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AS FERRAMENTAS GERENCIAIS E USO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: um estudo de caso no restaurante “Sabor de Casa” Bruna Macêdo Rodrigues Marcelo Elias do Santos RESUMO O estudo se propõe analisar a importância das ferramentas gerenciais para o controle e planejamento na gestão de micro e pequenas empresa de modo a ter resultados satisfatórios. Dessa forma, foi feita uma pesquisa de natureza exploratória e descritiva através de levantamentos bibliográficos acerca do tema e um estudo de caso no Restaurante Sabor de Casa através de uma entrevista realizada através de aplicativo de chamada de vídeo, com o intuito de verificar a primazia de algumas ferramentas gerenciais para a otimização da gestão das pequenas empresas e evitar, assim, a interrupção prematura destas. Nesse sentido, o estudo tem como questão problema: Como as ferramentas gerenciais podem auxiliar os gestores no processo de tomada de decisão em MPE? E para responder ao questionamento, estabeleceu-se como objetivo: Analisar o impacto da utilização das ferramentas gerenciais no processo de tomada de decisão numa empresa para que apresente resultados satisfatórios. Diante da análise, observaram-se pontos positivos, dentre eles o fato de que os gestores do restaurante Sabor de Casa entendem da importância das ferramentas gerenciais e faz uso de algumas delas, tais como: Balanço Patrimonial, Indicadores Financeiros, Demonstração do Fluxo de Caixa, Demonstração do Resultado do Exercício. Todos estes recursos manuseados no intuito de auxiliar na tomada de decisão na sua gestão, o que tornou a empresa sempre apta a corresponder às mudanças do mercado e competitiva. A partir disso, entende-se que a micro e pequena empresa não utilizam a contabilidade como uma ferramenta gerencial, o que deixa seus gestores sem informações importantes no exercício decisório. Palavras-Chave: Contabilidade Gerencial. Ferramentas Gerenciais. Tomada de Decisão. 1. INTRODUÇÃO A competitividade do mundo exige mudanças na postura das empresas. Qualidade e desempenho são características para as organizações que desenvolvem atividades. Os instrumentos disponibilizados pela Contabilidade são uma importante ferramenta para a gestão e tomada de decisão nas empresas (CREPALDI, 2017). No que tange às micro e pequenas empresas, entende-se que são as principais geradoras de riqueza na economia, principalmente, no setor do comércio. Em virtude da crescente necessidade de adequação das empresas a um mercado cada vez mais acirrado em que o planejamento e o controle dos recursos são necessários, estas precisam se utilizar de ferramentas de gerenciamento para que possam alcançar resultados satisfatórios. A contabilidade gerencial é importante como recurso adotado por gestores na obtenção de informações relacionadas a atividades realizadas pela empresa de maneira eficaz. Faz-se necessário que a Contabilidade Gerencial possa ser vista como um instrumento primordial para gerenciamento de empresas. Assim, é de interesse social e econômico que as organizações empresariais possam se adequar às exigências de um mercado altamente competitivo, o que ratifica a importância desta pesquisa. Desse modo, serão utilizados como referencial teórico as obras dos autores: Iudicibus e Marion, Crepaldi e Crepaldi, as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), expressadas pelo Comitê de Pronunciamento Contábil (CPCS), e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Dessa maneira, discorre-se sobre os principais conceitos e formulações dos autores citados a fim de melhor teorizar as ideias estabelecidas com a referida pesquisa. Além dar embasamento teórico ao estudo de caso relacionado ao Restaurante Sabor de Casa pela necessidade de urgência em estabelecer relações diretas e positivas do uso de ferramentas gerenciais para as pequenas empresas. Desse modo, a presente pesquisa pretende contribuir com o avanço e construção no campo da gerência empresarial, bem como, apontar cientificamente a importância do planejamento através das ferramentas gerenciais para a administração de pequenos empreendimentos, além de fomentar e auxiliar novos pesquisadores no levantamento de informações a respeito do gerenciamento empresarial. A presente pesquisa tem o intento de demonstrar a importância do uso das ferramentas gerencias nas empresas, para isso, leva-se em consideração a grande importância das micro e pequenas empresas na economia