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• Estima-se que, no mundo, cerca de 150 a 200 milhões de pessoas estão parasitadas por alguma espécie de Schistosoma (existem 5 espécies); mas nas Américas ocorre apenas uma, o Schistosoma mansoni • A origem do Schistosoma mansoni é africana, e chegou ao Brasil junto com os escravos • As crianças são mais dramaticamente afetadas, podendo desenvolver uma fase crônica da doença (hepatoesplenomegalia descompensada) • Hepatoesplenomegalia exacerbada com ascite (barriga d´água – derramamento de líquido na cavidade abdominal), edema generalizado, dificuldades respiratórias, problemas renais – situações que podem ocorrer devido à presença desse parasito no organismo de seres humanos • No Brasil, existem cerca de 6 milhões de pessoas infectadas, muitas com retocolite (fase intestinal da doença, em que se caracteriza a presença de uma inflamação do reto e do colon), mas outras com hepatoesplenomegalia (fase mais grave) • Estima-se que 40 milhões de pessoas se encontrem em situações de risco; • 23, 24 anos para baixo a doença é mais grave – relaciona-se com fatores imunológicos e a reação a presença principalmente dos ovos do verme • Muitas pessoas são assintomáticas • Áreas endêmicas: MA, AL, BA, PB, RN, PE, SE, MG e ES • Áreas com transmissão focal: PA, PI, CE, RJ, SP, PR, SC, RS, GO e DF o Há maior ocorrência nas faixas litorâneas; por conta da chegada da doença ao Brasil, e a doença permanece devido as condições favoráveis de clima, e a presença dos caramujos Biomphalaria o Obs.: sem caramujos não há transmissão da esquistossomose • Filo: Plathyhelminthes – verme achatado • Classe: Trematoda – não é um verme de corpo em forma de fita; não tem corpo segmentado; tubo digestivo incompleto – favorece sua presença em órgãos diferentes do intestino delgado – muito dependente de sobrevivência no intestino delgado; o Schistosoma vive no interior de vasos sanguíneos • Ordem: Digenea – indivíduos dessa ordem fazem 2 tipos de reprodução e tem ciclo heteroxênico (para que a doença se desenvolva há necessidade de pelo menos 2 hospedeiros – 1 intermediário, que são os caramujos do gênero Biomphalaria e há necessidade do hospedeiro definitivo – ser humano) • Família: Schistosomatidae • Espécie: Schistosoma mansoni o Reprodução assexuada no hospedeiro intermediário; sexuada no definitivo o Obs.: animais parasitados podem ser fonte de ovos ao ambiente, pois a doença é uma zoonose, ou seja, pode afetar diversos animais Schistosoma mansoni: • Formas do ciclo biológico: o Macho: 1 cm (pequenos pois vivem no interior de vasos sanguíneos); esbranquiçado e dotado de canal ginecóforo (lugar da fêmea – onde se aloja a fêmea quando esses vermes atingem a maturidade sexual); corpo achatado; massa corporal maior; tem ventosa oral e ventosa ventral o Fêmea: 1,5 cm; corpo achatado e alongado em relação a do macho; ventosa oral e ventral o Ovo: formato oval e dotado de um espículo (espinho lateral – permite identificação pronta e fácil da presença do verme no organismo humano), é encontrado nas fezes; ovo é liberado pelas fêmeas, e chega até o material fecal, sendo eliminado para o meio externo; ▪ Essas 3 formas anteriores se encontrarão presentes no organismo humano ▪ Outros animais podem ser hospedeiros de esquistossomose: bovinos, suínos, caprinos, entre outros – ou seja, a doença é uma zoonose, e animais parasitados podem ser fonte de ovos para o ambiente; o verme está melhor adaptado ao organismo humano o Miracídio: larva que eclode do ovo; forma cilíndrica, corpo ciliado; poderá gerar de 200 a 300 mil cercarias, já com sexo pré- estabelecido (reprodução assexuada); o miracídio só eclode do ovo na água doce ▪ O ovo quando é eliminado com as fezes e atinge uma