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1 Sanndy Emannuelly – 4° Período 2020.1 abordagem da mulher na consulta pré-natal INTRODUÇÃO - O principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal. - Uma atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias; do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco. - A assistência pré-natal é um conjunto de medidas de natureza médica, social, psicológica e de cuidados gerais que visa propiciar à mulher gestante o desenvolvimento saudável da gravidez. A realização do pré-natal representa papel fundamental em termos de prevenção e/ou detecção precoce de patologias, tanto maternas como fetais, permitindo o desenvolvimento saudável do feto e reduzindo os riscos para a gestante. Para tanto, devem-se levar em consideração tanto componentes maternos como do produto da concepção (feto e anexos). - Seu objetivo é fazer que a mulher se sinta bem do ponto de vista físico e psíquico, durante todo o período gestacional e quando do término da gravidez, isto é, fazer que ela esteja com a saúde o mais perfeita possível para gerar um recém- nascido saudável. A gravidez é um período de sobrecarga física e emocional, e corresponde a um trabalho braçal de intensidade média. - Portanto, a assistência pré-natal deve ser iniciada antes da concepção, de forma a garantir que a mulher esteja fisicamente apta a suportar essa sobrecarga. Deve-se considerar a importância de buscar orientação antes da concepção, a fim de determinar o melhor momento de iniciar um período gravídico, objetivando minimizar riscos de malformações congênitas, além de evitar medicações teratogênicas, discutir hábitos, dieta, sedentarismo, viagens e a busca de cura ou compensação de doenças. - Primeira consulta mais precoce possível. - Mulher que planeja engravidar realiza consultar pré- concepcionais: Entende-se por avaliação pré-concepcional a consulta que o casal faz antes de uma gravidez, objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Constitui, assim, instrumento importante na melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e infantil. - Sabe-se que pelo menos metade das gestações não são inicialmente planejadas, embora possam ser desejadas. Entretanto, em muitas ocasiões, o não planejamento deve- se à falta de orientação, ou de oportunidade para a aquisição de um método anticoncepcional, e isso ocorre comumente com as adolescentes. - Realizar pelo menos 6 consultas na gestação e 1 no puerpério (domiciliar) - Em todas as consultas deve-se avaliar o risco gestacional (pode ter uma gravidez de baixo risco no início e depois evoluir para gravidez de alto risco). DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ - O diagnóstico de gravidez baseia-se na história, no exame físico e nos testes laboratoriais. Frente a uma amenorréia ou atraso menstrual, deve-se, antes de tudo, suspeitar da possibilidade de uma gestação. - O diagnóstico da gravidez pode ser realizado utilizando-se da propedêutica clínica, do diagnóstico laboratorial e da ultrassonografia. A propedêutica clínica pode ser realizada pela anamnese e pelo exame físico, utilizando-se a seguinte divisão: - Sinais e sintomas de presunção de gravidez (supõe, mas não pode afirmar): atraso menstrual, náuseas, vomito, tontura, sialorreia, hipersensibilidade mamária. são sintomas que a paciente apresenta e que podem surgir em várias outras situações e, portanto, pouco específicos para utilizar como diagnóstico de gravidez. Os mais importantes são: náuseas e vômitos, sialorreia, alterações do apetite, aversão a certos odores que provocam náuseas e vômitos, lipotímia e tonteiras, polaciúria, nictúria, sonolência e alterações psíquicas variáveis na dependência de a gestação ser desejada ou não; - Sinais de probabilidade: amolecimento da cérvice uterina (ao realizar o toque está mais mole como se fosse a mucosa labial- se não grávida tem a resistência da cartilagem do nariz), paredes vaginais aumentadas (como se fosse um edema, devido a aumento da vascularização), positividade da fração beta do HCG a partir do 8° ou 9° dia após a fertilização. Se o betaHCG vier positivo pedir o US para confirmar. São sintomas e sinais mais evidentes de gravidez, no entanto, sem caracterizá-la com certeza. O sintoma mais importante é o atraso menstrual, e entre os sinais podemos individualizar: aumento do volume uterino, alterações da forma em que o útero se torna globoso (sinal de Noblé- Budin), diminuição da consistência do istmo (sinal de Hegar) e diminuição da consistência do colo (sinal de Goodel), aumento da vascularização da vagina, do colo e vestíbulo vulvar (sinal de Jacquemier-Kluge) e sinal de Hunter (aréola mamária secundária). Os sinais de probabilidade são mais evidentes a partir de oito semanas de gestação. - Sinais de certeza: a partir da presença dos batimentos fetais, percepção de movimentos fetais, USG transvaginal (para confirmação 100%). 