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D PENAL aula-06

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Aula 06
Noções de Direito Penal p/ PC-MS
(Agente de Polícia Científica) - 2021 -
Pré-Edital
Autores:
Renan Araujo, Time Renan Araujo
Aula 06
15 de Março de 2021
05387839156 - Julio Cesar seccatto
 
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Sumário 
APLICAÇÃO DAS PENAS ............................................................................................................................... 3 
1 Etapas da fixação da pena privativa de liberdade ............................................................................ 4 
1.1 Fixação da pena-base ................................................................................................................ 4 
1.2 Segunda fase: análise das agravantes e atenuantes .................................................................... 7 
1.3 Terceira fase: aplicação das causas de aumento e diminuição da pena ..................................... 12 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA ........................................................................................................ 14 
1 Conceito ........................................................................................................................................... 14 
2 Requisitos objetivos ........................................................................................................................... 15 
3 Requisitos subjetivos .......................................................................................................................... 15 
4 Espécies de sursis e condições ........................................................................................................... 16 
5 Revogação do sursis, prorrogação do prazo e cumprimento das obrigações ..................................... 17 
LIVRAMENTO CONDICIONAL ...................................................................................................................... 18 
1 Conceito ........................................................................................................................................... 18 
2 Requisitos .......................................................................................................................................... 19 
2.1 Requisitos objetivos .................................................................................................................... 19 
2.2 Requisitos subjetivos ................................................................................................................... 22 
3 Regras gerais relativas ao Livramento Condicional, revogação e extinção do benefício .................... 23 
MEDIDAS DE SEGURANÇA .......................................................................................................................... 25 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO........................................................................................................................ 27 
1 Natureza e espécies ......................................................................................................................... 27 
2 Efeitos genéricos ............................................................................................................................... 31 
2.1 Obrigação de reparar o dano .................................................................................................. 31 
2.2 Confisco ..................................................................................................................................... 31 
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3 Efeitos específicos ............................................................................................................................. 32 
3.1 Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo .................................................................. 32 
3.2 Incapacidade para exercício do poder familiar, tutela ou curatela ............................................ 32 
3.3 Inabilitação para dirigir veículo ................................................................................................. 33 
3.4 Perda de bens decorrentes de evolução patrimonial presumidamente ilícita ............................... 34 
4 Reabilitação ..................................................................................................................................... 35 
4.1 Sigilo das condenações .............................................................................................................. 36 
4.2 Efeitos secundários extrapenais da condenação ......................................................................... 36 
4.3 Pressupostos e requisitos para a Reabilitação ............................................................................ 36 
PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO .................................................................................................................. 37 
1 Introdução ........................................................................................................................................ 37 
2 Causas de extinção da punibilidade diversas da prescrição ............................................................. 38 
3 Prescrição ......................................................................................................................................... 41 
3.1 Prescrição da pretensão punitiva ............................................................................................... 41 
3.2 Prescrição da pretensão executória ........................................................................................... 47 
3.3 Disposições importantes sobre a prescrição ................................................................................ 48 
DA AÇÃO PENAL NO CÓDIGO PENAL ....................................................................................................... 49 
DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ......................................................................................................... 51 
SÚMULAS PERTINENTES ............................................................................................................................... 68 
1 Súmulas do STF ................................................................................................................................. 68 
2 Súmulas do STJ ................................................................................................................................. 70 
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ..................................................................................................................... 73 
EXERCÍCIOS COMENTADOS ........................................................................................................................ 75 
EXERCÍCIOS PARA PRATICAR ..................................................................................................................... 126 
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GABARITO ................................................................................................................................................ 149 
 
 
Olá, meus amigos concurseiros! 
 
Na aula de hoje, dando seguimento ao nosso estudo, vamos estudar a aplicação das penas, bem como 
analisar diversos institutos relacionados à pena: livramento condicional, suspensão condicional da pena, 
efeitos da condenação e medidas de segurança (espécie de sanção penal), além da extinção da punibilidade 
e da ação penal. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 APLICAÇÃO DAS PENAS 
A aplicação da pena é o ato mediante o qual o Juiz, após o processo criminal, proferindo sentença penal 
condenatória,efetivamente aplica a sanção penal ao infrator. 
A doutrina o classifica como um ato discricionário do juridicamente vinculado, ou seja, o Juiz possui certo 
grau de discricionariedade na fixação da pena, mas deve respeitar os limites estabelecidos pela Lei. 
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O sistema de aplicação da pena estabelecido pelo CP é o trifásico, no que tange à pena privativa de 
liberdade, pois ela é fixada após a superação de três etapas: 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em 
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas 
de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
1 Etapas da fixação da pena privativa de liberdade 
Como vimos, na fixação da pena privativa de liberdade se adota um sistema trifásico. Da seguinte 
forma: 
SISTEMA TRIFÁSICO DE APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
 Fixação da pena-base 
 Aplicação de agravantes e atenuantes 
 Aplicação de causas de aumento e diminuição da pena 
1.1 Fixação da pena-base 
Assim dispõe o art. 59 do CP: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como 
ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para 
reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Essas circunstâncias mencionadas no art. 59 são chamadas de circunstâncias judiciais, e são levadas em 
consideração pelo Juiz para a fixação da pena-base. Quando favoráveis ao agente, trazem a pena-base 
para próximo do mínimo previsto. Quanto mais desfavoráveis, elevam a pena-base para mais próximo do 
máximo previsto. 
 