coleção com água, ele libera uma forma larvária ciliada, que é o chamado miracídio; esse miracídio tem que invadir o corpo do caramujo Biomphalaria (hospedeiro intermediário), e nesse caramujo há o desenvolvimento de larva (esporocisto); esse esporocisto terá a possibilidade de originar novas larvas, que ao abandonarem o corpo do caramujo serão infectantes para os hospedeiros definitivos; essas larvas são chamadas cercárias o Cercárias: forma alongada, de cauda bifurcada; forma que abandona corpo do caramujo Habitat no organismo humano: • Adultos imaturos sexualmente vivem no sistema porta-hepático; com a maturidade sexual – casal de vermes migram para as veias mesentéricas (plexo hemorroidal – no cólon descendente, ascendente e reto), a partir do sistema porta-hepático • Quimiotropismos levam os vermes a se soltarem do sistema porta-hepático para o plexo hemorroidal, pois fica próximo do lúmen do intestino grosso – nesse local eliminarão os ovos que vão chegar ao lúmen do intestino; distante desse local os ovos dispersam pelo organismo, o que determina a doença grave • É dos capilares do plexo hemorroidal que os ovos dotados de espículos (instrumento para abrir passagem através da parede dos vasos sanguíneos) tem a oportunidade de atravessar a mucosa do intestino grosso, atravessar o epitélio intestinal e atingirem o lúmen do intestino grosso, principalmente a nível de reto, de onde os ovos são eliminados juntamente com as fezes • Os ovos que não deixam o organismo humano causarão casos graves – pois ovos exercem forte ação inflamatória através de toxinas; os ovos serão combatidos pelo organismo humano Formas evolutivas: • Os adultos do Schistosoma são dotados de ventosas que garantem a eles a fixação aos vasos sanguíneos; e tem o corpo dotado de espinhos que garantem a eles maior facilidade para fixação no interior dos vasos sanguíneos • O local exato onde estão os vermes adultos é no plexo hemorroidal • Os espinhos garantem aos vermes uma certa camuflagem em relação as nossas células de defesa – nossas células de defesa são incapazes de reconhecer os adultos de Schistosoma mansoni e destruí-los; tegumento com espinhos é invisível ao sistema imunológico • Por outro lado, os ovos, que são os elementos que vão ser liberados no interior dos vasos sanguíneos, serão prontamente reconhecidos pelas células de defesa, e os ovos serão os responsáveis por desencadear o quadro clínico grave da doença Schistosoma mansoni, o ovo: • Formato ovalado; • Possui espicula lateral – espinho/ lamina cortante – abre passagem do ovo pelo vaso sanguíneo, então esse ovo rompe o endotélio dos vasos sanguíneos, atinge o conjuntivo e através de movimentos peristálticos vão ter as células epiteliais do intestino grosso, e atingem o lúmen do órgão, de onde serão levados ao meio externo junto com as fezes do hospedeiro Schistosoma mansoni, o miracídio: • Miracídio – Larva ciliada que eclode do ovo; localiza os caramujos na água doce através de quimiotropismo; invade o corpo do caramujo e passa por transformações que resulta na formação de cercaria • Ovo, miracídio e cercárias são microscópicos Ciclo biológico: • Esporocisto – forma mais esporocisto – forma cercárias; esporocisto é uma larva com estrutura circular • As cercárias abandonam caramujos e invade pele e mucosas dos indivíduos que estiverem nesses corpos de água; elas encontram os seres humanos através de quimiotropismo e termotropismo • As cercarias liberam enzimas – hialuronidase – permite passagem para que atravessem pele/mucosas • As cercárias deixam a cauda de fora quando penetram; a estrutura da região anterior das cercarias origina o esquistossômulo • O esquistossomulo - eles no interior dos vasos vão para o sistema porta hepático, onde geram