2 Sanndy Emannuelly – 4° Período 2020.1 - O teste laboratorial é, inicialmente, recomendado para que o diagnóstico não demande o agendamento de consulta, o que poderia postergar a confirmação da gestação. Para as mulheres com atraso menstrual maior que 16 semanas ou que já saibam estar grávidas, o teste laboratorial é dispensável. A consulta deve ser realizada imediatamente para não se perder a oportunidade da captação precoce. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL - Para implementar as atividades do controle pré-natal, é necessário identificar os riscos a que cada gestante está exposta. Isso permitirá a orientação e os encaminhamentos adequados em cada momento da gravidez. É indispensável que esta avaliação do risco seja permanente, ou seja, aconteça em toda consulta. - A caracterização de uma situação de risco não implica necessariamente referência da gestante para acompanhamento em pré-natal de alto risco. As situações que envolvem fatores clínicos mais relevantes (risco real) e/ou fatores preveníveis que demandem intervenções mais complexas devem ser necessariamente referenciadas, podendo, contudo retornar ao nível primário, quando se considerar a situação resolvida e/ou a intervenção já realizada. De qualquer maneira, a unidade básica de saúde deve continuar responsável pelo seguimento da gestante encaminhada a um nível de maior complexidade no sistema. Fatores relacionados as características individuais e as condições sociodemográficas desfavoráveis são (podem ser acompanhados ainda na unidade de saúde, mas tem um risco maior e qualquer alteração deve ser encaminhada para atenção de alto risco): - Idade menor que 15 anos ou maior que 35 anos. - Ocupação: esforço físico excessivo, carga horaria extensa, exposição a agentes físicos e químicos. - Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente se tratando da adolescente (risco de ser realizado aborto) - Situação conjugal insegura - Baixa escolaridade (menor que 5 anos de estudo regular) - Condições ambientais desfavoráveis - Altura menor que 1,45 - IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade. Encaminhamento ao pré-natal de alto risco – fatores relacionados às condições previas da gravidez/ história reprodutiva anterior • Morte perinatal explicada ou inexplicada; • Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado; • Abortamento habitual; • Esterilidade/infertilidade; • Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos • Nuliparidade e multiparidade; • Síndromes hemorrágicas; • Pré-eclâmpsia/eclâmpsia; • Cirurgia uterina anterior; • Macrossomia fetal. Intercorrências clínicas crônicas: - Cardiopatias - Pneumopatias graves (incluindo asma brônquica) - Nefropatias graves (como insuficiência renal crônica e transplantados) - Endocrinopatias (DM, hipotireoidismo e hipertireoidismo) - Doenças hematológicas (inclusive doença falciforme e talassemia) - Hipertensão arterial crônica e/ou caso de paciente que faça uso de anti-hipertensivo - PA maior que 14/9 antes de 20 semanas de IG - Doenças neurológicas (como epilepsia) - Doenças psiquiátricas (psicose, depressão grave) - Doenças autoimunes - Alterações genéticas maternas - Antecedente de trombose ou embolia pulmonar - Ginecopatias (malformação uterina) - Portadoras de doenças infecciosas (HIV, sífilis, hepatites, toxoplasmose) - US com malformação fetal, e paciente com DSTs - Hanseníase - Tuberculose - Dependência de drogas lícitas e ilícitas - Qualquer clínica que necessite de acompanhamento especializado. Fatores relacionados a história reprodutiva anterior são: - Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente se for de causa desconhecida. - História prévia de doença hipertensivs da gestação com mau resultado obstétrico - Abortamento habitual - Esterilidade/infertilidade. 