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Ozonioterapia: Uma Terapia Alternativa

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Ozonioterapia
1. INTRODUÇÃO 
Em 1840, foi descoberto pelo alemão Friedrich Christian Schönbein, o gás ozônio (O3) e, desde a Primeira Guerra Mundial o mesmo é utilizado como modalidade terapêutica alternativa tanto em humanos quanto em animais (VILARINDO, ANDREAZZI e FERNANDES, 2013). É um gás presente na atmosfera, portanto, não pode ser patenteado, apresenta coloração azulada e odor específico, sendo detectado pelo olfato humano mesmo em baixas concentrações (MARQUES e CAMPEBELL, 2017). 
A ozonioterapia é uma técnica que consiste na utilização da mistura de oxigênioozônio (O2-O3) através da passagem do oxigênio puro por uma descarga elétrica de alta voltagem e alta frequência (HADDAD et al., 2009).
 O campo elétrico gerado por essa descarga fornece energia capaz de romper as duplas ligações da molécula de oxigênio, dando origem a dois átomos separados que irão reagir com outra molécula de O2 formando o ozônio (O3) (LAPOLLI et al., 2003). Figura 1- Visão esquemática de um gerador de ozônio. Fonte: (BOCCI, 2011) 
2. INDICAÇÕES 
O aumento da oxigenação tecidual e consequentemente do metabolismo, é uma das características do ozônio (MORETTE, 2011), apresentando ação positiva para patologias de origem inflamatória, infecciosa e isquêmica, como em casos de feridas infectadas, inflamadas, mal curadas ou em processos inflamatórios crônicos, como, por exemplo, colites e outras inflamações intestinais, problemas circulatórios, doenças causadas por vírus como hepatite e herpes, além de servir como terapia complementar em tratamentos de câncer e outras enfermidades (VILARINDO, ANDREAZZI e FERNANDES, 2013; SILVA et al., 2013; LIMA et al., 2018). 
O ozônio de aplicação médica é composto de 95% de oxigênio e no máximo 5% de ozônio tendo diversas vias de administração parenteral, como intravenosa, intraarterial, intramuscular, subcutânea, intraperitoneal, intrapleural, intra-articular, intradiscal, intraforaminal e intralesional além de poder ter aplicações tópicas, via retal e por auto-hemoterapia ozonizada (NAKAO et al., 2009; BOCCI, 2011; MARQUES, 2015). 
 Vários estudos têm demonstrado que o uso do ozônio medicinal tem vários efeitos relacionados com a dose utilizada, sendo em altas concentrações capaz de causar alterações na estrutura dos tecidos; de regular o sistema imune em concentrações médias; e de melhorar a microcirculação em baixas concentrações (ILIAKIS et al., 2001). 
3. MECANISMO DE AÇÃO 
Quando em contato com ácidos graxos poli-insaturados e água presente no sangue, ocorre a formação de peróxido de hidrogênio e espécies reativas de oxigênio (ROS), que irão ser responsáveis pela ativação do sistema antioxidante endógeno, gerando uma estimulação do sistema imunológico, além de ter ação anti-inflamatória e analgésica. (TYLICKI et al., 2003). O ozônio tende a se degradar rapidamente devido ao forte poder oxidativo, não resultando em resíduos tóxicos, pois ao entrar no organismo se reverte rapidamente em oxigênio, dessa maneira irá atuar melhorando os parâmetros reológicos e circulação sanguínea, através do aumento da elasticidade da hemácia, facilitando a chegada de oxigênio nos tecidos (HADDAD, 2006). 
