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ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS 1. Descritivo: limita-se a descrever a ocorrência de uma doença em uma população. É raro encontramos um estudo descritivo raro. Geralmente é a primeira parte em uma investigação epidemiológica. Suas desvantagens incluem a presença de casos altamente selecionados, o que pode trazer um viés muito grande a pesquisa, resultados imprevisíveis e a perspectiva do pesquisador. Exemplos: Relatados de casos ou série de casos. 2. Analítico: aborda a relação entre o estado de saúde e as outras variáveis. 2.1. Ecológico (ou de correlação): É o estudo de uma população em uma área geográfica definida. Avalia a influência socioambiental no processo saúde- doença. São úteis para gerar hipóteses, sendo as unidades de análise, grupos de pessoas e não indivíduos. Podem ser feitos comparando-se populações em lugares diferentes ao mesmo tempo ou, em uma série temporal, comparando-se a mesma população em diferentes momentos Como vantagens: é um estudo rápido, barato com a possibilidade de gerar hipóteses. Porém, traz como desvantagens a impossibilidade de associação da doença com a exposição a nível individual e vários fatores de confusão. A falácia ecológica ocorre, pois, a associação observada entre as variáveis no nível de grupo não representa, necessariamente, a associação existente no nível individual. 2.2. Estudos transversais (seccionais ou de prevalência): Medem a prevalência da doença, sendo as medidas de exposição e efeito (doença) realizadas simultaneamente. Pode ser comparado a um “retrato” retirado da situação no momento da análise. São relativamente baratos, fáceis de conduzir e úteis na investigação das exposições que são características individuais fixas tais como grupo ético e grupo sanguíneo. Como desvantagem possui a incapacidade de testar hipóteses, pois as variáveis são colhidas ao mesmo tempo. 2.3. Estudo de casos e controle: Geralmente, pode ser utilizado para investigar a causa das doenças raras. Inclui pessoas com a doença e um grupo controle composto de pessoas não afetadas pela doença ou variável de desfecho. São sempre longitudinais pois há coleta de dados em dois momentos distintos e retrospectivos, uma vez que o investigador busca, no passado, uma determinada causa/exposição para a doença ocorrida. Etapas: o Estabelecer critérios de exclusão e inclusão o Casos → pacientes doentes; Controles → pacientes não doentes o Pareamento dos grupos (sexo, idade, nível socioeconômico, etc.) o Procurar exposição – questionário, investigação, prontuários, etc. Como vantagens possui a facilidade de execução, o custo relativamente baixo, o tempo relativamente rápido e a análise de vários preditores. Porém, em contrapartida, apresenta dificuldade de seleção e de obtenção de informações precisas e impossibilidade de obter-se o risco relativo. 2.4. Estudo de coortes (longitudinal ou de incidência): Iniciam com um grupo de pessoas livres da doença, que são classificados em subgrupos, de acordo com a exposição a uma causa potencial da doença ou desfecho sob investigação. É comparado a um “filme” da situação em um período (longitudinal). Podem ser retrospectivos ou prospectivos. Eles fornecem a incidência da doença, a melhor informação sobre a etiologia das doenças e a medida mais direta do risco de desenvolvê-la. São caros e requerem um longo período de tempo, possuem pouca precisão em doenças raras, viés na seleção de exposição e possíveis perdas durante o acompanhamento. 3. Estudos Experimentais ou de Intervenção Envolvem a tentativa de mudar os determinantes de uma doença ou cessar seu progresso através de um tratamento. 1. Ensaio clinico randomizado É um estudo prospectivo que compara duas ou mais investigações e/ou um placebo. É o padrão ouro para determinar a eficácia de intervenção. Possui vários subtipos: o Cross over → todos recebem o mesmo medicamento, sendo que os diferentes grupos servem de controle uns para os outros. Duplo-cego → nem o examinado e nem o examinador sabem quem recebe intervenção e quem é placebo. Cego → uma das partes não sabe quem recebe intervenção e quem é placebo. Vantagens: Fatores de prognósticos balanceados entre grupos devido a aleatoriedade. Coleta detalhada de informações Dose pode ser pré-determinada Cego diminui distorções Desvantagens: Generalização dos efeitos na população externa reduzida por causa das exclusões Demorado Amostras grandes Custo elevados Dificuldade com aderência das intervenções. 2. Ensaio de campo: É semelhante ao ensaio clínico, a diferença consiste na amostra pois no ensaio clinico a análise do efeito é baseada nos doentes, e no ensaio de campo analisa-se o efeito em pacientes sadios. Sua vantagem é que os dados são coletados na população em geral, porém é mais caro e com maior duração. 3. Ensaios comunitários: Envolve a intervenção em uma comunidade ao invés de intervenções individuais. Avalia a eficácia de promoções primarias em saúde que buscam modificar fatores de risco. Como limitação possui a dificuldade de limitar a comunidade. Epidemiologia 2º ed – Roberto A. Medronho. Bonita R., Beaglehoke R. , Kjellstrom T. Epidemiologia básica. 