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OS PRINCÍPIOS DA LIDERANÇA CRISTÃ Prof. Antonio G. Sobreira RESUMO: Este texto tem como objetivo apresentar os principais princípios de liderança a partir da Revelação, com base nos ensinos de Jesus e dos apóstolos. Também se faz referência autores renomados em suas áreas de atuação, todos com ampla experiência em liderança cristã. PALAVRA-CHAVE: Princípios de liderança; Fundamento bíblico de liderança. 1. Princípios de liderança Ao longo do tempo Deus, que é o líder supremo, tem chamado pessoas a se tornarem líderes na sua obra de redimir a humanidade. O chamado para a liderança é uma constante na Bíblia. Quando Deus resolveu levantar uma nação só sua, não recorreu às multidões. Convocou um líder — Abraão. Quando quis libertar seu povo do Egito, não o conduziu como um grupo. Levantou um líder para fazê-lo — Moisés. Chegada a hora desse povo entrar na terra prometida, eles seguiram um homem — Josué. Sempre que Deus quis fazer algo grande, convocou um líder para ir à frente. Hoje ele ainda chama líderes para encabeçar cada tarefa — seja grande ou pequena. (MAXWELL, 2010). 1.1 A liderança cristã é fundamentalmente simples A liderança cristã é fundamentalmente simples. Este princípio não significa que seja fácil ser um líder cristão, ao contrário, pode ser um trabalho bem difícil. Simples aqui quer dizer fácil de entender e fácil de aplicar quando se tem maturidade moral e espiritual. A liderança cristã é algo acessível a todos e influência no exercício dos dons espirituais. Para quem escolheu exercer a liderança, Paulo disse: Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra. 2 Tm. 3:16-17. Pelo texto acima a Bíblia contém toda a instrução que o líder cristão necessita. Uma questão a se pensar é: a igreja deveria adotar os mesmos critérios de liderança administrativa do mundo ou ela possui seus próprios paradigmas? Existem muitos livros que misturam técnicas administrativas do mundo com os princípios cristãos. Isso causa certo incomodo porque parece que o mundo e a Igreja são a mesma coisa. Os autores desses livros pensam a igreja como um negócio ou uma empresa, ignorando a diferença essencial de natureza e propósito entre ambos. A Bíblia apresenta os princípios da liderança, dados por Jesus (Mat 20), o serviço e o sofrimento, respeito aos colegas de ministério, considerando-os como iguais. A Bíblia também apresenta a ideia de igualdade entre ministros em uma estrutura não hierárquica. Alguns cristãos obtêm êxito nos seus negócios e acreditam que podem contribuir com a Igreja na divulgação do Reino de Deus, aplicando a mesma filosofia de empresa hierarquizada do mundo dos negócios. Essa filosofia busca a eficiência. Essa eficiência exige uma máquina burocrática por trás, onde o mais importante são números, resultados, metas alcançadas. Uma hierarquia é criada para fiscalizar tudo, e assim as pessoas se tornam menos importantes do que os resultados alcançados. Dessa forma aparecem os abusos contra as pessoas. Fica claro que os princípios seculares de liderança são distintos da filosofia da liderança cristã. Constata-se, em muitos segmentos empresariais, no treinamento de equipe, mantendo-os felizes e produtivos, o fato que muitas empresas acabaram por adotar, alguns dos princípios de liderança cristã, obtendo assim ótimos resultados. Seja inconscientemente ou pelo método de tentativa e erro por décadas. O resultado foi o aparecimento de bons livros tratando de liderança e técnicas administrativas do mundo dos negócios. Assim, alguns livros podem conter algumas técnicas administrativas condizentes com os princípios de liderança cristã, porque na verdade são princípios cristãos aplicados ao mundo empresarial. Princípios que não usam de manipulação das pessoas. Não endossam hierarquias nem o autoritarismo. O objetivo maior do Reino de Deus são as pessoas e não a eficiência, um produto quantificado. A integridade é a virtude central na liderança cristã Um verdadeiro líder cristão precisa aceitar tanto o bônus quanto o ônus de suas decisões. É fácil responsabilizar outros em vez de assumir a culpa. É este o tipo de integridade que encontramos na liderança de nossas igrejas? Os líderes cristãos hoje em dia são conhecidos pelo mundo por sua honestidade e integridade? É assim que os cristãos são vistos pelos de fora da Igreja? Que tipo de líder cristão Deus deseja para seu povo? “Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco”. 2 Coríntios 1:12. Os que anelam posições de liderança sobre o povo de Deus devem possuir as qualidades necessárias, e estas principiam com a integridade de caráter: Mas a posição não faz o homem. É a integridade de caráter, o Espírito de Cristo, que o torna grato, nada interesseiro, sem parcialidade e sem hipocrisia; e, para Deus, isto é que tem valor. Àqueles cuja vida está escondida com Cristo em Deus, diz o Senhor: “Eis que nas palmas das Minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante Mim. Isaías 49:16. (WHITE, 2005, 24). Segundo Paulo, essas eram as características dos líderes cristãos nos seus dias: simplicidade e sinceridade (integridade), palavras que podem ser entendidas como pureza de motivos e completa devoção a um só propósito. Não há planos secretos nem politicagem. Por integridade se compreende “transparência de caráter”. Integridade e humildade são qualidades imprescindíveis em um líder cristão. Stephen Covey, em seu livro Sete Hábitos De Pessoas Bem-Sucedidas menciona que a integridade é fundamental a toda liderança, seja secular ou religiosa. Essa qualidade é importantíssima no mundo dos negócios. Covey observa que nos últimos 200 anos tem ocorrido uma mudança no caráter de líderes no ocidente. Antes a filosofia da liderança era baseada em qualidade como humildade e fidelidade, era o aspecto ético. A ênfase mudou para o êxito. O êxito se tornou mais uma função da personalidade, da imagem pública, das atitudes e comportamentos, habilidades e técnicas... Outras partes da proposta da personalidade foram claramente manipuladoras, inclusive enganosas, animando às pessoas a usar técnicas para conseguir o agrado das outras pessoas... (COVEY, 1990, p. 14). No seu livro sobre liderança Smalling menciona que Jim Collins analisou várias empresas e descobriu algumas qualidades comuns entre líderes, e nada tinha a ver o temperamento: Nós estamos surpreendidos, realmente comovidos, ao descobrir o tipo de liderança requerido para converter uma companhia de boa a excelente... Sem chamar atenção, serenos, reservados, inclusive tímidos, estes líderes são uma mistura paradoxal de humildade pessoal e vontade profissional. (COLLINS, 2001. p. 22) Estes líderes canalizam suas necessidades pessoais para a grande meta de construir uma companhia grande. Não que estes líderes não tenham seus próprios interesses. Na verdade, eles são incrivelmente ambiciosos, mas suas ambições são, em primeiro lugar, pela instituição e não por eles mesmos”. (Idem, p.21). É curioso notar que empresas alcançaram a excelência por terem líderes com qualidades como humildade, e pensar mais na instituição do que em si mesmo. Nem todos os líderes religiosos são íntegros. Caifás foi exemplo de um líder que negociou sua integridade em nome do chamado bem maior. Ele presidiu o julgamento de Jesus e concluiu: “...Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação”. João 11:49-50. Ele achava que se Jesus continuasse livre os Romanos iriam invadir a Judeiae destruir a nação. Julgou que sacrificar um inocente era um mal menor, sua vida era menos importante, diria que ele pensou de modo utilitarista, pensou na quantidade de bem que estaria produzindo, poupando a vida de milhões de pessoas. Achou que esse era o certo a fazer. Mas a paz que ele conquistara ao preço de sacrifica sua própria integridade lhes custou caro, a ele e a toda a nação. Pois essa paz não durou e os Romanos destruíram a nação. Por fim, perdeu a nação, a integridade e talvez sua alma. Roger Smalling, em seu livro Liderança Cristã coloca a seguinte questão para os líderes cristãos: Suponha que tenha na sua igreja um homem em pecado grave. Você sabe que deve discipliná-lo. No entanto, ele é muito popular, rico e influente. Se o disciplina pode haver uma divisão na igreja e você poderia perder seu trabalho como pastor. O que você faria? Este é um clássico exame de integridade. Se você se mantém em sua posição, poderia perder em curto prazo. A igreja poderia se dividir e você perderia seu trabalho. Mas Deus lhe dará mais do que alguma vez tenha perdido e você não terá remorsos. (SMALLING, 2005, p.15). Reflita na questão acima e decida qual a decisão certa a tomar, independente das consequências que poderiam sobrevir. Aprendemos até aqui que a integridade é uma virtude indispensável à liderança cristã. Sem ela a liderança passa a ser uma mera administração ou pior uma manipulação e controle das pessoas. Ter caráter pode significar várias coisas, mas sem dúvida a mais importante é ser integro, às vezes pode denotar humildade, mas certamente esta virtude inclui se responsabilizar por nossos erros e até dos nossos subordinados. Fazer o que é certo, mesmo quando as consequências pareçam ser graves. 