Prévia do material em texto
Ambiente e Saúde - 1 Organizadores Raul Borges Guimarães Leonice Seolin Dias Silas Seolin Dias Ambiente e Saúde pensar, aplicar e agir 1ª Edição ANAP Tupã/SP 2019 2 EDITORA ANAP Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos, fundada em 14 de setembro de 2003. Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, Cidade de Tupã, São Paulo. CEP 17.605-310. Contato: (14) 99808-5947 www.editoraanap.org.br www.amigosdanatureza.org.br editora@amigosdanatureza.org.br Editoração e Diagramação da Obra: Leonice Seolin Dias; Sandra Medina Benini Revisão Ortográfica: Smirna Cavalheiro Índice para catálogo sistemático Brasil: Geografia Ambiente e Saúde - 3 Conselho editorial interdisciplinar permanente Prof. Dr. Adeir Archanjo da Mota – UFGD P Profa. Dra. Alba Regina Azevedo Arana – UNOESTE Prof. Dr. Alexandre Carneiro da Silva – IFAC Prof. Dr. Alexandre França Tetto – UFPR Prof. Dr. Alexandre Sylvio Vieira da Costa – UFVJM Prof. Dr. Alfredo Zenen Dominguez González – UNEMAT Profa. Dra. Alina Gonçalves Santiago – UFSC Profa. Dra. Aline Werneck Barbosa de Carvalho – UFV Prof. Dr. Aurelio Bandeira Amaro – UFPel Prof. Dr. Alyson Bueno Francisco – CEETEPS Profa. Dra. Ana Klaudia de Almeida Viana Perdigão – UFPA Profa. Dra. Ana Lúcia de Jesus Almeida – UNESP/PP Profa. Dra. Ana Lúcia Reis Melo Fernandes da Costa – IFAC Profa. Dra. Ana Paula Branco do Nascimento – UNINOVE Profa. Dra. Ana Paula Fracalanza – USP Profa. Dra. Ana Paula Novais Pires – UFG/Catalão Profa. Dra. Ana Paula Santos de Melo Fiori – IFAL Prof. Dr. André de Souza Silva – UNISINOS Profa. Dra. Andrea Aparecida Zacharias – UNESP Profa. Dra. Andrea Holz Pfutzenreuter – UFSC Prof. Dr. Antonio Fábio Sabbá Guimarães Vieira – UFAM Prof. Dr. Antonio Marcos dos Santos – UPE Profa. Dra. Arlete Maria Francisco – FCT/UNP Profa. Dra. Beatriz Ribeiro Soares – UFU Profa. Dra. Carla Rodrigues Santos – UNEMAT Prof. Dr. Carlos Andrés Hernández Arriagada – MICAP Profa. Dra. Carmem Silvia Maluf – Uniube Profa. Dra. Cibele Roberta Sugahara – PUC Profa. Dra. Célia Regina Moretti Meirelles – UPM Prof. Dr. Cesar Fabiano Fioriti – FCT/UNESP Prof. Dr. César Gustavo da Rocha Lima – UNESP Prof. Dr. Cledimar Rogério Lourenzi – UFSC Profa Dra. Cristiane Miranda Martins – IFTO Profa Dra. Daniela de Souza Onça – FAED/UESC Prof. Dr. Darllan Collins da Cunha e Silva – UNESP Profa. Dra. Dayana Ap. M. de Oliveira Cruz – UFSCAR Profa. Dra. Denise Antonucci – UPM Profa. Dra. Diana da Cruz Fagundes Bueno – UNITAU Prof. Dr. Edson L. Ribeiro – Unieuro – Minist. das Cidades Prof. Dr. Eduardo Salinas Chávez – UFMS Prof. Dr. Eduardo Vignoto Fernandes – UFG/Jataí Prof. Dr. Edvaldo Cesar Moretti – UFGD Profa. Dra. Eliana Corrêa Aguirre de Mattos – UNICAMP Profa. Dra. Eloisa Carvalho de Araújo – UFF Profa. Dra. Eneida de Almeida – USJT Prof. Dr. Erich Kellner – UFSCar Prof. Dr. Eros Salinas Chàvez – UFMS /Aquidauana Profa. Dra. Fátima Aparecida da SIlva Locca – UNEMAT Prof. Dr. Felippe Pessoa de Melo – Centro Univ. AGES Profa. Dra. Fernanda Silva Graciani – UFGD Prof. Dr. Fernando Sérgio Okimoto – UNESP Profa. Dra. Flávia Akemi Ikuta – UFMS Profa. Dra. Flávia Maria de Moura Santos – UFMT Profa. Dra. Flávia Rebelo Mochel – UFMA Prof. Dr. Flavio Rodrigues do Nascimento – UFC Prof. Dr. Francisco Marques Cardozo Júnior – UESPI Prof. Dr. Frederico Braida Rodrigues de Paula – UFJF Prof. Dr. Frederico Canuto – UFMG Prof. Dr. Frederico Yuri Hanai – UFSCar Prof. Dr. Gabriel Luis Bonora Vidrih Ferreira – UEMS Profa. Dra. Geise Brizotti Pasquotto – USP Profa. Dra. Gelze Serrat de S. Campos Rodrigues – UFU Prof. Dr. Generoso de Angelis Neto – UEM Prof. Dr. Geraldino Carneiro de Araújo – UFMS Profa. Dra. Gianna Melo Barbirato – UFAL Prof. Dr. Glauco de Paula Cocozza – UFU Profa. Dra. Isabel C. Moroz Caccia Gouveia – FCT/UNESP Profa. Dra Jakeline Aparecida Semechechem – UENP Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA Prof. Dr. João Carlos Nucci – UFPR Prof. Dr. João Paulo Peres Bezerra – UFFS Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria – FAAC/UNESP Prof. Dr. José Aparecido dos Santos – FAI Prof. Dr. José Queiroz de Miranda Neto – UFPA Prof. Dr. José Seguinot – Universidad de Puerto Rico Prof. Dr. Josep Muntañola Thornberg – UPC/Barcelona Profa. Dra. Josinês Barbosa Rabelo – UFPE Profa. Dra. Jovanka B. Cavalcanti Scocuglia – UFPB Profa. Dra. Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro – FEA Prof. Dr. Júnior Ruiz Garcia – UFPR Profa. Dra. Karin Schwabe Meneguetti – UEM Profa. Dra. Katia Sakihama Ventura – UFSCar Prof. Dr. Leandro Gaffo – UFSB Profa. Dra. Leda Correia Pedro Miyazaki – UFU Profa. Dra. Lidia M. de Almeida Plicas – IBILCE/UNESP Profa. Dra. Lisiane Ilha Librelotto – UFS Profa. Dra. Luciana Ferreira Leal – FACCAT Profa. Dra. Luciana Márcia Gonçalves – UFSCar Prof. Dr. Marcelo Campos – FCE/UNESP Prof. Dr. Marcelo Real Prado – UTFPR Profa. Dra. Marcia Eliane Silva Carvalho – UFS Prof. Dr. Márcio R. Pontes – EQUOIA Eng. Ambiental Ltda. Profa. Dra. Margareth de Castro Afeche Pimenta – UFSC Profa. Dra. Maria Ângela Dias – UFRJ Profa. Dra. Maria Ângela P. de Castro e S. Bortolucci – IAU Profa. Dra. Maria Augusta Justi Pisani – UPM Profa. Dra. María Gloria F. Rodríguez – IEA/Cienf./ Cuba Profa. Dra. Maria Helena Pereira Mirante – UNOESTE Profa. Dra. Maria José Neto – UFMS Profa. Dra. Maristela Gonçalves Giassi – UNESC Profa. Dra. Marta C. de Jesus A. Nogueira – UFMT Profa. Dra. Martha Priscila Bezerra Pereira – UFCG 4 Prof. Dr. Maurício Lamano Ferreira – UNINOVE Prof. Dr. Miguel Ernesto González Castañeda – Universidad de Guadalajara – México Profa. Dra. Natacha Cíntia Regina Aleixo – UEA Profa. Dra. Natália Cristina Alves – UNESP/PP Prof. Dr. Natalino Perovano Filho – UESB Prof. Dr. Nilton Ricoy Torres – FAU/USP Profa. Dra. Olivia de Campos Maia Pereira – EESC – USP Profa. Dra. Onilda Gomes Bezerra – UFPE Prof. Dr. Oscar Buitrago – Univ. Del Valle, Colombia Prof. Dr. Paulo Alves de Melo – UFPA Prof. Dr. Paulo Cesar Vieira Archanjo – UFAM Prof. Dr. Paulo Cesar Rocha – FCT/UNESP Profa. Dra. Priscila Varges da Silva – UFMS Profa. Dra. Regina Célia de Castro Pereira – UEMA Prof. Dr. Renan Antônio da Silva – UNESP – IBRC Prof. Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino – UNICAMP Prof. Dr. Ricardo Toshio Fujihara – UFSCar Profa. Dra. Risete Maria Queiroz Leão Braga – UFPA Prof. Dr. Rodrigo Barchi – UNISO Prof. Dr. Rodrigo Cezar Criado – TOLEDO Pres. Prudente Prof. Dr. Rodrigo Gonçalves dos Santos – UFSC Prof. Dr. Rodrigo José Pisani – UNIFAL – MG Prof. Dr. Rodrigo Simão Camacho – UFGD Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Araujo – UFMA Profa. Dra. Roselene Maria Schneider – UFMT Prof. Dr. Salvador Carpi Junior – UNICAMP Profa. Dra. Sandra M. Alves da Silva Neves – UNEMAT Prof. Dr. Sérgio Augusto Mello da Silva – FEIS/UNESP Prof. Dr. Sergio Luis de Carvalho – FEIS/UNESP Profa. Dra. Sílvia Carla da Silva André – UFSCar Profa. Dra. Silvia Mikami G. Pina – Unicamp Profa. Dra. Simone Valaski – UFPR Profa. Dra. Sueli Angelo Furlan – USP Profa. Dra. Tânia Paula da Silva – UNEMAT Profa. Dra. Tatiane Bonametti Veiga – UNICENTRO Prof. Dr. Umberto Catarino Pessoto – SUCEN – SES/SP Profa. Dra. Vera Lucia Freitas Marinho – UEMS Prof. Dr. Vilmar Alves Pereira – FURG Prof. Dr. Vitor Corrêa de Mattos Barretto – FCAE/UNESP Prof. Dr. Xisto S. de Santana de Souza Júnior – UFCG Profa. Dra. Yanayne Benetti Barbosa – UFSCar Ambiente e Saúde - 5 Conselho editorial ad hoc Profa. Dra. Ana Paula Novais Pires Koga – UFG Prof. Dr. Aurélio Bandeira Amaro – UFPel Prof. Dr. Baltazar Casagrande – UNEMAT Profa. Dra. Carla Rodrigues Santos– UNEMAT Prof. Dr. Carlos Eduardo das Neves – IFMS/Corumbá Prof. Dr. Cláudio Antonio Di Mauro – IG/UFU Prof. Dr. Eros Salinas Chàvez – UFMS/Aquidauana Prof. Dr. Fernando Pinheiro de Souza Neto – UEL Prof. Dr. Flávia Mochel – UFMA Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA Prof. Dr. Hugo Rogério Hage Serra – UFPA Profa. Dra. Lilian Barazetti – UNIOESTE Profa. Dra. Regina Célia de Castro Pereira – UFMA Profa. Dra. Lourdes Ap. Zamperieri D’Andrea – UNESP/Presidente Prudente Prof. Dr. Luis Roberto Almeida Gabriel Filho – UNESP/Tupã Prof. Dr. Marcio Rogério Pontes – EQUOIA Engenharia Ambiental Ltda Profa. Dra. Maria Cristina Risk – UNESP/Presidente Prudente Profa. Dra. Sandra Medina Benini – UNIVAG Prof. Dr. Vagner Camarini Alves – UNOESTE/Presidente Prudente Comissão científica internacional ad hoc Prof. Dr. Marcelino Maurício Ricárdez Cabrera – FCPyS/México Profa. Convidada Tatiana Alonso Pérez (médica) – Policlínico Universitario/Cuba Profa. Convidada Yanet de la Caridad F. Cordero (médica) – Policlínico Universitario/Cuba 6 Organizadores Raul Borges Guimarães Licenciado e Bacharel em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre e Doutor em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Livre Docente pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Professor Titular do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Presidente Prudente/SP. Leonice Seolin Dias Graduada em Ciências pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã/SP (FAFIT). Habilitação em Biologia pelas Faculdades Adamantinenses Integradas de Adamantina/SP (FAI). Mestrados em Ciências Biológicas e em Ciência Animal e Especialização em Ciências Biológicas pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Presidente Prudente/SP. Silas Seolin Dias Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina/PR (UEL). Especialista em Anatomia e Histologia pela Universidade Estadual de Maringá/PR (UEM). Atualmente, mestrando em Educação Física pela UEL e docente na Faculdade Instituto de Ensino Superior de Londrina (INESUL). Ministra aulas de Educação e Meio ambiente. Ambiente e Saúde - 7 Sumário Prefácio 09 Apresentação 11 PARTE I: PENSAR Capítulo 1 Cambios en el clima y cáncer de piel en la provincia de Cienfuegos, Cuba María Gloria Fabregat Rodríguez; Wilmer Ramírez Carmona 15 Capítulo 2 Saneamento ambiental e Leptospirose humana em Manaus/AM Ulliane de Amorim Pereira; Natacha Cíntia Regina Aleixo 31 Capítulo 3 A mosca doméstica, sua importância e controle Leonice Seolin Dias; Lucas de Castro Farias 47 Capítulo 4 Panorama dos acidentes causados pela serpente cascavel (Crotalus durissus) no Brasil Rosa Maria Barilli Nogueira; Adriana Falco de Brito 81 PARTE II: APLICAR Capítulo 5 La percepción social del agua como indicador de salud ambiental en una Cuenca Hidrográfica: Cuenca del Río Dagua, Colombia Oscar Buitrago Bermúdez; Marco Antonio Aguirre; Francy Viviana Bolaños Trochez 103 Capítulo 6 Salud ambiental de las enfermedades vectoriales: aplicación geo tecnológica para entender la situación del Dengue, el Zika y el Chikungunya en Puerto Rico Jose Seguinot Barbosa 129 Capítulo 7 Externalidades negativas aos elementos da natureza: efeitos da precipitação pluviométrica em áreas degradadas Paulo Augusto Romera e Silva; Renata Ribeiro de Araújo; José Cezar Zoccal 157 8 Capítulo 8 Abordagem geoespacial para a análise da concentração de muscídeos sinantrópicos em uma estação ecológica, região Oeste Paulista Rogerio Giuffrida; Rodrigo José Pisani; Ana Paula Jorge de Carvalho; José Sergio Costa Junior; Marcos Vinicius Cultienski Souza 175 PARTE III: AGIR Capítulo 9 O meio ambiente e a prática de atividade física nos centros urbanos: uma análise da cidade de Londrina, Paraná Eduardo Vignoto Fernandes; Silas Seolin Dias 191 Capítulo 10 Paisagem, ambiente e desenvolvimento: uma análise geográfica do uso do turismo para promoção da saúde Martha Priscila Bezerra Pereira; Xisto Serafim de Santana de Souza Júnior 211 Capítulo 11 A importância das estações de tratamento de esgotos da SABESP de Adamantina para o Saneamento Ambiental Júlio Cesar Villagra; Raul Borges Guimarães 225 Ambiente e Saúde - 9 Prefácio A avaliação das condições de saúde humana na sua relação com o ambiente, incluindo a qualidade de vida, está presente na investigação geográfica desde Finke (1792), ao sublinhar a necessidade e a validade de uma percepção holística em saúde, indo para além da influência hipocrática do lugar, considerando a multicausalidade da doença. Hoje, é absolutamente incontestável a relevância que o ambiente detém sobre a saúde e bem- estar humano nas suas múltiplas dimensões, algumas das quais imateriais. A presente obra – Ambiente e saúde: pensar, aplicar e agir – presta um adequado tributo a este processo