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DENISE RICARDO RUFINO | GESTÃO AMBIENTAL UNIDADE 1: DIREITO E PROTEÇÃO AMBIENTAL TÓPICO 1 – PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES TÓPICO 2 – RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO TÓPICO 3 – DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS TÓPICO 4 – COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL E LEGISLAÇÃO PROBLEMÁTICA AMBIENTAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS, SOLUÇÕES O HOMEM E O MEIO AMBIENTE HISTÓRICO DA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL Os problemas ambientais são resultados da utilização desregrada dos recursos naturais. Após a Revolução Industrial, não obstante a utilização desenfreada de recursos naturais não renováveis, o capitalismo econômico incentivou a proliferação de aterros em áreas de preservação permanente, bem como o descarte de dejetos industriais e humanos em recursos hídricos, acentuando os dano ao meio ambiente. O alerta para a gravidade do problema ambiental foi dado em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo. 1983: criada pela Assembleia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, presidida por Gro Harlem Brundtland, com o objetivo de propor novas normas de cooperação internacional que pudessem orientar políticas e ações internacionais de modo a promover as mudanças que se faziam necessárias. 1987: lançado o relatório “Nosso Futuro Comum” (também conhecido como “Relatório Brundtland”), alertando para a necessidade de um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso em todo o planeta. O desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento econômico, com desenvolvimento humano e qualidade ambiental, ao que não é um estado permanente de equilíbrio, mas sim de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios. Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO 92 ou RIO 92, na Agenda 21 e na Declaração do Rio, adotou-se o desenvolvimento sustentável como meta a ser buscada e respeitada por todos os países. A defesa do meio ambiente é uma tarefa de todos (art. 225 da Constituição Federal de 1988), sendo indispensável à criação de uma consciência voltada à preservação ambiental. DEFINIÇÃO Questões enfrentadas pela humanidade em função da poluição e degradação ambiental, notadamente quanto aos efeitos oriundos da utilização irracional dos recursos naturais, poluição atmosférica e hídrica, bem como do depósito irregular de dejetos domésticos e industriais, não se descartando, também, a ameaça nuclear. CAUSAS O homem atuou no seu ambiente como um parasita, tomando o que dele deseja com pouca atenção pela saúde do seu hospedeiro, isto é, do sistema de sustentação da sua vida. A revolução industrial, com o incremento do consumo e de novas tecnologias, apresenta-se como marco à degradação do ambiente, com a emissão desenfreada de gases poluentes na atmosfera, contaminação de recursos hídricos e descarte inconsequente do lixo produzido pela humanidade. A crise ambiental na atualidade é decorrente do modelo de consumo desenfreado. A superação da crise ambiental implica não apenas conciliar o desenvolvimento econômico-social com a proteção do meio ambiente, mas também promover “uma verdadeira mudança de atitude da civilização e dos seus hábitos predatórios que comprometem não só o futuro das próximas gerações, mas o próprio equilíbrio do planeta” SOLUÇÕES Na Declaração do Rio de 1992, o princípio 8, dispõe que “para atingir o desenvolvimento sustentável e mais alta qualidade de vida para todos, os estados devem reduzir e eliminar padrões insustentáveis de produção e consumo e promover políticas demográficas adequadas”. RECURSOS AMBIENTAIS: NATURAIS, ARTIFICIAIS, CULTURAIS, PATRIMÔNIO GENÉTICO, MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E POLUIÇÃO RECURSOS NATURAIS Os recursos naturais são constituídos pela atmosfera, pelos elementos da biosfera, pelas águas (inclusive pelo mar territorial), pelo solo, pelo subsolo (inclusive recursos minerais), pela fauna e flora. O meio ambiente natural tem previsão no artigo 225, caput, da Constituição Federal, bem como no § 1º, incisos I e VII. RECURSOS ARTIFICIAIS Os recursos artificiais são compreendidos pelos espaços urbanos construídos, “consistente no conjunto de edificações (chamado de espaço urbano fechado), e pelos equipamentos públicos (espaço urbano aberto). O meio ambiente artificial tem previsão constitucional nos artigos 5º, inciso XXIII; artigo 21, inciso XX e no artigo 182. Constituídos pelo patrimônio histórico, paisagístico, artístico, arqueológico