1.2 Fundamento Bíblico da liderança Cristã a) Disposição para abraçar o sofrimento Em Mateus 20.20-23,25-37 a mãe dos filhos de Zebedeu, Tiago e João, fez um pedido bastante indiscreto. Pediu que seus dois filhos se sentassem um a direita e o outro a esquerda de Jesus no Reino dos céus. Os outros discípulos se indignaram com o pedido. Jesus aproveitou a ocasião para ensinar-lhes três aspectos da liderança: o sofrimento, a igualdade e o serviço. Disposição para superar o sofrimento. Alguns aspirantes ao ministério pastoral se deslumbram com os benefícios que tal posição poderá lhe proporcionar, esquecem que existem pressões enormes sobre o líder, e que deve estar preparado para o sofrimento. A igualdade em autoridade. O corpo de Cristo não deveria ser uma corporação cuja hierarquia se assemelha a um exército cheio de cargos, onde os subordinados são proibidos de questionar qualquer coisa. Um sistema assim gera autoritarismo e abuso de todas as espécies. O governo bíblico deveria ser uma associação de ministros que deveriam se tratar como iguais, diferente do sistema do mundo. O serviço. O líder deve ser mais um servo do que um chefe. Não usar as pessoas como meio para se chegar a algum fim, mas se relacionar eticamente tratando as pessoas como um fim em si mesmas e nunca como meio. Resumindo: não devemos usar ou manipular as pessoas. Isso é praticamente o princípio ético kantiano, que nada mais é do que uma paráfrase do princípio bíblico. Os filhos de Zebedeu revelaram duas “boas qualidades”, embora estivessem mal dirigidas, ambição e confiança. A ambição se estiver dirigida para a glória de Deus é uma coisa muito boa. Mas quando dirigida a obtenção de lucro pessoal, nada tem a ver com a liderança cristã. Não podemos negar que há ambições merecedoras destas restrições. Contudo, há ambições dignas de serem alimentadas, por serem nobres. Quando as duas passagens que funcionam como título deste capítulo são mantidas em constante tensão por aquela pessoa que deseja ser eficiente na obra de Deus, e realizar o mais alto potencial de sua vida, não é preciso temer os resultados dessa ambição. (SANDER, 2007, p.7). Confiança é algo positivo quando confiamos em Deus, a confiança em si mesmo comumente se transforma em fraqueza, note o que ocorreu aos discípulos que abandonaram Jesus na hora da sua maior provação. Pedro até negou seu Senhor. Interessante notar que a primeira característica que Jesus mencionou nesse episódio foi a “disposição de abraçar o sofrimento”. Em Mateus 20 Jesus mencionou o sofrimento que seus servos, futuros líderes da Igreja Cristã teriam que suportar. Ainda hoje, em pleno século XXI, na região do Oriente, vemos cristãos sendo expulsos de cidades, presos, maltratados, mortos, queimados, em nações totalitárias, simplesmente porque ousaram pisar em seus territórios para falar de Jesus. Ser chamado à liderança pode ser um chamado ao sofrimento, talvez não físico, aqui no Ocidente, mas psicológico e estressante. As pessoas esperam muito de um líder cristão, e assim facilmente pode ser alvo de críticas infundadas, maliciosas e incompreensões diversas. A própria organização religiosa a qual pertence, seus superiores imediatos, podem impor um fardo muito pesado, cobranças por cumprimento de alvos e metas, números, quantidade; tudo isso faz muita pressão na mente de um líder que deveria estar mais preocupado com pessoas. O chamado a liderança cristã pode ser um chamado ao sofrimento. Quem deseja ser líder cristão motivado unicamente pelas honras, logo irá se decepcionar. b) Igualdade ou equidade Uma segunda atitude que se espera de um líder cristão é a igualdade, ensinada por Jesus: Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva. Mat. 20:25-26 Independentes do modelo de governo de Igreja sempre existem aqueles espíritos altivos que querem tratar seus colegas de ministério como pessoas inferiores a si mesmos. Esse é um mal que infelizmente existe em toda parte. Tratar um “subordinado” como alguém inferior é algo lastimável e totalmente diferente do que Jesus ensinou. A Igreja não é uma empresa secular, essas coisas são comuns no mundo, ressaltou Jesus, mas não entre os seguidores de Jesus. Ele não era uma pessoa autoritária, seus discípulos devem ser como seu Mestre. O autoritarismo se deriva da arrogância. As hierarquias são necessárias para organizar as diversas formas de governo, o Estado, os poderes de uma República, as forças Armadas, entre outras coisas. Jesus não disse que todas as formas de hierarquias estão erradas. Apenas ressaltou que a Igreja era outra coisa, um reino espiritual, com regras diferentes. Com base nos ensinos de Jesus podemos afirmar que ele não deseja pessoas autoritárias trabalhando para ele em Sua Igreja. Pessoas autoritárias, autocráticas nunca deveriam ocupar cargos de liderança na Igreja, mesmo que possuam “aptidão natural” para a liderança. Como vimos não são as habilidades naturais, nem o temperamento, nem o perfil psicológico que recomenda alguém a liderança cristã. Se tal pessoa possuir atitudes autoritárias, autocráticas, tende a cometer abusos, essas pessoas não podem ocupar cargos de liderança. c) O serviço cristão Jesus ensinou outro princípio: “tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Mat. 20:28. Esse princípio traduzido significa ajudar as pessoas, implica numa vida dedicada ao serviço. O líder não deve buscar seu bem-estar, mas o bem- estar das outras pessoas. O serviço a ser realizado pelo Reino de Deus é um serviço espiritual que busca a santificação das pessoas. A meta de um líder cristão não é ensinar as pessoas a alcançarem a prosperidade material. Mas preparar pessoas para adentrarem o Reino dos Céus. A Igreja não pode ignorar a natureza humana. Por essa razão deveria ter muito cuidado ao criar uma hierarquia para governar a Igreja de Cristo.A História política e religiosa da Europa está aí para provar esse argumento. O Nazismo e o Comunismo fizeram milhões de vítimas, ambos os governos autoritários e com uma burocracia muito eficiente. Vimos quanto derramamento de sangue ocorreu quando o luteranismo tentou se libertar do autoritarismo da Igreja Católica Romana. A natureza humana, inclusive entre cristãos, é demasiada suscetível às tentações geradas pelos sistemas hierárquicos. As hierarquias tendem a estimular o pior na natureza humana caída. Alguns destes aspectos são: arrogância, ambição, politicagem, culpar os outros, agradar os homens, agradar os homens, desprezar autoridade espiritual. A hierarquia autoritária não é bíblica para as organizações cristãs ou igrejas. Esta estimula as tendências latentes de nossa natureza caída. Os líderes cristãos precisam estar conscientes destas tendências e fazer o que possam para minimizá-las. Isto requer uma coragem moral incomum e um compromisso ao princípio fundamental da integridade absolutas, ao fazer-nos sensíveis e responsáveis ante aqueles que lideramos. (SMALLING, 2005, p.34). Recursos administrativos podem ser criados pelos líderes a fim de minimiza danos causado por formas equivocadas de lideranças, impedindo que caiam em um autoritarismo exacerbado. Alguns possuem ideias erradas sobre aqueles que Deus chama. Alguns creem que quando Deus quer nomear um líder, Ele escolhe os mais preparados, que possui um dom especial e uma profunda espiritualidade. A noção de que Deus sempre escolhe homens sábios para serem líderes é um grande mito. É Deus quem capacita às vezes os mais fracos, com a sua graça. Os líderes cristãos locais muitas vezes são chamados de anciãos, o termo deriva da maturidade geralmente associada aos anos de experiência acumulada. Com o tempo. Embora pessoas mais jovens tenham se associado com Paulo, isso revela que pessoas mais jovens podem se tornar líderes, desde que demonstrem sabedoria, maturidade e humildade de ancião. A ordenação de um líder depende da graça de Deus, ninguém merece totalmente. O apóstolo Paulo disse: Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. I Cor. 15:10. Paulo mesmo não merecia ser um apóstolo, mais a graça de Deus o escolheu e o qualificou. Os que trabalham no Reino só podem fazê-lo com a graça de Deus. A autoridade espiritual é o testemunho de Deus sobre a autenticidade dum líder, juntamente com a convicção de estima de seu ministério. A autoridade espiritual é o testemunho de Deus sobre a autenticidade dum líder.Isto é o que acontecia quando o Pai falou aos discípulos sobre Jesus: ...Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. Luc. 9:35. A autoridade espiritual não é resultado da aplicação de normas administrativas, nem tem a ver com o tipo de personalidade ou temperamento do líder. Mas é o resultado da unção divina sobre o ministério do líder cristão. Embora seja produto da graça divina, não significa que seja fácil a sua obtenção. Requer serviço e sofrimento, unido com disciplina pessoal e uma vida devocional privada que somente você e Deus conhecem. Sempre achamos que a função primordial do líder cristão é cuidar do rebanho. Não é exatamente isso que a Bíblia diz: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.”. Atos 20:28. O líder deve primeiro se preocupar com seu bem estar espiritual. Se a vida espiritual do líder não é sólida ele perde automaticamente a autoridade espiritual. Esse é um perigo real que o líder corre se ocupar tanto no trabalho e esquecer sua vida espiritual, oração e leitura meditativa da Palavra. O líder não pode descuidar da sua alma. Apascentar o rebanho implica em dirigir, prover e ajudar, guiar e cuidar. Também envolve governar. O líder é uma autoridade, ele não é apenas alguém que dará uma mera opinião. Sua autoridade vem de Deus, de sua submissão a sua Vontade. Ele alimenta as ovelhas com a palavra de Deus. As ovelhas foram compradas com o Seu próprio sangue, ou seja, com o sangue de Jesus. Cada alma possui um valor supremo. Quão importante é essa tarefa. Nada é mais importante que isso. Porque nada poderia custar preço tão caro, o sangue de Jesus. O único bem que realmente tem valor, dentro de qualquer organização são as pessoas. Sistemas ficam obsoletos. Prédios deterioram-se. Máquinas desgastam-se. Mas as pessoas podem crescer, se desenvolver e tornar-se mais eficientes se tiver um líder que compreenda seu valor potencial. (MAXWELL, 2011). Numa sociedade como a nossa, burocrática, tecnocrática, hierárquica, é grande o risco de se preocupar mais com a máquina administrativa do que com as pessoas. Planos e projetos jamais serão mais importantes do que as pessoas. Capacitar a igreja para fazer a obra do ministério é a estratégia do líder. