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Aula 2 de Fotografia Publicitária Gêneros possíveis da fotografia publicitária Existem várias concepções dentro do estudo da fotografia e da publicidade, cada autor pode trazer um conteúdo diferente, autores podem dar classificações diferentes, sendo que nenhuma delas está errada ou equivocada, e os gêneros possíveis de cada pessoa podem ser traduzidos de determinados autores e estudiosos. “Por que gêneros possíveis?” A história da fotografia na publicidade foi construída a partir dos contextos que os profissionais e que ela própria vivenciou, como a tecnologia e os conceitos históricos, e até mesmo as técnicas antigas deixadas pra trás. A partir do crescimento de mercado na publicidade, houve um aumento da necessidade de se mudar os conceitos existentes e dividir as fotografias publicitárias em novas classificações. A fotografia de produto, encontrada na internet, em folhetos que recebemos em casa, outdoors, etc, se divide em: o Catálogo: amostragem, mostrar para o consumidor o que ele compra, o produto que está à venda, suas características, cor, tamanho, formato... É o tipo de fotografia que necessita ser verdadeira, sem usar do lúdico, fantasia, ficção ou edição exagerada. o Editorial: que quer passar um conceito, fazer o produto anunciado ser reconhecido por esse conceito trazido com ele. Exemplo de comercial de carros, no meio da selva, do deserto, passando a ideia de que ele é potente, suporta essas situações... o Gastronomia: leva o consumidor a consumir as delícias que aquela imagem mostra, fazendo o consumidor desejar, salivar pelas comidas apresentadas. Muitas vezes o fotógrafo é melhor que o próprio cozinheiro. Já a fotografia de moda, põe sua atenção em cima de produtos de vestuário e modelos, subdividida em: o Catálogo: que pode ter o modelo vestindo as roupas ou até mesmo fotos só das roupas. o Editorial: não mostra o produto, e sim a tendência do mercado. Ele quer traduzir uma versão conceitual onde aquele produto é utilizado, onde o conceito é a essência. Tem orçamentos muito grandes, precisa contar com a sua reputação e vende uma história que inclui a roupa e/ou os acessórios. Exemplo: Editorial A Bela e a Fera, de Annie Leibovitz, onde a modelo usa roupas de alta-costura, como o espartilho de ouro, com atmosfera romântica e renascentista o Desfile: fotos da passada e da pose (parada). Por último, a fotografia institucional, que envolve empresa, produtos e serviços pois quer que o público se alie (simpatize) a ela numa determinada situação A sociedade da fotografia publicitária É muito importante entender pra quem (que sociedade) se está produzindo tal fotografia, já que para se produzir imagens é necessária uma reflexão sobre sua produção e reprodução na sociedade em que ela será publicada. As universidades e pesquisas sempre estão à frente do mercado, pois cruzando informações sobre os mercados, caminhos, os pesquisadores preveem para onde o mercado está indo. O profissional bem informado sabe exatamente onde ele está e para onde está indo e assim, não perde oportunidades, se prepara de forma muito mais eficiente pro que ele tem que oferecer, e isso é muito importante para desenvolver os aspectos e técnicas em fotografia. Por isso é tão importante estar sempre estudando: graduação, mestrado, doutorado, para ter referências muito superiores que os concorrentes do mercado de trabalho. Sociedade de Espetáculo, conceito lançado por Guy Debord, na França, no qual as nossas relações sociais sejam mediadas por imagens. Antes de conhecer alguém, por exemplo, temos mediações pelo Facebook, Instagram, onde podemos ter referências visuais sobre as pessoas (que não necessariamente são verdadeiras). A Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman, diz que esse é o momento em que as relações não são tão duradoras, estáveis, sólidas... Segundo ele, nada mais é permanente, pois tudo está mudando, se diluindo, se refazendo e acontecendo, considerando os últimos 50 anos. Tudo que a modernidade sólida trouxe anteriormente é deixado pra trás, para dar lugar às práticas atuais, que já são consideradas senso comum, sobre o consumo, fragilidade das relações interpessoais, exagero... Já a Hipermodernidade, de Gilles Lipovetsky, fala sobre a cultura do excesso, de inquietação, de individualidade, mercantilização da vida, etc. E por fim, a Sociedade Excitada, de Christoph Türcke, que tem um progresso tecnológico como nunca se viveu e o que antes nos era considerado natural está se quebrando. Compromissos da fotografia publicitária O primeiro compromisso do fotógrafo na publicidade é com a qualidade, num material que deve estar bem pensado, levando em conta um senso crítico alto, sentidos aguçados na análise do trabalho para saber quando está bom e se tornar um profissional reconhecido. Logo depois, o compromisso é com o cliente, seja uma agência, seja um cliente direto. Isso se trata também de entender e traduzir exatamente o que o cliente quer. Há um compromisso também com a sociedade, dada através da ética da profissão. E ainda, o compromisso com o consumo, dar a própria parcela de trabalho para realizar aquele produto, que se está recebendo como contrato. Um produto bem realizado pode inclusive ajudar a vender mais. De forma generalizada, o compromisso é com a transmissão de uma ideia, instigar o consumidor, realizar a produção de uma imagem que atraia e divulgar e manter a etnção sobre aquele produto ou instituição. A função de criação na fotografia publicitária Depende primeiramente de uma boa reputação, por oferecer a criatividade, repertório que vá agregar na marca/empresa, entender a identidade dessa marca (e trabalhar com ela). É preciso trabalhar com referenciais, repertórios, e um trabalho onde, dependendo da verba, o serviço acabe sendo feito na maioria das vezes sozinho. Para uma criação, é necessário contratar profissionais (sabendo de sua importância), mas não amigos. Cada profissional também tem um perfil definido, para quais comerciais sua participação vai ter sentido e quais não. Às vezes é necessário tentar a criação com vários profissionais diferentes, até encontrar o que fique melhor. A função de realização na fotografia publicitária O fotógrafo publicitário é, entre todos, o mais regulado, pois trabalhando para uma empresa o espaço para criar é muito pequeno, pois deve fazer exatamente o contratado pela empresa. A função de realização já tem um job “brifado”, no qual a agência já envia o layout do desejado, e o fotógrafo vai tentar chegar no mais próximo possível desse layout. Não há espaço para erros e falta de profissionalismo (a última destrói uma reputação, e boa reputação traz novos trabalhos). Referências Bibliográficas BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2001. COELHO, Cláudio. Mídia e poder na sociedade do espetáculo. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2011/02/midia-e-poder-na-sociedade-do-espetaculo/. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. LIPOVETSKY, Gilles; CHARLES, Sébastien. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004. TÜRCKE, Christoph. Sociedade excitada: filosofia da sensação. Campinas: Ed. Unicamp, 2010.