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Habilidades Médicas Objetivo¹: Entender a importância e as orientações no pré-natal de baixo risco; IMPORTÂNCIA O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. ● Talvez o principal indicador do prognóstico ao nascimento seja o acesso à assistência pré-natal (grau de recomendação B). ● Os cuidados assistenciais no primeiro trimestre são utilizados como um indicador maior da qualidade dos cuidados maternos (grau de recomendação B). ORIENTAÇÕES 10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce). 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal. 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes". 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário. 6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)". 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de Parto". 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. Larissa Moitinho PRÉ-NATAL Para uma assistência pré-natal efetiva, deve-se procurar garantir: 1. Discussão permanente com a população da área (em especial com as mulheres) sobre a importância da assistência pré-natal na unidade de saúde e nas diversas ações comunitárias; 2. Identificação precoce de todas as gestantes na comunidade e o pronto início do acompanhamento pré-natal, para que tal início se dê ainda no 1º trimestre da gravidez, objetivando intervenções oportunas em todo o período gestacional, sejam elas preventivas e/ou terapêuticas. 3. Deve-se garantir a possibilidade de que as mulheres realizem o teste de gravidez na unidade de saúde sempre que necessário. a. O início precoce da assistência pré-natal e sua continuidade requerem preocupação permanente com o vínculo entre os profissionais e a gestante, assim como com a qualidade técnica da atenção; 4. Acolhimento imediato e garantia de atendimento a todos os recém-natos e à totalidade das gestantes e puérperas que procurarem a unidade de saúde; 5. Realização do cadastro da gestante, após confirmada a gravidez, por intermédio do preenchimento da ficha de cadastramento do SisPreNatal ou diretamente no sistema para os serviços de saúde informatizados, fornecendo e preenchendo o Cartão da Gestante; 6. Classificação do risco gestacional (em toda consulta) e encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de alto risco ou à urgência/emergência obstétrica; 7. Acompanhamento periódico e contínuo de todas as gestantes, para assegurar seu seguimento durante toda a gestação, em intervalos preestabelecidos (mensalmente, até a 28ª semana; quinzenalmente, da 28ª até a 36ª semana; semanalmente, no termo), acompanhando-as tanto nas unidades de saúde quanto em seus domicílios, bem como em reuniões comunitárias, até o momento do pré-parto/parto, objetivando seu encaminhamento oportuno ao centro obstétrico, a fim de evitar sofrimento fetal por pós-datismo. 8. Toda gestante com 41 semanas deve ser encaminhada para a avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal; 9. Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea; 10.Realização de anamnese, exame físico e exames complementares indicados; 11. Imunização antitetânica e para hepatite B; Larissa Moitinho 12. Oferta de medicamentos necessários (inclusive sulfato ferroso, para tratamento e profilaxia de anemia, e ácido fólico, com uso recomendado desde o período pré-concepcional e durante o primeiro trimestre de gestação); 13. Diagnóstico e prevenção do câncer de colo de útero e de mama; 14. Avaliação do estado nutricional e acompanhamento do ganho de peso no decorrer da gestação; 15. Atenção à adolescente conforme suas especificidades; 16. Realização de práticas educativas, abordando principalmente: a. O incentivo ao aleitamento materno, ao parto normal e aos hábitos saudáveis de vida; b. A identificação de sinais de alarme na gravidez e o reconhecimento do trabalho de parto; c. Os cuidados com o recém-nascido; d. A importância do acompanhamento pré-natal, da consulta de puerpério e do planejamento familiar; e. Os direitos da gestante e do pai; f. Os riscos do tabagismo, do uso de álcool e de outras drogas; g. O uso de medicações na gestação. h. Tais práticas podem ser realizadas de forma individual ou coletiva, por meio de grupos de gestantes, sala de espera, intervenções comunitárias etc.; 17. Identificação do risco de abandono da amamentação e encaminhamento da gestante aos grupos de apoio ao aleitamento materno e/ou ao banco de leite humano (BLH) de referência; 18. Oferta de atendimento clínico e psicológico à gestante vítima de violência, seja esta de qualquer tipo (doméstica, física, sexual, psicológica etc.), seja àquela em risco de depressão pós-parto, referenciando-a para equipes especializadas e/ou encaminhamento para serviços específicos, conforme fluxograma local; 19. Visita domiciliar às gestantes e puérperas, principalmente no último mês de gestação e na primeira semana após o parto, com o objetivo de monitorar a mulher e a criança, orientar cuidados adequados, identificar possíveis fatores de risco e realizar os encaminhamentos necessários; 20. Busca ativa das gestantes faltosas ao pré-natal e à consulta na primeira semana após o parto; 21. Sistema eficiente de referência e contrarreferência, objetivando garantir a continuidade da assistência pré-natal (em todos os níveis do sistema de saúde) para Larissa Moitinho todasas gestantes, conforme a exigência de cada caso. 22. Toda gestante encaminhada para um diferente serviço de saúde deverá levar consigo o Cartão da Gestante, bem como informações sobre o motivo do encaminhamento e os dados clínicos de interesse. Da mesma forma, deve-se assegurar o retorno da gestante à unidade básica de origem, que está de posse de todas as informações necessárias para o seu seguimento; 23. Vinculação das unidades básicas de saúde (UBS) aos hospitais, às maternidades, às casas de parto, às residências de parto domiciliar (feito por parteira) de referência e aos serviços diagnósticos, conforme definição do gestor local, além do registro do nome do hospital ou da maternidade ou da casa de parto ou das residências de parto domiciliar no Cartão da Gestante. 