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Contração do músculo liso Fisiologia Categorização de tipos de músculo liso: • Pela localização: o músculo liso pode ser dividido em seis grupos principais: vascular (paredes dos vasos sanguíneos), gastrintestinal (paredes do tubo digestório e órgãos associados, como a vesícula biliar), urinário (paredes da bexiga e dos ureteres), respiratório (vias aéreas), reprodutivo (útero das fêmeas e outras estruturas tanto em machos quanto em fêmeas) e ocular (olhos) • Pelo padrão de contração: o músculo pode alternar entre estados de contração e relaxamento ou se manter continuamente contraído. Os músculos que sofrem ciclos periódicos de contração e relaxamento constituem os chamados músculos lisos fásicos. (ex: esôfago se contrai somente com a passagem de alimento; parede intestinal, com contração rítmica). Os músculos que permanecem contraídos de forma contínua são os músculos lisos tônicos. (ex: esfincteres do esôfago e da bexiga urinária; fecham a abertura de uma víscera oca; relaxam quando é necessário permitir que o conteúdo entre ou saia da víscera) • Pelo modo de comunicação entre células vizinhas: músculo liso unitário - células estão conectadas eletricamente por junções comunicantes e contraem como uma unidade coordenada (ex: vísceras); no músculo liso multiunitário, as células não estão ligadas eletricamente, e cada célula muscular funciona de modo independente (controle fino da contração) (ex: musculatura da íris e ciliar do olho; parte do trato reprodutor masculino; útero). Cada célula muscular individual está intimamente associada a um terminal axonal ou à varicosidade • Obs.: os genes que codificam as proteínas conexinas das junções comunicantes são ativados pela influência dos hormônios da gestação. A adição de junções comunicantes às células musculares do útero permite a sincronização dos sinais elétricos, fazendo a musculatura uterina contrair de modo mais eficaz durante o trabalho de parto. Variação do músculo liso: • Os músculos lisos precisam operar em uma faixa de comprimentos, pois são encontrados principalmente nas paredes dos órgãos ocos e dos tubos, a maioria dos quais expande e contrai durante o enchimento e o esvaziamento (em contrapartida, a maioria dos músculos esqueléticos está ligada aos ossos e opera com pequena variação de comprimentos); o m. liso pode encurtar até 80% do seu comprimento (se contraindo mais que o m. e. esquelético) • Em um mesmo órgão, as camadas de músculo liso podem estar dispostas em diferentes direções. A contração de diferentes camadas modifica a forma do órgão. Às vezes, o músculo produz força para mover o conteúdo através do lúmen de um órgão (em contrapartida, a maioria dos músculos esqueléticos dispõe-se de modo que sua contração encurta o músculo) • O músculo liso contrai e relaxa muito mais lentamente do que o músculo esquelético ou cardíaco • O músculo liso utiliza menos energia para gerar e manter um determinado grau de tensão, pois possuem a capacidade de reduzir a velocidade da miosina-ATPase para que as ligações cruzadas possam ciclar mais lentamente. Logo, a utilização de ATP é menor, em relação ao músculo esquelético. O músculo liso possui menos mitocôndrias que os estriados, logo, depende mais da glicólise para produzir ATP • O m. liso pode manter as contrações por longos períodos sem fatigar • Os m. lisos são formados por células fusiformes pequenas e mononucleadas; quando a fibra está contraída o núcleo tende a ficar espiralado • Os elementos contráteis não estão organizados em sarcômeros • A contração do m. liso pode ser iniciada por sinais elétricos, químicos ou ambos (contração muscular esquelética sempre começa com um potencial de ação na fibra muscular) • O m. liso é controlado pelo sistema nervoso autônomo (o esquelético é controlado pela divisão motora somática do sistema nervoso) • O m. liso não apresenta regiões receptoras especializadas, como as placas motoras terminais, nas sinapses do m. esquelético. O neurotransmissor é liberado pelas varicosidades do neurônio autonômico próximo à superfície das fibras musculares e simplesmente se difunde pela superfície celular até encontrar um receptor • No m. liso, o Ca++ usado na contração é proveniente do líquido extracelular e do retículo sarcoplasmático (m. esquelético, todo o Ca++ é proveniente do retículo sarcoplasmático) • O Ca++ inicia uma cascata que termina com a fosforilação da cadeia leve da miosina e a ativação da miosina-ATPase (m. esquelético, o Ca++ liga-se à troponina para dar início à contração) O músculo liso não possui sarcômeros: • A actina é mais abundante no m. liso do que no m. estriado, e está associada a tropomiosina; e a miosina é menos abundante no m. liso do que no esquelético, porém os filamentos são mais longos no liso, que pode ser mais estirado enquanto mantém a tensão ideal • O m. liso não possui troponina • Suas células possuem citoesqueleto constituído por filamentos intermediários (fornecem sustentação) e corpos densos no citoplasma e ao longo da MP. Os filamentos de actina ligam-se aos corpos densos. • As fibras do citoesqueleto que