CUIDADO! Nesta etapa, ainda que as circunstâncias judiciais sejam extremamente 
favoráveis ao condenado, não pode o Juiz fixar a pena-base abaixo do mínimo legal. 
Além disso, as circunstâncias judiciais possuem um caráter subsidiário, ou seja, só podem ser levadas em 
consideração se não tiverem sido consideradas na previsão do tipo penal e não constituam circunstâncias legais 
(agravantes ou atenuantes) ou causas de aumento e diminuição da pena. 
EXEMPLO: Imagine que José é condenado por agredir um senhor de 85 anos. O Juiz não 
pode agravar a pena-base em razão das circunstâncias do crime (superioridade de forças 
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em relação à vítima, que é pessoa vulnerável), pois essa circunstância é prevista no art. 61, 
II, h do CP como uma circunstância legal (agravante). Vejamos: 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou 
qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada 
pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Assim, se o Juiz aumentasse a pena-base por aquele motivo, e depois aplicasse a circunstância legal 
agravante, haveria o que se chama de Bis in idem, que é a consideração de uma mesma circunstância duas 
vezes em prejuízo do réu, o que não é permitido (Ou dupla punição pelo mesmo fato). 
E se o crime for qualificado, e o agente tiver praticado o crime mediante a prática de diversas 
qualificadoras? Nesse caso, o entendimento majoritário é o de que o Juiz deve levar apenas uma 
qualificadora em consideração para qualificar o crime, utilizando as demais como circunstâncias agravantes 
(se previstas) ou circunstâncias judiciais (que agravam a pena-base). 
EXEMPLO: Imaginem que Ronaldo cometeu homicídio por motivo torpe, mediante emboscada 
e com a finalidade de assegurar a ocultação de outro crime. Estas três situações (motivo 
torpe, emboscada e finalidade de assegurar a ocultação de outro crime) são qualificadoras 
do homicídio. Vejamos: 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
(...); 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossivel a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Nesse caso, o Juiz considerará apenas um dos fatores para qualificar o crime, utilizando os demais como 
agravantes ou circunstâncias judiciais que aumentam a pena-base. 
Como todas as três situações são circunstâncias agravantes genéricas, o Juiz deverá utilizar as outras 
duas como agravantes. Nos termos do art. 61, II do CP: 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou 
qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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(...) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) por motivo fútil ou torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro 
crime; 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou 
tornou impossível a defesa do ofendido; 
Portanto, a utilização de algum fato como circunstância judicial se dá de maneira subsidiária, ou 
seja, somente se este fato ainda não tenha sido levado em conta na própria definição do crime ou não se trate 
de circunstância agravante ou causa de aumento de pena. 
Na fixação da pena-base, o Juiz deve partir do mínimo legal, e só poderá sair desse 
patamar se estiverem presentes circunstâncias desfavoráveis, devendo fundamentar a sua 
decisão. 
 
Algumas questões costumam ser bem polêmicas. Vamos a elas: 
 Maus antecedentes – O STJ e o STF entendem que a mera existência de Inquéritos 
Policiais e ações penais em curso, sem trânsito em julgado1, não podem ser 
considerados como maus antecedentes para aumento da pena-base, pois isso seria 
violação ao princípio da presunção de inocência (súmula 444 do STJ) 
 Condenação definitiva anterior – Não pode ser considerada como mau antecedente, 
se já é considerada como reincidência (agravante). Só pode ser considerada como 
mau antecedente a condenação anterior que não serve como reincidência (ex.: 
condenação definitiva que ocorreu após a prática do crime atual). 
 Consequências do crime - Para que possam caracterizar circunstância judicial apta 
a aumentar pena base, devem ser consequências que não sejam as consequências 
naturais do delito – EXEMPLO: O Juiz não pode aumentar a pena base de um 
homicídio consumado ao argumento de que a consequência do crime foi grave, já que 
a vítima morreu. Ora, em todo homicídio consumado é LÓGICO que a vítima morreu! 
 
1 No julgamento do HC 126.292 o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenação em segunda 
instância por um órgão colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o princípio da presunção de inocência, admitindo 
que a “culpa” (para fins de cumprimento da pena) já estaria formada nesse momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido 
contrário). Isso significa que, possivelmente, teremos (num futuro breve) alteração nesta súmula do STJ e na jurisprudência consolidada 
do STF, de forma que ações penais em curso passem a poder ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo 
menos, condenação em segunda instância por órgão colegiado(mesmo sem trânsito em julgado). HC 126292/SP, rel. Min. Teori 
Zavascki, 17.2.2016. 
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 Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou fixação de regime de 
cumprimento de pena mais gravoso – Não pode o julgador aumentar a pena base 
apenas por entender que o delito é, abstratamente, grave (pois isso já foi levado em 
conta pelo legislador ao fixar os patamares mínimo e máximo). Além disso, tal 
circunstância também não pode ser utilizada para a fixação de regime prisional mais 
gravoso que o naturalmente previsto para aquela quantidade de pena aplicada. 
Súmula 718 do STF: 
Súmula 718 do STF 
A OPINIÃO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO 
CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO DE REGIME MAIS SEVERO DO QUE 
O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA. 
1.2 Segunda fase: análise das agravantes e atenuantes 
São circunstâncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada inicialmente (pena-base). São 
consideradas “genéricas” por estarem previstas na parte geral do CP. Existem, entretanto, atenuantes 
específicas, previstas para determinados tipos penais, como, por exemplo, a prevista no art. 398 do CTB – 
Código de Trânsito Brasileiro. 
As agravantes genéricas estão previstas nos arts. 61 a 62 do CP, e SÃO UM ROL TAXATIVO (somente 
aquelas). 
Nos termos do CP, as agravantes genéricas são: 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou 
qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) por motivo fútil ou torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro 
crime; 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou 
tornou impossível a defesa do ofendido; 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que podia resultar perigo comum; 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou 
de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação 
dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
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g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
(Redação dada pela Lei nº 9.318, de 1996) 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada 
pela Lei nº 10.741, de 2003) 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de 
desgraça particular do ofendido; 
l) em estado de embriaguez preordenada. 
Agravantes no caso de concurso de pessoas 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível 
em virtude de condição ou qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Já as atenuantes genéricas (favoráveis ao réu) estão previstas no art. 65 do CP, e são um ROL 
MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO (conforme preconiza o art. 66 do CP), ou seja, podem ser utilizadas outras 
circunstâncias não previstas naquela lista. 
Nos termos do CP: 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, 
na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou 
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
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c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de 
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da 
vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior 
ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
A Doutrina entende, ainda, que as agravantes só se aplicam aos crimes dolosos (majoritária), exceto 
a agravante da reincidência.2 
 
