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Microeconomia para a Anpec Theo Cotrim Martins E-mail: theocm@gmail.com mailto:theocm@gmail.com Aula 23 BENS PÚBLICOS N-Cap. 19; V-Cap. 36 Agenda • Bens Públicos: Definições • Problema do Carona • Escolha Eficiente de Quantidade • Falha de Mercado • Questões Anpec Bens Públicos •Um bem é público se ele é conjuntamente não- excludente e não-rival quanto ao seu consumo: –Não-excludente: todos os consumidores podem consumir o bem, sem eliminar a possibilidade de consumo dos outros agentes. –Não-rival: o custo marginal de um consumo adicional é zero. • Cada indivíduo consome o bem público em sua totalidade. Bens Públicos - Exemplos • Transmissão de Rádio e TV (sinal aberto) • Defesa Nacional • Justiça • Controle de pragas • Etc.. Preço de Reserva • O preço de reserva de um consumidor por um bem é a sua disposição máxima a pagar por ele. • Se a renda do consumidor é dada por 𝑤, seu preço de reserva 𝑟 é dado por: 𝑢 𝑤 − 𝑟, 1 = 𝑢(𝑤, 0) • Isto é, 𝑟 representa o máximo de renda que ele está disposto a abrir mão para ter determinado bem. Provisão de Bens Públicos • Suponha que um bem público custe 𝑐 para ser oferecido. • Dois consumidores: 𝐴 e 𝐵. • Os indivíduos pagam as quantias 𝑔𝐴 e 𝑔𝐵 para financiar o bem público. • Se 𝑔𝐴 + 𝑔𝐵 ≥ 𝑐 (i.e. gastos superiores ao custo), então o bem é provido. Provisão de Bens Públicos • Se valem as seguintes condições... 𝑢𝐴 𝑤𝐴, 0 < 𝑢𝐴(𝑤𝐴 − 𝑔𝐴, 1) 𝑢𝐵 𝑤𝐵, 0 < 𝑢𝐵(𝑤𝐵 − 𝑔𝐵, 1) • Então, podemos garantir que 𝑟𝐴 > 𝑔𝐴 e 𝑟𝐵 > 𝑔𝐵 . Como 𝑔𝐴 + 𝑔𝐵 ≥, temos que 𝑟𝐴 + 𝑟𝐵 > 𝑐. • Neste caso, existe algum plano de pagamento que fará com que ambos os agentes melhorem se o bem público for provido. Provisão de Bens Públicos • Suponha que 𝑟𝐴 > 𝑐 e 𝑟𝐵 < 𝑐. • Neste caso, o indivíduo 𝐴 oferta o bem público, mesmo que o agente 𝐵 não contribua em nada. • O agente 𝐵 desfruta do bem sem custos. Dizemos que 𝐵 é um “carona” quanto ao consumo de 𝐴 (free- riding). Provisão de Bens Públicos • Agora suponha que 𝑟𝐴 < 𝑐, assim como 𝑟𝐵 < 𝑐. • Então, nenhum dos dois agentes irá ofertar o bem por conta própria. • Se 𝑟𝐴 + 𝑟𝐵 > 𝑐, ainda há espaço para uma melhora de Pareto. • Porém, algum dos agentes pode tentar “pegar carona” na ação do outro agente e fazer com que o bem não seja ofertado. Problema do Carona • Suponha que 𝐴 e 𝐵 tenham apenas duas ações disponíveis: prover o bem público individualmente ou não. • Custo de ofertar o bem 𝑐 = $100 • Payoff de 𝐴 em termos monetários: $80 • Payoff de 𝐵 em termos monetários: $65 • Como $80 + $65 > $100 , então suprir o bem é melhora de Pareto. Problema do Carona -$20, -$35 -$20, $65 $80, -$35 $0, $0 C NC C NC Jogador A Jogador B (NC, NC) é o único equilíbrio de Nash, mas é ineficiente. Problema do Carona • Agora, permita que os dois façam contribuições diferenciadas para suprir o bem. • Por exemplo, A contribui $60 e B contribui $40. – Payoff de A = $80-$60 = $20 > $0. – Payoff de B = $65-$40 = $25 > $0. Problema do Carona $20, $25 -$60, $0 $0, -$40 $0, $0 C NC C