Portanto, para serem íntegros com a ideia de Dewey, e não estagnarem na corrente do tempo, os editores da CDD tentam se adequar a essas duas questões, dando primazia a integridade. Quem também se utilizou da CDD para suas fichas impressas foi a Library of Congress. A CDD tem por base a seguinte estrutura: As classes principais correspondem a grosso modo, às disciplinas fundamentais do conhecimento, a saber: 100 Filosofia, 200 Religião, 300 Ciências Sociais, 500 Ciência, 600 Tecnologia, 700/800 Artes, 900 História (400 Filologia não representa uma disciplina fundamental). A ordem parece não apresentar qualquer princípio (LANGRIDGE, 1977, p. 84). Para representar uma classe principal são necessários três algarismos. Quando os grandes campos do conhecimento não são subdivididos, a notação é preenchida com um ou dois zeros. Fonte: www.web2learning.net 21 Exceto por obras gerais e ficção, as obras são classificadas principalmente por assunto, com extensões para relações entre assuntos, local, época ou tipo de material, produzindo números de classificação de no mínimo três dígitos e de tamanho máximo indeterminado, com um ponto decimal antes do quarto dígito. Como qualquer sistema de classificação, a CDD tem seus pontos negativos e positivos. Para tanto, aqui, vale salientar apenas os pontos positivos, como sua grande flexibilidade, o sistema de Dewey é altamente memorizável e sempre atualizado por novas edições ou por suplementos. 12. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL (CDU) Fonte: 1.bp.blogspot.com A Classificação Decimal Universal surgiu no inicio do ano 1892. Foi criada pelo advogado belga Paul Otlet (1868-1944) e o professor Henri La Fontaine (1853-1843). Ambos tinham um interesse em comum, pois compreendendo a necessidade de melhorar a organização para o controle da bibliografia, fundaram Office International de Bibliographie, com a finalidade de organizar uma bibliografia universal que foi intitulada de Repertoire Bibliographique universal. (PIEDADE, 1977). 22 Essa classificação tinha seu controle por assunto, para atender melhor as necessidades dos pesquisadores. Na Europa o catálogo era em forma de livro ordenado segundo um sistema de classificação, a ampliação da bibliografia em ficha significou uma inovação para os europeus. No ano de 1895, foi realizada a primeira Conferência Internacional Bibliográfica em Bruxelas. Nessa conferência foi criado o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB), contando com a presença de nomes ilustres da bibliografia Internacional. (BARBOSA, 1969). Otlet e La Fotaine converteram o repertório recortando as referências do Cataloguo of Prinded Books do British Museum e montando-os em fichas, mas como precisavam de um sistema metódico para ordenação de fichas, utilizaram a Classificação Decimal de Dewey como subsídio para elaboração e ordenação da Classificação Decimal Universal, que antes era conhecida como Classificação de Bruxelas. Em 1905 foi publicada a primeira edição do novo sistema que vem passando por transformações e expansão a cada edição lançada, comprovando- se que hoje, é um sistema de classificação utilizado em várias bibliotecas no mundo. Nesse contexto, percebe-se que a CDU foi originada da Classificação de Dewey, e, segundo Sales (apud PIEDADE, 2008) [...] um sistema hierárquico, com base filosófica, mas que devido ao emprego de sinais gráficos, esboça uma tentativa de classificação em facetas, que surge conscientemente apenas com a Classificação de Dois Pontos de Ranganathan. A maior articulação veiculada por meio de dispositivos sintagmáticos para traduzir linguagem natural por meio de notações, fez com que a CDU se tornasse o primeiro sistema de classificação aviabilizar a síntese de dois ou mais assuntos. Com suas divisões de classes principais e subdivisões derivadas da CDD, a CDU avança a Classificação preconizada por Dewey ao adotar em suas notações sistemas semióticos que cumprem funções distintas de relacionamento entre os assuntos. As notações da CDU podem ser formadas por números, letras, símbolos gregos, marcas de pontuação, ou ainda a combinação de todos. 23 Fonte: 3.bp.blogspot.com Pode-se concluir com o exposto que, a CDU utiliza diversas maneiras de sintetizar os assuntos que serão organizados, dessa maneira fica mais fácil os usuários encontrarem as informações desejadas. Com a CDD as facetas são em menor número, não são utilizadas a junção de letras, números e símbolos. Esse é um fator que pode dificultar o acesso à informação. 