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Duda Luizeto Apendicite Aguda • Principais causas de AA inflamatório: apendicite aguda e colecistite aguda • É um órgão imunológico que ativamente secreta imunoglobulina A − As três tenias se confluem no apêndice − A apendicite clássica está perto da fossa ilíaca direita − Também pode ser retro peritoneal (atrás do peritônio e do ceco) tendo uma manifestação parecida com dor lombar e inclusive tendo jordano positivo. − Histologia: vários folículos linfoides na mucosa O pico da formação é entre 12 e 20 anos = pico da apendicite aguda (quanto mais folículos, maiores as chances da apendicite aguda) Após 30 anos redução dos folículos pela metade • Emergência cirúrgica mais comum • Variações anatômicas: − Anteriores são de mais fácil diagnostico que os posteriores − Local mais comum: fossa ilíaca direita, mais precisamente no ponto de McBurney (linha que vai da espinha ilíaca direita antero superior até a cicatriz umbilical, ai divide a linha imaginaria em 3 partes iguais, a junção do terço médio com o terço externo é o ponto de Mc Burney) − Pode ter um ceco longo que vai estar localizado na pelve (mais manifestações pélvicas que abdominais) − Pode ter um ceco abaixo do fígado se fazendo diagnostico diferencial com manifestações hepatobiliares • Fisiopatologia (importante) − Principal causa de apendicite: obstrução do orifício apendicular Causas da obstrução: hiperplasia folicular (principal), estase fecal ou fecalitos (principal), corpos estranhos e estenoses (neoplasias) Junto a obstrução há um processo irritativo e uma hiperplasia do folículo linfoide fixando o processo obstrutivo Temos uma obstrução em alça cega (em 2 pontos): um patológico (obstrução pelo fecalito ou hiperplasia do folículo linfoide) e o outro fisiológico (no fim do apêndice existe uma produção de muco natural que é drenado pro ceco, se não for drenado, inicia-se um processo inflamatório local) − Obstrução mecânica causada por fecalitos ou hiperplasia linfoide síndrome de alça cega acumulo de muco com distensão do apendicite e aumenta da pressa dentro da luz a distensão estimula o sistema vegetativo (só responde ao estimulo químico – doença acido péptica- e ao estimulo de estiramento) dor tipo cólica, mal definida, mal delimitada (mesogastro, hipogastro, cicatriz umbilical), no andar médio do abdome, perda do apetite, náusea, plenitude A pressão intraluminal do apêndice começa a vencer a pressão das vênulas, mas a pressão arteríola esta mantida (= o sangue chega, mas tem dificuldade de retornar) apêndice congesto/edemaciado/hiperemiado FASE CATARRAL ou FASE FOCAL ou FASE INFLAMATÓRIA (somente edema) − Maior acúmulo de liquido e a maior distensão do apêndice (náuseas e vômitos mais pronunciados) meio para proliferação da flora bacteriana do colon formação de pus na parede da alça e dentro da luz do apendicite FASE SUPURATIVA Flora bacteriana do colon: gram negativo, E.coli, Kleibsiella, Proteus, gram positivo (enterococos) e anaeróbio restrito (Bacteriodes – principal) − Processo inflamatório transmural do apêndice em contato com o peritônio parietal (inervação somática da própria parede: bem definida e bem delimitada) dor localizada, secreção purulenta febre − Pressão intraluminal vence a pressão da arteríola (sangue não chega necrose e clínica de sepse FASE NECRÓTICA peritonite secundária localizada (em volta do apêndice) ou difusa (em toda cavidade abdominal) FASE PERFURATIVA Quando aparece a necrose, as bactérias mais comuns vão morrer e vai aparecer o anaeróbio restrito Na prática, você pode ter pus em qualquer fase − O abscesso ocorre pela exsudação do peritônio e por translocação bacteriana fazendo uma