holístico de pensar a saúde na sua relação com o ambiente, cruzando observações e explicações que vão da escala local até a sua relação com os determinantes macroglobais (economia, alterações climáticas e ambientais, políticas, mobilidade, entre outras). Nos quatro primeiros capítulos encontramos uma reflexão que passa pela discussão da vulnerabilidade humana, ampliada pelas mudanças climáticas associadas ao aumento da exposição à radiação UV, passando pela investigação das interações clássicas homem-vetor, indo até a apreciação do risco presente nos acidentes ofídicos. Os cenários de estresse climático com que nos confrontamos, aos quais se adiciona uma crescente taxa de urbanização, constituem o pretexto para que os autores discutam o impacto gerado pela interação dos grupos humanos com o ecossistema, à medida que ocupamos e transformamos o território de um modo cada vez mais impressivo, sem que alguns decisores compreendam que a veiculação de informação cientificamente informada e a educação constituem pilares fundamentais para se mitigarem contextos de vulnerabilidade. Os capítulos 5 a 8 dão conta de investigação aplicada em diferentes geografias da América Latina. Os dois primeiros capítulos (5-6) apresentam estudos de caso na Colômbia, demonstrando a importância da compreensão dos mecanismos de percepção social e a sua relação com indicadores ambientais, como a qualidade e disponibilidade de água na bacia hidrográfica do rio Dagua, ou discutem o imaginário social relacionado com a doença, incluindo as patologias propagadas por vetores em Porto Rico (Aedes abopictus e Aedes aegypty) e a sua associação com variáveis econômicas que, entre outras, condicionam a qualidade das infraestruturas sanitárias, a presença de medidas de controle vetorial e políticas de informação/educação, fundamentais na contenção de patologias geradas por arbovírus, cuja espacialização é adequadamente auxiliada por cartografia temática. 10 Encerram a componente de investigação aplicada do capítulo II, dois estudos de caso produzidos em território brasileiro nos quais se demonstra a importância da avaliação de riscos ambientais, valorizando a percepção e a sua aplicação didática sob a forma de medidas de prevenção de riscos hídricos. Adicionalmente, outro artigo avalia o impacto gerado por vetores na transmissão de microrganismos patogênicos entre zonas antrópicas e áreas de conservação. A terceira e última parte é composta por um conjunto de três artigos nos quais se avaliam, entre outras coisas, a qualidade dos espaços verdes urbanos e a sua relação com a prática de atividade física em adultosna cidade de Londrina; o impacto das políticas públicas no contexto de desenvolvimento e qualificação paisagística, a sua relação com a prática turística e a promoção da saúde na região de Campina Grande. Por último, mas não menos importante, debate-se a importância do tratamento de efluentes urbanos na preservação dos recursos hídricos e na melhoria da saúde da população de Adamantina minorando a propagação de doenças hídricas. Como fica demonstrado, a presente coletânea congrega uma discussão multinível sobre a dinâmica das dimensões ambientais que condicionam a saúde humana, maioritariamente ampliadas por causas antrópicas às quais se associam a fragilidade de algumas políticas de ordenamento e de gestão territorial. Perante as mudanças ambientais geradas pelos modos de vida e pelos diferentes projetos preconizados para o território, a obra, no seu conjunto, também questiona a qualidade das soluções produzidas pelos poderes públicos no confronto com a complexidade das necessidades evidenciadas a diferentes escalas, sublinhando a importância dos investimentos e das respostas informativas e educativas que devem acompanhar programas de prevenção e de promoção da saúde. A valorização e problematização da dimensão ambiental no contexto da promoção da saúde surge aqui reforçada pela demonstração do valor translacional dos processos de investigação-ação produzidos na academia. O alcance deste objetivo evidencia que o investimento em ciência não pode ser uma variável facultativa para os Estados, compromisso apenas disponível em sociedades abastadas, assumido de modo discricionário pelos poderes públicos. Antes, constituiu-se num compromisso inadiável para com a sociedade e num instrumento indispensável para a valorização do(s) território(s) e da saúde enquanto direito universal. Coimbra, 05 de outubro de 2019. Dr. Paulo Nuno Nossa Professor da Universidade de Coimbra, Portugal. Ambiente e Saúde - 11 Apresentação É com satisfação que me dirijo aos nossos leitores para apresentar a obra Ambiente e saúde: pensar, aplicar e agir. Como nos diz o professor Paulo Nuno Nossa, no prefácio, a relação entre saúde e ambiente envolve uma visão holística de diversos processos que se relacionam em diferentes escalas de análise, do nível local ao global. Aparentemente desconexos, os temas abordados no livro também nos colocam a refletir diante de diferentes desafios impostos pela relação entre ambiente e saúde: o ato de pensar, de aplicar e de agir. Os capítulos reunidos na Parte I demonstram como devemos organizar nossa forma de pensar os problemas de saúde ambiental a partir das questões impostas pela própria realidade. Em primeiro lugar, pensar a saúde ambiental é nunca perder de vista a relação sociedade/natureza. E compreender essa relação a partir das características do meio impõe uma série de condições que conformam a saúde como espaço, numa unidade complexa e indissociável dos componentes físicos, biológicos e sociais. Ao pensar as relações entre esses temas não se trata de um ecletismo metodológico, mas do pluralismo metodológico necessário para compreender as múltiplas e complexas facetas da forma própria da saúde como espaço. As duas outras partes da obra reúnem capítulos que integram o conhecimento científico com a interpretação de fatos e intervenção na realidade, tendo em vista a valorização da vida. Como o leitor poderá verificar nos diferentes capítulos, há distintos graus de influência dos conhecimentos gerados pela ciência e sua aplicação na resolução de problemas concretos. É claro que qualquer campo científico pode ser projetado até a aplicação. Não há exceções. De fato, desde tempos imemoráveis, isso vem ocorrendo. Basta olhar para a contribuição prática gerada pelos conhecimentos produzidos por Ptolomeu, Leonardo da Vinci ou Max Planck. Investigar é um exercício do qual a ciência se vale para conectar interrogações com hipóteses, e a estas com respostas, mais ou menos sólidas, à medida que podem confrontar-se com a realidade. Nesse processo, o pesquisador segue um caminho que lhe permite avançar, em passos sucessivos, desde as afirmações hesitantes até os argumentos mais consistentes. Para isso, não raras vezes o pesquisador trata de reduzir a realidade a elementos que lhe permitam operar. Assim, ele haverá de modelá-la, 12 simplificando-a. Por um procedimento heurístico – a analogia –, usará o modelo como uma ferramenta de prova, permitindo um trabalho mais eficiente. Os passos seguintes exigem o tratamento do modelo como se fosse a realidade e de imediato se transformam os papéis no sentido inverso, chegando ao último nível operativo, aquele que provoca a mudança na realidade. Por fim, o desafio de reunir temas da ciência aplicada demonstra que a associação entre pesquisadores não está relacionada ao fato de pertencer a uma mesma disciplina. Muito pelo contrário, são os problemas de saúde ambiental que reúnem especialistas de diferentes áreas na mesma obra. Ou seja, quando um problema é importante, tem a possibilidade de convocar pesquisadores de diferentes especialidades que, à medida que se incorporam, deixam de ser aqueles estritos “representantes” de uma ou outra disciplina para criar um campo transdisciplinar – no caso, saúde e ambiente, algo assim como uma nova especialidade que já não responde a velhas disciplinas, mas que conforma um estatuto epistemológico independente. Denominamos de estatuto epistemológico o conjunto de conceitos e metodologias adotados por qualquer ciência, resultado do acúmulo de experiências de pesquisa, assim como do esforço teórico e prático para a compreensão do próprio pensamento. No que se refere aos capítulos reunidos na presente obra, uma leitura transversal permite a reflexão das interfaces entre o pensar, aplicar e agir que fazem parte do estatuto epistemológico do campo de saberes e práticas denominada de “saúde e ambiente”. Boa leitura! Dr. Raul Borges Guimarães Professor titular na Universidade Estadual Paulista de Presidente Prudente. Ambiente e Saúde - 13 PARTE I PENSAR 14 Ambiente e Saúde - 15 C A P Í T U L O 1 Cambios en el clima y cáncer de piel en la provincia de Cienfuegos, Cuba María Gloria Fabregat Rodríguez1 Wilmer Ramírez Carmona2 INTRODUCCIÓN En el Informe de síntesis al Quinto Informe de Evaluación (IE5) del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático (IPCC), publicado en el año 2014, se plantea de forma categórica que “el calentamiento en el sistema climático es inequívoco. La atmósfera y el océano se han calentado, los volúmenes de nieve y hielo han disminuido y el nivel del mar se ha elevado” (IPCC, 2014, p. 4). De esa forma queda claro que “la evidencia de la influencia humana en el sistema climático ha aumentado… y es sumamente probable que haya sido la causa dominante del calentamiento observado desde mediados del siglo XX causando impactos en los sistemas naturales y humanos en todos los continentes y en los océanos” (IPCC, 2014, p. 4). También se alerta de la diferente vulnerabilidad de las personas a estos cambios e impactos a partir de las desigualdades socioeconómicas, factores naturales, demográficos, culturales, entre otros. Como resultado, aunque los cambios climáticos sean globales, habrá siempre diferencias en sus impactos y respuestas en dependencia de múltiples factores. PETKOVA et. al. (2015) plantea un modelo interesante sobre la posible influencia del cambio climático en la salud física y mental y la alta posibilidad de crear inestabilidad social (Figura 1). Lo que llevaría al aumento de conflictos, violencia y emigraciones generalizadas desdeáreas que no puedan proporcionar suficiente comida, agua y refugio a las poblaciones actuales, hacia otras áreas que puedan satisfacer sus necesidades. 1 Doctora en Ciencias Geográficas. Universidad de La Habana, Cuba. Profesora Titular Universidad de Cienfuegos, Cuba. E-mail: mgfabregat1961@yahoo.es 2 Doctor en Medicina. Universidad de Ciencias Médicas de Cienfuegos, Cuba. Especialista en Medicina General Integral. Universidad de Ciencias Médicas de Cienfuegos, Cuba. Bolsista CAPES Maestría Ciencias de la Salud, Universidade do Oeste Paulista, São Paulo, Brasil. E-mail: wilmerramirezcarmona@gmail.com 16 Figura 1. Impacto del cambio climático sobre la salud humana en Estados Unidos Fuente: Petkova (2015). El informe considera que no están bien cuantificados los daños a la salud humana provocados por los cambios en el clima, aunque “se ha producido un aumento de la mortalidad asociada al calor” y “los cambios locales en la temperatura y la precipitación han alterado la distribución de algunas enfermedades transmitidas por el agua y vectores de enfermedades” (IPCC, 2014, p. 6). La exposición a la radiación ultravioleta (UV), la sensibilidad de las personas a esa radiación, así como el tipo (exposición a una intensidad alta de corta duración y exposición crónica) y la modalidad (continua e intermitente), son factores de riesgo para desarrollar cualquiera de los tres tipos principales de cáncer de piel que son: “carcinoma de células basales (CCB), carcinoma de células escamosas (CCE) y melanoma” (KOH, 1991, p. 33; ENGLISH et al., 1998, p. 26). “La radiación solar que llega a la Tierra se divide en luz visible, que estimula la retina; la infrarroja, responsable de la sensación de calor y la ultravioleta, que a su vez se subdivide en tres bandas: UV-A, UV-B y UV-C” (CABRERA et al., 2013, p. 16). “Los rayos UV-A afectan directamente las capas más profundas de la piel y causan envejecimiento prematuro mientras los UV-B afectan la superficie de la piel y pueden producir cáncer” (CABRERA et al, 2013, p. 17). Ambiente e Saúde - 17 La radiación UV-C es absorbida totalmente en la parte alta de la atmósfera por el oxígeno y por moléculas de ozono. A la superficie terrestre llega radiación