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Documento Orientador Municipal Referencial Curricular da Rede Municipal de Ensino de Pelotas Pelotas/2020 Prefeitura de Pelotas Prefeita Paula Schild Mascarenhas Vice-prefeito Idemar Barz Secretário Municipal de Educação e Desporto Artur Fernando da Rocha Corrêa Diretoria de Administração Geral e Apoio Jairo Borges Diretoria de Gestão Escolar Adolfina Mauch Diretoria de Desporto Sérgio Pereira Diretoria de Administração Escolar Glaci Maria Moreira Rodrigues Roger Lemões Jorge Diretora de Ensino Loreni Peverada de Freitas Silva Gerente de Ensino Rejane Corrêa Santos Gerente de Projetos Maria Fernanda Zanotta Carneiro Supervisores de Ensino Educação Infantil Alicéia Ceciliano da Silva Queler Rosi Guiot Mesk Fernanda Rodrigues dos Santos Márcia Santos de Farias Ensino Fundamental - Anos Iniciais Angélica Botelho Cavalin Aline Barbosa Batista Kelly Maciel Soares Raquel da Rocha Guterres Rosiane Maciel Carvalho Silva Ensino Fundamental - Anos Finais Arte Rejane Corrêa Santos Educação Física Liliane Locatelli Língua Estrangeira Lucélia Gonzales Seus Língua Portuguesa Michele Lemões da Silva Santos Lilian Rojahn Hartwig Pieper Ciências da Natureza Luciane Soares Ribeiro Matemática Liliana Hartwig Muller Raquel Martins Araújo História Rosa Maria Muller Morales Geografia Edson de Mello Borges Ensino Religioso Rosiane Maciel Carvalho Silva Educação de Jovens e Adultos Cátia Simone Crispa Pereira Sibele Mirapalhete Lopes Orientação Educacional Jussara Tedesco dos SantosCruz Vera Luci Alves Savedra Autores Professores da rede municipal de ensino Supervisores de Ensino Escolas de Educação Infantil Emei Adayl Bento Costa Emei Albina Peres Emei Anita Malfatti Emei Antônio Caringi Emei Bernardo de Souza Emei Cassiano Ricardo Emei Darcy Ribeiro Emei Dyrio Gorgot Emei Érico Veríssimo Emei Graciliano Ramos Emei Herbert de Souza Emei Ivanir Dias Emei Jacema Prestes Emei João Guimarães Rosa Emei José Lins do Rêgo Emei Lobo da Costa Emei Manuel Bandeira Emei Marechal Inácio de Freitas Rolim Emei Marília Poliésti Emei Mário Osório Magalhães Emei Mário Quintana Emei Monteiro Lobato Emei Nelson Abott de Freitas Emei Nestor Rodrigues Emei Oswald de Andrade Emei Paulo Freire Emei Ruth Blank Emei Vinícius de Moraes Emei Zola Amaro Escolas de Ensino Fundamental Escolas urbanas Emef Afonso Vizeu Emef Almirante José Saldanha da Gama Emef Antônio Joaquim Dias Emef Antônio Ronna Emef Balbino Mascarenhas Emef Bibiano de Almeida Emef Dr. Carlos Laquintinie Emef Cecília Meirelles Emef Círculo Operário Pelotense Emef Dom Francisco de Campos Barreto Emef Dona Maria Antônia Emef Dona Mariana Eufrásia Emef Dr. Alcides de Mendonça Lima Emef Dr. Brum de Azeredo Emef Dr. Joaquim Assumpção Emef Dr. Mario Meneghetti Emef Ferreira Vianna Emef Francisco Caruccio Emef Frederico Ozanan Emef Independência Emef Jacob Brod Emef Jeremias Fróes Emef Joaquim Nabuco Emef Jornalista Deogar Soares Emef Luciana de Araújo Emef Luiz Augusto de Assumpção Emef Machado de Assis Emef Ministro Fernando Osório Emef Nossa Senhora das Dores Emef Nossa Senhora de Lourdes Emef Nossa Senhora do Carmo Emef Núcleo Habitacional Dunas Emef Núcleo Habitacional Getúlio Vargas Emef Olavo Bilac Emef Osvaldo Cruz Emef Piratinino de Almeida Emef Professora Daura Ferreira Pinto Emef Santa Irene Emef Santa Teresinha Ensino Fundamental e Médio Colégio Municipal Pelotense Escolas do campo Emef Almirante Raphael Brusque Emef Professora Braulinda Fernandes Emef Bruno Chaves Emef Cel. Alberto Rosa Emef Dona Maria Joaquina Emef Dr. Berchon Emef Erasmo Braga Emef Evaristo da Veiga Emef Garibaldi Emef Henrique Peter Emef Honorina Torres Emef João da Silva Silveira Emef João José de Abreu Emef Júlio de Castilhos Emef Lima e Silva Emef Márcio Dias Emef Ministro Arthur de Souza Costa Emef Nestor Elizeu Crochemore Emef Wilson Muller Emef Waldemar Denzer Sumário Considerações iniciais ..................................................................... Um pouco de nossa história ........................................................... Pelotas: suas trajetórias ............................................................ A educação em construção ............................................................. A rede municipal de ensino ...................................................... Currículo da rede municipal de ensino .......................................... Marcos legais ................................................................................. Iniciando a discussão ..................................................................... Fundamentos pedagógicos ............................................................. Pinceladas teóricas para reflexões ................................................. Protagonismo discente e sujeito almejado ..................................... Desenvolvimento de competências: conhecimentos, habilidades, atitudes e valores......................................................................................... As 10 competências gerais da educação básica ............................. Metodologias ativas: alternativas para o desenvolvimento de habilidades e competências para uma educação integral............................. Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) ........ Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) ............................... Interdisciplinaridade ........................................................................ Avaliação ........................................................................................... Etapas e modalidade de ensino ..................................................... Educação Infantil .............................................................................. Ensino Fundamental ......................................................................... Ensino Médio .................................................................................... Educação Especial ............................................................................ Educação de Jovens e Adultos ......................................................... 01 04 04 08 08 17 17 19 21 24 27 31 32 36 42 43 48 48 52 52 53 53 54 58 Transição entre as etapas e fases de ensino ................................. Estrutura e organização do currículo .......................................... Educação Infantil ............................................................................. Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento .......................... Campo de Experiências “O eu, o outro e o nós” .......................... Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)......................................................... Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)........ Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).............................. Campo de Experiências “Corpo, gestos e movimentos” .............. Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)......................................................... Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)........ Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).............................. Campo de Experiências “Traços, sons, cores e formas”...............Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)......................................................... Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)........ Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).............................. Campo de Experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação”...................................................................................... Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)......................................................... Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)........ Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).............................. Campo de Experiências “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”.............................................................. Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)......................................................... Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)........ Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).............................. Bibliografia ..................................................................................... 