NC Jogador A Jogador B Dois EN: (C, C) e (NC, NC). Problema do Carona • Então, permitir contribuições torna possível a provisão do bem público quando nenhum indivíduo está disposto à fazê-lo sozinho. • Mas, qual esquema de contribuição é o melhor? • E mesmo com as contribuições, o problema de free- riding pode persistir também neste caso. Escolha Eficiente de Quantidade • Vamos agora usar uma arcabouço simples de equilíbrio geral com dois indivíduos (A e B) • Há dois bens na economia: – O bem y é um bem para consumo privado • Cada pessoa detém uma dotação inicial: yA* e yB* – O bem x é um bem público que é produzido a partir de y 𝑥 = 𝑓(𝑦𝑠 𝐴 + 𝑦𝑠 𝐵) Escolha Eficiente de Quantidade • As utilidades dos agentes são dadas por: 𝑈𝐴 𝑥, 𝑦 𝐴 ∗ − 𝑦𝑠 𝐴 𝑈𝐵[𝑥, (𝑦 𝐵 ∗ − 𝑦𝑠 𝐵)] • O nível de 𝑥 entra de forma idêntica para os dois agentes em suas funções utilidade: – 𝑋 é um bem não-exclusivo e não-rival • O consumo de 𝑥 por cada pessoa independe de quanto ele contribuiu para a produção do bem público; • Cada agente consome toda a quantidade produzida. Escolha Eficiente de Quantidade • As condições necessárias para uma alocação eficiente de recursos consiste em escolher ys A e ys B que maximiza a utilidade sujeito à algum nível de utilidade específico do outro agente. • Para o agente A, o Lagrangeano é dado por: 𝑳 = 𝑈𝐴(𝑥, 𝑦 𝐴∗ − 𝑦𝑠 𝐴) + [𝑈𝐵(𝑥, 𝑦 𝐵∗ − 𝑦𝑠 𝐵) − 𝐾] Escolha Eficiente de Quantidade • As CPO’s são dadas por: L/ys A = U1 Af’ - U2 A + U1 Bf’ = 0 L/ys B = U1 Af’ - U2 B + U1 Bf’ = 0 • Comparando as duas equações, temos: U2 B = U2 A • A menos de uma constante, os dois agentes igualam a utilidade marginal do consumo de 𝑦. Escolha Eficiente de Quantidade • Combinando as equações anteriores, podemos mostrar que: U1 A/U2 A + U1 B/U2 B = 1/f’ TMSA + TMSB = 1/f’ • A TMS deve refletir o efeito sobre todos os consumidores, uma vez que todos serão afetados pela produção de 𝑥. Escolha Eficiente de Quantidade • No caso dos bens públicos, a escolha eficiente se dará no ponto em que a soma das TMS´s dos indivíduos se iguala à taxa pela qual o mercado está disposto a trocar x por y, isto é, 𝜕𝑦 𝜕𝑥 . Falha de Mercado • Num mercado competitivo, a produção de 𝑥 e 𝑦 não se dará de forma eficiente. – Num problema descentralizado com preços competitivos, cada consumidor igualará sua 𝑇𝑀𝑆 com 𝑝𝑥 𝑝𝑦 ; – A condição de eficiência não é atendida. Isto acontece porque os agentes não internalizam no processo decisório a externalidade gerada sobre os outros agentes. Falha de Mercado • Ao resolver o problema considerando o nível de utilidade do outro agente, este fato é atendido e, por isso, chega-se a uma alocação eficiente. • Isto não ocorre quando consideramos o problema descentralizado. Ineficiência do Equilíbrio de Nash • Suponha que o indivíduo 𝐴 esteja pensando em contribuir 𝑠𝐴 de sua dotação 𝑦 𝐴 para a produção de 𝑥. • O problema do agente 𝐴 se torna: 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑙ℎ𝑒𝑟 𝑠𝐴 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑖𝑧𝑎𝑟 𝑈𝐴 