global. Isto se deve pelo fato de que é essencial que estas façam uso da contabilidade gerencial para que melhorem seus resultados. Considerando-se a relevância do tema abordado por este trabalho, o presente artigo tem como problema de pesquisa: Como as ferramentas gerenciais podem auxiliar os gestores no processo de tomada de decisão em Micro e Pequenas empresas? Para tanto, é necessário uma revisão bibliográfica e entrevista através de questionário eletrônico com o gestor da empresa em questão “Restaurante Sabor de Casa” para que seja possível atingir ao objetivo desse estudo que é: Analisar o impacto da utilização das ferramentas gerenciais no processo de tomada de decisão numa empresa para que apresente resultados satisfatórios. 2. CONSTITUIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO EMPRESARIAL As empresas são organismos importantes para as trocas comerciais fundamentais para as relações sociais, é através do comércio de bens e consumo que grande parte das relações humanas ocorrem. Segundo Crepaldi, no processo de formação de uma empresa se observa quatro estágios: a ideia, ou seja, a identificação da oportunidade; a decisão de avançar; a implementação; e o crescimento (CREPALDI, 2017, p.15). Segundo o autor, o processo é ativo, é formado por etapas em que o indivíduo ao “pensar sobre a forma como se constituirá a empresa faz um adiantamento de ideias integrando dúvidas e alterações e, muitas vezes, avança devido a ocorrências pontuais e recua devido empecilhos também pontuais” (CREPALDI, 2017, p.19). Nesse processo, a criação de uma empresa configura- se como um sistema de variáveis que interagem e que influencia o resultado final. Nesse contexto, ao abrir uma empresa, o indivíduo parte dos estágios anteriormente citados, além de analisar múltiplos fatores em prol do êxito do projeto. Dentre esses elementos temos a questão financeira, as qualidades pessoais, a formação e qualificação. Além disso, é preciso operacionalizar o empreendimento, escolhendo qual o tipo de empresa adotar, conhecer os passos a dar para a constituição legal da empresa e obter informações sobre os possíveis incentivos ao investimento e possíveis estruturas de apoio a empresa, são alguns dos pontos apontados por Ávila (2018, p. 22). Diante da relação estabelecida, é preciso classificar os tipos de sociedade: Conceitualmente as sociedades se caracterizam pelo contrato entre duas ou mais pessoas que se juntam para compatibilizar empenho e recursos para um fim comum, ou, juntam-se em forma de sociedade às pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (IUDICIBIUS; MARION, 2016, p. 45). As sociedades são classificadas de acordo com o Código Civil e são divididas em: Sociedade Personificada e Sociedades não Personificadas e subdividem-se entre sociedade comum, quando explora uma atividade econômica sem registro legal da empresa, e sociedade em conta, de participação que é estabelecida através de contrato em que um dos sócios dirige a empresa de forma ostensiva e os demais sócios contribuem através de investimentos na empresa (SILVA, 2017). As Sociedades Personificadas se dividem em Sociedade Empresária e Sociedade Simples. As sociedades Empresárias são caracterizadas por serem registradas para explorar atividade de empresa. Como exemplos, temos as empresas industriais, comerciaise prestadoras de serviços. As Sociedades Simples são constituídas para a exploração de atividades de prestação de serviços decorrentes de atividade intelectual (ALVERNE, 2014, p. 24). As sociedades personificadas empresariais são divididas entre Sociedade em nome coletivo, nas quais somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo e todos os sócios respondem pela empresa, e as ditas Sociedades em comandita simples, nesse tipo de sociedade “os sócios são os comanditados responsáveis pelas obrigações sociais e os comanditários obrigados somente pelo valor de sua quota” (IUDICIBIUS; MARION, 2016, p. 29). As sociedades limitadas constituem a maioria das empresas brasileiras, e protegem o patrimônio pessoal de cada sócio no caso de falência, fechamento ou desligamento da empresa uma vez que a participação no capital social da empresa é regulada por cotas e não por ações (IUDICIBIUS; MARION, 2016, p. 30). Estas se caracterizam ainda, pela responsabilidade de cada sócio estar associada ao valor da quota e a administração é realizada pelo contrato social ou em ato separado. Outro tipo de sociedade são as consideradas sociedades anônimas, também chamadas