60 62 62 76 76 76 79 83 87 87 91 94 98 98 99 102 104 104 108 112 116 116 118 123 128 1 Documento Orientador Municipal Referencial Curricular da Rede Municipal de Ensino de Pelotas Considerações iniciais O Documento Orientador Municipal (DOM) busca alinhar-se às normativas do documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Referencial Curricular Gaúcho (RCG), homologados em dezembro de 2017 e dezembro de 2018, respectivamente, após um longo período de construção com a participação de toda a sociedade. Além disso, almejamos construir, com a participação dos profissionais da educação da rede municipal de ensino, o currículo que norteará o trabalho pedagógico, tendo como meta, o desenvolvimento de uma educação integral de qualidade. A BNCC, em seu texto introdutório, explana que tal documento possui caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento (BNCC, 2017, p. 7). Assim, estudantes de todo o território nacional terão uma base comum de aprendizagens essenciais, buscando, desta forma, a igualdade e a equidade na Educação. No entanto, além de garantir esses direitos, os currículos devem oferecer uma parte diversificada sem ferir essas aprendizagens essenciais preconizadas pela BNCC e norteadas, também, pelo Referencial Curricular Gaúcho1 (RCG). Assim, a implementação da Base Nacional Comum Curricular, nas redes de ensino, ocorre mediante a construção do Documento Orientador Municipal e consequente realinhamento dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) das escolas, o que possibilitará garantir que cada comunidade escolar tenha, em seu currículo, suas especificidades locais e suas necessidades de acordo com o diagnóstico realizado. É importante destacar que o modelo de estruturação dos Regimentos foi discutido junto ao Conselho Municipal de Educação (CME) para posterior envio às escolas. A reelaboração dos PPPs escolares, em consonância com o DOM, é que subsidiará as ações e decisões pedagógicas que assegurarão essas aprendizagens essenciais. Conforme Silva (2012), o projeto pedagógico não é algo estanque que simplesmente é cumprido, mas se refere a uma dinâmica da organização escolar marcada por um processo mediante avaliação constante dos resultados obtidos, das práticas adotadas e dos objetivos almejados. 1 Documento elaborado pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), a União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime) e o Sindicato do Ensino Privado no Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), norteador dos currículos das escolas gaúchas. 2 Corroborando com esse posicionamento, o documento da Base Nacional Comum Curricular afirma que BNCC e currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade local, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, como também o contexto e as características dos alunos (BNCC, 2017, p. 16). Desta forma, é preciso ter claro que BNCC e currículos são documentos distintos. Enquanto a BNCC, em seu conjunto, traz aonde queremos chegar, ao final da Educação Básica, ou seja, as aprendizagens essenciais que os discentes deverão adquirir; os currículos e PPPs escolares irão nortear como chegar ao objetivo, traçando metas, estratégias, ações, metodologias etc. Tendo em vista a necessidade do alinhamento do currículo da rede à BNCC/RCG, alguns percursos pedagógicos foram realizados. Em janeiro de 2018, os supervisores de ensino da Secretaria Municipal de Educação e Desporto – Smed – intensificaram o processo de apropriação da Base Nacional Comum Curricular, assim, grupos de estudos foram criados para leituras e discussões acerca do documento. Seguindo o processo, em abril do mesmo ano, supervisores de ensino da Smed participaram do 1º Seminário Estadual da Nova Base Nacional Comum Curricular, em que houve o lançamento da plataforma digital do Referencial Curricular Gaúcho. No mês seguinte, em maio, a Secretaria realizou reunião/formação com coordenadores pedagógicos para início das discussões com as escolas. Nesse encontro, o foco foi “o sujeito que a escola quer formar”. Posterior a isso, a Smed elaborou e disponibilizou, às escolas, materiais de estudos e de reflexão sobre a BNCC para as discussões em reuniões pedagógicas. Nessas reuniões, os professores puderam ler, compreender, exercitar e refletir sobre as mudanças que a BNCC propõe. A partir do retorno das atividades de reflexão, os supervisores de ensino puderam acompanhar os percursos pedagógicos realizados pelas escolas, assim como, utilizar essas reflexões na construção deste documento orientador. Em julho, aconteceu a Conferência de Avaliação e Monitoramento do PME e CONAE municipal com a participação de representantes da sociedade civil e instituições escolares. Além disso, a Smed esteve presente na CONAE estadual, em setembro, e na nacional, em novembro. Em setembro e outubro de 2018, professores e estudantes da rede municipal foram consultados por meio de amplo processo de escuta, que possibilitou compilar as percepções, as recomendações e os anseios para a estruturação de um currículo com vistas a uma educação integral de qualidade. Já em 2019, no mês de abril, a Smed participou do 30º Fórum Estadual das Secretarias Municipais de Educação do RS e Fórum Ordinário da UNDIME/RS. Em maio, esteve no 1° Encontro Presencial nas Regionais Referente à Formação Continuada de Professores - BNCC e RCG e, em 3 outubro, no 2º Encontro. Ademais, as instituições de ensino da rede realizaram discussões sobre a BNCC/RCG nos dias D, os quais foram momentos de estudo e discussão sobre a BNCC e RCG ocorridos nas escolas com a participação dos professores e das equipes diretivas. Em julho, a primeira versão do DOM foi enviada às escolas, via documento pdf e formulário google forms, para que os profissionais da educação da rede pudessem fazer suas contribuições. Tivemos mais de 700 contribuições, as quais foram recebidas, lidas, analisadas e algumas acrescidas neste documento. Assim, buscamos a ampla participação da rede de ensino na construção do currículo. Em novembro,foi encaminhada a segunda parte do documento, em que os docentes puderam contribuir dentro das especificidades de seus componentes curriculares. Desta forma, o Documento Orientador Municipal foi construído, coletivamente, visando assegurar sua identidade e, também, sua incorporação pelos agentes das ações, no caso, a comunidade escolar. A seguir, temos o gráfico de participação na 1ª consulta pública deste documento: 4 Um pouco de nossa história Pelotas: suas trajetórias A história de Pelotas faz parte do processo de formação do Rio Grande do Sul. Nos primórdios, foi habitada por vários grupos indígenas, de diversas etnias, com destaque para os guaranis, pampeanos e gês. No Século XV, vieram espanhóis e portugueses, estimulados pela expansão marítima com interesses mercantilistas e pela ocupação do território, conforme estabelecido no Tratado de Tordesilhas (1494). Posteriormente, atraídos pelo projeto colonizador das potências ibéricas, chegaram outros povos. No século XVI, vieram africanos escravizados para o cultivo da cana de açúcar. No século XIX foram criadas colônias na serra gaúcha, atraindo povos como italianos e alemães. Todos participaram e contribuíram na colonização do Rio Grande do Sul. O interesse de Portugal na região era expandir as fronteiras e participar do comércio no Rio da Prata, acirrando a disputa e a rivalidade com a Espanha. Como estratégia da coroa portuguesa, houve a distribuição de Sesmarias de campos destinadas às fazendas de gado, bem como a distribuição de Datas2, destinadas à agricultura, garantindo, desta forma, a 2 Datas são porções de terra que, durante o período colonial, o rei de Portugal concedia através de cartas de Doação. As Datas eram destinadas à ocupação do território, através do trabalho agrícola, montagem de engenhos ou criação de animais. ocupação e a defesa do território. O critério para distribuição das terras foi a de retribuição de serviços militares. Entre 1730 e 1740, fazendo parte da administração portuguesa, foi implantada, na atual cidade de Rio Grande, a Comandância Militar do Rio de São Pedro, que, além da doação de terras, deveria assegurar a cobrança de impostos sobre o gado, os couros e demais negócios na região. Os conflitos aumentaram com a criação da Colônia do Sacramento no Rio da Prata, em frente a Buenos Aires, e com os constantes ataques dos bandeirantes paulistas às reduções jesuíticas. Em 1758, com o final da Guerra Guaranítica, o General Gomes de Freire de Andrade concedeu, ao Coronel Tomaz Luiz Osório, uma Sesmaria no “Rincão de Pelotas”. O Rincão foi presenteado por serviços prestados nas guarnições do Continente de São Pedro. A doação se deu para implantar sete charqueadas, sendo seis na margem esquerda do Arroio Pelotas e uma na Laguna dos Patos, vinculadas ou não às fazendas que lhe deram origem. (GUTIERREZ, 2011) Em 1799, o português José Pinto Martins fixou-se às margens do Arroio Pelotas e desenvolveu a indústria do charque em larga escala. O sucesso de seu empreendimento atraiu outros charqueadores. Segundo Alvarino de Fontoura Marques, “a salga de carnes, há muito tempo praticada, em pequena escala, em outras regiões do Rio Grande do Sul, transformou-se, a partir de Pelotas, numa indústria poderosa, que passou a ser a razão da existência das estâncias do interior, principalmente na metade Sul rio-grandense”. (FONTOURA, 1987, p. 85) 5 As charqueadas trouxeram grandes recursos econômicos, o que possibilitou o crescimento da região no século XIX. Devido a esse crescimento, os moradores solicitaram ao Príncipe Regente, D. João, o alvará de criação de uma Freguesia. Em 7 de julho de 1812, o Príncipe Regente concedeu o alvará de criação da Freguesia de São Francisco de Paula, a qual foi elevada à condição de Vila, por iniciativa do padre Pedro Pereira