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A Libertação
dos Povos
A Patologia do poder
Índice
Advertência
Convocação
1
5
Parte A
A-1 A Libertação do Povo 9
a Libertação do poder (doentio) 13
b A liberdade é essencial 18
c Libertação do poder econômico social 22
d Opressão do poder econômico sobre o político 28
A-2 Sociologia do poder 34
a Sociopatologia do poder 41
b Psicossociopatologia do poder 45
c Meios de comunicação no poder 49
d O perfil dos poderosos 54
A-3 Sociopatologia 60
a A sociedade invertida 64
b A sociedade fictícia 71
c Patologia social 76
d Conscientização da psicossociopatologia 84
A-4 Economia 90
a A decadência do sistema financeiro 96
b Crítica à economia neocapitalista 99
c O que é a mentalidade capitalista? 104
d Crítica à economia socialista e à marxista 108
Parte B
B-1 Origem dos males humanos
2 Suicídio coletivo da humanidade
3 Necessidade de perceber os erros sociais
4 As leis foram organizadas contra o povo
5 O engano das instituições religiosas
6 A inveja como base da vida social
7 Injustiça psicossocial contra a mulher
8 Perseguição ao artista: alma da sociedade
9 Mensagem aos jovens
115
118
123
127
132
139
143
149
152
Parte C
C-1 Sociologia trilógica
2 O verdadeiro poder
3 Estado, família e propriedade
4 A sociedade trilógica
5 Empresas trilógicas
6 Socioterapia
7 A ação como base da felicidade
8 Realização total pela ação (conscientização)
9 A ação (no bem, na verdade e na beleza) como
fundamentos da nova sociedade
157
163
170
176
183
188
196
200
208
Adendo
1 A Sociedade Trilógica — Cláudia Bernhardt
Pacheco 212
2 Empresas Trilógicas — Pertti Simula 226
3 As Mulheres e o Poder — Cláudia Bernhardt
Pacheco 232
4 História do Poder Econômico — Marc André R.
Keppe 243
5 O Poder Econômico no Brasil — Marc André R.
Keppe 250
6 Educação Moderna: formação para a escravidão —
Suely M. Keppe Simula 259
7 Libertação, o Poder e as Drogas — Martha C. Cruz 264
8 A Natureza, o poder e você — Sandra I. Keppe 269
Glossário 2 79
Sobre os autores 2 87
Advertência
Este livro foi escrito nos Estados Unidos, mas
seus conceitos são perfeitamente válidos para o Bra-
sil, uma vez que a estrutura social brasileira é basi-
camente a mesma. O mundo ocidental, de forma
geral, segue o modelo norte-americano, com algu-
mas modificações. E para estudar estas modifica-
ções brasileiras foi feito um capítulo específico.
Nessa tradução não foi feita uma adaptação de
conteúdo para o Brasil, com a finalidade de não de-
turpar o texto original, mas o autor do livro o es-
creveu com o objetivo de atingir igualmente o po-
vo brasileiro.
Este livro tem a finalidade de conscientizar o povo sobre a vida
de escravidão a que ele foi submetido pelo poder econômico-social;
foi inicialmente publicado nos Estados Unidos, mas é uma oferta
a todos os povos do mundo, para que eles finalmente se libertem
— principalmente ao brasileiro que, possuidor de um país incrível
em suas riquezas naturais, é tão espoliado por grupos econômicos
alienígenas e internos, que o estão destruindo.
O povo brasileiro sofre uma pressão terrível de pessoas corrup-
tas, que vendem sua própria nação, para ganhar alguns milhões de
dólares, depositados embancos internacionais. Tenho esperança de que
este trabalho ajude a conscientizá-lo sobre as possibilidades que ele
tem de finalmente ser dono de seu destino, e passe de sua situação
de escravo a senhor do Brasil, que é seu — e não de meia dúzia de
pessoas insensatas.
Este livro foi originalmente ofertado ao povo americano, eu ago-
ra o ofereço a todos os povos do mundo que têm ideal, amor pela
verdade, e pelo bem, que são eternos, e que deverão brevemente subs-
tituir os terríveis problemas internacionais por um caminho de paz
e felicidade.
Norberto R. Keppe
New York, 1 de janeiro de 1987
Convocação
Queremos convocar todos os indivíduos práticos, todos os que
têm idealismo e dinamismo, os que acreditam no bem, na verdade
e no belo, para que se unam, para que possam construir um novo
mundo, uma nova sociedade, o verdadeiro Reino Humano sobre a
Terra, a fim de que consigamos trabalhar para nós mesmos e des-
frutar o que o Criador nos legou, e até agora nos foi privado, pelos
que detiveram o poder econômico em suas mãos. Chegamos a um
tempo decisivo, no qual não é possível mais continuar alimentando
os indivíduos mal-intencionados, que se apoderaram do planeta, or-
ganizando uma ordem social só para eles —dando-nos algumas mi-
galhas, quando sua situação periclita, ou eles são obrigados a fazê-lo.
Se o leitor perceber, estamos solicitando a todos, para que pos-
sam realizar a maior de todas as "revoluções" que a humanidade
teve. Estamos convocando-os para desvirarmos a sociedade da
inversão em que está, e a colocarmos em seus devidos pés — porque
não queremos mais ser buxas para canhões ,dos poderosos, pilotos
para os seus aviões de morte, motoristas para os seus tanques de
guerra, que espalham a morte e a destruição. Queremos viver a vi-
da; queremos produzir para nós e nossos irmãos; queremos viver
em paz com todos. Mas, ainda, não poderemos permitir que conti-
nuem nos usando e matando, jogando classe contra classe, povo con-
tra povo, profissão contra profissão; estamos dando um basta a is-
so tudo, porque desejamos viver agora em um período de paz, co-
mo queríamos, e sempre nos foi negado.
Sei que a maior parte dos que estão no poder não têm consciên-
cia, de como são opressores e inimigos do ser humano: capitalis-
tas, marxistas, empresários, religiosos não têm idéia de que nave-
gam em um barco errado — temos de mostrar-lhes seus enganos para
que os que têm boa intenção desistam de tal caminho, e se unam
neste trabalho. Os que forem contra o bem social serão pouco a pou-
co neutralizados. Se vocês me perguntarem como realizar tal em-
presa, eu lhe responderei que, finalmente, encontramos um cami-
nho para esta libertação; é o que estamos expondo neste livro.
Gostaríamos de convocar todas as pessoas que se sentem explo-
radas — professores, operários, funcionários públicos, comerciários,
vendedores, artistas — para que se unam, a fim de realizar final-
mente uma sociedade de justiça sobre a face da Terra. Para isso,
temos os seguintes pontos de vista:
1?) A propriedade privada, nas dimensões em que existe, é um
erro. O planeta foi criado para todos os seres humanos, e não para
um grupo que o explora e lesa, impedindo que todos tenham o seu
quinhão.
2?) O ser humano não nasceu para ser escravo do dinheiro, mas
para exercer uma atividade em benefício de toda a coletividade, e
para ele mesmo, como decorrência.
3?) Temos de conscientizar que as instituições foram criadas pa-
ra beneficiar apenas pequenos grupos, explorando os seres huma-
nos, impedindo-os de se desenvolverem.
4?) As famílias devem servir, e não usar a sociedade para
fornecer-lhes todas as vantagens, como acontece com os grupos fa-
mosos, economicamente.
Para evitar que tais fatos continuem acontecendo, propomos o
seguinte:
1?)Todas as organizações econômicas pertençam a todos os que
trabalham nela, formando-se empresas comuns a todos.
2?) Cada um ganhe conforme o valor de seu trabalho, e não de
acordo com o capital que possui na organização.
3?) Formação de sociedades (trilógicas) que possam dominar as
pessoas e os grupos de exploração.
4?) Eliminação gradativa das grandes propriedades privadas, co-
mo único meio de se ter paz entre os homens, e uma vida sem an-
gústia — a fim de que todos tenham suas propriedades menores.
A Terra é suficiente para a humanidade, desde que alguns não se
apossem dela demasiadamente.
Existem vários tipos de dificuldades, para que o povo tome as
rédeas de seu destino: 1) quem tem o poder, não está disposto a
abandoná-lo; 2) todas as pessoas que tentaram modificar o status
quo foram sacrificadas (Cristo, Sócrates, Martin Luther King); 3)
a sociedade foi organizada com leis que favorecem os donos do po-
der econômico, por isto elas têm de ser mudadas; 4) Mas acredito
que a maior dificuldade entre todas tem sido a inexistência de uma
ciência, que explicasse esse fenômeno social.Penso que agora a te-
mos; é só usá-la. O ser humano sempre teve idéia de que bastava
mudar algumas coisas que a humanidade melhoraria. Não é nada
disso, teremos que alterar praticamente tudo, para que alcancemos
o bem-estar que temos direito de usufruir — deverá ser uma trans-
formação básica, total.
Parece que tudo está errado; nesta hora de transformação total,
necessitamos de pessoas de grande coragem e valor, para enfrentar
o mundo, até desvirá-lo. No começo, serão algumas que se habili-
tam mas, pouco a pouco, o seu número aumentará, até que chegue-
mos à realização total — porque o que é certo e bom é símbolo do
que é eterno, como a vida. E desejamos ser livres, como é o Cria-
dor; queremos usufruir dos céus, mares, construir um jardim, para
viver, e não conseguimos. Por quê? Porque herdamos uma estrutu-
ra econômico-social absolutamente inimiga nossa. Até este momento
foi assim, mas poderemos modificá-la. Você quer mudar tudo isso,
para conseguir viver bem, ou deseja continuar na velha ordem de
exploração humana? Acredito que possuindo uma sã consciência (co-
mo se costuma falar), pessoa alguma aceita permanecer nisso; pelo
menos, desde a década de 1960, o número de jovens que se afasta-
ram deste tipo de sociedade é grande. Não é melhor modificar a so-
ciedade, do que continuar com essa retirada? Gostaria que todos
soubessem que podemos realizar um paraíso desta nossa vida, por-
que temos possibilidade de fazê-lo atualmente, pois não nascemos
para o opróbrio, para a doença, e a infelicidade, mas para o bem-
estar e a alegria.