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. Efe.4:11-12 Diferente do que muitos pensam, a obra do ministério não é uma tarefa exclusiva do pastor. Segundo Atos 20:28, é uma tarefa dos santos, ou seja, os membros da Igreja. O líder deve ser um supervisor desse trabalho. É isso que a apalavra bispo significa, (em grego é episkopos). Alguém que supervisiona o trabalho dos outros. Não raramente vemos igrejas onde o pastor é um faz tudo. Prega, ensina, visita, aconselha, corrige, entre outros. Eles acham que a parte deles é sentar e aplaudir seu pastor. O líder que adota tal postura em breve estará esgotado mentalmente. Um erro comum na estratégia nos líderes jovens e inexperientes é achar que deve dedicar tempo e esforço cuidando dos membros mais fracos, os mais necessitados. Isso tomará todo seu tempo e nunca conseguirá concluir essa tarefa. A boa sabedoria recomenda que invista seu tempo em pessoa com potencial, mais do que nas pessoas fracas. Preparando os mais fortes, eles irão ajudá-lo no cuidado dos mais fracos. Prepare seus sermões, dedique tempo para capacitar os membros mais fortes, para ajudar os mais fracos. Uma das tarefas mais importantes de um líder é preparar outros líderes. Alguns líderes parecem, esqueceram essa tarefa, ou relegado como algo não importante. Talvez até por medo de que possam tomar seu lugar. Um verdadeiro líder não pode deixar-se dominar por um pensamento tão medíocre. “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.”. II Tim. 2:2. O evangelista Leighton Ford alerta sobre os prejuízos a longo prazo dessa forma de Pensamento: “Quiçá alguns da primeira geração de líderes vieram até a segunda geração como competidores não bem-vindos e não tiveram a intenção de desenvolvê-los. Um provérbio índio diz: „Nada cresce debaixo duma árvore de Banyan‟. Às vezes a sombra destes líderes fortes era tão grande que as pequenas sementes debaixo delas não foram alimentadas”. (FORD, Leighton. Transforming Leadership. p.24 apud SMOOLINH, 2005). O líder que possui a certeza do seu chamado não descuidará da tarefa de preparar outros líderes, nem temerá qualquer tipo de concorrência. Sua estratégia deve ser preparar outros líderes. Lembremos que o grande líder Moisés compartilhou sabiamente suas tarefas e preparou um líder substituto. Isso em nada o diminuiu como líder, ao contrário, mostrou-se um líder a altura do que Deus planejara para seu povo. Visão do líder O líder precisa ter uma boa visão do seu ministério, ter claramente o que Deus deseja para seu povo por meio da sua liderança.Que características devem possuir essa visão? A primeira característica que apontaremos deve ser a simplicidade. Uma visão simples é aquela que pode ser explicada em poucos minutos. As pessoas precisam entender para apoiá-la. Ela deve ser uma espécie de slogan, este ajudará às pessoas a pegar a ideia. Sua concretização não pode ser muito fácil, nem algo impossível. É preciso distinguir entre difícil e impossível. Se fosse fácil alguém já teria feito, se for realizável, motivará a Igreja a trabalhar por alcançá-lo. Torná-lo realizável é a missão de um líder. O equilíbrio entre a visão e a praticabilidade não deve ser perdida. Um líder que tem grandes sonhos, mas não tem seus pés no chão, tem pouco valor para a Igreja hoje. Que benefício há em se desenhar uma igreja imensa, ou um orfanato, ou um projeto de evangelização da cidade de São Paulo, mas não ter alvos mensuráveis para tornar a visão em realidade? A pessoa visionária tem boas ideias, mas carece os meios de realizá-las no tempo e no espaço. Jesus vislumbrava uma igreja que pudesse conquistar nações. Na realidade, isso foi um sonho, mas não um sonho sem planos práticos para agir. Ele escolheu doze e depois setenta discípulos para treinar. Mais tarde, ele comissionou-se para cumprir aquela visão. Os resultados hoje são visíveis em todo lugar. (SHEDD, p. 53, 2000). O alvo da visão deve ser o progresso do Reino de Deus, preparar pessoas santas. Tudo que for feito deve ter essa meta. Nem sempre é isso que vemos. Muitos líderes estão buscando sua glória, criando seu próprio império aqui na terra. Ter boas ideias não basta, lembre que Davi teve boas ideias, mas não era o que Deus queria. O próprio Natan concordou inicialmente com Davi sobre a construção do Templo, era sem dúvida uma excelente ideia, contudo Deus disse que não seria ele a construir o Templo. Hoje em dia para a maioria das pessoas a vida não tem propósito algum. Grande parte das pessoas não sabem para onde estão indo. O líder deve ser uma pessoa que sabe onde está indo. Por isso deve ter objetivos claros, bem definidos. Os objetivos lhe dão algo concreto em que se concentrar, e isso tem impacto positivo em suas ações. Eles nos ajudam a concentrar a atenção em nosso propósito tornando-o nossa principal aspiração. Como o poeta/filósofo Ralph Waldo Emerson disse: "O mundo abre caminho para o homem que sabe onde está indo". (MAXWELL, 2010). O líder precisa ter objetivos claros, elaborar um plano a longo e em curto prazo. O sucesso do seu plano depende da sua capacidade de tornar compressível aos outros, aos seus apoiadores potenciais esse plano. Pense em passos intermediários para conquistar sua meta, de acordo com recursos que possui. Escrever sua visão em um parágrafo breve e simples é de grande ajuda. Depois, escreva suas metas intermediárias e como você espera consegui-las. Um bom plano deve ser facilmente entendido pelos participantes. A visão deve obrigatoriamente vir seguida de um bom plano, do contrário será apenas um devaneio. Sua visão deve priorizar algo que possa ser sustentável mesmo após a sua saída. Se sua visão sempre dependerá de você para existir, é um péssimo plano. Veja como Jesus construiu sua visão. Como compartilhou e preparou 70 homens para levar a execução o mesmo. O plano deve ser autofinanciado, pelo menos em parte. Deve ser um sistema independente, ou seja, que não dependa só de você. Lembre-se você está construindo o Reino Deus e não o seu. Às vezes temos que começar com pouco. Aos poucos os recursos vão aparecendo, Deus vai provendo conforme avançamos. Raramente começamos com todo o recurso na mão. É imprescindível que haja metas intermediárias. São as etapas que precisam ser alcançadas até concretizar o plano. A primeira meta deve ser algo realizável, acessível. Isso causará um impacto positivo à medida que as etapas estão sendo alcançada, a motivação crescerá cada vez mais. Avalie regularmente para saber quais etapas já foram cumpridas, quais as que faltam e se há algum impedimento para alcançá-las. As metas e as metas intermediárias estão sendo cumprias no tempo esperado? Será necessário algum tempo extra para alcançá-las? Quando o líder expõe seu plano, suas metas nem todos irão aderir, por perseguir projetos pessoais, ou se sentirem chamadas para fazer algo diferente. Faça todo o possível para incluir essas pessoas, sem perder de vista as suas metas. Não descarte imediatamente planos divergentes, mas sabiamente veja como eles podem ser encaixados na visão da Igreja. Faça com que tudo convirja para o progresso do Reino. Sobre trabalhos individuais, estes não devem ser impedidos: Por outro lado, os guias dentre o povo de Deus devem precaver-se contra o perigo de condenar os métodos de obreiros que são pelo Senhor levados a fazer uma obra especial que só poucos estão habilitados a desempenhar. Sejam os irmãos, que estão em cargos de responsabilidade, cuidadosos no criticar maneiras de proceder que não estejam em perfeita harmonia com os seus métodos de trabalho. Não suponham jamais que cada plano deva refletir a sua própria personalidade. Não temam confiar nos métodos de outrem; pois recusando confiar num coobreiro que, com humildade e zelo consagrado está fazendo uma obra especial, na maneira por Deus designada, eles estão retardando o avanço da causa do Senhor. (WHITE, 2013, p. 35). É importante escrever tudo. Deixe tudo bem claro, todos os passos descritos, e vá avaliando o progresso. Isso ajuda para que todos saibam em que estágio está. Os participantes ao saberem o que já conquistaram se motivarão ainda mais para terminar, alcançando todas as metas. Todos se sentirão envolvidos, partícipes do mesmo projeto. Tudo estará às claras. A Igreja local Todos devem ter a oportunidade de participar da obra de Deus: Aqueles a cujo cargo se encontram os interesses espirituais da igreja devem formular planos e meios pelos quais se dê a todos os seus membros alguma oportunidade de fazer uma parte na obra de Deus. Nem sempre foi isto feito em tempos passados. Não foram bem definidos nem executados os planos para empregar os talentos de cada um em serviço ativo. Poucos há que avaliem devidamente quanto se tem perdido por causa disto. (WHITE, 2013, p.61). A elaboração de planos e metas devem ser aplicadas na igreja local. O líder, o