UV compuesta en su mayoría por radiación UV-A y solo una pequeña parte de UV-B (BARCIA, 2013, p. 4). Algunos factores que tienen relación con la incidencia de la radiación solar UV son: “el ozono atmosférico, la elevación solar, la altitud y las nubes y el polvo” (BARCIA, 2013, p. 5). Al ser el ozono el principal absorbente de la radiación UV-B la intensidad de la misma en la superficie terrestre depende fuertemente de la cantidad de ozono presente en la atmósfera, de ahí la gran importancia de preservar la capa de ozono, reconocida como “la zona de la estratosfera terrestre que se extiende entre los 15 y los 50 km de altitud, reúne el 90% del ozono presente en la atmósfera y absorbe del 97% al 99% de la radiación ultravioleta de alta frecuencia” (BARCIA, 2013, p. 3). La radiación solar depende fuertemente de la elevación solar, varía con la latitud, estación y hora, siendo mayor en los trópicos, en verano y al mediodía. La radiación UV aumenta con la altitud debido a que la cantidad de absorbentes en la atmósfera decrece con la altura. Las medidas demuestran que “la radiación UV aumenta entre un 6% y un 8% por cada 1000 m de elevación sobre el nivel medio del mar” (BARCIA, 2013, p. 4). La radiación UV es mayor generalmente para cielos totalmente despejados. Las nubes normalmente reducen la cantidad de radiación UV, pero la atenuación depende del grosor y tipo de éstas. Para concienciar a la población sobre los efectos negativos que tiene la radiación solar UV en la salud y para alertar sobre la necesidad de adoptar medidas de protección se creó el índice de UV que es una “medida de intensidad de la radiación UV y varía entre 0 y 16” (BARCIA, 2013, p. 5). La Agencia de Protección Ambiental de los Estados Unidos de América (EPA), categoriza los valores del índice como se muestra en la Figura 2. Cuanto más bajo el número, más bajo el peligro de quemadura de sol. Figura 2. Categorías de exposición BAJA MODERADA ALTA MUY ALTA EXTREMA Fuente: Agencia de Protección Ambiental de los Estados Unidos de América (2018). 18 Más de la mitad de la exposición UV de la vida de una persona se produce durante la infancia y la adolescencia a causa de más oportunidades y tiempo de exposición. Esta exposición desempeña un papel importante en el desarrollo futuro de cáncer de piel. Desde 2009 la Agencia Internacional de Investigación sobre el Cáncer (IARC), que es un grupo de trabajo de la Organización Mundial de la Salud (OMS), emitió una alerta internacional sobre los “peligros de la exposición inadecuada a los rayos ultravioleta proveniente tanto de la radiación solar como la emitida por dispositivos de bronceado (camas y lámparas) y otras sustancias peligrosas como el plutonio y ciertos tipos de radio” (THE SKIN CANCER FOUNDATION, 2009, p. 2). En el año 2006 “se trataron unas 2.152.500 personas por cánceres de piel no melanoma en los Estados Unidos de América” (ROGERS et al., 2010, p. 7), lo que “excedió todos los otros casos de cáncer calculados por la Sociedad Americana Contra El Cáncer durante ese año, que fue de cerca de 1,4 millones” (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2006, p. 2). Aunque los dos tipos de cáncer de piel no melanoma son las neoplasias malignas más comunes de todas, “representan menos de 0,1% de las defunciones de pacientes por cáncer. En cambio, el melanoma conforma solo 1% de los casos de cáncer de piel, pero es causa de la gran mayoría de las muertes” (ROGERS et al., 2010, p. 8). Para el año 2018 la Sociedad Americana Contra el Cáncer estimó un “aumento de 91,270 nuevos casos de este tipo de cáncer con aproximadamente el 10 % de muertes” (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2018, p. 1). En el 45 Congreso Nacional de Dermatología y Venereología desarrollado en Madrid, España en mayo de 2017 y organizado por la Academia Española de Dermatología y Venereología (AEDV), se dio a conocer que la “incidencia del cáncer de piel en España ha aumentado un 38 % en los últimos cuatro años, lo que supone un incremento de casi el 10 % anual y 600 muertes anuales” (ACADEMIA ESPAÑOLA DE DERMATOLOGÍA Y VENEREOLOGÍA, 2017, p. 3). Las estadísticas muestran que en general la incidencia del cáncer de piel ha tenido un aumento progresivo en los últimos 30 años y a pesar de que su mortalidad es baja con respecto a otros tipos de cáncer, produce efectos negativos sobre la salud física y mental en las personas. Ambiente e Saúde - 19 El Programa Internacional de Intercambio sobre Dermatología (IDEP) y The Skin Cancer Foundation, patrocinan congresos en un entorno colaborativo en un intento por mejorar la comunicación internacional entre dermatólogos, donde se presenta la más reciente información sobre el manejo del cáncer de piel que incluye el diagnóstico, tratamiento, técnicas quirúrgicas y aspectos tan complejos como la prevención. Cuba ha sido sede en los años 2001 y 2014. Atendiendo al aumento progresivo de la incidencia de esta patología y a las alertas internacionales de su posible relación con algunos cambios en el clima, según los informes de los especialistas dedicados al tema, este artículo se propone como objetivo: reflexionar sobre el aumento de la incidencia del cáncer de piel en la provincia de Cienfuegos en Cuba y su relación con determinadas condiciones físico geográficas de la provincia y el comportamiento de algunas variables meteorológicas asociadas al desarrollo de este tipo de cáncer. Además, pretende dar constancia y continuidad al taller “Cambios en el clima y patologías de piel”, desarrollado en el Centro de Estudios Ambientales de la provinciade Cienfuegos en el año 2013 donde se reunieron y debatieron médicos, dermatólogos, geógrafos y otros especialistas, con una visión multidisciplinaria y atendiendo a la continuada preocupación de estos temas en la comunidad científica y población en general. DESARROLLO Caracterización de la provincia de Cienfuegos en Cuba La provincia de Cienfuegos se ubica en el centro sur de la isla de Cuba entre los 22° 34’ y 21° 49’ de latitud norte y los 80° 17’ y 80° 06’ de longitud oeste. Limita al norte con las provincias de Villa Clara y Matanzas, al este con Villa Clara y Sancti Spíritus, al sur con el Mar Caribe y al oeste con la provincia de Matanzas (HERNÁNDEZ REY, 2016, p. 43). Predomina el relieve de llanura en las zonas occidental y central, ondulado hasta montañoso hacia el este con la presencia de las montañas de Trinidad donde se encuentra la “mayor elevación de la provincia y del centro de Cuba, el Pico San Juan, con 1140 m de altura sobre el nivel medio del mar” (OFICINA NACIONAL DE ESTADÍSTICAS E INFORMACIÓN DE CIENFUEGOS - ONEI, 2016, p. 16). Al sur el relieve está contorneado por el Mar Caribe, con costas abrasivas y acumulativas donde se destaca la “bahía de bolsa de Cienfuegos con un área de 88 Km2” (ONEI, 2016, p. 13). 20 Su “extensión superficial es de 4 188,61 km2 y es una de las tres provincias más pequeñas de Cuba con una población residente de 407 695 habitantes, que representa el 3,5% de la población total de la Isla” (ONEI, 2016, p. 13). Es la “tercera provincia más urbanizada del país” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 4). Las corrientes superficiales más importantes son los ríos Damují, Caunao, Arimao, Salado, San Juan, Hanábana, Yaguanabo, Hanabanilla, Cabagán y Río Hondo. Predominan los “suelos pardos con y sin carbonatos” (ONEI, 2016, p. 23). Su clima responde a las “condiciones tropicales de Cuba, modificado por la influencia de las masas de aguas oceánicas, la latitud y la altitud. Tiene definidos dos períodos: uno fresco y poco lluvioso entre noviembre y abril y otro caliente y lluvioso de mayo hasta octubre” (HERNÁNDEZ REY, 2016, p. 45). Presenta comportamientos climáticos diferentes en dependencia de las características físico geográficas, lo cual permite distinguir tres zonas: la del macizo montañoso, la zona costera y la del centro interior, con manifestaciones de continentalidad. Los “sectores económicos fundamentales son el agropecuario, el industrial y los servicios” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 5). En la industria se destaca una refinería de petróleo con la mayor capacidad de procesamiento existente en Cuba, una fábrica de cemento y una termoeléctrica. El uso de la tierra presenta la siguiente estructura: “74,4 % de la superficie total es agrícola y de ésta se destina el 22,0 % a la caña de azúcar, el 40,8 % a pastos y forrajes y el 13,1 % a cultivos temporales. La superficie forestal representa el 17,5 % y la acuosa el 2,2 % de la superficie total” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 20). “La provincia tiene ocho municipios con 267 asentamientos humanos de los cuales 41 son urbanos y el resto rurales” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 4). La capital provincial es la ciudad de Cienfuegos. Tendencias del clima en Cuba y Cienfuegos Según el Informe Impacto del Cambio Climático y Medidas de Adaptación en Cuba presentado por el Instituto Nacional de Meteorología de Cuba, “se ha observado un incremento en la temperatura superficial del aire (0.9° Celsius) desde mediados del siglo XX, lo que pudiera respaldar la afirmación que, en Cuba el clima se ha vuelto más cálido (PLANOS et al., 2012, p. 2). Ambiente e Saúde - 21 Además, el Informe fundamenta una posible ocurrencia de un proceso de redistribución de las precipitaciones durante el año, revelando que “desde finales de la década de los años de 1970, se ha producido un ligero, pero continuo aumento de las anomalías positivas y una tendencia al aumento de las precipitaciones en el período estacional poco lluvioso” (PLANOS et al., 2012, p. 5). “Los eventos de sequía registraron un significativo incremento de su frecuencia de ocurrencia en el período 1961-1990 con respecto al 1931-1960” (PLANOS et al., 2012, p. 6). Lo que ha mantenido su continuidad en los persistentes eventos de sequía que afectaron la mitad oriental del país desde principios de los años 90 hasta el presente. Otro dato interesante que resalta el Informe y considera una de las más peligrosas variaciones observadas en el clima de Cuba en los años recientes ha sido la “ocurrencia de siete huracanes intensos desde el año 2001, cifra que no se había registrado en ninguna década desde 1791 hasta el presente” (PLANOS et al., 2012, p. 7). La radiación solar incidente en la isla de Cuba es alta, debido a su ubicación geográfica intertropical y a su configuración latitudinal y estrecha, teniendo poca variación interna, solo influenciada por peculiaridades locales, el grado de exposición de las pendientes o la interacción con otros elementos meteorológicos como la nubosidad. En la Figura 3 se observa el comportamiento de la radiación solar global para la provincia de Cienfuegos en tres puntos de medición, Aguada de pasajeros (AG), Cienfuegos (CF) y Delfinario, referido a la zona de playa en la costa sur de la provincia, también puede encontrarse con el nombre de Rancho Luna. 22 Figura 3. Comportamiento anual de la radiación solar global en Cienfuegos Fuente: Barcia (2013). Estas tendencias en el clima se reflejan en la provincia de Cienfuegos a través de un “aumento de la temperatura media anual del aire” (BARCIA, 2013, p. 7) como puede observarse en la Figura 4, según los registros de sus estaciones meteorológicas. Figura 4. Tendencia de la temperatura media anual del aire. Período 1977-2010 Cienfuegos Aguada de Pasajeros Fuente: Barcia (2013). 