Desafios_da_Educacao_de_Jovens_Adultos_integrada_a_Educacao_Profissional _-_Maria_Margarida_Machado

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Desafios da Educação de Jovens Adultos integrada à Educação Profissional: identidades 
dos sujeitos, currículo integrado, mundo do trabalho e ambientes/mídias virtuais 
 
Maria Margarida Machado
1
 
Edna de Castro Oliveira
2
 
Lucio Teles
3
 
 
Eixos Temáticos: Educação Básica, Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional e 
Tecnológica, Educação Superior. 
Introdução 
O projeto tem como centralidade o fortalecimento, consolidação e aprofundamento das 
pesquisas no âmbito da EJA integrada à educação profissional, realizadas a partir da rede 
constituída pelo Edital nº 3/2006 Proeja Capes-Setec. Busca estabelecer diálogos entre a 
produção dos Programas de Pós-Graduação em educação da UFG, UFES, UnB e gestores e 
profissionais da escola básica envolvidos com as políticas e ações da EJA nas diferentes 
configurações de sua oferta, assumida pelas redes públicas nos sistemas municipais, estadual, 
distrital e federal e suas relações com o mundo do trabalho. 
A oferta do ensino médio-técnico integrado e da formação inicial e continuada dos 
trabalhadores integrada ao ensino fundamental recupera pressupostos teórico-metodológicos e 
práticas pedagógicas cujo conteúdo objetiva uma formação profissional que supere os 
preceitos assistencialistas - presentes no ensino profissionalizante brasileiro nos primeiros 
momentos - e amplie a inserção dos estudantes a uma dinâmica produtiva que tenha o mundo 
do trabalho e não apenas o mercado como possibilidade de efetivação da atividade 
profissional. Busca-se o acompanhamento da política de formação integrada e suas formas de 
materialização nas práticas pedagógicas na perspectiva do currículo integrado, tendo em vista 
os sujeitos a quem essa oferta se destina e suas especificidades. 
Como pesquisa qualitativa toma a abordagem metodológica da bricolagem como 
desenho, ao considerar que a composição em rede possibilita uma atuação conjunta dos 
pesquisadores com várias estratégias de pesquisa, dentre elas a pesquisa-ação e o estudo de 
caso em contextos específicos; conta ainda com o suporte metodológico da pesquisa 
quantitativa responsável pela sistematização da base de dados disponível no IBGE e no INEP. 
As reflexões tencionarão a dependência da educação ao sistema econômico, explorando os 
desafios, possibilidades e entraves de educação para os trabalhadores na perspectiva da 
formação humana integral. 
O projeto tem como tema central a Educação de Jovens e Adultos integrada à 
Educação Profissional e organiza-se, neste edital, a partir de dois eixos temáticos: “e) 
educação de jovens e adultos (EJA): estudos e proposições sobre a organização e a oferta 
dessa modalidade nos sistemas de ensino, EJA integrada à educação profissional (EP), 
estratégias pedagógicas e experiências inovadoras articuladas à profissionalização, atendendo 
as especificidades socioculturais, regionais, linguísticas e as condições de acessibilidade” e 
“g) educação e ação pedagógica: cotidiano educacional, currículo, avaliação, processo de 
ensino-aprendizagem, direitos de aprendizagem e desenvolvimento, materiais pedagógicos, 
formação do professor, acesso e permanência do estudante, processo de escolarização;”. 
As pesquisas investigarão, sobretudo, as experiências de EJA integradas à EP, com 
foco na identificação dos sujeitos, na construção do Currículo Integrado, na relação com o 
 
1
 Universidade Federal de Goiás – E-mail: mmm2404@gmail.com 
2
 Universidade Federal do Espírito Santo 
3
 Universidade de Brasília 
mundo do trabalho e ainda na busca de compreender como se dá a produção de conhecimento 
em ambientes/mídias virtuais. Em específico, propõem-se estudos sobre a organização e 
oferta dessas modalidades nos sistemas públicos de ensino, partindo da experiência municipal 
(Goiânia e Vitória); da experiência distrital (inicialmente em Ceilândia); das experiências na 
rede federal (Institutos Federais do Estado de GO e do ES), podendo no decorrer dos quatro 
anos abarcar outras experiências no interior dos dois estados e do DF. 
