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Análise de filme Requiem for a dream (réquiem para um sonho) - perspectiva (autoras: Laís Regina e Letícia Santana)psicanalítica

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Análise de filme: Réquiem for a dream (Requiem para um Sonho), ano: 2000. Diretor: Darren Aronofsky.
Personagem analisado pela perspectiva psicanalítica: Harry Goldfarb
Réquiem Para um Sonho relata a vida de Harold (Harry), situado no Brooklyn em Nova York, um jovem que se torna viciado em heroína. Criado pelos seus pais até a formação do segundo grau e apenas com a mãe até a morte do pai, Harry frequentemente rouba a televisão de sua mãe para empenhorar por dinheiro para que o mesmo pudesse comprar drogas (cocaína, anfetaminas, maconha). O tema trabalhado no filme, dentre várias nuances, foca na destruição literal e psíquica dos sujeitos, da sua derrota diante do fato de não conseguir sustentar seus desejos. 
Durante o percorrer do filme, observa-se a dificuldade da mãe com o filho na estruturação do indivíduo filho. Apesar de sofrer com as condições em que o filho chegou, Sara assume um papel passivo e permissivo de cumplicidade para com a problemática do filho. Após a morte do marido e de Harry sair de casa, a mãe se sente muito sozinha, logo essa atitude protetora pode ser justificada pelo medo de ser rejeitada e abandonada por Harry. A relação entre os dois oscila sempre entre dependência e independência. Dependência por Sara se sentir sozinha e necessitar de alguém como o marido ou o filho, a independência e de Harry por estar vivendo fora de casa, apesar de não morar em uma casa própria, mas vive com a namorada 
e se sustenta pelo tráfico. Na mesma perspectiva se pode obter a dependência do Harry pela mãe, ao sentir necessidade de visita-la e de alguma maneira se desculpar por todas as vezes que pegou a televisão da mãe, afirmando que gostaria de vê-la feliz.
Sobre a psicodinâmica de personalidade, de maneira geral, a partir do estudo feito por Bento, os toxicômanos não poderiam ser encaixados em uma única estrutura de personalidade, dessa forma compreenderia como um pouco de tudo, até mesmo, um pouco normal. O mesmo autor e que também é psicanalista afirma que é difícil encaixar em uma única linha de estrutura. Bento aponta sobre a relação de causa dos fenômenos psíquicos com as toxicomanias, dessa forma, algumas situações da infância poderiam ser responsáveis pelas adicção posteriormente. 	
Olievenstein (1983) apud Bento (1987, p. 43) sugere que “a existência de uma estrutura psíquica toxicomaníaca não garante necessariamente a produção de um toxicômano” Ou seja, existiram então dois fenômenos satisfatórios que se justificariam para que isto ocorra, uma seria a que o sujeito encontre a droga e a outra é a sua inclusão com a violação da lei. 
De outra maneira, o que poderia acontecer com o toxicômaco se daria pela teoria do espelho. No estádio do espelho, postulado por Lacan, o sujeito veria o outro, a mãe e compreenderia a diferenciação, que existe um Eu e um outro. Com o toxicômano o espelho não é completo, ele se parte e produz uma fissura, ou seja, se torna uma imagem incompleta do que se vê e dessa maneira as fendas produzidas remetem a indiferenciação, inexistência de uma identidade, o toxicômaco seria incompleto. As fendas se dariam pela relação mãe-bebe sem a participação efetiva do pai, ou seja, pai ausente ou presente de maneira insatisfatória, que não rompe a relação mãe-filho, onde a criança se entregaria a buscar o prazer completo e imediatista, simbolizado com a relação da mãe. 
Em relação ao filme Réquiem For A Dream, não é possível aferir sobre o desenvolvimento psicossexual que Harold teve na infância e nem mesmo na adolescência, mas o que pode ser observado é que a relação que tinha com a mãe não era muito boa, aonde Sara assumia um papel passivo e permissivo de cumplicidade para com a problemática do filho que a roubava constantemente, dessa forma não apresentando nenhum símbolo de autoridade. Se o pai de Harry fora vivenciado como frágil e incapaz, a transmissão da lei, da função paterna, não foi alcançada, revelando a tendência para transgredir a lei, sendo esta um dos fenômenos satisfatórios para a produção da toxicomania. Bento (1987) afirma que esta tendência para transgredir a lei caracteriza o estádio do exagero, que aconteceria posterior ao estágio do espelho partido. “O exagero constitui uma atuação na medida em que, ao ultrapassar o limite aceitável, o indivíduo expressa não-verbalmente um pedido de limite, isto é, sua carência da função paterna. (BENTO, 1987, p. 44) 