Peróxidos hidrófilos responsáveis por estimular a formação de compostos desoxigenantes são formados a partir da reação do ozônio com ácidos graxos insaturados da membrana, estes, por sua vez, agem sobre a oxihemoglobina, liberando oxigênio e aumentando a sua distribuição nos tecidos, favorecendo sua regeneração (HERNÁNDEZ e GONZÁLEZ, 2001). Ademais, a melhora da perfusão nos tecidos danificados permite uma maior chegada de componentes imunológicos, além disso, o ozônio pela interação com o grupo sulfidrila, é capaz de intervir no metabolismo das proteínas, contribuindo para a formação de citocinas, síntese de anticorpos e ativação de linfócitos T e possui um papel imunorregulador por aumentar a resposta enzimática antioxidativa (PÉREZ, FERNANDEZ e CEPERO, 2003; HADDAD, 2006). Por inibição do aumento do cálcio plasmático induzido pelo colágeno e trombina, o ozônio age sobre o mecanismo hemostático, também possui a capacidade de reduzir a viscosidade sanguínea e de atuar modificando as membranas plaquetárias, conferindo um efeito antiadesivo e profilático contra a formação de trombos brancos (DIAZ BATISTA et al., 2001; JUNIOR e LAGES, 2012). Além disso, a reação de peroxidação sobre os fosfolípides da membrana dos eritrócitos resulta em um aumento da carga elétrica negativa gerando uma repelência elétrica que leva ao fenômeno de desagregação e redução da adesividade celular, dessa forma o empilhamento eritrocitário será reduzido inibindo a formação de trombos vermelhos (MARFELLA et al., 2010).
 A ação analgésica do ozônio está relacionada com o seu efeito na cascata inflamatória, em que altera a decomposição do ácido araquidônico em prostaglandinas, como resultado haverá uma redução de prostaglandinas pró-inflamatórias e liberação de bradicininas e compostos alogênicos com subsequente diminuição da dor (BOCCI et al., 1993; ILIAKIS et al., 2001). 
A redução da dor também pode estar relacionada com o efeito do ozônio de estabilizar a membrana das células aumentando o limiar de excitabilidade de dor nos receptores das mesmas (COELHO et al., 2015). As dores relacionadas com o aumento da atividade muscular também são aliviadas pela ozonioterapia através do incremento da oferta do oxigênio e acúmulo energético traduzidos em aumento da concentração de ATP (adenosina trifosfato) irão conferir ao tecido proteção metabólica contra a opção anaeróbica que resulta em acúmulo de lactato e menor estímulo químico aos receptores dolorosos (OLIVEIRA JÚNIOR e LAGES, 2012). Nos casos em que há isquemia o processo de produção de energia é interrompido e o ATP é degradado em adenosina monofosfato (AMP) e adenosina, sendo que essa última, extracelularmente, é metabolizada em inosina e hipoxantina. Quando há oxigenação adequada a hipoxantina é degradada em ácido úrico pela xantina desidrogenase (XD), porém em casos de hipóxia, a XD é convertida em xantina oxidase (XO), ocorrendo, então, um acúmulo de hipoxantina. Em sequência, na reperfusão, a XO interfere na conversão da hipoxantina em radicais superóxidos que reagem com as membranas celulares, causando lesões (ABREU, 2003). Sendo assim, em animais com quadros de isquemia, a via xantina/xantina oxidase possui efeitos deletérios pela formação de espécies reativas de oxigênio. A utilização prévia da ozonioterapia tem mostrado uma diminuição significativa no acúmulo de xantina e consequentemente nas espécies reativas de oxigênio, reafirmando seu efeito antioxidante (HADDAD, 2006).
 A ação antimicrobiana do ozônio contra bactérias, vírus e fungos é poderosa (HERNÁNDEZ e GONZÁLEZ, 2001; BOCCI, 2011; ZAMBRANO et al., 2019). Os efeitos bactericidas estão relacionados com o fato de ocorrer a interrupção da integridade dos fosfolipídeos e lipoproteínas da membrana citoplasmática e da parede celular da bactéria, já o efeito viricida ocorre pelos danos causados na região do capsídeo, sendo esse estruturado por fosfolipídeos e glicoproteínas(HADDAD, 2006), enquanto a capacidade fungicida ainda não é muito bem compreendida, porém já foi avaliado seu poder inibitório sobre esses agentes (REIS et al., 2018). 