de companhias, que possuem capital social dividido em ações, espécie de valor mobiliário em que os acionistas respondem pela obrigação social até o limite das ações que possuem. Além disso, esse tipo de sociedade pode ser administrado somente pelos sócios que respondem de forma ilimitada pelas obrigações sociais, ao passo que os demais sócios respondem de forma limitada ao preço de suas ações (ÁVILA, 2018, p. 13). Segundo Iudicibus e Marion (2016), as principais características desse tipo de organização são as de ser sempre uma sociedade empresária que pode ter designado o nome do fundador, além de ter por objetivo participar de outras sociedades, ainda que tal participação não seja prevista no estatuto (IUDICIBUS; MARION, 2016, p. 24). Já a Sociedade Cooperativa “é constituída por indivíduos de determinado grupo econômico ou social que pretendem desempenhar, em benefício comum, determinada atividade” (IUDICIBUS; MARION, 2016, p. 27). Segundo os autores Iudicibus e Marion (2016) essas instituições possuem a variabilidade do valor das quotas, intransferibilidade das quotas, quórum para assembleia geral funcionar e deliberar sobre decisões das empresas (IUDICIBIUS; MARION, 2016). 3. AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Não existe nenhuma norma geral aceita para definir micro e pequenas empresas, entretanto, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (MPE) que foi institucionalizada pela Lei Complementar nº 123 no ano de 2006, caracteriza essas instituições de acordo com o faturamento, como demostrado na tabela 1: Tabela 1: Classificação das Micro e Pequenas Empresas Porte Receita Bruta Anual Microempreendedor Individual Até R$ 81.000,00 Microempresa Acima de R$ 81.000,00 até R$ 360.000,00 Empresa de Pequeno Porte Acima de R$ 360.000,00 até R$ 4.800.000,00 Fonte: Lei Complementar nº 123/2006 A Lei Geral uniformizou o conceito das MPEs ao enquadrá-las com base em sua receita bruta anual. A microempresa é aquela que tem faturamento bruto anual inferior ou igual a R$ 360 mil. Já a empresa de pequeno porte – EPP passa a ter um faturamento bruto anual acima de R$ 360 mil até R$ 4,8 milhões. Pode- se enquadrar também no Simples Nacional, que é um regime de pagamentos de impostos mais unificado, em uma única guia, que facilita a burocracia para essas empresas (SILVA, 2017, p. 28). A Lei Geral também criou o microempreendedor individual – MEI, sendo a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno empresário, com faturamento anual de até R$ 81.000,00 e não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular (SILVA, 2017, p. 30), além disso, é permitido até um funcionário que receba salário mínimo ou piso da categoria, também é uma funcionalidade do MEI ser isento da maioria dos impostos e deve pagar apenas o valor fixo mensal que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS (BRASIL, 2006). Além disso, existe a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) que é uma categoria empresarial que permite a constituição de uma empresa com apenas um sócio: o próprio empresário onde o capital não poderá ser inferior a 100 vezes o valor do salário mínimo no momento do registro da empresa. O titular não responderá pelos seus bens pessoais pelas dívidas da empresa e no nome empresarial deverá constar EIRELI após a denominação social da empresa (SILVA, 2017, p. 29). De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que auxilia no desenvolvimento do seguimento estimulando o empreendedorismo no país, há outra classificação, além da receita bruta anual, que é a classificação das empresas de acordo com o número de empregados, em que se incluem as médias e grandes empresas, conforme tabela 02: Tabela 02: Classificação pela Quantidade de Funcionários Porte Comércio e Serviços Indústria Microempresa Até 9 empregados Até 19 empregados Empresa de Pequeno Porte De 10 a 49 empregados De 20 a 99 empregados Empresa de Médio Porte De 50 a 99 empregados De 100 a 499 empregados Empresa de Grande Porte Mais de 100 empregados Mais de 500 empregados Fonte: SEBRAE e IBGE. O SEBRAE utiliza o critério por número de empregados do IBGE como critério de classificação do porte das empresas, para fins bancários, ações de tecnologia, exportação e outros. A empresa de médio porte é caracterizada pela quantidade de funcionários que ela possui, além da receita bruta. A empresa de grande porte é diferenciada pela quantidade de funcionários e faturamento, por possuir maior capacidade de produção, recebe