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Ética na pesquisa científica

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DEFINIÇÃO
Conhecimento da ética e das diretrizes vigentes para realização de pesquisa científica ou atividades de
ensino envolvendo seres humanos ou animais. Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
(CEP) e Comissões de Ética no Uso Animal (CEUA). Documentações, tramitação de protocolos de
pesquisa e dinâmica do CEP e CEUA.
PROPÓSITO
Compreender o conceito de ética em pesquisa, bem como a necessidade de sua aplicação em trabalhos
científicos ou atividades de ensino que envolvam a participação de seres humanos ou animais, é
importante para você desenvolver atividades que atendam aos preceitos éticos.
PREPARAÇÃO
Acesse os sites da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e do Conselho Nacional de
Controle de Experimentação Animal (CONCEA) e conheça esses dois órgãos que regulamentam,
respectivamente, a realização de pesquisas científicas com seres humanos e animais no Brasil.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir os princípios e a prática da ética da pesquisa
MÓDULO 2
Distinguir as funções dos comitês de ética em pesquisa e das comissões de ética no uso animal
MÓDULO 3
Relacionar o compromisso ético com a pesquisa
INTRODUÇÃO
Toda pesquisa é realizada utilizando-se uma metodologia específica e, em várias situações, envolve a
participação de seres humanos ou o uso de animais. Em ambos os casos, os pesquisadores
(professores, alunos e colaboradores) devem ter consciência da importância desses participantes na
pesquisa, tratando-os com dignidade. Ou seja, se a metodologia do projeto implica etapas realizadas
com humanos ou animais, é fundamental que todos, indistintamente, sejam respeitados pelos
pesquisadores durante toda a condução da investigação científica. Afinal, tanto os humanos quanto os
animais são peças fundamentais para que a pesquisa aconteça.
É necessário que nós conheçamos o conceito de ética em pesquisa e todas as normativas (resoluções,
leis e demais documentos) que devem ser seguidas para que as nossas pesquisas, acadêmico-
científicas com participação de seres humanos ou com o uso de animais, sejam realizadas dentro dos
preceitos éticos. É importante lembrar que as atividades de ensino com uso de animais também devem
seguir essas normativas.
Os órgãos responsáveis por realizar a regulamentação ética das pesquisas com seres humanos e
animais são a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e o Conselho Nacional de Controle
de Experimentação Animal (CONCEA), respectivamente. A CONEP faz a gestão dos protocolos de
pesquisa envolvendo a participação direta ou indireta de seres humanos por intermédio dos Comitês de
Ética em Pesquisa (CEP). O CONCEA acompanha a utilização humanitária de animais com finalidade
de ensino e pesquisa científica por meio das Comissões de Ética no Uso Animal (CEUA).
O CEP e a CEUA possuem suas especificidades em relação às documentações, forma de tramitação de
protocolos de pesquisa, bem como na sua dinâmica de atuação. Neste tema, vamos abordar as
particularidades de cada um deles.
MÓDULO 1
 Definir os princípios e a prática da ética da pesquisa
 Fonte: GoodStudio | Shutterstock
A NECESSIDADE DA ÉTICA NA PESQUISA
Quando pensamos em ética, muitas vezes podemos achar que se trata de um conceito distante de
nossa vida diária. Mas ética nada mais é do que o conjunto de valores de um indivíduo. Mas e a ética
em pesquisa? A que ou a quem ela se refere?
O campo da pesquisa científica avança à medida que novos estudos, projetos, investigações e
experimentos são realizados. É inegável que o progresso da ciência tem efeitos positivos sobre a
humanidade, pois a sociedade se beneficia de tecnologias, insumos e outras descobertas que nos
trazem conhecimento, saúde e bem-estar. Mas será que o desenvolvimento cada vez maior de
pesquisas científicas pode trazer algum problema para a sociedade? A resposta é sim!
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Matej Kastelic | Shutterstock
Vamos nos concentrar nos problemas que podem acontecer aos participantes de pesquisas científicas.
Muitas pesquisas que obtiveram sucesso e que nos beneficiaram com o descobrimento de um
medicamento, por exemplo, foram realizadas com a participação importantíssima de pessoas ou do uso
de animais. Aliás, os animais também colaboram na formação de profissionais, uma vez que são usados
para fins didáticos em aulas.
Em todas essas situações, estamos nos referindo a seres vivos. Sendo assim, no campo da pesquisa
científica e de atividades de ensino, os participantes (sejam eles humanos ou animais) devem ser
tratados com o máximo de cuidado e atenção, com total respeito a seus direitos, sem que ocorram
danos, dores, prejuízos ou maus-tratos.
No caso de pesquisa com humanos
As pessoas devem ser informadas sobre como será sua participação no estudo, ou seja, devem ser
esclarecidas para que possam decidir se aceitam ou não fazer parte da investigação proposta. Aos
voluntários deve-se dar o poder da escolha por sua participação, sendo que podem, inclusive, desistir a
qualquer momento. Os riscos da pesquisa devem ser avaliados e os benefícios devem superar os
possíveis danos aos participantes. Eles são voluntários e nos auxiliarão no desenvolvimento da nossa
pesquisa e não podem ser lesados pelo simples fato de quererem nos ajudar.

No caso de pesquisa com animais
Assim como em atividades de ensino, tal prática deve ser humanitária, ou seja, deve ser conduzida de
forma que se possa diminuir ao máximo a dor e o sofrimento dos animais por meio da oferta de todos os
cuidados especiais pertinentes durante e após as ações.
Mas será que as pesquisas científicas sempre apresentaram esse cuidado com seus participantes?
Infelizmente, não foi sempre assim. A bibliografia que trata desse assunto, ao longo da história, nos
apresenta registros de muitos fatos que ocorreram, em nome da ciência, sem respeitar a vida humana e
animal.
 ATENÇÃO
Caso o benefício da pesquisa com humanos não seja direto, ele pode ser indireto: nessa situação, o
voluntário da pesquisa estará colaborando para um bem maior, um conhecimento que será aplicado em
prol da sociedade como um todo.
Para que nós possamos discutir e aplicar a ética em pesquisa atualmente e realizarmos pesquisas com
total respeito aos humanos e animais, foi preciso aprender com os diversos estudos com graves falhas
éticas ocorridos ao longo da história.
OS PRINCÍPIOS ÉTICOS VIOLADOS DURANTE A PRÁTICA DO QUE
ERA ATÉ ENTÃO DEFINIDO COMO PESQUISA CIENTÍFICA
SERVIRAM COMO BASE PARA NORTEAR AS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS E COM USO DE ANIMAIS. ASSIM, DETERMINOU-
SE O QUE É ATUALMENTE CONHECIDO NO MUNDO INTEIRO COMO
ÉTICA EM PESQUISA. A PARTIR DAÍ TAMBÉM SURGIU A PALAVRA
BIOÉTICA, REFERINDO-SE À APLICAÇÃO DA ÉTICA NO CAMPO DAS
CIÊNCIAS DA VIDA (HUMANA E ANIMAL).
PARTICIPAÇÃO DE SERES HUMANOS EM
PESQUISAS CIENTÍFICAS 
E REGULAMENTAÇÃO ÉTICA: COMO TUDO
COMEÇOU?
A regulamentação ética de pesquisas científicas no mundo iniciou-se em 1931, quando se estabeleceu,
na Alemanha, as 14 diretrizes para novas terapêuticas e pesquisa em seres humanos. Essas diretrizes
nada mais eram do que um conjunto de normas que apresentava instruções para os pesquisadores que
fossem realizar investigações com a participação de humanos. Dentre essas normas, por exemplo, era
exigido que as alterações do projeto inicial proposto fossem justificadas e que a participação de pessoas
vulneráveis fosse detalhadamente explicada. No entanto, essas diretrizes não receberam atenção e não
foram suficientes para impedirem as “pesquisas científicas” realizadas durante o período do nazismo.
Note que colocamos “pesquisas cientificas” entre aspas, pois o que aconteceu durante o nazismo não
foram pesquisas, mas sim abusos contra seres humanos.
NAZISMO
Regime político totalitário, de inspiração fascista, instaurado na Alemanha, a partir de 1933, pelo
ditador Adolf Hitler. O regime se caracterizava também pelo nacionalismo, militarismo,
imperialismo, violência e racismo (glorificação da “raça” ariana e antissemitismo). Médicose
“pesquisadores” nazistas, quando julgados após o fim da Segunda Guerra, alegaram que os atos
de crueldade e horror que cometeram nos campos de concentração visavam ao aperfeiçoamento
da ciência e à descoberta de remédios e terapias.
O nazismo ocorreu entre os anos de 1933 e 1945. Durante esse período, foram cometidas atrocidades
contra os seres humanos por meio de experimentos realizados por médicos que tinham como objetivo,
supostamente, ajudar na guerra com o desenvolvimento de novas armas e na recuperação dos militares
que haviam sido feridos. Para isso, seres humanos foram literalmente usados, pois eram submetidos a
vários processos de experimentação. Esses procedimentos envolviam a realização de experimentos
com gêmeos, congelamento de pessoas, infecções causadas de forma proposital, esterilização,
vivissecção, eutanásia de doentes considerados incuráveis, dentre outras práticas.
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Fonte:Shutterstock
 Guia mostrando um recipiente contendo órgãos humanos removidos de prisioneiros, para o soldado
americano Jack Levine (campo de concentração de Buchenwald, 27 de maio de 1945) Fonte: Wikimedia
VIVISSECÇÃO
Operações realizadas em pessoas vivas com o objetivo de estudar sua anatomia e fisiologia.
 