A luta pela liberdade atingiu o seu mais alto ponto no período
da Revolução Francesa, da Independência Americana e na elabora-
ção da Constituição dos Estados Unidos da América; nessa ocasião
Immanuel Kant derramava lágrimas de gratidão vendo a luta do povo
francês, e cada pessoa, que presencia tais acontecimentos ou lê a
respeito, passa por uma onda de entusiasmo. No entanto, o que ve-
mos agora é um outro tipo de escravidão, provavelmente muito pior,
porque envilece, não só o corpo como a alma, porque impede que
se o ser humano desenvolva sua inteligência e sentimentos, e o obri-
ga a passar a sua vida de forma inteiramente animal. A escravidão
do poder econômico é muito mais sutil, porque tem o poder de cor-
romper a mente de cientistas e alienar o homem destruindo a pró-
pria civilização.
Estamos no momento exato de convocar o povo de todas as na-
ções para evitar total fracasso do gênero humano, se continuarmos
por este caminho — e o grande passo que temos de dar é reconhecer
a origem principal desse problema, para resolvê-lo. Esta é a inten-
ção deste livro e o empenho de minha própria vida.
Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin acredita-
vam, como eu creio, em um destino especial para os Estados Uni-
dos, que seria o de trazer a luz para todos os seres humanos, e a
emancipação total de todos os povos da Terra. Este é o nosso ver-
dadeiro caminho, e a razão da existência desta incrível nação.
PLANO DE AÇÃO
Acredito que é fundamental o povo tomar uma atitude, para não
acontecer que as descobertas deste livro permaneçam no campo teó-
rico. Para isso, proponho o seguinte plano de ação:
1) Formação de grupos de pessoas, para estudar a questão da
escravização do povo, sob o poder econômico-social.
2) Difusão deste assunto a toda a sociedade, principalmente às
organizações e aos líderes sociais.
3) Formação de empresas trilógicas, isto é, de corporações, lo-
jas e de produção agrícola com a finalidade de fornecer lucro aos
que trabalham nelas.
4) Organização de sociedades trilógicas, ou melhor, de um tipo
de vida comunitário, mais moderno, prático e econômico.
Nota: Estas organizações constam no final deste livro, em deta-
lhes, mostrado para que servem, e como formá-las.
5) Temos de iniciar este trabalho pelos setores que mais explo-
ram a população, ou seja, pelo comércio e negócios, estabelecendo
uma ponte justa com os agricultores e industriais.
6) A medida que as empresas trilógicas forem sendo suficientes
para atender às necessidades do país, o povo deve sabotar todas as
outras organizações que o exploram.
7) Vigiar constantemente os políticos que estão ligados aos po-
deres econômicos, para não permitir que eles coloquem seus inte-
resses, acima dos altos ideais da nação.
Observação: E importante conscientizar os indivíduos encarre-
gados da repressão social (policiais) para não se colocarem ao lado
do poder econômico-social, em detrimento do povo.
8) Incentivar todos os indivíduos bem-intencionados, os verda-
deiros líderes a agir para o país conseguir atingir o seu grande so-
nho de igualdade e liberdade.
9) E importante que os 2/3 da população, que é formada por
pessoas normais, produtivas e idealistas, se ponham neste tipo de
ação que, em poucos anos, transformaremos toda a face da Terra.
NOTA FINAL: O nosso trabalho deve se basear na não violên-
cia. Deixemos que os indivíduos da maldade (os poderosos da eco-
nomia) feneçam em seu próprio ódio.
Parte A
1 — A libertação do povo
A função da Trilogia Analítica é a libertação do povo. Muitos
poderão dizer: "Libertar o povo do quê"? E a nossa resposta é a
seguinte: o povo, até hoje, foi totalmente escravo dos poderosos;
diretamente, através da escravidão, ou indiretamente, por meio dos
regimes sociais, que vigoram desde a criação da sociedade.
Seja o governo imperial, o feudal, o burguês, o capitalista, e
o marxista, a humanidade está sempre a serviço dos poderes econô-
micos e políticos — nunca o povo serviu a seus próprios interesses;
o que equivale dizer que jamais o ser humano foi livre.
Muitos poderão objetar que não poderá haver uma sociedade
sem dirigente — com o que concordo perfeitamente — mas o que
estou dizendo que o errado é o sistema anti-humano, ou melhor,
invertido que os poderosos usam para servir só à patologia de al-
guns, que adquiriram poder social, seja pelo dinheiro, pela família,
pelo sangue, pela raça, ou pela nacionalidade.
A Terra é um planeta que foi criado para todos os seres huma-
nos, e alguns indivíduos fizeram um reino para si próprios; o resul-
tado é que nem nós nem mesmo eles sentem-se bem — o que é pro-
vado pelo número de guardas, de grades, e de cuidados para preser-
var o roubo oficializado.
Pessoa alguma poderá dizer que vivemos em um Paraíso; pelo
contrário, muitos falam que estamos em um verdadeiro inferno, o
que é certo, porque o sofrimento e a doença se tornaram uma nor-
ma geral da humanidade — de tal modo que será impossível qual-
quer transformação individual, se não for feita a social. Portanto,
o primeiro e grande passo é desinverter a sociedade, fazendo com
que os poderes trabalhem para o povo, e não contra ele.
A conscientização deste fenômeno é condição fundamental pa-
ra a transformação social, e a criação de uma sociedade (trilógica),
desinvertida, é o segundo e definitivo passo. Já temos sociedades
e empresas desinvertidas; assim todo o povo deverá chegar a isso,
para servir a si mesmo, para ter toda abundância possível (alimen-
tos, transportes, moradias, roupas) — sem avançar no que é do ou-
tro, sem derramamento de sangue, em toda paz, pouco a pouco,
mas inflexivelmente, tiraremos o poder dos atuais poderosos,
esgotando-os em sua avareza e voracidade — porque se o deixar-
mos, eles não têm qualidades, pois se as tivessem não passariam o
seu tempo a nos atacar (e nem teriam tal interesse) — eles esta-
riam como nós, trabalhando e satisfeitos com esta vida, que Deus
nos deu. Eles são doentes graves, como os paranóicos, que preci-
sam agredir e depender dos outros para viver.
Eis o caminho para o reconhecimento de toda injustiça social,
que tem sido feita: a percepção da verdadeira psicopatogia, para sa-
ber qual é a sociopatologia; o que significa termos de ver que a so-
ciedade foi sempre dominada pelos indivíduos mais doentes, que or-
ganizaram regulamentos doentes, e um sistema social doente, para
dominar os indivíduos sãos.
Pessoa alguma (do povo) poderá se eximir desta responsabilida-
de, pois, sea sociedade é assim, é porque a maior parte ficou fora
desta questão; temos nossos filhos e netos, eles terão filhos e netos
também, que merecem viver em um verdadeiro mundo de paz e feli-
cidade — que está ao alcance próximo de nossas mãos. Eu quero
chegar a isto. Você, tenho certeza, o deseja também. Agora, é
só se por neste tipo de ação boa, real e bela — que a beleza, o bem
e o amor invadirão a face da Terra.
O povo precisa perceber que ele é dirigido por organizações ini-
migas dele; por exemplo: 1) a imprensa, televisão, os meios de di-
vulgação estão em pacto com os poderes econômico-sociais, na in-
sana tarefa de colher proveito à custa dele (do povo); 2) a estrutura
da sociedade não foi organizada pelo povo, mas pelos grupos inte-
ressados em explorá-lo. De maneira que existe uma luta: de um la-
do, a humanidade espoliada e ofendida pelos poderosos; de outro,
as instituições em fúria para explorar os povos e as nações, o quan-
to podem.
Existem povos caracteristicamente oprimidos, como os africa-
nos e os latino-americanos, e povos que se acreditam muito livres,
e não o são, como o norte-americano e os europeus — em uma lin-
guagem mais rebuscada: existem povos claramente escravos (como
os primeiros), e povos totalmente enganados, só porque possuem
um sistema político-econômico mais atualizado. De certa forma, em
alguns países atrasados pode haver até mais liberdade (desde que
o indivíduo não seja um empregado de alguma empresa, ou funcio-
nário público); tenho notado que o número de proibições que existe
nos Estados Unidos constitui um verdadeiro absurdo. Por exemplo:
no último fim de semana fui até um lago na cidade de Lee (Connec-
ticut), onde havia as seguintes proibições escritas em uma tabuleta:
1) não pode freqüentar o lago crianças até 14 anos; 2) não pode tra-
zer animais; 3) não pode brincar na areia, com pedras; 4) não pode
brincar com bola, na água; 5) não pode flutuar livremente; 6) não
pode correr nas docas; 7) não pode trazer cavalo; 8) não pode na-
dar; 9) não pode beber álcool; 10) não pode vir pessoas fracas ao
lago; 11) não pode trazer copos de papéis, 12) não pode passar a
linha delimitada no lago; 13) os guarda-vidas comandam tudo.
Quando eu vim para este país, acreditava que o povo era livre.
Agora, noto que é um dos mais escravizados de todos os tempos.
Eu pergunto a você americano: — Você é dono de suas florestas,
seus mares e praias? Você trabalha para você e para o próximo? En-
tão, você não é livre; você é escravo dos donos das praias e mares,
florestas e campos. Se você trabalha para enriquecer o próximo, você
é escravo dele.
Quando William of Ockam lançou seu grito de liberdade, ime-
diatamente toda a Europa acatou (Heilderberg, Oxford, Paris, Pra-
ga), porque não há nada que precisemos mais do que a liberdade
— pelo simples motivo de que jamais a tivemos, e, sem ela, vivere-
mos eternamente em um mundo que não é nosso, fazendo o que
não nos favorece, e sem nenhuma possibilidade de um pleno
desenvolvimento.
Nosso primeiro passo é conseguir a libertação; o resto virá pou-
co a pouco. E para que consigamos isto: 1) o povo deverá adquirir
a consciência de sua escravidão atual; 2) precisa reorganizar a so-
ciedade para entregá-la a quem de direito; isto é, ao povo.
Por que temos de viver em um Estado policiado? Só por um mo-
tivo: para preservar o poder dos poderosos; o povo mesmo não tem
nada para ser roubado; de outro lado, os que são encarregados de
preservar a ordem, freqüentemente usam de seus poderes para sub-
verter (tal ordem), pela participação no contrabando e tráfico de dro-
gas, construindo poderes paralelos.
A revista Occupational Health, página 265, diz que os Estados
Unidos possuem 3,5 milhões de empregadores, e 80 milhões de em-
pregados; um número de 26.000 empregadores tem mais do que 250
empregados, o que equivale dizer que a grande maioria trabalha para
alguns "felizardos", ou melhor, para os que dedicam sua vida ao
roubo, em seu verdadeiro sentido.