adultos; com a maturidade sexual migram para o plexo hemorroidal • Esquistossomulo são os principais responsáveis pela fase aguda da doença; e os vermes adultos com a eliminação de ovos e açãoespoliativa determinam a fase crônica da doença • Os adultos também obstruem o fluxo normal dos vasos sanguíneos, podem se instalar no tecido conjuntivo, onde morrem e determinam lesões graves • Esquistossômulo é prontamente reconhecido e combatido pelo sistema imunológico, os adultos não • Resumindo: ovo (eliminados com as fezes) – os ovo chegando a uma coleção de água doce liberam o miracídio – o miracídio invade o corpo de um caramujo, dando origem ao esporocisto – o esporocisto se desenvolve e origina as cercárias – cercárias invadem pele/mucosa humanas – em meio a corrente circulatória as cercárias dão origem a esquistossômulos – eles se transformam em adultos no sistema porta hepático (inicialmente imaturos) – os vermes adultos com maturidade sexual migram para o plexo hemorroidal (veias mesentéricas) • Para impedir a doença: combate de caramujos, evitando banhos de lagoa • O caramujo libera gradativamente, diariamente as cercárias enquanto ele viver • Obs.: as cercárias podem viver no máximo de 36-48 horas na água • Retocolite faz o indivíduo defecar em parcelas – fezes na beira da lagoa – favorece dispersão dos ovos • Se as cercárias não invadirem pele/mucosas, chegando ao estomago elas são destruídas; beber água contaminada – ela pode penetrar a mucosa oral, faríngea – ai ela se desenvolve • Indivíduo que vive da pesca, atividades recreativas que envolvem lagoas, que trabalha em plantações de arroz • Enchentes – caramujos/cercárias arrastados e indivíduos em suas casas podem adquirir a doença em zonas urbanas Caramujo Biomphalaria • Pequeno; Diâmetro da concha de moeda de 5 centavos; são de uma família chamada Planobirde, em que a concha é plana/achatada lateralmente • Corpo vermelho/castanho – tem hemoglobina como pigmento corporal – fundamental para o desenvolvimento dos miracídios/esporocisto/cercaria; em varias fases a hemoglobina é necessária; • Esses caramujos ficam próximos a superfície, utilizando ar atmosférico para respirar – miracídios tem fototropismo positivo, e quimiotropismo positivo pelo caramujo • Caramujos são hermafroditas – 1 pode gerar 3000 ovos • 3 espécies de Biomhalaria: a principal é o grabata – mais intimamente relacionada a esquistossomose, fornecendo a maior quantidade de cercárias; existe também tenagófila e estramínea • Miracídio que invade o caramujo • Há necessidade da passagem dos esquistossômulos por vasos sanguíneos, onde receberão oxigênio necessário para seu desenvolvimento e formação dos adultos Transmissão: • Penetração ativa de cercárias em valas de irrigação, córregos, açudes e lagoas; picos de transmissão – entre 10 a 16 horas; o A liberação de cercárias pode ocorrer o dia inteiro, mas há o favorecimento entre 10-16 horas – maior fluxo de cercárias para fora dos caramujos – por conta das TE mais altas, sendo o momento que o indivíduo vai buscar água para se refrescar Patogenia: • Está ligada a: o Carga parasitária (quantidade de vermes que terão acesso ao organismo) e resposta imunológica do paciente (principalmente): se a carga for alta – indivíduo terá doença mais grave; indivíduos que vivem em áreas endêmicas são mais resistentes a reinfecções; • Quando a resposta imunológica é ineficiente/inespe cífica a doença ganha um curso grave; e isso se relaciona a manutenção/pre sença/retenção dos ovos do verme no organismo do hospedeiro • Os ovos sensibilizam violentamente o sistema imunológico, liberando toxinas poderosas – exerce ação tóxica, imunogênica e inflamatória • Forma grave está relacionada a fenômeno imunoalérgico, conferido pelos