Todas as localidades indicadas para pesquisa já possuem experiência de EJA integrada 
a EP, nos níveis fundamental (Formação Inicial e Continuada) e médio (Formação Técnica). 
Os dados disponíveis no INEP (2012) revelam a incipiência de pequeno aumento da matrícula 
nesta oferta integrada entre EJA e EP. Todavia, é grave o que se constata com a queda 
progressiva da matrícula na EJA. Segundo dados do Censo (2011) as matrículas da EJA 
tiveram uma queda de 6% em 2011, isto representa 254.753 matrículas a menos. 
Objetivo Geral 
- Promover o fortalecimento da produção acadêmica e a formação de recursos humanos em 
nível de graduação e pós-graduação, mestrado e doutorado, no campo da Educação de Jovens 
e Adultos e da Educação Profissional integradas, conjugando as dimensões da formação 
humana integral, da gestão coletiva do trabalho solidário, da construção de currículos 
integrados, dos ambientes e mídias virtuais, buscando consolidar parcerias já existentes e 
efetivar novas com as escolas da rede pública de educação básica para a construção de uma 
escola efetivamente para os trabalhadores. 
Objetivos específicos 
• Fortalecer a rede de pesquisa interinstitucional envolvendo os programas de pós- graduação 
em educação da UFG, UFES e UnB, e suas licenciaturas em parcerias com a Educação 
Básica; 
• Estabelecer diálogos entre a comunidade acadêmica, gestores das políticas nacionais e locais 
de educação e os diversos atores envolvidos no acompanhamento das políticas públicas, em 
específico, os Fóruns de EJA; 
• Identificar o perfil dos sujeitos demandantes de escolaridade integrada à educação 
profissional nas localidades das pesquisas, confrontando com os dados produzidos pelo IBGE 
e INEP; 
• Analisar as formas de organização da oferta da EJA e os desafios de sua integração com a 
Educação Profissional; 
• Mapear, analisar e socializar as estratégias pedagógicas produzidas em diferentes lócus de 
investigação no campo da EJA e da EP integrada; 
• Promover estudos e sistematizações que visem aprofundar, junto às escolas investigadas, a 
concepção de currículo integrado como possibilidade de reconfiguração do currículo da EJA; 
• Utilizar as Tecnologias de Comunicação e Informação - TICs para melhorar a qualidade da 
educação de jovens e adultos trabalhadores com a produção artística digital como parte do 
processo de aprendizagem, de maneira colaborativa e relacionando-a ao currículo integrado e 
à práxis político-pedagógica da escola; 
• Dar continuidade à construção de um itinerário formativo emancipador que integre a 
Transiarte (2012), EJA e EP, a partir da utilização e conhecimento das TICs; 
• Desenvolver a produção de objetos virtuais abertos dos sujeitos da EJA trabalhadores 
incorporando o Ambiente Virtual Multimídia na unidade escolar, garantindo capilaridade do 
Portal do Proeja Transiarte http://www.proejatransiarte.ifg.edu.br/; 
• Promover a divulgação das pesquisas e seus resultados encontrados, compartilhando 
conhecimentos e saberes produzidos pelos diferentes atores de modo a integrá-los à dinâmica 
das universidades e dos sistemas públicos de educação básica. 