23 23.5 24 24.5 25 25.5 26 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 9 Te m p e ra tu ra M e d ia ( ºC ) 23 23.5 24 24.5 25 25.5 26 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 9 Te m p e ra tu ra M e d ia ( ºC ) Ambiente e Saúde - 23 En la serie de valores anuales de precipitación para la provincia de Cienfuegos se revela que “desde inicios de los años 90 del siglo XX, se ha producido un ligero, pero continuo aumento de las anomalías positivas” (BARCIA, 2013, p. 11) como puede observarse en la Figura 5. Figura 5. Anomalías de precipitaciones anuales en la provincia de Cienfuegos. Período 1967-2010 Fuente: Barcia (2013). En el análisis por períodos estacionales (poco lluvioso y lluvioso) se puede observar que el valor del estadígrafo es positivo en el caso del período seco, comportamiento fuertemente condicionado por las variaciones de los meses de noviembre y diciembre, los cuales manifiestan las tendencias positivas más importantes. Las mayores disminuciones se concentran en el bimestre mayo-junio (Figura 6), el más lluvioso del año. Este ha sido un comportamiento recurrente en los últimos años y uno de los elementos que más ha influido en los eventos de sequía meteorológica recientes. -400.0 -300.0 -200.0 -100.0 0.0 100.0 200.0 300.0 400.0 500.0 600.0 1 9 6 7 1 9 6 9 1 9 7 1 1 9 7 3 1 9 7 5 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 92 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 9 m m 24 Figura 6. Anomalías de precipitaciones en el bimestre mayo-junio en la provincia de Cienfuegos. Período 1967-2010 Mayo 2004 Mayo 2010 Junio 2004 Junio 2010 Fuente: Barcia (2013). Riesgos de la exposición al sol en Cienfuegos. Fotoprotección La existencia de las montañas de Trinidad al este de la provincia con una altitud superior a los 1000 m snmm y de una amplia zona costera, son elementos naturales que favorecen la exposición a la radiación solar ultravioleta (UV) por gran parte de la población de la provincia de Cienfuegos, lo que combinado con elementos culturales como son la tradición de baño en las playas, la exposición laboral al sol, principalmente en actividades agrícolas, así como la insuficiente divulgación sobre los daños de la radiación UV a la piel y la poca educación ambiental y de salud relacionadas con estos temas, inciden en el aumento del riesgo de padecer cáncer de piel. Ambiente e Saúde - 25 En la Figura 7 se muestra el índice de UV horario y por meses del año en la zona de la playa Rancho Luna, balneario natural de la provincia de Cienfuegos, con gran asistencia de público principalmente en los meses de verano. Como se observa, el índice de UV se mantiene alto durante todo el año en el horario entre las 11:00 y las 14:00 horas. Figura 7. Comportamiento del índice de UV. Playa Rancho Luna. Período 2008-2010 Fuente: Barcia (2013). Esta situación; unida a la tendente disminución anual de la nubosidad media diurna (Figura 8) en tres puntos de la provincia, Cienfuegos, representativo del centro sur costero; Aguada de Pasajeros, representativo de la llanura oeste y Topes de Collantes, representativo de la zona montañosa de la provincia; constituye una alerta para las autoridades sanitarias y un reto para la promoción de la salud en función del conocimiento de las personas para evitar la exposición innecesaria al sol y los riesgos a la salud. 26 Figura 8. Tendencia de la nubosidad media diurna anual. Período 1977-2006 Fuente: Barcia (2013). Cienfuegos 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 N u b o s id a d ( o c ta v o s ) Aguada de Pasajeros 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 N u b o s id a d ( o c ta v o s ) Topes de Collantes 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 N u b o s id a d ( o c ta v o s ) Ambiente e Saúde - 27 Según el Anuario Estadístico de Salud de Cuba 2017 la mayor tasa de incidencia de cáncer en la isla para ambos sexos y principales localizaciones corresponde al cáncer de piel y las “tasas brutas por 100 000 habitantes para el año 2014 eran de 104.3 para el sexo masculino y de 92.6 para el femenino con tendencia al aumento con respecto a los años anteriores” (MINISTERIO DE SALUD PÚBLICA DE CUBA, 2017, p. 102). Esta situación se repite en la provincia de Cienfuegos donde también está en primer lugar el cáncer de piel según la incidencia entre las principales localizaciones y para ambos sexos (SUÁREZ, 2013, p. 19). En el año 2013 la “tasa bruta por 100 000 habitantes para el sexo masculino fue de 181.7” y para el “femenino de 169.9 superiores a las tasas para Cuba” (CUETO-EDUARDE et al., 2018, p. 18). Según Cabrera et al., (2013, p.7) el “cáncer de piel es el más frecuente de todos los cánceres, el daño solar es acumulativo y el 50% ocurre antes de los 18 años de edad” por lo que es tan importante las prácticas y actitudes saludables desde edades tempranas que permitan reducir los riesgos y prevenir esta enfermedad. Cualquier persona puede padecer de cáncer de piel, pero tienen mayor riesgo las personas “con piel muy clara, pelo rubio o pelirrojo y ojos claros; las que se queman con facilidad; las que llegan a tener 50 o más lunares, las personas con exposición solar considerable; las que tienen antecedente de quemaduras solares en la infancia y las que tienen antecedentes familiares de cáncer de piel” (CABRERA et al., 2013, p. 8). Para los estudios se han establecido tres patrones de exposición solar (CABRERA et al., 2013, p. 6): - Exposición solar crónica: expresada a través de las profesiones que exponen al individuo de forma crónica y casi a diario al sol. - Exposición solar intermitente: se expresa fundamentalmente a través de la práctica de hobbies donde existe exposición solar en algunos períodos del año o de forma discontinua. - Exposición solar aguda (quemadura solar): es la de máxima intensidad y se caracteriza por eritema intenso, inflamación y puede llegar a la formación de ampollas y vesículas. El Servicio de Dermatología en Cienfuegos (CABRERA et al., 2013) recomienda el uso de sombreros o gorras, lentes de sol y prendas de vestir confeccionadas con tejidos naturales que no obstruyan la transpiración; beber abundante líquido durante la exposición al sol; evitar las pulverizaciones de agua de mar ya que las gotas actúan como lupas sobre el cuerpo que 28 incrementan el efecto negativo de los rayos UV y posterior a la exposición solar se aconseja tomar una ducha con agua tibia e hidratar las partes expuestas con cremas y otros productos específicos; acudir al dermatólogo ante cualquier cambio en las pecas, lunares o aparición de manchas. Se debe tener extrema precaución con la exposición al sol durante el embarazo, en niños menores de 2 años de edad y si se está sometiendo a algún tratamiento con medicamentos susceptibles de causar reacciones de fotosensibilización. COMENTARIOS FINALES Existe preocupación en la comunidad científica internacional sobre los datos que apuntan a determinadas variaciones en el clima de la Tierra, su repercusión en la dinámica del planeta debe ser detalladamente estudiada como es el caso específico del impacto sobre la salud humana. Especialmente en la zona tropical, donde se ubica Cuba, es imprescindible la alerta sobre determinados cambios climáticos y su posible relación con el aumento de la incidencia de determinadas patologías como puede ser el cáncer de piel, donde existe una cultura indiscriminada de exposición al sol. Este artículo hace referencia a uno de los temas menos estudiados y donde las personas tienen menor percepción de riesgo. Fundamenta la alerta sobre la necesidad de prestar mayor atención e incentivar los estudios sobre la relación entre la exposición al sol y el incremento de la incidencia del cáncer de piel, con el ejemplo de la provincia de Cienfuegos en Cuba, situación que posiblemente se repita para otras regiones del país. REFERENCIAS ACADEMIA ESPAÑOLA DE DERMATOLOGÍA Y VENEREOLOGÍA (AEDV). 45 CONGRESO NACIONAL DE DERMATOLOGÍA Y VENEREOLOGÍA. Madrid, España. 10-13 mayo 2017. Disponível em: https://aedv.es/Eventos/45o-congreso-nacional-2017/. Acesso em: 26 ago. 2018. AGENCIA DE PROTECCIÓN AMBIENTAL DE ESTADOS UNIDOS (EPA). Información básica sobre la radiación. (español). Disponivel em: https://espanol.epa.gov/espanol/informacion-basica-sobre-la-radiacion. Acesso em: 6 mai. 2018. AMERICAN CANCER SOCIETY. Cancer facts and figures 2006. Atlanta, Ga: American Cancer Society, 2006. Disponível em: http://www.cancer.org/acs/group/. Acessoem: 15 jun. 2018. Ambiente e Saúde - 29 ______. Acerca del cáncer de piel tipo melanoma. Atlanta, Ga. 2018. (Español). Disponível em: https://www.cancer.org/es/cancer/cancer-de-piel-tipo-melanoma/acerca/estadisticas-clave.html. Acesso em: 25 ago. 2018. BARCIA, S. Variaciones observadas en el clima de la provincia Cienfuegos. Ponencia presentada en el TALLER: Cambios en el clima y patologías de piel. 16 de septiembre de 2013. Cienfuegos, Cuba: Centro de Estudios Ambientales de Cienfuegos, 2013. CABRERA, M.J. et al. PIEL Y SOL, fotoprotección y prevencion del cáncer de piel. Ponencia presentada en el TALLER: Cambios en el clima y patologías de piel. 16 de septiembre de 2013. Cienfuegos, Cuba: Centro de Estudios Ambientales de Cienfuegos, 2013. p. 6, 17 y 28. CUETO-EDUARDE I, DÍAZ-MARRERO J. Anuario Estadístico de Salud. 2016. Medisur, v. 16, n. 1, 2018. Disponível em: http://www.medisur.sld.cu/index.php/medisur/article/view/3880. Acesso em: 31 ago. 2018. ENGLISH, D.R.; ARMSTRONG, B.K.; KRICKER, A. et al. Case-control study of sun exposure and squamous cell carcinoma of the skin. Int J Cancer, v. 77, n. 3, p. 347-353, 1998. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9663594. Acesso em: 23 maio 2018. DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS (DPPF). Plan de ordenamiento territorial 2017. Cienfuegos, Cuba. GRUPO INTERGUBERNAMENTAL DE EXPERTOS SOBRE EL CAMBIO CLIMÁTICO (IPCC). Cambio climático 2014: informe de síntesis. Contribución de los Grupos de trabajo I, II y III al Quinto Informe de Evaluación del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático [Equipo principal de redacción, R.K. Pachauri y L.A. Meyer (eds.)]. 157 p. Genebra: IPCC, 2014. p. 42, 50, 54. Disponível em: http://www.ipcc.ch/home_languages_main_spanish.shtml. Acesso em: 6 jul. 2018. HERNÁNDEZ REY, A. Diccionario geográfico de Cienfuegos. Cienfuegos, Cuba: Editorial Universo Sur, 2016. p. 43- 45. Disponível em: https://universosur.ucf.edu.cu/files/DICCIONARIO_GEOGRAFICO.pdf. Acesso em: 16 jun. 2018. KOH, H. K. Cutaneous melanoma. N Engl J Med., v. 325, n. 3, p. 171-182, 1991. DOI:10.1056/NEJM199107183250306. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1805813. Acesso em: 16 maio 2018. MINISTERIO DE SALUD PÚBLICA DE CUBA (MINSAP). Anuario Estadístico de Salud 2017. Edición 2018. 191 p. Havana, Cuba: Dirección de Registros Médicos y Estadísticas de Salud. p.101. Disponível em: www.sld.cu/sitios/dne/. Acesso em: 16 ago. 2018. OFICINA NACIONAL DE ESTADÍSTICAS E INFORMACIÓN DE CIENFUEGOS (ONEI). Anuario estadístico de Cienfuegos 2016. 229 p. Edición 2017. p. 13. Disponível em: http://www.one.cu/aed2016/27Cienfuegos/00%20Cienfuegos.pdf. Acesso em: 26 jul. 2018. PETKOVA, E.; EBI, K.; DERRIN, C. et al. Climate change and health on the U.S. Gulf Coast: public health adaptation is needed to address future risks. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 12, n. 8, p. 9342, 2015. DOI: 10.3390/ijerph120809342. Disponível em: www.sciencedaily.com/releases/2015/08/150814145704.htm. Acesso em: 9 jul. 2018. PLANOS, E.; RIVERO, R.; GUEVARA, V. (Eds.). Impacto del cambio climático y medidas de adaptación en Cuba. Informe realizado en el marco de la SEGUNDA COMUNICACIÓN NACIONAL DE CUBA AL CONVENIO MARCO DE NACIONES UNIDAS SOBRE CAMBIO CLIMÁTICO. 520 p. La Habana, Cuba: Redciencia, 2012. p. 69, 81 y 94. Disponível em: http://www.redciencia.cu/geobiblio/paper/2012_Planos_Impacto%20y%20Adaptacion,% 20Libro.pdf. Acesso em: 3 jul. 2018. 