e turístico, os quais, embora artificiais, possuem determinado valor específico, pois trazem a interação do homem ao ambiente. O conceito de meio ambiente cultural tem previsão no artigo 216 e seus incisos da Lei Fundamental de 1988. RECURSOS CULTURAIS É a informação da origem genética contida em amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal, na forma de moléculas e substâncias provenientes do metabolismo desses seres vivos e de extratos obtidos destes organismos. O patrimônio genético passou a receber tratamento jurídico com a Constituição Federal de 1988, nos termos do artigo 225, § 1º, incisos II e V, ao que no ano de 2005, a Lei n° 11.105 – Lei de Biossegurança – estabeleceu critérios à tutela jurídica do patrimônio genético da pessoa humana. PATRIMÔNIO GENÉTICO Consiste no local em que as pessoas desenvolvem suas atividades laborais, tratando-se das questões afetas a qualidade do ambiente de trabalho, objeto de direitos subjetivos privados e invioláveis da saúde e integridade física dos trabalhadores. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Degradação resultante das atividades que direta ou indiretamente provoquem um efeito negativo no equilíbrio ambiental, causando danos à saúde humana, aos seres vivos e ao ecossistema. De acordo com o artigo 3º, inciso III, da Lei n° 6.938/81, degradação ambiental resulta de atividades que: ❏ Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; ❏ Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; ❏ Afetem desfavoravelmente a biota; ❏ Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; ❏ Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. • POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Introdução não natural de substâncias ou energia para o ar, resultando na alteração dos seus elementos (20% oxigênio, 79% nitrogênio, 1% outros gases), ao que se “ultrapassados os limites estabelecidos pelas normas ambientais, podem colocar em risco a saúde, a segurança e o bem-estar comum”. POLUIÇÃO • POLUIÇÃO HÍDRICA Contaminação de corpos de água por elementos nocivos ou prejudiciais aos organismos e plantas, assim como ao homem, resultante de atividade que direta ou indiretamente lance matérias ou energia nas águas em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. • POLUIÇÃO DO SOLO Causada pelas descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos sólidos de materiais provenientes de operações industriais, comerciais e agrícolas. • POLUIÇÃO SONORA Emissão de sons ou ruídos desagradáveis que, ultrapassados os níveis legais e de maneira continuada, podem causar, em determinado espaço de tempo, prejuízos à saúde humana e ao bem-estar da comunidade. • POLUIÇÃO VISUAL Degradação ambiental resultante das publicidades ou propagandas comerciais e sociais que direta ou indiretamente coloquem em risco a segurança, o bem-estar da comunidade ou afetem as condições estéticas do meio ambiente urbano ou rural. DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS DIREITO AMBIENTAL CONCEITO O direito ambiental trabalha as normas jurídicas de diversos ramos do direito, bem como se relaciona com as outras áreas do saber humano como a biologia, física, química, dentre outras. Busca adequar o ser humano com o meio ambiente, sendo um ramo do direito que estuda as relações jurídicasambientais, observando a natureza constitucional, difusa e transindividual dos direitos e interesses ambientais, buscando sua proteção e efetividade. EVOLUÇÃO A formação do direito ambiental brasileiro ocorreu de maneira gradativa, atrelada, no início, com a exploração econômica do pau-brasil, sendo instituído no ano de 1605 o chamado Regimento do Pau-Brasil, que exigia autorização real para o corte dessa espécie de árvore. ❖ 1923 - Regulamento da Saúde Pública (Decreto n° 16.300/23). Possibilidade de impedir que as indústrias prejudicasse a saúde dos moradores de sua vizinhança. ❖ 1934 - Código Florestal (Decreto n° 23.793/34), Código das Águas (Decreto n° 24.643/34), a Lei de Proteção da Fauna (Decreto n° 24.645/34) e o Decreto n° 25/37, que organizou a proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. ❖ 1960 - Código Florestal de 1965 (Lei n° 4.771/65), de Caça (Lei n° 5.197/67), de Pesca (Decreto-lei n° 221/67) e o de Mineração (Decreto-lei n° 227/67), o Estatuto da Terra (Lei n° 4.504/64), a Lei de Proteção da Fauna (Lei n° 5.197/67), a Política Nacional do Saneamento Básico (Decreto n° 248/67) e a criação do Conselho Nacional de Controle da Poluição Ambiental (Decreto n° 303/67). ❖ 1972 - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Criação da SEMA (Secretaria