4. CONTRAINDICAÇÕES 
Não é indicado realizar a aplicação de ozônio por via intravenosa direta, via intra-arterial e por via inalatória, pois ao entrar em contato com os alvéolos pulmonares o O3 se mostra tóxico, levando a um colapso pulmonar (CUNHA, 2010; MORETTE, 2011). Também é contraindicada a utilização do ozônio associado com solução salina (NaCl 0,9%) pois haverá formação de ácido hipocloroso (HOCL), sendo esse responsável por causar inflamação local, como vasculites (LAGE-MARQUES, 2008). O ozônio não deve ser administrado em pacientes com hipotireoidismo, hemorragia recente, anêmicos, policitêmicos, portadores de diabetes mellitus que estejam descompensados e portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (MARQUES e CAMPEBELL, 2017). A utilização de O3, é uma técnica quedeve ser realizada por profissionais treinados a fim de possibilitar a melhor forma de aplicação, sendo exclusividade do médico veterinário a prescrição e condução do tratamento, é eficiente no tratamento de feridas extensas, de difícil cicatrização, processos isquêmicos, alérgicos além de possuir atuação de desinfecção (MORETTE, 2011). 
REFERÊNCIAS 
ABREU, J.M.G. Apoptose e efeitos da pentoxilina e do ozônio no jejuno de equinos sob isquemia, congestão e reperfusão. Belo Horizonte, MG: UFMG, 2003, 91p. Tese (Doutorado em Ciência Animal). Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, 2003. BOCCI Velio et al. Studies on the biological effects of ozone. III. An attempt to define conditions for optimal induction of cytokines. Lymphokine Cytokine Res. [S.l], v. 12, n. 2, p. 121-126, 1993.
 BOCCI, Velio. Ozone: A new medical drug. 2nd ed. Heidelberg: Springer; 2006. COELHO, Clarisse S et al. Use of ozone therapy in chronic laminitis in a horse.. Journal of Ozone Therapy, [S.l.], v. 1, n. 1, dez. 2015.
 CUNHA, M. G. R.. Ozonioterapia: Tratamento coadjuvante da dor na fibromialgia. 2010. 75 f. Monografia (Especialização) - Curso de Prática Ortomolecular, Universidade Veiga de Almeida, Salvador, 2010 
DIAZ BATISTA, Arquímides et al . Efecto del ozono sobre la activación plaquetaria en pacientes con enfermedades vasculares periféricas: Informe preliminar. Rev Cubana Invest Bioméd, Ciudad de la Habana , v. 20, n. 1, p. 42-44, mar. 2001. 
DIAZ HERNANDEZ, Orestes; CASTELLANOS GONZALEZ, Roberto. Ozonoterapia en úlceras flebostáticas. Rev Cubana Cir, Ciudad de la Habana , v. 40, n. 2, p. 123- 129, jun. 2001. HADDAD, M.A. et al . Comportamento de componentes bioquímicos do sangue em equinos submetidos à ozonioterapia. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte , v. 61, n. 3, p. 539-546, Jun. 2009. 
HADDAD, Melissa Alvarenga. Efeitos da Ozonioterapia sobre parâmetros clínicos, hematológicos e da bioquímica sanguínea em equinos. 2006. 164 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2006. ILIAKIS, E. et al. Rationalization of the Activity of Medical Ozone on Intervertebral Disc A Histological and Biochemical Study. Rivista di Neuroradiologia, [s.l.], v. 14, n. 1, p. 23-30, mar. 2001. SAGE Publications. 
LAGE-MARQUES, Mariana. Estudo da Ozonioterapia como contribuição para a Odontologia Veterinária. 2008. 67 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. LAPOLLI, Flávio Rubens; SANTOS, Lourdinha F. dos; HASSEMER, Maria Eliza Nagel; AISSE, Miguel Mansur; PIVELI, Roque Passos. Desinfecção de efluentes sanitários por meio da ozonização. In: Desinfecção de Enfluentes Sanitários[S.l: s.n.], 2003.
 LIMA, Aline Mayara Silva et al. OZONIOTERAPIA EM FERIDA ASSOCIADA À PERIOSTITE INFECCIOSA EM UM EQUINO. SEMANA DE MEDICINA VETERINÁRIA, 5., 2018, Maceió. Anais eletrônico. Maceió: Universidade Federal de Alogoas, 2018. MARFELLA, Raffaele et al. Use of a non-specific immunomodulation therapy as a therapeutic vasculogenesis strategy in no-option critical limb ischemia patients. Atherosclerosis, [s.l.], v. 208, n. 2, p. 473-479, fev. 2010. Elsevier BV. 
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