Mesquita e, após três anos, foi elevada à condição de Cidade, com o nome de Pelotas, referindo-se às embarcações de varas de corticeira forradas de couro utilizadas na travessia dos rios (pelota). A partir de então, surgem três grupos com opiniões diferentes sobre o local da sede da cidade. Por um acordo, entre Antônio dos Anjos, proprietário da charqueada e estância do Fragata, com o Padre Felício Joaquim da Costa Pereira, começou a construção da casa do vigário e da igreja, atual Catedral Metropolitana. A partir dessas construções, houve o primeiro loteamento, cujas construções urbanas cresciam em direção ao canal São Gonçalo. O segundo loteamento, nas terras da Dona Mariana Eufrásia da Silveira, teve a finalidade de prestação de serviços públicos, situada nas imediações da atual Praça Cel. Pedro Osório, da Prefeitura Municipal, da Biblioteca Pública Pelotense, o que hoje corresponde ao atual centro histórico. As sobras das Sesmarias foram destinadas ao logradouro público Tablada, para facilitar o comércio de gado, dando origem ao conhecido Corredor das Tropas e, posteriormente, à Avenida São Francisco de Paula. As charqueadas, espaço de produção do charque, produzido, fundamentalmente, pela mão de obra escravizada, era um ambiente mórbido, insalubre e com mau cheiro. Elas ficavam localizadas fora do perímetro urbano, nos terrenos ribeirinhos, às margens do canal São Gonçalo e do Arroio Pelotas. Pelotas, com o desenvolvimento das charqueadas, tornou-se um polo produtivo e rico, seu apogeu durou até, aproximadamente, a Revolução Farroupilha, período em que as charqueadas entraram em declínio e iniciou a diversificação da produção. Os próprios charqueadores começaram a investir em outros ramos como: sabão e velas, fiação e tecidos, calçados, móveis, telhas e tijolos. As charqueadas ainda produziam e alimentavam, de matérias primas, grandes curtumes, fábricas de preparação de couros e frigoríficos. Assim, gradativamente, instalaram-se as primeiras indústrias, atraindo pessoas e atendendo ao comércio local e cidades vizinhas. Ao mesmo tempo, os charqueadores, estancieiros e comerciantes se interessavam pela zona rural para extração da madeira e, esporadicamente, à formação de pequenas lavouras, ambas atividades baseadas na mão de obra escravizada. Concomitantemente, houve a chegada de imigrantes alemães e italianos com o objetivo de desenvolver a agricultura de base familiar e com a missão de transformar econômica e culturalmente as áreas ocupadas. Diferentemente do processo do Sudeste do país, esses fluxos imigratórios não visavam à substituição da mão de obra escravizada. Os imigrantes trouxeram, para a região de Pelotas, a tradição doceira, que se tornou prática corrente na zona rural com o cultivo de diversas frutas e, assim, favorecendo o surgimento da fabricação artesanal de compotas. Ainda que a grande maioria dessas agroindústrias tenha se 6 instalado na zona rural, junto aos pomares, elas também colaboraram, fornecendo matéria prima para as agroindústrias localizadas na zona urbana. O apogeu das fábricas rurais ocorreu de 1950 a 1960. Pelotas, a partir da Lei Municipal n° 2.096, de 06 de dezembro de 1973, criou o Distrito Industrial, acompanhando o pensamento nacional, já que a industrialização era, naquele momento, a superação do subdesenvolvimento dos países. O Distrito Industrial possuía uma área de, aproximadamente, 600 ha, situada na antiga Estrada da Produção, ao longo da BR 392 (trecho Pelotas-Canguçu) e, na margem sudeste, atravessada pela BR 116, Bairro Fragata . Como meio de estimular o desenvolvimento de Pelotas, era conveniente situar o espaço, de maneira racional, em relação aos acessos da cidade, sobretudo, as vias rodoviárias, visto a opção pelo transporte rodoviário em detrimento dos demais. Ainda que, apenas previstos, estes acessos foram previamente viabilizados como parte das obras de infraestrutura.A empresa paulista CICASUL foi a primeira indústria a instalar-se no Distrito Industrial, seguida pela J. Alves Veríssimo S.A. Indústria, Comércio e Importação, a qual operava sob o nome fantasia de VEGA, iniciando suas atividades, na zona rural, antes de transferir-se para o local. A implantação do Distrito Industrial permitiu, além de reunir empresas produtivas, congregar esforços políticos e econômicos em prol de uma dinamização espacial e estrutural para o município. Porém, esses estímulos não foram atrativos suficientes para promover o deslocamento das diversas empresas conserveiras, historicamente, instaladas nas avenidas Fernando Osório e Duque de Caxias, tampouco das situadas na antiga zona fabril portuária. Cabe ressaltar que, do êxito dos charqueadores, sustentado no trabalho escravizado, surgiram os sobrados no centro da cidade, onde promoviam banquetes e saraus. Essa riqueza permitia que os filhos de charqueadores fossem estudar no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Europa. Alguns charqueadores, inclusive, receberam títulos de nobreza3. Em 15 de dezembro de 1977, três casas localizadas na Praça Coronel Pedro Osório – números 2, 6 e 8 – foram reconhecidas como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), através da inscrição nº 526, no Livro Tombo de Belas Artes e nº 70 no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. A descrição do registro diz que o conjunto é formado por casarões em estilo eclético, com interiores e exteriores requintados, como os forros em gesso e em marmorino, as pinturas e barras decorativas nas paredes, as esquadrias com vidros de cristal trabalhados, os gradis de ferro fundido, as platibandas decoradas com estátuas e jarrões de louça. “Afirma que a sua arquitetura utilizou projetos, materiais e elementos decorativos importados da Europa e expressa o poder e a sofisticação das ricas famílias locais”4. 3 Disponível em: https://vivaosanta.wordpress.com/2009/07/09/historico-da-cidade-de- pelotas/ acesso em jun de 2019. 4Dicionário de História de Pelotas. Disponível em: http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/3735/1/Dicionário%20de%20História%20de% 20Pelotas.pdf, acesso em jun de 2019. http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/3735/1/Dicion%C3%A1rio%20de%20Hist%C3%B3ria%20de%20Pelotas.pdf http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/3735/1/Dicion%C3%A1rio%20de%20Hist%C3%B3ria%20de%20Pelotas.pdf 7 Com a interrupção da atividade saladeiril, a cidade do charque vai transformar-se na “capital nacional do doce”. A tradição do doce em Pelotas coincidiu com a implantação das primeiras charqueadas. Os primeiros charqueadores eram portugueses que trouxeram diversas receitas de delícias lusitanas com preferência pelo doce. Como o açúcar era escasso, havia necessidade de trazer de outros estados, como Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Os doces eram fabricados de maneira artesanal, pelas senhoras e mucamas, e envolvidos em papéis de renda franjados. A fama dos doces foi se espalhando por todos os estados sendo servidos em festas do Centro do país, nos intervalos dos saraus ou das apresentações teatrais5. Hoje, a cidade de Pelotas é caracterizada por possuir, em sua formação, uma pluralidade de etnias que confere ao povo Pelotense uma grande riqueza cultural, através de diferentes manifestações artísticas, religiosas e culturais. Pelotas é a quarta cidade mais populosa do Rio Grande do Sul. Possui, conforme estimativa do IBGE6 de 2018, aproximadamente 341.648 habitantes, sendo que cerca de 92% desse total residem na zona urbana. No ano de 2018, Pelotas recebeu o reconhecimento do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como cidade Patrimônio Cultural Brasileiro por meio do registro de seu patrimônio imaterial (tradição doceira) e do tombamento de seu patrimônio material (7 sítios reconhecidos, junto aos casarões históricos dos seus entornos). A 5 Disponível em: http://docesdepelotas.org.br/site/do-sal-ao-acucar/, acesso em jun de 2019 6 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/pelotas/panorama, acesso em jun de 2019 cidade foi pioneira na conquista desta dupla certificação. Com o título, surge o desafio da divulgação desse reconhecimento e da preservação deste legado histórico para que não sofra ações depredatórias, vandalismo e descaso e, consequentemente, o risco da perda desse tão importante patrimônio edificado. A cidade de Pelotas, por ser um centro econômico, industrial e cultural da região sul do Rio Grande do Sul, também é considerada cidade universitária, evidenciada pela intensa migração de estudantes, oriundos não só dos municípios vizinhos, mas de todas as partes do país, além de discentes pelotenses. O município conta com duas reconhecidas Instituições de Ensino Superior (UCPEL e UFPEL), com mais de 24 mil7 estudantes, matriculados em seus diversos cursos, além de outras universidades, como o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSUL), a Faculdade Anhanguera Educacional, a Faculdade de Tecnologia Senac-RS, dentre outras. 