24. Deve-se informar à gestante a possibilidade de realizar uma visita ao serviço de saúde onde provavelmente se realizará o parto e, caso seja de seu interesse, agendar a visita por volta do sexto mês de gestação. Toda gestante deve ser orientada a procurar o referido serviço quando apresentar intercorrências clínicas/obstétricas ou quando estiver em trabalho de parto; 25. Vinculação à central de regulação obstétrica e neonatal, quando existente, de modo a garantir a internação da parturiente e do recém-nascido nos casos de demanda excedente; 26. Transferência da gestante e/ou do neonato em transporte adequado (Samu), mediante vaga assegurada em outra unidade, quando necessário; 27.Atendimento às intercorrências obstétricas e neonatais, assim como controle de doenças crônicas e profilaxia de doenças infecciosas; o Registro das informações em prontuário, no Cartão da Gestante e no SisPreNatal, inclusive com preenchimento da Ficha Perinatal, abordando a história clínica perinatal, as intercorrências e as urgências/emergências que requeiram avaliação hospitalar; o Atenção à puérpera e ao recém-nascido na primeira semana após o parto e na consulta puerperal (até o 42º dia após o parto). Objetivo²: Entender a periodicidade das consultas de acordo com grau de risco e a gravidez de risco; PERIODICIDADE DAS CONSULTAS DE ACORDO COM O GRAU Baixo risco As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na unidade de saúde ou durante visitas domiciliares. Larissa Moitinho O calendário de atendimento durante o pré-natal deve ser programado em função dos períodos gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal. ➔ O calendário deve ser iniciado precocemente (no primeiro trimestre) e deve ser regular, garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam realizadas e que tanto o Cartão da Gestante quanto a Ficha de Pré-Natal sejam preenchidos. ➔ O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. ➔ Sempre que possível, as consultas devem ser realizadas conforme o seguinte cronograma: ◆ Até 28ª semana – mensalmente; ◆ Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; ◆ Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. OBS¹: A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. OBS²:Não existe “alta” do pré-natal antes do parto. Alto risco A depender do grau de risco da gestação a avaliação pré-natal será diferente de uma avaliação normal. ● Por exemplo, uma diabética pode ter que fazer mais consultas do que uma mulher sem essa condição. ● As consultas deverão ser marcadas de acordo com a orientação do médico e de acordo com o estado de saúde e de necessidade da grávida. GRAVIDEZ DE RISCO O intuito da assistência pré-natal de alto risco é interferir no curso de uma gestação que possui maior chance de ter um resultado desfavorável, de maneira a diminuir o risco ao qual estão expostos a gestante e o feto, ou reduzir suas possíveis consequências adversas. ● A equipe de saúde deve estar preparada para enfrentar quaisquer fatores que possam afetar adversamente a gravidez, sejam eles clínicos, obstétricos, ou de cunho socioeconômico ou emocional. ● Para tanto, a gestante deverá ser sempre informada do andamento de sua gestação e instruída quanto aos comportamentos e atitudes que deve tomar para melhorar sua saúde, assim como sua família, companheiro(a) e pessoas de convivência próxima, que devem ser preparados para prover um suporte adequado a esta gestante. A equipe de saúde que irá realizar o seguimento das gestações de alto risco deve levar em consideração continuamente: 1. Avaliação clínica: Larissa Moitinho Uma avaliação clínica completa e bem realizada permite o adequado estabelecimento das condições clínicas e a correta valorização de agravos que possam estar presentes desde o início do acompanhamento, por meio de uma história clínica detalha da e avaliação de parâmetros clínicos e laboratoriais. 2. Avaliação obstétrica Inicia-se com o estabelecimento da idade gestacional de maneira mais acurada possível e o correto acompanhamento da evolução da gravidez, mediante análise e adequada interpretação dos parâmetros obstétricos (ganho ponderal, pressão arterial e crescimento uterino). ● A avaliação do crescimento e as condições de vitalidade e maturidade do feto são fundamentais. 3. Repercussões mútuas entre as condições clínicas da gestante e a gravidez É de suma importância o conhecimento das repercussões da gravidez sobre as condições clínicas da gestante e para isso é fundamental um amplo conhecimento sobre a fisiologia da gravidez. ● Desconhecendo as adaptações pelas quais passa o organismo materno e, como consequência, o seu funcionamento, não há como avaliar as repercussões sobre as gestantes, principalmente na vigência de algum agravo. ● Por outro lado, se não se conhecem os mecanismos fisiopatológicos das doenças, como integrá-los ao organismo da grávida? ● Portanto, o conhecimento de clínica médica é outro requisito básico de quem se dispõe a atender gestantes de alto risco, sendo também importante o suporte de prossionais de outras especialidades. 4. Parto A determinação da via de parto e o momento ideal para este evento nas gestações de alto risco talvez represente ainda hoje o maior dilema vivido pelo obstetra. ● A decisão deve ser tomada de acordo com cada caso e é fundamental o esclarecimento da gestante e sua família, cominformações completas e de uma maneira que lhes seja compreensível culturalmente, quanto às opções presentes e os riscos a elas inerentes, sendo que deve ser garantida a sua participação no processo decisório. ● Cabe salientar, todavia, que gravidez de risco não é sinônimo de cesariana. ● Em muitas situações é possível a indução do parto visando o seu término por via vaginal, ou mesmo aguardar o seu início espontâneo. ● A indicação da via de parto deve ser feita pelo prossional que for assistir ao parto. Larissa Moitinho ● É importante que prossionais que atendem a mulher durante a gestação não determinem qual deverá ser a via de parto, que depende não só da história preexistente, como também da situação da mulher na admissão à unidade que conduzirá o parto. 5. Aspectos emocionais e psicossociais É evidente que para o fornecimento do melhor acompanhamento da gestante de alto risco, há necessidade de equipe multidisciplinar, constituída por especialistas de outras áreas, tais como Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Serviço Social, em trabalho articulado e planejado. Fatores que podem levar a um pré-natal de alto risco Os outros grupos de fatores de risco referem-se a condições ou complicações que podem surgir no decorrer da gestação transformando-a em uma gestação de alto risco: Objetivo³: Compreender quando encaminhar a paciente grávida para o acompanhamento psicológico; ASPECTOS EMOCIONAIS DA GESTAÇÃO A gravidez é considerada, no ciclo vital da mulher, um período de transição, assim como são os períodos da adolescência e do climatério. ● Durante a gestação ocorrem importantes mudanças Larissa Moitinho metabólicas, época em que a mulher sente-se em estado temporário de instabilidade emocional. ● Neste período, ela vivencia novas adaptações e reorganizações interpessoais e intrapsíquicas, assim como a perspectiva de mudança no papel familiar e social, pois – além de mulher e filha – ela passa a se perceber e a ser vista como mãe (no caso da primeira gestação) e, quando multípara, surgem novas mudanças, com a chegada de outros filhos. ● A mudança de papéis também pode ser observada no homem, uma vez que a paternidade é considerada como uma transição no desenvolvimento emocional (MALDONADO, 1986). Sendo assim, os profissionais da Estratégia Saúde da Família devem ficar atentos aos aspectos psicoafetivos da gravidez, procurando identificar os sinais e sintomas que sugerem dificuldades em aceitar a gestação, expectativas e comportamentos em relação ao bebê, à