Especial do Meio Ambiente), Decreto n° 73.030/73, atualmente MMA. ❖ 1981 - Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei nº 6.938/81 e a organização estrutural de Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Edição da Lei n° 7.347/85 – Ação Civil Pública. Constituição Federal de 1988. ❖ 1998 - Lei n° 9.605, dispondo sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. PRINCÍPIOS Consistem em enunciados fundamentais que condicionam e dão estrutura ao sistema, porquanto lhe conferem unidade e coerência. O direito ambiental, por seus princípios, tem por finalidade, dentre outras, contrapor-se às situações causadas pela ação humana, movidas pelo modo de produção capitalista, onde a busca pelo poder econômico ultrapassa as barreiras de respeito ao ambiente natural, social, cultural, como também à dignidade e ao respeito à pessoa humana. Possuem como objetivo orientar o desenvolvimento e a aplicação de políticas ambientais que servem como instrumento fundamental de proteção ao meio ambiente e, consequentemente, à vida humana. • Princípio do desenvolvimento sustentável Reflete a visão política dominante em relação à problemática ambiental, tendo como objetivo a harmonização das seguintes vertentes: crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social. Desenvolvimento Sustentável: atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Na Declaração do Rio, no Princípio 04, ficou estabelecido que “para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente em relação a ele”. O Princípio 05 da Declaração do Rio de 1992, dispõe que “todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, de forma a reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo”. A necessidade do equilíbrio entre crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social está expressa na Constituição Federal de 1988, podendo-se destacar os artigos 170 e 225. • Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana Foi assegurado pelo legislador constitucional um novo direito fundamental do homem, consistente no direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, para uma sadia qualidade de vida (artigo 225 da Constituição Federal de 1988). Este princípio é tratado na Constituição Federal como um direito fundamental da pessoa humana, direcionado ao desfrute de condições de vida adequadas em um ambiente saudável. • Princípio da prevenção Reconhecido internacionalmente na Declaração de Estocolmo de 1972 (Princípios 6 e 21) e na Declaração do Rio de 1992 (Princípio 2). Decorre da constatação de que as agressões ao meio ambiente são, em regra, de difícil ou impossível reparação, tornando-se necessária a atuação preventiva para se evitar os danos ambientais. O princípio da prevenção, por exemplo, é o maior alicerce do Estudo de Impacto Ambiental (artigo 225, § 1º, inciso IV, da Constituição Federal), realizados pelos interessados antes de iniciada uma atividade potencialmente poluidora. • Princípio da precaução Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (Rio 92), adotou-se o princípio da precaução (Princípio 15), ao que com o fim de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério da precaução de acordo com suas capacidades. De acordo com esse princípio, sempre que houver perigo de ocorrência de um dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para postergar a adoção de medidas eficazes para impedir a degradação do meio ambiente. A incerteza científica se reverte em favor da natureza, cabendo aos interessados o ônus de provar que as intervenções pretendidas não são perigosas ou poluidoras. A aplicação deste princípio deve se limitar aos casos de riscos graves e irreversíveis, e não riscos de qualquer natureza. • Princípio do poluidor-pagador Pode ser entendido como um instrumento econômico que exige do poluidor suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais. O causador da poluição arcará com os custos necessários à diminuição, eliminação, ou neutralização do dano ambiental. Este princípio não se limita a tolerar a poluição mediante um preço, nem se limita a compensar os danos ambientais causados, mas sim e principalmente, evitar o dano ambiental. O princípio do poluidor-pagador está inserido na Constituição Federal no artigo 225, § 2º e 3º, obrigando o explorador de recursos minerais a recuperar o meio ambiente degradado. Este princípio também já havia sido incluído na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), em seu artigo 4º, inciso VII. • Princípio do usuário-pagador Estabelece que o usuário de recursos naturais deve pagar por sua utilização. Os recursos naturais