7 Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2012/07/estrutura-das- universidades-faz-de-pelotas-um-polo-de-ensino-na-, acesso em jul de 2019. http://docesdepelotas.org.br/site/do-sal-ao-acucar/ https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/pelotas/panorama https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade https://pt.wikipedia.org/wiki/IFSul_Campus_Pelotas https://pt.wikipedia.org/wiki/Anhanguera_Educacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Anhanguera_Educacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Senac https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2012/07/estrutura-das-universidades-faz-de-pelotas-um-polo-de-ensino-na- https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2012/07/estrutura-das-universidades-faz-de-pelotas-um-polo-de-ensino-na- 8 A educação em construção A Rede Municipal de Ensino A Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed), atualmente, localizada na Praça 20 de Setembro, 366, é responsável pela organização, execução, manutenção, administração, orientação, coordenação e controle das atividades do Poder Público, ligadas à Educação, seguindo a legislação, as deliberações e o cumprimento das decisões do Conselho Municipal de Educação nas instituições que integram a rede pública municipal de ensino.8 A Smed tem, sob sua responsabilidade, a gestão de vinte e nove (29) Escolas Urbanas de Educação Infantil e sessenta (60) Escolas de Ensino Fundamental, sendo vinte (20) na zona do campo e quarenta (40) na zona urbana, atendendo desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. Na Educação Infantil, o atendimento se dá em turno parcial e integral; no Ensino Fundamental regular, há aulas nos turnos da manhã e da tarde (conforme organização de cada escola). Em 2019, duas escolas passaram atender em tempo integral, Emef Maria Joaquina, no campo, e Emef Dr. Mário Meneghetti, na zona urbana, buscando expandir nos próximos anos para outras, atendendo ao Plano Municipal de Educação; na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em vinte (20) escolas municipais, 8Disponível em: http://www.pelotas.com.br/governo/smed, acesso em mai de 2019. tanto na zona urbana quanto na zona do campo, as aulas acontecem no vespertino e no noturno. O Ensino Médio é proporcionado em uma das escolas da rede municipal, abrangendo as modalidades: Ensino Médio Regular e EJA, Curso Normal (Médio Habilitação em Anos Iniciais), Ensino Pós-Médio (Habilitação Educação Infantil e Anos Iniciais), conforme regimento interno da instituição. O atendimento ocorre nos turnos da manhã e da noite. A Smed e oConselho Municipal de Educação (CME) atuam em conformidade com a legislação vigente e em parceria com as Instituições representadas, formando o Sistema de Ensino. Assim, juntos, orientam e supervisionam as Escolas da Rede Pública, Infantis Particulares e Assistenciais de Pelotas. A partir dos dados fornecidos pelo Setor de Processamento de Dados Escolares, referente ao mês de outubro de 2019, o total de estudantes, com matrícula geral, era de trinta e dois mil oitocentos e sessenta e três (32.863), os quais estão distribuídos nas etapas, modalidades e níveis apresentados. A rede possui três mil cento e setenta e nove (3.179) professores e mil quinhentos e cinquenta e nove (1.559) funcionários, conforme dados obtidos até mês de novembro de 2019, através do Setor de Recursos Humanos da Smed. A Secretaria Municipal de Educação e Desporto conta, em seu organograma, com o Secretário municipal, Gabinete, cinco Diretorias (de Ensino, de Administração Escolar, de Administração Geral e Apoio, de http://www.pelotas.com.br/governo/smed 9 Gestão Escolar e de Desporto e Lazer), além de uma Assessoria de Programas Educacionais – Apeduc. A Diretoria de Ensino: A Diretoria de Ensino é composta por Diretora de Ensino, Gerência de Ensino, Gerência de Projetos Escolares, Supervisores de Ensino, Serviço de Orientação Educacional. É responsável pelo assessoramento, apoio e incentivo às escolas, realizados através de reuniões pedagógicas; curso de formação continuada; formação para coordenadores pedagógicos; coordenação de projetos pedagógicos na rede; organização e execução de eventos pedagógicos, fóruns, seminários, feiras; análise de Regimentos e Projetos Políticos Pedagógicos; análise de projetos (sábados letivos); análise de projetos de pesquisa e estágios; elaboração dos instrumentos da Avaliação Municipal; atendimento à comunidade em geral; acompanhamento ao Setor Administrativo na análise inicial de quadro docente das escolas; elaboração de defesa e/ou justificativas à PGM (Procuradoria Geral do Município) ou Promotoria com designação de estudantes por medidas judiciais; elaboração de justificativas ao Conselho Tutelar sobre inexistência de vagas em creche. Possui representação em diversos Conselhos e Comitês (Conselho Municipal de Educação - CME, Conselho Municipal da Criança e do Adolescente – Comdica, Promotoria Regional de Educação, Conselho Municipal de Assistência Social, Grupo Educa-Ação, Conselho Municipal de Proteção Ambiental, Conselho Municipal dos PCDs, Comissão de combate ao Trabalho Infantil – Competi, Núcleo municipal sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável, Conselho para Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pelotas – CPDCNP, Conselho Municipal de Politicas Públicas sobre Drogas, Comitê Gestor da Educação Especial, Fórum Municipal de Educação, Conselho de Ensino Religioso do Estado do Rio Grande de Sul – Coner, Comitê de Diversidade Religiosa, Comitê Gestor Quilombola, Plano de Ação Articulada, Comissão de Licenciaturas, Comissão Interna de Prevenção do Pacto Pelotas pela Paz – CIP, Programa Saúde na Escola – PSE). Integram, ainda, a Diretoria de Ensino: Centro Tecnológico Educacional de Pelotas Professor Ruy Carlos Miritiz (Cetep) O Cetep, fundado no dia 09 de julho de 2014, tem como principal objetivo dar suporte tecnológico às escolas da rede municipal, qualificar os professores e proporcionar que as ferramentas tecnológicas façam parte da vida escolar dos educandos. O Cetep, cujo nome homenageia Ruy Carlos Miritiz, professor da rede municipal e grande incentivador da inclusão digital, também desenvolve projetos com estudantes da rede em parceria com outras instituições. O Centro conta com biblioteca com acervo composto por livros didáticos, literatura infantil, infantojuvenil e livros da 10 área da educação. Além disso, desenvolve projetos de qualificação para coordenadores de bibliotecas, Hora do Conto e Brinquedoteca. Educação Especial O Centro de Apoio, Pesquisa e Tecnologia para a Aprendizagem (Capta), o Centro de Autismo Dr. Danilo Rolim de Moura e o Centro de Atendimento Luiz Pereira Lima oportunizam atendimento pedagógico especializado aos estudantes com deficiências (física, visual, auditiva, intelectual e múltipla), com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com Altas Habilidades/Superdotação, bem como a orientação às equipes diretivas, aos professores e aos funcionários; ofertam, também, formação continuada e implementação de ações e estratégias que facilitem o processo de inclusão no contexto escolar. ● Centro de Apoio, Pesquisa e Tecnologias para a Aprendizagem (Capta) A gestão da Prefeitura Municipal de Pelotas, em 2005, reafirmou o seu compromisso com a implementação das Políticas da Educação Inclusiva. Criou-se, então, o Capta, setor da Secretaria Municipal de Educação e Desporto, que responde pela Educação Especial e está ligado à Diretoria de Ensino. Atualmente, existem aproximadamente 1570 estudantes com deficiência, incluídos na rede municipal de ensino, sendo que 1487 são atendidos nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) com o Atendimento Educacional especializado (AEE). Uma das ações implementadas junto ao SPDE da Secretaria, garante que todos os estudantes com deficiência, incluídos na rede, possam ter o resultado final de suas avaliações expresso através de parecer descritivo. Devido ao crescente aumento na demanda de estudantes com deficiência, incluídos na rede municipal de ensino, foi criado o cargo de Cuidador, que desempenha uma função de apoio e suporte quanto à higiene, à alimentação e à locomoção e, posteriormente, a função de Professor Auxiliar, que acompanha e apoia o desenvolvimento do aluno no processo de aprendizagem. Ambos são profissionais de apoio ao processo de Inclusão e não atuam com atendimento exclusivo. ● Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura Em 5 de dezembro de 2013, foi assinado o decreto de criação do Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura que tem como mantenedora a Secretaria Municipal de Educação e Desporto. No dia 2 de abril de 2014, o Centro foi inaugurado e, atualmente, atende cerca de 420 pessoas com idades variadas com laudo diagnóstico CID F84. Em fevereiro de 2018, a sede do Centro mudou-se para outro local devido à necessidade de ampliar os atendimentos, isto ocorreu devido à grande demanda. O Centro realiza formações específicas na área do TEA para professores, gestores, municípios da região sul e comunidade em geral. São 11 realizados, sistematicamente, acompanhamento e orientações às escolas onde estão incluídos estudantes com TEA. ● Centro de Atendimento Educacional