Os poderosos dão a impressão ao povo de que qualquer pessoa
pode ser poderosa também, se se esforçar o suficiente. E uma gran-
de mentira, porque só 0,0001% de toda a população chega a ter qual-
quer desenvolvimento econômico-social. Goethe dizia que sua ge-
nialidade dependia de 1% de inspiração e 99% de esforço, que ele
não vivia como os personagens que imaginava em seus romances;
infelizmente, grande parte do povo alienado acredita que a riqueza
constitui um golpe de sorte — e não um esforço patológico — trei-
nado 24 horas por dia, na arte de "trapacear" o próximo.
Acredito que a maior dificuldade que tivemos, até hoje, para con-
seguir nos libertar, foi a falta de conhecimento do que é ser livre.
Pelo que eu possa ver, ser livre é: 1) viver para o meu bem e o do
próximo — e não para dar riquezas aos nossos "donos"; 2) traba-
lhar em função de meu desenvolvimento e do próximo — e não pa-
ra dar mais poder aos poderosos (loucos); 3) ir e me movimentar
a qualquer lugar que eu o deseje — e não até onde permitam os po-
derosos; 4) estudar o que for mais útil para mim e para o semelhan-
te — e não para trazer mais lucro aos desonestos.
O conceito de liberdade precisa ser revisto, porque ser livre, na
opinião da maioria, é fazer tudo o que se quiser: o bem, o mal, o
estudo e a vagabundagem, o trabalho e a preguiça, o alimento e a
embriaguez. Em nossa opinião, somos livres para a ação no bem,
na beleza e na verdade; isto é, em tudo o que existe — porém, cada
vez que fizermos o mal, formos preguiçosos e nos embriagarmos,
ou estaremos prejudicando a nós mesmos, ou ao próximo.
O primeiro e grande passo para o ser humano se libertar é a cons-
cientização de que ele não é livre, não na sociedade atual, capitalis-
ta ou na marxista, mas em toda a história da humanidade: nunca,
provavelmente, desde que Adão e Eva comeram a maçã, jamais ti-
vemos um dia de liberdade. E quem fala que em outro regime
econômico-social moderno poderemos ser livres, ou a pessoa está
mentindo, ou completamente enganada — acredito mais nesta últi-
ma hipótese, porque ela irá apenas mudar de senhor.
Acredito que o grande pecado da humanidade foi o de perder
a sua liberdade, deixando de viver para o seu próprio bem, e o do
próximo — isto significa que o ser humano se tornou escravo, co-
meçando a trabalhar para o enriquecimento dos poderosos. Posso
fazer o seguinte esquema: no começo, a humanidade trabalhava para
o bem comum, orientada pelo Criador. Num determinado dia, os
seres humanos resolveram eles mesmos ser deuses, e trabalhar cada
um para si mesmo; os mais agressivos, espertos e megalômanos pe-
garam o que puderam, e escravizaram os seus irmãos — e esta si-
tuação continua até hoje. Agora, a maioria esmagadora trabalha
para seus novos "deuses" que, de Deus não têm nada parecem mais
demônios, pois exploram, agridem e não têm a menor compaixão;
a tal ponto chegaram que pensam que são eles que constroem a civi-
lização. Quando se vai a uma instituição científica, religiosa, edu-
cacional, lemos em suas paredes os nomes de pessoas "beneficen-
tes", que usaram o dinheiro de seu roubo para dizer que foram eles
que fizeram o que os artistas, engenheiros e operários construíram,
e têm seus nomes no anonimato. Só os mais endemoninhados é que
aparecem.
O próprio indivíduo poderoso é também uma "vítima" do sis-
tema econômico-social, mas é claro que é uma vítima bem aquinhoa-
da. Ele sofre de problemas psicológicos (angústias, tensões, fobias,
delírios, persecutoriedade), não saem dos médicos e consomem quan-
tidades enormes de psicotrópicos. Porém, jamais sairão dessa con-
duta de exploradores; precisam ser alijados do poder, e contidos,
para que não causem desordens; à semelhança dos doentes psíqui-
cos, eles precisam o tempo todo de controle: se não é o psicanalista,
o seu conselheiro pessoal, o pastor, o religioso, eles não conseguem
o mínimo de equilíbrio.
Tenho absoluta certeza de que, se não realizarmos a revolução
certa, a humanidade não terá prosseguimento por muito tempo.
Atendendo hoje (11 de Novembrode 1985) o dr. H.M., psicote-
rapeuta americano de 50 anos, com largos conhecimentos de finan-
ças, através da comunidade israelita, comentou que o mundo finan-
ceiro já está em colapso. Este é o resultado do tipo de sociedade
que foi construída, por pessoas poderosas, para preservar seus
poderes.
Estamos em vias de realizar os ideais do Renascimento, com os
da Revolução Francesa; finalmente, estamos às portas de nossa ver-
dadeira libertação psicológica e social — estamos a um passo da to-
tal liberdade.
Nós conseguiremos a liberdade; quer queiram, ou não, os pode-
rosos, alcançaremos a liberdade; depois gostaria de falar que lugar
para os poderosos são os hospitais psiquiátricos, e não o poder.
Libertação do poder (doentio)
O pensador que teve a maior influência em toda a civilização mo-
derna, que realmente pôs um ponto final ao espírito medieval, foi
William of Ockam (1290-1349). Estudou em Oxford, e lançou o
maior grito de liberdade que jamais houve outro igual até hoje; mes-
mo que exagerasse em seus conceitos filosóficos, inúmeras universi-
dades o seguiram (Oxford, Heidelberg, Praga, Paris), porque esta-
vam realmente cansadas da escravidão intelectual da orientação es-
colástica da Idade Média. E o que esse grande libertador da mente
humana fez? Primeiramente, rejeitou a metafísica, dizendo que a
substância se confunde com os acidentes (na qualidade e quantida-
de), identificou a essência com a existência. Mas o mais importante
foi a sua descoberta da autodeterminação da vontade, livrando-a
dos motivos racionais. Ele afirmou que a essência da alma é a
vontade.
Pois bem, nessa ocasião houve um grande florescimento da ciên-
cia, artes, filosofia e política (Renascimento); parecia mesmo que
finalmente o homem tinha se libertado de seus algozes; até que sur-
giu a burguesia, e mergulhou novamente a humanidade na escravi-
dão; veio então a Revolução Francesa, a última mais bela página
da história da civilização (e nessa ocasião foram formados os Esta-
dos Unidos). Infelizmente, temos de afirmar agora, que estamos em
um período tão terrível como o Medieval: mais uns anos neste ca-
minho, teremos voltado a um incrível barbarismo. O nazismo, fas-
cismo, guerras e lutas atuais bem mostram o que estamos passando.
Acredito que estamos em um época de tudo ou nada; ou nos li-
bertamos definitivamente da loucura que se apoderou do mundo,
ou iremos definitivamente para a destruição. E, como não acredito
que o bem seja mais fraco do que o mal, penso que finalmente po-
deremos nos libertar, e chegar a uma verdadeira era de paz.
E muito importante conscientizar o fato que os capitalistas têm
o pior tipo de vida possível. Geralmente vivem em mansões isola-
das, em constante perigo de ataque, raptos de familiares. Estou di-
zendo que não é só o povo que sofre, os que o atacam (os que
têm o poder econômico-social) sofrem todas as conseqüências do
que fazem. De modo que a transformação social irá beneficiar a to-
dos, mesmo os que não a aceitam porque têm o poder nas mãos.
A humanidade conta com algumas pessoas tão doentes, que pou-
ca esperança se pode ter que modifiquem na conduta. Uma parte
delas adoece constantemente de doenças físicas e outra parte conse-
gue alcançar os cargos de poder social. A nossa função é a de cons-
cientizar a todos a respeito desse problema, mas principalmente o
povo, que é a grande vítima de tal situação.
Organizada como está, a sociedade esgotou todos os seus recur-
sos para crescer; se não houver uma mudança mais ou menos rápi-
da, irá ser impossível evitar sua decadência total. O ser humano está
completamente cercado em seu desenvolvimento: nem trabalhar ele
pode, porque o sistema econômico-social poderá perder o lucro fa-
buloso que tem ainda, se o homem produzir mais. A produção tem
de ser cercada a uma quantidade que possa ser vendida, para garan-
tir o lucro de poucos — assim, uma grande parte da energia huma-
na tem de ser contida, e toda a civilização estaciona. Estou dizendo
que o povo só pode produzir o que causará lucro aos poderosos,
isto é, ao pequeno grupo que cerceia toda a nossa liberdade, em troco
de uma existência cheia de ilusões, dentro de palacetes faustosos,
rodando em Roll Royces, viajando em alto luxo, consumindo bebi-
das inebriantes e aparecendo em noticiários jornalísticos. Precisa-
remos perceber que essa gente vive assim, à custa da escravidão do
povo, de sua fome e desespero.
As cidades modernas, capitalistas ou marxistas, possuem um nú-
mero enorme de apartamentos-cubículos, onde vive uma multidão
de pessoas — como se fossem ratos em suas tocas. Ora, sabemos
que tal ambiente é propício para a proliferação de vícios (tensão emo-
cional, drogas, homossexualidade, crimes) — como já foram orga-
nizadas experiências em animais que, amontoados, apresentaram
aberrantes anormalidades. Tal situação, é bem diferente de algum
tempo passado, quando o povo ainda vivia em locais mais amplos
e arejados. Este fato prova que houve um decrescimento no modo
de viver — para que fosse aumentado o poder econômico dos
poderosos.
É muito difícil mudar a mentalidade capitalista em que a huma-
nidade vive, porque o dinheiro tem sido considerado, por muitos
séculos, a maior riqueza que existe, o objetivo final desta vida ma-
terial. Esta idéia foi colocada na cabeça do povo para que ele admi-
re que tem poder econômico — esquecendo a maravilha que é o ca-
minho da ciência, das artes, da verdadeira técnica e civilização; é
uma idéia doentia, de pessoas muito enfermas, e que no fundo não
convencem.
