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Dissertação sobre livro do Chang

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Dissertação sobre livro do Chang: Chutando a Escada
 O livro em questão se trata de um autor coreano que analisa por meio de perspectivas históricas como se deu o desenvolvimento de alguns países, valendo ressaltar a descentralização de argumentos por parte do autor, que retira bastante o foco dos países pilares do estudo por parte do curso de economia e frequentemente utilizados como parâmetros para discussões muitas vezes acaloradas no que diz respeito às políticas econômicas.
 Em primeiro lugar nessa análise crítica, podemos ressaltar que assim como nos textos lidos anteriormente que se tratavam do consenso de Washington, o livro do Chang também carrega consigo uma parcela gigantesca de generalização, algo que critiquei nos textos ortodoxos generalistas, mas também devemos criticar na obra de Chang, caso contrário ocorre apenas a politização do conteúdo e não a verdadeira análise crítica do mesmo. Para começo de análise, o nome da obra é “Chutando a escada”, o que faz uma referência aos países ditos desenvolvidos utilizarem de artifícios muitas vezes com intervenção estatal pesada para atingir um desenvolvimento econômico, mas depois “mudam de ideia” e decidem encorajar os países subdesenvolvidos a adotarem posturas diferentes dos ditos cujos, com objetivo de sabotá-los e evitar a concorrência com status de desenvolvido. Tal premissa de Chang, embora bem apoiada pelos Heterodoxos de uma maneira ampla, em especial a linha desenvolvimentista de Cambridge, possui problemas consistentes em sua premissa. Inicialmente vale ressaltar que, para alguém querer “sabotar” os demais países, partimos do princípio que eles sabem o que é correto para se fazer, mas ainda que se saiba o “correto”, decidem influenciar os países subdesenvolvidos a fazer o “incorreto”, com possível objetivo fazer com que os mesmos não se desenvolvam. Mas, para concordar com tal premissa, vamos ao oposto do que foi falado nas dissertações sobre o Consenso de Washington, no qual enfatizamos a necessidade de cada país adotar suas políticas, seus ideais e buscar o amplo desenvolvimento econômico com “suas próprias pernas”, inclusive, frisamos que desenvolvimento não é uma simples receita de bolo que basta seguir e o mesmo dará sempre certo, para desenvolver economicamente passamos por percalços que são inerentes a algumas sociedades específicas, de modo que para uma devida resolução desses problemas se faz necessário análises individuais de cada país, sem que se haja uma pressão externa. O ponto é que o Chang, ao se opor aos economistas do Consenso de Washington, não o faz pensando na individualidade de cada povo, mas sim tenta pôr em pauta o oposto do que foi dito pelos ortodoxos, se valendo da dicotomia que percorre toda a sociedade ocidental (embora ele mesmo seja coreano). No mundo ocidental, em todos os aspectos as pessoas buscam Heróis X vilões, Bom x Ruim, Certo X Errado, pautando pessoas e, sobretudo, ideologias como se fosse Preto ou Branco, se esquecendo que, na prática, as pessoas e ideologias na realidade são Tons de Cinza se podemos assim dizer.
 Outro ponto que pode ser abordado é a querer tornar os países desenvolvidos vilões, por quererem travar o desenvolvimento dos países pobres. Mas voltando um pouco no tempo, na própria história mundial como Chang mesmo gosta de pontuar, a Inglaterra foi considerada a Rainha dos Mares por diversos anos, o que cria um precedente de defesa, portanto, significa que a mesma era ameaçada por seus rivais, mas precisou passar por cima disso para atingir a revolução Industrial, dando o verdadeiro “start” do capitalismo, mas não por vontade de seus oponentes, mas por uma supremacia naval e de todo o exercito inglês. Atualmente, fala-se que os países desenvolvidos sabotam o desenvolvimento dos países em desenvolvimento, mas nos esquecemos que na hora da Inglaterra se desenvolver, a mesma também possuía inimigos poderosos, mas precisou lidar com isso e tornar possível seus processos de desenvolvimento. O que quero dizer é que antigamente quando esses países se desenvolveram, os mesmos criaram a possibilidade de desenvolvimento passando por cima de qualquer obstáculo que estivesse no caminho, tornando possível a caminhada, mas hoje em dia, meia dúzia de palavras e já se considera uma trava ao desenvolvimento. Passando pelo ponto de vista do próprio Chang, se isso é o correto a se fazer que se vá em frente, não aceite dicas, criem seu próprio caminho, tornando possível o processo. Se houver ameaça? Bate de frente, assim como fez a Inglaterra quando precisou. O melhor exemplo a ser usado nesse ponto de vista é a China, o “gigante asiático” com um dos crescimentos econômicos mais avassaladores já vistos, tudo possível graças à Deng Xiaoping, líder chinês que criou as bases do que hoje chamamos de China atual e tornou possível esse crescimento substancial. A comparação com a Inglaterra vêm justamente daí, o país acreditou em um modelo de desenvolvimento (ninguém os forçou a isso), focou em se desenvolver nesses moldes e hoje é um dos líderes mundiais no que diz respeito à tecnologia (mensurador do grau de desenvolvimento de um país), mas cabendo ressaltar que a China não utilizou a premissa liberal ortodoxa de desenvolvimento, mas também foi longe de um ideal típico heterodoxo ao qual defende Chang, os mesmos criaram as bases de seu desenvolvimento, de forma embrionária tal qual mais tarde foi considerado uma economia ímpar no mundo, sem possibilidade de comparação de seu sistema econômico com qualquer outro, mas obviamente durante o processo, alguns outros países tentaram barrar o desenvolvimento Chines tal qual propõe Chang, mas os asiáticos desenvolveram exércitos, economia e sociedade para bater de frente com qualquer um que quisesse travar seu desenvolvimento, sem precisar de ficar somente reclamando que “os outros estão nos sabotando”, eles lidaram com isso e hoje colhem os frutos, enquanto outros países reclamaram, reclamam e vão apenas continuar reclamando por toda a eternidade.