Especializado Dr. Luiz Pereira Lima (CAEE) O Centro de Atendimento Educacional Especializado Dr. Luiz Pereira Lima, localizado na zona do campo, 5º distrito, Cascata, foi criado em 2007 e tem como objetivo levar o Atendimento Educacional Especializado (AEE) aos estudantes com Deficiência e Altas Habilidades daquela região. São realizadas atividades de vida diária, que visam possibilitar a autonomia, independência plena e efetiva participação dos estudantes na sociedade, contando com acessibilidade, alimentação, ampla área de recreação, computadores e material pedagógico adequado. “As atividades do AEE diferenciam-se daquelas realizadas em sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Este atendimento complementa ou suplementa a formação dos estudantes com vistas à autonomia e independência dentro e fora da escola.” (BRASIL, 2008. p.15). A Smed, seguindo as Diretrizes da Política Pública Nacional da Educação Inclusiva, ao criar o CAEE tornou-se pioneira e referência de Centro de AEE na Zona do Campo, atendendo, atualmente, 40 estudantes. Central de Matrículas A Secretaria Municipalde Educação e Desporto mantém, desde 1995, o sistema de matrícula informatizada, que define a democratização da matrícula nas redes estadual e municipal, mantendo e assegurando a credibilidade de serviços públicos para a comunidade, garantindo a igualdade de condições para o acesso preconizado pela Lei n° 9.394/96 e equidade entre os candidatos pela definição clara de critérios para designação de estudantes. A Diretoria de Administração Escolar: A Diretoria de Administração Escolar é composta pelo Diretor Administrativo, Chefes de Setor do Recursos Humanos, Chefe do Setor de Departamento do Centro de Processamento de Dados, Chefe do Setor Administrativo, Supervisores. Integram a Diretoria de Administração: A Diretoria de Administração Escolar é responsável pelos servidores ligados à mantenedora desde a sua nomeação, como designação para as instituições escolares, como também pelo atendimento direto às suas necessidades profissionais relacionadas à vida funcional. O Setor Administrativo, ligado a esta Diretoria, elabora e acompanha processos administrativos demandados pelo Secretário de Educação e Desporto no uso de suas atribuições, orienta as equipes diretivas quanto às diligências administrativas da gestão escolar. Os Supervisores realizam assessoria administrativa específica às escolas, de acordo com seus níveis, da 12 Educação Infantil ao Ensino Médio (caso do Colégio Municipal Pelotense), assim como as modalidades Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial. O Setor Administrativo tem como função acompanhar a necessidade de reposição de professores e funcionários nas escolas da rede municipal, supervisionar o desempenho profissional dos mesmos e promover a interlocução com as equipes diretivas, quando necessário, e com as diretorias na mantenedora. Atualmente, o Setor Administrativo possui servidores, entre diretores, chefes e supervisores, com objetivo principal de assessorar as escolas nas suas necessidades e demandas, oferecendo subsídios nas questões administrativas, orientando-as na sua prática cotidiana de gestão, auxiliando no cumprimento do seu papel institucional. A Diretoria de Administração Escolar, através do Setor Administrativo, tem o papel de planejar ações de melhoria na gestão administrativa das escolas, acompanhando os processos de execução das metas propostas pelas equipes diretivas das escolas, o cumprimento do calendário escolar, a organização do quadro funcional, a efetividade, o diário de classe, a solicitação de vale-transporte dos servidores, os remanejos e suas respectivas lotações, as reposições de servidores em caso de aposentadoria, exoneração, licenças ou falecimento. É responsável, também, pelo registro e documentação de todas as ocorrências que se processam no âmbito das unidades escolares como licenças-prêmio, licenças interesse, licenças-maternidade, licenças-sáude, gratificações pelo efetivo trabalho com estudantes PNE, gratificações pelo efetivo trabalho em sala de aula regular, exonerações, contratos emergenciais, complementações de carga horária, férias, gratificações de direção, gratificação de coordenação pedagógica, funções gratificadas, cargos em comissão, gratificação de supervisão e orientação, horas extras e horas excedentes. Dentre os setores ligados à Diretoria de Administração Escolar está o Setor de Processamento de Dados Escolares (SPDE) que tem, como principal atividade, registrar todas as matrículas das oitenta e nove escolas da rede municipal, acompanhar o movimento mensal destas matrículas através das transferências, evasões, matrículas novas. Este setor também digita o resultado das avaliações trimestrais dos estudantes das escolas da rede municipal, organizando ao final do ano letivo, o cálculo para obtenção do resultado final dos educandos aprovados e reprovados, a única exceção está no Colégio Municipal Pelotense que possui sistema interno de digitação na secretaria da escola. As escolas da rede municipal são atendidas pelo SPDE diariamente com a finalidade de orientação, organização e correção das demandas das secretarias escolares. É deste setor que são expedidos os diários de classe para uso dos professores em suas respectivas turmas, bem como a emissão do boletim de notas dos estudantes com a expressão dos resultados das avaliações, além do levantamento de dados estatísticos para uso interno da mantenedora. O SPDE é responsável, também, pela capacitação e supervisão do Censo 13 Escolar, principal instrumento de coleta de informações da educação básica, das escolas da rede pública municipal, das escolas assistenciais e filantrópicas e das escolas privadas de Educação Infantil. O Setor de Recursos Humanos também está ligado à Diretoria de Administração Escolar e é composto por uma equipe formada por professores e oficiais administrativos encarregados de coordenar, executar atividades relativas ao registro e à atualização cadastral dos recursos humanos dos servidores da Secretaria de Educação e Desporto. O setor tem a responsabilidade de guardar, zelar e manter atualizada a vida funcional dos servidores vinculados a esta Secretaria. Também tem, como responsabilidade, o encaminhamento de requerimentos internos, ofícios e memorandos, agilizando o serviço junto aos demais setores e com as demais Secretarias do município, bem como o controle de permutas, cedências e ocorrências funcionais. Realiza a conferência e encaminhamento da aposentadoria, do adicional noturno e da gratificação de difícil acesso de servidores. Este setor abastece os dados relativos ao portal da transparência da Prefeitura de Pelotas. E, finalmente, tem como suporte o Setor de Protocolo que controla o material de expediente utilizado pela secretaria, encaminha requerimentos dos servidores junto à mantenedora, atendendo a demanda específica de cada um. Sendo assim, é importante a reflexão sobre o significativo elo entre a Diretoria de Administração Escolar com a Diretoria de Ensino como articuladoras dos processos de construção e reconstrução da gestão escolar. Os aspectos multiculturais no contexto educacional, assim como demandas administrativas, cada vez mais complexas, exigem o acompanhamento das equipes diretivas e da dinâmica das instituições escolares, através de parâmetros, previamente, combinados entre o pedagógico e o administrativo para garantir o desempenho das suas funções com competência e eficácia. A Diretoria de Administração Geral e Apoio: Responsável pelo apoio jurídico da Secretaria Municipal de Educação e Desporto; atuando especificamente nas contratações, convênios e parcerias da Smed. A Diretoria de Gestão Escolar: Responsável por toda logística de preparação e manutenção para que as escolas tenham o necessário para que a finalidade principal da educação aconteça, isto é, os estudantes tenham escolas com toda a infraestrutura, espaços qualificados, equipamentos, informática, transporte, alimentação, dentro de um orçamento compatível com a realidade orçamentária e financeira da secretaria e de acordo com legislação vigente. Compreende: 14 1 – Setor de Manutenção e Conservação de Escolas: Responsável por pequenos reparos em alvenaria, rede de água, esgoto, elétrica, pintura, capina, serralheria, marcenaria em todas as 89 escolas da rede municipal etc. 2 – Departamento de Alimentação Escolar: Responsável pelos quantitativos de alimentos, recebimento, armazenamento, distribuição, cardápios, assessoramento técnico através de nutricionistas, cumprimento de legislação do PNAE a toda a rede de escolas municipais, assistenciais e filantrópicas. 3 – Gerência de Material: Responsável pelo estoque, distribuição de todo o material mobiliário, eletroeletrônico, higiene, limpeza, pedagógico e uniformes a toda a rede de escolas municipais. 4 – Departamentode Informática: Responsável pelo atendimento a todas as 89 escolas da rede municipal em assessoramento, conserto e logística dos equipamentos de informática. 5 – Departamento de Engenharia: Responsável pela manutenção das escolas da rede, elaborando projetos, exercendo fiscalização de obras, fazendo orçamentos com prestadores de serviços e elaborando laudos em situações de risco. 