tratamento diferenciado, onde este pode ser caracterizado por cobrança de impostos ou incentivos fiscais específicos. Outra entidade que também faz sua classificação é o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Este utiliza tal classificação para fornecer financiamentos para as empresas. O banco atualizou os valores de Receita Operacional Bruta (ROB) e criou uma faixa intermediária entre as médias e as grandes empresas, denominada média-grande empresa, conforme tabela 03: Tabela 03: Classificação segundo BNDES CLASSIFICAÇÃO RECEITA OPERIACIONAL BRUTA ANUAL OU RENDA ANUAL Microempresa Menor ou igual a R$ 300 mil Pequena empresa Maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões Média empresa Maior que R$ 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões Grande empresa Maior que R$ 300 milhões Fonte: www.bndes.gov.br/SiteBNDES. O BNDES classifica seus clientes em função do porte, o que permite uma atuação adequada às características de cada segmento, através da oferta de linhas, programas e condições específicas. O apoio às micro, pequenas e médias empresas, por exemplo, é considerado prioritário pelo BNDES, oferecendo condições especiais com o intuito principal de facilitar o acesso destes empreendimento ao crédito. A classificação de porte é realizada conforme a Receita Operacional Bruta (ROB) das instituições ou conforme a renda anual de clientes pessoas física. 4. CONTABILIDADE GERENCIAL A contabilidade é de suma importância em uma empresa, o que faz com que a necessidade de informação dos gestores seja atendida. Com os dados gerados é possível formular as opiniões sobre a gestão. Conforme Padoveze (2019, p. 33), “a contabilidade gerencial envolve o fornecimento de informações a gerentes para uso na própria organização, de modo, que ajuda a realizar três atividades vitais: planejamento, controle e tomada de decisão.” Nessa prerrogativa, constitui-se em um dos várias ramificações da ciência Contábil relacionada à área de controle e gerenciamento e fornecem subsídios para os gerenciadores, aqueles que estão dentro das empresas e que são responsáveispela direção e controle de suas operações para a tomada de decisão. Segundo Iudicibus (2019), a contabilidade gerencial caracteriza-se pelo conjunto de técnicas e procedimentos contábeis conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços, expostos de uma maneira diferente, como detalhes mais analíticos ou ainda, numa forma de apresentação e classificação diferenciada, para auxiliar os gestores em processos decisórios. Ela é uma ferramenta de auxilio administrativo com a finalidade de evidenciar de maneira simples os dados representados nas estruturas dos demonstrativos contábeis, para que os usuários que necessitam de dados concretos possam desse modo, obtê-los e utilizá-los na tomada de decisões. Assim, segundo Padoveze (2019, p.43), a contabilidade gerencial como todos os métodos e técnicas da contabilidade propriamente dita vista de forma mais detalhada e usada para gerar informação que agregue valor e auxilie na tomada de decisão (PADOVEZE, 2019, p. 26). Para Crepaldi (2017) o processo da contabilidade gerencial é obtido por meio de coletas de dados e informações que serão armazenadas e processadas no sistema de informação da empresa. Com a integração das informações obtidas nos vários departamentos, a contabilidade gerencial “proporciona aos seus administradores informações que permitem avaliar o desempenho de atividades, de projetos e produtos da empresa, além da situação econômica da empresa” (CREPALDI, 2017, p. 31). Desse modo, a contabilidade gerencial serve como uma ferramenta informacional para a administração de uma entidade. Este papel é desempenhado por meio da interpretação das demonstrações contábeis e financeiras, de modo que a contabilidade supra a necessidade que a gerência tenha em relação à correta interpretação dos demonstrativos. Assim, desempenha seu papel gerencial à medida que seus relatórios ou demonstrativos possam ser utilizados para análise por parte de seus usuários, com o propósito de auxiliar o processo de tomada de decisão. Nesse sentido, para que funcionem efetivamente, é essencial que estas informações estejam organizadas e que se tenha fácil acesso a elas. Para administrá-las é preciso um bom sistema que entenda tudo isso de forma estratégica (LACERDA, 2019, p. 23). Para que os administradores de empresas possam perceber o impacto direto em custos operacionais, produtividade, rapidez na