Fonte:Shutterstock
 Nazistas acusados de crimes de guerra durante os julgamentos de Nuremberg. Fonte: Wikimedia
Em 1947, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreu na cidade de Nuremberg, na Alemanha,
o julgamento de 117 pessoas acusadas de terem cometido crimes durante o período do nazismo. Elas
foram chamadas de criminosas de guerra e julgadas por juízes norte-americanos. Esse evento ficou
conhecido como o Tribunal de Nuremberg. Como resultado dos 12 julgamentos realizados, determinou-
se 7 condenações à morte, 9 prisões e 7 absolvições. Além disso, ficou estabelecido o Código de
Nuremberg, um documento considerado um marco para a humanidade, visto que por meio dele ficou
estabelecida a recomendação internacional sobre os aspectos éticos de pesquisas envolvendo a
participação de seres humanos.
Com esse código estabeleceu-se a necessidade de haver a concordância por parte dos voluntários da
pesquisa na sua participação nos experimentos propostos, após compreender seus benefícios e riscos,
ou seja, esse documento deixou clara a necessidade de todo pesquisador informar seu voluntário sobre
todas as etapas às quais ele seria submetido, além de apresentar a ele os possíveis riscos aos quais
estaria exposto e os benefícios que receberia por participar da pesquisa. Resumidamente, pela primeira
vez, determinou-se que as pessoas precisavam ser esclarecidas sobre a pesquisa e decidir se
gostariam ou não de participar como voluntárias (ALBUQUERQUE, 2013; DINIZ; CORRÊA, 2001;
MARKMAN; MARKMAN, 2007).
A evolução na discussão da necessidade de se respeitar o ser humano participante de pesquisa
continuou depois disso. Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou a Declaração
Universal dos Direitos dos Humanos, que definia em seu primeiro artigo o seguinte:

TODAS AS PESSOAS NASCEM LIVRES E IGUAIS EM
DIGNIDADE E DIREITOS. SÃO DOTADAS DE RAZÃO E
CONSCIÊNCIA E DEVEM AGIR EM RELAÇÃO UMAS ÀS
OUTRAS COM ESPÍRITO DE FRATERNIDADE.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2020.
A partir desta declaração, foram divulgadas as seguintes iniciativas a favor da ética em pesquisas
científicas envolvendo humanos:
A DECLARAÇÃO DE HELSINKI
Em 1964, foi publicada a Declaração de Helsinki, escrita pela Associação Médica Mundial. O objetivo
desse documento era oferecer orientações aos médicos que realizassem pesquisas com seres
humanos, uma vez que a importância das pesquisas clínicas para melhorar o bem-estar humano era
conhecida por todos. Essa declaração foi importante para definir os processos envolvidos em uma
pesquisa realizada eticamente, estabelecendo que os participantes de pesquisa deveriam ser totalmente
informados sobre a pesquisa. Assim, a informação completa deveria apresentar os objetivos da
investigação, os métodos a serem aplicados, as fontes de financiamento, os possíveis conflitos de
interesse, a instituição à qual o pesquisador pertence, os benefícios e todos os possíveis riscos
inerentes à participação.
A Declaração de Helsinki passou por nove revisões ao longo dos anos (sendo a última no ano de 2013,
em Fortaleza, no Brasil). O nosso país deixou de ser signatário da declaração em 2008, ou seja, deixou
de assinar a declaração. Portanto, parou de considerá-la nos nossos processos de regulamentação
ética, pois algumas propostas da declaração não são aceitas pelo Brasil.
O ESTUDO DE TUSKEGEE
Mesmo com a publicação desses documentos até então, estudos que não valorizavam e respeitavam o
ser humano ainda continuavam a ser realizados. Um caso muito famoso foi o Estudo de Tuskegee,
realizado entre 1932 e 1972, nos Estados Unidos, com o objetivo de documentar a história natural da
sífilis não tratada. Mesmo com a descoberta da penicilina e indicação de seu uso para tratamento de
casos de sífilis (ocorrido em 1947), o estudo continuou acontecendo sem ofertar o medicamento aos
homens que eram participantes da pesquisa. Tudo isso foi denunciado no ano de 1972 pelo jornal norte-
americano The New York Times. A partir dessa denúncia, houve a formação de uma comissão nacional
chamada National Commission for the Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral
Research, que com base nas falhas éticas do Estudo de Tuskegee (e também de outras pesquisas
realizadas nos EUA com idosos e crianças) apresentou, em 1978, um documento chamado Relatório de
Belmont.
O RELATÓRIO DE BELMONT
O Relatório de Belmont apresentava princípios éticos e orientações para proteção ao participante da
pesquisa.
Três princípios éticos foram definidos como fundamentais: o respeito às pessoas (autonomia), a
beneficência e a justiça.
Vejamos o que cada um desses princípios éticos determina.
Respeito às pessoas: esse princípio determina que a autonomia de cada ser humano seja respeitada e
que aqueles que possuem autonomia diminuída sejam protegidos. Os participantes devem ter o direito
de escolher se querem ou não ser voluntários em pesquisas. Outro ponto importante é que mesmo
aceitando, ou seja, dando seu consentimento, os voluntários podem deixar de participar da pesquisa a
qualquer momento. O voluntário de uma pesquisa científica deve ter o direito à informação, à
compreensão e à tomada de decisão.
Beneficência: exige que os benefícios da pesquisa a ser realizada superem os riscos aos quais os
participantes serão submetidos. Além disso, esse princípio determina que os riscos devam ser aceitáveis
e minimizados.
Justiça: determina que os benefícios e os prejuízos resultantes da pesquisa científicas sejam
distribuídos entre todos os participantes voluntários de forma justa e igualitária. Todos os participantes
devem ser atendidos com os mesmos direitos e oportunidades.
Depois da definição desses três princípios, no ano de 1979, o filósofo Tom Beauchamp e o teólogo
James Childress publicaram o livro Principles of Biomedical Ethics. Houve então o acréscimo do
princípio da não maleficência aos conceitos éticos já apresentados no Relatório de Belmont. Vejamos,
então, o que determina esse princípio.
Princípio da não maleficência: esse princípio determina que a pesquisa não deve causar danos aos
participantes, além de minimizar os possíveis prejuízos a eles.
O livro Principles of Biomedical Ethics apresenta, então, os quatro princípios éticos fundamentais
utilizados na atualidade para nortear as pesquisas científicas com humanos: respeito às pessoas,
beneficência, justiça e não maleficência, que são considerados prima facie (todos apresentam a mesma
importância).
Notas:
Tom Beauchamp: filósofo norte-americano dedicado à filosofia moral, à bioética e à ética animal. Ele
participou da comissão que elaborou o Relatório Belmont.
James Childress: filósofo e teólogo norte-americano dedicado ao estudo da éticana Medicina.
Talvez você esteja se perguntando: como o nosso país tratava as questões éticas com pesquisas
envolvendo seres humanos? Veja como se deu a evolução do tema no Brasil.
1988
1996
2012
2016
1988
No Brasil, no ano de 1988, por meio da Resolução CNS nº 01/88, o Conselho Nacional de Saúde (CNS)
aprovou as normas para regulamentação de pesquisas em saúde e definiu que, para sua execução,
toda investigação científica deveria ser aprovada pelo Comitê de Ética da instituição de atenção à
saúde, devidamente credenciado pelo Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, essa resolução
determinou a necessidade da composição de Comitês de Ética para avaliar e acompanhar as pesquisas
envolvendo seres humanos.
1996
Em 1996, ocorreu a substituição da Resolução CNS nº 01/88 pela Resolução CNS nº 196/96, que
aprovou normas regulamentadoras para a realização das pesquisas envolvendo seres humanos. Com
essa resolução, também houve a criação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que
atua junto ao Conselho Nacional de Saúde na regulamentação das pesquisas com seres humanos em
todo Brasil.
2012
No ano de 2012, foi homologada no Brasil a Resolução CNS nº 466/12 (substituindo a resolução CNS nº
196/96), que está em vigor até os dias atuais.
2016
Em 2016, ocorreu a publicação da Resolução CNS nº 510/16, que apresenta as normas para pesquisas
na área de Ciências Humanas e Sociais, uma vez que essa área apresenta metodologias diferentes
daquelas previstas na resolução anterior, que é adequada para a ética nas pesquisas biomédicas.
Ambas devem ser conhecidas pelos pesquisadores brasileiros. Existem outras resoluções do CNS que
são complementares a essas duas e que devem ser consideradas, dependendo do tipo de pesquisa a
ser realizada.
Como vimos até aqui, todas as discussões, definições e publicações que aconteceram ao longo da
história foram extremamente necessárias para que as pesquisas científicas com seres humanos
pudessem ser realizadas com ética.
É muito importante entender que eticidade da pesquisa implica:

RESPEITO AO PARTICIPANTE DA PESQUISA EM SUA
DIGNIDADE E AUTONOMIA, RECONHECENDO SUA
VULNERABILIDADE, ASSEGURANDO SUA VONTADE DE
CONTRIBUIR E PERMANECER, OU NÃO, NA PESQUISA, POR
INTERMÉDIO DE MANIFESTAÇÃO EXPRESSA, LIVRE E
ESCLARECIDA;
PONDERAÇÃO ENTRE RISCOS E BENEFÍCIOS, TANTO
CONHECIDOS COMO POTENCIAIS, INDIVIDUAIS OU COLETIVOS,
COMPROMETENDO-SE COM O MÁXIMO DE BENEFÍCIOS E O
MÍNIMO DE DANOS E RISCOS;
GARANTIA DE QUE DANOS PREVISÍVEIS SERÃO EVITADOS; E
RELEVÂNCIA SOCIAL DA PESQUISA, O QUE GARANTE A IGUAL
CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES ENVOLVIDOS, NÃO
PERDENDO O SENTIDO DE SUA DESTINAÇÃO SÓCIO-
HUMANITÁRIA.
(Fonte: Resolução CNS nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde)
USO HUMANITÁRIO DE ANIMAIS EM
PESQUISAS CIENTÍFICAS 
E ATIVIDADES DE ENSINO: RELATOS
HISTÓRICOS E A HOMOLOGAÇÃO DA LEI
AROUCA NO BRASIL
A realização de pesquisas científicas com uso de animais é uma prática histórica na civilização humana,
porém esse tipo de pesquisa é sempre cercado de muitos questionamentos e até mesmo de dúvidas. As
publicações que ocorreram, após a Segunda Guerra Mundial, provocaram muitos debates e discussões
que amadureceram o entendimento sobre formas de se fazer pesquisa com seres humanos. No entanto,
pesquisas com animais também eram realizadas e não existia uma discussão sobre o uso deles em
experimentos. O Código de Nuremberg e a Declaração de Helsinque também apresentavam
determinações que levantaram questões sobre a experimentação animal.
Código de Nuremberg
Determinava-se que os experimentos em humanos deveriam ter como base estudos prévios já
realizados em animais.