maternidade e à paternidade. ● Além disso, é fundamental conhecer os aspectos emocionais que acompanham a maioria das gestantes, a fim de qualificar a atenção no pré-natal e no puerpério. Objetivo: Compreender o que é o parto humanizado; CONCEITO A humanização do parto é um conjunto de assistências oferecidas à mulher, independentemente da sua classe social e identidade cultural, durante toda a sua gestação, parto e no pós-parto, baseado em evidências cientificas. ● E, segundo a médica obstetra e ativista Aline Nunes, um parto para ser humanizado deve respeitar basicamente três pilares: o protagonismo da mulher, segurança e trabalho em equipe. ● Sendo assim, hospitalar ou em casa, esses três pilares precisam estar presentes. Nesse sentido, a parturiente que se encontra em estado de saúde dentro da normalidade, tem o direito a forma mais natural possível de parto, e qualquer procedimento realmente necessário em relação ao parto e ao corpo dela deve ser compartilhado com essa mulher. ● É um direito da mulher participar de forma ativa das decisões inerentes ao nascimento do seu bebê. ● E as suas preferências devem ser respeitadas e atendidas, desde que mãe e bebê estejam bem. É um direito da mulher receber cuidados adequados de preparação para o parto na gestação. ● E dispor do respeito às escolhas quanto ao seu parto, ambiente, posições mais favoráveis, utilização de métodos terapêuticos Larissa Moitinho PARTO HUMANIZADO e não farmacológicos no alivio da dor. ● Bem como, liberdade para se movimentar, se alimentar, ter um acompanhante que ofereça suporte nesse momento, ter acesso imediato ao bebê após o nascimento, o clampeamento tardio do cordão umbilical, evitando a expansão pulmonar abrupta do bebê e processo anêmico no futuro. É importante ressaltar que em caso de cesárea intraparto, o mesmo não deixa de ser um parto humanizado, uma vez que todo tratamento, suporte e desejos citados anteriormente permanecem independente da via de parto. ● A OMS (Organização Mundial de Saúde) preconiza esses pontos como direitos que devem ser respeitados por parte da equipe médica responsável pelo atendimento a parturiente. Objetivo¹: Entender quais são os sinais e sintomas na gravidez e por que eles ocorrem. SINTOMAS E SUA FISIOPATOLOGIA Sinais de presunção de gravidez: ➔ Atraso menstrual; ➔ Manifestações clínicas (náuseas, vômitos, tonturas, salivação excessiva, mudança de apetite, aumento da frequência urinária e sonolência); ➔ Modificações anatômicas (aumento do volume das mamas, hipersensibilidade nos mamilos, tubérculos de Montgomery, saída de colostro pelo mamilo, coloração violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, aumento do volume abdominal). Larissa Moitinho GRAVIDEZ Náuseas e vômitos De etiologia desconhecida, parece ter relação com a elevação da gonadotrofina coriônica, que tem seu ápice por volta de 12 semanas e que vai diminuindo após esse período. Esses sintomas tendem a melhorar após o primeiro trimestre, mas em 20% das mulheres podem persistir até o final da gestação. Tonturas Esses sintomas aparecem devido à vasodilatação e à hipotonia vascular, comuns na gestação, principalmente no segundo trimestre, pela estase sanguínea nos membros inferiores e pelve e, em algumas situações, pela hipoglicemia em períodos de jejum prolongado. Salivação excessiva A sialorreia também tem sido associada com a gestação, e sua causa tem sido relacionada a refluxo gastroesofágico, náuseas, vômitos gestacionais, algumas medicações e fatores irritantes, como o tabaco. Aumento da frequência urinária Representados pela polaciúria e pela nictúria sem disuria, no primeiro trimestre devem-se à compressão do útero na bexiga, e, no final da gravidez, à compressão da apresentação fetal. ● Diversos fatores hormonais também aumentam a aceleração do ritmo da filtração glomerular. Sonolência A sonolência já se manifesta no início da gravidez, devendo-seprincipalmente ao aumento dos níveis de progesterona sérica, bem como à alcalose respiratória resultante da hiperventilação. Sinais de probabilidade: ➔ Amolecimento da cérvice uterina, com posterior aumento do seu volume; ➔ Paredes vaginais aumentadas, com aumento da vascularização (pode-se observar pulsação da artéria vaginal nos fundos de sacos laterais); ➔ Positividade da fração beta do HCG no soro materno a partir do oitavo ou nono dia após a fertilização. Sinais de certeza: ➔ Presença dos batimentos cardíacos fetais (BCF), que são detectados pelo sonar a partir de 12 semanas e pelo Pinard a partir de 20 semanas; ➔ Percepção dos movimentos fetais (de 18 a 20 semanas); ➔ Ultrassonografia: o saco gestacional pode ser observado por via transvaginal com apenas 4 a 5 semanas gestacionais e a atividade cardíaca é a primeira manifestação do embrião com 6 semanas gestacionais. Objetivo²: Compreender o esquema vacinal na gestação; ESQUEMA VACINAL O uso de vacinas durante o período gestacional tem se constituído um tema bastante polêmico, posto que são poucos os estudos que demonstram evidência de risco para o feto da vacinação por vírus inativados, vacinas bacterianas ou toxoides. ● Por vezes, as indicações baseiam-se no benefício do fármaco no caso de doenças que possam representar risco à saúde materna e fetal. Recomendadas: DT + DTPa (a partir da 20ª semana) , hepatite B (esquema 0 -1 -6) e influenza (anual). Recomendadas em casos especiais : hepatite A, pneumocócicas, meningocócicas conjugadas, meningocócica B, febre amarela. Contraindicadas: tríplice viral, HPV, varicela e dengue. https://sbim.org.br/images/calendarios/ calend-sbim-gestante.pdf Objetivo³: Entender quais são as orientações nutricionais durante a gravidez (parametros adequados, IMC, ganho de peso). ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS Dez Passos para uma Alimentação Saudável para Gestantes ● Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia, evitando ficar mais de três horas sem comer. ● Entre as refeições, beba água, pelo menos 2 litros (de 6 a 8 copos) por dia. ● Para ajudar a controlar o peso durante a gravidez, deve-se Larissa Moitinho https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf orientar a gestante a evitar “pular” as refeições e “beliscar” entre as refeições. ● Ao fazer todas as refeições, a gestante deve saber que isso evita que seu estômago fique vazio por muito tempo, o que diminui o risco de sentir náuseas, vômitos, fraquezas ou desmaios. ○ Além disso, contribui para que ela não sinta muita fome, não exagerando na próxima refeição. ○ Os excessos podem causar desconforto abdominal, principalmente nos últimos meses de gestação, quando o útero está maior e comprime o estômago. É importante que a gestante seja orientada e incentivada a: ● Apreciar cada refeição, comer devagar, mastigar bem e de forma que evite qualquer tipo de estresse na hora da alimentação. ● Evitar consumir líquidos durante as refeições, para reduzir os sintomas de pirose. ● Deve preferir consumir, após as refeições, frutas com alto teor de