devem estar sujeitos à aplicação de instrumentos econômicos para que seu aproveitamento se reverta em favor da coletividade. A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6.938/81), em seu artigo 4º, determina ao usuário “contribuição pela utilização de recursos naturais com fins econômicos”. • Princípio da obrigatoriedade de atuação (intervenção) estatal Os dispositivos normativos da Declaração de Estocolmo e da Constituição de 1988 consignaram de forma expressa o dever do Poder Público de atuar na defesa do meio ambiente, tanto no âmbito administrativo, quanto legislativo e jurisdicional, cabendo ao Estado adotar as políticas públicas e os programas de ação necessários para defesa do meio ambiente. A atuação obrigatória do Estado decorre da natureza indisponível do meio ambiente, cuja proteção é reconhecida como indispensável à dignidade e à vida de todas as pessoas (art. 225, caput e § 1º, da Constituição Federal e artigo 2º, inciso I, da Lei nº 6.938/81). • Princípio da participação comunitária A participação popular na proteção do meio ambiente possui previsão no Princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 92, bem como no art. 225 da Constituição Federal de 1988. Cada indivíduo deve ter acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas. A sociedade pode atuar diretamente na defesa do meio ambiente participando na formulação e na execução de políticas ambientais: 1. por intermédioda atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados responsáveis pela formulação de diretrizes e pelo acompanhamento da execução de políticas públicas; 2. por ocasião da discussão de estudos de impacto ambiental em audiências públicas; e 3. nas hipóteses de realização de plebiscitos. • Princípio da informação A informação ambiental tem previsão no princípio 10 da Declaração do Rio de 1992, conforme mencionado anteriormente e nos artigos 5º, inciso XXXIII e artigo 225, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, ao que na legislação ambiental infraconstitucional, encontra respaldo nos artigos 6º e 10 da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6.938/81). Há uma interdependência lógica entre o princípio da participação e o princípio da informação, porquanto somente haverá a participação popular caso haja acesso às informações ambientais. Além disso, ressalta-se que a educação ambiental é efetivada mediante a informação ambiental. • Princípio da educação ambiental O princípio da educação ambiental constitui um dos grandes instrumentos para esclarecer e envolver a comunidade no processo de responsabilidade com o meio ambiente. Este princípio está positivado no art. 225, § 1º, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, bem como no art. 2º, inciso X, da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n° 6.938/81. A educação ambiental é fundamental para efetiva participação da população no controle do Estado e da iniciativa privada à preservação do meio ambiente, permitindo o pleno exercício da cidadania ambiental. • Princípio da função socioambiental da propriedade A Constituição Federal de 1988, nos art. 5º, inciso XXIII, 170, inciso III e 186, inciso II, condicionou o direito de propriedade à sua função social, ao que não cumprida a função social ambiental, o proprietário se vê impedido do livre exercício da propriedade. A propriedade rural, por exemplo, cumpre a sua função social quando atende, entre outros requisitos, à preservação do meio ambiente, impondo ao proprietário rural o dever de exercer o seu direito de propriedade em conformidade com a preservação da qualidade ambiental (art. 186, inciso II, CF/88). O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo a preservar, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ambiental e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitar a poluição do ar e das águas. COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL E LEGISLAÇÃO COMPETÊNCIA AMBIENTAL COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA (OU MATERIAL) Se refere aos aspectos de proteção e fiscalização das diversas atividades que envolvem o interesse ambiental, dividindo- se em competência material exclusiva e competência material comum. • Competência material exclusiva Se refere às questões inerentes à União, em razão de versarem sobre matérias de interesse geral. Por exemplo: XII -Compete à união “explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; • Competência material comum Atribuída conjuntamente à União, Estados, Distrito Federal e municípios, no intuito de promover a execução de diretrizes, políticas e preceitos