infecção secundária Fase catarral (sem infecção) x Fase supurativa (presença de pus na parede e dentro do apêndice) x Fase Necrótica (prsenca de necrose e do Bacteriodes) x Fase Perfurativa (grandes irritações peritoneais) Dor começa de forma vegetativa (do TGI) e evolui para dor somática (da parede abdominal) − Normalmente, 12-24 horas temos a evolução de todas as fases 4-6 horas da fase catarral para fase supurativa • Bacteriologia − Principal: Bacteriodes (anaeróbios restritos) − Aeróbicas: enterococos (normalmente não é a primeira infecção) − Gram negativos fáceis: E.coli, Proteus, Kleibsiella − Raros: morganella, citobacter, acinetobacter (infecção hospitalar) • Diagnóstico: história clínica + exame físico (indicação de cirurgia em mais de 90% das vezes) − É necessário o desenvolvimento de habilidades clínicas para fechar o diagnóstico − Diagnóstico de apendicite é cirúrgico! A indicação da cirurgia é para o abdome agudo − Morbimortalidade está intimamente relacionada com o tempo de evolução − Apendicite catarral: Pouca manifestação abdominal, porque o processo inflamatório está localizado no apêndice Dor a palpação da fossa ilíaca Inicialmente é uma dor mal definida, mal delimitada, localizada (mesogastro, hipogastro, cicatriz umbilical) dor vegetativa (origem visceral) Náuseas (pelo estiramento da dor), vômitos ocasionais, perda do apetite, anorexia, raramente tem febre 。 As alças migram para a área do processo inflamatório na tentativa de restringi-lo e acabam se tornando paréticas. Com isso, há parada da eliminação de gases e fezes − (Fase supurativa) Posteriormente, quando o processo inflamatório-infeccioso atinge todo o apêndice havendo presença de pus e por contiguidade chega na parede, a dor vai se localizar a dor passa a ser somática, anorexia pronunciada, febre baixa (38 graus) − (Fase necrótica) Com o aparecimento da necrose, a clinica fica mais evidente, aparecendo a peritonite secundaria (pus periapendicular ou difusa na cavidade) − Futuramente, a parede pode perfurar devido ao aumento da pressão na parede necrótica fragilizada que acaba se rompendo − Características dos sintomas: Dor abdominal atípica em 45% dos pacientes Náuseas de 9 para 10 pacientes vômitos variáveis Paciente de 15 anos com dor que se iniciou no hipogastro, depois foi para a cicatriz umbilical e agora está na fossa ilíaca direita. Começou uma febre baixa, náuseas e vomito − Diagnóstico clínico versus localização variável − Exame físico: Hiperestesia local Ponto de McBurney Hiperestesia de rebote Defesa muscular Elevação de temperatura até 38 graus Sinal de Rovsing – hiperestesia da fossa ilíaca direita de rebote a compressão da fossa ilíaca esquerda Exame ginecológico: desvio do útero para o lado direito, dor a mobilização do colo do útero Toque retal: dor na palpação a direita Jordano positivo Sinal de Bloomberg Paciente parado com flexão da perna (musculo psoas empurra o apêndice) Plastão: alças bloqueando o apêndice inflamado (pode ser palpado) − Exame físico na fase avançada Defesa muscular aumenta com progressão do processo inflamatório Massa palpável em fossa ilíaca direita Flexão do quadril direito Paciente evita o movimento Elevação de temperatura e pulso Sinal do psoas (dor a extensão e flexão da perna) e obturador positivo (dor a flexão lateral da perna) 。 Paciente chega mancando Hiperestesia de rebote acentuada Toque retal Sinal de Lennander: dissociação axilo-retal maior que 1 grau − Exames complementares Laboratoriais: hemograma completo, amilase (DD para pancreatite, úlcera perfurada, infarto mesentérico), EAS, Bhcg/TIG 。 Leucocitose na casa de 14.000 (presença de processo inflamatório) com desvio para direita se tiver acima de 16.000 (grandes leucocitoses), não é apendicite ou é sua complicação 。 