líquidos, como, por exemplo, laranja, tangerina, abacaxi, melancia, entre outras. ● Evitar deitar-se logo após as refeições, pois assim pode evitar mal-estar e pirose. ● Beber água entre as refeições. A água é muito importante para o organismo, pois melhora o funcionamento do intestino e hidrata o corpo. ● Além disso, o profissional deve explicar que as bebidas açucaradas (como os refrigerantes e os sucos industrializados) e as bebidas com cafeína (café, chá preto e chá mate) não substituem a água, dificultam o aproveitamento de alguns nutrientes e devem ser evitadas durante o período de gestação para favorecer o controle de peso. ● Incluir diariamente nas refeições seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, pães e alimentos feitos com farinha de trigo e milho) e tubérculos, como as batatas e raízes, como mandioca/macaxeira/aipim. ● É importante que dê preferência aos alimentos na sua forma mais natural, pois – além do fato de que são fontes de carboidratos – são ainda boas fontes de fibras, vitaminas e minerais. Larissa Moitinho PARÂMETROS Objetivo4: Compreender a suplementação de ácido fólico e sulfato ferroso na gravidez (Dosagem e período de uso). SUPLEMENTAÇÃO NA GRAVIDEZ Ferro e folato: a suplementação rotineira de ferro e folato parece prevenir a instalação de baixos níveis de hemoglobina no parto e no puerpério. ● Existem poucas informações em relação a outros parâmetros de avaliação da mãe e de seu recém-nascido (grau de recomendação A). ● O Programa Nacional de Suplementação de Ferro, do Ministério da Saúde, criado por meio da Portaria MS nº 730, de 13 de maio de 2005, recomenda a suplementação de 40mg/dia de ferro elementar (200mg de sulfato ferroso). ● Orienta-se que a ingestão seja realizada uma hora antes das refeições. Larissa Moitinho ● A suplementação de ferro deve ser mantida no pósparto e no pós-aborto por 3 meses; Folato peri-concepcional: tem forte efeito protetor contra defeitos abertos do tubo neural. ● Deve ser usado rotineiramente pelo menos dois meses antes e nos dois primeiros meses da gestação. ● Esta informação deve ser difundida por programas educacionais de saúde. ● Mulheres que tiveram fetos ou neonatos com defeitos abertos do tubo neural têm que usar folato continuamente se ainda desejam engravidar (grau de recomendação A); ● Dose 5mg/dia pelos primeiros 3 meses (fechamento do tubo neural). Objetivo5: Destacar as manifestações das adaptações à gravidez de acordo com os trimestres. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DE ACORDO COM O TRIMESTRE Há alterações fisiológicas que ocorrem em todas as gestações, acometem a maioria dos sistemas do organismo e podem gerar sintomas desconfortáveis para a gestante, tornando-se queixas muito frequentes nas consultas de pré-natal. ● Essas alterações precisam ser conhecidas pelo pré-natalista a fim de que ele possa diferenciar as alterações patológicas das fisiológicas. PELE E ANEXOS Estrias Ruptura de fibras elásticas da pele. ➔ Não há tratamento específico. Linha nigra Hiperpigmentação cutânea na linha média no abdome. ➔ Não há tratamento específico. ➔ Costuma desaparecer após o parto. SISTEMA MUSCULESQUELÉTICO Dores lombares Mudança no eixo gravitacional do corpo, relaxamento ligamentar e fadiga muscular. ➔ Melhora sintomática com medidas gerais (repouso relativo, alongamento,calor local, analgésicos, postura adequada). ➔ Evitar o uso de salto alto. Dores hipogástricas Pressão do útero sobre a musculatura abdominal, pelve e bexiga, associada ao relaxamento ligamentar. ➔ Melhora sintomática com repouso. ➔ É importante diferenciar de contrações uterinas. Cãibras Causa desconhecida. Ocorre em 30% das gestações, mais à noite. ➔ Associada à presença de varizes. ➔ Repouso, aumento da ingesta hídrica e de cálcio. SISTEMA DIGESTIVO Náuseas e vômitos Matinais, não persistem além do 2o trimestre. Relacionados a fatores hormonais (HCG) e psicogênicos. ➔ Tranquilização, eventualmente medicação antiemética. ➔ Afastar hiperêmese gravídica e causas secundárias nos casos Larissa Moitinho refratários. Sialorreia Pode acompanhar náuseas no 1o trimestre. ➔ Não há tratamento específico. Pirose Compressão gástrica pelo útero, com aumento do refluxo gastresofágico. ➔ Fracionamento das refeições, uso de cabeceira elevada. ➔ Evitar a posição supina após as refeições e a ingestão de alimentos agravantes. ➔ Uso de substâncias antiácidas nos casos refratários. Constipação Redução da motilidade intestinal, pela ação hormonal e pela compressão exercida pelo útero sobre as porções terminais do intestino. ➔ Aumento da ingesta hídrica e de fibras alimentares. SISTEMA CIRCULATÓRIO Síncope e tonturas Hipotensão ou hipoglicemia. ➔ Repouso, alimentação adequada. Varizes e edema em membros inferiores Compressão venosa pelo útero gravídico, dificultando o retorno venoso. ➔ Elevação de membros inferiores e uso de meias elásticas. Hemorroidas Compressão do útero sobre o plexo hemorroidário, mais sintomáticas na presença de constipação. ➔ Normalização do hábito intestinal com fibras e hidratação adequada. ➔ Uso de banhos de assento e anestésicos locais. ➔ Regridem após o parto. SISTEMA GENITURINÁRIO Polaciúria Compressão do útero sobre a bexiga, com redução da capacidade vesical. ➔ Afastar infecção urinária. Leucorreia Aumento das secreções vaginais por ação hormonal. Secreção esbranquiçada, sem irritação da mucosa vulvar e vaginal. ➔ Afastar vaginite. As alterações ginecológicas são marcantes e se iniciam logo no inicio da gestação. Objetivo6: Entender o prejuízo dos agentes teratogênicos (fumo e álcool) e da cafeína na gravidez; FUMO E ÁLCOOL Fumar, consumir drogas (lícitas e/ou ilícitas) ou álcool durante a gravidez nunca é aconselhável. ● No planejamento da gestação, a mulher deve ser orientada a abandonar esses hábitos e vícios. Larissa Moitinho A náusea e o vômito surgem desde o inicio da gestação, atingindo o pico de intensidade por volta de 9 semanas e melhora dos sintomas em torno de 12 semanas. ● Em relação ao consumo de álcool, obstetras do mundo inteiro vão da tolerância zero às doses sociais, e a dosagem permitida ainda não foi estabelecida. Embora o fumo diminua a fertilidade, aumenta a incidência de crescimento fetal restrito, trabalho de parto prematuro, descolamento prematuro de placenta, síndrome da morte súbita, aumento das doenças na infância, aumento de problemas escolares e diminuição do coeficiente de inteligência, por isso é prudente que a mulher tente parar de fumar antes de engravidar. O álcool pode levar a síndrome alcoólica fetal e deficiência mental. ● A dose limítrofe é de 28,35 g/álcool absoluto/dia, o que corresponde a 1 drinque/dia. CAFEÍNA Segundo a Febrasgo, estudos observacionais têm demonstrado aumento na taxa de abortamento, parto prematuro e crescimento fetal restrito associados à ingesta de cafeína, porém, outros estudos demonstram que a ingesta de <5 mg/kg/dia ou, ainda, 200 a 300 mg/dia não está relacionada a efeitos adversos maternos ou fetais. ● Devemos ponderar que