Uma das provas do que o poder sempre foi exercido de modo
patológico é o fato de sempre haver guerras e atritos entre as na-
ções. Vendo a capa da revista U.S. News, de 7 de Outubro de 1985,
vê-se uma foto do presidente Reagan e do Primeiro Ministro sovié-
tico Gorbachev, onde este último declara: "Propaganda, agressão
vinda do espaço"; e o presidente americano diz: "A verdade é a nossa
maior arma". E evidente que os dois são rivais extremos, não por-
que seus povos se odeiem entre si, mas os interesses dos poderosos
de ambos os países se colidem. Se houvesse só os dois povos, os agri-
cultores americanos estariam radiantes de poderem vender seu tri-
go, e os soviéticos felizes da vida, por poderem sair de seu país, apren-
der a melhorar sua própria vida — quem fez a cortina de ferro não
foi o homem comum, assim como quem ataca o cidadão soviético
é somente aquele que está interessado em dominar o seu e os outros
povos. E não podemos dizer que Reagan e Gorbachev não sejam
simpáticos e amáveis; até podemos dizer que eles estão servindo a
poderes tão maléficos que não têm a menor idéia.
O marxismo fala de classes sociais inconciliáveis: burguesia-em-
pregados; capitalista-operários; nós falamos que todo poder contra
o povo não constitui uma classe, mas uma aberração social, uma
anomalia, que deve ser analisada, conscientizada, para ser elimina-
da — como se fosse uma doença, como é realmente uma patologia,
uma sociopatologia.
No começo existia o ser humano e pequenos grupos; depois, ele
começou a organizar uma sociedade, e os mais doentes tomaram a
dianteira, isto é, os teomânicos, os megalômanos e os narcisistas (os
mais doentes). Deste modo, criaram algo doentio, onde os sãos ti-
veram que se submeter a leis injustas — mas, como freqüentemente
sucedem atritos sociais, uma coisa ou outra é corrigida — mas
evitando-se cuidadosamente que o poder escape dessas mãos doen-
tias. Aquela velha pergunta: — Quem foi criado primeiro, a gali-
nha ou o ovo? Esta pergunta tem cabimento aqui porque o homem
organizou uma estrutura doentia, forçando toda a humanidade a
viver dentro dela. Penso que atinei com a etiologia do problema so-
cial, e agora será possível corrigi-lo.
Hoje estivemos na igreja S. John Divine em Nova Iorque (a maior
igreja do mundo), e lemos, em várias placas nas paredes, inscrições
de agradecimento a pessoas que forneceram dinheiro; pois bem, es-
ses indivíduos certamente exploraram o próximo (com exceções, é
claro), e ficam constando como beneméritos— enquanto aqueles
que realmente trabalharam e enriqueceram o próximo estão esque-
cidos — até que na eternidade fique tudo claro.
O indivíduo poderoso tem a idéia de que o mundo, os países ,
as ruas, as estradas, as montanhas e as praias foram criados para
ele; como ele comprou todo o conforto possível para um ser huma-
no viver bem, vê com "naturalidade" as dificuldades do resto da
população — ainda tendo a idéia de que só ele é merecedor de todo
bem-estar de que goza; alguns, como Weber, ainda acrescentam que
só a pessoa abençoada por Deus é rica! Toda a cultura está impreg-
nada por esta noção invertida.
A maior parte das pessoas tem a idéia de que a sociedade é as-
sim mesmo, e que os que não estão contentes deveriam viver isola-
dos do mundo, ou em outros tipos de comunidade, estranhas à vida
normal — alguns chegam ao ponto de promover a luta de classes,
o que pode tornar a existência mais difícil ainda.
O poder deveria ser igual ao de Deus, que o usa no sentido de
criar o bem, o que é certo e bonito; estou dizendo que tem de existir
o poder, mas não como está sendo usado: egoisticamente, para be-
neficiar só os que têm autoridade e os poderes sociais. Assim sen-
do, deverá haver uma substituição gradativa, mas total, de todo o
poder: em lugar de servir a si mesmo, tem de servir ao povo, isto
é, deixar de ser diabólico. E o povo tem de compreender que só ele
poderá modificar tal situação, seguindo novos líderes que sejam hu-
mildes, normais.
Esta consciência que adquiri e estou transmitindo aos outros só
poderá ter bom resultado, se todos os indivíduos se colocarem em
ação, visando ao bem comum. E tenho plena certeza de que este
é o desejo de toda a humanidade — menos, é claro, dos que se alo-
jaram no poder para agredir e impedir a felicidade do próximo.
Tenho certeza de que todos os problemas que nos afligem agora
serão resolvidos, como a questão do armamento mundial, a destrui-
ção da fauna e da flora, a delinqüência em grande escala, o uso das
drogas, enfim, o ser humano acordará para a sociopatologia em que
entrou, e sairá dela.
Todos os poderes do mundo têm enorme medo da conscientiza-
ção do povo porque, no momento que ele perceber a enorme injus-
tiça em que vive, toda essa estrutura social desmoronará. No passa-
do, Engels e Marx falaram um pouquinho sobre o problema econô-
mico — social do capitalismo, e a humanidade se dividiu; imagi-
nem agora, se houver percepção de todo esse absurdo que os pode-
rosos fizeram com a sociedade?!
As vezes eu penso como o mundo seria diferente, se fosse reple-
to de teatros e museus, de construções abertas para todo o povo,
regiões enormes para passeios, e locais de cultura. O mundo para
todos, como uma sociedade trilógica, isto é, dos que trabalham; um
mundo sem proibições, sem os "águias" pegando tudo para eles;
as grandes propriedades privadas eliminadas; o Estado deslocado
das mãos dos poderosos, para as do povo. E um sonho impossível?
Não, é uma realidade, que já iniciamos em nossos grupos.
A fortuna está ao alcance de nossas mãos, e não podemos pegá-
la, porque as leis não nos permitem; os bens são suficientes para
todos; no entanto, os poderosos os cercaram de tal modo que não
podemos nos aproximar deles. Por exemplo: as empresas foram to-
madas pelos capitalistas, comunistas, empresários, e o povo barra-
do; as minas geralmente pertencem aos poderosos, o povo paga im-
postos, e tudo vai em aumento do poder econômico-social.
O país dotado da Constituição mais livre em todo o mundo são
os Estados Unidos; porém, esta Constituição está sendo dominada
por algumas pessoas que têm o poder econômico-social, e fizeram
algumas "concessões" ao povo, no sentido dele poder comprar al-
gumas migalhas, que sobraram da mesa dos poderosos, e ficar tran-
cado em seus cubículos, drogados, bêbados e alienados, para não
oferecerem perigos aos que dominam a sociedade. O primeiro e gran-
de passo a ser tomado é no sentido de acordar o ser humano, que
está completamente adormecido. Conscientizar a humanidade que
ela está nesse estado de obnubilação é condição fundamental para
levá-la a uma situação de felicidade. Socialmente, temos de modifi-
car imediatamente as leis, que permitem aos mais doentes dominar
a sociedade, estar atento para que os indivíduos maus não distor-
çam novamente. Temos de vigiar cada minuto, para que não seja-
mos lesados. "A eterna vigilância é o preço de nossa liberdade " ,
como falava Lincoln.
A liberdade é essencial
A idéia de liberdade é muito sutil: a grande maioria pensa que
ser livre é fazer tudo o que se quiser e, para chegar a isto, tem de
ganhar bastante dinheiro. Porém, este conceito é errado porque: 1)
não podemos beber água poluída, 2) comer carne estragada, 3) voar
como os pássaros, 4) viver na água com os peixes. Porém, tudo o
que é bom, real e belo podemos realizar: 1) ter afeto pelo próximo,
2) dizer a verdade, 3) ajudar a humanidade, 4) ser justo; estou di-
zendo que somos livres só para realizar o que é bom. Mas existe ou-
tro tipo de liberdade de grande importância, que consiste em ver os
próprios erros e enganos, isto é, a prisão em que nos colocamos,
a fim de que possamos sair dela; praticamente, esta é a finalidade
da Trilogia Analítica.
O que é errado não existe por si e se o ser humano conseguir
perceber isso, irá chegar a uma grande felicidade — pois deixará de
lutar pelo que é evanescente e ilusório, passando a viver o que é real,
isto é, o que é bom, bonito, desenvolvido e apropriado para o seu
bem-estar. Os demônios enganaram não só nossos primeiros pais,
mas eles continuam até hoje fazendo-nos de bobos e débeis men-
tais. Precisamos reagir contra isso, e passar a escolher o que nos
beneficia verdadeiramente, e com isso acabaremos com as doenças,
as injustiças sociais, a miséria e a fome. Precisamos abrir os olhos
para ver que ainda é tempo de voltar atrás e retornar ao Paraíso
Terrestre, que está ao alcance de nossas mãos.
Se a pessoa age mal, evidentemente tem de perceber seu sofri-
mento posterior; se ela aliena tal percepção, o sofrimento aparece
em outras manifestações, como as doenças. Qualquer sofrimento
é conseqüência de uma atitude ruim, que deve ser modificada, sob
pena de destruir o seu portador. O papel do medicamento é justa-
mente o de alienar o ser humano; por esse motivo, existe o vício
de tomar psicotrópicos, em doses cada vez maiores, para esconder
o sofrimento cada vez mais intenso que surge. Isto acontece no cam-
po médico. Na vida social, precisamos ver que adulamos os doen-
tes, os piores indivíduos que alcançam o poder, e nos tornamos jo-
guetes em suas mãos.
A liberdade é essencial ao ser humano: sem ela, não é possível
realizar nada absolutamente; todas as forças internas, psicológicas,
a inteligência, os sentimentos só podem existir se tivermos liberda-
de. Aliás, Deus é a total liberdade, e nossa felicidade depende de
conseguirmos essa semelhança com Ele, para podermos existir com
todas as potencialidades que temos.
Toda vez em que a humanidade gozou de uma fase de liberdade
teve um enorme desenvolvimento: o período democrático de Péri-
cies, em Atenas, produziu os grandes pensadores (Platão, Aristóte-
les, Sócrates); o cristianismo inicial libertou os escravos e as mulhe-
res, dando dignidade ao povo; William of Ockam extinguiu a Idade
Média, dando grande impulso às universidades, à política e à filo-
sofia; o Renascimento abriu as portas ao período moderno. A ve-
lha França conduziu o mundo por 1.000 anos, por ser mais livre;
a Inglaterra organizou a filosofia da liberdade (Locke Berkeley, Da-
vid Hume) e, no início deste século, a Alemanha tornou-se uma gran-
de potência, depois o Japão e os Estados Unidos, porque seus po-
vos puderam ser livres.