Amilase: infarto mesentérico e úlcera perfurada (<3x o valor normal), pancreatite (>3x o valor normal) 。 EAS: piuria (processo inflamatório do apêndice atinge o ureter). A pielonefrite simula a apendicite aguda Imagem: rotina radiológica de AA, USG de abdome (cálculo de vesícula biliar, presença de massas, abscessos, plastão), RNM de abdome, laparoscopia,TC (exame de maior acurácia para diagnostico pre operatório) 。 Os exames de imagem como USG, TC e laparoscopia, a taxa de diagnóstico de apendicite incorreta permanece constante, bem como a taxa de complicação. A porcentagem de diagnósticos incorretos é significativamente maior entre mulheres do que entre homens 。 RX: sinais indiretos, velamento da linha do músculo psoas, “alça sentinela” na fossa ilíaca direita, penumoperitonio local discreto (raro, indica perfuração do apêndice) 。 USG: apendice inflamado (fundo cego, imóvel, não compressível, lumen anecoico, mucosa ecogênica e parede muscular espessada e hipoecoica, diâmetro do apendice >6mm), imagem “alvo” no corte transversal(luz do órgão circundado pela parede espessada, presença de coleções líquidas 。 TC: distensão (diâmetro >6mm), espessamento, densificação da gordura periapendicular e realce da parede do órgão e mostra com precisão presença de coleções e abscesso associados. Pode estar normal na fase catarral − Escala de Alvarado Dor migratória: iniciou vegetativa e se tornou somática • Diagnóstico diferencial − O DD de apendicite aguda é basicamente o diagnóstico de abdome agudo. O quadro clínico praticamente idêntico pode ser resultado de uma variedade de processos agudos dentro da cavidade peritoneal, que produzem as mesmas alterações funcionais de apendicite aguda − Adenite mesentérica: mais comum em crianças, história prévia de IVAS − Distúrbios ginecológicos: DIP, ruptura de folículo de Graff (dor da ovulação), cisto de ovário torcido, gravidez ectópica rompida − Gastroenterite aguda • Formas clínicas distintas: − Diarreia: criança e idoso − O omento maior não está totalmente desenvolvido na criança, por isso, o pus se torna difuso mais fácil (peritonite difuso) − Paciente idoso possui outras comorbidades e queixas (demora mais tempo para procurar o hospital), não possui clínica exuberante. Podemos pedir uma TC precoce − Na gestante, a apendicite é um dos principais diagnósticos não obstétricos de AA. O ceco pode ser empurrado até a região sub hepática pelo útero. Diagnóstico cirúrgico. A TC não é contra indicada nesse caso, porque o risco de você deixar a apendicite e/ou a peritonite é maior − Lactentes e crianças: sintomas exacerbados e confusos − Mulheres jovens: laparototomias brancas em 30-40% − Gestantes: indução ao parto prematuro no terceiro trimestre − Idosos: mortalidade alta pela escassex de dados • Tratamento − Cirúrgico: apendicectomia (cirurgia potencialmente contaminada) Aberta: incisão de Davis-Rockey, incisão de McBurney, outras incisões Laparoscópica (padrão ouro) Paciente muito grave/ASA 4 ou 5 podemos iniciar antibiótico e esperar para operar − Antibioticoterapia: coadjuvante ao tratamento cirúrgico Função: destruir a bacteremia e as bactérias que colonizam o peritônio Tempo de tratamento: até a clínica desaparecer (ausência de febre, leucócitos <10.000 e bastão <3) 。 Quando suspende em menos de 7 dias chamamos de antibioticoterapia de curta duração 。 Tempo clássico: 7-14 dias Apendicite fase I e II (cirurgia contaminada) = antibiótico profilaxia 。 Cefoxitima: 2g na indução + 1g a cada 3 horas de cirurgia (fim da cirurgia, fim do antibiótico, mas pode manter no máximo 48 horas) 。 Ampicilina/sulbactam (3g IV) 。 