não só o café contém cafeína, mas também os refrigerantes, medicamentos, chás e até frutas como a banana são fontes dessa metilxantina. Objetivo: Entender a consulta puerperal e os cuidados com o RN; CONSULTA DE PERPÉRIO Exame físico: ➔ Verificação de sinais vitas (PA, frequência cardíaca, temperatura), avaliação de coloração da pele e mucosas. ➔ Exame das mamas. ➔ Palpação abdominal (importante que não ocorra manipulação voluntariosa do útero visando manutenção intra-cavitária dos coágulos imprescindíveis a trombotamponagem) e avaliação de peristalse. ➔ Perdas vaginais: de relevância clínica destacam-se as variações na duração dos lóquios (não deve exceder o final da 2ª semana), constatação de redução diária de seu volume e eventual evolução patológica para padrão fétido de odor. ➔ Inspeção perineal (se pós-parto vaginal). ➔ Membros inferiores: descartar empastamento de panturrilhas. Orientações: ● Deambulação: deve ser estimulada desde as primeiras horas do pós-parto e permitida, com supervisão (devido a ocorrência de Larissa Moitinho PUERPÉRIO lipotímias), desde que cessados os efeitos da anestesia. ○ O desconforto causado pela flacidez abdominal nos primeiros dias de puerpério pode ser minimizado com o uso de faixas ou cintas apropriadas. ● Alimentação: pode ser liberada logo após o parto transpélvico. ○ Não há restrições alimentares. ○ A dieta deve conter elevado teor de proteínas e calorias. ○ Importante incentivar a ingesta hídrica. ● Higiene: a vulva e o períneo devem ser lavados com água e sabão após cada micção e evacuação; orientar a higiene sempre na direção do ânus e evitar o uso de papel higiênico. ● Episiorrafia: desnecessária a prescrição rotineira de antissépticos e pomadas cicatrizantes; compressas de gelo na região perineal podem reduzir o edema e o desconforto da episiorrafia nas primeiras horas. ● Aleitamento: manutenção das mamas limpas e elevadas, através de sutiã apropriado; ○ Ingurgitamento mamário por ocasião da apojadura deve ser abordado com esvaziamento manual, compressa gelada após amamentação e, eventualmente, uso de ocitócico, spray nasal antes da mamada. ○ Em caso de ingurgitamento mamário na ocasião da apojadura: ■ Retirar o excesso de leite, após amamentação, por esvaziamento manual. ■ Bombas de sucção devem ser evitadas. ■ Compressa de gelo após amamentação por, no máximo, 10 minutos. ● Alta obstétrica: salvo intercorrências, pode ser autorizada após 48 horas. Em se tratando de parto vaginal, admite-se antecipá-la quando, além de evolução puerperal fisiológica em parto eutócico, constata-se ausência de comorbidade materna. ● Atividade sexual: liberada após 4 semanas do parto, respeitado o conforto e desejo da paciente. ● Revisão: consulta obstétrica deverá ser rotineiramente agendada para 30 a 40 dias após o parto, ocasião em que, demais do exame ginecológico, reassegura-se manutenção da amamentação e procede-se orientaçãoindividualizada quanto à contracepção. Exames laboratoriais: Larissa Moitinho ● Checagem sistemática da tipagem sanguínea materna, titulações de sífilis e HIV. ● Em caso de puérpera Rh negativo não sensibilizada (PAI negativa) torna-se obrigatória a verificação da tipagem sanguínea do recém-nato, além do Coombs direto. ● Em caso de paciente HIV positivo, suspensão da amamentação com comunicação imediata à pediatria. ● VDRL sugestivo de sífilis (sempre após análise comparativa com titulação pré-natal), contactar a pediatria. Medicamentos ● Não faz parte da rotina a prescrição de ocitocina no pós-parto transvaginal, após a saída do CO. ● Sua utilização profilática na dose de 5 a 10 UI EV (fracionadas e diluídas nas etapas de cristalóides) no pós-operatório de cesariana se justifica por reduzir a incidência de hemorragia puerperal, por atonia uterina. ● Sulfato ferroso 300 mg/dia VO deve ser mantido pelo menos até o 3º mês de puerpério. Objetivo¹: Entender os exames laboratoriais e de imagem (USG) e seus objetivos de acordo com os trimestres. EXAMES LABORATORIAIS Tipagem sanguinea (ABO e Rh) Esse exame deve ser solicitado na primeira consulta de pré-natal e é de fundamental importância para selecionar pacientes com risco de isoimunização Rh. ● Em casos de gestantes Rh negativo com parceiro Rh positivo, ou em que não se tem essa informação, deve-se solicitar o Coombs indireto. ○ Se o resultado for negativo, é preciso repetir o exame mensalmente a partir de 20 semanas. ○ Se for positivo, deve-se encaminhar ao pré-natal de alto risco. ● A administração de 100 mcg de imunoglobulina anti-D entre 28 e 34 semanas de gravidez, a mulheres em sua primeira gravidez, não reduz o risco de isoimunização, embora reduza a sensibilização em gestações subsequentes, devendo-se, portanto, avaliar a relação custobenefício dessa política. Hemograma Considera-se o valor de hemoglobina (Hb) maior ou igual a 11g/dl como ausência de anemia na gravidez; ● Eentre 11 e 8 g/dl como anemia leve a moderada; ● E menor de 8 g/dl como anemia grave. ○ Neste caso, recomenda-se que a paciente seja Larissa Moitinho EXAMES DURANTE A GRAVIDEZ acompanhada no pré-natal de alto risco. Os leucócitos aumentam na segunda metade da gravidez, e existe tendência à discreta queda de plaquetas. Glicemia de jejum e testes orais de tolerância à glicose Não há consenso na literatura médica nacional e mundial para estabelecer o diagnóstico de diabetes mellitus gestacional. ● A maioria dos autores leva em conta os fatores de risco, níveis de glicemia de jejum ou ocasional e os testes de tolerância à sobrecarga de glicose. ● Conforme a proposta do Manual de gestação de alto risco (Febrasgo, 2011), no capítulo sobre diabetes mellitus gestacional, temos quatro possibilidades: ➔ Gestantes com glicemia de jejum inferior a 85 mg/dl e sem fatores de risco: rastreamento negativo, e a pesquisa de diabetes mellitus gestacional não precisa ser continuada. ➔ Gestantes com glicemia de jejum inferior a 85 mg/dl com fatores de risco: rastreamento positivo, e devem realizar teste de tolerância à sobrecarga de glicose entre 24 e 28 semanas. ➔ Gestantes com glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dl ou glicemia ao acaso maior ou igual a 200 mg/dl: consideradas com diabetes mellitus gestacional. ➔ Gestantes com glicemia entre 85 e 125 mg/dl com ou sem fatores de risco: rastreamento positivo, e devem realizar teste de tolerância à sobrecarga de glicose entre 24 e 28 semanas. Com relação ao teste de tolerância à sobrecarga de glicose, deve ser realizado o de 75 g, sendo os valores de corte: jejum 95 mg/dl, 1 hora após 180 mg/dl e 2 horas após 155 mg/dl. ● Dois valores alterados confirmam o diagnóstico. Urina tipo I e urocultura Apesar de o Ministério da Saúde solicitar apenas exame de urina tipo 1 na rotina de pré-natal de baixo risco, deixando a urocultura para situações de piúria, bacteriúria ou hematúria, consideramos de fundamental importância a solicitação rotineira da cultura associada ao exame de urina para rastreamento de bacteriúria assintomática, uma vez que 