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APENDICITE AGUDA ● Anatomia do apêndice ● Fisiopatologia ● Quadro clínico ● Mecanismo da dor abdominal na apendicite ● Exame físico ● Diagnóstico/ diagnósticos diferenciais ● Situações especiais - crianças, idosos e gestantes ● Tratamento - vias de acesso/ laparoscopia ● Uso de ATB ● Dieta no pós-operatório ● Tumorações do apêndice ● Doença de Crohn x Apendicite aguda DEFINIÇÃO - é uma inflamação agd do apêndice vermiforme - decorrente da obstrução do lúmen do apêndice (por fecalito, fezes normais, agentes infecciosos ou hiperplasia linfoide) ANATOMIA - artéria apendicular - ramo da art ileocólica → supre o apêndice - histologia → cels caliciformes → produzem muco espalhadas por td mucosa - comprimento varia de 2 a 20 cm, médio em adultos 9 cm - local mais comum -> retrocecal - variedade de localizações da ponta do apêndice - vasos linfáticos drenam para os linfonodos ileocólicos anteriores. - É um pequeno órgão tubular de fundo cego localizado a aproximadamente 2 cm abaixo da válvula ileocecal - diferentes posições, entre as quais as mais importantes: retrocecal, pélvica, pré-ileal, pós-ileal e paracecal. - localização anatômica do apêndice segue a seguinte distribuição: retrocecal (20,1 a 65,3%), pélvica (3,7 a 78,5%), paracecal (0 a 12,3%) e pré-ileal ou pós-ileal (1,2 a 50,9%). ETIOLOGIA - obstrução do lumen → principal causa - fecalito (massa rígida de matéria fecal), fezes normais ou hiperplasia linfoide → principais causas de obstrução FISIOPATOLOGIA - O lúmen distal à obstrução começa a encher-se de muco e age como uma obstrução de curva fechada → distensão e aumento das pressões intraluminal e intramural - doença evolui → bactérias presentes no apêndice se multiplicam rapidamente (Bacteroides fragilis e Escherichia coli) - distensão do lúmen do apêndice → anorexia reflexiva, náuseas e vômitos e dor visceral - pressão do lúmen excede a pressão venosa → forma trombos nas pequenas vênulas e nos vasos capilares, mas arteríolas permanecem abertas → ingurgitamento e congestão do apêndice - processo inflamatório envolve a serosa > peritônio parietal na região → dor no QID - após as arteríolas estarem trombosadas → área na borda antimesentérica torna-se isquemica → infarto e perfuração - as bactérias atravessam a parede lesada → ocorre a formação de pus (supuração) no interior e ao redor do apendice - obstrução apendicular por fecalitos (massas fecais duras), cálculos, hiperplasia linfoide, processos infecciosos e tumores benignos ou malignos → natureza anatômica do apêndice favorece o quadro (sua luz é pequena em relação ao seu comprimento). - lúmen obstruído favorece o crescimento bacteriano e a secreção da mucosa favorece pressão sobre a luz - é a distensão da luz que promove a dor visceral → referem como dor periumbilical ou visceral mal definida. - quando a inflamação ultrapassa a serosa e entra em com o peritônio parietal → ocorre estimulação da inervação aferente parietal → padrão da dor é mudado → característico da apendicite aguda, para uma dor localizada na fossa ilíaca direita de forte intensidade, podendo se correlacionar dor à descompressão brusca (sinal de Blumberg), indicando assim uma peritonite associada. - obstrução do apêndice é a causa da apendicite, a obstrução leva ao aumento da pressão luminal e intramural → trombose e oclusão dos pequenos vasos na parede apendicular e estase do fluxo linfático. - comprometimento linfático e vascular progride, a parede do apêndice se torna isquêmica e depois necrótica→ evoluir para perfuração caso não ocorra intervenção cirúrgica nas primeiras 48h. - omento e o intestino delgado podem bloquear a perfuração→ é formado um abscesso localizado. - menos comum, a perfuração pode ser livre na cavidade peritoneal → formação de diversos abscessos intraperitoneais e choque séptico. - flora no apêndice normal é semelhante à do cólon, com várias bactérias aeróbicas e anaeróbicas facultativas. - natureza polimicrobiana da apendicite perfurada → Escherichia coli, Streptococcus viridans e espécies de Bacteroides e Pseudomonas são frequentemente isolados, e muitos outros QUADRO CLÍNICO - dor abd, referida, intensidade moderada, periumbilical + nauseas e anorexia - dor geralmente se inicia na região abd periumbilical e posteriormente (1 a 12h) migra p/ QID - dor constante, em cólicas abd intermitentes e piora com movimento e tosse - dor local pode variar dependendo da posição do apêndice: - ap. retrocecal → dor no flanco ou costas - ap. retroileal → dor testicular, devido a irrigação da art espermática ou do ureter - ap. pélvico → dor suprapúbica - ap. longo com inflamação na ponta localizado no QIE→ dor nessa região - anorexia - nauseas e vomitos - ponto de McBurney (limite entre ⅓ médio e lateral - linha da espinha ilíaca anterossuperior dir a cicatriz umbilical) EXAME FÍSICO - febre (mais tardio) - dor à palpação no QID (ponto de McBurney) - Blumberg - dor no QID após compressão do DIE - sinal de Rovsing - dor ao se deitar em DLE e estender lentamente a coxa direita p/ alongar o musc iliopsoas - sinal do Psoas - dor pela rotação interna da coxa dir flexionada - sinal do obturador - ruídos hidroaéreos reduzidos (lado direito) - se perfurado → hipotensão, taquicardia, abd tenso e distendido, contração muscular generalizada e ausencia de RHA - massa palpável se perfuração contida pelo omento → abscesso periapendicial - sintomas inespecíficos → indigestão, flatulências, alterações do hábito intestinal, diarreia, mal estar generalizado - se perfurado → 2 apresentações - perfuração bloqueada → qnd abscesso é formado → queixa de desconforto em FID e plastrão (massa palpável) - perfuração livre → dor de grande intensidade, aspecto difuso, abd em tábua com rigidez generalizada e febre→ pode evoluir com sepse - dor pode melhorar um pouco após a ruptura do apêndice por causa de alívio da distensão visceral - outros sintomas → relação com a posição da ponta do apêndice inflamado → se for próximo a bexiga → hematúria microscópica e manifestações urinárias. - pct imóvel no leito DIAGNÓSTICO - CLÍNICOOO (anamnese + exame físico) - cronologia → dor abdominal difusa anorexia, vômito e náusea migração da dor p/ a FID ● Exames complementares - não devem atrasar a intervenção cirúrgica - Hemograma → leucocitose com neutrofilia aumentado, desvio a esquerda. Se gangrena + perfuração → > 20 mil - EAS → se ponta do apêndice próximo a bexiga e ureter→ hematúria e/ou piúria - Rx simples de abd → fecalito calcificado em FID, excluir litíase urinária, úlcera perfurada e obstrução de ID - TC abd e pelve → espessamento e distensão do apêndice, diâmetro anteroposterior >/= 7mm e inflamação periapendicular (edema, coleção líquida e edema), borramento da gordura mesentérica - US de abd → presença de líquido livre, apendicolito, paredes espessadas, não compressível - RM abd → grávidas → apêndice cheio de líquido e aumentado (> 7 mm de diâmetro ● Índice de ALVARADO (MANTRELS) - qnt mais alto o índice → maior a chance de ter apendicite agd M - migração da dor p/ QID - 1pnt A - anorexia - 1 pnt N - nauseas e vomitos - 1 pnt T - sensibilidade no QID - 2 pnts R - dor a descompressão brusca - 1 pnt E - elevada temperatura - 1 pnt L - leucocitose (10-15 mil)- 2 pnts S - desvio da contagem leucocitária p/ a esq - 1 pnt - valor no escore maior que cinco ou seis pontos é compatível com apendicite e o paciente deve permanecer em observação - valor é maior que sete ou oito pontos indica maior probabilidade de apendicite (laparotomia) - valor de nove ou dez pontos é compatível com alta probabilidade da doença (laparotomia) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TRATAMENTO - Objetivo do tto → remover o apêndice infectado - ATB pré-operatórios cobrem a flora colônica aeróbica e anaeróbica ● NÃO COMPLICADO - adm IV de ringer lactato - adm atb IV - cefoxitina - reduz risco de infecção da ferida - dose única - apendicectomia realizada imediatamente ● COMPLICADO - gangrena com perfuração subsequente ou abscesso