13. GESTÃO DE ESTOQUES INFORMACIONAIS “Qualquer que seja a sua forma externa a essência de uma biblioteca é uma coleção de materiais organizados para uso” (McGarry, 1999, p.111). Hoje, no mundo moderno, onde a gestão da informação 2 é uma das principais atividades do profissional da informação, o seu papel social, conforme sugerido por Barretto (1999) é também o de gerenciar estoques da informação, para uso. A disseminação é a segunda vertente da preservação, para preservar é preciso dar a conhecer e efetivar a sua utilização. 2 Gestão da informação – planejamento, condução e avaliação dos processos de utilização dos recursos de informação necessários para incrementar a efetividade da organização. A criação da informação, aquisição, armazenamento, análise e uso provêm a base intelectual que apoia o crescimento e desenvolvimento da organização inteligente (Choo, 1998, p.198) 24 Antes da era digital as coleções e o acesso à elas desenvolviam-se de forma isolada. Na nova era, esse desenvolvimento será coordenado, haverá também a necessidade de fazer hiperligações para mapear os recursos informacionais de outras bibliotecas que possam complementar as falhas e atender a todas as necessidades de uso (Cunha, 1999, p.259) Os fundamentos da ciência da biblioteca, a Biblioteconomia, baseiam-se na disponibilização de acervos de documentos para uso, e podem ser resumidos como se segue: Que a biblioteca existe principalmente para tornar possível o uso, por um dado público, de suas coleções de documentos; Que os conhecimentos contidos nos documentos e mantidos nas bibliotecas devem ser transferidos; Que a função social da biblioteca enquanto uma instituição social está, principalmente, em ser a interface, ou a mediadora entre indivíduos e o conhecimento que eles necessitam (Miksa, 1991; Oliveira, 1998). As Diretrizes para promoção de Redes de Conteúdos Informacionais destacam os seguintes pontos relacionados ao acesso informacional: 1. Viabilizar o acesso às fontes de conhecimento, informações e dados produzidos/registrados pelo Governo, pela Sociedade e pelos indivíduos que constituem a nação brasileira; 2. Criar canais próprios para os deficientes físicos, analfabetos e cidadãos de menor poder aquisitivo, para prover a justiça nas oportunidades de acesso à informação; 3. Promover o acesso à produção artística, cultural e científica produzidas por nossas instituições, seja mediante a oferta de metodologias/tecnologias para sua organização seja mediante o financiamento de projetos prioritários. O Programa Sociedade da Informação do Brasil tem dentre os seus objetivos qualitativos globais - o de Educação para a Sociedade da Informação. Este objetivo desafia o desenvolvimento de um programa de treinamento e formação para o mundo virtual, desde a preparação de especialistas em Tecnologias da Informação para projeto, construção, instalação, operação e 25 manutenção de sistemas e serviços digitais em rede até a popularização em massa dos elementos essenciais da Sociedade da Informação, essencial para o acesso de todos ao mundo informatizado e conectado. 26 BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Fundamentos teóricos da classificação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. 22, p.117-139, 2006. Semestral. ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário de termos arquivísticos: subsídios para uma terminologia brasileira. Rio de Janeiro: O Arquivo, 1999. 75 f. mimeografadas. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9578 Arquivos: terminologia. Rio de Janeiro, 1986. 7 f. ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS BRASILEIROS. Dicionário brasileiro de terminologia arquivística: contribuição para o estabelecimento de uma terminologia arquivística em língua portuguesa. São Paulo: CENADEM, 1990. 163 p. BARBOSA, Alice Príncipe. Teoria e prática dos sistemas de classificação bibliográfica. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, 1969. CAMPOS, Ana Maria V. C. e INDOLFO, Ana Celeste. Proposta metodológica para avaliação de grandes volumes documentais acumulados. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1990. 19 f. datilografadas. CASTRO, Astréa de Moraes e, CASTRO, Andresa de Moraes e, GASPARIAN, Danuza de Moraes e Castro. Arquivística = técnica, arquivologia = ciência. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1988. 361 p. LANGRIDGE, Derek. Classificação: abordagem para estudantes de biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 1977. PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1986. 162 p. PIEDADE, Maria Antonieta Requião. Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: Interciência, 1977. 27 SALES, Rodrigues de. Tesauro e ontologias sob a luz da teoria comunicativa da terminologia. 2008. 210 f. Dissertação (Mestrado em ciência da informação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Ciência da informação e documentação, Florianópolis, 2008.
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