 Um exemplo clássico que podemos inserir ao falar sobre a China é 2019, ainda durante o governo americano de Donald Trump, onde os EUA, símbolo do capitalismo e do “liberalismo mundial”, estava impondo tarifas a produtos de diversos países, em especial para os Chineses, com o intuito de barrar o avanço Chinês pelo mundo, ou seja, mesmo na atualidade os EUA (como qualquer país no mundo), não são tão liberais como aparentam ser, mesmo atualmente não precisando de ainda se desenvolver. O mais curioso disso tudo é que a China, que deveria ser o símbolo de intervenção estatal mundial, foi a OMC reclamar da política americana de protecionismo que foi imposta. Isso significa que Trump era heterodoxo e se pautava pela intervenção estatal? Não. O mesmo, internamente, diminuiu uma série de impostos para empresas e pessoas físicas e fez diversas medidas no intuito de liberar a economia americana internamente, totalmente contrário ao pregado por heterodoxos, ao mesmo tempo que os Chineses também não se pautam pela liberdade econômica interna de forma geral, os mesmos possuem regulações consistentes internamente, de forma que o estado atue muito mais consistentemente na Economia interna Chinesa (ainda que muito menos que o Brasil por exemplo. Prova disso? Não existe sistema de saúde pública na China). Portanto, esse episódio serve para nos mostrar a complexidade de uma eventual rotulação de quem quer que seja, tanto do ponto de vista ideológico como meramente econômico, nenhum país segue um processo intervencionista irrestrito como também não há uma liberdade econômica irrestrita, havendo apenas diferentes relações de simbiose ideológica nos países, alguns mais voltados a determinada ideologia e outros voltados a outras, mas o importante é haver a liberdade para cada país tomar suas decisões pautadas nas especificidades de cada local, já que algumas características sejam culturais ou populacionais não possuem similaridade entre os países. Chang cita o exemplo da Suécia como um país que segueos seus ideais, mas vale ressaltar que o desenvolvimento econômico Sueco possuiu como base um modelo macroeconômico construído por eles mesmos, de forma a incorporar o máximo possível das peculiaridades daquele local, dando o máximo de liberdade possível para o desenvolvimento daquele país. Inclusive tal modelo macroeconômico não é ensinado na grade curricular Brasileira, até porque é algo que não foi feito para cá. A Suiça também possui diversas diferenças com o restante dos locais, em especial seu processo político, já que a mesma não possui apenas um chefe de governo, mas 5 deles, cada um representando um “cantão” (uma espécie de região), portanto, aquele país carrega características únicas, que foram incorporadas a economia local e contribuem para seu desenvolvimento, inclusive com atualmente se tornando uma das moedas mais fortes do mundo, o Franco suíço.
 Podemos concluir como diria Nelson Rodrigues, “toda generalização é burra”, toda forma de tentar unificar as populações, culturas e etc tendem ao fracasso, cabendo portando dar espaço a cada país tomar suas próprias decisões no que diz respeito a tudo. Será somente coincidência que nenhum país na América latina ter se desenvolvido, independente de como eles lidam com sua economia? Vale lembrar que existem desde países com intervenção estatal elevadíssima na região, quanto países livres e até mesmo considerados paraísos fiscais como Curaçau, mas nenhum deles desenvolvidos. Falta o principal, falta a liberdade e a consciência para cada país individualmente pesquisar e descobrir como desenvolver, sem querer copiar fórmulas mágicas internacionais, sejam elas quais forem.

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