3 Sanndy Emannuelly – 4° Período 2020.1 Fatores relacionados a gravidez atual: - Restrição de crescimento uterino (útero não está desenvolvimnto) - Presença de polidrâmnio ou oligodramnio (excesso ou pouco líquido amniótico) - Malformações fetais ou arritmia fetal - Distúrbios hipertensivos da gestação - Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite - Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso - Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção por HIV, sífilis e outras DSTs. - Gemelaridade. - Evidencias laboratorias de proteinúria - Desnutrição materna severa - DM gestacional - Obesidade mórbida ou baixo peso - NIC III (encaminhar para oncologista) - Alta suspeita clínica de câncer de mama - Adolescentes com fatores de risco psicossocial. - Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; - Ganho ponderal inadequado; - Pré-eclâmpsia/eclâmpsia; - Amniorrexe prematura; - Hemorragias da gestação; - Isoimunização - Óbito fetal. - Identificando-se um ou mais destes fatores, a gestante deverá ser tratada na unidade básica de saúde (UBS), conforme orientam os protocolos do Ministério da Saúde. - Os casos não previstos para tratamento na UBS deverão ser encaminhados para a atenção especializada que, após avaliação, deverá devolver a gestante para a atenção básica com as recomendações para o seguimento da gravidez ou deverá manter o acompanhamento pré-natal nos serviços de referência para gestação de alto risco. Nesse caso, a equipe da atenção básica deverá manter o acompanhamento da gestante, observando a realização das orientações prescritas pelo serviço de referência. CALENDÁRIO DE CONSULTAS - Existem muitas dúvidas sobre o momento ideal para iniciar o pré-natal. Alguns autores acreditam que deveria ser o mais precoce possível, enquanto outros acham que deveria ocorrer no final do primeiro trimestre. Objetivamente, o ideal seria que as consultas iniciais ocorressem antes da gravidez, com aconselhamento pré-concepcional. Nesse caso, o início da gravidez transcorreria com todos os resultados de exames conhecidos e as condutas corretivas já implementadas. - As consultas pré-natais se dividem em primeira consulta (também chamada de caso novo de pré-natal) e os retornos. Na consulta de caso novo, o exame é detalhado na tentativa de diagnosticar o maior número possível de alterações que possam afetar o prognóstico materno e gestacional. As consultas de retorno são mais simples, mas sempre procurando completar eventuais falhas das consultas anteriores e detectar precocemente alterações que surgiram após a última consulta. - Seis consultas no mínimo, com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. - O acompanhamento pré-natal ideal, conforme já referido, deve contemplar no mínimo seis consultas. Em gestações de baixo risco, um número inferior de consultas pode não alterar os resultados perinatais. Após a primeira consulta e as orientações iniciais, os retornos devem obedecer à padronização : - Nas consultas de seguimento, devem-se avaliar as intercorrências e as queixas da gestante; recalcular a idade gestacional; identificar fatores de risco; reclassificar a gravidez como de baixo ou alto risco; indicar planejamento familiar durante a gravidez, quando pertinente; atualizar o calendário vacinal; informar sobre o parto; solucionar as dúvidas; detectar problemas emocionais/sociais e fazer o devido encaminhamento, quando necessário; avaliar o estado nutricional e o ganho de peso; avaliar o estado bucal e as condições de higiene da paciente; e considerar a licença- maternidade. EXAMES COMPLEMENTARES 1ª Consulta ou 1° trimestre - Hemograma (dosagem hemoglobina e hematócrito) - Tipagem sanguínea e fator Rh - Glicemia em jejum: repetir próximo a 30ª semana. - Teste rápido de sífilis e HIV: repetir próximo a 30ª semana. - Toxoplasmose IGM (para todas as gestantes) e IGG (quando tiver disponibilidade) - Sorologia para hepatite B - Sumário de Urina tipo I, urocultura: repetir próximo a 30ª semana - US obstétrica - Citopatologico de colo de útero (se necessário) - Parasitológico de fezes 2° trimestre - Teste de tolerância para glicose com 75g nas gestantes sem diagnostico prévio de DM (24 a 28 semanas) - Repete-se o exame de sangue para avaliar existência de sífilis e, se necessário de toxoplasmose; - A coleta de sangue para avaliar a glicemia de jejum também é refeita, assim como o exame de tolerância à glicose. Novamente, o objetivo é avaliar se há tendência de diabetes gestacional; 4 Sanndy Emannuelly – 4° Período 2020.1 - Ultrassom obstétrico morfológico: nessa fase, é útil para analisar a formação dos órgãos fetais. 3° Trimestre - Hemograma - Glicemia em jejum - Coombs indireto (se for Rh negativo) - São repetidos os exames de sangue, como o hemograma e as sorologias que podem detectar hepatite B, toxoplasmose, HIV, rubéola e sífilis; - Ultrassom obstétrico: na reta final, avalia o crescimento fetal e sinaliza complicações como desnutrição ou excesso de peso; - Monitora também o volume de líquido amniótico e as condições da placenta CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL - Objetivo: estimar o tempo de gravidez/a idade do feto. Os métodos para esta estimativa dependem da data da última menstruação (DUM), que corresponde ao primeiro dia de sangramento do último período menstrual referido pela mulher. I. Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida e de certeza, é o método de escolha para se calcular a idade gestacional em mulheres com ciclos menstruais regulares e sem uso de métodos anticoncepcionais hormonais: • Uso do calendário: somar o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total por sete (resultado em semanas); • Uso de disco (gestograma): colocar a seta sobre o dia e mês correspondente ao primeiro dia da última menstruação e observar o número de semanas indicado no dia e mês da consulta atual. II.Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se conhece o período do mês em que ela ocorreu: • Se o período foi no início, meio ou final do mês, considerar como data da última menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente. Proceder, então, à utilização de um dos métodos acima descritos. Início do mês: dia 5 Meio do mês: dia 15 Fim do mês: dia 25 III. Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos: • Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a idade gestacional e a data provável do parto serão, inicialmente, determinadas por aproximação, basicamente pela medida da altura do fundo do útero e pelo toque vaginal, além da informação sobre a data de início dos movimentos fetais, habitualmente ocorrendo entre 16 e 20 semanas. Podem-se utilizar a altura uterina mais o toque vaginal, considerando os seguintes parâmetros: – Até a sexta semana não ocorre alteração do tamanho uterino; – Na oitava semana o útero corresponde ao dobro do tamanho normal; – Na décima semana o útero corresponde a três vezes o tamanho habitual – Na 12ª semana enche a pelve de modo que é palpável na sínfise púbica; – Na 16ª semana o fundo uterino encontra-se entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical; – Na 20ª semana o fundo do útero encontra-se na altura da cicatriz umbilical; – A partir da 20ª semana existe relação direta entre as semanas da gestação e a medida da altura uterina. Porém, esse parâmetro torna-se menos fiel a partir da 30ª semana de idade gestacional. • Quando não for possível determinar a idade gestacional clinicamente, solicitar o mais precocemente o exame de ultra-sonografia obstétrica. CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO - Objetivo: estimar o período provável para o nascimento. • Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM), mediante a utilização de calendário; • Com o disco (gestograma), colocar a seta sobre o dia e mês correspondente ao primeiro dia da última menstruação e observar a seta na data (dia e mês) indicada como data provável do parto; • Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e subtrair três meses ao mês em que ocorreu a última menstruação (ou adicionar nove meses, se corresponder aos meses de janeiro a março) – Regra de Näegele. Regra de nagele: somar 7 dias ao primeiro dia da DUM e subtrair 3 meses ao mês que ocorreu a ultima menstruação ou adicionar 9 meses se a DUM for em janeiro, fevereiro ou março. Ex: DUM 10/08/11 Dia: 10+ 7= 17 Mês: 8-3= 5 Ano: coloca o seguinte – DDP: 17/05/12 EX: DUM 11/02/12 Dia: 11+7= 18 Mês: 2+9= 11 Ano: permanece o mesmo – DDP: 18/11/12 5 Sanndy Emannuelly – 4° Período 2020.1 GANHO DE PESO AO TERMINO DA GESTAÇÃO DE ACORDO COM IMC - O ganho de peso na gestação está diretamente relacionado ao peso fetal ao nascer, que impacta na morbimortalidade neonatal e ainda implica risco futuro de desenvolvimento de diabetes, hipertensão, problemas cardíacos ou psiquiátricos na vida adulta, relacionados aos desvios de peso ao nascer, para mais ou para menos. PALPAÇÃO OBSTÉTRICA - Objetivos: • Identificar o crescimento fetal; • Diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e a idade gestacional; • Identificar a situação e a apresentação fetal. - A palpação obstétrica deve ser realizada antes da medida da altura uterina. Ela deve iniciar-se pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno da superfície uterina (esse procedimento reduz o risco de erro da medida da altura uterina). A identificação da situação e da apresentação fetal é feita por meio da palpação obstétrica, procurando identificar os pólos cefálico e pélvico e o dorso fetal, facilmente identificados a partir do terceiro trimestre. Pode-se, ainda, estimar a quantidade de líquido amniótico. - Manobras de leopold - O feto pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa. A situação transversa reduz a medida de altura uterina, podendo falsear sua relação com a idade gestacional. As