As circunstâncias legais (agravantes e atenuantes genéricas) são de aplicação obrigatória 
pelo Juiz. Em qualquer caso, a aplicação de uma agravante nunca pode levar a pena a ficar 
acima do máximo previsto para o crime. Assim, se o Juiz, ao fixar a pena base, a fixa no 
máximo legal, de nada servirá a agravante genérica. 
Da mesma forma, sendo fixada a pena-base no mínimo legal, a aplicação da atenuante não 
terá qualquer utilidade, pois a pena já estará no mínimo legal (súmula 231 do STJ). 
A Lei Penal, entretanto, não estabelece uma quantidade de diminuição ou aumento que deva ser 
aplicada. Esse critério é do Juiz. 
Com relação às agravantes, destacamos a reincidência, por ser extremamente complexa. Vamos estudá-
la detalhadamente. 
1.2.1 Reincidência 
A reincidência é a prática de um crime após ter o agente sido condenado por sentença irrecorrível em 
outro crime, no Brasil ou no exterior (art. 63 do CP). No entanto, é possível a reincidência no caso de prática 
de contravenção após ter sido o agente condenado por sentença irrecorrível pela prática de crime ou 
contravenção. No entanto, a prática de crime após a condenação criminal irrecorrível por contravenção NÃO 
GERA REINCIDÊNCIA. Assim: 
INFRAÇÃO ANTERIOR INFRAÇÃO POSTERIOR RESULTADO 
CRIME CRIME REINCIDENTE 
CRIME CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE 
 
2 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516 
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CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE 
CONTRAVENÇÃO CRIME PRIMÁRIO 
Resumindo, a prática de contravenção penal após a condenação irrecorrível por qualquer infração 
penal (contravenção ou crime), gera reincidência. Já a prática de crime só gera a condição de reincidente 
se a condenação anterior se deu por outro crime, não gerando este efeito no caso de condenação anterior 
por contravenção. 
Assim, temos a absurda hipótese de alguém praticar duas contravenções e ser reincidente. Já no caso de 
prática de um crime posteriormente a uma condenação por contravenção, SERÁ PRIMÁRIO! Trata-se de brecha 
legislativa!3 
Nos termos do art. 63 do CP: 
Art.63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar 
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Para que seja provada a reincidência, é necessário que haja certidão do cartório judicial acerca da 
condenação anterior (STJ). 
A reincidência pode ser: 
 REAL – quando o agente comete novo crime após cumprir a pena anterior. 
 FICTA OU PRESUMIDA – quando o agente pratica novo crime após a condenação anterior, 
pouco importando se tenha ou não cumprido a pena. 
O CP adotou a teoria presumida. 
A reincidência pode, ainda, ser: 
 GENÉRICA – os crimes praticados são diversos. 
 ESPECÍFICA – os crimes praticados são previstos no mesmo tipo penal. 
Em regra, não se distingue uma da outra (genérica da específica), mas há situações em que a Lei 
estabelece consequências diferentes para o reincidente genérico e para o específico (essa última é sempre 
considerada mais grave). 
 A reincidência só ocorrerá se o crime novo for praticado no período de até cinco anos a partir da data 
EM QUE A PENA ANTERIOR SE EXTINGUIU (e não a data da sentença), computando-se o período de prova 
da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, se não tiver havido revogação. ESSE PERÍODO 
SE CHAMA PERÍODO DEPURADOR. 
EXEMPLO: José foi definitivamente condenado, em 10.01.2010, pela prática do crime de 
furto. Cumpriu sua pena até 15.02.2012, quando a pena se extinguiu pelo cumprimento. Em 
20.03.2018 pratica novo crime, desta vez, de estelionato. O Juiz, ao aplicar a pena pelo 
crime de estelionato (praticado em 20.03.2018) não poderá considerar José como 
 
3 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 523 
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reincidente, pois a prática do estelionato ocorreu MAIS de 05 anos após a extinção da pena 
pelo crime anterior. 
CUIDADO! Se houve a extinção da punibilidade antes de ser proferida sentença condenatória irrecorrível, 
nunca haverá reincidência, pois não chegou a haver condenação irrecorrível (Ex.: Jonas tem sua punibilidade 
extinta pela prescrição, não sendo condenado pelo crime de roubo. Se Jonas vier a praticar novo crime, não 
será considerado reincidente). 
Assim, temos o reincidente (aquele que se enquadra nas situações explicadas) e o primário (aquele que 
não se enquadra nestas situações). Todavia, a Jurisprudência criou a figura do tecnicamente primário, que é 
aquele agente que possui condenação definitiva, mas não pode ser considerado reincidente (seja porque não 
praticou o crime após a condenação definitiva pelo anterior, mas antes desta, ou por ter praticado esta nova 
infração após o período depurador. 
 
CUIDADO! Os crimes militares e os crimes políticos não geram reincidência no campo penal 
comum. 
1.2.2 Disposições gerais acerca da segunda fase de aplicação da pena 
Havendo coexistência entre uma agravante e uma atenuante, não há, a princípio, compensação de uma 
por outra, devendo prevalecer aquela que for considerada preponderante. Mas qual será a preponderante? 
Será preponderante: 
• Menoridade do agente (ser menor de 21 anos à época do fato) e senilidade (maior de 70 
anos na data da sentença) - Há entendimento no sentido de que deve ser compensada com 
eventual agravante de reincidência4, e outras decisões no sentido de que prepondera sobre 
toda e qualquer agravante, inclusive reincidência (prevalece este entendimento, mas está 
controvertido). 5 
• Aquelas relativas aos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da 
reincidência. 
• Outras circunstâncias 
 
4 AgRg no HC 310.218/DF, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe 19/09/2017 
5 (...) 3. Conforme o entendimento consolidado desta Corte, a atenuante da menoridade é sempre considerada preponderante 
em relação às demais agravantes de caráter subjetivo e também em relação às de caráter objetivo. Essa conclusão decorre da 
interpretação acerca do art. 67 do Código Penal, que estabelece a escala de preponderância entres as circunstâncias a serem 
valoradas na segunda etapa do modelo trifásico. Dentro dessa sistemática, a menoridade relativa, assim como a senilidade, 
possuem maior grau de preponderância em relação àquelas igualmente preponderantes, decorrentes dos motivos 
determinantes do crime e reincidência, nos termos do art. 67 do Código Penal, e, a fortiori, em relação às circunstâncias objetivas. 
(...) 
(HC 441.341/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 30/05/2018) 
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Nos termos do art. 67 do CP: 
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite 
indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos 
motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Mas e se a atenuante e a agravante se referirem a fatores que se encontram no mesmo patamar? Nesse 
caso, aí sim haverá a compensação de uma pela outra, não se aplicando nenhuma delas (equivalência das 
circunstâncias).6 
 
CUIDADO MASTER! O STJ possui entendimento no sentido de que é possível a compensação entre a 
agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea. 
Contudo, o STJ entende que é possível ao Juiz DEIXAR DE PROCEDER À COMPENSAÇÃO, se entender que, 
no caso concreto, o grau de reincidência do agente deva preponderar sobre a confissão espontânea (agente 
que é múltiplo reincidente7). 
1.3 Terceira fase: aplicação das causas de aumento e diminuição da pena 
Nessa fase, após ultrapassadas as duas primeiras, o Juiz verifica se há alguma causa de aumento ou 
diminuição da pena prevista para o caso. As causas de aumento e diminuição são obrigatórias ou facultativas 
(dependendo do caso), podendo estar previstas na parte geral ou na parte especial (genéricas ou específicas), 
podendo, ainda, ser fixas ou variáveis. Assim, elas podem ser: 
 Obrigatórias ou facultativas – a depender da obrigatoriedade ou não de sua aplicação; 
 Genéricas ou específicas – Se previstas na parte geral do CP ou na sua parte especial (ou na 
legislação especial); 
 Fixas ou variáveis – Quando a quantidade de aumento e diminuição é fixa ou pode variar de 
acordo com o entendimento do Juiz. 
 