pastor, deve realizar um plano anual para a igreja local. Sem um plano a igreja fica um tanto sem um norte, e não chegará a parte alguma. O plano anual para a Igreja é necessário. Faça uma reunião com a Igreja, peça opinião deles, construa o plano em conjunto, eles se sentirão parte do mesmo e corresponsáveis pelo plano. Após construir um plano anual é preciso revisá-lo a cada dois meses. Reúna a Igreja e revise junto com os eles. Se isso não for feito muito do que foi planejado acabará caindo em esquecimento, e no final nada do que foi planejado será executado. Líder criativo A criatividade é uma faculdade da nossa imaginação que Deus quer que usemos. Como em qualquer outro trabalho, o líder cristão também pode cair na rotina. A rotina de sermões, visitações, reuniões, pode acabar deixando o pastor acomodado, de certo modo preguiçoso. Assim, a preguiça e a rotina pode ser um dos motivos do pastor não ter ideias criativas. Alguns esperam alguma revelação especial para fazer algo novo, mas sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam. Deus fez o homem inteligente e é sua responsabilidade usar a inteligência pensando criativamente. Esperar a orientação divina para algo que já é obvio não parece muito inteligente. Esse pouco estímulo durante toda a formação educacional pode criar certa barreira criatividade. É preciso desenvolver essa habilidade. Absorver fatos não é o mesmo que exercitar a mente. Em alguns países, o sistema de educação se baseia namemorização. Os estudantes escrevem palavra por palavra o que diz o professor, depois copiam num caderno em casa. Diz-se que isto é “educação”, mas não é. É lavagem cerebral. (SMALLING, 2005). Pensar crítico vai além de simplesmente decorar um texto bíblico ou um determinado conteúdo, mas ser capaz de aplicar essa informação de forma prática e efetiva. Podemos definir o pensamento criativo como a habilidade para inventar ideias originais para cumprir metas. Denúncias contra o líder Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam. I Tim. 5:19-20 Existe um conceito jurídico que diz que O ônus da prova fica com os acusadores, não com o acusado. Isso também serve para as relações no âmbito religioso. Ninguém deve acusar um ministro sem provas, sem no mínimo, duas testemunhas. Da mesma forma, um ministro não deve aceitar acusação contra um colega, sem observância dessa regra. Toda pessoa que acusa um líder tem a responsabilidade de provar. Se não fizer comete difamação e deverá ser repreendida por isso. O devido processo legal é um processo justo no qual o acusado deverá responder ou se defender diante dos seus iguais, ou seja, diante de uma comissão formada por outros ministros, onde membros da Igreja podem ser convidados para participar do processo como testemunhas. Relacionamento com os colegas Vez ou outra, seus colegas de ministério serão alvos de críticas. A ética orienta que você procure protegê-lo sempre que possível. Repreenda esse comportamento errado, falar mal das pessoas quando elas estão ausentes. Se as críticas forem verdadeiras, dimensione a gravidade das mesmas e oriente a pessoa a buscar as instâncias competentes para resolver o problema, que pode ser o próprio líder alvo da crítica, ou outra instância superior. O apóstolo orienta a não aceitar acusação contra ministro baseado no testemunho de uma única pessoa. De alguma forma isso demonstra que Deus tem o desejo de preservar seu líder de acusações e difamações. A relação líder e liderados A relação do líder com os liderados deve ser sempre uma relação baseada na integridade, e nunca no controle. O líder cristão não deve jamais pensar em controlar os outros. Ele não foi chamado para isso. Quem deseja controlar as pessoas é o Diabo e seus anjos. Cumprir com sua palavra, eis uma coisa importante a fazer. O salmista diz que o homem é bem-aventurado, mesmo o que jura com dano próprio e não se retrata; Sal: 15:4. Na impossibilidade de cumprir um acordo, deve imediatamente se comunicar com a pessoa e pedir para negociar em virtude de imprevistos. Nunca usar da autoridade para desfazer o acordo só porque podemos fazer. O poder de fazer uma coisa não significa que tenha o direito de fazer. Fazê-lo sem dúvida é uma demonstração de arrogância. Se fizer algum acordo é melhor que o cumpra. Não cumpri acordos é a forma mais fácil de perder sua integridade e assim, perder o direito de liderar. Em todo sistema de governo sempre existe uma instância superior ao líder a quem ele deve prestar contas, um comitê geral, ou conselho geral, algo do tipo. Isso, porém não impede que ele tenha um comitê pessoal, aquém ele pode recorrer em busca de conselhos e orientação. Em assuntos importantes que afetam a todos eles serão avisados e consultados. “...na multidão de conselheiros está a vitória”. Pr. 24:6. Eles podem apenas ser consultados ou se desejar, atribuir alguma outra autoridade que você achar cabível. Isso evitará que caia na tentação de ser abusivo ou autoritário. Essas são tentações que sempre apelam a nossa natureza caída. Essa é uma forma de evitar cair em tais ciladas. CONCLUSÃO Aprendemos que Deus sempre chamou homens e mulheres para realizar grandes feitos na causa de Deus. Vimos que a Bíblia fornece a filosofia da liderança cristã, os princípios para a liderança cristã e que estes princípios formam esboçados por Jesus em Mates 20. Aprendemos que o líder cristão deve ser portador de algumas virtudes essenciais, entre elas a integridade de caráter. A filosofia da liderança cristã no mundo moderno está profundamente afetada pelos atuais paradigmas de administração hierárquica. Alguns livros simplesmente copiam com alguma adaptação ideias e princípios aplicados a área empresarial. Imaginam que o êxito no mundo dos negócios se assemelha ao êxito das coisas espirituais e eclesiais. Êxito e eficiência no reino de Deus não é a mesma coisa, é evidente. Acerca da virtude fundamental destaca-se a integridade. A “transparência” de caráter é simplesmente uma questão de integridade. Leva tempo e esforços para desenvolvê-la nos candidatos para liderança. A integridade e a humildade estão unidas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COLLINS, Jim. Good To Great. Harper: New York, 2001. COVEY, Stephen. Sete Hábitos de Pessoas Bem-Sucedidas. Simon&Schuster: New York, 1990. MAXWELL, John C. A arte de formar líderes. Rio de Janeiro.Vida Melhor Editora, 2011. MAXWELL, John C. Liderança. Inspiração para cada dia do ano. Editora Vida: São Paulo, 2010. MAXWELL, John C. O livro de ouro da liderança. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008. RAHM, Haroldo J. Treinamento de Liderança. São Paulo: Edições Loyola, 1998. SANDER, Oswaldo J. Liderança Espiritual. Mundo Cristão: São Paulo, 2007. SMALLING, Roger. Liderança Cristã. E-book. Amazon. 2005. Disponível em:<http://www.monergismo.com/textos/livros/lideranca-crista_smalling.pdf>. WHITE, Ellen G. Liderança Cristã. Casa Publicadora Brasileira: São Paulo. Copyright © 2013 Ellen G. White Estate, Inc. Versão E-Book. Disponível em:<http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/Lideran%C3%83%C2%A7a%20C rist%C3%83%C2%A3.pdf>. http://www.monergismo.com/textos/livros/lideranca-crista_smalling.pdf http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/Lideran%C3%83%C2%A7a%20Crist%C3%83%C2%A3.pdf http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/Lideran%C3%83%C2%A7a%20Crist%C3%83%C2%A3.pdf http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/Lideran%C3%83%C2%A7a%20Crist%C3%83%C2%A3.pdf ASPECTOS PRÁTICOS E RELACIONAIS DA LIDERANÇA CRISTÃ Prof. Antonio G. Sobreira1 Resumo: Este texto tem como objetivo apresentar os aspectos práticos implicados na rotina de um líder cristão. Visa fornecer orientação, apresentar as boas práticas, com base em bibliografia segura, que oportunize aos líderes em formação acesso as melhores orientações visando implantá-las sem sua experiência ministerial, ou em outras formas de liderança religiosa, obtendo bom êxito. Palavra-chave: Liderança cristã; Aspectos práticos em liderança. A Comunicação do Líder Comunicação é a habilidade de articular claramente o propósito e os alvos do grupo. Não significa necessariamente ser eloquente. Note que Moisés foi um grande líder, mas não era eloquente (Ex 4.10). No entanto ele exibiu uma habilidade de comunicação incomum. A habilidade "de ter acesso" às pessoas em vários níveis precisa fazer parte das funções de um líder. Em várias ocasiões, Moisés teve que responder às murmurações e as incredulidades dos israelitas com argumentos válidos e decisões persuasivas. Mais importante ainda, ele foi especialmente perito em comunicar-se com Deus. Considere a exposição do autor da conclusão de Deuteronômio: "Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o SENHOR houvesse tratado face a face" (Dt 34.10). Um homem de oração é a exigência básica para a liderança cristã. (SHEDD, 2000, p.11). Um erro comum de liderança é o da comunicação. Quando não há comunicação ou se é defeituosa, isso acarreta vários problemas. Se os liderados não sabem exatamente o que fazer, certamente não conseguirão fazer o que deve ser feito. Se o lídernão for claro no que deseja dos seus liderados, em algum momento, ele se encontrará fazendo algo, contrário aquilo que o líder desejava julgando está correto. Nesse caso a culpa é do líder que não foi claro. O líder não deve supor que seus liderados entenderam, confirme se eles realmente entenderam seu comando. Sempre verifique se a tarefa foi compreendida. 