Declaração de Helsinque
Da mesma forma, há uma informação determinando que experimentos que possam afetar o meio
ambiente e o bem-estar dos animais utilizados em pesquisas científicas devem ser realizados sob
cuidados (REZENDE; PELUZIO; SABARENSE, 2008).
Como podemos ver, muito se falou na história sobre a proteção aos seres humanos, mas a proteção aos
animais utilizados em pesquisa era algo que parecia não ter tanta importância.
Muitos grupos envolvidos em questões ligadas à causa da proteção animal acreditam que o uso de
animais em pesquisa e/ou aulas é dispensável. No entanto, tal prática ainda é defendida por
pesquisadores, visto que vários itens importantes para a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida
humana, como medicamentos e vacinas, foram desenvolvidos por meio de pesquisas com
experimentação animal.
O QUE É EXPERIMENTAÇÃO ANINAL?
A experimentação animal é um conjunto de práticas intervencionistas realizadas em animais que podem
estar vivos ou não. Entende-se que tal prática é realizada somente com o objetivo de beneficiar o
conhecimento científico, por pesquisadores habilitados. Esses procedimentos sensibilizam os humanos
e despertam uma grande discussão sobre a necessidade e eficiência dos métodos aplicados para a
obtenção do conhecimento científico. Contudo, a experimentação animal ainda é uma ferramenta
utilizada mundialmente para atividades científicas, principalmente com foco na descoberta de
medicamentos, vacinas, novas técnicas de tratamento cirúrgico ou para desvendar os mecanismos que
levam ao surgimento de doenças (GUIMARÃES; FREIRE; MENEZES, 2016).
As práticas de dissecação de animais para fins de ensino e pesquisa científica são realizadas desde a
Antiguidade, com registros na Grécia Antiga, em experimentos realizados por Hipócrates (460 a.C.-377
a.C.), para a comparação de órgãos de animais e humanos. Associado a essas práticas havia o conceito
de superioridade de humanos em relação aos animais, defendido pelo filósofo grego Aristóteles (385
a.C-323 a.C.). Em Roma, o médico e filósofo Cláudio Galeno (129 d.C-217 d.C.) realizava vivissecções
para avaliar os efeitos de alterações orgânicas em animais. Em 1638, o médico britânico William Harvey
(1578-1657) realizou observações em animais dissecados, publicando artigos com resultados científicos
sobre a fisiologia da circulação em pelo menos 80 animais. O século XVII foi considerado o período em
que a experimentação animal atingiu seu ápice, com a formulação da teoria do modelo animal pelo
filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596-1650). Essa teoria definia que os animais
não possuíam espírito e que por isso não sentiam dor, o que os diferenciava dos humanos (SEIXAS et
al., 2010).
No ano de 1876, o Parlamento do Reino Unido aprovou a Cruelty to Animals Act, uma lei que
estabelecia os limites permitidos para as práticas com animais para fins de ensino e pesquisa. Em 1927,
publicou-se o primeiro documento abordando questões de bioética animal, no qual o teólogo alemão
Fritz Jahr (1895-1953) definia que “todos os seres vivos teriam direito ao respeito”. Conforme vimos, a
pesquisa com animais estava, de certa forma, fundamentada pelo Código de Nuremberg, que, em nome
do conhecimento científico e em benefício da humanidade, justificava o uso de animais em pesquisas.
Até então não havia nenhuma lei ou normativa legal que definisse e regulamentasse o uso de animais
em experimentos.
Em 1959, o zoologista britânico William Russell (1925-2006) e o microbiologista britânico Rex Burch
(1926-1996) estabeleceram na publicação do livro Princípios das Técnicas Experimentais Humanas o
que foi considerado um marco na ética dos procedimentos utilizando animais (REZENDE; PELUZIO;
SABARENSE, 2008). Esses dois pesquisadores estabeleceram o princípio dos três R (3Rs) da pesquisa
com animais: replacement, reduction e refinement. Em português, essas palavras significam,
respectivamente: substituir, reduzir e aperfeiçoar. Assim, a pesquisa com o uso de animais deveria, a
partir do surgimento desses conceitos:
Substituir o uso de animais por métodos alternativos (replacement).
Reduzir o número de animais, utilizando o mínimo necessário para os experimentos (reduction).
Aperfeiçoar as metodologias dos estudos, visando ao mínimo de sofrimento possível para o animal(refinement).
A UNESCO publicou, em 1978, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, postulando que
“nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor” e também determinando que
experimentos com animais não podem resultar em sofrimento físico ou psicológico. Além disso, o
documento estabelece que a substituição por outros métodos deve ser utilizada.
No Brasil, sobre esse assunto havia apenas a Lei nº 6.638/79, que apresentava recomendações para
práticas científicas com animais, porém sem punição para casos que descumprissem o determinado em
lei. Assim, observou-se a necessidade da regulamentação do uso de animais em nosso país, visando ao
estabelecimento de normas e limites para a realização dessa prática a fim de evitar e impedir atos de
crueldade e maus tratos com os animais utilizados. Em 8 de outubro de 2008 foi aprovada a Lei nº
11.794, também conhecida como Lei Arouca, por meio da qual foi criado o Conselho Nacional de
Controle de Experimentação Animal (CONCEA) e as Comissões de Ética para Uso de Animais (CEUA).
Certamente, a homologação dessa lei representou um avanço na legislação brasileira.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: unoL | Wikipedia
No vídeo a seguir, a especialista Cinthia Hoch Batista de Souza apresenta o contexto ético da pesquisa
com seres vivos e o desenvolvimento da sua regulamentação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AO LONGO DA HISTÓRIA, DOCUMENTOS IMPORTANTES, COMO O
RELATÓRIO DE BELMONT E O LIVRO PRINCIPLES OF BIOMEDICAL ETHICS,
FORAM PUBLICADOS COM O OBJETIVO DE PROTEGER OS PARTICIPANTES DE
PESQUISAS CIENTÍFICAS. CONSIDERANDO ESSES DOCUMENTOS, ASSINALE
A ALTERNATIVA QUE APRESENTA CORRETAMENTE OS QUATRO PRINCÍPIOS
ÉTICOS FUNDAMENTAIS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS EM PESQUISAS
CIENTÍFICAS COM SERES HUMANOS:
A) Respeito às pessoas, beneficência, justiça e não maleficência.
B) Autonomia, rigor científico, justiça e benefício.
C) Beneficência, justiça, pragmatismo e autonomia.
D) Não utilização de animais, consideração, respeito às pessoas e não maleficência.
2. O ESTABELECIMENTO DO PRINCÍPIO DOS 3RS, PELO ZOOLOGISTA WILLIAM
RUSSELL E O MICROBIOLOGISTA REX BURCH, FOI CONSIDERADO UM MARCO
NA REALIZAÇÃO DE PESQUISAS COM USO DE ANIMAIS. EM PORTUGUÊS, A
SIGLA 3R SE REFERE ÀS AÇÕES DE REDUZIR, SUBSTITUIR E APERFEIÇOAR.
MAIS DO QUE SIMPLES PALAVRAS, TEMOS AQUI IMPORTANTES CONCEITOS
DE ÉTICA EM PESQUISA COM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL. 
 
CONSIDERANDO O TEXTO ACIMA E O QUE VOCÊ ESTUDOU NESTE MÓDULO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) a) A pesquisa científica ou atividade de ensino com animal é vedada ou proibida quando se considera
o princípio dos 3Rs.
B) b) O princípio dos 3Rs não incide sobre o aspecto quantitativo, mas sobre a dimensão qualitativa da
pesquisa, por isso não importa o número de animais utilizado.
C) c) Métodos alternativos não são recomendados para substituir a prática com animais porque a
pesquisa depende de aperfeiçoamento usando metodologia tradicional.
D) d) As metodologias podem ser alteradas ou refinadas em benefício de menor sofrimento dos animais.
GABARITO
1. Ao longo da história, documentos importantes, como o Relatório de Belmont e o livro
Principles of Biomedical Ethics, foram publicados com o objetivo de proteger os participantes de
pesquisas científicas. Considerando esses documentos, assinale a alternativa que apresenta
corretamente os quatro princípios éticos fundamentais que devem ser considerados em
pesquisas científicas com seres humanos:
A alternativa "A " está correta.
 
Os quatro princípios éticos apresentam as definições de ações que todo pesquisador deve ter para com
seus participantes de pesquisa: i) respeito à sua autonomia; ii) não lhes causar danos; iii) ofertar riscos e
benefícios igualmente para todos e iv) minimizar os possíveis prejuízos aos voluntários da pesquisa.
2. O estabelecimento do princípio dos 3Rs, pelo zoologista William Russell e o microbiologista
Rex Burch, foi considerado um marco na realização de pesquisas com uso de animais. Em
português, a sigla 3R se refere às ações de reduzir, substituir e aperfeiçoar. Mais do que simples
palavras, temos aqui importantes conceitos de ética em pesquisa com experimentação animal. 
 
Considerando o texto acima e o que você estudou neste módulo, assinale a alternativa correta.
A alternativa "D " está correta.
 