comunicação, eficiências do resultado e na tomada de decisões. Segundo Correia (2017, p. 12), “as informações contábeis, advindas dos relatórios e demonstrativos financeiros e gerenciais, precisam representar de forma fidedigna a situação econômica da empresa” em virtude da necessidade de informações seguram capazes de contribuir positivamente para a tomada de decisão dos gestores. Assim, as informações contábeis são uma importante ferramenta no processo decisório das organizações. Em relação à micro e pequenas empresas, segundo Lacerda (2019), “para que o empresário de pequena empresa exerça suas atividades é necessário que ele também tenha acesso a instrumentos contábeis que permitam a melhor decisão” (LACERDA, 2019, p. 29). Para fins dessa pesquisa foram abordadas algumas ferramentas gerenciais, tais como: os relatórios contábeis e os indicadores financeiros. Desse modo, o Balanço Patrimonial é um “relatório contábil que apresenta informações sobre a posição patrimonial e financeira da empresa” (IUDCIBUS, 2019, p, 27). Este demonstrativo é evidenciado pelo ativo, passivo, e a diferença destes resulta no patrimônio líquido (IUDICIBUS, 2019, p. 28). A DRE apresenta o confronto entre receitas e despesas do período, de forma a evidenciar o desempenho da empresa: lucro ou prejuízo. Este demonstrativo é construído a partir dos saldos de encerramento de todas as contas de resultado (OLIVEIRA, 2020, p. 38) As análises horizontais e verticais são estudos desenvolvidos a partir de comparações entre índices passados ou através de indicadores setoriais e de empresas concorrentes. A análise horizontal, segundo Cavalcante (2010, p. 13), “é uma técnica de comparação dos valores de cada item do demonstrativo da empresa em cada período, considerando um determinado período como base”. E tem como objetivo demostrar a evolução de cada conta quando considerado isoladamente. A análise vertical está relacionada à determinação de percentual de cada grupo de conta do balanço patrimonial (LACERDA, 2016, p. 29). Além desta ferramenta, têm-se os indicadores financeiros, que são instrumentos que se baseiam no exame minucioso dos dados financeiros disponíveis pela empresa, de forma a diagnosticar a sua real situação econômico-financeira, e partir disso, tomar decisões mais coerentes (SANTANA, 2019, p. 33). Os indicadores financeiros são informações que permitem concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, em um contexto mais geral, se é ou não lucrativa. Assim, as principais formas de análises financeiras são: liquidez, que trata da situação financeira das empresas; a estrutura do capital, ou seja, o endividamento; a rotatividade das empresas; e as análises horizontais e verticais (IUDÍCIBUS, 2019, p. 31). Com o estudo desses pontos é possível identificar os pontos que precisam melhorar e a forma como isso tem de ser feito, além de facilitar as tomadas de decisões do gerenciamento empresarial. Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa e suas obrigações. As informações necessárias para o cálculo desse índice de liquidez são retiradas a partir do balanço patrimonial que evidencia a posição patrimonial da empresa, tarefa que necessita de constante atualização. Para uma ampla e correta análise de liquidez da empresa é essencial que se examine quatro índices de liquidez de forma simultânea e comparativa, observando quais são as necessidades da empresa, qual o ramo do mercado em que ela está inserida e quais as respostas que os gestores procuram ao calcular estes índices (CREPALDI, 2018, p. 22). A liquidez corrente é calculada a partir da razão entre os direitos e dívidas da empresa em curto prazo (empréstimos, financiamentos, impostos, fornecedores). No Balanço estas informações são evidenciadas respectivamente como: Ativo Circulante e Passivo Circulante. Já a liquidez seca, exclui do cálculo os estoques, por não apresentarem liquidez compatível com o grupo patrimonial onde estão inseridos. O resultado deste índice será invariavelmente menor ao de liquidez corrente, sendo cauteloso com relação ao estoque para a liquidação de obrigações (CREPALDI, 2018, p. 24). Liquidez Imediata considera o caixa da empresa, levando em conta os saldos bancários e aplicações financeiras de liquidez imediata para quitar as obrigações. Excluindo-se além dos estoques as contas e valores a receber. Entretanto, esse índice analisa a situação da empresa em curto prazo. Diferente da Liquidez geral que considera as informações em longo prazo, incluindo