Cefazolina (2g, se <120kg u 3g se >/=120kg IV) + Metronidazol (500mg IV) Apendicite fase III e IV = antibiótico terapia (presença do Bacteriodes) 。 Cefalosporina de terceira geração + metronidazol (ceftriaxona + metronidazol) 。 Cefalosporina de segunda ou terceira geração ou uma fluoroquinolona + metronidazol 。 Piperacilina-tazobactam ou ticarcilina-clavulanato • Complicações pós operatórias − Infecções do tecido sub cutâneo (frouxo) − Abscesso intra-abdominais: pélvico, inter-alcas e sub-frenico = drenagem Não tem relação com o uso de antibiótico − Fístula fecal − Pilitromboflebite: infecção do apendicite, drenagem venosa do TGI vai para a veia porta. Faz uma embolização séptica pelo sistema porta levando a formação de micro abscessos no interior do fígado. Alta mortalidade − Manuseio das complicações Infecção da ferida: abertura ampla da ferida a. Incisão de McBurney: oblíqua b. Incisão de Davis: localizada no ponto de Mc Burney. Utilizada no HUV c. Incisão de Jalaguier: paramediana pararetal externa. Não é muito utilizada, porque vai tirar a inervação do musculo reto abdominal d. Incisão mediana: indicada na dúvida diagnóstica e na presença de peritonite difusa • Tumores apendiculares − Carcinóides: maligno de baixo grau O apêndice é a localização mais comum dos tumores carcinoides Tumor produtor de serotonina (metabolizada no fígado não promovendo clínica alguma. Eliminada na urina na forma de ácido 5-DIHA) Síndrome carcinoide: rubor facial (clássico), taquicardia 。 Precisa de alta circulação de serotonina 。 A dosagem do 5-DIHA fecha o diagnóstico 。 Muita metástase hepática Cerca de metade desses tumores é descoberta durante apendicectomia para apendicite aguda Metástase hepática e síndrome carcinoide são realmente raras no tumor apendicular Os tumores carcinoides que fazem síndrome carcinoide são mais comuns no intestino delgado Os tumores carcinoides são achados cirúrgicos (nódulo de coloração acastanhada) A apendicectomia isolada é suficiente, exceto quando há envolvimento evidente de linfonodos, o tumor tem mais de 2cm de diâmetro, há elementos mucinosos no tumor (adenocarcinoide), ou o mesoapendice ou a base do ceco estão invadidos; nesses casos, recomenda-se hemicolectomia direita 。 Tumor <2 cm = apendicectomia − Adenocarcinoma (raro): A maioria é descoberta acidentalmente Anemia branda pode estar presente O adenocarcinoma mucinoso é mais comum e tem um melhor prognóstico A hemicolectomia direita é recomendada para os casos de tumor com mais de 1 cm <1cm: apendicectomia − Mucocele e Pseudomixoma peritoneal A mucocele do apêndice consiste na dilatação cística do apêndice, com seu lúmen repleto de mucina 。 Há um acumulo de muco crônico no interior do apêndice (não faz apendicite aguda) Em raras ocasiões, a mucocele é causada por uma neoplasia – cistadenoma, ou adenocarcinoma grau 1 (neoplasia mucinosa do apêndice = apendicectomia simples) A apendicectomia é o tratamento adequado em ambos os casos Se sofrer ruptura, é possível ocorrer um quadro conhecido como pseudomixoma peritoneal, caracterizado por produção difusa de mucina em toda a cavidade peritoneal, com celularidade tumoral de graus variáveis 。 O pseudomixona peritoneal se forma quando ocorre uma ruptura (espontânea ou durante a resseção) da mucocele fazendo múltiplos implantes no peritônio que fixa secretando muco Pode ser benigna (hiperplasia do folículo linfoide crônico) − Linfoma (raro): Mais comum não Hodgkin Suspeita-se em apêndices maiores que 2,5cm de diâmetro Tratamento: quimioterapia Tratamento no linfoma restrito ao apêndice: apendicectomia simples Restrito ao apêndice não há necessidade de terapia adjuvante
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