1 Bacharel em Teologia e Filosofia. Pós graduado: Psicopedagogia, Ciências da Educação, Didática do Ensino Superior e Tutoria em EAD. Escritor. Professor no Centro Universitário Uninta - UNINTA. A boa comunicação A primeira coisa a se dizer sobre a comunicação na liderança cristã é que ela deve existir, e que deve ser uma via de mão dupla. Alguns líderes simplesmente nunca podem ser encontrados. O telefone não atende nunca. Parece que ele se esconde dos seus liderados e não pode ser contatado, a não ser quando ele quer. Pessoas assim não devem ter cargos de liderança cristã. Um líder cristão deve ser uma pessoa acessível. Esse tipo de comportamento cria um vazio de liderança. O líder perderá sua liderança sem perceber. O líder deve ter a noção de que o mais importante são as pessoas, todas as outras coisas são secundarias. Alguns líderes agem como superficial dos seus liderados. Ficam o tempo todo de olho sobre as pessoas, observando cada detalhe do processo. O liderado se sente vigiado o tempo todo. Isso em vez de ajudar só atrapalha. Geralmente, quando vigiados, as pessoas tendem a trabalhar pior. Dê espaço para a pessoa respirar, para expressar sua criatividade e iniciativa. Depois de certificar que o liderado entendeu claramente a tarefa a ser realizada, deixe-a para que trabalhe à vontade. Em algum momento, sim, é necessário supervisionar, mas seja diplomático, faça perguntas como: Precisa de algo? Pergunte a seus subordinados o que pensam acerca da tarefa. Você descobrirá que não foi tão claro como imaginava ser. Faça isso, esclareça sem insultar a inteligência das pessoas. Frases como: Você não entendeu? Constitui um insulto à inteligência da pessoa. Não faça isso. Em vez disso diga: Acho que eu não fui claro. Decisões autocráticas Quando um líder toma decisões sem consultar seus iguais, ainda que subordinados, passa a ideia de que são insignificantes. O sentir-se menosprezado e não respeitado produz a mesma reação contra o líder. O grupo começa a desapreciá-lo e a não cooperar, até faltar-lhe o respeito. O líder que age assim passa a ideia que é mais sábio que as outras pessoas. Embora não seja essa a razão, tal atitude parece arrogante. O líder não deve subestimar a opinião dos seus liderados. Os líderes simplesmente querem conseguir as coisas feitas oportunamente. Decisões unilaterais não colaboram para o progresso da boa liderança cristã. A ideia de que o discernimento e a mente de um homem podem moldar e dirigir importantes interesses, e que ele deva ser considerado uma voz para as pessoas, é um grande mal e arrisca e continua a arriscar aquele que é colocado em posição de responsabilidade e aqueles que cooperam com ele. Deus não deu toda a sabedoria a um único homem e a sabedoria não morrerá com ele. Os que assumiram cargos de responsabilidade devem modestamente considerar as opiniões de outros como dignas de respeito e considerá-las tão corretas como as suas. Devem lembrar-se de que Deus justificou e valorizou outros homens assim como a eles, e que Deus está disposto a ensinar e guiar esses homens. (WHITE, 2013, p.49). Decisões unilaterais, sem consultar os subordinados, causam dano nas relações. As decisões unilaterais são prejudiciais porque no âmbito cristão as pessoas são voluntárias. A pessoa tolera pouco o abuso quando não está obrigada a estar ali. É algo natural que as pessoas tendem a tratar os outros da forma que são tratados. Se mostrarmos estimação pela contribuição de nossos subordinados, eles provavelmente respeitarão nossas decisões. Se o líder demonstrar estima pelos seus liderados, é assim que será tratado. O líder não deve procurar seus liderados somente para corrigir rumos, ou demonstrar seu descontentamento com algo. Isso causa certa pressão sobre eles, sempre que uma reunião é marcada, eles se sentirão pressionados. Aos poucos o líder perderá seus liderados. A boa comunicação e a boa liderança andam juntas. Os líderes precisam ter um equilíbrio entre a excessiva e a pouca supervisão. O líder não deve esperar que seus liderados leiam sua mente, o líder deve falar claramente o que deseja que seja realizado. Afirmação Positiva Que tipo de ambiente se produz quando um líder busca seus liderados apenas para corrigir seus erros? Depende de o líder criar um ambiente positivo ou negativo de trabalho. Segundo alguns autores de cada dez comunicações com o subordinado, nove deveriam ser positivas. Isto inclui felicitá-los pelo trabalho bem feito. No lugar de trabalho, parece que os chefes têm medo de elogiar o empregado porque pensam que poderia pedir um aumento. Ainda que isto não é um fator na igreja, a necessidade de afirmação positiva é todavia mais aguda. Além do mais, a pessoa não está obrigada a estar ali. A seguir, algumas razões do porquê elogiar a nossa gente, de forma breve e sincera, é uma parte essencial da comunicação. (SMALLING, 2005, p.73). A afirmação positiva cria um ambiente de confiança mútua. Faz que as pessoas queiram viver segundo as expectações que você tem delas Jesus fez afirmações positivas de seus seguidores. Fez elogios em momentos específicos. Basta ler o evangelho e encontrará vários exemplos. As pessoas procuram viver de acordo com a imagem que o líder tem delas. As pessoas julgam o valor de um líder pela forma como ele os trata, pela segurança das suas decisões e como administra a Igreja do que pelos sermões que prega. As pessoas julgarão seu valor como líder, mais pela forma como você os trata pessoalmente que por qualquer outra qualidade. Os membros de uma congregação podem não entender de teologia, mas entendem muito bem da forma como o líder os trata. Ao fazer uma afirmação positiva, um elogio, uma felicitação, procure fazer da forma correta. Segue abaixo algumas sugestões nesse sentido. a) Seja breve: use menos de um minuto, mais do que isso pode parecer falsidade; b) Seja específico: aponte um detalhe, isso mostrará que prestou atenção, e não está apenas querendo ser amável; c) Expresse como se sente: isto demonstra que você é sensível. As pessoas perceberão que poderão tocá-lo emocionalmente. Isto é essencial para qualquer relação normal; d) Anime as pessoas a continuarem: incentive a continuarem mantendo a boa atitude e os preceitos éticos. Seguir esse padrão não é difícil, é até simples de aprender. Procure fazer disso um hábito, pratique isso com as pessoas durante a semana. Esse método pode ser aplicado em ambientes como empresas, serviços, na família e na Igreja. Não adule ninguém. Só faça um elogio se ele for verdadeiro. Do contrário, será falso. Ser honesto e verdadeiro é a única forma de comunicação que a Bíblia aprova. Se for parabenizar algum, faça imediatamente. Quanto mais cedo você falar à pessoa, logo que termina o trabalho, melhor será o efeito. Elogie diante de outras pessoas. A pessoa se sentirá honrada e reconhecida diante dos seus. Isso realmente motiva as pessoas. Veja na Bíblia o elogio que Jesus fez a Natanael, diante de outros discípulos: “Ao ver Natanael se aproximando, disse Jesus: Aí está um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade. Jo 1. 47. Ao elogiar valorize o esforço e a estratégia, não a inteligência. Ao elogiar a inteligência está elogiando a pessoa e criando um rótulo. A pessoa com o tempo poderá se sentir pressionado em ter que manter a imagem de pessoa inteligente e isso poderá produzir alguns danos psicológicos. Esse princípio também deve ser observadoao elogiar seus filhos. É responsabilidade do líder, e não dos liderados, prezar pela boa comunicação. Devem sempre verificar se o que disse foi bem compreendido por seus liderados. O bom líder sempre deve reconhecer e elogiar seus liderados quando isso for verdadeiro. Isso cria um clima muito positivo. Se comunicar de forma simples e sincera cria um ambiente muito agradável propicio ao êxito. Como corrigir Uma parte da tarefa do líder é corrigir as pessoas quando estas erram. É uma situação que talvez preferíssemos não ter que fazer, pois cria uma tensão e leva a conflitos. Mas é um dever do líder corrigir e educar as pessoas no bom caminho da justiça e retidão. Se você adotar a forma correta essa tarefa será mais fácil. Vamos conhecer esse “sistema de repreensões”. Suponhamos que você pegou um membro da Igreja numa mentira, ou em outro pecado qualquer. Como lidar com esta situação? Não faça cinjo como se quisesse armar uma emboscada para ele. Seja direto e breve: - Você mentiu para mim, não é verdade? Ao confessar sua mentira, fale brevemente na natureza desse ato, se houver consequências mais graves as mencione e diga-lhe que precisa pedir perdão. Em seguida faça uma pausa (isso é importante) e aguarde a resposta dele. Se ele responder positivamente. Diga que o compreende e está disposto a ajudá-lo. Ele deve entender que você está ali para ajudá-lo sempre, e não para condená-lo. Esse sistema guarda certa semelhança com a afirmação positiva, note: a) Repressão imediata: esperar danifica a relação; b) Ser breve: evitou dar sermão; c) Ser específico: não chamar a pessoa de mentiroso, mas apontar apenas a mentira; d) Explicar como você se sentiu: você é um pastor, não um juiz; e) Pausa incomoda: dar tempo para o arrependimento; f) Afirmação do compromisso: perdão e compromisso em ajudar. Coisas importantes a se evitar: a) Não repetir a repreensão. Se a pessoas aceitou a repreensão na primeira tentativa, não faça sermão sobre o tema posteriormente. Isso poderia ter algum efeito no caso da pessoa não ter aceitado a exortação; b) Não mencionar erros passados. Isso acontece frequentemente em brigas de casais, mas nunca numa exortação