apresentações mais freqüentes são a cefálica e a pélvica. • Registrar a medida da altura uterina encontrada no gráfico de AU/semanas de gestação; • Realizar interpretação do traçado obtido; • A situação transversa e a apresentação pélvica em fim de gestação podem significar risco no momento do parto. Nessas condições, a mulher deve ser, sempre, referida para unidade hospitalar com condições de atender distocia. MEDIDA DA ALTURA UTERINA - Objetivo: Estimar o crescimento fetal, correlacionando-se a medida da altura uterina com o número de semanas de gestação. - Diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e idade gestacional. • Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto; • Delimitar a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino; • Por meio da palpação, procurar corrigir a comum dextroversão uterina; • Fixar a extremidade inicial (0cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio. Proceder à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino; • Anotar a medida, em centímetros, na ficha e no cartão, e marcar o ponto na curva da altura uterina 6 Sanndy Emannuelly – 4° Período 2020.1 AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDIOFETAIS Objetivo: constatar a cada consulta a presença, o ritmo, a frequência e a normalidade dos batimentos cardíacos fetais (BCF). - FC normal: de 110 a 160 batimentos - Ausculta com estetoscópio de Pinard: PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES - Ácido fólico: indicado para a prevenção de anormalidades congênitas ou tubo neural. O fechamento do tubo neural se dá ao redor da 6a semana de gestação, e existem evidências de que o ácido fólico é essencial na prevenção dos defeitos de fechamento de tubo neural (DTN), como espinha bífida ou meningomielocele. Na população de baixo risco recomenda-se a dose diária de 0,4 a 0,8 mg de ácido fólico. Nas populações de alto risco para DTN, a dose é de 5 mg/dia. Seu uso deve ser iniciado um mês antes da gravidez e continuado até a 12a semana gestacional. - Sulfato ferroso: É recomendado um aumento no consumo diário de ferro de 15 mg/dia para 30 mg/dia na gravidez. Revisões sistemáticas têm demonstrado que a suplementação de ferro reduz em 70% o risco de anemia materna na gestação a termo. - Cálcio: A formação do esqueleto fetal necessita de 30 g de cálcio durante a gravidez, quantidade facilmente mobilizável do compartimento materno. Durante a gravidez, há um aumento na absorção do cálcio, o que contribui para seu acúmulo. Estudos observacionais apontaram para a diminuição na incidência da pré-eclâmpsia com a suplementação de cálcio em áreas de baixa ingesta, no entanto, outros estudos não evidenciaram os mesmos efeitos em mulheres saudáveis e bem nutridas. Assim, hoje não há indicação de suplementação universal de cálcio. - Polivitamínicos: o CDC e o Instituto de Medicina Americano recomendam o uso de polivitamínicos para mulheres que não têm uma dieta adequada. São consideradas de risco para tal situação pacientes com gestação gemelar, usuárias de drogas, tabagistas, vegetarianas estritas e aquelas com deficiência de lactase. Para as pacientes com nutrição adequada, não existem evidências da necessidade universal do uso de tais medicações. VACINAÇÃO GESTANTE - As vacinas que utilizam vírus vivos são contraindicadas pelo risco da transmissão fetal, enquanto as que utilizam vírus inativados parecem ser seguras após o quarto mês de gestação. - Hepatite A: A segurança da vacinação para a hepatite A ainda não foi demonstrada, mas, como é utilizado um vírus inativado, o risco de comprometimento fetal parece baixo. É recomendada para uso em áreas de alto risco. - Hepatite B: Os vírus utilizados não apresentam risco fetal, por isso, não é contraindicada. Mulheres que apresentam risco de adquirir hepatite B (mulheres com múltiplos parceiros ou cujo parceiro seja HbsAg positivo, portadoras de doenças sexualmente transmissíveis, usuárias de drogas endovenosas) devem ser vacinadas. - HPV (papilomavírus humano): Vacina não recomendada na gestação, ainda que não existam estudos que demonstrem riscos fetais. Por outro lado, não existem dados que demonstrem benefícios de sua utilização nesse período. Nos casos em que seja confirmada gravidez e já tenha sido iniciada a vacinação, as demais doses devem ser postergadas para o período pós-parto. - Influenza (inativada): Recomendada para gestantes e mulheres que desejem engravidar. Pode ser administrada em qualquer idade gestacional. Diversos estudos têm 7 Sanndy Emannuelly – 4° Período 2020.1 demonstrado seu benefício, principalmente para gestantes no segundo e terceiro trimestres, pelo