Desenvolvimento 
A proposição desta rede é resultante da necessidade de aprofundar questões que se 
referem mais especificamente a três focos: à identidade dos sujeitos, à sua formação integrada 
e aos desafios teóricos e epistemológicos do currículo integrado conforme estudos 
organizados por Machado e Rodrigues (2011), Oliveira, Pinto e Ferreira (2012). Isso implica 
buscar a manutenção da parceria das universidades com os institutos federais, inicialmente o 
principal lócus das pesquisas para a implementação do Proeja, ampliando o escopo de 
abrangência para as redes distrital, municipais e estaduais. 
Os dados do IBGE (Pnad, 2011) indicam que a população potencial para matrícula emEJA é da ordem de 60 milhões de pessoas com mais de 18 anos que não frequentam a escola e 
não tem o ensino fundamental, o que significa que muito ainda deve ser feito para se atingir 
esse público. Por outro lado, conforme dados INEP (2012) a Educação Profissional no Brasil 
está em crescimento, destacando-se as matrículas da Rede Federal de Educação Profissional, 
Científica e Tecnológica, que nos últimos nove anos teve um crescimento de 143%. 
Infelizmente este crescimento ainda não representa a presença dos trabalhadores pobres nestas 
instituições. Esta realidade situa-se no contexto de acirramento da disputa entre projetos 
societários distintos no Brasil e na América Latina e Caribe. 
É sabido que as políticas públicas de EJA vêm se orientando pelo marco das demais 
políticas sociais dos governos da região, com ênfase nos ajustes macroeconômicos e na 
reforma do papel do Estado, pautando-se pela restrição do gasto público, descentralização, 
focalização e privatização (DI PIERRO, 2008). É nesse contexto de subordinação do Estado 
ao modelo econômico e, por consequência, da educação à lógica do mercado, que esta 
proposta de pesquisa se coloca, apoiando-se nos estudos de Gramsci, Mészáros, Frigotto, 
Ciavatta, Ramos, Keunzer, Saviani, Freire, dentre outros. 
Os percursos de investigação em pesquisa qualitativa desenvolvidos pelos proponentes 
trazem as marcas da pesquisa-ação na sua vertente de prática social, conforme Pinto (1984). A 
metodologia de pesquisa-ação aqui se trata de uma estratégia metodológica em que o 
pesquisador atua como sujeito ativo, propondo reflexão, ação e intervenção no recorte da 
realidade trabalhada e se compromete com o desenvolvimento de situações que levem a 
soluções novas, da qual todos participam. A pesquisa-ação, segundo Barbier (2007), centra-
se, na mobilização e organização de participantes do projeto, que desenvolvem a identificação 
de problema (s) de seu cotidiano (necessários à sua sobrevivência e existência como espécie 
humana) denominados problemas geradores (Freire, 2005) ou situações problemas e 
fundamentalmente, exercitam encaminhamentos para superação do(s) problema(s) 
escolhido(s). Pressupõe o desenvolvimento de um pesquisador coletivo. A natureza de seu 
conhecimento é essencialmente coletiva, transdisciplinar, onde se trabalha com a linguagem 
oral, escrita e estético/imagética. 
O projeto utiliza-se ainda de estudos de caso e pesquisas que analisam as identidades 
dos sujeitos pesquisados e a implantação dos currículos integrados, buscando assim articular 
as contribuições de diversos campos do saber e considerar que o discurso e o contexto são 
dimensões centrais do ato interpretativo e que, no momento de coletar, gerar e interpretar os 
dados há que se atuar como negociadores metodológicos. Ainda como aporte metodológico, 
as equipes utilizarão dados quantitativos gerados pelo Simulador de Previsão de Custos para 
Planejamento de Sistemas Públicos de Educação Básica em Condições de Qualidade 
(SIMCAQ), instrumento que sistematiza dados do IBGE e INEP importantes para o 
planejamento de políticas públicas em educação para os municípios e no DF, o que 
subsidiarão as reflexões mais específicas dos dados ligados ao campo da EJA e da EP. 