O princípio dos 3Rs definido na publicação da obra Princípios das Técnicas Experimentais Humanas
estabeleceu que os pesquisadores cujos projetos aplicassem metodologias que envolvessem o uso
animal deveriam: utilizar o menor número possível de animais em suas experimentações, substituir a
prática com animais por métodos alternativos quando possível e modificar as metodologias visando ao
uso de técnicas que resultassem em menor sofrimento para o animal.
MÓDULO 2
 Distinguir as funções dos comitês de ética em pesquisa e das comissões de ética no uso
animal
 Fonte: GoodStudio | Shutterstock
O ASPECTO INSTITUCIONAL DA ÉTICA NA
PESQUISA
Como vimos no módulo anterior, a participação de seres humanos ou de animais em pesquisas deve ser
realizada com muito cuidado, de forma que os pesquisadores precisam se atentar a todos os aspectos
éticos envolvidos nesta participação.
Existem grupos específicos dentro das universidades e de outras instituições de ensino e pesquisa
(como institutos e hospitais, por exemplo) que são responsáveis pela avaliação ética dos protocolos de
pesquisa e por seu acompanhamento, após sua aprovação. Para as pesquisas realizadas com seres
humanos, o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, ou simplesmente CEP, é o responsável.
Já as pesquisas ou atividades de ensino envolvendo o uso de animais são avaliadas pela Comissão de
Ética no Uso Animal, também chamada de CEUA. Cada um desses colegiados está ligado a uma
instância superior, que é responsável pelos credenciamentos, renovações de credenciamentos e
eventuais descredenciamentos desses colegiados, além da realização de toda gestão relativa às suas
atividades. Ou seja, essas instâncias superiores fiscalizam os trabalhos desenvolvidos pelos CEP e
CEUA no Brasil.
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES
HUMANOS (CEP)
Todas as pesquisas científicas que contam com a participação de humanos devem ser avaliadas por um
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP). No Brasil, o CEP é subordinado à Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que está vinculada ao Ministério da Saúde por meio do
Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sendo assim, o funcionamento de todos os CEP é gerenciado pela
CONEP (Sistema CEP/CONEP). A seguir, estão listados pontos importantes sobre os CEP:
O QUE SÃO
Os CEP são colegiados interdisciplinares e independentes. São formados por um grupo de docentes ou
pesquisadores da instituição na qual o CEP está alocado e também é composto por, no mínimo, um
representante de usuário. Esse representante é alguém da sociedade civil (portanto de fora da
instituição que abriga o CEP) e que participa do colegiado, atuando ativamente nas reuniões, podendo
inclusive realizar avaliações de protocolos de pesquisa com emissão de parecer. Sua função é defender
os interesses dos participantes de pesquisa, zelando pela sua proteção e garantindo seus direitos. De
preferência, a CONEP solicita que esse representante seja indicado ao CEP pelo Conselho Estadual ou
Municipal de Saúde.
ATUAÇÃO NO BRASIL
Atualmente, existem no Brasil 843 CEP atuando em todas as unidades da federação e no Distrito
Federal, como você pode conferir na figura 1.
 
Fonte:Shutterstock
 Figura 1: Mapa quantitativo ilustrando o número de Comitês de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos (CEP) atuantes no Brasil até agosto de 2020. Fonte: Ministério da Saúde.
FUNÇÃO
A função principal do CEP é avaliar os protocolos de pesquisa com participação de seres humanos,
protegendo o participante. Além disso, o CEP tem papel consultivo, ou seja, está à disposição da
comunidade acadêmica e de toda a população para solucionar dúvidas sobreas pesquisas e sobre a
participação de pessoas nesses estudos. Após aprovar uma pesquisa, o CEP deve acompanhar seu
desenvolvimento por meio de relatórios enviados pelo pesquisador. O CEP pode, inclusive, suspender
uma pesquisa caso considere pertinente.
Mas quais são as instituições que possuem um CEP? Todas que realizam pesquisa? Não
necessariamente. As instituições que realizam pesquisa científica não são obrigadas a instituírem um
CEP. A ausência de um CEP não impede que a instituição realize pesquisas científicas, porém, nesse
caso, os protocolos de pesquisa precisam ser avaliados por outro CEP, determinado pela CONEP.
QUAIS PESQUISAS COM SERES HUMANOS DEVEM
SER AVALIADAS PELO SISTEMA CEP/CONEP?
É MUITO COMUM OS PESQUISADORES APRESENTAREM
DÚVIDAS EM RELAÇÃO À NECESSIDADE DE AVALIAÇÃO
ÉTICA DE SUA PESQUISA. AFINAL, SÃO TANTAS
METODOLOGIAS E FORMAS DE COLETAS DE DADOS, NÃO
É MESMO? LISTE ALGUMAS NO CAMPO ABAIXO E, EM
SEGUIDA, COMPARE O QUE VOCÊ ESCREVEU COM O
FEEDBACK PRESENTE NA RESPOSTA:
RESPOSTA
Podemos ter a participação de pessoas de muitas formas, como, por exemplo:
Provando um sorvete em uma pesquisa na área de tecnologia de alimentos.
Cedendo sangue para análise de genes ligados à presença de determinada doença.
Ingerindo proteínas e realizando uma série de exercícios físicos determinados para avaliação do ganho
de massa muscular.
Doando dentes para o desenvolvimento de novas substâncias que atuem contra o aparecimento de
cáries.
Respondendo questionários sobre a atuação de profissionais em seu local de trabalho.
Sendo observados em sala de aula (professores).
Por meio do acesso de seus prontuários médicos para coleta de dados sobre determinada doença na
população.
Respondendo a um questionário sobre luto, dentre outras formas de participação.
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Quando falamos em outras formas, são muitas. Você pode perceber que a participação pode ser direta
ou indireta. Sim, indireta, pois quando um prontuário médico ou outro conjunto de dados é acessado
para fins de pesquisa, muitas vezes o pesquisador não tem contato com o proprietário daqueles dados.
No entanto, mesmo que o prontuário esteja sob a guarda do hospital, o dono dos dados (paciente) é um
participante indireto da pesquisa.
 SAIBA MAIS
Os estudos com participação de seres humanos também podem envolver partes, como, por exemplo,
sangue e outros líquidos corporais, ossos, músculos e material genético.
Ainda utilizando os exemplos citados na atividade proposta, podemos observar que todas essas
pesquisas apresentam riscos aos participantes. E é muito importante que os riscos sejam avaliados
integralmente, ou seja, que se avaliem os riscos físicos e psicológicos que uma pesquisa pode trazer a
um participante. Vamos avaliar duas dessas situações para esclarecer isso melhor?
Pesquisa que irá oferecer sorvete aos participantes
Dentre outras ocorrências, pode ocorrer um problema físico. A pessoa pode ser intolerante à lactose
(açúcar presente no leite), não saber que o sorvete contém leite em sua formulação e passar mal,
apresentar náusea, diarreia e eventualmente precisar de atendimento médico.

Pesquisa sobre luto
Imagine se a pessoa que foi convidada a responder a pesquisa passou pela perda de um ente querido
recentemente e esteja em um processo de superação desse momento. Você consegue perceber que
esse tipo de pesquisa não traz risco físico, mas traz problemas de cunho psicológico?
É IMPORTANTE QUE SE TENHA CONSCIÊNCIA QUE TODA
PESQUISA ENVOLVE RISCOS AOS PARTICIPANTES EM MAIOR OU
MENOR GRAU. E ISSO PRECISA SER MUITO BEM AVALIADO PELO
GRUPO DE PESQUISA DURANTE A CONCEPÇÃO DO PROJETO.
EVITAR E MINIMIZAR OS RISCOS AOS PARTICIPANTES DA
PESQUISA É OBRIGAÇÃO DOS PESQUISADORES. LEMBRE-SE DO
PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA.
Assim, ao avaliar um protocolo de pesquisa, o CEP avalia os riscos físicos e psicológicos que podem
ocorrer com o participante.
Mas será que existe algum tipo de pesquisa que não precisa de registro e avaliação pelo Sistema
CEP/CONEP? A resposta é: sim.
ESSE GRUPO DE PESQUISAS ENVOLVE
pesquisa de opinião pública com participantes não identificados;
pesquisa que utilize informações de acesso público, nos termos da Lei n° 12.527, de 18 de
novembro de 2011;
pesquisa que utilize informações de domínio público;
pesquisa censitária;
pesquisa com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de
identificação individual;
pesquisa realizada exclusivamente com textos científicos para revisão da literatura científica;
pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e
contingencialmente na prática profissional, desde que não revelem dados que possam identificar o
sujeito; e
- atividade realizada com o intuito exclusivamente de educação, ensino ou treinamento sem
finalidade de pesquisa científica, de alunos de graduação, de curso técnico, ou de profissionais em
especialização.
(Fonte: Resolução CNS nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde)
Vejamos, agora, como deve ser realizada a submissão de protocolos de pesquisa ao Sistema
CEP/CONEP.
COMO O PESQUISADOR DEVE SUBMETER SEU
PROTOCOLO DE PESQUISA AO SISTEMA
CEP/CONEP PARA AVALIAÇÃO?
O protocolo de pesquisa (conjunto de documentos necessários para avaliação completa da pesquisa)
deve ser submetido à avaliação do Sistema CEP/CONEP somente por meio online na Plataforma Brasil
(figura 2). Essa plataforma é utilizada desde 2012, quando o sistema parou de realizar avaliação de
protocolos em papel. Após a submissão, o protocolo de pesquisa é recebido automaticamente por um
CEP ou pela CONEP para avaliação. A definição de qual instância vai avaliar o protocolo é determinada
da seguinte maneira:
O protocolo de pesquisa será automaticamente direcionado para o CEP da instituição à qual o
pesquisador principal está vinculado. No caso de a instituição não possuir um CEP, a CONEP
direcionará o protocolo ao CEP mais próximo. Aqui, cabe uma informação importante: o
pesquisador principal é apenas um dos integrantes do grupo. Todos envolvidos na investigação
(docentes, alunos e demais colaboradores) são igualmente responsáveis por realizar todas as
etapas do estudo com ética.
Para protocolos de pesquisa que se enquadrem nas áreas temáticas especiais definidas na
Resolução CNS nº 466/12, o protocolo será encaminhado automaticamente à CONEP para ser
avaliado por essa instância.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: lemono | Shutterstock
 