ligam esses corpos densos à MP ajudam a manter a actina em seu devido lugar. As fibras proteicas na MEC ligam as células musculares lisas de um tecido entre si e transferem a força da contração de uma célula para as células vizinhas. • A disposição do retículo sarcoplasmático do m. liso é menos organizada do que no músculo esquelético; não possui túbulos T, mas há invaginações da membrana, as cavéolas A fosforilação da miosina controla a contração: • Uma elevação citosólica de Ca++ inicia a contração; ele liga-se a calmodulina (proteína); o complexo cálcio-calmodulina ativa a cinase da cadeia leve da miosina (MLCK); A MLCK fosforila as cadeias leves nas cabeças da miosina e aumenta a atividade da miosina-ATPase.; as ligações cruzadas ativas da miosina deslizam ao longo da actina e geram tensão muscular • A desfosforilacão da cadeia leve da miosina pela enzima fosfatase da cadeia leve da miosina (MLCP) diminui a atividade da miosina-ATPase. A miosina desfosforilada pode permanecer em um estado de contração isométrica (estado de tranca), que mantém a tensão muscular com um consumo mínimo de ATP. Resulta na capacidade do m. liso de sustentar a contração sem entrar em fadiga. • No processo de relaxamento da fibra muscular, Ca++ livre é removido do citosol quando a bomba de cálcio ATPase o bombeia de volta para dentro do RS • Na ausência do cálcio, a calmodulina vai junto com o Pi; e na ausência do complexo cálcio-calmodulina, a MLCK se torna inativa, e a MLCP desfosforila a miosina; atividade da miosina-ATPase diminui e o m. relaxa A MLCP controla a sensibilidade ao cálcio: • Se a atividade da MLCP aumentar, a miosina-ATPase é desfosforilada, e a força contrátil diminui, mesmo que a [Ca++] não tenha mudado. Diz-se que o processo de contração está dessensibilizado para o cálcio – ele é menos efetivo para produzir a contração; moléculas sinalizadoras que diminuem a atividade da MLCP tornam a célula mais sensível ao Ca++, e a força contrátil aumenta, sem alteração na [Ca++] O cálcio inicia o processo de contração: • A liberação de Ca++ pelo RS é mediada por um receptor de rianodina (RyR), um canal de liberação de cálcio, e por um canal receptor de IP3, que ao se abrirem fazem com que cálcio flua para o citosol • O canal RyR abre-se em resposta ao Ca++que entra na célula (LCIC). Canais dependentes de IP3 abrem quando receptores acoplados à proteína G ativam as vias de transdução de sinal da fosfolipase C. O trifosfato de inositol (IP3) é um segundo mensageiro produzido nessa via. • Os canais de Ca++ dependentes de voltagem abrem-se em resposta a um estímulo despolarizante; canais de cálcio operados por receptor se abrem em resposta à ligação deum ligante e permitem a entrada de cálcio suficiente na célula para induzir sua liberação pelo RS; algumas células musculares lisas, como as de vasos sanguíneos, contêm canais de Ca++ ativados pelo estiramento que se abrem quando uma pressão ou outra força deforma a MP (contração miogênica) Tipos de músculo liso com potenciais de membrana instáveis: • Muitos tipos de m. liso apresentam potenciais de membrana durante o repouso que variam entre --40 e -80 mV (ondas lentas) • As células que exibem despolarização e repolarização cíclicas de seus potenciais de membrana têm potenciais de ondas lentas; ao atingir o limiar, o P.A. é disparado • Potenciais marca-passo: potenciais de membrana oscilantes que têm despolarizações regulares, e sempre atingem o limiar e disparam um P.A.. • Esses potenciais se devem a canais iônicos na MP que abrem e fecham espontaneamente Sinais químicos influenciam atividade do músculo liso: • Muitos m. lisos estão sob o controle das divisões simpática e parassimpática do SNA. Outros, como os nos vasos sanguíneos, estão sob o controle tônico de apenas uma das divisões autonômicas. No controle tônico, a resposta é graduada, aumentando ou diminuindo a quantidade de neurotransmissor liberada sobre o músculo. • Um sinal químico pode ter diferentes efeitos em diferentes tecidos, dependendo do tipo de receptor ao qual se liga • A maioria dos neurotransmissores e hormônios que controlam o m. liso se liga a receptores acoplados à proteína G. Os sistemas de segundos mensageiros, então, determinam a resposta muscular: o IP3 ativa a contração, e o AMPc promove o relaxamento. • Sinais parácrinos liberados localmente também podem alterar a contração do m. liso. Ex: a asma é uma condição na qual a musculatura lisa das vias aéreas contrai em resposta à liberação de histamina. Essa constrição pode ser revertida pela administração de adrenalina, um neuro-hormônio que relaxa o músculo liso, dilatando as vias aéreas • Óxido nítrico (EDRF) é um gás sintetizado pelas células endoteliais dos vasos sanguíneos e relaxa a musculatura lisa adjacente, a qual regula o diâmetro dos vasos sanguíneos • Uma vez que diferentes sinais podem atuar sobre uma fibra muscular lisa simultaneamente, as células musculares lisas atuam como centros de integração. Ex: os vasos sanguíneos recebem mensagens de 2 fontes distintas: uma sinalizando a contração, e outra, o relaxamento
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