2º ed. São Paulo, 2010. CASOS CLÍNICOS Dois estudos epidemiológicos realizados em 2013 avaliaram, respectivamente: I- Risco de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de 10.000 gestantes acompanhadas até o parto, no período de 1992 a 2012. A análise incluiu grupos com e sem comorbidades durante a gravidez e a ocorrência da internação em UTI durante o seguimento; II- Características sociodemográficas e a percepção sobre o risco de complicações clínicas e de morte durante a gravidez em uma amostra de gestantes que tiveram o parto em um hospital universitário, em 2012. OS DESENHOS DOS ESTUDOS RESPECTIVAMENTE SÃO: à Coorte; estudo transversal. No estudo I, estamos diante de um estudo de INDIVIDUADO, LONGITUDINAL e OBSERVACIONAL, ou seja, um estudo de COORTE, já que partiu-se de um fator de risco, que era a Gestação, observando a evolução para necessidade de UTI. No II, estamos diante de um estudo INDIVIDUADO, TRANSVERSAL e OBSERVACIONAL, que é o Estudo transversal, já que foi tirada apenas uma “foto” da situação, sem ter tido o acompanhamento, como no I. O estudo que aloca sujeitos para receber suplementos de óleo de peixe ou placebo e então segue os grupos de tratamento e placebo por vários anos para observar a incidência de doença coronariana, corresponde ao seguinte delineamento: à Ensaio clínico randomizado. O estudo que determina incidência, ou é ensaio clínico ou é coorte, pois são os estudos longitudinais prospectivos. Esse estudo é um exemplo de ensaio clínico pois houve a introdução de uma nova droga. Foi desenvolvido um estudo em oito países europeus com o objetivo de descrever pacientes que receberam tratamento para dependência de álcool incluindo identificação de várias comorbidades. No total foram entrevistados 1767 pacientes. A dependência severa do álcool neste grupo foi comparada com estudo americano com grupo de características semelhantes. Os europeus apresentavam altos índices de consumo médio diário de álcool (maior que dos americanos). Observou-se também altas frequências de comorbidades e utilização de serviços de incapacidade à saúde nos últimos seis meses (internação). O estudo chama a atenção para um início tardio ao tratamento entre os europeus. O desenho epidemiológico deste estudo pode ser definido como: à Ao ler o enunciado, vemos que estamos diante de um estudo com desenho INDIVIDUADO (1767 pacientes), OBSERVACIONAL (não foram feitas intervenções) e TRANSVERSAL (foi apenas uma “fotografia” do momento). Qual é esse estudo? É o estudo TRANSVERSAL Um pesquisador recorreu às estatísticas nacionais de 20 países,buscando dados das suas populações referentes a duas variáveis: coeficientes de incidência de câncer de cólon e quantidades médias de carne vermelha consumidas per capita. Comparando essas grandezas, verificou que pareciam estar fortemente correlacionadas, sugerindo uma relação causal entre elas. Aponte o modelo de estudo utilizado: Neste caso não ocorreu um acompanhamento de participantes da pesquisa, mas sim uma análise de dados estatísticos com levantamento de hipóteses sem, no entanto, testá-las. Trata-se de um estudo transversal, agregado e observacional que diz respeito a um estudo ecológico. Foi realizado um estudo que consistiu na revisão de histórias clínicas de 240 pacientes com diagnóstico de meningite bacteriana aguda, admitidos em hospital terciário. A taxa de letalidade foi de 20%. Após a análise multivariada, concluiu-se que rebaixamento do nível de consciência foi a única variável associada ao óbito durante a internação. O desenho do estudo é à Qual o tipo de estudo em que é feita uma revisão de histórias clínicas de um grupo limitado de pacientes, sem acompanhamento ou intervenção? É a SÉRIE DE CASOS. Percebemos que o estudo foi do tipo observacional e transversal, o que nos faz excluir os estudos de coorte e caso-controle, além do ensaio clínico. O estudo ecológico lida com agregados, que analisam toda uma população de uma vez, e não individualmente. Um grupo de sanitaristas realizou um estudo epidemiológico com o objetivo de descrever a distribuição espacial da mortalidade por tuberculose em Salvador, nos anos 90 do século XX, tendo como unidade de análise os bairros do município. Esse desenho de estudo pode ser classificado como de estudo: à Temos a descrição de um estudo que é observacional (não existiu intervenção), transversal (é como se fosse uma fotografia da situação) e agregado (onde foi analisados os indivíduos juntos), ou seja, temos um estudo ecológico. 