processos inflamatórios dos ovos, que deflagram a gravidade do quadro clínico na doença o Cepa do parasito – existem grupos dentro da espécie do Schistosoma mansoni que são mais agressivos que outros o Idade do paciente – abaixo de 23/24 anos a doença é mais grave o Etnia – indivíduos de raça negra são mais tolerantes a infecção e desenvolvem quadros clínicos mais brandos; isso porque a doença deriva do continente africano, havendo adaptação do parasita ao hospedeiro o Estado nutricional – se o indivíduo tem mazelas relacionadas a déficit nutricional – quadro mais grave 1. Cercárias – dermatite cercariana ou dermatite do nadador – sinal de porta de entrada – se manifesta em indivíduos nas primeiras infecções – “nadou, coçou, pegou” – ocorre a partir da penetração das cercárias pela pele (sinal patoguimonômico – característico da doença) • Sensação de comichão (“lagoas de coceira”) • Erupção urticariforme no local da penetração das cercárias • Eritema, edema, pápulas e dor (24 horas depois da penetração; possibilidade de purulência) 2. Esquistossômulos – em 3 semanas vão da pele aos pulmões e daí ao sistema porta-hepático • Linfadenia generalizada – aumento do volume dos linfonodos pelo corpo todo • Febre • Aumento do volume do baço – sensibilização do sistema imunológico • Sintomas pulmonares – tosse seca não produtiva 3. Adultos: • Vivos – espoliação – se nutrem de 2,5 mg de Fe e 1/5 de seu peso em glicose por dia; logo, se apossam das hemoglobinas do indivíduo; sintomas associados – emagrecimento e anemia • Mortos – lesões extensas e circunscritas – adultos fora dos vasos sanguíneos não sobrevivem por muito tempo; serão reconhecidos pelo sistema imunológico e serão atacados; a remoção desses adultos pelas células de defesa farão com que surjam áreas de necrose e posteriormente fibrose; lesões levam a processos fibróticos importantes – enrijece locais de tecido conjuntivo onde estiverem presentes 4. Ovos – elementos mais patogênicos do ciclo; quanto maior a quantidade de ovos chegando ao intestino, maior a quantidade de lesões • Metade dos ovos chega no lúmen do intestino, a outra metade fica retida no interior dos vasos sanguíneos e corta o conjuntivo distante do lúmen intestinal; os que não são eliminados nas fezes e ficam retidos no organismo: proporcionam reação inflamatória granulomatosa, que é a formação de granulomas • Antígeno excretado pelo ovo – reação inflamatória granulomatosa • Granulomas – relacionados ao fluxo de células para uma área em torno do ovo; quanto menos específica fora resposta imunológica mais grave será a esquistossomose; mais grave em crianças pois sistema imunológico estará imaturo; as toxinas do ovo destroem os tecidos originais desse local, e ao final da formação do granuloma e a destruição do ovo, restará uma área de tecido reparado, tecido fibroso; então ao lugar de todo lugar que o ovo aportar, haverá fibrose o Fase necrótica exudativa – zona necrótica em torno do ovo com eosinófilos, neutrófilos e histiócitos presentes (se aproximam desse local para destruir o ovo) – células de defesa que cercam ovos dos tecidos e determinam a formação dos granulomas o Fase produtiva ou de reação histiocitária – reparação da área necrosada o Fase de cura ou fibrose – nódulos (granuloma endurecido) – com a fibrose os tecidos ficam mais rígidos; rigidez na mucosa intestinal – peristalse alterada – quadros diarreicos iniciais, com progressão para constipação intestinal; ovos abrem passagem na parede do vaso usando a espícula lateral - tecido conjuntivo em torno dos vasos fica mais rígido com a formação de granulomas – comprime calibre dos vasos sanguíneos – gera hipertensão do sistema porta, que gera quadro grave da fase crônica – fase hepatoesplênica – gera