Fonte:Shutterstock
 Figura 2: Tela inicial da Plataforma Brasil. Fonte: Ministério da Saúde.
Aproximadamente 98% dos protocolos de pesquisa são avaliados pelos CEP presentes no país.
Toda documentação postada no sistema é avaliada. Depois da aprovação, o pesquisador recebe um
documento chamado de parecer consubstanciado. Nele estão todas as informações que identificam a
pesquisa e todas as considerações realizadas pelo CEP que fez a avaliação. Com um parecer
consubstanciado de aprovação em mãos, o pesquisador poderá iniciar sua pesquisa.
É IMPORTANTE DESTACAR QUE AQUI NOS REFERIMOS ÀS ETAPAS
QUE CONTEMPLAM A PARTICIPAÇÃO DE SERES HUMANOS. O
PESQUISADOR TEM O DEVER DE CONDUZIR SEU PROJETO DE
PESQUISA EXATAMENTE DA FORMA COMO FOI PROPOSTO E
APROVADO PELO SISTEMA CEP/CONEP.
Caso existam alterações na metodologia aplicada aos participantes, é obrigatória a interposição de uma
emenda. Ou seja, o pesquisador deve informar ao CEP, por intermédio desse instrumento, quais são as
alterações necessárias na metodologia referente à participação dos voluntários. Nesse caso, a emenda
passa por uma avaliação do CEP e receberá um parecer, da mesma forma que acontece com os
protocolos de pesquisa. As alterações propostas somente poderão ser colocadas em prática após a
aprovação pelo CEP.
 SAIBA MAIS
Durante a execução da pesquisa, o Sistema CEP/CONEP deve ser informado de todos os efeitos
adversos ou fatos relevantes que alterem o curso normal do estudo. Para isso existe um formulário
específico, estabelecido na CartaCircular nº 008/11 da CONEP/CNS/MS, disponível na página oficial da
CONEP na internet.
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA TRAMITAÇÃO
DE PROTOCOLOS DE PESQUISA NO SISTEMA
CEP/CONEP
Vários são os documentos necessários para a avaliação de uma pesquisa científica pelo CEP ou pela
CONEP. Alguns são comuns a todas as pesquisas e outros são solicitados de acordo com o tipo de
protocolo.
COMUNS A TODAS AS PESQUISAS
DE ACORDO COM O TIPO DE PROTOCOLO
COMUNS A TODAS AS PESQUISAS
O projeto de pesquisa completo, a folha de rosto, o cronograma e o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) ou a justificativa para solicitação de dispensa deste termo são documentos básicos
e devem estar presentes em todos os protocolos.
DE ACORDO COM O TIPO DE PROTOCOLO
Outros documentos devem ser também apresentados, dependendo da pesquisa, como o Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), o Termo de Anuência Institucional para coleta de dados (carta
de autorização), os instrumentos de coleta de dados da pesquisa (questionários, formulários e afins), a
justificativa para uso de placebo, o termo de sigilo e confidencialidade, dentre outros.
A documentação é ampla, mas todos esses documentos são muito importantes. Dentre eles, o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, também chamado de TCLE, merece destaque por ser um
documento de informação ao participante. Esse documento deve ser redigido com o máximo de cuidado
pelos pesquisadores, pois é por meio dele que o participante vai entender toda a pesquisa (tempo de
duração, objetivos, o que ele como voluntário terá que fazer, quais riscos a pesquisa oferece, quais
benefícios ele vai ter, quem é o pesquisador responsável, qual o meio de contato com esse pesquisador,
dentre outras informações).
 ATENÇÃO
O TCLE, seja ele redigido ou apresentado de outras formas, como permitido pela Resolução CNS nº
510/18, deve garantir que os participantes compreendam exatamente o que vai acontecer. Por isso, não
pode apresentar as informações de forma técnica, com linguagem inacessível!
ATIVIDADE
Vamos imaginar uma situação prática: uma pesquisa que tenha desenvolvido um iogurte e que irá testar
a aceitação do produto pelas pessoas.
Agora vamos ver dois textos (1 e 2) que poderiam ser apresentados ao participante no TCLE explicando
o produto que ele provará:
Texto 1: “Você está sendo convidado a participar de uma análise sensorial de iogurte. O produto foi
produzido com adição de inulina e cultura termofílica, além de uma cultura probiótica.”
Texto 2: “Você está sendo convidado a participar de uma degustação de iogurte. O produto foi produzido
com adição de uma fibra alimentar chamada inulina (que está presente naturalmente em alimentos como
cebola e banana) e uma cultura de microrganismos que transforma o leite em iogurte (também
encontrada nos iogurtes comerciais). Além disso, uma cultura probiótica foi adicionada ao produto.
Probióticos são microrganismos benéficos à saúde humana (como os lactobacilos vivos que estão
presentes em leites fermentados comerciais).”
Você consegue perceber a diferença entre esses dois textos?
RESOLUÇÃO
Ambos apresentam a mesma informação, porém, no texto 2, temos a preocupação do pesquisador com
o esclarecimento de seu voluntário.
É importante que o pesquisador saiba quais são os documentos exigidos para sua pesquisa, de forma
que sua tramitação não atrase. O CEP tem papel consultivo e auxilia os pesquisadores com
esclarecimentos sobre essas questões. E isto é muito importante: embora o papel primordial do CEP
seja proteger o participante de pesquisa, os pesquisadores podem procurar a coordenação do CEP ou
os membros para tirarem suas dúvidas.
RESOLUÇÕES, CARTAS CIRCULARES E DEMAIS
DOCUMENTOS APLICADOS À TRAMITAÇÃO DE
PROTOCOLOS DE PESQUISA ENVOLVENDO SERES
HUMANOS
Como vimos até aqui, a tramitação de protocolos com participação de seres humanos deve apresentar
vários documentos para a avaliação pelo sistema CEP/CONEP.
Para que o protocolo seja completo, é necessário que os pesquisadores conheçam as resoluções
vigentes, pois elas nos apresentam todas as diretrizes necessárias para a elaboração da pesquisa e
documentação.
Duas resoluções precisam ser obrigatoriamente conhecidas, e já falamos delas anteriormente:
Resolução CNS nº 466/12, que trata das diretrizes regulamentadoras para pesquisas com seres
humanos, e a Resolução CNS nº 510/16, que aborda questões específicas de pesquisas na área de
Ciências Humanas e Sociais.
 SAIBA MAIS
É importante destacar que além dessas resoluções, dependendo da pesquisa a ser realizada, outras
também deverão ser consideradas, como pesquisa com doenças ultrarraras (Res. CNS nº 563/17),
novos fármacos, vacinas, medicamentos e testes diagnósticos (Res. CNS nº 251/97), povos indígenas
(Res. CNS nº 304/00) e que envolvam remessa de material biológico para o exterior (Res. CNS nº
292/97). Essas e outras resoluções vigentes estão disponíveis no portal do Ministério da Saúde.
COMISSÃO DE ÉTICA NO USO ANIMAL (CEUA)
As pesquisas com uso de animais no Brasil são avaliadas pelas Comissões de Ética no Uso de Animais
(CEUA). Cada instituição de ensino ou pesquisa deve possuir sua própria CEUA, que avaliará seus
protocolos internos.
Essas comissões são formadas por biólogos, médicos veterinários, docentes ou pesquisadores que
apresentem habilidades e competências técnicas para avaliar os protocolos de ensino e pesquisa com
uso de animais. Além disso, um representante de sociedades protetoras de animais deve compor o
quadro de membros da CEUA. Esse colegiado deve cumprir todo o disposto na Lei nº 11.794/08,
também conhecida como Lei Arouca, bem como o conteúdo dos demais documentos do Conselho
Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), que é o órgão do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, responsável por fiscalizar as CEUA do Brasil.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: YuRi Photolife | Shutterstock
Além de fiscalizar o trabalho da CEUA no Brasil, o CONCEA também é responsável por realizar o
credenciamento de instituições para que possam criar os animais com fins de ensino ou pesquisa e
realizar o monitoramento da introdução de técnicas alternativas que possam substituir o uso de animais.
O funcionamento de biotérios também é controlado pelo CONCEA.
BIOTÉRIOS
Instalações ou locais destinados à produção e manutenção de espécies de animais com finalidade
de pesquisa ou experimentos científicos em diferentes áreas da ciência.
Para que uma instituição de ensino ou pesquisa realize atividades de produção, manutenção ou
utilização de animais pertencentes ao filo Chordata, subfilo Vertebrata (exceto humanos, pois sua
participação em atividades de pesquisa é avaliada pelo CEP), essa instituição deve fazer o requerimento
do Credenciamento Institucional para Atividades com Animais para Ensino ou Pesquisa (CIAEP) junto
ao CONCEA. Essa solicitação é realizada pelo Cadastro de Instituições de Uso Científico de Animais
(CIUCA).
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FILO CHORDATA
Também conhecidos como cordados, correspondem a um agrupamento de seres vivos (animais)
com determinadas características e divididos em subfilos ou subgrupos, entre eles o subfilo
vertebrata.
SUBFILO VERTEBRATA
Corresponde aos animais vertebrados, tendo a coluna vertebral com principal característica.
 VOCÊ SABIA
Em 2020, 562 instituições brasileiras de ensino ou pesquisa estavam devidamente cadastradas no
CONCEA, de acordo com informação disponibilizada em seu site oficial.
As atividades com animais devem ser realizadas corretamente, aplicando os preceitos éticos. O termo
“uso de animais” refere-se a processos de captura, procedimentos cirúrgicos, exames, coleta, criação,
manipulação, experimentação invasiva e não invasiva ou outros procedimentos que resultem em dor,
sofrimento, mutilação, estresse ou morte. Por isso, é necessário que a equipe de pesquisa seja crítica e
faça questionamentos como: esta atividadea ser realizada é necessária? É relevante? Não estamos
realizando uma repetição desnecessária?
FORMAS DE MINIMIZAR O USO ANIMAL
Tais formas devem sempre ser consideradas. Você se lembra do princípio dos 3Rs de Russell e Burch?
A determinação é que sempre haja substituição, redução e aperfeiçoamento. Assim, podemos pensar na
utilização de um cadáver animal ou na utilização de filmagem de um procedimento que poderá ser
utilizada em várias outras aulas com o mesmo tema, sem ter a necessidade de utilizar um animal
novamente. Existem, ainda, várias metodologias alternativas ao uso animal já aprovadas em nosso país
pelo CONCEA. A busca e aprovação de métodos alternativos ao uso de animais são ações contínuas.
Prova disso é que recentemente o CONCEA publicou a Resolução nº 45/19, aprovando um método
alternativo para avaliação da contaminação pirogênica em produtos injetáveis, teste que normalmente é
realizado em coelhos.
 ATENÇÃO
Antes de submeter sua pesquisa à CEUA, o pesquisador deve conhecer a Lei nº 11.794/08. O envio de
protocolos de pesquisa ou de propostas de atividades de ensino com uso de animais deve ser realizado
diretamente à CEUA da instituição na qual a prática será realizada.
Os formulários específicos estabelecidos pelas instituições contemplam o fornecimento de diversas
informações e devem ser entregues juntamente com o projeto de pesquisa ou proposta da atividade de
ensino. O protocolo (conjunto de documentos) deve possuir informações completas com a finalidade da
proposta (ensino ou pesquisa científica), quantidade e origem dos animais, tempo de uso na pesquisa,
espécie, linhagem e raça, sexo e prática a ser realizada com os animais após as experimentações
(como, por exemplo, eutanásia ou doação), dentre outras. O pesquisador deve avaliar, ainda, se há a
possibilidade do emprego de alguma metodologia alternativa ao uso animal.
ASSIM COMO OCORRE COM AS PESQUISAS ENVOLVENDO SERES
HUMANOS, AS PROPOSTAS SUBMETIDAS À CEUA SÓ PODEM SER
INICIADAS APÓS O RECEBIMENTO DO PARECER DE APROVAÇÃO.
Neste vídeo, a professora, doutora em ciências, Cinthia Hoch Batista de Souza explica os aspectos
legais e normativos na pesquisa com animais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O CEP É UM COLEGIADO FORMADO POR UM GRUPO DE PESSOAS
COMPROMETIDAS COM A PROTEÇÃO DOS PARTICIPANTES DE PESQUISAS.
DENTRE ESSES MEMBROS ESTÁ O REPRESENTANTE DE USUÁRIO QUE:
A) É escolhido dentre os membros da própria instituição que abriga o CEP.
B) Deve obrigatoriamente participar ativa e diretamente da pesquisa que for avaliar.
C) Deve atuar dentro do CEP com um olhar externo e independente, sempre focando na defesa e
proteção dos participantes.
D) Pode participar das reuniões, mas não pode realizar avaliação de protocolos de pesquisa.
2. A CEUA É UM COLEGIADO FORMADO POR PESSOAS COM HABILIDADES E
COMPETÊNCIAS TÉCNICAS PARA AVALIAR OS PROTOCOLOS DE ENSINO E
PESQUISA COM USO DE ANIMAIS. O CONCEA É O ÓRGÃO RESPONSÁVEL POR
FISCALIZAR A CEUA, CREDENCIAR AS INSTITUIÇÕES PARA LIDAR COM OS
ANIMAIS, MONITORAR O USO DE TÉCNICAS ALTERNATIVAS QUE SUBSTITUAM
OS ANIMAIS E CONTROLAR O FUNCIONAMENTO DOS BIOTÉRIOS. CONFORME
O QUE ESTABELECE O CONCEA E O QUE VOCÊ ESTUDOU NESTE MÓDULO, É
CORRETO AFIRMAR QUE:
A) A CEUA deve obrigatoriamente ter em seu quadro médicos veterinários, biólogos, docentes e/ou
pesquisadores na área específica e representante de sociedades protetoras de animais.
B) As atividades de produção, manutenção ou utilização de animais por uma instituição não necessitam
de requerimento de credenciamento junto ao CONCEA.
C) Os protocolos de pesquisa ou as propostas de atividades de ensino com uso de animais devem ser
enviados diretamente ao CONCEA, dispensando sua apresentação na CEUA da instituição na qual a
prática será realizada.
D) Apesar de monitorar o uso de animais e de técnicas que os substituam, não cabe ao CONCEA
aprovar metodologias alternativas ao uso animal.
GABARITO
1. O CEP é um colegiado formado por um grupo de pessoas comprometidas com a proteção dos
participantes de pesquisas. Dentre esses membros está o representante de usuário que:
A alternativa "C " está correta.
 