30 ROGERS, H.W.; WEINSTOCK, M.A.; HARRIS, A.R. et al. Incidence estimate of nonmelanoma skin cancer in the United States, 2006. Arch Dermatol, v. 146, n. 3, p. 283-287, 2010. DOI: 10.1001/archdermatol.2010.19 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20231499. Acesso em: 26 maio 2018. SUÁREZ, A. E. Situación del cáncer en Cienfuegos. Ponencia presentada en el TALLER: Cambios en el clima y patologías de piel. 16 de septiembre de 2013. Cienfuegos, Cuba: Centro de Estudios Ambientales de Cienfuegos, 2013. THE SKIN CANCER FOUNDATION. Programa Internacional de Intercambio sobre Dermatología (IDEP). Disponível em: http://cancerdepiel.org/para-medicos-expertos/programa-internacional-de-intercambio- sobre-dermatologia. Acesso em: 29 ago. 2018. THE SKIN CANCER FOUNDATION. Alerta oficial de la OMS. 2009. Disponível em: http://cancerdepiel.org/vida-saludable/sobre-el-bronceado/la-oms-publica-alerta-oficial. Acesso em: 23 ago. 2018. Ambiente e Saúde - 31 C A P Í T U L O 2 Saneamento ambiental e Leptospirose humana em Manaus/AM Ulliane de Amorim Pereira3 Natacha Cíntia Regina Aleixo 4 INTRODUÇÃO Conforme o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB, 2013), o Brasil dispõe como meta universalizar os serviços de saneamento, compreendendo o acesso por parte de todos no que tange aos bens produzidos na sociedade, sem distinção, abrangendo seus amplos aspectos, até o ano de 2030, atendendo aos requisitos prescritos na Lei 11.445/2007, a qual institui a Política de Saneamento no país (BRASIL, 2007), assim como o disposto na Agenda 2030, apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU), trazendo em seu sexto objetivo “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos e todas”. A universalidade, por sua vez, deve compreender a integralidade dos elementos que compõem o saneamento, tais como, abastecimento de água potável, serviços e tratamento de esgoto, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, assim como drenagem e manejo das águas pluviais, haja vista que a disposição de infraestrutura implica diretamente na qualidade de vida da sociedade, o que abrange os aspectos da saúde. Tais aspectos consideram na avaliação da saúde pública não única e exclusivamente o ponto de vista do saneamento, fazendo-se necessário relacionar outros indicadores socioambientais com a ocorrência dos agravos à saúde, habitação, aspectos socioeconômicos, déficit de equipamentos urbanos, entre outros. Diante desse contexto, objetivamos analisar neste trabalho a relação do saneamento ambiental com o processo saúde-doença da leptospirose na cidade de Manaus. A cidade de Manaus foi selecionada em decorrência de seu aparecimento na lista das cem maiores cidades brasileiras em termos populacionais, analisadas em um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil em 2017, intitulado Ranking do Saneamento, com base em dados de 2015 do Sistema Nacional de Informações de Saneamento. 3 Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: ullianeamorim@gmail.com 4Doutora em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) campus Presidente Prudente e docente da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: natachaaleixo@yahoo.com.br 32 A cidade de Manaus apresentou a posição 95ª, o que lhe confere uma precariedade quanto à disposição dos serviços de saneamento, principalmente no que diz respeito a tratamento de água e esgoto, requisitos analisados na pesquisa citada. Apresentando-se, assim, no rol das cem maiores cidades brasileiras entre as dez piores em serviços de saneamento ambiental. Em consonância à disposição dos serviços de saneamento, para a realização deste trabalho optou-se por estudar a leptospirose, compreendendo esta doença como consequência da precariedade do saneamento ambiental nas cidades, dentre outros fatores. O saneamento é definido pela Organização Mundial da Saúde como o “controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem-estar físico, mental ou social” (OMS apud HELLER, 1998). Esta conceituação abrange aspectos ambientais e de saúde, os quais estão intimamente relacionados com a disposição do saneamento ambiental.Kobiyama et al. (2008) apresentam a definição de saneamento como “o conjunto de serviços e ações com objetivo de alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, nas condições que maximizem a promoção e a melhoria da qualidade de vida no meio urbano e rural”. O saneamento ambiental engloba a sanidade das habitações, seu entorno e as condições de saúde da sociedade em geral, o que demonstra abordar uma escala mais ampla que o saneamento básico. Segundo Kobiyama et al. (2008), o saneamento ambiental “consiste não só nos serviços enumerados no saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo dos resíduos sólidos e de águas pluviais), mas também no que diz respeito ao controle de doenças, garantindo a saúde pública”. Em contrapartida, Souza (2002) nos apresenta que não necessariamente o saneamento básico deve ser tratado única e exclusivamente no seu sentido técnico, “mas compreendido no conjunto das dinâmicas da produção socioespacial da cidade em face das precárias condições de vida da maioria da população”. Condições de vida estas que hão de embasar planejamentos e ações públicas em tomadas de decisões no que tange à universalização dos serviços de saneamento, considerando as peculiaridades e nuances da urbanização e espacialização da cidade. Haja vista que a cidade é socialmente produzida, compreendendo uma diversidade na sua desigualdade, o que deve ser considerado no ato de pensar o processo saúde-doença. Ambiente e Saúde - 33 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os dados utilizados para caracterização do cenário de saneamento ambiental na cidade de Manaus foram coletados do banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no censo demográfico realizado no ano de 2010. Também foram realizadas visitas à sede da Manaus Ambiental, empresa responsável pelo abastecimento de água e esgoto para obtenção de informações sobre a cobertura e os serviços na cidade. Também foram coletados os dados da patologia leptospirose, no portal do DATASUS, referentes às internações hospitalares do período de 2010 a 2015. Os dados foram tratados estatisticamente com técnicas descritivas: máximo, mínimo, média e coeficiente de incidência do período de 2010 a 2015. Tanto as variáveis de saneamento ambiental: água, esgoto e resíduos sólidos, como da população residente, foram mapeadas por bairro5. Foi calculada a taxa das variáveis por bairro (total/domicílios do bairro ou a população) e delimitados os índices pela técnica dos quartis em quatro classes, sendo o quartil 1 definido como condições ruins, quartil 2 regular, quartil 3 médio, e quartil 4 boas condições de saneamento. A escala espacial por bairro foi utilizada em decorrência da disponibilidade de dados pelo IBGE e dos dados das internações referirem-se ao CEP da residência da população internada e com isso agrupado ao bairro, uma vez que o mesmo CEP engloba vários quarteirões de uma mesma rua/avenida. Com isso, foi calculada a taxa de incidência da doença leptospirose, utilizando o total de internações por bairro no período a cada cem mil habitantes. Nos bairros que apresentaram condições de deficiência de saneamento e maior incidência da doença, foram realizados trabalhos de campo nos meses de janeiro a março de 2018, para verificar criticamente as condições socioambientais das áreas pelo olhar geográfico. 5 A presente pesquisa solicitou, porém, não obteve os dados de inundações urbanas e alagamentos na Defesa Civil do período, limitando a análise dessa associação com a espacialidade da doença. Conforme a instituição, os dados são agrupados na área urbana, sem incorporar as diferenças entre alagamentos, enchentes e inundações, dessa maneira, poderiam indicar constatações limitadas à baixa qualidade dos mesmos para correlacionar a leptospirose. 34 A urbanização e o saneamento ambiental em Manaus/AM Pensar a perspectiva do processo saúde-doença implica pensar o processo de urbanização ocorrente nas cidades, que exige planejamento e infraestrutura adequada às condições de moradia, acesso aos serviços de saúde e saneamento. O Brasil, atualmente, constitui-se em um país urbano com pouco mais de 85% de sua população total vivendo em cidades, conforme dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Ab’Saber (1999, p. 54), “esse dado aponta para um grande desafio a ser enfrentado por governantes no fim desse século e início do próximo milênio”, pois, conjuntamente a formação dos grandes centros urbanos no âmbito das cidades, atrelou- se a intensificação dos problemas socioambientais. Sendo eles relacionados às desigualdades sociais, que tão marcadamente caracterizam o espaço geográfico, tais como habitação precária, subemprego, educação, fragilidade ou inexistência de saneamento básico e saneamento ambiental, dentre outros, que compõem o metabolismo urbano no âmbito das cidades. Manaus, a partir da década de 1970, conforme os dados censitários apresentados pelo IBGE (Quadro 1) apresentou crescimento populacional residente constante em consonância com o número de domicílios e a expansão territorial urbana. O contexto encontra-se atrelado à instalação da zona franca no final da década de 1960, a qual é responsável pela configuração espacial de novos bairros, imprimindo instalações de residências nos mais diversos terrenos ambientalmente fragilizados da cidade, as quais necessitavam de expansão de infraestrutura, o que não ocorreu na mesma intensidade. Quadro 1 - Dados censitários relacionados à série histórica que representam o crescimento populacional ocorrente na cidade de Manaus a partir da década de 1960 Ano População residente N° de domicílios Densidade demográfica 1960 175.343 - - 1970 311.622 52.053 - 1980 633.383 118.375 - 1996 1.154.330 - - 2000 1.405.835 326.837 123,23 hab./km 2007 1.646.602 - - 2010 1.802.014 460.767 158,06 hab./km Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, @Cidades censo séries históricas. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/municipio/1302603/pesquisa/43. Acesso em: 26 dez. 2016. Ambiente e Saúde - 35 Diante deste contexto, para além das áreas periféricas que já marcavam a paisagem urbana de Manaus, agora como moradias da classe média, têm-se na cidade a construção de edifícios residenciais marcando o início do seu processo de verticalização. Esse crescimento demográfico ocorrente em Manaus relaciona-se com o êxodo rural do próprio Estado e ainda em migrações intra/inter-regionais, para as quais as pessoas vêm para a cidade em busca de emprego nas indústrias atraídas especialmente pela Zona Franca (LAVIERI; LAVIERI, 1999 apud NOGUEIRA et al., 2007): No final da década de 70 do século XX, começa a expansão para as zonas administrativas Leste e Norte, seja por ocupações regulares e/ou irregulares, o uso do solo tornou-se mais estratificado e as novas ocupações que foram se formando na cidade já surgiram bem mais marcadas pelo nível de renda dos seus habitantes. (LAVIERI; LAVIEREI, 1999 apud NOGUEIRA et al., 2007, p. 35 e 44). Com a fragilidade da infraestrutura urbana da cidade, uma significativa parcela da população migrante passou a residir em domicílios precários, sem serviços básicos de saúde e saneamento, o que contribuiu para o impacto na qualidade de vida dessas pessoas e intensificação dos problemas socioambientais urbanos em Manaus. Pois a grande massa dessa população acaba por residir nos locais condizentes com seus poderes aquisitivos. Sendo esses locais ambientalmente fragilizados, comportando uma população socialmente vulnerável, estando esta nas margens dos igarapés, nos fundos de vale, nas encostas, dentre outros ambientes. Conforme apontado por Oliveira (2003), não foram criados na cidade de Manaus alternativasque dessem conta de garantir as mínimas condições de vida do grande contingente de população que migrou para a cidade após a implantação da Zona Franca. A precariedade dos serviços públicos urbanos na cidade de Manaus mediante esse contexto tornou-se mais visível e presente no cotidiano da sociedade, agora acompanhado de diversos problemas socioambientais, pois a cidade não detinha infraestrutura adequada para recepcionar tal demanda demográfica, o que implicou no aumento substancial da espacialidade da cidade, que ocorreu sem planejamento adequado. Dentre os impactos socioambientais ligados ao saneamento potencializou-se neste período a poluição dos igarapés urbanos (Figura 1), que, segundo Nogueira et al. (2007), “foi ocasionado pela dinâmica da expansão da cidade”. 