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2 Análise do conto: Somos todas Marielle Franco por Cidinha Silva HELENA REGINA CELESTINO DE SOUSA1 JOELINA PEREIRA BORGES2 Profª Drª Assunção de Maria Sousa e Silva3 INTRODUÇÃO O presente artigo tem por objetivo fazer uma analise do conto Somos todas Marielle Franco!, por Cidinha Silva. Em primeiro lugar precisamos conhecer quem é Cidinha da Silva. Ela é mineira, nasceu em 1967 e seu nome é Maria Aparecida da Silva. A autora já publicou 17 livros distribuídos em crônicas, contos, ensaios, dramaturgia e infantil e juvenil e sua escrita se encaixa na nomenclatura: autora negra. Este conto que vamos analisar foi escrito no Diário do Centro do Mundo em 16.03.2018. Para entender o conto se faz necessário entender o processo de luta da mulher negra no Brasil e entender a luta que vem sendo travada ao longo dos anos para que consigam ver sua posição não mais como a mulher negra e sem voz e que não tem posicionamentos políticos e sociais. Partimos da premissa, assim como Cidinha Silva de que Marielle Franco está estampada em todas as mulheres negras que vem perdendo suas vidas por conta da sua questão de gênero e cor. Nesse sentido, faz-se necessário compreender o que vem a ser preconceito racial, para que a partir deste conceito possamos compreender a importância da luta da mulher negra por seu lugar no contexto social atual. ANÁLISE DO CONTO: SOMOS TODAS MARIELLE FRANCO! A questão do “racismo no Brasil é algo estrutural, mas não é estático, ao contrário, é dinâmico, ele se renova, se repagina, se reorganiza e o faz ao longo de anos, pacientemente, enquanto mata e humilha negros, indígenas e outros alvos para mostrar quem é que manda”. ( SILVA, 2018), observa-se este fator ao nos darmos conta que nossa sociedade se forma como uma pirâmide, onde temos no topo o homem branco, seguido pela mulher branca e só então o homem negro e finalmente a mulher negra. Assim vemos que a questão do racismo e preconceito também esta relacionada à questão de gênero, uma realidade, não é sempre que se tem a oportunidade de ver uma mulher e principalmente negra, em categorias elevadas de trabalho ou na área intelectual. A mulher negra sempre foi e é tratada com preconceito e discriminação em todos os setores, mesmo sendo aquela discriminação velada, num país miscigenado como é o Brasil, onde todas as raças e cores fluem, é inadmissível que ainda se viva o racismo tão latente. O artigo de Cidinha Silva vem trazer à tona essa problemática “oculta”, onde a mulher vive um momento de luta por reconhecimento, luta por melhores condições de vida em sociedade e muitas terminam sendo caladas por incomodarem a maioria. Quando a autora intitula seu artigo: Somos todas Marielles, ela coloca-se e coloca as mulheres negras na pele de Marielle, uma mulher negra, de luta, seja ela política ou dentro do ambiente doméstico ou da comunidade na qual vive. A questão do racismo precisa ser contada pela mão/boca de quem a vivencia, quem sentiu e/ou sente na pele, vejamos a mulher negra na literatura, a importância de falar de racismo sobre o aspecto de quem o vivencia, “mais que denunciar a discriminação e as agruras vividas pelos afro-descedentes, intenta-se que as vozes silenciadas e as expressões culturais do povo – e por isso mesmo da grande parcela da população afro –descendente – alcancem o espaço da letra, do texto literário enfim.”(FONSECA, p.01). Podemos fazer uma relação entre a música, A Carne de composição do Seu Jorge, e o texto somos todos Marielle Franco, de Cidinha Silva. Assim como o texto nos remete a pensar e analisar a questão do racismo, preconceito e morte de mulheres negras, a letra da musica A Carne também vem nos falar sobre o preconceito sofrido pelos negros desde a sua chegada ao Brasil até os tempos atuais, visto que eles são os mais vulneráveis e discriminados, são eles que estão à frente dos trabalhos de menos rendimentos, são eles/elas que estão em situação de risco nas favelas, nas ruas. Esta música, assim como o conto, nos faz refletir e pensar sobre a existência latente deste preconceito e a voz do negro pedindo justiça, pedindo respeito, pedindo voz. “Que vai de graça pro presídio E para debaixo do plástico Que vai de graça pro subemprego E pros hospitais psiquiátricos” (Seu Jorge, 2002) A carne mais barata do mercado não tem que ser a carne negra e nenhuma delas, por que pensar desta forma? Por que tanto preconceito? Estes são questionamentos que temos que desmistificar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Falar sobre como o racismo mata e destrói é necessário que seja dito pela pessoa que o sofre ou vivencia, então nada melhor que da boca das mulheres negras e lutadoras e assim foi visto ao trabalharmos textos de mulheres negras que usaram a sua escrita para repassar suas vivências e assim ser o incentivo maior para que outras mulheres negras possam combater o preconceito e o racismo que vivem. É uma questão de LUTA. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, Cidinha da. Somos todas Marielle Franco!. 2018. Disponível em < https://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/noticias-violencia/somos-todas-marielle-franco-por cidinha-silva/?print=pdf> Acesso em 26 de março de 2021. DUARTE, Eduardo de Assis. Por um conceito de literatura afro-brasileira. Literafro – WWW.letras.ufmg.br/liteafro. Seu Jorge: A Carne. FONSECA, Maria Nazareth Soares. Poesia afro-brasileira – vertentes e feições; Literatura afro-brasileira.
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