6 – Departamento de Transporte: Responsável pelo gerenciamento e manutenção da frota de veículos da Smed, transporte escolar em veículos próprios. 7 – Gerência de Compras: Responsável pelos encaminhamentos de compras e serviços diretos e através de procedimentos licitatórios encaminhados à secretaria da Fazenda. 8 – Gerência Financeira: Responsável pelo orçamento da secretaria, acompanhamento financeiro de contas vinculadas, pagamentos, água, luz, transporte escolar, aluguéis, internet e outros. 9 – Setor de Saúde Púbica Escolar: Responsável pela saúde em ambientes escolares, mantendo o controle de pragas através de desratização, desinfecção, limpeza de caixa de água, controle da água em poços da zona rural. Também responsável pelo projeto de paisagismo, hortas, pomares e pintura decorativas em escolas. A Diretoria de Desporto e Lazer Possui, dentre os objetivos, projetar e desenvolver planos de ações, dentro de uma política pública voltada para o crescimento do Esporte e do Lazer com base nos seguintes eixos: esporte educacional, esporte amador e de rendimento, lazer comunitário, assessorias e apoios a projetos esportivos e sociais: JEPel, JEPel Rural e ParaJEPel – tem como objetivos estimular a formação de equipes nas escolas, a fim de participarem das competições 15 educacionais envolvendo estudantes da rede escolar de Pelotas no JEPel em várias modalidades esportivas; estimular os professores das escolas a investirem esforços em equipes esportivas; manter o esporte forte e atuante no ambiente das escolas de Pelotas; potencializar a individualidade de cada participante; estimular a pessoa com deficiência a realizar atividades paradesportivas e de lazer, buscando a socialização; oferecer condições adequadas para a prática desportiva e paradesportiva educacional de qualidade; proporcionar competições respeitando a idade e condição motora de cada participante, tanto na zona rural quanto urbana de Pelotas. JAP e ParaJAP - Promover no município de Pelotas prática integrada de esportes. JERGS - Organizar a etapa municipal da competição viabilizando a participação do município na etapa estadual. JIRGS - Promover o intercâmbio sócio-técnico-desportivo entre municípios de todas as regiões do Estado. O desenvolvimento do desporto gaúcho estimula talentos a representar o Rio Grande do Sul em competições nacionais. Quem Luta Não Briga - Desenvolver aulas e treinamento de Taekwondo para escolares da rede municipal de Pelotas. Projeto Vida Ativa- Criar ações para amenizar a lacuna e demandas da população por esporte recreativo e lazer, sobretudo em situações de vulnerabilidade social e econômica em todos os bairros da cidade, inclusive na zona rural, atendendo, atualmente, em mais de 50 núcleos com mais de 10 modalidades diferentes para todas as idades. Sacada Cidadã- Fomentar o voleibol na cidade de Pelotas, através de núcleos formadores, onde crianças e jovens têm a oportunidade de aprender os fundamentos do jogo voleibol, além de oportunizar às crianças que dele participarem a inclusão e integração social através da prática esportiva. Integra- Promover, no município de Pelotas, prática integrada de esportes entre servidores da Prefeitura Municipal de Pelotas. Circuito de Corridas da Cidade de Pelotas - Organizar e promover um calendário anual de corridas no município. Remar para o Futuro - Viabilizar a educandos da rede municipal a vivência, prática e participação em competições da modalidade remo. PRÓ-ESPORTE - Viabilizar a execução de projetos esportivos na cidade fomentando-os. Conselho Municipal de Desporto – tem como finalidade de inovar em políticas públicas, fiscalizando a execução dos projetos aprovados no Pró- Esporte. O propósito é enraizar o fomento e ações que façam parte de um calendário anual de interesse público e principalmente da comunidade esportiva e consequentemente impulsionar a prática de atividades físicas, buscando a melhoria da qualidade de vida da população. Assessoria de Programas Educacionais – Apeduc A Assessoria de Programas Educacionais (Apeduc) tem a atribuição de 16 conhecer, analisar, recomendar a adesão e acompanhar a execução de programas, inclusive, a parte de prestação de contas, que o município firma com a União e o Estado, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Programa Nacional de Transporte Escolar e o Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar e com instituições parceiras. Também acompanha a adesão, a execução e a análise da prestação de contas do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e suas ações agregadas, programas do governo federal, que têm por finalidade prestar assistência financeira para as escolas, em caráter suplementar, a fim de contribuir para manutenção e melhoria da infraestrutura física e pedagógica, com consequente elevação do desempenho escolar. A assessoria, também, realiza atualização, junto ao sistema do PDDE interativo, dos dados dos diretores de escolas, além de dar orientação e acesso ao sistema, sempre que necessário, com objetivo de garantir o desenvolvimento e a execução de todos os programas vinculados ao PDDE. Também é de responsabilidade do setor realizar no sistema SIGPC - contas- online a inserção dos dados das prestações de contas das escolas e orientá- las sobre os dados necessários. Realiza orientação e acompanhamento das ações do Conselho Escolar, principalmente, reforçando a importância de se manter um conselho escolar ativo e atuante, para que possa ter acesso e utilizar os recursos disponíveis, sempre na busca da melhoria educacional. Orienta os Conselhos para que mantenham a regular escrituração do Patrimônio dos bens adquiridos com as verbas federais e municipais. Também acompanha o preenchimento do Sistema de Acompanhamento da Frequência Escolar do Programa Bolsa Família (Sistema Presença), informação da frequência escolar de crianças e adolescentes beneficiários do programa Bolsa Família, realizado por todas as escolas do município de Pelotas. O setor é responsável pelo planejamento, acompanhamento da execução e prestação de contas do Plano de Descentralização de Recursos Financeiros, programa municipal de repasse de recursos financeiros às escolas de Ensino Fundamental da rede municipal. É responsável, ainda, pelo gerenciamento técnico do Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle, SIMEC, onde é realizado o acompanhamento e execução das obras do PAR, Plano de Ações Articuladas e de outros Termos de Compromisso pactuados entre o município e o governo federal. A maior atribuição do setor é, em suma, acompanhar os programas para que as verbas sejam executadas da forma mais eficiente e eficaz, de forma a contribuir para o incremento das ações pedagógicas e, consequentemente, da melhoria da educação no município. 17 Currículo da rede municipal de ensino Marcos legais Por que uma base comum para a educação brasileira? Essa necessidade vem sendo discutida há bastante tempo, o que resultou, após um longo processo de discussões, na homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em dezembro de 2017, a qual normatiza o conjunto progressivo de aprendizagens essenciais a que todos os estudantes têm direito no âmbito da Educação Básica. Muitos são os marcos legais que fundamentam a elaboração da BNCC, como o Artigo 210 da Constituição de 19889, o Artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional,10 de 1996, além disso, a Lei 13.005/2014, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE), cita diretamente a BNCC como estratégia para o cumprimento das metas 2, 3 e 7 do Plano11. Da mesma forma, as Diretrizes Curriculares Nacionais 9 Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais (CFB, 1988). 10 ART. 26. Os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (LDB, 1996). 11 Meta 2: Universalizar o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) (DCNs), em seu artigo 14, definem a Base Nacional Comum Curricular “como conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, expressos nas políticas públicas e que são gerados nas instituições produtoras do conhecimento científico e tecnológico...”. Reforçando esse posicionamento, a LDB, no inciso IV, do Artigo 9º, reitera que cabe à União estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996). Corroborando com esses marcos legais, há, também, o Plano Municipal de Educação (PME), Lei 6245/2015, com metas a serem atingidas em consonância com o PNE. Podemos perceber, portanto, que, desde a Constituição Federal, várias leis já mencionavam a necessidade de uma base comum de dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. (PNE, 2014) Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento) (PNE, 2014) Meta 7: Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb. (PNE, 2014) 18 aprendizagem na Educação Básica Brasileira. Resumidamente, temos o seguinte processo12: 1988 Promulgada a Constituição Federal: a criação de uma Base Nacional Comum, com a fixação de conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, é prevista no artigo 210. 