 
6 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516 
7 Também chamado de MULTIRREINCIDENTE. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 524 
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Ao contrário do que ocorre na segunda fase (circunstâncias agravantes e atenuantes), aqui a pena pode ficar 
abaixo do mínimo ou acima do máximo legal previsto no tipo penal. 
EXEMPLO: Imagine um crime de furto simples, na modalidade tentada. Fixada a pena-base 
no mínimo legal, e não havendo circunstâncias agravantes ou atenuantes, chegamos à 
terceira fase com uma pena de 1 ano. Na terceira fase, DEVE o Juiz aplicar a causa de 
diminuição referente à tentativa (art. 14, § único do CP), que é de 1/3 a 2/3. Se o Juiz 
aplicar a redução máxima (2/3), a pena final será de apenas 04 meses (bem abaixo do 
mínimo previsto, de 01 ano). 
As causas de aumento e diminuição, como vimos, podem estar previstas na parte geral ou na parte 
especial. Diferentemente das circunstâncias atenuantes e agravantes, a quantidade de aumento ou 
diminuição é estabelecida pela Lei. 
Mas e se houver coexistênciade causas de aumento e causas de diminuição? Se forem diversas, 
não há dificuldades, aplicando-se ambas (aplicam-se primeiro as causas de aumento, e depois, as causas de 
diminuição). 
O problema reside na coexistência de duas ou mais causas de aumento ou coexistência de duas 
ou mais causas de diminuição. Para simplificar as hipóteses e suas consequências, acompanhem o quadro 
abaixo: 
CONCURSO ENTRE CAUSAS 
DE AUMENTO 
Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar ambas 
Ambas da parte especial 
O Juiz aplica a causa que mais 
aumente (art. 68, § único do CP) 
Uma da parte geral e outra da 
parte especial 
Aplicam-se ambas 
CONCURSO ENTRE CAUSAS 
DE DIMINUIÇÃO 
Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar ambas 
Ambas da parte especial 
O Juiz aplica a causa que mais 
diminua (art. 68, § único do CP) 
Uma da parte geral e outra da 
parte especial 
Aplicam-se ambas 
1.3.1 Disposições finais 
O CP estabelece um limite máximo de cumprimento de pena, que, HOJE, é de 40 anos8. Isso não 
impede, entretanto, que a pessoa seja condenada a período superior a este. O que não poderá haver é o 
cumprimento por mais de 40 anos. Nos termos do art. 75 do CP: 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior 
a 40 (quarenta) anos. 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja 
superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo 
deste artigo. 
 