ascite/ barriga d´água A fibrose esquistossomótica: • Caso os ovos permaneçam na mucosa sem sair, seus produtos desencadeiam uma reação inflamatória local do tipo granuloma • Toxinas do ovo são poderosas, vão determinar morte celular,necrose e posteriormente fibrose dessa área • Granulomas: I. Numerosos macrófagos seguidos de eosinófilos, linfócitos e alguns plasmócitos cercam o ovo o Toxinas que ovo libera atraem para esse sítio todas as células; após o ovo ser removido fica uma área que vai ser reparada por fibrócitos ou fibroblastos II. Macrófagos fundem-se e formam gigantócitos, que envolvem o ovo e começam a digeri-lo III. Após a morte do embrião, diminuem os granulócitos e multiplicam-se ai os fibroblastos (derivados de macrófagos) que assumem disposição em camadas circulares concêntricas e começam a depositar fibras reticulares e colágeno com igual disposição IV. Por fim, os fibroblastos se tornam simples fibrócitos V. As escleroproteínas da casca ovular ainda tardam algum tempo para desaparecer; o resultado é a formação de uma estrutura cicatricial fibrosa Evolução da doença: • Fase aguda – vai desde a penetração das cercarias até a consolidação dos adultos jovens; 50 a 120 dias após infecção – tempo que ovos levam para começar a dispersar; a partir dos 120 dias as femeas eliminam ovos, que começam a se disseminar pelo organismo o Disseminação miliar de ovos – necrose no intestino (pela retenção dos ovos) e formação de granulomas no fígado e até o pulmão (por conta do retorno dos ovos a partir da circulação intestinal; retornam via sistema porta e abandonam os vasos sanguíneos no espaço porta, atravessam através das espículas e se estabelecem nesses espaços porta, determinando fibrose, redução desses espaços = hipertensão porta) – forma toxêmica o Forma toxêmica – síndrome de Katayama ▪ Febre e sudorese ▪ Calafrio ▪ Emagrecimento ▪ Fenômenos alérgicos ▪ Diarréia (mucossanguinolenta – muco é uma resposta a presença dos ovos no conjuntivo e a travessia dos ovos, destruindo células epiteliais, chegando no lúmen do intestino; sangue presente por conta dos sangramentos impostos pela passagem desses ovos pela parede dos capilares sanguíneos), disenteria (mal funcionamento do intestino), cólicas e tenesmo (vontade de defecar, mas não consegue); o indivíduo tem ardência ao defecar – passagem dos ovos pela mucosa do reto que provoca ação traumática ▪ Hepatoesplenomegali a discreta – antígenos secretados pelos ovos ▪ Leucocitose com eosinofilia • Fase crônica: o Início com chegada dos adultos ao plexo hemorroidal, que começam a eliminar os ovos o Alterações intestinais, hepatointestinais ou hepatoesplênicas ❖ Alterações intestinais: ▪ Nos casos crônicos graves, fibrose, com diminuição do peristaltismo e constipação constante ▪ Passagem dos ovos pela mucosa provocam hemorragias – diarréias mucossanguinolentas (muco – agressão a mucosa; sangue – ruptura dos vasos sanguíneos) ❖ Alterações do fígado: ▪ Relacionadas a formação de granulomas ▪ Aumento do volume e dor (palpação) ▪ Redução dos espaços porta por fibrose – “Fibrose de Symmers” – retração da cápsula de Glisson, hipertensão portal, formação de saliências ou lobulações ❖ Esplenomegalia: ▪ Provocada por um fenômeno imunoalérgico – pela liberação de toxinas pelo ovo ❖ Varizes esofagianas – hematêmese – agrava anemia ❖ Ascite ou barriga d´água ❖ Outras localizações – disseminação dos ovos - ovos nos pulmões, sêmen humano, granulomas na pele, pâncreas, testículos e ovários, raramente no baço (por conta da atividade dos macófagos presentes no baço) Produção e destino dos ovos: • O acúmulo e formação de granulomas em torno dos ovos vai desenvolvendo progressivamente uma fibrose esquistossomática periportal (A) o Na medida que os vasos