36 Figura 1 - Margem do igarapé paulatinamente ocupado por residências e embarcações, passando a receber em seus cursos d’água resíduos domésticos e outros efluentes advindos com o processo de urbanização sem planejamento e ação pública, fazendo-se necessária a coleta dos resíduos via balsa em decorrência da expressiva quantidade de material a ser coletado Fonte: Nogueira (2017). A sanidade do ambiente urbano, em decorrência da urbanização não planejada, encontra-se comprometida em decorrência do modo de vida desigual instituído na produção do espaço urbano da cidade, em que a parcela da sociedade menos abastada economicamente acaba por conviver com a poluição e degradação em seu cotidiano, o que implica diretamente no processo de saúde-doença dessa população que agora divide o espaço com as águas inservíveis dos igarapés, seja pelo descarte de esgoto sem o devido tratamento, seja pelo descarte de resíduos sólidos ou outros meios de contaminação. A propagação dos ambientes insalubres via contaminação dos igarapés urbanos na cidade de Manaus, onde estão canalizados os detritos urbanos, implica diretamente no abastecimento de água, no que concerne aos parâmetros adequados para o consumo humano, pois o serviço é delineado pela captação das águas do rio Negro, este que também é responsável pelo recebimento do deságue dos igarapés que delineiam a cidade. Fonseca et al. (1982, p. 275) desenvolvem uma análise identificando a poluição do rio Negro nas cercanias de Manaus, no fim da década de 1970, onde já se observou naquele momento a presença de bairros, como, por exemplo, Compensa, em que moradores construíram seus sanitários sobre um pequeno curso d’água, o que claramente implica na qualidade da água captada para abastecimento na cidade. O sistema de abastecimento de água de Manaus compõe-se de três Estações de Tratamento de Água (ETAs), as quais se encontram em constante operação (Figura 2) “e apesar de a captação de água para Ambiente e Saúde - 37 tratamento e distribuição ser feita por tubos situados em regiões profundas, não impossibilita a sucção de, pelo menos, parte da massa contaminada tornando a purificação mais onerosa” (FONSECA et al., 1982). Diante desse contexto, segundo a concessionária Manaus Ambiental, responsável pela prestação de serviços de tratamento e disposição de água na cidade, explicitou que a cidade de Manaus em 2016 contava com uma rede de distribuição de 3.700 km de água, atendendo, assim, 96% da população residente na área urbana, onde 522.000 residências contavam com ligação de água, estimando-se, assim, que dois milhões de habitantes dispunham do atendimento. Figura 2 - Configuração do abastecimento atual de água na cidade de Manaus segundo a concessionária Manaus Ambiental, destacando as Estações de Tratamento responsáveis pelo abastecimento da cidade Fonte: Manaus Ambiental (2016, adaptado de PEREIRA, 2018). Contudo, vale ressaltar que os dados da concessionária Manaus Ambiental não vão ao encontro com o cotidiano vivenciado e noticiado em Manaus, assim como contradiz os dados das pesquisas realizadas pelo ITB (2013) e IBGE (2010), e, ainda, opõe-se também a realidade presenciada pelos moradores da cidade em seu cotidiano, que convivem com a precariedade dos serviços de saneamento, configurando o acesso deficiente à água potável e esgotamento sanitário em vários bairros da cidade, o que demonstra as desigualdades sociais implícitas na produção excludente do espaço urbano e que os riscos à saúde estão imbricados com as condições distintas e injustas de vulnerabilidade socioambiental da população. 38 Aportes do saneamento ambiental e impactos à saúde humana em Manaus/AM Com base no levantamento realizado pelo IBGE em Manaus, divulgado no censo de 2010, identificou-se mediante um total 460.844 domicílios, que 347.822 beneficiam-se do abastecimento de água via rede geral de distribuição e 65.851 domicílios beneficiam-se do abastecimento de água via poço ou nascente na propriedade. Tal contexto apresenta a disposição dos serviços e suas respectivas instalações e funcionamento, identificando que sua espacialização não ocorreu de maneira uniforme na cidade, estando longe de contemplar a população como um todo, o que compromete a universalização dos serviços de saneamento almejados na política e pela sociedade, assim como acaba por ratificar a pesquisa realizada pelo ITB (2017). A falta de água potável disponível nas torneiras ao longo do dia, principalmente no que diz respeito às áreas periféricas do ambiente urbano manauara ainda são comumente identificadas nos principais noticiários da cidade, o que denuncia a instabilidade e precariedade da prestação dos serviços, implicando na identificação de que não foi seguido o padrão de crescimento e urbanização da cidade (Figura 3). Portanto, o acesso ao abastecimento de água na cidade de Manaus, não ocorrendo de maneira uniforme, constitui-se em um problema socioambiental à medida que muitos bairros da cidade ainda se encontram desassistidos quanto ao abastecimento de água potável regular. Figura 3 - Notícias comumente identificadas nos principais noticiários da cidade de Manaus, os quais demonstram a fragilidade e precariedade no sistema de abastecimento de água na cidade Fonte: Jornal Acrítica (Reportagem de Alik Menezes, em 17/04/2017). Ambiente e Saúde - 39 O Mapa 1 apresenta qualitativamente o acesso à rede geral de distribuição de água por bairros na cidade de Manaus. Mapa 1 - Síntese da distribuição de água nos bairros de Manaus com acesso via rede geral de distribuição Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Org. Ulliane Amorim e Jean Campos (2017). A distribuição dos serviços de água encontra-se precária e em condições ruins nos bairros Colônia Antônio Aleixo (11), Cidade de Deus (9), Colônia Terra Nova (14), Distrito Industrial II (20), Gilberto Mestrinho (24) e Jorge Teixeira (27), ambos localizados nas zonas Norte e Leste da cidade, estas que são as atuais zonas de expansão da cidade. Com exceção do bairro de Flores (23), que fica localizado na zona Centro-Sul de Manaus, os demais bairros com índice ruim, apresentando precárias condições de acesso à água potável em Manaus, estão espacialmente localizados nas zonas Leste e Norte de Manaus. Com o inchaço urbano, as zonas Leste e Norte da cidade passam a ser expressivamente ocupadas, internalizando grandes impactos e níveis de degradação ambiental em seus territórios, estando desprovidas de condições adequadas de saneamento. E o descompasso na distribuição de água nesta área da cidade implica no armazenamento em vasilhames e outros meios, como escavações de poços tubulares, sem considerar os devidos critérios ambientais, os quais propagam maiores desdobramentos na saúde desta população. 40 O serviço apresenta-se com índice regular nos bairros Armando Mendes (4), Aleixo (2), Cidade Nova (10), São José Operário (55), Zumbi dos Palmares (63), dentre outros. A disposição do serviço apresenta melhora, paulatinamente, tornando-semediana nos bairros Redenção (47), Crespo (17), e Bairro da Paz (18), e tomando caráter de boa disposição nos bairros da Compensa (15); Dom Pedro (21); Planalto (41); Vila da Prata (62) e outros. Tais bairros, por sua vez, se constituem áreas centralizadas, sendo presididas por pessoas de melhores condições socioeconômicas, o que não exime a presença de desestruturas em seu interior. E, ainda, conforme identificou Oliveira (2011), em Manaus: As populações mais empobrecidas economicamente são as mais afetadas em relação à adoção da valoração econômica da água como parâmetro norteador das políticas públicas, sofrendo com os cortes de abastecimento e com o abandono no que diz respeito à ausência de investimentos. (OLIVEIRA, 2011, p. 185). A fragilidade implica na ínfima presença desses serviços no âmbito da cidade, os quais, mesmo com base legal para implantação e operacionalização, não abrange a sociedade em sua totalidade. Considerando a disposição dos serviços de esgotamento sanitário, drenagem e manejo das águas pluviais, observa-se uma precariedade mais intensa na cidade de Manaus, conforme apresenta o Mapa 2. Neste podemos observar, a partir da espacialização dos dados do censo (IBGE, 2010), quanto a situação do acesso aos serviços de esgotamento sanitário por bairros na cidade de Manaus. Dos 63 bairros da cidade de Manaus com base no Mapa 2, identifica-se que apenas 11 bairros apresentam boa disposição do serviço de esgotamento sanitário, sendo eles o Centro (7), Nossa Senhora de Aparecida (33), Parque 10 de Novembro (39), Planalto (41), Nova Esperança (36), São Lázaro (56), São Jorge (54), Dom Pedro I (21), Nossa Senhora das Graças (34), Morro da Liberdade (32) e Santa Luzia (49). Dentre os bairros que apresentam uma condição mediana quanto ao acesso ao serviço, têm-se uma lista de 18 bairros. Dentre esses se tem o Nova Cidade (35), que se trata de um bairro planejado pelo Poder Público. A situação é precária ao que diz respeito ao acesso ao esgotamento sanitário, apresentando uma infraestrutura ruim e deficitária, e tal situação abrange mais expressivamente os bairros situados nas zonas Leste, Oeste e Norte da cidade. Zonas que, respectivamente, são aquelas de maior extensão e população. Ambiente e Saúde - 41 Atualmente, a expansão da espacialidade da cidade na zona Norte, Oeste e Leste, principalmente, vem ocorrendo continuamente sem planejamento adequado, o que é uma preocupação, haja vista que a mesma não dispõe, em seu território, dos serviços de saneamento, apresentando precárias condições de infraestrutura, especificamente, nos bairros Santa Etelvina (48), Puraquequara (45), Tancredo Neves (58), Colônia Terra Nova (14), Cidade de Deus (9), Colônia Antônio Aleixo (11), Lago Azul (28), Jorge Teixeira (27), dentre outros identificados no Mapa 2. Mapa 2 - Espacialização dos bairros com acesso e respectiva situação de esgotamento sanitário na cidade de Manaus Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), org. Ulliane Amorim e Jean Campos (2017). Em detrimento da existência de rede coletora de esgoto na totalidade da espacialidade que compreende a cidade de Manaus, a sociedade acaba por utilizar a fossa séptica como meio de esgotamento sanitário. 42 Pereira e Aleixo (2018) verificaram que a precariedade nos serviços de saneamento ambiental em Manaus abrange a coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos. Em conjunto, a irregularidade no serviço de coleta nos bairros, a disposição em lixeiras “viciadas” de forma cumulativa por semanas sem coleta e o despejo inadequado de resíduos nos igarapés urbanos constituem-se na cidade fatores condicionantes de doenças. “A disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos não ocorre de forma homogênea na cidade, sendo os sujeitos mais vulneráveis aos riscos decorrentes da disposição inadequada os que possuem menor poder aquisitivo” (PEREIRA; ALEIXO, 2018, p. 50). As precariedades, no que concerne à disposição dos resíduos sólidos urbanos, esgotamento sanitário e acesso à água potável na cidade de Manaus, configuram desdobramentos estruturais e na saúde da população de maior vulnerabilidade socioambiental. Dentre os principais acometimentos de doenças relacionadas às repercussões do déficit de infraestrutura e disposição dos serviços de saneamento ambiental na cidade, relacionamos o acometimento da leptospirose. A leptospirose é uma patologia que possui como transmissor principal nos centros urbanos o rato (Rattus norvegicus conhecida como ratazana de esgoto). Os cães também participam da cadeia de transmissão da doença, segundo Oliveira et al. (2009), pois, quando infectados, podem eliminar leptospiras por meio da urina durante meses, sem apresentar sintomas. E, ainda, “após o contágio da bactéria leptospira, o período de incubação para o aparecimento dos primeiros sintomas pode levar até 30 dias, com média de 7 a 14 dias. Os sintomas podem variar desde um processo inaparente até formas graves. A manifestação da doença pode ser dividida em dois subtipos, a anictérica e a ictérica” (ALEIXO, 2012, p. 118). Quanto ao risco de adquirir a doença, Oliveira et al. (2009) afirmam que “ficou evidenciado entre as pessoas que residiam a menos de 20 metros de esgoto aberto, confirmando a importância da localização da residência em áreas com precárias condições de saneamento”. Soares et al. (2014) também chamam a atenção para os agravantes e condicionantes da ocorrência da doença, os quais, segundo os autores, estão ligados ao déficit de “sistema de tratamento pluvial e de redes de esgotos adequados, bem como uma coleta de lixo periódica, a leptospirose apresenta-se em nível bastante acentuado nas populações, uma vez que os vetores da doença encontram nestas ambientes condições propícias para se proliferarem”. Ambiente e Saúde - 43 Ressalta-se que a vacina humana da leptospirose existe em alguns países, mas ainda não é muito segura, sendo que mais pesquisas precisam ser desenvolvidas para comprovação e segurança na utilização (FMUSP, 2013). No Brasil, apesar de se apresentar como um grave problema de saúde pública, a vacina é inexistente. Apenas é utilizada a vacina para animais como bovinos, suínos e cães que podem ser vacinados todos os anos para se prevenir da doença (FIOCRUZ, 2017). Com base na análise das condições de saneamento na cidade de Manaus, abrangendo principalmente o abastecimento de água potável e o esgotamento sanitário, verificando disposições precárias à população, fez-se o levantamento no banco de dados do DATASUS do total de 176 casos de internações no período de 2010-2015, que foram espacializados por bairro, inserindo a taxa de incidência de internação (número de casos/população) por leptospirose em Manaus, identificando assim os bairros mais acometidos pela doença, conforme exposto no Mapa 3. Considerando a temporalidade total analisada nesta pesquisa, dos anos de 2010 a 2015, a taxa de incidência de internações por leptospirose em Manaus, conforme apresentado no mapa 3, delineou-se em todas as zonas da cidade, com maior expressividade nas zonas Sul e Oeste de Manaus seguida da zona Leste. Mapa 3 - Taxa de incidência de internações por leptospirose em Manaus (2010-2015) Fonte: DATASUS (2010-2015). Org. Ulliane Amorim e Jean Campos (2018). 