 
8 Durante muito tempo foi de 30 anos, até a alteração do art. 75 do CP pela Lei 13.964/19. 
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Mas qual a lógica dessa diferença? A diferença é que, sendo o condenado a pena superior a 40 
anos, ainda que não possa cumprir mais que este período, o montante da pena aplicada influenciará, dentre 
outras coisas, no cálculo do percentual de pena cumprida para fins de concessão de benefícios, como livramento 
condicional, progressão de regime, etc. 
Se o agente for condenado a diversas penas, que juntas ultrapassem o limite de 40 anos, deverão ser 
unificadas as penas (ex.: 22 + 25 anos = 47), de forma que o agente só cumpra os 40 anos previstos. 
 E se durante o cumprimento da pena o agente é condenado por nova infração, sendo-lhe 
aplicada nova pena privativa de liberdade? Nesse caso, aplica-se uma nova unificação das 
penas, de forma a começar, do zero, um novo prazo de 40 anos. 
EXEMPLO: Ricardo está cumprindo pena de 47 anos de reclusão (advinda da soma de duas 
penas). Já cumpriu 18 anos de pena quando sobrevém nova condenação. Como já havia 
cumprido 18 anos, faltam ainda 22 anos de cumprimento (pois só pode cumprir 40!). Nesse 
caso, somam-se os 22 anos restantes à nova pena, de forma a se iniciar um novo período 
de 40 anos de cumprimento máximo. 
Nos termos do art. 75, § 2° do CP: 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-
á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
1 Conceito 
O sursis, ou suspensão condicional da pena, é o benefício concedido ao condenado em determinadas 
circunstâncias, de forma que ele não cumpre a pena, mas se submete a um período de fiscalização, no qual 
deve “andar na linha”. Está previsto no art. 77 do CP: 
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá 
ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como 
os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;(Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do 
benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser 
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de 
idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 
1998) 
Portanto, a concessão da suspensão condicional da pena deve ocorrer após o preenchimento de alguns 
requisitos, que podem ser objetivos e subjetivos. 
2 Requisitos objetivos 
Podem ser: 
(i) Relativos à natureza da pena aplicada – A pena aplicada deve ser privativa de liberdade, não 
se admitindo no caso de aplicação de pena de multa ou restritiva de direitos: 
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(ii) Quantidade da pena aplicada – A pena aplicada não pode ser superior a dois anos (art. 77 do 
CP). Se o condenado, porém, for maior de 70 anos (sursis etário) ou enfermo (sursis humanitário), admite-se a 
suspensão condicional da pena que não ultrapasse 04 anos (art. 77, § 2° do CP). Nos crimes ambientais, o 
sursis pode ser aplicado aos condenados à pena não superior a três anos. 
(iii) A pena privativa de liberdade não deve ter sido substituída por restritiva de direitos – A 
suspensão condicional da pena só é cabível quando não for possível a substituição por penas restritivas de 
direitos, nos termos do art.77, III do CP. 
3 Requisitos subjetivos 
(i) Não reincidência em crime doloso – A reincidência em crime culposo, portanto, não impede a 
suspensão condicional da pena. Entretanto, se na condenação anterior, mesmo se dando em relação a crime 
doloso, a pena aplicada tiver sido a de multa, poderá haver a suspensão condicional da pena (art. 77, § 1° 
do CP); 
(ii) As circunstâncias pessoais do agente (culpabilidade, antecedentes, conduta social, etc.) sejam 
favoráveis, autorizando a concessão do benefício – Nesse caso, o Juiz deve analisar se, no caso concreto, a 
suspensão condicional da pena pode ser suficiente para que seja cumprida a finalidade da pena. 
Assim, temos: 
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO SURSIS 
OBJETIVOS SUBJETIVOS 
• Pena privativa de liberdade aplicada 
• Pena privativa de liberdade aplicada não 
pode ser superior a dois anos (04 anos se 
o condenado for maior de 70 anos (sursis 
etário) ou enfermo (sursis humanitário). 
• Não reincidência em crime doloso. 
• Circunstâncias judiciais favoráveis. 
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• Impossibilidade de conversão em restritiva 
de direitos. 
4 Espécies de sursis e condições 
O sursis pode ser: 
(i) Simples – O condenado não reparou o dano e as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) não lhe são 
muito favoráveis. É o sursis comum, a regra. Está previsto no art. 78 do CP: 
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao 
cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 
46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
(ii) Especial – Aqui o condenado reparou o dano (ou não teve possibilidade de fazê-lo) e as 
circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) lhe são inteiramente favoráveis. Nessahipótese o condenado não 
precisa, no primeiro ano, se submeter à prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana 
(art. 78, § 1° do CP). Essa modalidade está prevista no § 2° do art. 78 do CP: 
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as 
circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá 
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas 
cumulativamente: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) proibição de freqüentar determinados lugares; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas 
atividades. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Vejam, porém, que embora não esteja o condenado obrigado a cumprir as obrigações do § 1° do art. 
78, o § 2° estabelece outras obrigações às quais o condenado fica vinculado. 
Além destas condições previstas no sursis simples e no especial, o art. 79 do CP traz uma cláusula 
genérica, que permite ao Juiz fixar outras condições que sejam adequadas ao fato e ao condenado: 
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a 
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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5 Revogação do sursis, prorrogação do prazo e cumprimento das obrigações 
O sursis pode ser revogado a qualquer momento, ocorrendo alguma das hipóteses previstas nos 
arts. 81 e seu § 1° do CP. Pode ser obrigatória, quando a lei determina expressamente sua revogação, ou 
facultativa, quando o Juiz pode decidir se revoga ou não o benefício. 
A revogação obrigatória se dará no caso de ocorrerem as hipóteses previstas no art. 81 do CP: 
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo 
justificado, a reparação do dano; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Ou seja, haverá revogação obrigatória quando o condenado for novamente condenado (por sentença 
irrecorrível) por crime doloso (não importando o momento em que esse crime foi praticado). No entanto, a 
Jurisprudência entende que se dessa nova condenação resultar pena de multa, não poderá haver revogação, 
pois a condenação à pena de multa não é causa que impede a concessão do sursis, então, por lógica, não 
pode gerar a revogação. 
No caso do inciso II, a Doutrina majoritária entende que, se depois de revogado o sursis o condenado 
repara o dano ou paga a multa, pode ser restabelecido o sursis. 
O inciso III é autoexplicativo. Não cumprindo uma das condições previstas no art. 78, § 1°, será 
revogado o sursis. 
A revogação facultativa, por sua vez, ocorre nas hipóteses do art. 81, § 1°: 
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição 
imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena 
privativa de liberdade ou restritiva de direitos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Vejam que, nesse caso, o Juiz não está obrigado a revogar o sursis. 
As condições indicadas como ensejadoras da revogação facultativa são todas aquelas que não sejam 
as do § 1° do art. 78, ou seja, são as do § 2° do art. 78 e as do art. 79 do CP. 
Quanto à superveniência de condenação por crime culposo ou contravenção, é necessário que a pena 
aplicada tenha sido restritiva de direitos ou privativa de liberdade. Vejam, assim, que a pena de multa não 
enseja a revogação facultativa do sursis (o que corrobora a tese de que não pode, também, revogar 
obrigatoriamente o benefício). 
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A Doutrina e a Jurisprudência entendem que, salvo no caso de condenação irrecorrível, em todas as 
demais hipóteses o condenado deve ser ouvido antes de ser revogado o benefício. 
A prorrogação do período de prova (período em que o condenado deve “andar na linha”), por sua 
vez, ocorrerá em duas hipóteses: 
 Beneficiado está sendo processado por outro crime ou contravenção – Está prevista no art. 81, § 
2° do CP: 
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-
se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Ocorrendo situação que autorize a revogação FACULTATIVA, caso o Juiz opte por não revogar, 
pode estender o prazo do sursis até o máximo, CASO JÁ NÃO TENHA FEITO – Está prevista no § 
3° do art. 81 do CP: 
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o 
período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
No primeiro caso a prorrogação é obrigatória e automática. Já no segundo a prorrogação não é 
automática e depende de decisão fundamentada do Juiz nesse sentido. 
Em qualquer caso, a maioria da Doutrina entende que DURANTE O PERÍODO DE PRORROGAÇÃO, 
embora o condenado ainda esteja cumprindo o sursis, não permanecem as obrigações legais (art. 78, § 1° e 
2° e art. 79 do CP). 
Cumpridas todas as condições, expirando-se o prazo sem revogação, estará extinta a punibilidade 
do condenado. Nos termos do art. 82 do CP: 
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena 
privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 LIVRAMENTO CONDICIONAL 
1 Conceito 
O livramento condicional é um benefício concedido aos condenados a penas privativas de liberdade 
superiores a dois anos, que permite a antecipação de sua liberdade. 
Trata-se de liberdade antecipada, condicional e precária. 
 Antecipada porque o agente deveria ficar mais tempo cumprindo pena. 
 Condicional porque durante o prazo restante da pena, embora esteja em liberdade, o 
condenado também deve “andar na linha”, submetendo-se a algumas regras. 
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 Precária porque pode ser revogada sua liberdade a qualquer tempo, caso ocorra o 
descumprimento das obrigações do livramento condicional. 
Nos termos do art. 83 do CP: 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso 
e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III – comprovado (Redação dada pela Lei 13.964/19) 
a) bom comportamento durante a execução da pena; 
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; 
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e 
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causadopela infração; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, 
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e 
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de 
condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
O beneficiado pelo Livramento condicional é chamado de EGRESSO (art. 26, II da LEP). 
2 Requisitos 
Os requisitos para a concessão do Livramento Condicional podem ser objetivos ou subjetivos. Vejamos. 
2.1 Requisitos objetivos 
Estão previstos no art. 83, I, II, IV e V do CP, e se relacionam à pena em si e à reparação do dano. 
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2.1.1 Quantidade da pena 
A pena aplicada deve ter sido igual ou superior a dois anos. Se as penas corresponderem a infrações 
diversas, devem ser somadas para que seja concedido o Livramento, nos termos do art. 84 do CP. 
2.1.2 Parcela da pena já cumprida 
A pena já deve ter sido razoavelmente cumprida. O montante da pena já cumprida irá variar conforme 
as condições do crime e do condenado. 
 Condenado não reincidente em crime doloso e que possua bons antecedentes – Basta o 
cumprimento de 1/3 da pena (art. 83, I do CP). (Livramento Condicional simples). 
 Condenado reincidente em crime doloso – É necessário o cumprimento de mais da metade da 
pena (Livramento Condicional Qualificado), nos termos do art. 83, II do CP. 
 