intra-abd - manejo inicial → IV ringer lactato - adm imediatade atb IV - cefoxitina, ticarcilina/ácido clavulânico ou piperacilina/tazobactam + continuar até n ter mais febre e leucocitose corrigida (pós operatório) - infecções mais graves → atb carbapenemico como agente único - peritonite agd → apendicectomia imediata - abscesso no QID → atb IV + drenagem - se melhora clínca e sinais e sintomas remitirem completamente→ não precisa de apendicectomia tardia - apendicectomia tardia → após 6 sems se os sintomas não resolvidos completamente → OPÇÕES CIRÚRGICAS ● Aberta - abordagem mais segura em gestantes - incisão transversa do QID (no ponto de McBurney) → Davis-Rockey - incisão oblíqua → McArthur-Rockey. - Após a abertura do peritônio, o apêndice inflamado é identificado por consistência firme → fio absorvível é colocado em torno da base do apêndice, e o mesmo é clampeado, seccionado e ressecado → sutura em bolsa de tabaco com fio absorvível ou uma sutura em Z em torno da parede cecal e o coto apendicular é sepultado no fundo do ceco. - base do apêndice e o ceco adjacente estiverem extensamente solidificados → ressecção ileocecal. - incisão cirúrgica é fechada primariamente na maioria dos casos → taxa de infecção da ferida operatória é inferior a 5%. ● Laparoscópica - resultados estéticos melhores - menor duração da internação hospitalar → recuperação + rápida - dor pós-operatória reduzida - menor risco de infecção de feridas - recomendada para apendicite não complicada, complicada e perfurada - abordagem mais segura em obesos - em crianças → laparoscópica diminui incidência de complicações pós-operatórias gerais, infecção da ferida, duração total da internação hospitalar - uma porta de 10 mm no umbigo > porta de 5 mm na região suprapúbica na linha média > porta de 5 mm a meio caminho do trajeto entre as 2 1ªs portas e à esquerda do músculo reto do abdome. - laparoscópio de 5 mm e óptica de 30 graus é orientado para a porta central - posição de Trendelenburg + inclinado p/ o lado esquerdo→ apêndice pinçado → mesoapêndice é seccionado com bisturi harmônico de 5 mm ou Liga-Sure, ou entre clipes, dependendo da espessura - envolve o apêndice com um ou dois Endoloops absorvíveis na base do apêndice → colocam um 3º Endoloop (≈ 1 cm distalmente) e seccionamos o apêndice. - base está endurada e friável → grampeador endoscópico de 30 mm para seccionar o apêndice. - apêndice é colocado em uma bolsa e removido pela porta da cicatriz umbilical. - fáscia a 10 mm do local do trocarte é suturada, e todas as feridas são fechadas primariamente. - pacientes, prescreve-se uma dieta sem restrições e medicamento oral após a intervenção cirúrgica. - maioria dos pacientes com apendicite não perfurada recebe alta 24 horas após o procedimento COMPLICAÇÕES SITUAÇÕES ESPECIAIS ● CRIANÇAS - quadro atípico - letargia, febre alta, vômitos intensos e diarreia frequente - diagnóstico geralmente é tardio e a progressão do processo inflamatório é mais rápida que o comum, com taxa de perfuração entre 15% e 65%, maior que no adulto. - omento ainda não está formado por completo e não auxilia na contenção da perfuração e a peritonite generalizada é mais frequente. - maior morbimortalidade. ● IDOSOS - apresentação é atípica. - Temperatura menos elevada e a dor no abdome é mais insidiosa. - incidência de perfuração é ainda maior que na criança - maior mortalidade. ● GESTANTES - emergência extrauterina mais comum - frequência maior nos dois primeiros trimestres - útero gravídico descola o apêndice superior e lateralmente→ dificulta o diagnóstico - gestante pode apresentar dor em hipocôndrio direito, por exemplo, se estiver com apendicite aguda - gestação possui sintomas semelhantes como náuseas e vômitos. - leucocitose é comum em grávidas. - diagnóstico é tardio e mais chances de complicações. - intervenção cirúrgica mais indicada no segundo trimestre é a videolaparoscópica. - outros períodos, utiliza-se a abordagem aberta.
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