cristã; c) Faça diferença entre a pessoa e o pecado, o pecado e o pecador e d) Não tente manipulá-lo começando com elogios e terminando com repreensão. Níveis de repreensão Embora todo pecado seja grave, necessitando ser confessado e deixado, não podemos perder o senso das proporções. Os pecados não são iguais em suas consequências. Não podemos dizer que uma mentira tenha o mesmo peso de um assassinato. A repreensão deve se um processo progressivo. Na primeira vez com certo grau de gentileza. Se a pessoa não muda, repreendemos com mais firmeza. Uma repreensão não precisa ser a gritos nem autoritária. A primeira sessão pode ser dentro do aconselhamento. A segunda, uma repreensão mais firme. Quando a pessoa se dá conta de que a próxima repreensão vai ser mais severa ou que vai resultar em disciplina, tem mais cuidado. A repreensão é um ato de amor de Deus e do líder que repreende. A pessoa que recebe a repreensão pode pensar que não é assim. Paulo encontrou esta reação nos Coríntios e nós devemos estar preparados para o mesmo. (SMALLING, 2013, p. 88). A Consciência Cauterizada A mente humana tende a acomodar e acalmar as crises internas, o conflito mental entre o certo e o errado. Quando alguém insiste em continuar pecando, a sua mente tende a justificar o pecado, considerando inofensivo. A pessoa passa a defender aquilo que antes considerava errado. O pastor como conselheiro precisa lidar com isso. Algumas diretrizes de como lidar com isso. Seja direto e claro. Seja sério, porém amável. Lembre-os dos preceitos morais contidos nos dez mandamentos. Fique atento nas tentativas de justificar o pecado (se houver). Saliente o pecado como uma ofensa a Deus, sobretudo. Se necessário recorra à disciplina da Igreja. O Arrependimento superficial Algumas pessoas dizem-se arrependidas, mas nem sempre essa experiência é genuína. Como saber se o arrependimento foi superficial? Geralmente essas pessoas demonstram as seguintes reações: apresentam justificativas, culpa os outros e ameniza seu comportamento. Podem criticar a forma como foram repreendidas, alegando falta de amor da pessoa que o repreendeu. Podem buscar conselhos daquelas pessoas que as apóiam incondicionalmente, pode ser familiar, em busca de autojustificação. Isso pode ainda causar problemas coma liderança da igreja criando divisões dos prós e dos contra. Outra estratégia pode ser tentar mudar de igreja, como uma estratégia para fugir da disciplina. Daí a importância das Igrejas adotarem a Carta de Recomendação para qualquer membro que queira ser aceito em outra congregação. O arrependimento verdadeiro está normalmente acompanhado duma atitude de contrição. Quando o Senhor contrapôs seu poder e majestade aos argumentos de Jó, a reação daquele homem foi a mais absoluta humildade. Tendo sido disciplinado, ele não tentou se defender nem ponderar sobre seus sentimentos. Antes confessou sua humanidade e calou-se. Mesmo depois que Jó admitiu a própria insignificância e presunção, Deus proferiu um segundo discurso com descrições vividas do seu poder para controlar as coisas. Afirmou gloriar-se no poder do Beemote (v. 15) e na ferocidade do Leviatã (41.1), e perguntou a Jó se ele ousava se aproximar de qualquer dos dois. Dessa vez, Jó respondeu com profundo arrependimento, evidenciando claramente a diferença entre ele e seus amigos. Os líderes de Deus se sentem seguros o suficiente para se arrependerem quando errados. Não sentem a necessidade de ressaltar o próprio valor, de defender cada movimento que fazem ou arranjar desculpas para seus fracassos. No fim, Deus repreendeu os amigos de Jó e o recompensou — mas não antes do fim. (MAXWELL, 2010, p. 368). Esses são os sinais de que uma pessoa não está genuinamente arrependida: colocar a culpa nos outros, pôr a culpa nas circunstâncias, na natureza humana (por que Deus me fez humano?); dar outro nome ao pecado (atitude equivocada, um equívoco); justificar-se dizendo que foi uma provação, é culpa da sua imaturidade; se colocar como uma vítima, ou até mesmo culpar o diabo; minimizar o pecado, considerando algo comum que todo mundo faz; confessar vagamente, em termos gerias, “desculpe-me pelo que fiz”, sem dizer realmente o que fez. Ao ter que lidar com esse tipo de situação, o líder deve ajudar a pessoa em pecado a ver com clareza o pecado cometido. Para isso basta fazer a pergunta: o que realmente você fez? Por outro lado, o pecador pode cair na armadilha diabólica do remorso. O apóstolo Paulo teve que lidar com isso, no caso do homem incestuoso que estava sendo corroído pelo remorso. II Cor 2.7. Aplicando a disciplina Não poucas vezes um líder cristão terá que aplicar disciplina em alguns membros rebeldes ou desobedientes. Essa realmente não é uma tarefa muito popular. Nem tudo pode ou deve ser explicitado diante da congregação em seus mínimos detalhes, e isso pode gerar incompreensões e críticas ao líder. Existem pessoas bem articuladas e podem jogar os membros contra o líder, acusando perseguição, entre outras coisas. Isso pode dividir uma igreja, gerar muitos ruídos e problemas. Se aplicar a disciplina poderá parecer severo, se não aplicar será considerado relapso. Não são raros os casos em que congregações se dividem em torno do problema de disciplina de seus membros. Algumas não aplicam a disciplina com medo de perder seus membros. O fato de nem tudo ser possível explicar em público, às vezes gera incompreensões por parte da congregação. É claro que a disciplina nunca pode ser um ato arbitrário, ou de perseguição a algum membro. O membro deve ter a oportunidade de se defender diante de uma comissão. Porém, o lídercristão precisa ser integro, e por isso terá que aplicar a disciplina quando oportuno. Alguns cuidados devem ser observados ao disciplinar os que erram, não recorrendo a medidas drásticas desnecessariamente: Não se deve recorrer a medidas drásticas ao se lidar com os que erram; medidas mais suaves produzirão muito mais efeito. Lancem mão de métodos mais suaves com a maior perseverança, e se não surtirem efeito, esperem pacientemente. Jamais se apressem em desligar um membro da igreja. Orem por ele e vejam se Deus não mudará o coração do errante. A disciplina tem sido grandemente pervertida. Aqueles que têm defeitos de caráter têm sido muito apressados em disciplinar outros e, assim, toda disciplina tem caído em descrédito. Lamento dizer, mas ira, preconceito e parcialidade têm tido muito lugar para exibição, e a disciplina adequada tem sido estranhamente negligenciada. Se aqueles que lidam com os que erram tivessem o coração pleno de ternura, que espírito diferente prevaleceria nas igrejas! Que o Senhor possa abrir os olhos e suavizar o coração daqueles que têm demonstrado um espírito ríspido, não perdoador e inflexível para com aqueles que eles pensam estar em erro. Tais homens desonram seu cargo e desonram a Deus. Eles magoam o coração de Seus filhos e os compelem a clamar a Deus em sua angústia. Certamente o Senhor ouvirá o seu clamor e julgará todas essas coisas. (WHITE, 2013, p. 94 e 95). É difícil tratar com pecados graves. Mas o líder cristão não deve evitar essa tarefa. Deve aconselhar orientar com amor, com paciência e firmeza ele deve cumprir sua obrigação, e quando necessário, deve aplicar a disciplina. Isso faz parte da sua tarefa, do cuidar do rebanho. Deus abençoará o líder que cumpre fielmente seu trabalho de forma integra. Lidando com os lobos Há outros tipos de problemas que o líder precisa lidar. Existem aqueles casos de pessoas que querem “destruir” o rebanho, a Bíblia os chama de lobos. “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho”. Atos 20:29. Cuidar do rebanho contra os lobos é uma tarefa essencial do pastor de ovelhas. Esses lobos podem ser pessoas de fora da Igreja que espreitam o rebanho e logo que o líder, ou missionário se afasta eles se aproximam para desviar os crentes da fé. Mas existem outros, talvez mais perigosos, os de dentro. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Atos 20:30. Essas pessoas geralmente estão cheias de orgulho e ambição. Sempre estão insatisfeitos com alguma coisa e o Diabo começa a usá-las. (Tg. 3:14-16) Deus permite que tudo isso aconteça para ser revelado os verdadeiros crentes a fim do líder saber realmente com quem pode contar. II Cor.11:19. Geralmente esses falsos crentes agem as escondias do líder. João.10:1-2. Visitam as ovelhas em suas casas. Disfarçam-se de ovelhas e buscam autoridade e posição. Mat. 7:15-17. Aos poucos eles vão roubando a confiança das ovelhas no seu líder. Geralmente por meio de críticas na ausência (II Jo.9-10). Toda pessoa, inclusive um líder tem seus pontos fracos (até Paulo tinha os seus), mas isso não dá o direito de pessoas o destruírem com críticas. (II Cor.10:10). Vangloriar-se da sua própria espiritualidade é uma característica dessas pessoas. (II Cor.10:12). Consideram portadoras de uma nova luz até então ignorada pelo pastor e demais membros (II Tes. 3:6). Tendem a provocar divisões (Rom.16:18). E eles possuem a expertise de procurar os membros mais fracos. Alguns conselhos bíblicos de como lidar com esse problema: a) Ser firme com os lobos (“Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez. Tito 3:10). Se um membro de uma seita visita as igrejas, pede endereço aos membros para visitá-lo, o líder precisa agir rápido. E firme ao lidar com ele. Uma advertência a partir do púlpito pode até ser necessária. b) Prepare membros maduros para enfrentar os lobos. Isso ajuda a interceptar os mal intencionados. Qualquer membro maduro pode