E se o condenado não for reincidente em crime doloso, mas também não possuir bons antecedentes? O 
STJ entende que deve ser adotada a posição mais favorável ao réu, permitindo-se a concessão do Livramento 
Condicional Simples. 
E no caso de Crimes Hediondos? É possível? Sim, é possível, mas o condenado não pode ser reincidente 
em crime da mesma natureza e deve cumprir 2/3 da pena (Livramento Condicional Específico). Nos termos 
do art. 83, V do CP: 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
(...) 
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, 
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e 
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
Percebam que essa regra do inciso V do art. 83 não vale apenas para os crimes hediondos, mas 
também para: 
 Os equiparados a hediondos (prática de tortura e tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins) 
 Tráfico de pessoas 
 Terrorismo 
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21 
Em relação ao tráfico de pessoas e ao terrorismo, trata-se de previsão incluída pela Lei 13.344/06. 
Ou seja, aqueles que praticarem tais delitos se submetem às mesmas regras previstas para quem cometeu 
crime hediondo ou equiparado no que tange à concessão (ou não) do livramento condicional. 
Importante destacar, ainda, que a Lei 13.964/19 (“Pacote anticrime”) alterou o art. 112 da LEP (Lei 
das Execuções Penais), alterando requisitos objetivos para progressão de regime, bem como vedando a 
concessão de livramento condicional em dois casos: 
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a 
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso 
tiver cumprido ao menos: 
(...) 
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for 
primário, vedado o livramento condicional; 
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa 
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou 
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; 
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime 
hediondo ou equiparado; 
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo 
ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. 
Como se vê, a alteração promovida pela Lei 13.964/19 impede a concessão de livramento 
condicional para condenados pela prática de crime hediondo ou equiparado com resultado morte, sejam 
primários ou reincidentes (ex.: estupro com resultado morte, roubo com resultado morte, etc.). 
Todavia, é bom ressaltar que no que tange aos reincidentes, não há qualquer novidade, vez que o 
livramento condicional já era vedado (art. 83, V do CP) para reincidentes específicos em crime hediondo ou 
equiparado. 
A dúvida que fica é: com a nova redação do art. 112, VIII da LEP, a vedação do livramento condicional passa 
a ser somente aos reincidentes em crime hediondo ou equiparado com resultado morte ou continua sendo em 
relação a qualquer reincidente em crime hediondo ou equiparado (art. 83, V do CP)? A ver o entendimento 
jurisprudencial que se firmará sobre o tema. 
Resumidamente, então, no que tange aos condenados por crime hediondo ou equiparado: 
 Condenado por crime hediondo ou equiparado com resultado morte – NUNCA cabe o 
livramento condicional; 
 Condenando por crime hediondo ou equiparado (sem resultado morte) – Cabe o benefício 
do livramento condicional se for primário ou reincidente não específico. 
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2.1.3 Reparação do dano 
Trata-se de requisito dispensado no caso de impossibilidade de reparação e no caso de a vítima não 
ser encontrada para ser indenizada, ou ainda, demonstrar desinteresse na reparação (art. 83, IV do CP). 
2.2 Requisitos subjetivos 
São os requisitos relativos à pessoa do condenado. São eles: 
Bom comportamento durante a execução da pena, aptidão para prover a subsistência, ausência de prática 
de falta grave nos últimos 12 meses e bom desempenho no trabalho que lhe fora atribuído 
Trata-se de requisito previsto no art. 83, III do CP. Nos termos do CP: 
Art. 83 (...) 
III – comprovado (Redação dada pela Lei 13.964/19) 
a) bom comportamento durante a execução da pena; 
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; 
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e 
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; 
Caso se trate de condenado por crime doloso cometido com violência ou grave ameaça à pessoa 
(roubo, por exemplo), é necessária, ainda, uma análise acerca da possibilidade de o condenado voltar a 
delinquir (suas condições pessoais). Nos termos do § único do art. 83: 
Art. 83 (...) 
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de 
condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Assim, podemos resumir os requisitos da seguinte forma: 
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
OBJETIVOS SUBJETIVOS 
• Pena privativa de liberdade aplicada 
igual ou superior a dois anos. 
• Cumprimento de pelomenos 1/3 da 
pena (simples) ou metade da pena 
(qualificado). 
• Reparação do dano, salvo 
impossibilidade de fazê-lo. 
• Bom comportamento durante a execução da 
pena. 
• Não cometimento de falta grave nos últimos 12 
(doze) meses; 
• Bom desempenho no trabalho que lhe foi 
atribuído. 
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• Aptidão para prover à própria subsistência 
mediante trabalho honesto. 
• No caso de crime doloso praticado com violência 
e grave ameaça, análise acerca da 
possibilidade de o condenado voltar a 
delinquir. 
3 Regras gerais relativas ao Livramento Condicional, revogação e extinção do 
benefício 
As condições às quais o EGRESSO estará submetido serão fixadas na sentença, nos termos do art. 85 
do CP. 
O Livramento condicional, à semelhança do sursis, também pode ser revogado obrigatória e 
facultativamente, a depender do caso. 
 Revogação obrigatória – Ocorre nos casos previstos no art. 86 do CP: 
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de 
liberdade, em sentença irrecorrível: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - por crime cometido durante a vigência do benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Percebam, portanto, que somente a condenação por CRIME autoriza a revogação do benefício. A 
condenação por contravenção não autoriza a revogação. 
Vejam, ainda, que a condenação por crime praticado antes da vigência do benefício não autoriza a 
revogação (somente se autoriza no caso de condenação por crime praticado durante o benefício). 
Mas o que significa o inciso II então? Esse inciso diz o seguinte: No caso de o egresso ser condenado por 
crime praticado antes da vigência do Livramento, a revogação só ocorrerá se a pena da nova condenação, 
somada à pena anterior, formar um montante que impedisse a concessão do benefício. 
EXEMPLO: Imaginem que Marcos é condenado a 06 anos por roubo. Cumpre dois anos (1/3) 
e recebe o livramento condicional. Passados 03 anos do Livramento condicional (faltando um 
ano), é condenado por crime cometido anteriormente ao benefício, recebendo pena de dois 
anos. Somadas as penas (06 + 02 = 08), teríamos uma pena de oito anos. Nesse caso, como 
ele já cumpriu 05 anos (02 cumpridos na cadeia e 03 cumpridos durante o Livramento 
condicional), não há impedimento à manutenção do benefício, pois o condenado já cumpriu 
cinco anos de uma pena de oito anos (logo, mais da metade). 
 Revogação facultativa – Ocorre nos casos previstos no art. 87 do CP: 
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir 
qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por 
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crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.(Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
No primeiro caso (descumprimento das obrigações), não há muito que se falar. Quanto ao segundo 
caso (condenação irrecorrível por crime ou contravenção, sendo aplicada pena não privativa de liberdade), 
algumas considerações devem ser feitas. 
Aqui é irrelevante o momento em que foi praticada infração penal, exigindo-se, somente, que a pena 
não seja privativa de liberdade. Se for, estaremos diante de causa de revogação obrigatória. 
A revogação, uma vez operada, impede nova concessão do benefício. 
 