30% destas evoluem para pielonefrite durante a gestação e, portanto, devem ser tratadas. A presença de proteinúria pode ser indicativa de hipertenção gestacional, assim como a cilindrúria, que é achado raro na gravidez. ● Sua constatação, sobretudo dos cilindrosgordurosos, cilindros de insuficiência renal ou corpos gordurosos birrefrigentes, requer apurada investigação, e essas gestantes devem ser encaminhadas ao pré-natal de alto risco. Rubéola Larissa Moitinho Todas as mulheres em período reprodutivo deveriam ser rastreadas para a rubéola, e as mais suscetíveis deveriam ser vacinadas antes da gestação, uma vez que não há tratamento que previna a transmissão vertical. ● Caso essa situação não seja possível, a gestante deve ser rastreada quanto a sua imunidade contra a rubéola no início do pré-natal. ● Gestante com IgG positivo significa contato prévio com esse vírus, e o risco de transmissão vertical é mínimo. ● Gestantes com IgG negativo são suscetíveis e, portanto, devem ser vacinadas após o parto. O Ministério da Saúde não estabelece o rastreamento de rotina para a rubéola durante a gravidez. Toxoplasmose O diagnóstico é feito pela detecção de IgM em mulheres previamente negativas, e a soroconversão é o método para confirmar a infecção aguda. ● IgG e IgM negativas: pacientes suscetíveis que devem ser orientadas sobre prevenção e repetir o exame trimestralmente. ● IgG positiva e IgM negativa: pacientes com imunidade. ● IgG negativa e IgM positiva: provável infecção recente. Deve-se repetir o exame em 15 dias, sendo que o resultado igual não tem relevância clínica; se ambas tiverem sido positivas, isso confirmará a presença de infecção aguda. ● IgG e IgM positivas: provável infecção aguda. Deve-se afastar IgM residual solicitando teste de avidez para anticorpos IgG. Sífilis O risco de acometimento fetal varia de 70 a 100%, dependendo da fase de infecção da gestante, bem como do trimestre da gestação. ● Por esse motivo, o rastreamento deve ser realizado nos três trimestres da gravidez, bem como no momento da internação hospitalar. ● O diagnóstico de sífilis no início do terceiro trimestre permite o tratamento até 30 dias antes do parto, que é o tempo mínimo para considerar o recém-nascido tratado intraútero. ● O diagnóstico pode ser feito comexames não treponêmicos, sendo o mais utilizado o VDRL, cujo resultado é expresso em forma de titulação, assim como testes treponêmicos, como o FTA-Abs, que são utilizados para confirmação da infecção. Citomegalovírus Não há consenso do rastreamento de rotina do citomegalovírus no pré-natal, uma vez que o diagnóstico da doença aguda é extremamente difícil. ● Além disso, grande parte das infecções fetais ocorre por reativação em mulheres previamente expostas e, dessa Larissa Moitinho forma, pacientes com IgG positivo não se isentam do risco. ● Não há tratamento comprovadamente eficaz que previna a infecção fetal. ● Recomendamos a pesquisa sorológica em pacientes de alto risco, como funcionárias de creche e de unidades neonatais, ou naquelas com suspeita de infecção aguda ou achados ultrassonográficos sugestivos de infecção fetal. Hepatites B e C O rastreamento do vírus da hepatite B é feito na primeira consulta de pré-natal, pela dosagem de HBsAg. ● Se negativo, repete-se no terceiro trimestre; ● Se positivo, faz-se a pesquisa dos outros antígenos e seus respectivos anticorpos, que estão bem detalhados no Manual de gestação de alto risco (FEBRASGO, 2011). O rastreamento para o vírus da hepatite C reserva-se às gestantes de risco, que são: ● As usuárias de drogas injetáveis, presidiárias, mulheres HIV positivas ou com parceiros HIV positivos, mulheres expostas a hemoderivados ou que receberam transfusão de sangue, bem como gestantes com alteração da função hepática, com múltiplos parceiros ou tatuadas. HIV Segundo o Ministério da Saúde, a gestante deve ser aconselhada a realizar pelo menos uma sorologia para o HIV durante o pré-natal, mas, no nosso entender, a repetição do exame no final do gravidez ou no momento do parto deve ser considerada, pois a mulher pode encontrar-se na chamada “janela imunológica”. TSH A pesquisa de doenças da tireoide no pré-natal justifica-se por acometerem mulheres em sua fase reprodutiva. ● Seu diagnóstico pode ser difícil, já que os sinais e sintomas, tais como fadiga, sonolência, obstipação e câimbras, podem ser confundidos com a própria gravidez, principalmente no caso do hipotireoidismo. ● Além disso, o hipotireoidismo subclínico com aumento de TSH e níveis normais de T4 livre tem sido associado ao decréscimo do coeficiente de inteligência de filhos de mães não tratadas. ● Consideram-se níveis de TSH abaixo de 2,00 como normais durante a gravidez. Protoparasitológico de fezes (PPF) Esse exame é indicado principalmente em regiões de baixa condição socioeconômica, onde a prevalência de parasitoses é muita elevada. Deve ser realizado em pacientes com quadro de anemia. EXAMES DE IMAGEM Larissa Moitinho Ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre com perfil bioquímico Deve ser realizada entre 11a e 14a semanas, de preferência na 12a semana, com o objetivo de detectar a síndrome de Down (89%) e a trissomia do 18 (95%). ● Nessa avaliação incluímos a idade materna, a translucência nucal, a betagonadotrofina coriônica humana livre (β-hCG livre) no soro materno e a proteína A plasmática associada à gravidez (PAPP-A). ● A avaliação por ultrassonografia do osso nasal eleva o índice de detecção de síndrome de Down para cerca de 95%. Ultrassonografia morfológica de 2o trimestre com Dopplerfluxometria das artérias uterinas maternas e avaliação do colo uterino por via vaginal O exame deve se realizado entre 20a e 24a semana, preferencialmente na 22a semana, tendo como finalidade avaliar problemas físicos, cardíacos e renais. ● Nessa avaliação, a taxa de detecção de alterações estruturais está em cerca de 81,7%. ● O estudo do fluxo das artérias uterinas maternas tem como objetivo identificar pacientes com risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia grave, assim como de identificar fetos com maior risco de crescimento intrauterino restrito. ● Os índices dopplervelocimétricos acima do percentil 95 da curva de normalidade ou a persistência da incisura protodiastólica após 24 a 26 semanas são considerados alterados e representam uma invasão trofoblástica inadequada. O objetivo de avaliar a medida do colo uterino é estimar o risco de parto prematuro. ● Um colo de tamanho normal tem mais de 25 mm; valores abaixo disso aumentam o risco relativo de parto prematuro em 7,7 vezes. ● Nesses casos, pode-se recomendar repouso, medicação adequada ou até mesmo a realização da circlagem, objetivando o termo da gestação. Ultrassonografia obstétrica com Dopplerfluxometria Deve ser realizado entre 34 e 36 semanas e tem como objetivo avaliar o crescimento fetal, a quantidade de líquido amniótico e a placenta de acordo com o tempo de gestação. ● Utilizando as medidas do diâmetro biparietal, da circunferência