44 Durante o período analisado, os bairros com maiores taxas de incidência de internações por leptospirose em Manaus, foram Distrito Industrial I (19), Morro (32), Raiz (46), Educandos (22), São Raimundo (57), Presidente Vargas (44), São Jorge (54), Tarumã-Açu (60) e Zumbi (63). As ocorrências de leptospirose presentes na zona Sul da cidade de Manaus estão ligadas às ocorrências de alagamentos e transbordamentos configurados nos igarapés urbanos presentes nessas áreas da cidade, os quais se encontram poluídos com resíduossólidos de toda ordem. O saneamento ambiental precário nas zonas Oeste e Leste também implicam no acometimento da doença, uma vez que a disposição do esgotamento sanitário nesses ambientes é ínfima e a existente encontra-se com deficiências na oferta e disponibilidade. Ressalta-se que a ocorrência da doença também incide em bairros com condições adequadas de saneamento ambiental, fato que pode estar relacionado a outros determinantes sociais e ambientais, como as inundações urbanas, alagamentos, que não foram analisados nesta pesquisa. Com isso, comprova-se que os espaços espoliados da cidade encontram-se comprometidos, pois os serviços públicos são insuficientes, implicando na negligência por parte do Poder Público, sobre o cotidiano precário de famílias que convivem com as mazelas presentes em Manaus, como a poluição dos igarapés da cidade, a deficiência no serviço de abastecimento de água e disponibilidade da rede de esgoto. A concretude implica no processo saúde-doença, mediante a disposição precária dos componentes do saneamento, tendo como papel central no cenário o acometimento da leptospirose na população de maior vulnerabilidade socioambiental urbana. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando os diversos aspectos considerados na pesquisa, observou-se que a qualidade de vida perpassa por vários fatores nas cidades, dentre os quais se tem a disposição do saneamento ambiental no que diz respeito não única e exclusivamente ao acesso aos serviços, mas também a qualidade de sua prestação e constante manutenção. Os bairros Tarumã-açu (60), Distrito Industrial I (19), São Raimundo (57), Zumbi (63), e Educandos (22) apresentaram condições irregulares e deficientes de saneamento e também foram acometidos pelo maior número de internações por leptospirose. Ambiente e Saúde - 45 Ou seja, observa-se que o saneamento ambiental está atrelado aos determinantes ambientais e sociais para ocorrência da doença, bem como a precariedade e escassez dos serviços ocorre principalmente em áreas segregadas na esfera socioeconômica. As ocorrências de leptospirose presentes na zona Sul da cidade de Manaus, implicadas pela precariedade de infraestrutura, também se relaciona à sazonalidade das chuvas, estando o acometimento da doença ligada a ocorrências de alagamentos e transbordamentos configurados nos igarapés urbanos presentes nessas áreas. Tal contexto, foi verificado no estudo realizado por Jesus et al. (2012), haja vista que nos meses de maior concentração de chuva tem-se o aumento de número de casos de leptospirose, no período de 2000 a 2010, período de dados analisados. No período de 2010 a 2015, o trabalho realizado por Pereira (2018) constata a permanência deste cenário na cidade, a partir de análises das taxas de incidência de leptospirose para a cidade de Manaus e os totais de precipitação no mesmo período. Por isso, verificou-se a elevada taxa de incidência da doença em bairros desta zona na cidade de Manaus. Observou-se também em Manaus que o processo de urbanização ocorreu de forma desigual entre as classes sociais, à medida que se identificou no trabalho de campo a informalidade de moradias associada à baixa renda, ocupação de ambientes frágeis, e ínfimos investimentos no saneamento e na saúde em partes da cidade. Portanto, os desdobramentos e impactos negativos são significativos à sociedade manauara, especialmente a parcela da população que vivencia as desigualdades socioambientais no cotidiano, com a maior ocorrência do acometimento de doenças como a leptospirose, analisada nesta pesquisa. REFERÊNCIAS AB’SABER, A. N. A sociedade urbano-industrial e o metabolismo urbano. In: CHASSOT, A.; CAMPOS, E. (Orgs.). Ciências da terra e meio ambiente: diálogos para (inter)ações no Planeta. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 1999. 284p. ALEIXO, N.C.R. Pelas lentes da climatologia e da saúde pública: doenças hídricas e respiratórias na cidade de Ribeirão Preto. Presidente Prudente, 2012. BRASIL. Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB (Lei 11.445 de janeiro de 2007 – estabelece diretrizes nacionais para o Saneamento Básico). 2013. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/AECBF8E2/Plansab_Versao_C. Acesso em: 26 jun. 2016. HELLER, L. Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento. Ciência & Saúde Coletiva, v. 3, n. 2, p. 73-84, 1998. 46 IBGE, Cidades@. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE): O Brasil por município. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=130260&search=amazonas|manaus. Acesso em: 25 abr. 2016. ______. Atlas de saneamento: 2011. IBGE, Diretoria de Geociências – Rio de Janeiro, 2011. 268p. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/pt/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=253096. Acesso em: 25 abr. 2016. ______. Pesquisa nacional de saneamento básico. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb/lixo_coletado/lixo_coletado110.shtm. Acesso em: 18 abr. 2016. INSTITUTO TRATA BRASIL. Ranking do saneamento Instituto Trata Brasil 2017. São Paulo, fev. 2017. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/ranking/2017/relatorio-completo.pdf. Acesso em: 26 jun. 2017. FACULDADE DE MEDICINA USP (FMUSP). Patologia de febres hemorrágicas Faculdade de Medicina da USP. Jornal da USP, 2013. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Agência Fiocruz de notícias: glossário de doenças. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/leptospirose-0. Acesso em: 21 de abril de 2019. KOBIYAMA, M.; MOTA, A. A.; CORSEUIL, C. W. Recursos hídricos e saneamento. Curitiba: Organic Trading, 2008. NOGUEIRA, A. C.F.; SANSON, F.; PESSOA, K. A expansão urbana e demográfica da cidade de Manaus e seus impactos ambientais. Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril, 2007, INPE, p. 5427-5434. OLIVEIRA, J. A. Manaus de 1920-1967: A cidade doce e dura em excesso. Manaus: Editora Valer / Governo do Estado do Amazonas/Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2003. 176 p. OLIVEIRA, D. S. C.; GUIMARÃES, M. J. B.; MEDEIROS, Z. Modelo produtivo para a leptospirose. Revista de patologia tropical, v. 38, n. 1, p. 7-26, 2009. OLIVEIRA, C. F. Água e saneamento básico em Manaus, Amazonas – Brasil: valoração econômica em serviços de utilidade pública. Geografia em questão, v. 4, n. 2, p. 181-196, 2011. PEREIRA, U. A.; ALEIXO, N.C.R. Os resíduos sólidos urbanos como condicionantes de doenças na cidade de Manaus-AM. Revista Geonorte, n. 9, n. 31, p. 32-53, 2018. PEREIRA, U. A. Saneamento ambiental e o processo saúde-doença em Manaus. 2018. Dissertação (mestrado), Geografia, Instituto de Filosofia Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2018. SOARES, J. A. S.; ALENCAR, L. D.; CAVALCANTE, L. P. S. et al. Impactos da urbanização desordenada na saúde pública: leptospirose e infraestrutura urbana. Revista Polêmica, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, 2014. SOUZA, M.S. Meio ambiente e saneamento básico. Mercator – Revista de Geografia da UFC, ano 1, n. 1, p. 41-52, 2002. http://www2.fm.usp.br/ Ambiente e Saúde - 47 C A P Í T U L O 3 A mosca doméstica, sua importância médica e controle Leonice Seolin Dias6 Lucas de Castro Faria7 INTRODUÇÃO Musca domestica (Linnaeus, 1758), também conhecida como mosca doméstica, pertence a uma das famílias mais abundantes e importantes, a Muscidae, dentro dos Diptera (GREENBERG, 1973). Essa mosca doméstica se originou nas estepes da Ásia Central, mas atualmente ocorre em todos os continentes habitados, em todos os climas, de tropical a temperado, e em uma variedade de ambientes que variam de rurais a urbanos (CAPINERA, 2010). Existe uma vasta literatura sobre M. domestica. É inseto clássico eusinantrópico (seu ciclo de vida ocorre em ambiente humano), endófilo (visita as residências)e comunicativo (após se alimentarem ou pousarem em alimentos contaminados costumam pousar nos utensílios humanos), assim, cumpre todos os requisitos exigidos para um vetor mecânico de doença (GOMES; SANTOS, 2015; GREENBERG, 1971; MONZON et al., 1991). A mosca doméstica vive em estreita associação com humanos ou com atividades humanas em todo o mundo, alimentando-se e proliferando-se em substratos contaminados (restos de alimentos, fezes, cadáveres, entre outros). E como se movem constantemente para áreas com habitações humanas e ambientes alimentares podem coletar e transportar vários agentes de doenças (KHAMESIPOUR et al., 2018). Dentre os insetos vetores, a mosca doméstica é considerada como um potencial vetor mecânico de patógenos responsáveis por causar graves doenças em humanos e animais domésticos (GRACZYK et al., 2001; GREENBERG, 1971). Abriga mais de cem espécies diferentes de patógenos, em diversas partes do corpo, e podem transmitir mais de 65 tipos doenças infecciosas (SCOTT; LETTIG, 1962; GREENBERG, 1965). 6 Bióloga, doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Presidente Prudente/SP. Colaboradora do Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde da UNESP. E-mail: nseolin@gmail.com 7 Graduado em Geografia pela UNESP, Presidente Prudente/ SP. Colaborador do Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde da UNESP, Presidente Prudente/ SP. E-mail: lucas_castro_faria@hotmail.com 48 A anatomia corporal, secreções que produzem e seus hábitos alimentares permitem que as moscas contraiam e disseminem vários patógenos (NAZNI et al., 2005; NICHLOLS, 2005; OMMI et al., 2015). Alguns microrganismos podem viver dentro ou na superfície do corpo das moscas domésticas de 5 a 6 horas até 35 dias (TAN; YAP; LEE, 1997; NAZARI et al., 2017). Algumas bactérias são transportadas pela mosca doméstica como Escherichia coli, espécies Shigella e Salmonella, além de patógenos virais, por meio de seus vômitos ou excrementos (ISSA, 2019). Foram observados ainda outros patógenos bacterianos como Helicobacter pylori e Campylobacter jejuni (SHANE; MONTROSE; HARRINGTON, 1985; LI; STUTZENBERGER, 2000). Além disso, esse díptero pode ser vetor de protozoários parasitas como Giardia e Entameba (UGBOGU et al., 2006) e ovos de tênia (GRACZYK et al., 2005; UGBOGU et al., 2006). As moscas podem transmitir doenças em humanos e animais (SCOTT et al., 2009), incluindo infecções bacterianas como salmonelose, antraz, oftalmia, shigelose, febre tifoide, tuberculose, cólera e diarreia infantil; infecções por protozoários, como disenteria amebiana; infecção por helmintos como pinworms, lombrigas, ancilostomídeos e tênias; e infecções virais e rickettsiais (SASAKI et al., 2000). Em casas, no Japão, Iwasa et al. (1999) relataram que as moscas domésticas espalharam uma cepa mortal de Escherichia coli enterohemorrágica O157: H7 coli. Na Índia, a diarreia é considerada uma das maiores causas morbidade e mortalidade infantil (COLLINET-ADLER et al., 2015). Para os autores, as moscas carregam patógenos entéricos e podem mediar infecções transmitidas por alimentos. As evidências que apoiam o papel da mosca doméstica na transmissão de doenças são principalmente circunstanciais, com as evidências mais fortes apontando para a correlação entre o aumento da incidência de diarreia ao mesmo tempo que aumentava a população de moscas domésticas (ECHEVERRIA et al., 1982; KHAMESIPOUR et al., 2018). Em áreas rurais, no