no cálculo os direitos e obrigações da empresa durante um período maior (CREPALDI, 2018, p. 26). Para os gestores um índice também de muita importância para análise é o relacionado à estrutura do capital ou endividamento. Este indicativo demonstra a origem dos recursos adquiridos pela empresa e o grau de dependência em que ela se encontra (SILVA, et al. 2019, p. 28). De modo geral, a interpretação do índice de endividamento consiste no fato de que enquanto maior for o índice, pior para a empresa. Isso por que, quanto mais dívidas para pagar num pequeno intervalo de tempo, maior será a pressão para a empresa gerar recursos para honrar seus compromissos. Os índices de rotatividade demonstram o prazo médio de giro de um grupo de conta qualquer possibilitando o conhecimento do ciclo operacionale financeiro da empresa. Segundo Iudicibus (2019, p. 39), os índices de rotatividade” representam a velocidade com que elementos patrimoniais se renovam durante determinado período de tempo”. Por sua natureza, têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores, fracionários de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar relacionamentos dinâmicos – daí a denominação de quocientes de atividade (rotatividade) – que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade. Normalmente, tais quocientes envolvem itens do demonstrativo de posição (balanço) e do demonstrativo de resultados, simultaneamente (IUDÍCIBUS, 2019, p. 40). De acordo com o autor, o índice de rotatividade ou endividamento caracterizam-se como quocientes que medem a funcionalidade das empresas e são capazes de apontar se estas estão em bom ou mal funcionamento. Daí a necessidade de armazenamento dessas informações através de relatórios contábeis. A análise das demonstrações contábeis é importante mecanismo de estudo das empresas, possibilitando aos empresários e administradores o planejamento e o controle do patrimônio da empresa e das atividades sociais, propiciando uma melhor tomada de decisões gerenciais e o bom funcionamento das Micro e Pequenas Empresas. 5. ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO 5.1. Histórico da empresa. O restaurante “Sabor de Casa” foi fundado em 2017 por Fernando Azevedo, empreendedora, com objetivo de se tornar uma referência de gastronomia nordestina na cidade, atrelando qualidade e agilidade em seu atendimento. Outra importante missão era de oferecer aos seus clientes uma alimentação de qualidade com o sabor nordestino e o tempero caseiro de forma a oferecer excelência em todos os serviços. A empresa trabalha no ramo de restaurantes e similares, tendo como natureza jurídica o Micro Empresário Individual (MEI), e está localizado na Avenida Garrastazu Medice, 241, São José de Ribamar - MA, 65110-000. Atualmente possui dois 4 empregados, um cozinheiro, um auxiliar de cozinha, dois garçons e a gestora e proprietária do estabelecimento. 5.2 Análise dos Resultados Foi entrevistada no dia 01 de novembro de 2020 por meio de aplicativo de ligação de videio a proprietária/gestora da empresa “Restaurante Sabor de Casa” e através dos dados obtidos construiu-se um panorama sobre o uso das ferramentas gerencias pelo gestores de micro e pequenas empresas. No roteiro da entrevista se buscou averiguar o modo de utilização das ferramentas gerenciais, especificamente se é como são utilizadas no processo de tomada de decisão da empresa. Este exame tinha o intento de investigar a importância do uso destas ferramentas na gestão das pequenas empresas, de modo que obtenha resultados satisfatórios. Pode-se perceber pelas indagações feitas que a gestão do empreendimento entende a contabilidade como uma ferramenta gerencial onde o uso dela oferece informações valiosos para decidir o futuro da empresa. Um exemplo citado é o uso dos balanços patrimoniais e das demonstrações de resultado pelo qual a gestão obtém dados como lucro e prejuízo para tomar decisões. Se houver lucro, observam onde existem fragilidades para, assim, investirem os recursos. Esse entendimento é tido no pensamento de Morais (2016, p. 12) que afirma que “a empresa bem administrada deve possibilitar a realização das atividades necessárias, objetivando o lucro, a maximização dos investimentos, o controle eficaz da entrada e saída de recursos financeiros”. Para completar esse pensamento, a gestora foi questionada sobre a sua opinião em relação as informações contábeis. Se essas informações proporcionam ao usuário uma melhor compreensão dos fatos ocorridos