sanguíneos do intestino se tornam mais comprimidos, eles empurram os vermes para cada vez mais longe do plexo hemorroidal, cada vez mais próximo do fígado; e vários vermes podem ser encontrados no fígado • Nas fases avançadas da doença, isso cria obstáculos para a circulação hepática pré-capilar e hipertensão no sistema da veia porta; o fígado apresenta-se, então, endurecido e com superfície irregular (B) • O fígado com fibrose de Symmers não tem aspecto liso – ele fica completamente lobulado, com protuberâncias na superfície externa – característica da esquistossomose na sua forma hepatoesplenica Esquistossomíase: • Formas: o Inaparente o Aguda ▪ Leve ou moderada ▪ Toxêmica o Crônica ▪ Intestinal ▪ Hepatointestinal ▪ Hepatoesplênica ▪ Vasculopulmonar – problemas respiratórios, vasculares e cardíacos ▪ Especial – ovos se espalham por vários órgãos, atingindo SNC ➢ Esquistossomíase crônica: • Forma intestinal: o Na maioria dos casos, a infecção permanece silenciosa enquanto a carga parasitária for baixa e a acumulação de ovos nos tecidos pequena o Os pacientes levam anos (em geral 10 ou mais) para atingirem um máximo de carga parasitária o De início, os ovos predominam na mucosa do intestino distal e o paciente apresenta uma retocolite, com evacuações frequentes acompanhadas de tenesmo e ardor ao defecar • Forma hepatointestinal: o A medida que os helmintos forem migrando para a sua mucosa e seus ovos arrastados para o fígado, a patologia se agrava o Sintomas: má digestão; plenitude gástrica pós prandial; flatulência e inapetência; mal estar e nervosismo; desânimo e emagrecimento o O fígado e sobretudo o baço aumentam de tamanho • Forma hepatoesplênica: o Compensada: crecimento não demasiado do baço o Descompensada: esplenomegalia – hematêmese, ascite (pois formam-se varizes esofagianas) o Complicada: glomerulopatia, linfoma esplênico e trombose portal – quando ovos atingem várias partes do corpo, e suas toxinas elevam o nível das imunoglobulinas e imunocomplexos, que levam as glomerulopatias; • Forma vasculopulmonar: o Hipertensiva: dispneia ao esforço, palpitações e tosse: pode ocasionar o cor pulmonale = alterações das câmaras cardíacas direitas (hipertrofia do átrio e ventrículo direito) o Cianótica: microfístulas arteriovenosas pulmonares – leva a dificuldade no transporte de oxigênio e redução das taxas de oxigênio do sangue • Forma especial: o Ectópica – ovos espalhados por vários órgãos, inclusive do sistema nervoso; ex: neuroesquistossomose – presença de ovos na medula espinal ou cérebro o Associação com neoplasias – colorretal, hepática e linfoma não Hodgkin – associados aos ovos do Schistosoma mansoni • O quadro clínico evolui lentamente,, até que a fibrose hepática pré-capilar começa a dificultar a circulação portal intra-hepática • Surgem então hipertensão no território da veia porta, maior esplenomegalia, edemas e ascite, bem como circulação colateral entre o sistema porta e o das veias cavas • Formam-se varizes esofagogástricas e há tendência a hemorragias (hematêmeses) que podem ser graves • Há desnutrição e o quadro clínico se torna mais grave • Em consequência das lesões hepáticas e esplênicas, há hipoproteinemia, anemia, leucopenia, plaquetopenia e deficiência da coagulação Diagnóstico: • Clínico: o Levar em consideração a sintomatologia (em relação a fase da doença) e anamnese (hábitos, origem, etc) • Parasitológico – método de Kato – Katz/ Método de Lutz o Exame de fezes (ovos muito característicos) o Raspagem da mucosa retal – interessante para verificar a eficiência do tratamento o Método da eclosão miracidiana – pega amostras generosas das fezes do indivíduo, distribui em tubos contendo solução fisiológica, nesses tubos coloca uma rolha, e atravessar com