No caso de revogação do livramento, o tempo em que o condenado esteve solto (em livramento 
condicional) é abatido da privativa de liberdade que voltará a cumprir? Caso a revogação se dê por outra 
causa que NÃO SEJA A CONDENAÇÃO POR PRÁTICA DE CRIME ANTERIOR AO BENEFÍCIO, o tempo em 
que o condenado esteve solto não se desconta na pena privativa de liberdade que voltará a cumprir: 
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a 
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta 
na pena o tempo em que esteve solto o condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Isso se deve ao fato de que, no caso de condenação por crime ANTERIOR ao período de Livramento, não 
houve quebra da confiança depositada no EGRESSO (pois o crime foi praticado antes), de forma que o 
período em que ele esteve solto será abatido da pena a ser cumprida em razão da revogação do benefício. 
Se até o seu término o Livramento Condicional não for revogado, considera-se extinta a pena privativa 
de liberdade e, por conseguinte, extinta a punibilidade. Porém, se o egresso estiver sendo processado por 
crime cometido durante a vigência do Livramento Condicional, o Juiz não poderá declarar extinta a pena 
enquanto não houver sentença definitiva naquele processo (pois pode ser que ele venha a ser condenado, 
o que possibilita a revogação do benefício). Nos termos do CP: 
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a 
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do 
livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena 
privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 E se o Juiz não suspender o livramento condicional até o trânsito em julgado do novo processo? 
Entende a jurisprudência, notadamente o STJ, que se não houve a suspensão do livramento condicional 
para aguardar o trânsito em julgado do processo pelo novo crime, uma vez alcançado o prazo final 
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da pena atual, deverá ser declarada a extinção da punibilidade, sendo irrelevante eventual 
condenação pelo novo crime (se ocorrida após o prazo de extinção da pena anterior).9 
 MEDIDAS DE SEGURANÇA 
As medidas de segurança não são penas. Essa é a primeira coisa que vocês devem saber. Possuem 
um caráter terapêutico, pois visam tratar a saúde dos inimputáveis e semi-imputáveis dotados de 
periculosidade social (não possuem caráter punitivo). 
A maioria da Doutrina entende, porém, que embora não sejam modalidades de pena, são espécies 
de sanção penal.10 
As medidas de segurança são aplicáveis àqueles que, embora tendo cometido fato típico e ilícito, são 
inimputáveis ou semi-imputáveis em razão de problemas mentais. Assim, é possível a aplicação de medida de 
segurança a agentes culpáveis (semi-imputáveis). 
As medidas de segurança são de duas espécies, previstas no art. 96 do CP: 
Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro 
estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste 
a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A opção por uma ou por outra irá variar de acordo com a espécie de pena privativa de liberdade 
prevista (reclusão ou detenção). Sendo pena de reclusão, o Juiz deve determinar a internação do 
indivíduo11. Em se tratando de pena de detenção, o Juiz pode escolher entre a internação e o tratamento 
ambulatorial. Nos termos do art. 97 do CP: 
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação(art. 26). Se, todavia, 
o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento 
ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
O STJ, no entanto, possui algumas decisões no sentido de que a modalidade de medida de segurança 
deve ser aplicada de acordo com as necessidades médicas do agente, e não com base no tipo de pena 
prevista. 
 