cefálica, circunferência abdominal e do comprimento do fêmur, é possível estimar o peso fetal com uma margem de erro de 15 a 18% do peso real. ● Quando o crescimento fetal está abaixo do percentil 10 para a idade gestacional, define-se a restrição de crescimento fetal. ● Por outro lado, fetos acima do percentil 95 são considerados grandes para a idade gestacional. A avaliação do líquido amniótico pode ser feita de forma subjetiva antes de 20 Larissa Moitinho semanas e de forma objetiva após esse período. ● Para a avaliação objetiva, utilizamos o índice de líquido amniótico (ILA). ○ A técnica consiste na divisão imaginária do abdome materno em quatro quadrantes, realizando a maior medida vertical de líquido amniótico livre de partes fetais ou do cordão umbilical. ○ De forma geral, considera-se o ILA normal quando tem entre 8 e 18 cm. A avaliação placentária é feita com base nos seguintes parâmetros: textura, grau de maturidade, localização e espessura. ● A textura placentária está relacionada com a associação direta entre o grau de calcificação e o de maturidade pulmonar fetal, já conhecida há cerca de duas décadas. ● O grau de maturidade pode ser obtido pela intensidade, quantidade e extensão de calcificação da placenta, avaliado pelo exame ultrassonográfico e expresso como um escore que varia de 0 a III (Grannum). ○ O grau 0 (zero) designa uma placenta homogênea, sem calcificação; ○ O grau I, a presença de pequenas calcificações intraplacentárias; ○ O grau II, a de calcificações na placa basal; ○ E no grau III observa-se compartimentação da placenta pela presença de calcificação da placa basal à coriônica. A localização placentária corresponde à posiçãoda placenta na cavidade uterina. A Dopplerfluxometria é um exame utilizado para estudo da função placentária. ● Sua indicação é para gestantes com doenças que possam levar à insuficiência placentária, tais como hipertensão arterial, diabetes mellitus, trombofilias, cardiopatias, lúpus eritematoso sistêmico e pneumonias. ○ Nessas situações, a utilização desse exame mostrou redução de 36 a 38% na mortalidade perinatal. ○ Entretanto, estudos mostraram que em gestações de baixo risco não há benefício na utilização rotineira dessa tecnologia. ○ A Dopplerfluxometria das artérias umbilicais reflete a resistência placentária e é dimensionada pela alteração de seus índices dopplervelocilimétricos ou pela ausência de fluxo ou fluxo reverso diastólico. ○ Essas alterações ocorrem devido a placentação inadequada, infarto e/ou Larissa Moitinho tromboses no leito placentário. ○ Alterações nos índices dopplervelocimétricos começam a ser observadas quando 30% da área placentária está comprometida, e o fluxo ausente ou reverso ocorre quando pelo menos 70% da placenta apresenta lesões em sua vasculatura. Ao observar essas alterações, deve-se considerar a ocorrência de insuficiência placentária, com consequente diminuição de oferta de oxigênio e nutrientes para o feto, o que leva à restrição do crescimento e desencadeia uma resposta hemodinâmica com redistribuição do fluxo sanguíneo para áreas nobres, como cérebro, coração e adrenais, o que é conhecido como centralização da circulação fetal. ● Após as modificações do território arterial, de forma evolutiva, há alteração no sistema venoso fetal. Objetivo¹: Entender a SÍFILIS (Fisiopatologia, sinais, sintomas, fatores de risco, diagnóstico, tratamento, prevenção e consequências na gravidez) FISIOPATOLOGIA A sífilis é transmitida predominantemente pelo contato sexual. ● O contágio é maior nos estágios iniciais da infecção, sendo reduzido gradativamente à medida que ocorre a progressão da doença (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2015; BRASIL, 2015a). Não existe vacina contra a sífilis, e a infecção pela bactéria causadora não confere imunidade protetora. ● Isso significa que as pessoas poderão ser infectadas tantas vezes quantas forem expostas ao T. pallidum. Outra forma de transmissão da sífilis é a que ocorre através da placenta durante a gestação, quando a gestante portadora de sífilis não é tratada ou quando realiza o tratamento de maneira inadequada. A transmissão pelo contato do recém-nascido com lesões genitais no momento do parto também pode acontecer, mas é menos frequente (BRASIL, 2015a). A transmissão por transfusão sanguínea, embora possível, é rara, devido à triagem rigorosa das bolsas de sangue quanto à presença de agentes infecciosos, como o T. pallidum, e pelo pouco tempo de sobrevivência da bactéria fora do organismo humano, especialmente em baixas temperaturas, como as usadas para a conservação das bolsas de sangue (ADEGOKE; AKANNI, 2011). Larissa Moitinho OUTROS SINAIS E SINTOMAS A sífilis é uma infecção de múltiplos estágios, descritos detalhadamente pela primeira vez por Philippe Ricord em meados de 1800. ● O curso da sífilis não tratada consiste em fases sintomáticas entremeadas por períodos assintomáticos (latência). ● Essa coreografia regular, no entanto, pode ser alterada por alguns fatores, como o estado imunológico do hospedeiro e a administração de terapia antimicrobiana para outros patógenos e que podem ser efetivas contra o treponema. ● Dessa forma, o tempo de apresentação e os sinais e sintomas podem variar. ● Classicamente, os estágios da sífilis não tratada são classificados como: sífilis primária, sífilis secundária, sífilis latente (recente até um ano após exposição e tardia com mais de um ano de evolução) e sífilis terciária (RICORD, 1838; HORVÁTH, 2011; BRASIL, 2015a). Quando não tratadas, cerca de 35% das pessoas irão progredir para a cura espontânea, cerca de 35% permanecerão em estado de latência por toda vida e as restantes progredirão para sífilis terciária (LARSEN; STEINER; RUDOLPH, 1995). FATORES DE RISCO ● Início precoce da atividade sexual. ● Utilização não adequada dos métodos de barreira. ● Ter múltiplos parceiros sexuais. ● Pessoas que têm relações sexuais a troco de dinheiro ou drogas. Larissa Moitinho ● Pessoas ligadas à prostituição (masculino e feminino) ● Portadores da AIDS. DIAGNÓSTICO Exames diretos ● Exame em campo escuro: A pesquisa do T. pallidum por microscopia de campo escuro pode ser realizada tanto nas lesões primárias como nas lesões secundárias da sífilis, em adultos ou em crianças. ● A amostraG utilizada é o exsudato seroso das lesões ativas (que deve ser livre de eritrócitos, de restos de tecido e de outros microrganismos). ● Possui sensibilidadeG entre 74% e 86%, e sua especificidadeG pode alcançar 97%, dependendo da experiência do técnico que realiza o exame (LARSEN; STEINER; RUDOLPH, 1995; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2015). ● Pesquisa direta com material corado: Todas as técnicas de microscopia utilizando materiais corados apresentam sensibilidades inferiores à microscopia de campo escuro. Testes imunológicos Embora o tempo para o surgimento dos anticorpos antitreponêmicos possa variar de indivíduo para indivíduo, na maioria dos casos eles poderão ser detectados a partir