A partir do momento que a droga é encontrada (1° fenômeno necessário para estrutura toxicomico), ela possui a finalidade de completar os espaços vazios que foram produzidos no espelho, tendo como objetivo cimentar as fendas. 
O personagem Harry, apesar de fazer uso de diversas substancias (cocaína, anfetamina, heroína e maconha) injetava com mais frequência a heroína. Olievenstein (1983) apud Bento (1987, p.44) sobre a heroína expõe que “suas propriedades caloríferas fazem com que o indivíduo se sinta como se estivesse num casulo, num banho de água morna e pegajosa, numa atmosfera pré-genital.” Isso quer dizer que para o sujeito que injeta, ele passa a crer que encontrou o seu clímax. Nesse ponto de vista se reconhece que a droga tem o propósito de conduzir o sujeito a experienciar percepções fora da realidade, fazendo o reviver, o colocando em uma posição inicial latente, onde não possuía culpa ou sexualidade, dessa forma, sem problemas, característica psicótica das toxicomanias (BENTO, 1987). 	
Harry, encaminhando-se de novas escolhas, fora do círculo familiar, buscando libertação da autoridade materna. Em uma das raras visitas feitas, ele mente para a mãe que acredita que o garoto é um empresário e que irá se casar com uma boa mulher. Narrada por esperanças fantasiosas em Harry é depositada as expectativas de sua mãe, Sara. A cena posterior mostra Harry choroso, quase em prantos, até que não sabendo lidar com o sofrimento psíquico faz o uso da heroína dentro do taxi. Nesse recorte, podemos ver que a droga não é vista como ela realmente é, mas um produto que tem a capacidade de tirar todos os sentimentos e pensamentos desagradáveis. A droga funcionaria como um seio acolhedor, que metaforicamente o faz retornar ao colo da mãe no momento de angustia. Momento também que se percebe na cena em que Harry espera a namorada que saiu para se prostituir para comprar droga. Nessa parte Harry começa a ver (fantasiosamente) na televisão a imagem da sua namorada beijando alguém, e diante o desconforto injeta heroína. 
A droga também tem como função eliminar a ansiedade da espera e o sentimento que provem da frustração, a angustia. E por isso que as drogas injetáveis são relacionadas como forte intolerante as esperas. Dessa maneira, o toxicômano necessita do efeito imediato, não conseguindo esperar que outras drogas causem efeito no organismo. Ou seja, não suporta a dor e a frustração, não suporta pensar, e dessa maneira, evita o desprazer. 
Em duas cenas, Harry após fumar maconha vê através da janela do seu quarto no cais e de costa, uma mulher de vestido vermelho que se assemelha o da mãe que se mostra no filme. E, no final do filme, Harry já deitado na cama sem um dos braços delirando, tem a mesma alucinação, só que ao contrário da cena do apartamento, consegue chegar perto da mulher de costas, de vestido vermelho, que num instante desaparece, contrastando com a perda objetal da mãe e da namorada. 
O ‘’gozo’’ para o toxicômano encontra uma saída enganadora, é a tentativa ilusória de preencher o vazio que jamais é preenchido. 
A substancia tóxica aparece como um amparo contra a aflição de Harry em todo o filme, suspendendo a dor de viver. Segundo Freud (1930) apud Serretti (2012), a intoxicação seria um modo de aguentar o mal-estar, imposto ao ser humano existente em uma civilização. A impossibilidade de felicidade plena, acredita ainda que a infelicidade é em maior número presente na existência, e que a existência da vida nada mais é que a busca pela felicidade. 
As toxicomanias não devem ser descritas pelo objeto que relaciona a satisfação, mas pelo modo como o inconsciente funciona, o que o determina.Então o sujeito não pode ser definido por sua adicção, a droga em si tem lugar de efeito e não de causa.
REFERÊNCIAS 
BENTO, Victor Eduardo Silva. A psicopatologia da drogadicção: uma abordagem psicanalítica. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 39, n. 1, p. 41- 50, abr. 1987. ISSN 0100-8692. 
SERRETTI, Maria Angélica Tomás. Toxicomania: um estudo psicanalítico. Mosaico – estudos de psicologia, Minas Gerais, v. 5, n°1, p. 46-60, 2011- 2012.
Análise de f
ilme:
 