9 (HC 281.269/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe 23/04/2014) 
10 Ver, por todos: GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 607 
11 Nos termos do art. 9º da Lei 10.216/01: 
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as 
condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários. 
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Depois de fixada a medida de segurança, a sentença deve fixar um prazo mínimo, findo o qual deverá 
haver um exame para saber se cessou a periculosidade do agente. Nos termos do art. 97, § 1° do CP: 
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando 
enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O 
prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Assim, a medida de segurança durará por tempo indeterminado, mas ao final do período mínimo fixado 
deverá haver o exame para análise da necessidade ou não de manutenção da medida. Após esse período, o 
exame será repetido anualmente, ou no prazo fixado pelo Juiz: 
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida 
de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Embora o CP não estabeleça um prazo máximo para as medidas de segurança, o STF e o STJ não 
aceitam isso. O STF entende que a medida de segurança não pode ultrapassar 40 anos12, que é o prazo 
máximo de uma pena privativa de liberdade, enquanto o STJ entende que o prazo máximo da medida de 
segurança é o prazo máximo de pena estabelecido (em abstrato) para o crime cometido . Este último 
entendimento, inclusive, foi sumulado: 
Súmula 527 do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar 
o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.” 
Nada impede que, fixada uma modalidade de medida de segurança, ocorrendo fatos justificáveis, 
seja alterada para a outra modalidade. Nos termos dos §§ 3° e 4° do CP: 
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida 
a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de 
persistência de sua periculosidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação 
do agente, se essa providência for necessária para fins curativos. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
No caso de estarmos diante de um semi-imputável, diferentemente do que ocorre com os inimputáveis, 
sua sentença será condenatória, e não uma sentença absolutória imprópria. 
No que tange à medida de segurança, nesses casos, ela só será aplicada se o condenado necessitar 
de tratamento curativo, hipótese na qual será SUBSTITUÍDA a pena privativa de liberdade pela medida de 
segurança (atual sistema vicariante), não podendo ser cumuladas (antigo sistema do duplo binário).13 
 
12 HC 97621 (há menção ao prazo de 30 anos, que era o período máximo anteriormente previsto. Hoje, o período máximo é de 
40 anos). 
13 Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a 
pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) 
anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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O CP estabelece, por fim, que é um direito do internado ser recolhido a um estabelecimento que 
não possua características de prisão, mas de hospital14. Nos termos do art. 99: 
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características 
hospitalares e será submetido a tratamento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
Deve, ainda, ser necessariamente submetido a tratamento médico, e não simplesmente ser 
jogado no estabelecimento (como acontece com alguma frequência).15 
 EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
1 Natureza e espécies 
A sentença penal condenatória possui efeitos penais e extrapenais. 
Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal. Os efeitos penais podem ser 
primários ou secundários. 
O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a imposição de pena criminal, eis que este é o objetivo 
básico e principal da condenação. 
 
14 Ainda sobre os direitos do internado, importante ressaltar o que dispõem os arts. 1º e 2º da Lei 10.216/01: 
Art. 1º Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma 
de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos 
e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. 
Art. 2º Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente 
cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: 
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela 
inserção na família, no trabalho e na comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; 
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; 
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; 
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; 
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; 
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; 
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. 
 
15 Nesse sentido, a previsão do art. 4º da Lei 10.216/01: 
Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. 
§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio. 
§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos 
mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros. 
§ 3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas 
desprovidas dos recursos mencionados no § 2º e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2º. 
 
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Os efeitos penais podem ser, ainda,secundários. São efeitos penais secundários aqueles que, embora 
produzam efeitos na esfera jurídico-PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA 
RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. 
EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como efeito penal 
SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas consequências) caso o condenado seja 
novamente condenado dentro de um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem 
dúvida, atinge a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI 
PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. 
Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos culpados (após o trânsito em 
julgado, sempre). 
Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por afetarem diversas outras áreas do Direito 
(civil, administrativo, etc.). Por sua vez, dividem-se em genéricos e específicos. 
Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer condenação, estando previstos no 
art. 91 do CP, sendo apenas dois: Obrigação de reparar o dano e confisco: 
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, 
porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo 
agente com a prática do fato criminoso. 
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito 
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no 
exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 2º Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual 
poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior 
decretação de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de ser expressamente declarados pelo 
Juiz na sentença. 
EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o dano causado 
ocorrerá independentemente de constar na sentença esse efeito, pois é decorrência natural 
e automática da sentença. 
Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre condenações relativas a 
determinados crimes, e não a todos os crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: 
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Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, 
de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos 
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração 
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos 
nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes 
dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo 
poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou 
curatelado; (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime 
doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo constar na sentença condenatória, sob 
pena de não ocorrerem. Isto está previsto no § único do art. 92 do CP: 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser 
motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Temos, abaixo, um quadro esquemático para melhor compreensão do assunto. 
 
 
Além dos efeitos previstos nos já analisados arts. 91 e 92 do CP, a Lei 13.964/19 incluiu no CP o art. 
91-A, trazendo novo efeito da condenação: 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima 
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou 
Efeitos da condenação
Penais
Primários Pena
Secundários Ex.: reincidência
Extrapenais
Genéricos Automáticos
Específicos Não automáticos
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30 
proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do 
condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do 
condenado todos os bens: 
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou 
indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e 
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir 
do início da atividade criminal. 
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a 
procedência lícita do patrimônio. 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério 
Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. 
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e 
especificar os bens cuja perda for decretada. 
Como se vê, o efeito da condenação aqui estabelecido é mais um PERDIMENTO DE BENS, mais 
especificamente a perda dos bens considerados incompatíveis com a evolução patrimonial lícita do agente. 
Tal efeito só se aplica a crimes cuja pena MÁXIMA COMINADA (não é pena aplicada!) SEJA SUPERIOR A 
06 ANOS DE RECLUSÃO. 
Assim, resumidamente: 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
GERAIS ESPECÍFICOS 
• Obrigação de reparar o dano 
• Perda em favor da União dos 
instrumentos do crime (se seu 
porte for ilícito) e dos produtos 
ou proveitos do crime. 
• São AUTOMÁTICOS 
• Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (a) nos 
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever 
para com a Administração Pública – pena igual ou superior a 
01 ano; b) Nos demais casos – pena superior a 04 anos. 
• Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou 
curatela, nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão 
cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder 
familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra 
tutelado ou curatelado. 
• Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio 
para a prática de crime doloso. 
• Perda dos bens presumidamente fruto de enriquecimento ilícito 
(incompatíveis com evolução patrimonial lícita presumida do 
agente) – Somente para crimes com pena máxima cominada 
superior a 06 anos de reclusão. 
• Não são automáticos. 
Renan Araujo, Time Renan Araujo
Aula 06
Noções de Direito Penal p/ PC-MS (Agente de Polícia Científica) - 2021 - Pré-Edital
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05387839156 - Julio Cesar seccatto
 
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2 Efeitos genéricos 
2.1 Obrigação de reparar o dano 
Embora as esferas cível e criminal sejam independentes, a sentença criminal condenatória possui o 
condão de fazer coisa julgada na seara cível, tornando certa e indiscutível (naquela esfera) o dever de 
reparar o dano. Porém, o valor poderá ser discutido na esfera cível. 
A ocorrência de abolitio criminis ou anistia, embora seja fato que gere a rescisão da sentença 
condenatória,

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