Porém, aquela liberdade essencial ainda não o conseguimos; a
liberdade para poder "criar" e produzir, viver alegre e gostar do
mundo, ainda não temos; e aqui entra a questão do poder que colo-
ca uma trava, que não nos deixa desenvolver. Esta sim é a pior de
todas as prisões: pensar que somos livres, por causa daConstitui-
ção do país, que fala em liberdade, e não o somos; estamos, isso
sim, redondamente enganados; por este motivo estou escrevendo este
livro — para tentar conquistar definitivamente a liberdade. E acre-
dito que, desta vez, a conseguiremos, pois a história da civilização
humana é a história da libertação do homem, a luta que travamos
para nos libertarmos dos doidos, que tomaram o poder (em conluio
com os espíritos infernais) para que consigamos assumir o que é nos-
so: o país, o mundo, as praias, as florestas, o ar, e a própria vida.
Nossa opinião sobre a escravidão em que a humanidade sempre
viveu é oriunda de dois problemas fundamentais: dos poderosos e
dos poderes sociais.
O povo, ao mesmo tempo que é esmagado pelos poderes sociais
(econômico, político, religioso), sofre também pressão dos indiví-
duos que se tornam poderosos — e este fato acontece com a maio-
ria dos seres humanos que chega ao poder, porque ele é por si mes-
mo alienante. Estou explicando que, como a organização econômi-
co-social é invertida, toda pessoa que deseja e alcança o poder au-
tomaticamente entra a serviço da desonestidade.
Se a cultura social é assim, não adianta esperar qualquer modi-
ficação dela; temos de organizar um grupo de seres humanos me-
lhores, que exerçam pressão e ajude todo o povo a conscientizar tal
fenômeno. Aliás, o povo está em condição de transformar imediata-
mente a sociedade: 1) se aceitar esta conscientização, de que o po-
der é dominado por graves doentes psíquicos; 2) que ele (o povo)
não tem de ser dominado por ninguém, mas ser livre; 3) que tal fato
depende só de nossa vontade.
Acredito mesmo que estejamos às portas da maior revolução de
toda história da humanidade. Darei um exemplo de nossa prisão hu-
mana: compramos uma casa e precisamos da aprovação do gover-
no; além dos bombeiros que vêm olhar a questão da segurança, sur-
gem outros fiscais que exigem: retirar armários, colocar novas por-
tas, grades, isolar o aquecedor, sendo a maioria das exigências to-
talmente desnecessárias. Não preciso falar que muitos deles são cor-
ruptuos e "exigem" dinheiro, para "aprovar " o estado da casa. Exis-
tem leis para tudo: onde andar, estacionar, visitar; pouco a pouco,
teremos leis, onde olhar, para poder respirar, se devemos ter nosso
coração, fígado, ou se somos obrigados a trocá-los por um de lata,
construído na melhor fábrica da Sociedade Médico-Financeira Sem
Limites.
Assim como a doença psíquica é engraçada, a sociedade está se
tornando cômica; porém, o pior de tudo é que não só é só cômica,
é trágica também. Não preciso dizer que os próprios adolescentes
se matam, que se abusa das crianças e dos velhos abandonados —
pois somos obrigados a produzir e dar poder aos loucos, que nos
oprimem e nos exploram, pois as leis lhes dão poder.
A sociedade humana é uma tristeza; quando se vê um monte de
prédios escuros, com luzes apagadas, pessoas passando cabisbaixas
pelas ruas, malvestidas, mendigas, parece que não vale a pena viver
— por este motivo, muitos pensam que a vida é um castigo; alguns
se matam, uma grande parte se enxarca de remédios, para não dizer
dos revoltados, cheios de ódio e fúria, porque não pediram para nas-
cer, em uma sociedade dominada pelos indivíduos mais maléficos.
O que eu gostaria de dizer é que não é necessário haver uma so-
ciedade assim, tão desagradável para viver; temos tudo para ser fe-
lizes, e algo muito pesado nos segura. O que é? E a sociopatologia
(patologia social), que nos segura, como mil demônios — essa pa-
tologia são as leis, as estruturas, e os indivíduos que adquiriram o
poder. Eles nos censuram, prendem, impedem nosso desenvolvimen-
to; eles nos vigiam dia e noite, para que não saiamos de suas garras.
A previsão de Orwell foi realizada.
Porém, somos a maioria, somos 99%, controlados doentiamen-
te por 1 07o; somos a força e o verdadeiro poder (divino) sobre a Ter-
ra. Tenham esperança, seremos livres brevemente. Confiemos em
nós mesmos, e na próxima libertação que teremos — basta que to-
memos consciência de toda a injustiça atual, e passemos a trabalhar
para nós mesmos, e a viver em nossas sociedades, com uma estrutu-
ra social servindo-nos, e não aos poderosos (doentes). O povo sabe
que é infeliz, o povo sabe que está precisando haver uma profunda
modificação social, e não sabe como. O que estamos propondo é
justamente essa mudança fundamental, para que a civilização en-
contre o seu verdadeiro rumo.
As leis sociais são necessárias para orientar o indivíduo como
viver em sociedade; porém, existe um excesso de regulamentos que,
praticamente, estão imobilizando o ser humano. Por este motivo,
um "slogan" muito em voga, há duas décadas, foi: "É proibido
proibir". E o motivo deste estado de coisas, não é difícil perceber:
como toda a estrutura social básica foi construída para proteger a
desonestidade dos que têm poder, foi necessário também a elabora-
ção de um código de ética extremamente rebuscado, para garantir
este poder; é um código de ética minucioso, para enquadrar todos
os movimentos do ser humano em uma prisão social, aparentemen-
te livre. Os que têm poder e muito dinheiro estão livres de qualquer
lei, enquanto os que não tem quase nada são cercados em todas as
suas ações, para que não se aproximem do reinado dos poderosos.
Este é o motivo principal, atualmente, da delinqüência social, dos cri-
mes, roubos e agressões. E o pior é que, se não for modificada (a
sociedade), a tensão social crescerá a um ponto intolerável: basta
ver as estatísticas do aumento dos crimes e doenças.
O que é ser livre? Geralmente, a religião cristã fala que ser livre
é se libertar do pecado — na Bíblia se encontram várias referências
de Cristo, no sentido de se libertar do pecado (João, cap. 8 vers.
32). A filosofia diz que liberdade é realizar tudo que se quiser, o
bem e o mal (Kant, William of Ockam). A orientação sociológica
preconiza a libertação do homem do Estado (Comte); os marxistas
pensam que temos de nos libertar do capitalismo — estes últimos,
do comunismo.
A Trilogia Analítica fala que nossa prisão está na patologia psí-
quica e na social, e que é possível nos libertarmos dela pela cons-
cientização, e pela mudança psicológica e social. A mudança psí-
quica depende de cada um, e a social de quase todos. A idéia de
Freud, sobre a existência de uma patologia psíquica básica é erra-
da; somos sãos na base, e o que temos de errôneo constitui apenas
uma atitude de oposição, negação, ou de deturpação do que é bom.
O ser humano tem o desejo de perfeição, o que é absolutamente cer-
to, porque este é nosso destino: chegar ao que é eternamente perfei-
to. Parece mesmo que a humanidade deu uma incrível volta, para
depois se aproximar ao que o Filho de Deus falou.
A história da humanidade é a história da luta do ser humano
pela sua liberdade; é a história da luta contra a paranóia, contra
todos aqueles que galgam altas posições ; com a intenção de domi-
nar e conseguir a submissão dos povos. E importante o povo perce-
ber esta enorme inversão que faz, ao pensar que tem de respeitar
o poder econômico-social, e não que a economia foi organizada pa-
ra subtrair o poder do povo, para impedir que o ser humano se de-
senvolva. Vamos dizer que ela é um falso poder, porque breca toda
realização — é um contrapoder, uma luta organizada contra toda
a humanidade. Portanto, nossa grande batalha irá ser a de subtrair
o poder dessa gente, para que consigamos ser livres definitivamen-
te. Nossa vida individual não pode ser boa, se não for (boa) social-
mente. Por este motivo falou Einstein: "Tudo que é realmente gran-
dioso e inspirador é criado pelos indivíduos que podem trabalhar
em liberdade".
Libertação do poder econômico-social
O jornal New York Times, de 2 de Janeiro de 1986, traz uma
notícia: "Palm Beach, Flo. A autoridade Donald Trump adquiriu
Mar-a-Lago, a mansão já de propriedade de Mojorie Mariweather
Poat, da Fundação Prost. A venda da mansão de estilo mediterrâ-
neo, que tem 118 salas e ocupa 17 acres... a manutenção anual é
de 1 milhãode dólares". E claro que tal mansão foi comprada para
ser transformada em alguma sociedade lucrativa; porém, tal fato
explica a existência de 9.000 pessoas sem casas só em Nova Iorque.
Acredito que Calvino pensaria a mesma coisa, se estivesse vivo, e
o próprio Adam Smith e Jeremy Bentham mudariam inteiramente
sua opinião sobre a honestidade dos milionários atuais.
Ferdinand Lundberg escreveu dois livros muito conhecidos: Ame-
rica's Sixty Families e The Rich And The Super-Rich onde mostra
a situação de escravidão que tais grupos realizaram contra seu po-
vo, e o de outros países; nós acrescentamos que eles fizeram contra
sua nação e a própria civilização. Cristo sabia muito bem quando
falou que é difícil um rico entrar no Reino dele (Mateus, cap. 19,
vers. 23). Posso dar alguns exemplos imediatamente: cada ser hu-
mano, logo ao nascer, torna-se escravo dos que têm o poder
econômico-social, porque tem de comprar sua comida, a casa onde
mora, a roupa que usa, o sapato que calça — praticamente, entra
em um inferno de existência. E o pior é que vemos diariamente in-
divíduos morrendo de fome e de frio, no mundo todo, por causa
da maldade dos que retêm o poder econômico — pessoas frias, sem
nenhuma caridade, agressivas e más como só são os demônios.
Logo na primeira página, o livro O Rico e o Super-Rico diz o
seguinte: "E a chocante estória da América de hoje e seus silencio-
sos governantes multimilionários que não pagam impostos e diri-
gem o país tão duramente quanto uma ditadura". Lundberg mos-
tra claramente como o poder econômico-social domina amplamen-
te a nação, e oprime o povo. Parece que toda pessoa ao nascer rece-
be um estigma: "Você nasceu, seu desgraçado, agora irá ver o que
é a vida" — como se mil demônios tivessem ódio do trabalho do
Criador, e quisessem destruí-lo completamente, através dos milio-
nários no poder.