𝑓 𝑠𝐴 + 𝑠𝐵 , 𝑦 𝐴 − 𝑠𝐴 Ineficiência do Equilíbrio de Nash • A CPO para um máximo neste caso é dada por: 𝑈1 𝐴𝑓’ − 𝑈2 𝐴 = 0 𝑈1 𝐴/𝑈2 𝐴 = 𝑇𝑀𝑆𝐴 = 1/𝑓’ • Para o indivíduo B, teremos uma solução análoga, trocando o índice A por B. • Como podemos ver, a condição de eficiência não é atendida, uma vez que cada pessoa considera apenas seu benefício próprio ao tomar a decisão. Bens Públicos • Para calcular a quantidade eficiente de bens públicos, temos que somar os benefícios para todos os consumidores. • Na quantidade eficiente, a soma dos benefícios marginais, o benefício marginal da sociedade, tem que ser igual ao custo marginal. Bens Públicos • Em grupos pequenos, muitas vezes é possível determinar a quantidade eficiente de bens públicos, rateando os custos entre estas pessoas. • Em grandes grupos isto se torna muito difícil, pois é grande a possibilidades de caronas (free riders). • Carona: consumidor ou produtor que não paga por um bem não exclusivo na expectativa que outros o farão. Bens Públicos • Como os mercados privados não provêm os bens públicos e, numa organização os agentes tem incentivos a ser caronas, o bem público acaba tendo que ser subsidiado ou fornecido pelo governo. Dilema dos “Roommates” • Suponha que dois roommates com preferências idênticas derivem suas utilidades do número de quadros (x) e do número de barras de cereal que eles comem (y) dada por: 𝑈 𝑥, 𝑦𝑖 = 𝑥 1 3𝑦 2 3 (𝑖 = 1,2) • Assuma que cada indivíduo tenha $300 para gastar e que 𝑝𝑥 =$100 e 𝑝𝑦 = $0,2. Dilema dos “Roommates” • Se cada indivíduo morasse sozinho, a maximização de utilidade iria gerar 𝑥 = 1 e 𝑦 = 1,000. • Morando junto, cada indivíduo deve levar em consideração o que o outro irá fazer. Dilema dos “Roommates” • Se o indivíduo 1 acredita que o indivíduo 2 não irá comprar quadros, ele escolherá comprar um e sua utilidade será: U1(x,y1) = 1 1/3(1,000)2/3 = 100 ...já a utilidade do indivíduo 2 será: U2(x,y2) = 1 1/3(1,500)2/3 = 131 • O indivíduo 2 se beneficiou da posição de carona. Dilema dos “Roommates” • Esta solução é ineficiente. • Podemos ver isto pela TMS de cada indivíduo: 𝑇𝑀𝑆𝑖 = 𝜕𝑈𝑖 𝜕𝑥 𝜕𝑈𝑖 𝜕𝑦𝑖 = 𝑦𝑖 2𝑥 • Na alocação descrita: 𝑇𝑀𝑆1 = 1000 2 = 500 𝑇𝑀𝑆2 = 1500 2 = 750 Dilema dos “Roommates” • Como TMS1 + TMS2 = 1,250, os indivíduos estariam dispostos a sacrificar 1.250 barras de cereal por 1 quadro adicional: – Entretanto um quadro adicional custa apenas 500 barras de cereal. Dilema dos “Roommates” • Para calcular o nível eficiente de 𝑥, temos que somar a TMS de cada indivíduo e igualá-la à razão de preços. 𝑇𝑀𝑆1 + 𝑇𝑀𝑆2 = 𝑦1 2𝑥 + 𝑦2 2𝑥 = 𝑦1 + 𝑦2 2𝑥 = 𝑝𝑥 𝑝𝑦 = 100 0.20 • Assim: 𝑦1 + 𝑦2 = 1000𝑥 Dilema dos “Roommates” • Substituindo na restrição orçamentária, temos: 0.20(𝑦1 + 𝑦2) + 100𝑥 = 600 𝑥 = 2 𝑦1 + 𝑦2 = 2,000 • A alocação dos custos dos quadros depende de como cada indivíduo se comporta estrategicamente. Anpec 2009 – Q14 Anpec 2010 – Q13 Respostas • Q14 – 2009: 16 • Q13 – 2010: A (resultado poderia ser 04)
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