1996 A Lei das Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Básica é aprovada e reforça a necessidade de uma base nacional comum. 1997 a 2000 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram consolidados em partes: 1º ao 5º ano em 1997; 6º ao 9º ano em 1998; e, em 2000, foram lançados os PCNs para o Ensino Médio. 2010 a 2012 Novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) orientadas para o planejamento curricular das escolas e sistemas de ensino, as resoluções valiam para a Educação Infantil e os Ensinos Fundamental e Médio. 12 Resumo retirado do material do curso on-line “A BNCC e a gestão escolar”, promovido pelo MEC. 2014 Plano Nacional de Educação (PNE) –A Lei n. 13.005, de 2014, instituiu o PNE com vigência de dez anos. São vinte metas para melhorar a qualidade da Educação Básica, sendo que quatro delas tratam da Base Nacional Comum Curricular. 2015 A Portaria nº 592 de 17 de junho de 2015 institui a Comissão de Especialistas para a Elaboração de Proposta da BNCC. Em outubro, tem início a consulta pública para a construção da primeira versão da BNCC com contribuições da sociedade civil, de organizações e entidades científicas. Plano Municipal de Educação (PME) A Lei n. 6.245, de 2015, instituiu o PME. 2016 Em março, após 12 milhões de contribuições, a primeira versão do documento é finalizada. Em junho, seminários com professores, gestores e especialistas abertos à participação pública são realizados por todo o Brasil para debater a segunda versão da BNCC. Em agosto, começa a ser redigida a terceira versão, em um processo colaborativo com base na versão 2. http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_210_.asp http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394compilado.htm http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33038 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6704-rceb004-10-1&category_slug=setembro-2010-pdf&Itemid=30192 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm http://avamec.mec.gov.br/ava-mec-ws/instituicao/seb/conteudo/modulo/861/images/m1_u1/m1_u1_56.png 19 2017 Em abril, o MEC entregou a terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). O CNE elaborou parecer e projeto de resolução sobre a BNCC e homologou as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. 2018 Foi promulgada a Portaria nº 331, de 5 de abril de 2018 que institui o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular – ProBNCC e estabelece diretrizes, parâmetros e critérios para sua implementação. Em dezembro, foi homologado o texto sobre o Ensino Médio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Iniciando a discussão... Se já existem a BNCC e o RCG, por que um currículo para a rede municipal de ensino de Pelotas? Primeiramente, devemos levar em consideração que, diante da grande diversidade do país (e do estado do Rio Grande do Sul) expressa “pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos” (LDB, 1996), as competências e diretrizes são comuns a todo o país, porém os currículos deverão ser diversos (BNCC, 2017). Por isso, cabe a cada Sistema de Ensino e, posteriormente, às escolas em seus PPPs, a formulação/reformulação dos currículos, cujo principal objetivo é o de produzir influências diretas e significativas na prática pedagógica dos docentes e no aprendizado dos educandos. Neste currículo deverá haver, portanto, a inclusão da parte diversificada e isso é que irá diferenciá-lo dos demais, pois haverá a contemplação das especificidades culturais, linguísticas, literárias, artísticas, geográficas, históricas, etc., enfim, as características próprias da cidade, da identidade enquanto pelotenses e comunidade escolar. Ademais, precisamos considerar que, além do currículo formal, há o currículo oculto, o qual se caracteriza por tudo aquilo que os estudantes aprendem, diariamente, em meios às práticas sociais e escolares, mas que não estavam planejados ou previstos no currículo formal. Essas aprendizagens apreendidas pelo domínio da ação constituem o currículo oculto. Assim, a BNCC e os currículos se identificam na comunhão de princípios e valores que orientam a LDB e as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica (BNCC, 2017, p. 16). O currículo irá, portanto, nortear o trabalho pedagógico tendo como aporte teórico o documento normativo Base Nacional Comum Curricular (2017) e o Referencial Curricular Gaúcho (2018), assegurando uma base comum de aprendizagem ampliada pela parte diversificada, incluída neste http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-basehttp://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/PORTARIA331DE5DEABRILDE2018.pdf http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base 20 documento e nos PPPs escolares. A BNCC destaca que, para caracterizar o currículo em ação, são necessárias algumas decisões: contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas; decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem; selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc.; conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens; construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos; selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores, bem como manter processos permanentes de formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem; manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das escolas e sistemas de ensino (BNCC, 2017, p. 16 e 17). Com intuito de contribuir na reformulação dos PPPs escolares, ao longo deste DOM, trazemos definições de princípios e conceitos de ensino e de aprendizagem, discussão e encaminhamento do trabalho sobre competências e habilidades, interdisciplinaridade, indicação de metodologias e estratégias didático-pedagógicas e concepção de avaliação que subsidiarão a educação na rede municipal de ensino de Pelotas. Neste processo, destacamos a importância do papel do professor frente à implementação do currículo, pois cabe a ele contextualizar e dar sentido às aprendizagens, tornando-se, também, protagonista, estando aberto à reflexão e disposto a fazer uma educação de qualidade. Para isso, tão importante quanto à formação inicial, é a formação continuada que proporciona momentos de reflexão, de aprendizagens, de trocas com seus pares, afinal, ser docente significa estar em constante aprendizado, ainda mais por estar inserido em uma sociedade que se transforma a todo o momento, não só em termos de avanços tecnológicos, mas, inclusive, de relações interpessoais. Nesta perspectiva, é necessário ressignificar a prática pedagógica para que a escola se mantenha relevante dentro desse cenário. Essa ressignificação pressupõe, por exemplo, transcender a ideia de homogeneização dos discentes, como se todos aprendessem da mesma forma, no mesmo ritmo, com as mesmas metodologias. Não há mais espaço, dentro do contexto escolar, para uma pseudouniformização da aprendizagem, é preciso considerar as pluralidades e, por isso, reafirmamos que isso implicará, segundo a BNCC, em selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados 21 e a conteúdos complementares se necessário para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização, etc. (BNCC, 2017, p. 17). Com tudo isso, o apoio da gestão escolar, principalmente da coordenação pedagógica, é de suma importância, pois irá orientar o trabalho coletivo e realizar a conexão entre todos os envolvidos no processo educativo. Fundamentos pedagógicos Há dois grandes fundamentos pedagógicos preconizados pela BNCC: o compromisso com a Educação Integral e o desenvolvimento de competências. Esses fundamentos também encaminham nosso currículo da rede municipal de ensino, os quais se desdobram em outros que se complementam e serão aprofundados neste documento orientador, a fim de subsidiar o trabalho pedagógico nas escolas. Vamos iniciar aprofundando os preceitos de uma Educação Integral. O que se entende por Educação Integral? Conforme a BNCC, é o desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva (BNCC, 2017, p. 14). Assim, a Educação Integral é uma concepção de educação que prevê a promoção do desenvolvimento de crianças e jovens nas dimensões intelectual, física, emocional, social e cultural para responder às demandas do mundo contemporâneo e às especificidades do aluno do século 21, cujo foco está na formação de sujeitos críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo (CAMINHOS PARA A EDUCAÇÃO INTEGRAL Princípios e orientações para a implementação da educação integral, 2019). O compromisso com a Educação Integral requer a mobilização e o entendimento de duas premissas importantes: a igualdade e a equidade. Desta forma, quando a BNCC traz as aprendizagens essenciais a que todos os discentes têm direito, encontra-se aí, a igualdade de direitos; a equidade, por sua vez, dar-se-á na proposta curricular, nos PPPs escolares, a partir, primeiramente, do reconhecimento de que cada estudante é único e, segundo, a partir da promoção de condições necessárias às aprendizagens. Isso implica considerar as diferentes demandas dos estudantes, independente de ser da Educação Especial ou não, em cada escola e em cada sala de aula. Pensar numa educação integral requer, também, mobilizar conceitos como13: Desenvolvimento integral e/ou desenvolvimento pleno Aprendizado que abrange o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores em uma perspectiva integral, o que significa aprendizagem intelectual, social, emocional, cultural e física. Tudo para 13 Retirado do material de apoio “CAMINHOS PARA A EDUCAÇÃO INTEGRAL Princípios e orientações para a implementação da educação integral”, 2019, elaborado pelo Movimento pela Base Nacional Comum. 