Réquiem for a dream (Requiem para um Sonho)
, a
no: 2000
. 
Diretor: 
Darren Aronofsky
.
 
Personagem analis
ado
 
pela perspectiva psicanalítica
:
 
Harry Goldfarb
 
 
Réquiem Para um Sonho relata a vida de Harold (Harry), situado no Brooklyn 
em 
Nova York, um jovem que se torna viciado em heroína. Criado pelos seus pais
 
até a 
formação do segundo grau e apenas com a mãe até a morte do pai, Harry 
fre
quentemente 
rouba a televisão de sua mãe para empenhorar por dinheiro para 
que o mesmo pudesse 
comprar drogas (cocaína, anfetaminas, maconha). O tema 
trabalhado no filme, dentre 
várias nuances, foca na destruição literal e psíquica dos 
sujeitos, da sua 
derrota diante do 
fato de não conseguir sustentar seus desejos. 
 
Durante o percorrer do filme, observa
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se a dificuldade da mãe com o filho na 
estruturação do indivíduo filho. Apesar de sofrer com as condições em que o filho 
chegou, 
Sara assume um papel p
assivo e permissivo de cumplicidade para com a 
problemática do 
filho. Após a morte do marido e de Harry sair de casa, a mãe se 
sente muito sozinha, logo 
essa atitude protetora pode ser justificada pelo medo de 
ser rejeitada e abandonada por 
Harry. A rel
ação entre os dois oscila sempre entre 
dependência e independência. 
Dependência por Sara se sentir sozinha e necessitar 
de alguém como o marido ou o filho, 
a independência e de Harry por estar vivendo 
fora de casa, apesar de não morar em uma 
casa própri
a, mas vive com a namorada 
 
e se sustenta pelo tráfico. Na mesma perspectiva se pode obter a dependência do 
Harry 
pela mãe, ao sentir necessidade de visita
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la e de alguma maneira se 
desculpar por todas 
as vezes que pegou a televisão da mãe, afirmando que
 
gostaria 
de vê
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la feliz.
 
Sobre a psicodinâmica de personalidade, de maneira geral, a partir do estudo feito 
por Bento, os toxicômanos não poderiam ser encaixados em uma única es
trutura de 
personalidade, dessa forma compreenderia como um pouco de tudo, até mesmo, um 
pouco normal. O mesmo autor e que também é psicanalista afirma que é difícil encaixar 
em uma única linha de estrutura. Bento aponta sobre a relação de causa dos fenôme
nos 
psíquicos com as toxicomanias, dessa forma, algumas situações da infância poderiam ser 
responsáveis pelas adicção posteriormente. 
 
 
Olievenstein (1983) apud Bento (1987, p. 43) sugere que “a existência de uma 
estrutura psíquica toxicomaníaca não garante 
necessariamente a produção de um 
toxicômano” Ou seja, existiram então dois fenômenos satisfatórios que se justificariam 
Análise de filme: Réquiem for a dream (Requiem para um Sonho), ano: 2000. Diretor: 
Darren Aronofsky. 
Personagem analisado pela perspectiva psicanalítica: Harry Goldfarb 
 
Réquiem Para um Sonho relata a vida de Harold (Harry), situado no Brooklyn em 
Nova York, um jovem que se torna viciado em heroína. Criado pelos seus pais até a 
formação do segundo grau e apenas com a mãe até a morte do pai, Harry frequentemente 
rouba a televisão de sua mãe para empenhorar por dinheiro para que o mesmo pudesse 
comprar drogas (cocaína, anfetaminas, maconha). O tema trabalhado no filme, dentre 
várias nuances, foca na destruição literal e psíquica dos sujeitos, da sua derrota diante do 
fato de não conseguir sustentar seus desejos. 
Durante o percorrer do filme, observa-se a dificuldade da mãe com o filho na 
estruturação do indivíduo filho. Apesar de sofrer com as condições em que o filho chegou, 
Sara assume um papel passivo e permissivo de cumplicidade para com a problemática do 
filho. Após a morte do marido e de Harry sair de casa, a mãe se sente muito sozinha, logo 
essa atitude protetora pode ser justificada pelo medo de ser rejeitada e abandonada por 
Harry. A relação entre os dois oscila sempre entre dependência e independência. 
Dependência por Sara se sentir sozinha e necessitar de alguém como o marido ou o filho, 
a independência e de Harry por estar vivendo fora de casa, apesar de não morar em uma 
casa própria, mas vive com a namorada 
e se sustenta pelo tráfico. Na mesma perspectiva se pode obter a dependência do Harry 
pela mãe, ao sentir necessidade de visita-la e de alguma maneira se desculpar por todas 
as vezes que pegou a televisão da mãe, afirmando que gostaria de vê-la feliz. 
Sobre a psicodinâmica de personalidade, de maneira geral, a partir do estudo feito 
por Bento, os toxicômanos não poderiam ser encaixados em uma única estrutura de 
personalidade, dessa forma compreenderia como um pouco de tudo, até mesmo, um 
pouco normal. O mesmo autor e que também é psicanalista afirma que é difícil encaixar 
em uma única linha de estrutura. Bento aponta sobre a relação de causa dos fenômenos 
psíquicos com as toxicomanias, dessa forma, algumas situações da infância poderiam ser 
responsáveis pelas adicção posteriormente. 
Olievenstein (1983) apud Bento (1987, p. 43) sugere que “a existência de uma 
estrutura psíquica toxicomaníaca não garante necessariamente a produção de um 
toxicômano” Ou seja, existiram então dois fenômenos satisfatórios que se justificariam

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