fazer essa tarefa de proteger os mais fracos. Mas, como lidar com as pessoas problemáticas? As pessoas problemáticas devem ser tratadas de forma um pouco diferente que as que têm outro tipo de problemas. Os problemáticos têm a tendência de querer controlar e manipular as pessoas. Suas queixas e críticas causam divisão. Querem poder, nunca concedam poder a essas pessoas. Um sinal evidente de que está lidando com um problemático é a queixa persistente. Ele vai criticar tudo, especialmente a liderança da Igreja. Se metem em assuntos que não são chamados. Essas pessoas são o maior problema que você terá que lidar. Porque elas têm o poder de destruir e dividir o rebanho. Esses casos são diferentes do normal, onde teria que lidar com paciência e simpatia. Siga as orientações de Paulo. Ele ordenou em Tito 3:10 não são meras sugestões. Ele não disse: “aconselha-o”, mas sim “admoesta-o”. Dê-lhe não mais de duas advertências. Isto pode parecer severo, sem misericórdia. No entanto, devemos ter em mente que nossa compaixão é em primeiro lugar para com o rebanho que Deus tem posto sob nosso cuidado e proteção. Não ceda aos argumentos dos problemáticos. Não argumente com eles. Não ceda aos seus apelos. Nesse momento amabilidade pode ser confundida com fraqueza, para o problemático. Não conceda a essas pessoas autoridade sobre seus irmãos. Isso não irá calá-las, mas usarão o prestígio do cargo para ampliar seus projetos. Evite escutá-los longamente, eles usaram todo o tempo possível para lhe convencer de que elas estão certas. É perigoso ser paciente com essas pessoas. Smalling em seu livro Liderança Cristã menciona que Haughk, em seu livro intitulado Os problemáticos, ele nos dá algumas sugestões em lidar com eles em dois encontros sucessivos. a) Você escolhe o lugar e a hora. Não permita que a problemática escolha. Escolha um local que você se sinta cômodo, determine o tempo e cumpra com o horário. No máximo 20 minutos. b) Fale o menos possível. Deixe-o falar. Eles costumam pegar as suas palavras e distorcer o sentido tirando do contexto. c) Faça anotações e comunique o fato com outros líderes. d) Não se ponha na defensiva. Você não deve explicações a ele, mas a deus e a outros líderes. e) Não discuta com ele, você não vai conseguir mudá-lo de ideia. f) Deixe claro, ainda que indiretamente, que ele não terá o controle que pretende. g) Proíba-o de discutir seus problemas com outros membros. Na hipótese do problemático não ter mudado seu comportamento, uma segunda e última reunião será necessária, agora com a presença de outros líderes da igreja. Nessa reunião os líderes devem estabelecer limites às atividades da pessoa problemática. Devem adverti-lo que se ele cruza as fronteiras, pode ser excluído por causar divisão. Esclareça que esta segunda admoestação é a última. Essas pessoas podem aparecer em qualquer Igreja, a qualquer momento, e os líderes devem ter um plano compartilhado com a Igreja e como lidar com o assunto. Alguns líderes querem tratar o assunto com amor e paciência, o que é um erro. Não despreze as orientações de Paulo. Tito 3:10:“Quanto àquele que provoca divisões, advirta-o uma primeira e uma segunda vez. Depois disso, rejeite-o”.Os membros da igreja precisam de instrução no trato com os problemáticos. Lidando com os conflitos Sem dúvida, o líder deve ser um mediador de conflitos entre duas partes. O líder deve saber lidar com conflitos. Suponhamos que seja um conflito relativamente menor, são pessoas que se conhecem. Às vezes o líder é o último a saber, porque as pessoas não costumam contar-lhe seus conflitos com medo de serem reprovadas. Alguns sintomas são indícios de que uma crise está a caminho, o líder precisa estar atento: a) Formação de grupos. É natural pessoas amigas criarem umgrupo com maiores afinidades. Parece que até entre os apóstolos havia esses pequenos grupos por afinidade. Mas quando surgem mais de um grupo e estão em discórdia, isso pode ser um problema; b) Ausência nas reuniões. As pessoas podem estar buscando outras congregações em virtude de alguns conflitos. Fale abertamente com essas pessoas e observe suas respostas; c) Isolamento. Busque essas pessoas para saber o que está acontecendo; d) Sarcasmo. O sarcasmo é sintoma de malícia e deveria ser tratado como tal, e não como se fosse um mero comentário. O fato de você ser o líder não significa necessariamente que deverá ser o mediador de um conflito. Se uma das partes acha que você já possui um lado, que não conseguirá ser imparcial veja a possibilidade de o mediador ser outra pessoa que possua autoridade espiritual, e aceita pelas partes como um mediador isento. Inicialmente o líder deve buscar ajuda divina. Em seguida conscientizar as partes envolvidas os prejuízos que tal conflito está produzindo na igreja ou a equipe de trabalho. Deixe claro o motivo por que tal conflito deve cessar. Deixe claro que você não é um juiz e que buscará a solução conjuntamente. E que buscará uma solução viável para todos. Estabeleça as regras que serão seguidas na reunião e a ordem de quem vai falar. Um em seguida do outro, e que os comentários devem ser dirigidos a sua pessoa e não às partes. Cada parte apresenta sua parte sem atacar os outros, procurando exprimir sua opinião com o menos de emoção possível. Se a reunião ficar muito tensa, peça para as pessoas darem por escrita suas sugestões para resolver os conflitos. Compare essas sugestões com as suas. Veja se existem soluções comuns. Chegando em um acordo, peça para as partes se comprometerem com a solução. Caso as partes não tenham sugerido nenhuma solução, você terá que dar essa solução. Aplicando a diplomacia A boa diplomacia recomenda algumas técnicas de mediação que apresentaremos rapidamente. A primeira delas é evitar que haja ganhador e perdedor. Procure sempre uma solução que seja boa para ambos. A segunda regra é a da tríplice opção. Procure encontrar entre duas opções radicais, uma terceira opção. Não dê para a pessoa apenas a opção do sim ou não. Veja a possibilidade de uma terceira opção. O dilema enfrentado pelos dois meninos que desejam o mesmo pedaço do bolo pode ser uma boa ideia a seguir aqui. A solução está em deixar um cortar e o outro escolher o primeiro pedaço. O primeiro, que vai cortar o bolo, se sentirá motivado a cortar o bolo de maneira mais justa possível, pois sabe que o outro terá a primeira opção de escolher o pedaço que deseja. Podemos usar esse princípio ao distribuir deveres e responsabilidades na igreja. Se existem planos conflitantes, peça para as partes escreverem um plano mais equilibrado. Quando a decisão é sobre algo mais simples, sem consequências mais sérias, pode-se simplesmente lançar sorte e decidir. Algumas decisões podem ter caráter momentâneo, se não der certo se reavalia. Em vez de se colocar como alguém que está mandando alguém fazer algo, apresente-se como alguém que está precisando de ajuda. Diga: - Você poderia me dá uma ajudar? Em alguns casos o motivo pode ser outro totalmente diferente do imaginado, às vezes pode ser apenas um desejo de maior reconhecimento. A Tomada de Decisões Tomar decisões nem sempre é fácil, às vezes temos que escolher entre duas posições que são razoáveis. Nem sempre está clara a decisão mais correta. Mas é por isso que se necessita de líderes, se as coisas estivessem sempre claras não era necessário líderes. Tomadas de decisões sempre implica em riscos. Acreditamos que uma vida devocional forte é fundamental para as tomadas de decisões, porque vidas serão afetadas pela decisão do líder. Antes de tomar uma decisão é preciso investigar bem a questão. É preciso ser um investigador nessa hora. Não se deixe guiar por sentimentos de empatia ou preconceito, procure seguir as pistas, independentemente de onde ela os leve. Não tome lado antecipadamente. Tomar decisões corretas dependem muito da vida devocional do líder. Mantenha seu culto particular diário, anote em um caderno o que Deus está te ensinando todos os dias por meio de Sua Palavra. Deus pode se comunicar com você na solução de seus problemas por este meio. Veja se já não existe na própria Palavra a resposta que você precisa para resolver o determinado problema na Igreja. Deus ainda fala hoje por meio de Sua Palavra, não deixe de crer nisso. Veja como os apóstolos faziam para conhecer a vontade de Deus: “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram”. Atos 13:2-3. Use o cérebro. Isso significa que usar à lógica não é errado. Ao contrário, devemos usá-la, pois a racionalidade é um dom divino. Mas nunca deixe de consultar o Senhor. Também consulte seus colegas de ministério. “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança”. Pv. 11:14. Não é errado tirar proveito da sabedoria de colegas de ministério. O processo de maturação Dê algum tempo e os dados corretos e seu cérebro poderão te dar a resposta. Não há nada de estranho aqui. Deus criou nosso cérebro como um computador. Se você der os dados ele vai trabalhar e poderá trazer a resposta. A mente trabalha de acordo com normas e certa lógica. Mas é preciso que esteja relaxado. Muita tensão e preocupação não ajudam em nada, ao contrário. Isso aconteceu com o grego Arquimedes, comigo e com muitos outros. Impressionantemente a resposta veio depois de um leve período de relaxamento. A famosa frase de Arquimedes: - Eureca! Gritou. Por fim, tomada de decisões não é um processo místico. Ordinariamente é uma mescla do subjetivo e o objetivo que o líder crê que Deus lhe está mostrando por meio da Palavra e o Espírito, junto com os fatos do