Para ter se idéia do estrago que o poder econômico-social reali-
za, basta ler o artigo da Lansing Lamont no jornal The New York
Times, página 31 de 10.01.86: 1. O Japão em Agosto de 1945 era
uma nação realmente derrotada e portanto não havia necessidade
alguma de se jogar a bomba. 2. Os Estados Unidos aceleraram o
tempo de jogar a bomba para forçar uma rápida rendição japonesa
a qual não daria chance para que a União Soviética entrasse na guerra
do Pacífico, e 3. A aniquilação de Hiroshima não foi, no final, ine-
vitável porque os Estados Unidos estavam determinados a explorar
em 3 anos, um investimento de dois bilhões de dólares no desenvol-
vimento de bombas, baseado no livro Dia da Bomba, de Don Kurz-
man. Tal fato nos mostra que foram mortos milhares de indivíduos;
duas cidades foram arrasados (Hiroshima e Nagasaki), para que o
dinheiro gasto na pesquisa atômica não fosse prejudicado. Bom, esta
é a explicação superficial pois o que está atrás disso, e que é funda-
mental, é o ódio e inveja dos poderosos que agiram como se fossem
demônios, pelo desejo de matar e destruir — como feras enfureci-
das. E este tipo de pessoas retém até hoje o poder econômico-social,
para pisar e prejudicar o bem-estar e o povo — são pessoas sem co-
ração, vendidas ao poder maléfico.
A revista Business Week de 20 de Janeiro de 1986 traz na página
40 o artigo intitulado: Agora a Economia da Alemanha Ocidental
está carregando a Bola — a bola é o globo terrestre; pois bem, os
que têm o poder econômico-social acreditam que são eles que carre-
gam o mundo, e não que é toda a humanidade que tem de carregá-
los, em seu egoísmo e exploração, que priva os seres humanos do
seu bem-estar e liberdade. Parece incrível, mas a libertação atual do
ser humano depende basicamente da anulação do poder econômico-
social — porque toda a humanidade passou a girar em torno desse
poder, que açambarcou todos os meios de produção, a ciência, ar-
tes e a tecnologia, colocando todos os países e homens sob sua de-
pendência. Ele é como o grande ladrão e mafioso, que obriga cada
cientista, artista, ou trabalhador a entregar a ele o produto de seu
trabalho, para que seja usado. O grande pecado do mundo está no
poder, que agora se localiza no setor econômico-social — porque
todos os erros cabem na atitude do poderoso: inveja, ódio, avare-
za, preguiça, gula, orgulho e luxúria — e tal poder como está sendo
usado, constitui uma atitude de negação, omissão e deturpação da
realidade.
Os indivíduos que têm o poder econômico-social nos Estados Uni-
dos pensam que o povo sente admiração por eles; não resta dúvida
de que alguns admiram mesmo — mas a grande maioria esmagado-
ra tem verdadeiro horror deles. Um segundo fato importante: eles
(os milionários) se identificam com as grandes figuras da História
Americana (Lincoln, Jefferson, Franklin, Paine), acreditando que
têm o mesmo valor — não querendo perceber que são justamente
ao contrário: daninhos e perigosos para o país e a civilização, san-
guessugas e doentes mentais; são indivíduos de que temos de nos
livrar, mais cedo, ou mais tarde, caso não queiramos perecer con-
juntamente com eles. O terceiro fato importante é este: o tempo dos
poderosos na economia está chegando ao seu fim, porque eles se
distanciaram tanto do trabalho, que não tem mais apoio para con-
tinuar com os seus lucros fabulosos; são decadentes e estúpidos. E
fundamental' que o povo não os siga, para não afundar com eles.
O livro que escrevi sobre a Decadência Americana não mostrou que
são essas pessoas que estão destruindo o país, e a sua mente, e, in-
clusive, levando toda a civilização de roldão.
F. Scott Fitzgerald tem uma citação curiosa sobre os ricos:
"Deixe-me falar sobre as pessoas muito ricas. Elas são diferentes
de mim e de você. Elas possuem e usufruem cedo e isso representa
alguma coisa para eles, faz deles serem maleáveis quando somos ver-
dadeiros, de tal modo que, a menos que você tenha nascido rico,
é muito difícil de se compreender. Eles pensam, no fundo de seus
corações, que são melhores que nós, porque nós precisamos desco-
brir as compensações e os refúgios da vida por nós mesmos. Mesmo
quando eles penetram profundamente no nosso mundo, ou mergu-
lham abaixo de nós, eles ainda pensam que são melhores que nós.
Eles são diferentes (Os Ricos e os Super-Ricos, Ferdinand Lundberg).
Notem bem que o literato viu no rico um ser privilegiado — mas
o que a ciência da psicopatologia enxerga é a existência de uma gran-
de alienação, que os leva a pensar que eles são diferentes, ou me-
lhores, como expressou Fitzgerald — mas não são melhores; são bem
piores, fora da realidade completamente.
A revista U.S. News, de 13 de Janeiro de 1986, traz o artigo:
"Como as pessoas normalmente se formam ricas". Quem são essas
pessoas, como elas chegaram a isso? O milionário típico é um em-
presário que se fez por si mesmo nos recentes anos 60 — pouco mais
que 10 010 tem mais de 40 anos. Ele trabalha de 10 a 12 horas diárias,
e em geral seus negócios atendem as necessidades comuns dos ame-
ricanos. A maneira real como o povo obtêm dinheiro é... trabalho
duro durante 30 anos, 6 dias por semana (diz Thomas Stanley, um
professor de economia na Georgia State University em Atlanta). Is-
to significa, em termos psicopatológicos, uma compulsividade in-
crível para ganhar dinheiro, uma atitude extrema de avareza — que
jamais um indivíduo normal teria. Aliás, os articulistas Beth Brophv
e Gordon Witkin dizem: — "Provavelmente ele ainda permanece
casado com sua primeira esposa e provavelmente explora seus fi-
lhos" — conforme eles dizem, os milionários são um péssimo exem-
plo para os próprios filhos, e procuram realizar com eles um pacto
de alienação, tirando-os da realidade da existência.
A economia dos Estados Unidos está cada vez se enfraquecendo
mais, devido à concentração da riqueza em mãos de poucos que,
por sua vez, seguram o seu desenvolvimento. Isto significa que o
dinheiro, que existe no mundo, é simplesmente suficiente, mas não
abundante para todos, por causa dos impedimentos dessa estrutura
social. Aliás, o ideal americano é o de ter uma vida confortável, com
todo o necessário para ser feliz — e talcoisa seria possível realizar
imediatamente, se esse esquema econômico-social não nos negasse.
Se o trabalho não for realizado para ajudar o próximo, será para
prejudicar, como está acontecendo atualmente, com 1/3 da popu-
lação mundial passando fome, 1 /5 sem habitações decentes para mo-
rar, e 90% ganhando o insuficiente para ter uma vida satisfatória.
Os meios de repressão defendem violentamente o poder
econômico-social. 1?) porque os policiais, os políticos, e até o povo
acreditam que eles dependem de tal poder; 2?) o problema da inver-
são psicossocial existe na mente e na sociedade — o que leva o ser
humano a imaginar o contrário da realidade, isto é, que o povo pre-
cisa dos poderosos, e não que estes últimos dependem dele. De ma-
neira que nosso grande trabalho deverá ser no sentido de educar e
desenvolver o povo, para conscientizar e assumir o que é dele; de-
pois de tantos séculos de mentiras, é difícil, de repente, o ser huma-
no perceber como foi tão enganado — mas temos de começar a
realizar isso agora — daqui a pouco tempo, todo o povo sentirá gran-
de gratidão, pelo que estamos fazendo agora para libertá-lo. Que-
remos exatamente isso: a libertação do povo. Seja um fator espiri-
tual, filosófico, ou científico, a verdade é que sempre fomos escra-
vos, e agora podemos finalmente nos libertar dos "demônios" que
sempre estragaram nossa existência — e no momento estão agarra-
dos ao poder econômico-social.
Grande parte da humanidade está vivendo sob uma camada es-
pessa de alienação, fazendo todo o esforço para acreditar que tudo
esteja bem; as festas e as alegrias que sente, geralmente são regadas
por álcool e até pelos psicotrópicos, como se estivesse debaixo de
uma máscara sorridente. Mas, quando se tira tal disfarce, o que se
vê, é a maior desolação e desespero — à semelhança dos demônios
lançados no Inferno. Este é o universo dos indivíduos ricos e pode-
rosos, que organizaram uma estrutura social fictícia, e teimam em
continuar vivendo assim. Por este motivo, a Escola de Frankfurt
deu ênfase ao estudo sobre este terrível engano (Benjamin, Hork-
heimer, Habermas, Adorno e Marcuse).
Não adianta querer convencer os poderosos (do poder
econômico-social) de seus erros, porque eles são doentes que não
têm condições de olhar para sua própria doença; eles precisam de
tratamento, como os enfermos mentais mais graves. Quando eu mo-
rava em Viena, capital da Áustria , tive contato com as principais
Sociedades de Psicoterapia (Freudiana, Junguiana, Adleriana, de Ca-
ruso e Viktor E. Frankl), e uma das coisas que mais me marcaram,
foi a idéia de Jung que psicoterapia era exorcismo. O que sempre
tenho notado em meus trabalhos de análise é que grande parte dos
indivíduos analisados, demonstram claramente uma oposição ao que
é bom, real e bonito, que é uma atitude demoníaca — pois bem,
os poderosos têm exatamente essa conduta, de tentar brecar e se opor
ao desenvolvimento da humanidade. O poder é praticamente a rea-
lização total da loucura do ser humano.
A humanidade precisa substituir a febre, que tem para vender,
por um desejo muito grande de realizar, para o bem comum; assim,
ela substituiria a angústia pela paz — pois quem elaborou a teoria
econômica colocou o valor no lucro; Adam Smith: o valor no uso;
David Ricard: o valor no lucro; John M. Keynes; o valor no dinhei-
ro; Michael Kalecki: semelhante a Keynes: Joan Robinson: o valor
na humanidade e na economia; Piero Sraff: o valor no trabalho;
Friedrich A. Hayek: o valor na liberdade. Este último era adversá-
rio de Keynes desaconselhou qualquer intervenção do Estado no pro-
cesso econômico — pois tal atitude levaria inevitavelmente à tira-
nia; ele publicou tal idéia em seu livro O Caminho da Servidão (1944).
Note o leitor que Hayek já via, há mais de 40 anos, o perigo que
o poder econômico trazia para a humanidade. Infelizmente, o siste-
ma político americano, desde o tempo de Roosevelt, passou a cui-
dar muito do econômico, colocando-se em perigo.