Os representantes de usuários devem atuar no CEP como membros efetivos, tendo o direito de se
expressarem com pontos de vista e interesses dos participantes de pesquisas científicas, realizando,
inclusive, avaliações de protocolos de pesquisa. Eles devem, portanto, representar os interesses e atuar
na proteção dos direitos coletivos e públicos diversos.
2. A CEUA é um colegiado formado por pessoas com habilidades e competências técnicas para
avaliar os protocolos de ensino e pesquisa com uso de animais. O CONCEA é o órgão
responsável por fiscalizar a CEUA, credenciar as instituições para lidar com os animais,
monitorar o uso de técnicas alternativas que substituam os animais e controlar o funcionamento
dos biotérios. Conforme o que estabelece o CONCEA e o que você estudou neste módulo, é
correto afirmar que:
A alternativa "A " está correta.
 
O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal rege o funcionamento de todas as
Comissões de Ética no Uso Animal existentes no Brasil e definiu, por meio da Resolução Normativa nº
20/14, que a CEUA deve ser obrigatoriamente composta por médico veterinário, biólogo, representante
de sociedades protetoras de animais, docente (para instituições de ensino) e/ou pesquisador (para
instituições de pesquisa).
MÓDULO 3
 Relacionar o compromisso ético com a pesquisa
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O COMPROMISSO ÉTICO
Até aqui, estudamos os aspectos éticos das pesquisas realizadas com participação direta ou indireta de
seres humanos, bem como aquelas que são realizadas com uso de animais. Como podemos ver, toda a
equipe de pesquisa, ou seja, todos os envolvidos no projeto (docentes, alunos de graduação, mestrado
ou doutorado e demais colaboradores) devem ter consciência e responsabilidade durante a proposta e
realização dessas pesquisas, afinal, estamos tratando de vidas humanas e animais que estão sendo
colocadas à disposição do projeto de pesquisa. Esses seres precisam ser enxergados pelos
pesquisadores como sujeitos fundamentais para o sucesso da pesquisa.
Pesquisas para a descoberta de um novo medicamento, por exemplo, precisam de etapas com testes
em animais. Por outro lado, como poderíamos avaliar o sabor de uma nova formulação de sorvete
desenvolvida com novos ingredientes sem a participação de pessoas provando esse alimento?
Os pesquisadores não podem se esquecer dessa valiosa participação em nenhuma das fases de sua
pesquisa, inclusive após a coleta dos dados. É necessário que exista um compromisso ético durante a
execução dos experimentos e também depois deles.
 