tubinho de vidro, mergulha o tubo de vidro até determinado nível de água, e estimula uma luz forte, que vão atrair os miracídios que eclodirão dos ovos - a movimentação da água determina a eclosão • Métodos imunológicos o Intradermorreação;reação de fixação do complemento; reação de hemaglutinação indireta; radioimunoensaio; reação de imunofluorescência indireta; elisa e elisa de captura ou sanduíche Biópsia retal: • Ao fazer raspagem retal do indivíduo, observa-se ovos que estariam presos na mucosa do reto; se os ovos estão muito transparentes é porque são recém postos, e se estão escuros indicam que os miracídios morreram (estão mais tardios); se há maior quantidade de ovos tardios do que frescos, é sinal que o tratamento contra a doença está funcionando • Os ovos podem ser vistos em uma fase imatura ou uns maduros e outros já mortos; a biópsia é usada como critério de cura em estudos clínicos • A não existência de ovos frescos ou a não mais existência de ovos nas fezes determina que os vermes adultos foram destruídos Diagnóstico diferencial: • A – FORMA AGUDA: • Febre tifoide, calazar (leishmaniose visceral americana), salmoneloses, infecções pulmonares, malária aguda, hepatites virais, estrongiloidíase • B – FORMA INTESTINAL E HEPATOINTESTINAL • Maioria das parasitoses intestinais; sangue nas fezes pode caracterizar esquistossomose • C – FORMA HEPATOESPLÊNICA • Cirrose, hepatites crônicas, calazar, malária; fibrose de Symmers é sinal patognômico nessa forma da doença; ultrassonografia pode indicar esquistossomose Epidemiologia: • Histórico – chegou ao Brasil juntamente com os escravos • Distribuição geográfica: o Estreita relação entre a presença de áreas de média e alta endemicidade e a presença de Biomphalaria glabrata – na ausência dos caramujos Biomphalaria a doença não ocorre o Straminea e tenagophila estão presentes mais ao sul do Brasil, e não são tão bons hospedeiros intermediários como o glabrata • Presença e expansão da esquistossomose: o Clima de país tropical o Altas TE e luminosidade intensa o Contaminação fecal humana das coleções aquáticas o Esgotos domésticos que desembocam diretamente nos criadouros de molusco o No nordeste as chuvas ocasionam o surgimento de inúmeros criadouros o Condições socioeconômicas precárias o Migrações internas o Caramujos potencialmente transmissores o Disseminação de espécies de Biomphalaria suscetíveis o Projetos de piscicultura e “pesque-pague” • Fatores ligados a população humana: o Idade – mais jovens apresentam a maior prevalência e as cargas parasitárias mais altas o Raça – menor incidência de formas graves da doença na raça negra o Atividades recreativas e profissionais – banhos de lagoas, trabalhadores de plantações irrigadas; lavadeiras • Imunidade protetora em populações: o Em áreas endêmicas balanço positivo de IgE com relação ao IgG4 nas populações conferem maior resistência a reinfecção • Vacinação o Vacina produzida na Fiocruz • Tratamento: o Oxamniquina (inibição da síntese de DNA e síntese proteica pelo verme) o Praziquantel (destruição do tegumento e exposição dos parasitas ao sistema imunológico) Profilaxia: • Diagnóstico e tratamento da população • Saneamento básico • Combate aos caramujos • Evitar banhos de lagoas • Campanhas educacionais Quadros clínicos da esquistossomose: • Fase aguda (inicial) o A penetração das cercárias pode acompanhar-se de dermatite, com exantema, prurido ou manifestações alérgicas locais; as lesões aumentam com o tempo; na remissão do quadro clínico a dor diminui, as lesões diminuem de tamanho, e em cerca de 2/3 semanas o indivíduo está livre da dermatite o O quadro é dito forma toxêmica da esquistossomíase; mas nem sempre está presente
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