na empresa em determinado momento. Segundo a gerente do Restaurante Sabor de casa as informações contábeis são capazes de oferecer suporte as decisões tomadas pelos administradores. Um dos exemplos é a informação gerada pela planilha de custos a receber e a pagar, que são informações valiosas para o fluxo de caixa e suas aplicações. Segundo Moraes e Oliveira (2017), a sincronia entre o setor de compras, o setor comercial, o de contas a pagar e a receber bem como o controle da produção é de suma importância para o desenvolvimento e controle financeiro da empresa. Nesse sentido, a administradora da empresa foi questionada sobre ainda o uso dos relatórios contábeis pela gerencia para a tomada de decisão. A resposta foi positiva, tendo em vista que os relatórios contábeis são utilizados e se tem grande importância para que o gestor possa tomar suas decisões. Um exemplo é o relatório do fluxo de caixa, que possibilita a gestora uma análise da situação financeira da empresa de forma a garantir a possibilidade de investimentos. Para Crepaldi (2017) a DFC permite aos investidores, credores e gestores avaliarem a capacidade da empresa de gerar fluxos de caixa positivo, honrar seus compromissos, pagar dividendos, empréstimos. E, ainda, é utilizado para a análise dos índices de liquidez, solvência e flexibilidade financeira da entidade (CREPALDI, 2017, p. 23). Perguntas foram feitas no intuito de buscar informações em forma de demonstrações contábeis e relatórios, elementos importantes no suporte à gestão empresarial. Teve-se como resposta que com tais subsídios propiciam ao gestor melhores condições para avaliar a atual situação da empresa. Um exemplo é análise dos balanços, que visa obter informações importantes para a tomada de decisão. A análise de balanços visa extrair dados para a tomada de ação. O perfeito conhecimento do significado de cada conta facilita a busca de informações precisas (LACERDA, 2019, p. 42). Questionada sobre se a informação contábil é exclusivamente para cumprir com as obrigações legais e fiscais da empresa. A proprietária da empresa Sabor de Casa refere-se que além das obrigações legais e fiscais, a informação contábil vem como uma ferramenta gerencial de extremo apoio para a tomada de decisão. Para Padoveze (2019, p. 37), se existe a contabilidade, tem-se a informação contábil, mas se não a usar no processo administrativo, no processo gerencial, então não existe gerenciamento contábil, não existe Contabilidade Gerencial. Nesse sentido, para que a informação contábil seja usada no processo de administração, é necessário que ela seja desejável e útil para as pessoas responsáveis pela administração da empresa. Outra questão abordada foi quanto o restaurante tem alcançado em resultados satisfatórios através da utilização das ferramentas gerenciais nos processos decisórios. Diante do exposto, obteve-se como resposta que as ferramentas gerenciais fornecem informações que dão suporte para que possam tomar as decisões de forma organizada. Observa-se como exemplo a análise dos índices financeiros em que o gestor pode ter uma visão do que ocorre na empresa, e pode tomar a decisão de forma planejada. Segundo Assaf Neto (2018), os indicadores financeiros servem como identificadores que demonstram a potencialidade da empresa. A proprietária e gestora do estabelecimento foi também questionada sobre o reconhecimento do profissional de contabilidade. A resposta foi que que o profissional contábil influencia diretamente na empresa, possuindo uma relação constante com o mesmo, sabendo da importância do seu papel para auxílio à tomada de decisão, embora seja um serviço contratado por período e não efetivo da empresa. Outra indagação feita foi se as informações contábeis são de fácil acesso e estão disponíveis a qualquer momento, justamente pelas outras indagações feitas, observou-se que a gestora conta com informações atualizadas, através de relatórios disponibilizados pelo profissional contábil sempre que é solicitado. A utilização da informação contábil, como ferramenta de auxílioà gestão e tomada de decisão, ocorre diante do grau de necessidade do gestor ou proprietário (CREPALDI, 2017, p. 22). Outro ponto abordado se refere ao real atendimento das informações contábeis por parte da gerencia. A gestão considera que os relatórios baseados no histórico da empresa e posteriores exames são de suma importância na condução dos negócios. Neste sentido, Silva (2017) afirma que “as informações decorrem da análise