maior risco de hospitalização e complicações por influenza. - Sarampo: Contraindicada na gestação. Devido ao risco de transmissão viral ao feto e as complicações inerentes a essa infecção, deve-se recomendar que a mulher não engravide até 28 dias após a vacinação. Caso engravide ou ocorra imunização em período gestacional, a mulher deve ser orientada quanto aos riscos e acompanhada durante toda a gestação. Não há indicação para interrupção da gestação, exceto em casos específicos. - Caxumba: Contraindicada na gestação. - Rubéola: Contraindicada na gestação. - Meningocócica (ACWY e MCV4 conjugada): A gravidez não é impedimento para a vacinação meningocócica, caso haja risco de contaminação para a gestante. - Anti-pneumocócica (PCV 13 e PPV23): Até o momento, não existem evidências de que se deve indicar a vacina conjugada pneumocócica às gestantes. A segurança da vacina polissacarídica pneumocócica no primeiro trimestre da gestação não foi avaliada ; além disso, não existem relatos de efeitos em neonatais cujas mães tenham sido vacinadas nesse período. - Pólio (IPV): Apesar de não existirem relatos de efeitos dessa vacina em gestantes ou fetos, seu uso nesse período não deve ser proposto. Caso a gestante não tenha sido imunizada durante a infância e apresente alto risco de adquirir a doença, a vacinação pode ser realizada de acordo com as recomendações de vacinação em adultos. - Difteria-Tétano (dT): Indicada para todas as gestantes. Caso já tenha sido vacinada nos últimos dez anos, a mulher deverá receber apenas o reforço. Se tiver sido vacinada há mais de dez anos, poderá receber até três doses com intervalo de um mês, dependendo do passado vacinal (caso não tenha completado as três doses de antitetânica previamente à gravidez). Apesar de não haver evidências de danos fetais causados pelos toxoides tetânico e diftérico, recomenda-se que a aplicação da primeira dose ou reforço ocorra a partir do segundo trimestre, para evitar eventuais danos. - Difteria-Tétano-Coqueluche acelular (DTPa): Indicada na gestação para proteção do neonato. Quando administrada em mulheres grávidas, anticorpos maternos transplacentários protegem o neonato contra a coqueluche, mas podem interferir na resposta do concepto ao ser vacinado contra DPT, diminuindo a resposta imunológica a essa vacina. Quando há necessidade de proteger a gestante contra a coqueluche, recomenda-se, por prudência, administrar a vacina entre a 27a e a 36a semana, conquanto estudos afirmem que pode ser administrada em qualquer idade gestacional. Para a indicação da dTpa na gestante, não importa o intervalo de tempo desde a última dose de dT, posto que é essa vacina que vai proteger o recém-nascido contra a coqueluche, até que seu esquema vacinal esteja completo. Muitos estudos descrevem a importância de usar a estratégia casulo (cocoon), ou seja, imunizar adultos contactantes e irmãos que convivem com crianças menores de 12 meses com pelo menos uma dose da DTPa, para prevenir coqueluche nos recém-nascidos. - BCG: É contraindicada durante a gestação, apesar de não existirem estudos que demonstrem risco fetal.21 Após a vacinação, recomenda-se que a mulher não engravide até trinta dias após ter sido imunizada. - Febre amarela: A segurança dessa vacina na gravidez não está estabelecida, portanto, ela deve ser utilizada apenas quando a viagem para regiões em que há alto risco de contaminação for inevitável ou quando houver alto risco de exposição ao vírus. - dT/dTpa – 20° semana - Hepatite B – se amulher não sabte realizar as três doses ( recomendada para todas as gestantes suscetíveis) - Influenza COMPLICAÇÕES GESTACIONAIS - Aborto espontâneo: É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto pesa menos de 500g. O abortamento é dito precoce quando ocorre até a 13ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e 22ª semanas. - Concepto natimorto - Hipertensão: A pré-eclâmpsia/eclâmpsia é a primeira causa de morte materna no Brasil e determina o maior número de óbitos perinatais, além do aumento significativo do número de neonatos com seqüelas quando sobrevivem aos danos da hipóxia cerebral. Duas formas de hipertensão podem complicar a gestação: hipertensão preexistente (crônica) e hipertensão induzida pela gestação (préeclâmpsia/eclâmpsia), que podem ocorrer isoladamente ou de forma associada. - Diabetes - Anemias - Descolamento prematuro da placenta: É a separação abrupta da placenta antes do nascimento do feto. Ocorre em cerca de 0,5 a 1% de todas as gestações, sendo responsável por altos índices de mortalidade perinatal e materna.
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