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Podemos nos perguntar se há mesmo a necessidade de existir todo o sistema de regulamentação ética
de pesquisas e atividades de ensino que foi apresentado nos módulos anteriores. A resposta é: sim, isso
é necessário. Vamos ver um exemplo prático da importância da existência do Sistema CEP/CONEP?
 EXEMPLO
Imagine uma pessoa com alguma doença grave, sem cura e que se vê em situação de desespero. Essa
pessoa facilmente se colocaria à disposição para participar de uma pesquisa com o teste de um novo
medicamento que promete atuar justamente sobre os mecanismos dessa doença que a acomete.
Considerando sua vulnerabilidade e situação, essa pessoa pode se colocar à disposição da pesquisa de
uma forma em que se ponha em risco em nome de uma possível cura ou melhoria de sua saúde.
Provavelmente os riscos não serão observados por ela, pois, devido à sua doença, a possibilidade de
perda da vida é o que a preocupa nessa situação.
Você consegue perceber nessa situação a importância do Sistema CEP/CONEP na proteção desse
participante de pesquisa?
AS PESQUISAS COM ANIMAIS, APÓS SUA CONCLUSÃO, TAMBÉM
PRECISAM TER DEFINIDAS E JUSTIFICADAS AS AÇÕES A SEREM
REALIZADAS COM ESSES ANIMAIS E EM QUE CONDIÇÕES.ALGUMAS PERGUNTAS PARA AS QUAIS A CEUA PRECISA TER
RESPOSTAS DURANTE A AVALIAÇÃO ÉTICA DE UM PROTOCOLO
SÃO: QUAL SERÁ O DESTINO DOS ANIMAIS APÓS O PROJETO DE
PESQUISA? ELES PODEM SER DOADOS? SERÃO DOADOS?
HAVERÁ EUTANÁSIA? QUAL SERÁ O MÉTODO PARA EUTANÁSIA?
QUAL A FORMA DE DESCARTE DE CARCAÇAS?
Os pesquisadores não podem se esquecer dessa valiosa participação em nenhuma das fases de sua
pesquisa, inclusive após a coleta dos dados. É necessário que exista um compromisso ético durante a
execução dos experimentos e também depois deles.
Assim, os sistemas regulatórios atuam no gerenciamento de todas essas pesquisas para que essas
práticas possam ocorrer com respeito total aos direitos e à vida de cada voluntário, seja ele humano ou
animal, em todas as etapas da pesquisa.
O QUE ACONTECE COM OS PARTICIPANTES 
APÓS UMA PESQUISA CIENTÍFICA COM SERES
HUMANOS?
Após a realização da parte experimental (ou seja, a parte prática de uma pesquisa científica), os
pesquisadores iniciam uma etapa também muito importante que é a publicação dos resultados.
A DIVULGAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS EM UMA PESQUISA PODE
SER REALIZADA DE FORMAS DIFERENTES, EM MAIS DE UM
VEÍCULO. ESSA PUBLICAÇÃO PODE OCORRER COMO UM
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC), UMA DISSERTAÇÃO
DE MESTRADO, UMA TESE DE DOUTORADO, ARTIGOS
CIENTÍFICOS, CARTILHAS, MANUAIS, CAPÍTULOS DE LIVROS, E-
BOOKS, DENTRE OUTROS. TAMBÉM PODEM OCORRER
PRODUÇÕES TÉCNICAS, COMO PUBLICAÇÕES EM JORNAIS,
REVISTAS, SITES, ENTREVISTAS, PODCAST, VÍDEOS E OUTROS.
Nesta etapa, a participação dos voluntários pode ter sido encerrada na prática, ou seja, a pesquisa foi
executada com auxílio dos participantes e colheu seus dados/resultados. No entanto, isso não significa
que não há mais relação entre pesquisador e voluntários. Esta etapa, chamada de pós-estudo, também
contempla a inclusão dos participantes da pesquisa.
Ao divulgar os resultados de uma pesquisa científica, o pesquisador deve se manter fiel às questões
éticas exigidas desde o começo de seu trabalho de investigação, quando ele ainda era um projeto e
estava sendo avaliado eticamente. Sendo assim, mesmo com a conclusão da parte prática da pesquisa,
é dever do pesquisador:
GARANTIR A PRIVACIDADE DOS PARTICIPANTES
O pesquisador deve manter o sigilo e a confidencialidade das informações de seus voluntários e
também dos seus dados, não permitindo sua identificação. Apenas os dados científicos obtidos como
resultados e sem identificação de participantes podem ser divulgados. Os pesquisadores devem prever
procedimentos que garantam a confidencialidade, proteção da imagem e a não estigmatização dos
voluntários.
Com o avanço da tecnologia, isso precisa ter um cuidado especial, pois as formas de aplicação e
realização de pesquisas também estão se modernizado. Atualmente, a distribuição de questionários via
e-mail e até mesmo por redes sociais e aplicativos de mensagem é muito comum. Essa prática tem sido
realizada por vários motivos, como, por exemplo, conseguir um grande número de participantes,
comparar populações de várias regiões do país, comparar várias realidades considerando diferentes
localidades, dentre outros.
Esse tipo de pesquisa, chamado muitas vezes de pesquisa online, é permitido no Brasil, porém o projeto
deve ser avaliado pelo sistema CEP/CONEP igualmente aos demais já discutidos, sempre garantindo a
defesa e os direitos dos participantes. Imagine que mesmo os voluntários de uma pesquisa realizada de
forma online são passíveis de serem identificados através do IP da máquina usada para responder à
pesquisa.
Outra situação comum em pesquisas, na área biomédica, é o acesso a prontuários médicos. O
pesquisador deve ter o conhecimento de que esse documento é de propriedade exclusiva do paciente e
o seu uso para fins de pesquisa (após aprovação pelo CEP com toda documentação necessária,
incluindo, se possível, o TCLE assinado pelo paciente ao qual o prontuário pertence) deve ser cercado
de sigilo e confidencialidade por todos da equipe de pesquisa que tiverem acesso ao material.
Em agosto de 2018, foi aprovada no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD - Lei nº 13.709)
que passou a vigorar em setembro de 2020. A LGPD também terá efeitos regulatórios sobre as
pesquisas realizadas com seres humanos, visto que determina ações relativas ao tratamento de dados
pessoais objetivando proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade das pessoas. A lei
defende o ato de consentir do cidadão. Assim, o consentimento será condição necessária para que seus
dados possam ser tratados, utilizados, pesquisados ou avaliados. A vigência desta lei traz uma nova
regulação relativa à garantia da privacidade no tratamento de dados pessoais, incluindo também os
meios digitais.
As resoluções do Conselho Nacional de Saúde já exigem total privacidade em relação aos dados e
informações de voluntários, bem como a manutenção do anonimato desses participantes de pesquisa, e
a referida lei irá reforçar essa determinação.
GARANTIR ASSISTÊNCIA AO PARTICIPANTE
Mesmo após a condução e finalização do trabalho, caso ocorra algum dano ou agravo ao voluntário em
decorrência de sua participação na pesquisa, é dever do pesquisador prover tal assistência, como
tratamentos, acompanhamentos e demais ações de assistência pelo tempo que for necessário. Isso
inclui também assistência psicológica, que muitas vezes é negligenciada.
Você se lembra do exemplo de pesquisa sobre luto que vimos no módulo anterior? Ao ser entrevistado
sobre esse assunto, o participante pode reagir bem inicialmente, mas pode, por exemplo, apresentar
alguma condição de dano psicológico mais tarde, após a sua participação no estudo, justamente por ter
respondido a questões sobre um tema sensível para ele.
Importante: a assistência pode ser inclusive uma indenização.
GARANTIR O RESSARCIMENTO DE GASTOS
Todo voluntário tem direito ao ressarcimento dos gastos com transporte e alimentação que venha a ter
exclusivamente devido à sua participação na pesquisa. Esse ressarcimento pode ser realizado durante a
pesquisa e os valores devem ser totalmente quitados pelo pesquisador na ocasião do encerramento do
estudo.
FORNECER RESULTADOS DE EXAMES
É muito comum, em pesquisas da área biomédica, a realização de exames (sejam de imagens,
bioquímicos ou genéticos). Muitas vezes, esses exames são repetidos em várias fases da pesquisa.
Assim como os prontuários médicos, os resultados de exames realizados para fins de pesquisa científica
são de propriedade dos voluntários. Sempre que solicitados, os pesquisadores devem fornecer esses
resultados bem como auxiliar os participantes com informações e encaminhamentos que se fizerem
necessários de acordo com os resultados.
PERMITIR QUE O PARTICIPANTE RETIRE SEU
CONSENTIMENTO DA PESQUISA
Você se lembra de que falamos anteriormente sobre autonomia? Esse princípio garante ao participante
de pesquisa que ele tenha o direito de decidir por sua participação em uma pesquisa e desistir, caso
queira, a qualquer momento. Isso é o direito do voluntário durante a execução da pesquisa. Neste
módulo, estamos falando sobre o pós-estudo, ou seja, o que deve ser assegurado ao participante depois
da conclusão da pesquisa. O consentimento pode ser retirado mesmo após o término do estudo.
O voluntário pode participar de uma pesquisa de várias formas, incluindo doação de órgãos, tecidos,
fluidos e material genético. Tudo isso pode ser utilizado para mais de uma pesquisa. Quando
devidamente fundamentado, aprovado pelo CEP e com o participante totalmente informado e de acordo
através da assinatura do TCLE, esses materiais podem ser armazenados em um biobanco institucional
e utilizados para outros projetos de pesquisa.
No entanto, todos esses materiais continuam sendo do voluntário. Assim, os participantes de pesquisa
também devem ter sua autonomia garantida após a conclusão dos estudos, tendo o direito de solicitar a
retirada de seus materiais do biobanco bem como dos seus dados genéticos queestejam em arquivos
institucionais. Isso pode ser realizado a qualquer momento, mesmo que no ato do processo de
esclarecimento o participante tenha concordado com a doação e disponibilização desses materiais e
dessas informações.
COMUNICAR AUTORIDADES COMPETENTES SOBRE OS
RESULTADOS DA PESQUISA
Este dever do pesquisador não se refere diretamente ao participante, mas faz parte de sua conduta de
respeito a ele, visto que a participação de um indivíduo em uma pesquisa científica visa também ao
bem-estar coletivo. Assim, após a conclusão do estudo, o pesquisador deve informar aos órgãos
competentes os resultados de sua pesquisa que porventura possam colaborar com a coletividade.
ASSEGURAR AOS VOLUNTÁRIOS OS BENEFÍCIOS
OBTIDOS NA PESQUISA
Esta obrigação do pesquisador refere-se também ao princípio da justiça, como veremos a seguir.
Neste vídeo a professora, doutora em ciências, Cinthia Hoch Batista de Souza, discorre sobre o
compromisso ético necessário com a privacidade e sigilo dos dados dos participantes de pesquisas
científicas.
BENEFÍCIOS AOS PARTICIPANTES: O
PRINCÍPIO DA JUSTIÇA
Outra questão que não pode ser esquecida são os benefícios da pesquisa. Você se lembra de que a
pesquisa deve apresentar benefícios ao participante? No caso de uma pesquisa com benefícios
comprovados, é dever dos pesquisadores oferecer essa condição a todas as pessoas que participaram
do estudo.
Para ficar mais claro, vamos pensar em dois exemplos práticos, um estudo na área de Educação Física
e outro na área de Pedagogia, e vamos pensar no retorno aos participantes:
ESTUDO NA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Muitas vezes, em uma pesquisa científica, os participantes são divididos em dois grupos para a
realização dos experimentos propostos. E esses grupos, embora tenham realizado procedimentos
diferentes, devem obter os mesmos benefícios, caso eles sejam comprovados ao término da pesquisa.
Imagine uma pesquisa realizada com um total de 200 pessoas que foram alocadas em dois grupos
menores, com 100 pessoas cada. Cada grupo recebeu um suplemento alimentar com aminoácidos (que
formam as proteínas em nosso organismo) que deveria ser ingerido, por exemplo, durante 5 meses. As
pessoas foram instruídas a ingerir o composto e a realizar uma série de exercícios. O objetivo principal
era avaliar periodicamente essas pessoas e constatar se houve ou não ganho de massa muscular.
Vamos imaginar que o grupo que tomou o suplemento A teve um resultado significativo (houve ganho de
massa muscular) e o grupo que tomou o suplemento B não apresentou esse ganho.
Você acha justo que as 100 pessoas do grupo B que participaram da pesquisa não tenham nenhum
benefício? Você se lembra do princípio da justiça que estudamos no módulo 1? Então, deixar o grupo B
sem a possibilidade de receber o mesmo benefício que o grupo A obteve não é justo e nem ético. Afinal,
a participação do grupo B também colaborou para o resultado positivo da pesquisa, pois foi pela
comparação dos grupos que a equipe de pesquisa constatou que o suplemento A foi eficaz no ganho de
massa muscular.
Assim, o pesquisador tem a obrigação, ou melhor, o dever ético de fornecer ao grupo B o mesmo
suplemento que o grupo A tomou, pelo mesmo tempo, de forma que ambos sejam igualmente
beneficiados por sua participação na pesquisa.
ESTUDO NA ÁREA DE PEDAGOGIA
Imagine um estudo realizado por um mestrando, formado em Pedagogia, que em seu projeto de
pesquisa avaliou 50 brinquedotecas de escolas públicas municipais de determinada região do país. Esse
estudo apresentava uma metodologia ampla e contemplava coleta de dados por meio de entrevistas
com professores, diretores, coordenadores pedagógicos e crianças, além da avaliação das
características da brinquedoteca (ou do que a escola julgava ser sua brinquedoteca): espaço e
adequação física, tipo e quantidade de recursos disponíveis, forma e tempo de utilização, disponibilidade
de professor responsável, dentre outros aspectos.
Um dos objetivos desse estudo poderia ser, diante das avaliações realizadas, a proposição de soluções
ou melhorias para as brinquedotecas das escolas visitadas ou até mesmo a apresentação de um plano
didático-pedagógico com informações para a implantação de uma brinquedoteca adequada à escola que
não apresentasse esse espaço.
O trabalho do nosso exemplo apresenta grande relevância social e educacional. É o tipo de pesquisa
científica que, além de gerar benefícios diretos aos participantes, tem amplitude para gerar muitos
benefícios para a comunidade em geral. Afinal, são muitos os alunos que poderiam se beneficiar das
melhorias nessas brinquedotecas ou da implantação de uma brinquedoteca nas escolas que ainda não a
tivessem. O benefício vai ainda além, pois a brinquedoteca traz uma grande contribuição para formação
psicológica, educacional, cultural, social e motora das crianças usuárias desse espaço, pontos
fundamentais para sua formação como seres humanos e profissionais.
Mas será que esses benefícios, assim como aquele observado no nosso exemplo do estudo na área de
Educação Física, serão ofertados aos participantes, à comunidade e à sociedade como um todo?
A resposta para esse questionamento deveria ser “sim”!
O retorno dos resultados de pesquisas científicas à sociedade é ponto fundamental para que esses
estudos sejam de fato importantes, e não fúteis. É necessário que o conhecimento e os seus benefícios
atinjam a população e transformem o meio em que vive.
É muito importante que os pesquisadores tenham em mente que, embora as pesquisas com seres
humanos apresentem muitas variáveis, independentemente da área da pesquisa, o participante é um
ser humano (podendo ser, em sua totalidade ou partes dele, de forma direta ou indireta, realizada
inclusive com seus dados e material biológico) e deve ser tratado com toda ética que se faz necessária
para a garantia de seus direitos e sua proteção em todas as fases do estudo científico proposto.
VARIÁVEIS
Exemplos de variáveis: tipos de metodologias, número de participantes, formas de obtenção de
consentimento livre e esclarecido, diferentes maneiras para coleta de dados, várias normativas
para realização desses estudos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. COM RELAÇÃO AOS BENEFÍCIOS DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA, QUANDO
ESTES FOREM COMPROVADOS, É DEVER DO PESQUISADOR:
A) Apenas informar aos participantes que houve benefício, sem se comprometer com a oferta de algum
benefício.
B) Informar aos participantes que houve benefício e oferecer as mesmas condições para todos os
participantes.
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C) Descrever aos participantes quais foram os benefícios e informar que a instituição de pesquisa tem
obrigação de reverter resultados favoráveis apenas aos participantes do grupo bem-sucedido.
D) Informar todos os benefícios somente nas publicações resultantes da pesquisa, além de os relatar ao
CEP.
2. COM RELAÇÃO ÀS PESQUISAS REALIZADAS PELO ENVIO DE
QUESTIONÁRIOS AOS PARTICIPANTES POR E-MAIL, É CORRETO AFIRMAR
QUE:
A) Não precisam ser avaliadas pelo Sistema CEP/CONEP, pois basta o aval do orientador do
pesquisador que realizar a pesquisa.
B) São avaliadas após sua realização e apenas pela CONEP.
C) Devem ser avaliadas quando há questionário a ser aplicado a crianças e adolescentes.
D) São avaliadas pelo Sistema CEP/CONEP com o mesmo rigor e os critérios aplicados a outros
protocolos.
GABARITO
1. Com relação aos benefícios de uma pesquisa científica, quando estes forem comprovados, é
dever do pesquisador:
A alternativa "B " está correta.
 