de dados, geralmente servem para reduzir incertezas ou suscitar questionamentos. Um dado é relevante se dele puder ser composta uma informação”. A administradora da empresa também respondeu sobre as ferramentas contábeis que são regularmente utilizadas na empresa. A mesma refere-se que além dos índices financeiros, utilizam o Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração do Fluxo de caixa de ferramentas de auxílio para a sua gestão empresarial. Em relação à contabilidade gerencial, perguntou-se se na atualidade, com um mercado cada vez mais competitivo, a contabilidade gerencial é uma importante ferramenta de apoio para os gestores no processo de tomada de decisão. Teve-se como resposta que a contabilidade é uma importante ferramenta para gestão empresarial, de forma a auxiliar nas decisões tomadas pela empresa. Em vista disto a contabilidade gerencial está relacionada a várias técnicas e procedimentos contábeis que se mostram úteis à administração, a mesma tem como objetivo especial facilitar o planejamento, avaliação de desempenho e controle dentro da organização e para assegurar o uso apropriado de seus recursos (IUDICIBUS, 2019, p. 49). De acordo com as respostas apresentadas pela proprietária e gestora do restaurante “Sabor de Casa” foi possível identificar que apesar de ser uma micro e pequena empresa, faz uso de modo adequado das ferramentas gerenciais e reconhece o papel importante da contabilidade gerencial para auxílio na tomada de decisão. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste estudo foi analisar a importância das ferramentas gerenciais para controle e planejamento na gestão das micro e pequenas empresas de modo que apresentem resultados satisfatórios. Explicou-se, com base em literatura especializada, teorias e conceitos que enfatizam a importância e utilidade destes recursos nos processos decisórios das pequenas empresas. Diante do problema que motivou a escrita deste trabalho (como as ferramentas gerenciais podem auxiliar os gestores no processo de tomada de decisão?), verificou-se, mediante entrevistas, que a gestora do restaurante “Sabor de Casa” apresenta uma visão satisfatória da importância das ferramentas gerenciais, onde uso dela oferece informações valiosas para a gestão, de modo a oferecer suporte à tomada de decisão. No que diz respeito aos proveitos do uso das ferramentas gerenciais, observou-se que esta vertente é fundamental para o controle e gestão da empresa, de modo a auxiliar na tomada de decisão, já que as ferramentas gerenciais fornecem informações precisas e úteis aos seus gestores, de forma a ter as melhores condições para avaliar a atual situação da empresa. Constatou-se que a empresa faz uso de algumas ferramentas gerenciais como: Índices Financeiros, Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração do Fluxo de Caixa, o que demonstrou a preocupação em ter em mãos informações atualizadas, com o real cenário da empresa, de maneira a auxiliar na gestão, o que é fundamental para o alcance de resultados satisfatórios. Os resultados obtidos, através da entrevista, retratam uma imagem positiva para organização, a qual se torna um referencial competitivo para as outras empresas. Nesse sentido, os objetivos dessa pesquisa foram atingidos e a questão problema foi respondida de modo satisfatório. REFERÊNCIAS ALVERNE, Francisco Zoninoto Mont’. Noções de Comercio e Instituições Comerciais. Rio de janeiro: Pontifícia Universidade Católica, 2014.] ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018. BNDES. Disponível em: http://www.bndes.gov.br. Acesso em: 05 out. 2020. CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Contabilidade gerencial: Teoria e prática. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. IUDÍCIBUS, Sergio de. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2019. IUDICIBUS, Sergio de; MARION, Luís. Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09. 10º ed. São Paulo: Atlas, 2016. LACERDA, Joabe Barbosa. A contabilidade como ferramenta gerencial na gestão financeira das micros, pequenas e médias empresas (MPMEs): necessidade e aplicabilidade. 2019. MORAES, Rafael Cacemiro de; OLIVEIRA, Wdson de. A importância da gestão financeira nas empresas. UNAR (Centro Universitário de Araras), Revista Científica, v. 5, n. 1, Araras, São Paulo, 2017. MORAIS, Szabo. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. PADOVEZE, Clóvis Luiz. Contabilidade gerencial. 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