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Ana Lorena Marques 3º período - A aterosclerose consiste em um complexo processo sistêmico crônico-inflamatório que acomete a íntima de artérias de grande e médio calibre, como a aorta, as carótidas, as artérias periféricas de membros e as artérias coronarianas. - A aterosclerose é uma complexa interação entre fatores de risco ambientais, componente genético, sistema imunológico, células hematológicas e endoteliais, fatores de coagulação e mediadores inflamatórios. - A causa e consequência dessa doença é a disfunção endotelial. Ela atua perpetuando todo o continuum inflamatório através da liberação de citocinas, fatores quimiotáticos, fatores de crescimento entre outras substâncias capazes de desencadear mais lesões vasculares. ATEROSCLEROSE X ATERIOSCLEROSE - Sob condições normais, as células endoteliais resistem à adesão e agregação leucocitária e produzem fibrinólise. Já quando ativadas por mediadores inflamatórios associados à dislipidemia, à HAS, ao tabagismo, à obesidade, ao DM e a algumas infecções, as células endoteliais passam a expressar uma série de moléculas de adesão que recrutam os leucócitos. - As células espumosas, precursoras do ateroma, são resultado da ligação leucocitária às partículas de LDL oxidadas. - A formação de placas ateroscleróticas complexas e maduras, por sua vez, envolve a migração de células musculares lisas da túnica média para a íntima e a consequente produção de matriz extracelular, além de mineralização e neoformação vascular. Fatores de risco: Tabagismo; Colesterol alto; Diabetes Mellitus; HAS; Dislipidemia (colesterol elevado ou gordura no sangue); Obesidade; Sedentarismo; Estresse; Ingestão de álcool. - Ela ocorre quando há o acúmulo de LDL na túnica íntima das artérias, provocando eventos que desencadeiam uma reação inflamatória na parede da artéria. - Muitas dessas moléculas de LDL são alteradas através da oxidação (LDL-ox) e depois são captadas por macrófagos. Esse processo estimula a migração e a proliferação de células musculares lisas da túnica média para a túnica íntima e passam a produzir matriz extracelular, que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica. - Sob a ação de vários fatores inflamatórios que são liberados por essas células, há também um aumento da produção de moléculas do tecido conjuntivo, como colágenos e proteoglicanos. É o acúmulo de gordura na parede das artérias É o endurecimento da parede da artéria. Ana Lorena Marques 3º período - Os macrófagos cheios de lipídeos são chamados de células espumosas e são o principal componente das estrias gordurosas. - Com o acúmulo de lipídeos, proliferação celular e síntese aumentada de tecido conjuntivo, começa a se formar lentamente um espessamento localizado na túnica íntima, a placa de ateroma. O crescimento dessa placa reduz a luz da artéria, impedindo o sangue circular normalmente. - Gradualmente a placa aumenta de tamanho e em seu interior muitas células morrem, principalmente os macrófagos. Esse processo libera enzimas degradativas, o que eventualmente levará à ruptura da placa e a formação de trombos (coágulos de sangue). - Fragmentos da placa e do trombo podem se desprender e ocluir totalmente a luz da artéria, de modo que a área de tecido suprida ficará sem oxigênio e morrerá. Se esse evento ocorrer no coração causará um infarto do miocárdio. Relação da aterosclerose com a isquemia miocárdica: - O bloqueio da luz da artéria reduz a circulação do fluxo sanguíneo, consequentemente, a oferta de oxigênio para os tecidos. Essa diminuição de O2 para o coração é chamada de isquemia miocárdica. Suas manifestações clínicas são: Angina; Taquicardia; Dispneia aos esforços; Náuseas e vômitos; Dor ao andar; Isquemia cerebral; Fadiga; Disúria; AVC. LESÃO TIPO I: INICIAL É a iniciação da aterosclerose e caracteriza-se por macrófagos cheios de lipídeos (células espumosas) e por um aumento do número de macrófagos sem lipídeos, principalmente nas áreas de espessamento da íntima, os chamados locais de propensão à progressão. Não causam danos ao tecido e ainda não possui sintomas. LESÃO DO TIPO II: ESTRIA