22 assegurar a capacidade do estudante de lidar com desafios, tomar decisões e realizar seus projetos com responsabilidade, de maneira a se tornar agente de transformação de seu próprio percurso e do entorno, de cuidar de si e também de se corresponsabilizar pelas questões sociais, ambientais e comunitárias. Aprendizagem com foco no desenvolvimento de autonomia e responsabilidade Aprendizado a serviço do desenvolvimento pleno, voltado à construção de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que preparem o estudante para tomar decisões com autonomia e responsabilidade. Compreende a capacidade de estabelecer objetivos e metas, construir caminhos, ter perseverança para alcançá-los e resiliência para crescer na adversidade. Também envolve a formação para fazer escolhas responsáveis, que considerem a interdependência humana e global e reconheçam o papel de cada indivíduo como agente de transformação da sociedade. Singularidades Aquilo que é próprio, peculiar e específico de cada indivíduo. No caso dos estudantes, são interesses, dificuldades, potências, receios,aspirações e ritmos de aprendizagem. Essas são questões que devem ser consideradas e respeitadas. Formação integral do professor Trata da necessidade do professor também desenvolver as dez competências gerais indicadas na BNCC. Não basta ter conhecimento do componente curricular que será ensinado. É preciso também desenvolver atitudes, valores e habilidades que permitam a ele ser o exemplo para o aluno para contribuir para que o estudante tenha capacidade de lidar com emoções, empatia, colaboração, cultura digital, argumentação, autoconhecimento, diversidade, responsabilidade, consciência ambiental, ética etc. Protagonismo docente Profissional que tem clareza dos seus objetivos, conhece bem seus educandos e os conteúdos de ensino e organiza seu dia a dia em função das metas de aprendizagem estabelecidas para cada período letivo. Entende seu papel e busca aprimorar sua trajetória profissional para alcançar seus objetivos. O educador protagonista acredita que é capaz de sempre melhorar as condições de trabalho, analisa o que ocorre e propõe alternativas de mudança para que os resultados esperados possam ser atingidos. Protagonismo discente Promover o protagonismo do estudante é colocar como central o direito de ele se envolver direta e ativamente na própria vida escolar. Isso 23 abrange as decisões da escola, as práticas e projetos pedagógicos e a política educacional. Buscando a construção de um currículo sólido visando uma educação integral de qualidade, algumas teorias e teóricos serão trazidos neste documento orientador para que possam promover a reflexão e as mudanças necessárias nas práticas pedagógicas. Diante das diversas teorias de aprendizagens e concepções, cabe salientar que este documento não segue, exclusivamente, uma tendência, mas busca, dentre elas e seus teóricos, trazer contribuições que possam qualificar o processo educativo e levar o estudante ao desenvolvimento das habilidades e competências, a fim de que ele possa agir plenamente numa sociedade mais justa, ética, democrática, responsável, inclusiva, sustentável e solidária (BNCC, 2017). Estas contribuições teóricas irão auxiliar nas reflexões e nas práticas pedagógicas, na medida em que situam o estudante como centro do processo educativo e por isso são mobilizadas neste documento. Inegavelmente, a concepção pedagógica mais fortemente difundida e praticada na educação é a Tradicional e, na nossa rede, isso não é diferente, embora se observe o empenho dos docentes e o desenvolvimento de excelentes práticas pedagógicas. Ainda assim, a concepção tradicional é a que mais se percebe, por inúmeros motivos, alguns deles até históricos, que já estão materializados no inconsciente e tomados como modelos a serem seguidos, como por exemplo, a disposição das classes em sala de aula. Na grande maioria das escolas da nossa rede, observamos o mesmo formato, com algumas exceções, é claro, os educandos dispostos em fileiras e a classe do professor à frente da sala junto ao quadro. Essa formatação de sala de aula, e aqui trazemos apenas uma exemplificação de disposição física, é propícia para o desenvolvimento de uma metodologia tradicional em que o aluno assume um papel passivo, de receptor do conhecimento, já que o foco recai em quem está à frente da sala: o professor. Essa concepção tradicional é perceptível, também, quando o trabalho pedagógico resume-se aos estudantes copiarem do quadro ou, até mesmo, do livro didático e depois fazerem uma infinidade de exercícios com o objetivo de fixar o conteúdo, de preferência em silêncio. Por falar em silêncio, muitas vezes, dentro da concepção tradicional de ensino, tem-se a imagem de que quanto mais e maior o silêncio, melhor, pois demonstraria um suposto domínio de classe por parte do docente e os discentes estariam aprendendo melhor. Será? Como é possível aprender sem interagir? Interagir com os colegas, interagir com o professor? E como interagir de forma produtiva e significativa em uma disposição de sala de aula que não propicia essa interação? Como o professor acompanha o processo de aprendizagem se a tarefa do estudante é, unicamente, copiar e exercitar mecanicamente uma atividade? A partir destas colocações e questionamentos, convidamos à reflexão: a nossa prática, de modo geral, é ou não é tradicional? Para que os discentes desenvolvam habilidades e competências, eles precisam deixar de ocupar uma posição passiva e passarem a ser protagonistas no processo de aprendizagem. Esse movimento requer não só 24 uma mudança de postura do professor, mas, principalmente, do próprio estudante, já que este, também, comumente, traz internalizada a concepção de que seu papel é apenas receptivo. Para promover essa profunda mudança no cenário educacional da nossa rede, todos os envolvidos, desde a gestão escolar à sociedade, deverão ter em mente que essa ruptura é um processo que precisa ser trabalhado conjuntamente. No intuito de romper com paradigmas mais tradicionais de ensino, algumas teorias e pensadores podem auxiliar os docentes e gestores na reflexão de suas práticas, como por exemplo, a de Lev Vygotsky, com a aprendizagem pela interação social, a de John Dewey e Anísio Teixeira, com a aprendizagem pela experiência, a de David Ausubel, com a aprendizagem significativa, a de Jean Piaget e Emília Ferreiro, principalmente, com a construção do conhecimento na alfabetização, a de Carl Rogers, com a abordagem centrada nas relações interpessoais, a de Celestin Freinet, a partir da sua pedagogia do êxito e do bom senso e a de Paulo Freire, pela instituição do diálogo e desenvolvimento da autonomia do estudante. Em seguida, trazemos um pouquinho de cada pensador, na certeza de que os estudos sobre eles não se limitarão a este documento orientador. Pinceladas teóricas para reflexões... Com as inovações que surgem a todo instante, mais especificamente, com as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no século XXI, as possibilidades de interação e trabalhos colaborativos têm proporcionado um olhar diferenciado nos ambientes escolares. Assim, os estudantes podem desenvolver seus conhecimentos de forma que cada um colabore na formação do outro, proporcionando um processo de interação. Sobre isso, Vygotsky aponta que o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança (VYGOTSKY, 1991, p.101) Tendo isso em mente, podemos pensar, por exemplo, como a disposição das classes em sala de aula poderiam contribuir para que essa interação fosse mais proveitosa e significativa ou como a metodologia utilizada poderia propiciar essa interação? A escola, em meio a tantas mudanças, avanços e evoluções não deve se isolar e fechar os olhos para o que ocorre fora dos seus limites, como se a sociedade em que o educando está inserido não tivesse relação com o ambiente escolar, por tudo isso, a escola teve que deixar de ser a instituição isolada, tranquila, do outro mundo, que era, para se impregnar 25 do ritmo ambiente e assumir a consciência de suas funções. Se depressa marcha a vida, mais depressa há de marchar a escola (TEIXEIRA, 2000, p. 111). Trazer questões do entorno escolar, por exemplo, para discussão na sala de aula, torna-se significativo e essas questões não precisam ser, necessariamente, as mazelas da comunidade, mas também, suas potencialidades. Devemos considerar a escola como um lugar para a experiência concreta de vida, corroborando com essa ideia, Dewey afirma que ora, se a vida não é mais que um tecido de experiências de toda
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