Resultados e discussão 
A rede constituída a partir deste edital do Obeduc/2012 vem contribuindo no 
fortalecimento dos programas de pós-graduação das IES envolvidas, sobretudo nas linhas de 
pesquisa que investigam os campos da EJA e EP, através das disciplinas ofertadas pelos 
professores envolvidos e pelas orientações dos mestrandos e doutorandos já envolvidos. 
Nestes primeiros meses houve uma significativa mobilização das instituições parceiras para a 
constituição das equipes de pesquisa em cada estado e no Distrito Federal, envolvendo 
inclusive os professores e alunos das licenciaturas nas pesquisas, com vistas a contribuir para 
a revisão na política de formação de professores que atualmente não considera as 
especificidades do aluno trabalhador. 
Buscou-se a ampliação do debate e do diálogo das concepções e das práticas 
pedagógicas exploradas pelos profissionais envolvidos na pesquisa pela interface da EJA, 
Educação Profissional e suas confluências. Já foi dado início à utilização das análises e 
indicadores resultantes das pesquisas desenvolvidas, a partir de sua confrontação com os 
dados produzidos pelo IBGE e INEP, com o trabalho desenvolvido com microdados por um 
dos professores da rede de pesquisa. Estes estudos visam produzir referências para fazer 
avançar a construção de conhecimento da área e a formulação de políticas públicas, em 
estreita relação com as práticas na EJA. 
A rede de pesquisa mantém ainda sua articulação com os Fóruns de EJA, envolvendo 
este movimento pelas pesquisas nos diversos desafios da EJA e suas confluências. Espera-se 
que esta articulação fortaleça a relação IFES (universidades e institutos), escolas públicas de 
educação básica dos estados, municípios e Distrito Federal e os movimentos, para elaboração 
de uma proposta político-pedagógica que integre o itinerário formativo dos educandos ao 
currículo, incluindo o uso das TICs como espaço de aprendizagem colaborativa. Conta 
também com a ampliação da oferta de cursos integrados de Proeja FIC no município de 
Goiânia e Proeja Técnico nos demais Estados participantes. Neste primeiro ano já teve a 
participação de seus integrantes em eventos científicos relacionados às temáticas da pesquisa 
no Brasil e no exterior. 
Conclusão 
Como já evidenciado, os pesquisadores desta rede já possuem uma tradição de 
pesquisa no campo da EJA integrada a EP. Dos trabalhos anteriores, os grupos de pesquisa já 
construíram dois espaços virtuais de disseminação dos resultados das pesquisas que serão 
melhor potencializados com este novo projeto. São eles: www.forumeja.org.br/pf e 
www.proejatransiarte.ifg.edu.br. Para além da disponibilização nestes sites, os pesquisadores 
se comprometem em participar de diferentes eventos acadêmicos para discutir e compartilhar 
os achados das pesquisas, assim como, publicar todo o material sistematizado. Estamos em 
processo de elaboração do primeiro livro da rede, que deverá ser publicado até fevereiro de 
2014, sob a coordenação dos pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo. 
O fato de realizarmos pesquisas em dois estados e no Distrito Federal também exige 
uma estratégia de seminários anuais desta rede, onde se pretende socializar e aprofundar os 
referenciais teóricos e metodológicos utilizados. O primeiro seminário da rede já está marcado 
para os dias 22 e 23 de novembro de 2013 em Brasília, na Unb. Outra estratégia é a 
organização de eventos ampliados, como Diálogos de Formação, onde os pesquisadores terão 
a oportunidade de um maior envolvimento dos professores, alunos e gestores das escolas da 
educação básica, técnica e tecnológica envolvidas nas pesquisas. Neste sentido, a equipe de 
pesquisa ligada a UFES realizou seminário de socialização das pesquisas nos dias 24 e 25 de 
outubro e a equipe ligada a UFG realizou Diálogos Proeja nos dias 31 de outubro e 01 de 
novembro do corrente ano. 
Referências 
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