GORDUROSA Caracteriza-se pelo aumento do processo na lesão inicial. Possui macrófagos com pequena quantidade de lipídeos situados abaixo da superfície endotelial, macrófagos cheios de células espumosas e também CML (células musculares lisas) com lipídeos. Não provoca sintomas. LESÃO TIPO III: PRÉ-ATEROMA Quando os macrófagos e as CML perdem a capacidade de fagocitar os lipídeos, ocorrendo um grande acúmulo dos mesmos fora das células. As LDL oxidadas vão exercer plenamente seus efeitos citotóxicos. Processo tornou-se patológico. Esse acúmulo de lipídeos extracelular se faz em “pools” separados na camada musculoelástica, desloca a íntima e as CML, altera a estrutura da íntima e pode deformar sua superfície. As células espumosas ficam dispostas na íntima logo acima dos lipídeos extracelulares. É chamada de lesão intermediária ou transicional e não provoca sintomas. Ana Lorena Marques 3º período LESÃO TIPO IV: ATEROMA Os “pools” separados de lipídeos fundem-se em um único e expansivo núcleo, que contém em seu interior, além de lipídeos, células necrosadas, restos celulares, tecido fibroso, colágeno e cristais de colesterol. Na periferia do núcleo encontram-se células espumosas em decomposição, densas zonas de colágeno e depósito de cálcio. O núcleo lipídico, apesar de provocar importante alteração e deformidade da intima, pode ou não provocar sintomas. LESÃO DO TIPO V: FIBROATEROMA Essa lesão é caracterizada por um aumento substancial e anormal de colágeno e CML no ateroma. Há espessamento e deformação da íntima situada entre o núcleo lipídico e a luz arterial, enquanto a localizada junto à média torna-se menos espessa, provavelmente pelas diferenças regionais da lesão e tipos de CML. Surgem novos vasos ao longo do núcleo lipídico, estabelecendo a neovascularização. O fibroateroma poderá diminuir a luz do vaso e se desestabilizar, provocando sintomas. LESÃO TIPO VI: COMPLICADA Devido ao grande estoque de lipídeos extracelulares, capa fibrosa com pouco tecido conjuntivo e CML e grande número de macrófagos repletos de lipídeos, a placa pode se tornar vulnerável às forças de distensão mecânica ou de cisalhamento e se instabilizar. O acúmulo de macrófagos, por possível apoptose, pode liberar metaloproteinases capazes de degradar os tecidos conjuntivos da cobertura fibrosa, romper a placa, expor o fator tecidual aos elementos sanguíneos e desencadear a coagulação. Pode ocorrer hemorragia intraplaca por rotura dos vasos neoformados. Pode ocorrer fissura, erosão, hemorragia e trombose. Manifesta sintomas. LESÃO TIPO VII: CALCIFICADA Caracteriza-se pela substituição das células deterioradas, dos lipídeos extracelulares e do núcleo lipídico por quantidades variáveis de cálcio. A deformidade vascular pode permanecer. LESÃO O TIPO VIII: FIBROSADA É mais comum em artéria de médio calibre das extremidades inferiores e caracteriza-se por cicatrizes colágenas e ausência ou mínima presença de lipídeos. Essas lesões fibrocálcicas são peculiares a lesões ateroscleróticas avançadas, particularmente nos idosos e são capazes de provocar sintomas. - Dependem de onde a artéria afetada está localizada e de suas características, se foi estreitada gradualmente ou bloqueada subitamente. SINTOMAS DE ESTREITAMENTO GRADUAL: Dor ou cãibra nos momentos em que o fluxo de sangue não pode suprir as necessidades de oxigênio nos tecidos. SINTOMAS DE BLOQUEIO ARTERIAL SÚBITO: Se as artérias coronarianas forem bloqueadas, pode ocorrer um ataque cardíaco. A obstrução das artérias que irrigamo cérebro pode causar AVC. A obstrução das artérias das pernas pode causar gangrena (morte de um tecido do corpo devido a insuficiência de irrigação sanguínea em uma determinada região ou uma infecção bacteriana) de um dedo do pé, do pé ou da perna. - É necessário fazer exame de sangue para pesquisar se há algum fator de risco e exames de imagem para detectar presença de placas de ateroma. - O diagnóstico depende se o paciente é sintomático ou assintomático. PACIENTE SINTOMÁTICO Avalia-se o paciente com sinais e sintomas de isquemia para determinar a magnitude e a localização da oclusão vascular. Também deve ser avaliado