relativos à proteção do meio ambiente, bem como para exercer o poder de polícia, nos moldes do art. 23 da Constituição Federal de 1988. Por exemplo: Art. 23 É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: IV - impedir a evasão, a destruição e descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural; COMPETÊNCIA LEGISLATIVA A competência legislativa cuida da divisão de atribuição para edição de leis e regulamentos de interesse ambiental, dividindo-se em privativa, exclusiva, remanescente ou reservada, concorrente e suplementar. • Competência legislativa privativa A competência legislativa privativa, prevista no artigo 22 da Constituição Federal de 1988, é aquela entregue à União, com possibilidade de delegação. Por exemplo: Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre: IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; Os referidos bens são da União (p. ex: recursos minerais, art. 20, inciso IX, da Constituição Federal de 1988) ou estão relacionados com atividades monopolizadas pela União (p. ex: atividades nucleares, art. 177, inciso V, da Constituição Federal de 1988). • Competência legislativa exclusiva Detém as unidades da federação autonomia política e administrativa, sustentando sua competência legiferante (capacidade de produzir lei em sentido ‘estrito’). Por exemplo: Art. 25 - Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. [...] § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. • Competência legislativa remanescente ou reservada A Constituição Federal de 1988 determina que são reservados aos Estados-Membros as competências legislativas que não lhes sejam vedadas pelo texto constitucional, podendo, assim, legislar sobre todas as matérias que não lhes estiverem vedadas implícitas ou explicitamente. Por exemplo: Art. 25 - Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. • Competência legislativa concorrente A competência legislativa concorrente, prevista no artigo 24 da Constituição Federal de 1988, estabelece que a União, os Estados e o Distrito Federal poderão legislar, em concorrência, sobre determinados assuntos, dentre eles aqueles relacionados à proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Por exemplo: Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; • Competência legislativa concorrente supletiva ou plena Decorre da inércia da União em editar a Lei Federal sobre normas gerais, adquirindo então os Estados-Membros e o Distrito Federal competência plena para a edição de normas gerais e de normas específicas sobre os assuntos relacionados no artigo 24 da Constituição Federal de 1988 (Art. 24, § 3º, da Constituição Federal de 1988). Por exemplo: Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. • Competência legislativa suplementar e complementar Os Estados e o Distrito Federal, como desdobramento da competência concorrente, têm competência legislativa suplementar de normas estabelecidas pelo governo federal (art. 24, § 2º, da Constituição Federal de 1988). Por exemplo: Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. Os Estados e o Distrito Federal, ao suplementarem as normas gerais, não poderão contrariar as normas federais, sob pena de inconstitucionalidade, por existir entre elas uma relação de subordinação. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PROTEÇÃO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL A constituição de 1988 constitui um avanço em relação às questões ambientais, tendo em vista que foi a primeira a tratar deliberadamente da proteção do meio ambiente. A partir da Constituição Federal de 1988 o meio ambiente passou a ser tido como um bem tutelado constitucionalmente, trazendomecanismos para sua proteção e controle, que não contempla somente o conceito de meio ambiente natural, como também reconhece seus outros aspectos: o meio ambiente artificial, o meio ambiente cultural, o meio ambiente do trabalho e o patrimônio genético, também tratados em diversos outros dispositivos da Constituição. PROTEÇÃO AMBIENTAL INFRACONSTITUCIONAL No plano infraconstitucional, diversos diplomas e regulamentos tutelam o meio ambiente, como, a título de exemplo: ❏ Código Florestal (Lei n° 4.771/65); ❏ Código de Caça (Lei n° 5.197/67); ❏ Código da Pesca (Decreto-lei n° 221/67); ❏ Código de Mineração (Decreto-lei n° 227/67); ❏ Estatuto da Terra (Lei n° 4.504/64); ❏ Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n° 6.938/81; ❏ Lei de Ação Civil Pública - Lei n° 7.347; ❏ Crimes Ambientais - Lei nº 9.605; ❏ Resoluções CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.
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