de dez dias do aparecimento da lesão primária da sífilis (cancro duroG). ● Existem dois tipos de testes imunológicos para sífilis: os não treponêmicos e os treponêmicos. Os testes não treponêmicos detectam anticorpos anticardiolipina, que não são específicos para os antígenosG do T. pallidum. Os testes treponêmicos, por sua vez, detectam anticorpos específicos para os antígenos do T. pallidum. ● Teste de anticorpos treponêmicos fluorescentes com absorção – FTAAbs. ● Ensaio imunossorvente ligado à enzima – ELISA. ● Teste imunológico com revelação quimioluminescente e suas derivações. ● Testes de hemaglutinação e aglutinação (Ensaio de hemaglutinação para Treponema pallidum – TPHA. ● Testes rápidos treponêmicos. TRATAMENTO A sífilis é tratada com penicilina. Os parceiros sexuais também devem ser tratados. Larissa Moitinho CONSEQUENCIAS DURANTE A GRAVIDEZ A sífilis na gestação requer intervenção imediata, para que se reduza ao máximo a possibilidade de transmissão vertical. ● A sífilis congênita é um agravo de notificação compulsória, sendo considerada como verdadeiro evento marcador da qualidade de assistência à saúde materno-fetal em razão da efetiva redução do risco de transmissão transplacentária, de sua relativa simplicidade diagnóstica e do fácil manejoclínico/terapêutico. ● A infecção do feto depende do estágio da doença na gestante: quanto mais recente a infecção materna, maior é o risco de comprometimento fetal. ● Na sífilis primária e secundária, o risco de infecção fetal varia de 70% a 100%, enquanto nas fases latente tardia e terciária chega a 30%. As manifestações clínicas variam desde o abortamento espontâneo à morte perinatal, ocorrendo em cerca de 40% das gestantes infectadas não tratadas. ● Além disso, a sífilis congênita representa uma série de alterações clínicas importantes, podendo ser assintomática ao nascimento em até 50% das crianças infectadas. Objetivo²: Entender diabetes gestacional, seus riscos e orientações. DIABETES GESTACIONAL Diabetes Mellitus Gestacional (DMG): é a mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para DM. FISIPATOLOGIA A gestação se caracteriza um estado resistência à insulina. Essa condição, aliada à intensa mudança nos mecanismos de controle da glicemia, em função do consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir para ocorrência de alterações glicêmicas favorecendo o desenvolvimento de DMG. ➔ Alguns hormônios produzidos pela placenta e outros aumentados pela gestação, tais como lactogênio placentário, cortisol e prolactina, podem promover redução da atuação da insulina em seus Larissa Moitinho receptores e, consequentemente, um aumento da produção de insulina nas gestantes saudáveis. ➔ Esse mecanismo, entretanto, pode não ser observado em gestantes que já estejam com sua capacidade de produção de insulina no limite. ➔ Essas mulheres têm insuficiente aumento de produção de insulina e, assim, podem desenvolver diabetes durante a gestação. DIAGNÓSTICO O Ministério a Saúde recomendou no Manual de Gestação de Alto Risco de 2012 o uso o uso de fatores clínicos de risco para DMG, associados a uma glicemia de jejum no início da gravidez (antes de 20 semanas ou tão logo seja possível), para o rastreamento de DMG. ● Na presença de glicemia de jejum de 85mg/dL a 125 mg/dL ou de qualquer fator de risco clínico as gestantes deveriam realizar o TOTG com 75g de glicose. O diagnóstico de DMG seria estabelecido diante de pelo menos dois valores maiores ou iguais a 95 mg/dL (jejum), 180 mg/dL (1ª hora) e 155 mg/dL (2ª hora). Mulheres que apresentassem duas glicemias de jejum ≥ 126mg/dL também receberiam o diagnóstico de DMG confirmado, sem necessidade de realizar o teste de sobrecarga de glicose. ● Caso fosse observado apenas um valor anormal no TOTG com 75 gramas, o teste deveria ser repetido com 34 semanas. RISCOS E ORIENTAÇÕES Gestante CURTO PRAZO: na gestação Na gestação, o DMG leva ao desenvolvimento de complicações adicionais que têm efeitos adversos na saúde da mãe e do filho, como distúrbios hipertensivos, ocorrência de polidrâmnio e a necessidade de realização de primeira cesárea. ● No período pós-parto imediato pode atrasar o início da amamentação e afetar a saúde da mulher e de seu filho. ● As mulheres com diagnóstico de DMG na primeira metade da gestação representam um subgrupo de alto risco para aumento das complicações obstétricas e clínicas. LONGO PRAZO: seguimento da vida As mulheres com DMG apresentam maior chance de recorrência do DMG em gestações futuras e também maior risco de desenvolverem DM2 ao longo da vida. ● Aquelas com obesidade ou as que necessitaram de insulina para o controle glicêmico na gestação têm maior risco de desenvolver DM2 no futuro. ● A resistência à insulina é a base fisiopatológica tanto do DMG como do DM2 e pode ser abordada com medidas que levam ao aumento da sensibilidade à insulina, como adequação nutricional, exercícios e medicamentos. Larissa Moitinho Essas intervenções reduzem o risco de DM2 em mulheres de alto risco, como naquelas com história pregressa de DMG. Bebê CURTO PRAZO: NA GESTAÇÃO E NASCIMENTO O risco mais comumente associado ao DMG não tratado é o crescimento fetal excessivo. ● As complicações neonatais mais graves são a síndrome do desconforto respiratório, a hipoglicemia e a hiperbilirrubinemia. A macrossomia fetal ocorre porque a glicose, que cruza a placenta por mecanismo de difusão facilitada, passa em maior quantidade ao feto. ● Como consequência, o feto desenvolve hiperglicemia e por ter um pâncreas normal desenvolve hiperinsulinemia. ● Esta associação hiperglicemia-hiperinsulinemia estimula o crescimento fetal e a glicose em excesso é armazenada como gordura no feto causando a macrossomia, aumento da deposição de gordura no tórax-abdome, com consequente maior risco de distocia de ombro, que aumentaos riscos de tocotraumatismos e de intervenções cesarianas. A hiperinsulinemia fetal parece também ser o fator etiológico do atraso na produção do surfactante pulmonar que leva ao aumento do desconforto respiratório. LONGO PRAZO: SEGUIMENTO DA VIDA As evidências atuais ressaltam que a exposição fetal intra-uterina ao DMG está associada com risco futuro elevado de obesidade, DM2 e doença cardiovascular. ● O ambiente hiperglicêmico adverso que o feto de mãe com diabetes está exposto na vida intrauterina tem papel crucial no desenvolvimento futuro de doenças: é a teoria de Barker, da Origem do Desenvolvimento de Saúde e Doença (DOHaD). ● O feto se adapta ao ambiente intrauterino por meio de mudanças na expressão gênica que o prepara para condições similares após o nascimento. Controlar com rigor a glicemia materna elevada, além de reduzir as complicações perinatais a curto prazo, reduz as chances de que esta criança desenvolva obesidade, diabetes e alterações do metabolismo lipídico até mesmo antes da adolescência. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32) Larissa Moitinho REFERÊNCIAS
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