para a determinar se há fatores de risco de aterosclerose pela história e exame físico, perfil lipídico de jejum e níveis de HbA1c. Ultrassonografia vascular tridimensional, angiografia por TC e a angiografia por RM podem avaliar de forma não invasiva a morfologia e as características das placas. Cateterismo, como ultrassonografia intravascular que utiliza transdutor de ultrassom Ana Lorena Marques 3º período na extremidade do cateter para produzir imagens do lúmen e imagens arteriais. Angioscopia. Termografia da placa para detectar aumento da temperatura nas placas com inflamação ativa. Tomografia de coerência óptica que usa laser infravermelho para obtenção da imagem. Elastografia para identificar placas moles ricas em lipídeos. PACIENTES ASSINTOMÁTICOS O paciente se encontra assintomático e possui fatores de risco, mas não apresenta sinais e sintomas de isquemia, dessa forma não tem como ter um diagnóstico certo da aterosclerose. Porém, alguns médicos pedem exames de imagem para detectar alguma obstrução como: tomografia computadorizada (TC) – que pode detectar placas calcificadas – e ultrassonografia das artérias do pescoço que pode identificar espessamento da parede arterial. Os médicos costumam realizar exames de sangue para medir os níveis de glicose, colesterol e triglicérides no sangue. É recomendado triagem para pacientes com tais características: » Homens ≥ 40 anos; » Mulheres ≥ 50 anos e mulheres na pós- menopausa; » Diabetes tipo II; » História familiar de hipercolesterolemia familiar ou doença cardiovascular precoce; » Síndrome metabólica; » Hipertensão; » Doenças inflamatórias crônicas. Dieta; Atividade física; Antiplaquetários; Estatinas; ANTIPLAQUETÁRIOS - Os fármacos antiplaquetários orais são essenciais porque a maioria das complicações resulta de fissura ou ruptura da placa, ocasionando ativação plaquetária e trombose. Ácido acetilsalicílico: é o mais utilizado, mas, apesar de seus benefícios já comprovados, permanece subutilizado. Indica-se para prevenção secundária e recomenda-se para prevenção primária da aterosclerose coronariana em pacientes de alto risco; Fármacos tienopiridínicos como clopidogrel, prasugrel e ticagrelor. ESTATINAS - Reduzem principalmente o LDL. - Tem maior produção de óxido nítrico endotelial. - Faz a estabilização das placas ateroscleróticas. - Reduz o acúmulo de lipídeos na parede arterial. - Regressão das placas. QUANDO RECOMENDAR AS ESTATINAS: Paciente com doenças cardiovascular aterosclerótica clínica; Colesterol LDL ≥ 190 mg/dL; 40 a 75 anos de idade com colesterol LDL 70 a 189 mg/dL e risco estimado em 10 anos de doença aterosclerótica ≥ 7,5%. - Inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA): funcionam para baixar a pressão arterial e proteger coração e rins. - Antiplaquetários: mais conhecido como aspirina, servem para prevenir a formação de coágulos nas artérias. - Betabloqueadores: reduzem os batimentos cardíacos e baixam a pressão arterial. - Bloqueadores de canais de cálcio: relaxam as artérias, baixam a pressão arterial e reduzem a tensão no coração. - Diuréticos: atuam baixando a pressão, eliminando água do corpo, servem também para tratar a insuficiência cardíaca. - Nitratos: aliviam a dor no peito e melhoram o fluxo de sangue para o coração. - Estatinas: ajudam na redução do colesterol. OBS: quando os medicamentos não são capazes de reduzir a placa ateroscleróticas é necessária intervenção cirúrgica. Ponte de Safena: quando o médico substitui uma artéria entupida do coração por outra artéria da perna. Cateterismo: introdução de um tubo, o cateter, para desobstruir uma artéria do coração. Ana Lorena Marques 3º período - AZEVEDO, S.; VICTOR, Edgar Guimarães; OLIVEIRA, Dinaldo Cavalcanti de. Diabetes mellitus e aterosclerose: noções básicas da fisiopatologia para o clínico geral. Rev Bras Clin Med, v. 8, n. 6, p. 520-6, 2010. GOTTLIEB, Maria GV; BONARDI, Gislaine; MORIGUCHI, EMÍLO H. Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose. Scientia Medica, v. 15, n. 3, p. 203-7, 2005. - INTROCASO, Luiz. História Natural da Aterosclerose. 2001
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