Todos os participantes de uma pesquisa têm o direito de receber os mesmos benefícios, de modo que
eles devem ser informados e convidados a receber o melhor tratamento/condição comprovados por
meio dos resultados do estudo.
2. Com relação às pesquisas realizadas pelo envio de questionários aos participantes por e-mail,
é correto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
 
As pesquisas realizadas online devem ser submetidas à avaliação do Sistema CEP/CONEP,apresentando toda a documentação pertinente.
CONCLUSÃO
 Fonte: GoodStudio | Shutterstock
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, você percebeu como o avanço técnico-científico é importante para a evolução humana. A
participação de seres humanos e animais nas pesquisas que colaboram para esse progresso é
importantíssima. No entanto, esse avanço pode resultar em muitos problemas éticos, caso as pesquisas
não sejam conduzidas de maneira coerente e humanizada.
Assim, o conhecimento do CEP e da CEUA, seu funcionamento e suas funções, é de extrema
importância para a realização de atividades de ensino e pesquisa com ética. A aprovação de uma
pesquisa por um CEP ou uma CEUA revela o selo de qualidade da pesquisa, uma vez que essa
aprovação significa que o estudo científico foi delineado para ser conduzido com respeito ao participante
e atendendo aos preceitos éticos. Ética não é, portanto, uma técnica a ser aprendida, mas um valor a
ser seguido.
O CEP e a CEUA devem ser parceiros da comunidade acadêmica e científica para que a existência
desses colegiados seja sempre defendida e apoiada, pois sua atuação está diretamente ligada ao
respeito ao próximo e à vida, seja ela humana ou animal.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, A. Para uma ética em pesquisa fundada nos Direitos Humanos. In: Revista
Bioética, Brasília, v.21, n.3, p.412-22, 2013.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução CNS nº 466/12. Aprova diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Consultado em meio eletrônico em: 18
ago. 2020.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução CNS nº 510/18. Dispõe sobre as normas aplicáveis
a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Consultado em meio eletrônico em: 18 ago. 2020.
DINIZ, D.; CORRÊA, M. Declaração de Helsinki: relativismo e vulnerabilidade. In: Cadernos de Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v.17, n.3, p.679-688, 2001.
GUIMARÃES, M. V.; FREIRE, J. E. C.; MENEZES, L. M. B. Utilização de animais em pesquisas:
breve revisão da legislação no Brasil. In: Revista Bioética, Brasília, v.24, n.2, p.217-24, 2016.
KOTTOW, M. De Helsinki a Fortaleza: una Declaración dessangrada. In: Revista Bioética, Brasília,
v.22, n.1, p. 28-33, 2014.
MARKMAN, J. R.; MARKMAN, M. Running an ethical trial 60 years after the Nuremberg Code. In:
Lancet Oncology, v.8, p.1139–1146, 2007.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Documentos de direitos humanos. Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Consultado em meio eletrônico em: 19 ago. 2020.
REZENDE, A. H. P.; PELUZIO, M. C. G.; SABARENSE, C. M. Experimentação animal: ética e
legislação brasileira. In: Revista de Nutrição, Campinas, v.21, n.2, p.237-242, 2008.
SEIXAS, M. M.; VIRGENS, J. H. A.; MELO, S. M. B.; VAN HERK, A. G. S. Consciência na substituição
do uso de animais no ensino: aspectos históricos, éticos e de legislação. In: Revista Brasileira de
Direito Animal, Salvador, v.5, n.6, p.71-96, 2010.
EXPLORE+
Para se aprofundar mais no conteúdo deste tema, sugerimos as seguintes leituras e vídeos:
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento importante na história dos direitos
humanos e já foi traduzida para mais de 500 idiomas, desde 1948. Na página oficial da ONU Brasil
você pode acessar uma cartilha com a declaração na íntegra, em português. Nesta mesma página
você também poderá acessar um vídeo, em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é
ilustrada e apresentada com áudio.
Na página oficial da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), você tem acesso a todas
as resoluções vigentes que regem as pesquisas com seres humanos no Brasil.
A Cartilha dos Direitos dos Participantes de Pesquisa editada e disponibilizada na internet pela
CONEP apresenta, de forma clara e objetiva, todas as normas que regem as pesquisas com seres
humanos.
No canal oficial da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), no YouTube, você tem
acesso a vários vídeos que tratam da tramitação de protocolos de pesquisa com seres humanos.
Os vídeos apresentam um conteúdo completo a respeito desse assunto. Assista acessando o
canal “Ética em Pesquisa”.
O Instituto 1R de Promoção e Pesquisa para Substituição da Experimentação Animal atua
incentivando a aplicação do princípio da substituição dos animais utilizados em pesquisas
científicas. No site e nas redes sociais do instituto você tem acesso a publicações, entrevistas,
vídeos e projetos que abordam o tema.
A edição do livro The principles of humane experimental technique (Princípios das Técnicas
Experimentais Humanas) que apresenta o princípio dos 3Rs para experimentação animal está
disponível na íntegra na internet.
O livro Animais de laboratório: criação e experimentação é uma obra que reúne capítulos escritos
por vários autores sobre experimentação animal e assuntos relacionados. A obra tem 388 páginas,
foi editada pela Editora FIOCRUZ, no Rio de Janeiro, e está disponível na internet.
O CONCEA disponibiliza em sua página oficial na internet todos os documentos (lei, decreto e
resoluções normativas) que devem ser conhecidos para a realização de atividades de ensino e
pesquisa com uso de animais no Brasil.
No e-book Normativas do CONCEA para produção, manutenção ou utilização de animais em
atividades de ensino ou pesquisa científica, que está em sua 3ª edição (ano de 2016), o CONCEA
disponibiliza um documento como referência para todos os procedimentos relacionados ao uso de
animais em universidade e demais instituições pertinentes.
CONTEUDISTA
Cínthia Hoch Batista de Souza
 CURRÍCULO LATTES
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