O que preconizamos é um sistema de leis para o sistema econô-
mico, à semelhança do político americano, para evitar que ele ad-
quira um poder demasiado; certamente o poder econômico deve ser
separado, mas ao mesmo tempo tem de ter as mesmas leis que ele
— caso contrário, acabará dominando o político. A mesma separa-
ção que existe entre os três poderes, Executivo, Legislativo e Judi-
ciário, deve haver entre o político, o econômico e o religioso. Este
último já está separado, para alívio e paz da humanidade; no en-
tanto, os indivíduos mais doentes se voltaram para o econômico,
como meio de dominar a nação. Agora, cabe ao político, em união
com todo o povo, iniciar esta grande luta para libertar o país. Toda
vez que houver um poder livre de ser exercido, ele será procurado
pelos indivíduos mais doentes; esta advertência é fundamental, pa-
ra a compreensão dos perigos sociais, que sempre advêm através das
cabeças dos que exercem o poder.
A filosofia de vida que impera na sociedade é justamente o con-
trário da idéia divina, ou seja, ganhar dinheiro, ter poder, dominar
os outros — pois nota-se que o ser humano, ou está do lado do Cria-
dor, ou vendido ao Lúcifer — praticamente, não existe meio termo.
E o mais interessante da questão é que os que apoiam o diabo têm
de negar isto, porque ele (o demônio) não se vê como demônio —
ele pensa que é um deus. Exatamente, o mesmo fenômeno acontece
com o homem, pois o que tem o poder sem limite sempre diz que
torturou, matou e prendeu para obedecer ordens, ou para cumprir
leis; basta analisar o que diziam os carrascos nazistas e os militares
argentinos que foram condenados, e todos aqueles que agiram assim.
Abraham Lincoln falou certa vez: "Nada de bom tem sido ou
pode ser desfrutado sem ter primeiro custado trabalho. E como a
maioria das coisas boas são produzidas pelo trabalho, segue-se que
todas essas coisas pertencem, de direito, àqueles que trabalharam
para produzi-las. Mas tem ocorrido, em todas as eras do mundo,
que muitos trabalharam e outros, sem trabalhar, desfrutaram uma
grande proporção dos frutos. Isso está errado e não deve continuar.
Assegurar a todo trabalhador o produto de seu trabalho, ou o má-
ximo possível desse produto, é o objetivo digno de qualquer bom
governo" (Nicolay and Hay, Abraham Lincoln , Complete Works,
Century Company, New York, 1920, Vol I, pág. 92). Será que não
foi esse ideal, a explicação para o assassinato do grande presidente?
No entanto, o poder tem de existir, mas ele pertence só ao Cria-
dor, ao que trabalha, ao que produz, ao povo — e não ao que ex-
plora, é servido, e oprime o ser humano, ou melhor, aos demônios
espirituais e humanos. O poder pertence a quem serve, a quem é
bom, verdadeiro e artístico, o poder pertence a quem tem capacida-
de de produzir. E este fato o homem deve conscientizar rapidamen-
te, para poder construir o seu verdadeiro mundo. Lembre-se do
seguinte: a humanidade foi enganada no passado, e continua no mes-
mo engano, presentemente; mas no momento em que abrir os olhos
e passar a trabalhar para si mesma (para o semelhante e não para
um poderoso), imediatamente sofrerá enorme desenvolvimento e
abundância de meios materiais.
A última esperança da humanidade está no sistema político ame-
ricano; se este último perecer, poderemos dizer adeus a civilização
— mas, se recobrar sua força, teremos a garantia que o ser humano
será salvo. Quando se compara a liberdade política dos Estados Uni-
dos, com a de outros países, sentimos grande alívio de que haja uma
nação em que tal poder esteja dominando — e medo de que qual-
quer outro país possa tomar a dianteira neste tipo de poder, em de-
trimento de toda a civilização.
Opressão do poder econômico sobre o
político
A revista Bussiness Week, do dia 02 de Dezembro de 1985, pági-
na 76, trouxe uma reportagem de Bruce Nussbaum intitulada "O
Grande Negócio de Ser Henry Kissinger". Logo de início, diz o se-
guinte: "Ele tem sido o conselheiro e confidente dos líderes mais
poderosos do mundo há décadas". Mais adiante: "Nós atuamos co-
moum minidepartamento de estado", diz Lawrence S. Eaglebur-
ger, anteriormente subsecretário de Estado para questões políticas".
"Nós temos clientes que querem saber sobre as futuras relações en-
tre os USA e a União Soviética. Nós providenciamos a análise da
estratégia econômica mundial". Em seguida diz: "A reputação de
Kissinger, de conselheiro dos poderosos está vacilando. De fato, às
vezes ele aparenta não ter outra fonte de poder senão a aura do po-
der. Muitos estão dispostos a pagar um alto preço para poderem
banhar-se nesta aura, esperando tornarem-se poderosos também".
Na página 77 existe uma série de firmas que usam do poder polí-
tico de Kissinger:
UMA AMOSTRA DOS CLIENTES CONFIDENCIAIS DE KISSINGER
Companhia Áreas de Consultoria e Serviços
AMERICAN EXPRESS Geopolítica, Ásia
ARCO Geopolítica, América Latina, dívida do
Terceiro Mundo
ASEA (Suécia) Política de Washington
CHASE MANHATTAN
BANK
Geopolítica, Oriente Médio
L.M. ERICSSON
(Suécia)
Política de Washington,
Europa Oriental
FIAT
(Itália)
Política de Washington,
Tendências no leste europeu
GENERAL ELECTRIC
(Grã-Bretanha)
Política de Washington e geopolítica
H. J. HEINZ China, Oriente Médio, África, contatos
MERCK Japão, França
MIDLAND BANK (Grã-Bretanha) Tendências geopolíticas
MONTEDISON (Itália) Política de Washington
SHEARSON LEHMAN Indicação de negócios, geopolítica
VOLVO (Suécia) Tendências internacionais atuais,
política de Washington
S. G. WAREBURG
(Grã-Bretanha)
Política de Washington, contatos
Fonte: BW
Sabemos que a maioria dos presidentes e chanceleres de todos
os países, quando deixam o poder, assumem um cargo empresarial,
na direção de alguma firma. Se o povo pensar um pouco, verá ime-
diatamente que existe atualmente uma estreita ligação entre os dois
setores — evidentemente, não em benefício do país —, seria um
pacto entre os dois poderes, para explorar o povo. Em nações
democráticas, ainda é tempo para corrigir tal questão; mas, se de-
morar um pouco mais, será impossível salvar os povos de tão aguda
forma de rapinagem pública. A única maneira de corrigir tal situa-
ção será o povo exigir imediatamente a separação dos dois poderes
— mesmo que oficialmente não haja essa união, ou pelo menos, nun-
ca deveria haver.
Ontem (15/12/1985) ouvi pelo rádio a opinião do presidente Ro-
nald Reagan, dizendo que as pessoas ricas têm mais condições de
dirigir a sociedade: porque já tiveram sucesso na vida, e porque não
precisam mais de dinheiro, em qualquer cargo político. Ora, tal opi-
nião é comum em toda a sociedade, e eu próprio pensava assim —
até as descobertas científicas que realizei. E somente através dos co-
nhecimentos da psicopatologia é que foi possível perceber justamente
o contrário: que os ricos estão impedindo o desenvolvimento da hu-
manidade. Como eles são mais paranóicos, têm facilidade de argu-
mentação; são querulantes, levantando a toda hora questões apa-
rentemente importantes; são muito convencidos do próprio valor,
e pensam que são indispensáveis. E como a manipulação da econo-
mia e finança não exige um bom grau de inteligência, conseguem
sobreviver razoavelmente — até que a nação entre em colapso (1929),
e como está parecendo agora ao surgir pesadas nuvens no horizon-
te. Nesse caso, eles desmoronam completamente, chegando ao sui-
cídio, com facilidade.
Existem sinais que se tornam claros, para distinguir este tipo de
personalidade tão doente: 1) são extremamente sovinas, não gastando
quase nada, seja na alimentação com servidores, e até com parentes
próximos (filhos, pais); 2) têm hábitos bizarros: colecionam algu-
ma coisa, usam roupas esquisitas, às vezes, têm hipocondria (mania
de doença); 3) valorizam sobremaneira a máscara social: jóias, lo-
cais luxuosos, pessoas famosas, nome nos jornais. O pessoal que
tem o poder econômico-social tem a certeza absoluta de que sua po-
sição é inabalável; ele pensa que dominou todo o povo, e que pode
viver tranqüilamente mais 2.000 ou 3.000 anos — que tal sociedade
é certa, e não poderia haver outra; vamos dizer que eles não põem
dúvidas sobre o que pensam — assim sendo, a maior parte das pes-
soas acreditam neles. Porém, chegamos ao tempo de parar de acre-
ditar nos megalômanos e narcisistas.
O povo precisa saber que ele foi sempre prejudicado pelo poder
econômico-social, e que precisa dar um paradeiro a tal situação, se
quiser ser feliz — e a principal conscientização seria a culpa que to-
dos nós temos, porque admiramos o demônio e permitimos que ele
aja a vontade. Penso geralmente como foi possível o povo aceitar,
uma vez a escravidão, outra vez ser explorado pelo poder econômico-
social, e ainda elogiar os seus carrascos! Também não estou falan-
do que todas as pessoas do povo sejam equilibradas; muitas admi-
ram e dão força aos doentes que dominam o poder econômico. Pe-
lo relato bíblico, um dia Adão e Eva resolveram ser como deuses,
poderosos, conhecedores do bem e do mal, e então romperam com
o Criador, aliando-se aos demônios. Porém, nem todos os indiví-
duos aceitam este pacto, não fazem questão de ter poder, e não po-
dem realizar quase nada para o povo.
O grande problema do ser humano atual reside no poder
econômico-social, por estar dominado pelos indivíduos mais doen-
tes. Parece que Adam Smith e Jeremy Bentham nada entendiam de
psicopatologia ao abrir todas as portas para que eles tomassem conta
da sociedade. Porém, como estamos conscientizando tal fenômeno,
será possível daqui por diante colocar um paradeiro nesta situação
social tão perigosa. Se poder algum pode ser exercido livremente,
como o econômico foi deixado totalmente livre?
Quando Calvino dizia que as pessoas bem-sucedidas na vida eram
abençoadas por Deus estava com toda razão — mas quando Adam
Smith dizia que os indivíduos que sabem ganhar dinheiro, para si,
saberiam ganhar para os outros, estava totalmente errado; por cau-
sa desta confusão, os mais doentes tomaram conta da civilização.