1) Para testar o efeito de um medicamento fitoterápico no controle da hipertensão arterial, 200 pacientes hipertensos foram divididos em dois grupos, sendo que o primeiro utilizou o medicamento existente no mercado e o segundo grupo fez uso do fitoterápico. Durante seis meses de acompanhamento, a pressão arterial foi monitorada e os resultados dos dois grupos foram comparados; à COORTE 2) Durante o ano de 2005, identificou-se, diariamente, uma criança nascida na cidade de Pelotas e procedeu-se à revisão dos registros de nascimento com o objetivo de conhecer, entre outras variáveis, o peso ao nascer. As crianças foram classificadas em dois grupos (peso normal "maior ou igual a" 2.500 g e baixo peso < 2.500 g), sendo seguidas por um ano. Ao final deste período, comparou-se a taxa de mortalidade infantil nos dois grupos; à ENSAIO CLÍNICO 3) Estudo realizado em uma amostra de alunos ingressantes nas escolas públicas de um determinado município, em 2016. Realizou-se a avaliação antropométrica e a ocorrência de desnutrição foi associada com sexo, idade, local de residência e escolaridade do pai; à CASO CONTROLE 4) Todos os óbitos por infarto do miocárdio ocorridos no Hospital das Clínicas da UFMG no período de 2008 a 2012 foram selecionados e os prontuários médicos foram revisados. Uma amostra dos óbitos por outras causas, em pacientes da mesma idade, foi selecionada, revisando- se também os prontuários. Os dados obtidos nos dois grupos foram comparados à TRANSVERSAL Em uma pequena comunidade de 15.000 habitantes há suspeita de circulação de um vírus emergente com grande número de casos assintomáticos. O estudo epidemiológico com maior potencial de contribuição para analisar a abrangência da circulação viral é: à A questão nada mais quer que um estudo para determinar a prevalência dessa nova virose, e quem determina isso é o estudo TRANSVERSAL, sendo apenas um “retrato” da situação Observou-se a partir de 2015, a forte associação temporal e suspeita etiológica da infecção pelo Zika vírus em gestantes e os casos de recém nascidos (RN) com microcefalia no Nordeste brasileiro. Esta provável associação continua a ser estudada, obtendo-se durante o pré-natal dados infecção da mãe, dados do RN na gestação e ao nascimento. Segundo o protocolo do Ministério da Saúde, posteriormente, dados do RN assintomático, filho desta gestante com diagnóstico laboratorial de Zika, devem ser coletados no seguimento na Puericultura, por equipe multiprofissional, até a criança completar 5 anos de idade. O desenho deste estudo é do tipo: à Estudo de coorte prospectivo Para saber qual o desenho do estudo em questão, devemos prestar atenção que os dados coletados são apenas do RN assintomático filho de gestante com Zika e são coletados até a criança completar 5 anos, ou seja, um estudo longitudinal. Alternativa A: INCORRETA. O estudo transversal tem o objetivo de avaliar uma determinada situação em um certo momento, não avaliar continuamente como traz a questão. O estudo transversal é uma “foto” daquela situação, não tem relação com desfechos. Alternativa B: CORRETA. O estudo de coorte visa analisar a relação entre a presença de fatores de risco e o desenvolvimento de doenças, exatamente como na questão. O fator de risco é ser filho de gestante que contraiu Zika e deseja-se saber o desenvolvimento de agravos nessa população. Como é um estudo que ainda não ocorreu o desfecho, diz- se prospectivo. Alternativa C: INCORRETA. Estudos de caso controle são aqueles no qual há dois grupos: um deles tem um desfecho conhecido (como uma doença) e o outro grupo não tem esse desfecho (o grupo controle). O objetivo é conhecer as exposições desses grupos e comparar a frequência da exposição no grupo caso com o grupo controle. A questão não traz dois grupos de estudo. Alternativa D: INCORRETA. Na coorte retrospectiva, o estudo é feito a partir do desfecho e todas as informações sobre a exposição já ocorreram. A questão não traz um estudo cujo desfecho já ocorreu. Avaliar a eficácia de um medicamento novo no tratamento de hipertensão, comparando com medicações já existentes - relaciona-se ao ensaio clínico randomizado, estudos obrigatórios como base para justificar a utilização de qualquer tratamento. Nele, utilizam-se dois grupos, placebo e intervenção, e verifica-se o desfecho associado ao uso da medicação. 2- Avaliar se o hábito alimentar vegano está associado a uma redução na incidência de doenças cardiovasculares ao longo dos anos. - partir do fator de risco para avaliar a doença é característica de estudos prospectivos, como a coorte. 3- Estudar fatores de risco para doenças raras- o estudo utilizado, neste caso, é o de caso-controle. Por ser retrospectivo, é vantajoso para o estudo de doenças raras e/ou longas. 4- Estimar prevalência da dengue em um município, em um período determinado - O estudo transversal é ideal para esses casos, por avaliar exposição e doença simultaneamente. Segundo artigo publicado no British Medical Journal de julho de 2014, um estudo ecológico longitudinal realizado entre 2000 e 2009, mostra que a Atenção Primária à Saúde do Brasil reduziu em aproximadamente 40% a mortalidade relativa a doenças cardiovasculares no país. Um estudo ecológico tem as seguintes características: Estudo no qual a unidade de análise não é o indivíduo e sim a população e os grupos são comparados quanto à exposição e à doença. BONITA, R; BEAGLEHOLE, R; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. 2.ed. São Paulo: Santos, 2010.https://apps.who.int/iris/bit stream/handle/10665/43541/978 8572888394_por.pdf?sequence=5 &isAllowed=y
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