caso. Defendendo-se O líder poderá sofrer ataques verbais em algum momento. Quando e aconselhável que se defenda? É legitimo para defender alguma verdade doutrinária ou quando seu ministério é colocado em dúvida. Paulo precisou defender seu ministério quando esse foi atacado. “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo.” 1Cor. 4:3. Caso o membro possua uma queixa legítima ele pode apresentar aos superiores do líder. Todo sistema de governo tem seu mecanismo pelo qual o membro pode apresentar sua queixa contra o pastor. Pode ser um corpo de presbíteros, ao pastor presidente, ao bispo, os termos mudam de acordo como o modelo administrativo eclesiástico. Mas sempre seguindo as orientações de Jesus nesse tema, “ir ter com teu irmão em particular”. Mat 18.15. Lidando com os críticos Em toda igreja existe aquela pessoa crítica, na maioria das vezes são críticas não procedentes. Mas também não são problemáticos ao ponto de merecer uma disciplina ou coisa do tipo, são apenas queixosos habituais. Vejamos algumas orientações de como lidar com elas. Não responda aos ataques, porque a intenção é que você se defenda. Desvie o foco fazendo outras perguntas que leve a outro tema. Suponhamos que um membro o procure e lhe diga: - Por que você sempre prega sobre...? Você poderia responder: - Desde quando você acha que eu prego exclusivamente sobre o tema da condenação? Desta forma você evita se colocar na defensiva. Não tende dar explicação. Coloque o crítico na posição defensiva. Questione sua percepção. Não responda de forma defensiva ao ataque. Fale da situação como se esta fosse uma questão objetiva e impessoal que não tem nada a ver com você. Diante de um ataque aos membros do seu conselho ministerial, uma resposta abstrata, pode ser o melhor caminho. Uma resposta assimdesvia o ataque, que seria pessoal, tornando-se impessoal. E ajuda o crítico na sua ignorância, expondo o problema num campo mais teórico que demanda estudo e conhecimento. Para se opinar com competência. Se você aceita a crítica eleva para o campo pessoal certamente o resultado disso será um conflito e desentendimentos. Geralmente essas críticas são feitas de público, e é assim que devem ser tratados tais ataques. Por outro lado, se a crítica for feita no privado, poderá discutir livremente o assunto com ele. Existem outras técnicas que ilustram os princípios básicos para lidar com abusadores verbais. Um líder pode defender a si mesmo verbalmente, se a validez do seu chamado ou da verdade do seu ensino é atacado. Cada ministro parece ter seus críticos autodeclarado. O uso do tato pode ajudar a desviar os ataques e sair são e salvo. CONCLUSÃO Em conclusão podemos afirmar que a boa comunicação é imprescindível a boa liderança. Os líderes precisam ser entendidos, e isso depende deles mesmos, os liderados não podem adivinhar o que o líder quer, ele precisa ser claro, e sempre se certificar de que realmente o foi. Vimos que entre as tarefas de um líder cristão está a de corrigir os membros. Por mais incomoda que essa tarefa seja ela precisa ser realizada, com amor e tato. Se for feita da forma correta trará menos prejuízos para o membro e a própria igreja. Algumas pessoas só aparentarão arrependidas quando na verdade não estão isso requer uma perspicácia da parte do líder para discerni-las e segundo as orientações correta trata com as mesmas no espírito de Cristo. Entendemos que ao líder compete tratar com pessoas de fora e de dentro que se comportam como lobos que querem destruir o rebanho. São pessoas que se aproximam dos membros da Igreja para recrutá-las para sua seita, geralmente são pessoas heréticas que querem desviar as ovelhas do Senhor. Não somente o líder mais os próprios membros mais maduros devem estar preparados para defender a Igreja de tais ameaças. Mas o líder também deve saber tratar com membros que se opõe a liderança local, que estão sempre insatisfeitos e causando divisão. Essas pessoas nunca podem receber autoridade sobre seus irmãos, isso só iria aumentar o problema. Tais pessoas devem ser repreendidas no máximo duas vezes, como ensina a Bíblia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BLANCHARD, Kenneth. Ejecutivo al Minuto. Editorial Berkley: Berkley, CA, 1984. Hans Finzel. 10 Erros que um líder não pode cometer. São Paulo: Vida Nova, 1997. HAUGHK, Kenneth. Problemáticos: Antagonistas En La Iglesia. Augsburg Press: Minn, MN 1988. MAIRINS, Simão; MELLO, Fábio Bandeira de. 10 Ensinamentos para ser um líder de alta performance. Brasil, 2015. MAXWELL, John C. Liderança. Inspiração para cada dia do ano. Editora Vida: São Paulo, 2010. MUZIO, Rubens. O DNA da liderança Cristã. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. RAHM, Haroldo J. Treinamento de Liderança. São Paulo: Edições Loyola, 1998. SHEDD, Russell P. O Líder que Deus usa. São Paulo: Via Nova, 2000. SANDER, Oswaldo J. Liderança Espiritual. Mundo Cristão: São Paulo, 2007. SMALLING, Roger. Liderança Cristã. E-book. Amazon. 2005. Disponível em:< http://www.monergismo.com/textos/livros/lideranca-crista_smalling.pdf>. A FORMAÇÃO DE NOVOS LÍDERES Prof. Antonio G. Sobreira1 RESUMO: Este texto aborda a temática da formação de novos líderes. Avalia o método bíblico que aponta a mentoria ou o discipulado como o método ideal para a formação dos novos líderes. Também faz uma avaliação entre a cultura oriental e ocidental e como isso influenciou na forma de conceber um método na formação de novas lideranças. PALAVRAS-CHAVE: Formação de líderes; Mentoria; Discipulado. Diretrizes bíblicas A Bíblia, que foi escrita dentro da cosmovisão oriental. Ela fornece os princípios gerais da liderança cristã, mas não só isso, também o método, as orientações para a formação de líderes. Esse processo é apresentado de forma simples, um líder prepara um dos us seguidores, o que comumente é chamado de mentoria ou discipulado. Esse processo pode ser observado entre Moises e Josué, Elias e Eliseu, Jesus e os discípulos, Paulo e Timóteo, entre outros. A primeira coisa que salta aos olhos ao examinarmos esse modelo é o aspecto relacional e a sua dimensão holística. Envolve a pessoa como um todo, seu corpo, suas emoções e alma (espírito). Em muitos seminários teológicos o critério para formar um líder cristão é por meio de uma formação acadêmica, que geralmente consiste na oferta de disciplinas onde a capacidade intelectual é provada. Mas seria esse tipo de formação aquela apontada pela Bíblia? Não podemos negar a importância de disciplinas acadêmicas, mas de acordo com a visão bíblica, não é o mais importante, não é a prioridade, segundo essa visão. O que vemos é o relacionamento acima de tudo, primeiro com Deus e depois com um líder capaz. 1 Bacharel em Teologia e Filosofia. Pós-graduado em Ciências da Religião, Psicopedagogia, Didática do Ensino Superior e Tutoria em EAD. A preparação bíblica para liderança é holística. Primeiro envolve nosso relacionamento com Deus. A vida devocional é o mais importante, é o essencial. Uma formação acadêmica é algo posterior, vem em segundo plano. Na relação entre Paulo e Timóteo observamos Paulo preocupado com aspectos da saúde de Timóteo. “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades”. I Tim. 5:23. Ele está a aconselhando em uma área privada da vida de Timóteo, o que poderia ser encarado como intromissão na verdade isso também parte da preparação do jovem líder, como dissemos, a visão é holística. Paulo demonstrou amor e cuidado por Timóteo. Então esse é um princípio que temos que considerar, o preparo dos líderes deve ser holístico. Isso não significa que o preparo intelectual deva ser desconsiderado. Também ele não substitui a formação acadêmica. Mas do ponto de vista bíblico esse aspecto é o que mais se destaca. Assim, nos parece que a formação holística junto a um mentor parece sim ser mais importante que a formação acadêmica. A formação acadêmica é secundária e pode até ser suprida por meio de uma formação autodidata por meio de livros. Esse conhecimento teórico pode ser assim adquirido. Mas o que dizer de um líder que tenha bom conhecimento acadêmico, mas não sabe se relacionar com as pessoas, que tenha uma vida familiar desorganizada, vida devocional fraca, não saiba se relacionar com seus colegas? De que servirá seu conhecimento acadêmico? Os títulos não o salvarão. Não devemos achar que os líderes bíblicos desprezavam o conhecimento. Muitos deles escreveram livros que orientam as pessoas ainda hoje. Não eram anti- intelectuais. Moisés, Paulo, entre outros tinham bastante conhecimento. Ainda assim o conhecimento acadêmico, embora essencial ou importante não é o principal. Existem correntes que não valorizam o conhecimento acadêmico. Não é o nosso caso. Eles acham que o conhecimento intelectual é totalmente dispensável e defendem uma espécie de conhecimento místico, como se Deus falasse tudo que eles precisam saber diretamente na sua mente. O que devemos concluir é que o trabalho do mentor é inseparável do acadêmico. O trabalho do mentor ao reparar novos líderes tem método. O método é modelar e ensinar. No modelar o líder (mentor) faz o que deve ser feito e o discípulo procura fazer também, seguindo o exemplo do mentor. No ensino, o mentor explica o porquê faz da forma como faz e não de outra forma. Teria Jesus Cristo, o maior líder que a humanidade já viu, seguido esse método? Vamos lá, ele fez coisas como expelir demônios e curou enfermos. Depois mandou seus discípulos fazerem o mesmo. Deu certo. Mas houve uma ocasião,
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