Esta é a descoberta que eu acredito ter sido a mais importante no
campo da sociopatologia, com a finalidade de libertar o ser huma-
no. De outro lado, não podemos obrigar um artista, um pensador,
ou um cientista a saber ganhar dinheiro; se o comerciante tem esta
habilidade, devemos colocá-lo dentro de leis razoáveis, para que ele
exerça tal capacidade para o proveito de todos — assim como o ar-
tista, quando realiza um trabalho, toda a sociedade pode aproveitá-
lo; quando um cientista descobre algo importante, é em benefício
da humanidade. Por que então, só o negociante, o empresário e o
banqueiro trabalham para si mesmo? Sei que, um dia, o dinheiro
será abandonado; mas enquanto isto não for feito, vamos suportar
mais um pouco essa classe de pessoas — porque o ideal é que elas
não existam.
Todos os indivíduos muito doentes procuram se apossar de qual-
quer poder que esteja à disposição, para oprimir o semelhante. Se
não conseguir no político, ou no econômico, dirige-se a outros cam-
pos, como o da comunicação, da ciência, ou mesmo nas artes; mas
a sua finalidade e a da agressão contra a sociedade. No momento,
o poder mais propício para tal finalidade é o econômico: 1) porque
qualquer débil mental pode ganhar dinheiro, desde que seja persis-
tente; 2) o empenho em passar uma existência atrás do dinheiro re-
vela a gravidade do mal psíquico.
Houve um desenvolvimento na história do poder; antigamente,
o povo se ajoelhava diante do rei, atualmente ninguém mais faz tal
coisa, diante de um presidente, ou de um ministro; no entanto, frente
a um milionário sente admiração, porque foi ensinado desde crian-
ça que os indivíduos ricos seriam criaturas extraordinárias, que con-
seguiram sua riqueza graças a grande esforço. Talvez não preciso
dizer qual a origem de tal idéia, e principalmente que não existe pos-
sibilidade de se tornar realmente rico, se não for através de roubo
direto, ou indireto. E quando falo do roubo indireto, estou me re-
ferindo à possibilidade de elaborar leis que favoreçam o enriqueci-
mento ilícito.
Em minha opinião, os Estados Unidos da América e todos ospaíses do mundo estão correndo o mais grave perigo de toda a His-
tória, por causa do poder econômico-social, que vem tomando con-
ta de toda a humanidade atualmente. E não se acredite que tal si-
tuação é do Ocidente, pois as nações marxistas, ao contrário do que
se pensa comumente, já foram totalmente dominadas, desde que lá
o poder político é ligado ao econômico. Parece que este aviso é o
último relampejo, antes que uma total escuridão cultural se abata
sobre este planeta, caso ele (o poder econômico) consiga se tornar
vitorioso.
O grande perigo para o mundo ocidental não é o que ele chama
de materialismo marxista; o grande perigo está dentro dele mesmo,
nos indivíduos do poder econômico, que já sufocou a maior parte
dos países: não é só a América Latina que está com um débito sem
solução; a própria finança dos Estados Unidos gasta 47 07o de todo
o dinheiro que entra, para pagar os juros da dívida do governo —
significando que ele está chegando ao ponto de ser dominado intei-
ramente pelo poder econômico (só falta mais 4%).
Este fenômeno não é de hoje, porque Andrew Jackson (1767 -
1845), que foi presidente deste país de 1830 a 1837, teve suas mais
armadas lutas contra o Banco dos Estados Unidos, muitos peque-
nos proprietários, fazendeiros e trabalhadores se opuseram ao ban-
co, criado por Alexandre Hamilton em 1791. Jackson via o banco
como sendo um poder financeiro — um monopólio que os ricos e
poderosos usaram para seu proveito (Rise of the American Nation,
Heritage Edition, pág. 240). Parece que a grande luta dos políticos
americanos foi sempre com o poder econômico, pois a Declaração
de Independência foi realizada por causa das taxas extorsivas que
o Império Britânico realizava; mais tarde, a partir de 1865, houve
revolta dos fazendeiros americanos contra as práticas de grandes ne-
gociações. Atualmente, sabemos que os fazendeiros americanos es-
tão na maior bancarrota de toda a história do país — desde que eles
dedicam todo o seu tempo a uma tarefa honesta e bonita, que é o
trabalho de plantar e colher. Eles estão longe dos conluios dos agio-
tas e banqueiros; portanto, são um grupo totalmente indefeso dian-
te desse mal.
O governo deveria retirar todo o dinheiro que precisa do poder
econômico-social, e não do povo, que é pobre. No entanto, acontece
o contrário, porque tal poder "tansgride" todas as leis sociais, usan-
do as próprias leis, que lhe dão possibilidade de usar o que tem, em
próprio benefício. Parece que três das maiores empresas norte-
americanas, não pagam absolutamente nada de imposto sobre a ren-
da, pois têm um corpo jurídico perfeito para isso. Aliás, existe uma
boa quantidade de livros neste país ensinando o que fazer para não
pagar o governo — o cidadão comum não pode pagar advogados,
como as grandes firmas. As vezes, uma indústria, ou uma empresa
de qualquer ramo, tem um corpo enorme de advogados, que as ensi-
nam como burlar as leis — o que dá impressão de que o verdadeiro
poder político está perdendo terreno assustadoramente, diante do eco-
nômico. Em meu livro, A Libertação, trouxe a idéia de que não há
liberdade para realizar o mal, a desonestidade, o que é ruim. O po-
der político está restrito dentro desta regra, mas não o econômico;
assim sendo, os seres humanos perversos encontraram um meio de
se apoderar de todos os bens, para impedir que a sociedade se desen-
volva. A libertação social, portanto, seria o livramento desse poder.
É de extrema importância que os políticos americanos conscien-
tizem o fato, cada vez mais evidente, da intromissão dos poderes
econômicos na política; se continuar assim, o poder político será des-
truído dentro de pouco tempo: 1) porque o poderoso na economia
automaticamente domina o político; 2) o povo se revolta contra o
político, que se corrompe pelo poder econômico; 3) o povo pressio-
nado, pode fazer uma revolução sangrenta. No continente america-
no, os Estados Unidos constituem a única nação em que o poder
político ainda está separado do econômico; nos demais países da
América Central e do Sul, os políticos são dependentes ou de seus
banqueiros, ou dos Bancos Internacionais. Chegou o momento dos
novos Lincolns e Franklins americanos aparecerem — eles terão os
seus nomes inscritos entre os mais fulgurantes da História, e suas
pessoas serão eternamente reconhecidas pelas gerações futuras.
Quando eu falo que é fundamental tirar os poderosos do poder
econômico-social, não estou preconizando um tipo de regime socia-
lista (Suécia, Alemanha, Áustria , Inglaterra), porque neste caso con-
tinua existindo a mesma injustiça contra o povo, que permanece po-
bre, ao lado de um governo rico. O que eu estou mostrando é a ne-
cessidade de deixar o dinheiro em mãos que produzem (segundo os
ideais da Constituição Americana), e valorizar o homem, o país, o
trabalho, as artes, a honestidade e o bem, que são a base de qual-
quer existência feliz (ver o capítulo As Empresas Trilógicas).
2. Sociologia do poder
A finalidade deste livro é tentar conscientizar o povo de que ele
é dominado por indivíduos doentes, paranóicos, covardes e corrup-
tos; estamos no momento certo de nos libertarmos dos "demônios"
que nos oprimem — porque chegamos a uma era em que os poderes
constituídos estão fracassando, e os indivíduos que os possuem não
sabem o que fazer para continuar dominando e oprimindo o povo,
e impedir a civilização de melhorar; estamos em um período em que
todas as circunstâncias nos favorecem, para finalmente podermos
construir uma verdadeira civilização. A sociedade que existe é anti-
humana porque o povo é doente, angustiado e infeliz, porque o po-
vo se sente esmagado pelos poderosos, e porque sabemos que não
nascemos para sofrer; a sociedade atual é um verdadeiro inferno,
e isto não pertence ao plano do Criador, mas dos demônios que to-
maram conta de nossa vida social, ou seja, dos indivíduos diabólicos.
A revista alemã Der Spiegel (Dezembro de 1985) traz uma pes-
quisa com o nome "Apocalipse Agora — A Visita do Quarto Cava-
leiro", onde mostra que todos os impérios caíram por causa das epi-
demias; por exemplo, a Grécia ruiu devido à varíola, ao tifo, à de-
sinteria e a febre amarela. Roma foi destruída, não pelos bárbaros,
mas pela malária. A peste negra, como sabemos, foi causada pelos
ratos, que difundiram a doença bubônica. As civilizações pré-
colombianas se extinguiram com a varíola, trazida pelos espanhóis.
Napoleão Bonaparte foi vencido pelo tifo. Em 1978, a Organização
Mundial da Saúde declarou que não havia mais varíola sobre a face
da Terra — e então começou o AIDS — que promete liquidar mais
pessoas, do que todas as epidemias reunidas, ou seja, um bilhão de
indivíduos. E sabemos que toda doença surge em decorrência de uma
conduta psicopatológica: primeiro é a mente, a vida social que adoe-
ce, para em seguida aparecer a epidemia; de maneira que a cura es-
tá na dependência da correção do engano realizado no campo psi-
cossocial — e tal erro foi elaborado pelos homens que têm o poder
social — de maneira que a causa fundamental dos problemas hu-
manos repousa nos indivíduos poderosos.
Quando digo que os poderosos são corruptos, muitas pessoas
poderão pensar que geralmente eles cumprem as leis sociais; porém,
este é o grande problema, que justamente os regulamentos prote-
gem o poder econômico — o que é, por si mesmo, algo imoral —
então, tais leis são erradas. Aliás, as grandes firmas empregam grande
número de advogados, para escapar das exigências legais, e usam
também de meios desonestos, para comprar políticos que favore-
çam suas negociatas.
Todo poder sem limite é perigoso, mas o poder econômico, por
si mesmo, é o pior de todos; em todas as épocas, as pessoas que ti-
veram poder, sempre procuraram o dinheiro, para confirmar o seu
poderio: se era um religioso, na Idade Média, procurava adquirir
propriedades; se era o senhor feudal, obrigava os seus arrendatá-
rios a pagar caro; se é o capitalista, ou o marxista atual, escraviza
os operários e todos os que trabalham, obrigando-os a entregar a
eles o fruto

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