Paquistão, Chavasse et al. (1999) observaram reduções significativas nas taxas de diarreia infantil associadas ao controle das moscas. As moscas domésticas são frequentemente encontradas em áreas de atividades humanas, como hospitais, mercados de alimentos, matadouros, centros de alimentação ou restaurantes, aviários e fazendas de gado, nos quais constituem um incômodo para humanos, aves, gado e outros animais (AWACHE; FAROUK, 2016; KHAMESIPOUR et al., 2018). Ambiente e Saúde - 49 Como as moscas apresentam estreita associação com diferentes tipos de excrementos e matéria orgânica em decomposição, representam um importante problema de saúde pública sempre que esses insetos têm acesso à alimentação humana (HEMMATINEZHAD et al., 2015; OMMI et al., 2015). Desempenhando papel importante na transmissão de doenças e adaptação a uma grande variedade de habitats, Phoku et al. (2014) afirmam que “a exposição frequente à atividade de moscas domésticas terá um impacto no bem-estar dos seres humanos”. O número de moscas varia em determinado ambiente, dependendo dos fatores climáticos (temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar) e duração do dia que influenciam na taxa de acasalamento, no período de pré-oviposição, na oviposição e na alimentação dos adultos (JIN; JAAL, 2009; WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 1981, 1986; SEOLIN DIAS et al., 2009). Reforçam Crespo et al. (2002) que certos fatores bióticos (parasitoides, predadores e patógenos) e abióticos (temperatura, umidade, qualidade e quantidade de alimentos disponíveis, entre outros) regulam naturalmente as populações de moscas domésticas. Já Savopoulou-Soultani et al. (2012) consideram a temperatura e a umidade relativa do ar como os mais importantes, pois diminui a abundância e a distribuição de insetos.São três métodos utilizados no controle de moscas domésticas: cultural, biológica e química. Controle cultural significa transformar ou reduzir o ambiente favorável ao desenvolvimento de moscas domésticas. O melhor método cultural é o descarte correto de resíduos orgânicos ou qualquer outra matéria orgânica que seja ambiente de reprodução de moscas, isto é, no qual possam depositar ovos. Controle biológico, a população de moscas domésticas pode ser controlada a partir do uso de seus inimigos naturais, que podem ser outros insetos benéficos como: fungos patogênicos, nematoides, formigas de fogo, predadores, besouros, ácaros, microrganismos (por ex: fungos, vírus e bactérias), vespas parasitas (não prejudiciais para humanos e animais), moscas (hydrotaea aenescens wiedeman) e pássaros. O controle químico das moscas pode ser realizado com a aplicação de inseticidas químicos sintéticos. Muitos sprays que são inseticidas à base de piretroide podem reduzir a população de moscas domésticas no interior e ao entorno das residências. Porém, foi observado que as moscas apresentaram resistência a inseticidas DDT, carbamato, piretroide e organofosfatos, além de impactar o meio ambiente (IQBAL et al., 2014; ISSA, 2019; LARINI, 1987; LIETZE et al., 2010). 50 Desta forma, o presente estudo baseado em revisão de literatura sobre a Musca doméstica, de grande importância para a saúde pública e ambiental, tem por objetivo discutir o papel desse díptero como potencial vetor mecânico de doenças para humanos e animais domésticos. Trata-se de um estudo para descrever a morfologia, ciclo de vida, danos à saúde pública, controle e inseticidas. Características gerais A fêmea adulta de M. domestica possui de 6 a 8 mm de comprimento, o macho adulto tem de 5 a 6 mm, embora o tamanho dependa dos substratos, agrupamento e umidade no habitat no qual a larva se desenvolve. A fêmea é distinguida do macho pelo espaço relativamente largo entre os olhos (nos machos, os olhos quase tocam) (LARRAÍN; SALAS, 2008; TAYLOR; COOP; WALL, 2015) (Figura 1). Figura 1 – Mosca doméstica adulta, Musca domestica Fonte: Laís Nogueira Watanabe (2019). O corpo da mosca é dividido em cabeça, tórax e abdômen, revestido por um exoesqueleto quitinoso (polissacarídeo), resistente, com funções de proteção e sustentação (LARA, 1977). A cabeça, em forma de cápsula endurecida, possui nas laterais dois olhos avermelhados, duas antenas receptoras e o aparelho bucal do tipo lambedor (probóscide),do tipo esponja, que lhe permite absorver alimentos líquidos. Ambiente e Saúde - 51 Ainda que possa alimentar-se somente de alimentos líquidos, a mosca doméstica pode ingerir alimentos sólidos, alterando-os em líquido por meio do processo de regurgitação (vomitação) sobre ele, dissolvendo-o por meio das secreções das glândulas salivares para que possa ser liquefeito e ingerido (CAPINERA, 2008; KEIDING, 1986). O tórax é acinzentado, com quatro listras estreitas longitudinais escuras, possui três pares de pernas e um par de asas funcionais anteriores, sendo que as posteriores são modificadas em órgãos de equilíbrio denominados balancins ou halteres (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE - OPAS, 1962; TAYLOR; COOP; WALL, 2015). O abdômen tem coloração castanho-amarelado com uma listra longitudinal escura (a parte inferior do macho é amarelada). Normalmente, apresenta de quatro a nove segmentos, sendo o primeiro fundido com o segundo, e segmentos terminais do macho e da fêmea transformados em órgãos genitais (sistemas de reprodução) (LARA, 1977; OPS, 1962; WALL; SHEARER, 1997). Ciclo de vida As moscas domésticas apresentam metamorfose completa (holometábolo) com ovo, larva, pupa e fases adultas (Figura 2). Figura 2 – Ciclo biológico da mosca doméstica Fonte: Laís Nogueira Watanabe (2019). 52 A oviposição inicia de 8 a 20 dias após a cópula, em condições climáticas favoráveis. As fêmeas podem depositar mais de 500 ovos, em grupos de 75 a 150 durante sua vida, em cinco ou seis posturas, e geralmente colocam seus ovos em fezes ou outro material orgânico em decomposição. Os ovos são de formato oval, de cor branca e pequenos, possuem cerca de 1 mm de comprimento. A produção máxima de ovos ocorre em temperaturas entre 25 a 30 °C. Em temperaturas mais baixas pode diminuir o número de eclosões das larvas (BORROR et al., 1989; SANCHEZ-ARROYO; CAPINERA, 2014; LARRAÍN, SALAS, 2008; PEDIGO; RICE, 2009; MINKIN; SCOTT, 1960; MOON; MEYER, 1985; SANCHEZ-ARROYO, 2011). As larvas são brancas, cilíndricas, divididas em segmentos, com cerca 3-9 mm de comprimento e sem pernas. Na pequena cabeça pontiaguda, encontram-se dois ganchos orais que servem para cortar e alargar os alimentos e para abrir espaço. Normalmente as larvas emergem dos ovos em 12-24 horas, dependendo das condições ambientais, principalmente temperatura, rapidamente começam a alimentar-se e desenvolver-se nos substratos em que foram depositadas, passando pelos três estágios larvares (instares). Nos meses quentes, o tempo necessário para a fase larval pode durar de 3 a 7 dias, e nos meses frios até 8 semanas para o desenvolvimento completo. As larvas que se alimentam preferem temperaturas de 30 a 35 °C, e as que estão para converter-se em pupas preferem mais baixas. A distribuição das larvas nos materiais de criação, em condições naturais, depende principalmente da temperatura e umidade. Essas, quando completado o crescimento, deixam de se alimentar, migram para lugares mais frescos e secos (incluindo o solo e outros tipos de substratos) para pupar. As pupas escurecem com o tempo, de amarelo claro a marrom escuro, ocorrendo no seu interior a transformação da larva para adulto. Uma vez que a metamorfose esteja completa, dentro de 3 a 4 semanas, a mosca adulta utiliza uma estrutura na cabeça para libertar-se do pupário. As moscas domésticas podem completar todo seu ciclo de vida, em condições ambientais favoráveis, entre 7-10 dias (BROWN et al., 1995; MCGAVIN, 2000; MINKIN; SCOTT, 1960; SCOTT; LITTIG, 1962). Danos e importância médica A existência das moscas é descrita desde o início da humanidade. No livro de Êxodo da Bíblia, o autor considerava esses insetos algo mais que meros incômodos porque dizia: a terra foi invadida por um enxame de moscas (HATCH JR., 1911). Ambiente e Saúde - 53 A M. domestica é uma espécie endofílica eusinantrópica, ou seja, adaptada a viver em habitações humanas e é capaz de completar parte do seu ciclo de vida em resíduos humanos e animais (BORROR et al., 1989; HEWITT, 1908; MIAN; MAAG; TACAL, 2002; POVOLNÝ, 1971; SMALLEGANGE; DEN OTTER, 2007). Nesse contexto, moscas sinantrópicas são consideradas aquelas que são ecologicamente associadas aos seres humanos e são capazes de transmitir mecanicamente patógenos humanos por meio dessa estreita relação (GABRE; ABOUZIED, 2003). A ligação entre patógenos e o mecanismo de transmissão pelas moscas é devido ao fato de que elas, quando adultas, se alimentam de excremento animal, lixo, fezes humanas e outros materiais orgânicos em decomposição, movendo-se entre esses substratos contaminados e alimentos, superfícies de preparação de alimentos e seres humanos eles mesmos (CHAIWONG et al., 2012; GRACZYK et al., 2001). Como se desenvolvem em quase todo tipo de matéria orgânica de origem animal e vegetal em decomposição ou fermentação (principalmente fezes), após terem pousado sobre substratos contaminados, organismos patogênicos aderidos das partes externas corpo ou da boca da mosca podem ser transferidos para alimentos humanos, utensílios utilizados por humanos ou áreas onde os humanos entram em contato (BRITO et al., 2008; HOWARD, 1911; MALIK; SINGH; SATYA, 2007). As moscas domésticas em estágios larvais e adultos são observadas em granjas de aves, lixo, abatedouros, mercados de peixes, entre outros (EESA; EL-SIBAE, 1993; ISSA, 2019; NAZNI et al., 2005). Muitas vezes são encontradas, em forma de oviposição, em fases de decomposição de cadáveres (GREENBERG, 1973; PUJOL-LUZ; ARANTES; CONSTANTINO, 2008). As M. domestica são consideradas uma das principais pragas domésticas, médicas e veterinárias que causam irritação, deterioram os alimentos e atuam como um vetores para muitos organismos patogênicos, alguns dos quais causam doenças graves em humanos e animais domésticos, especialmente os responsáveis por doenças entéricas (GRACZYK et al. 2005; MALIK; SINGH; SATYA, 2007). Mais de cem patógenos foram associados a essa mosca (GREENBERG, 1965), incluindo bactérias, vírus, fungos e parasitas (protozoários e metazoários). Normalmente, segundo Iqbal et al. (2014), referindo a Grubel et al. (1997), a transmissão mecânica de patógenos transmitidos pela mosca ocorre de três maneiras. Primeiro, os agentes patogênicos podem aderir às partes do corpo, especialmente nas pernas e no aparelho bucal. Segundo, os agentes patogênicos são depositados ao longo da gota de vômito na comida, porque seu modo de alimentação está sugando a comida após a liquefação na saliva regurgitada. Por último, os patógenos são depositados em suas fezes depois de passar pelo intestino. 54 Reconhecida sua importância, existem vários estudos sobre o papel das moscas domésticas na propagação de patógenos e doenças, como, por exemplo, o Quadro 1. Quadro 1 – Estudos sobre o papel das moscas domésticas na proliferação de patógenos e doenças Título Autores Ano Local Isolation and identification of parasites from housefly (Musca domestica) in Mosul City, Iraq Hamoo, R. N.; Alnur, A. I. 2019 Mossul, Iraque A systematic review of human pathogens carried by the housefly (Musca domestica L.) Khamesipour, F. et al. 2018 Shiraz, Irã Effects of bacterial dose and fly sex on persistence and excretion of Salmonella enterica serovar Typhimurium from adult house flies (Musca domestica L.; Diptera: Muscidae) Nayduch, D. et al. 2018 USA Bacterial communities associated with houseflies (Musca domestica L.) sampled within and between farms Bahrndorff, S. et al. 2017 Dinamarca Fungi isolated from house flies (Diptera: Muscidae) on Penned Cattle in South Texas Ysquierdo, C. A.; Olafson, P. U.; Thomas, D. B. 2017 Texas, USA Synergistic trap response of the false stable fly and little house fly (Diptera:Muscidae) to acetic acid and ethanol, two principal sugar fermentation volatiles Landolt, P. J.; Cha, D. H.; Zack, R. S. 2015 Washington, USA Enterobacteria isolated from synanthropic flies (Diptera, calyptratae) in Medellín, Colombia Cadavid-S., I. C.; Amat, E.; Gomez-Piñerez, L. M. 2015 Colombia Isolation and identification of pathogenic filamentous fungi and yeasts from adult house fly (Diptera: Muscidae) captured from the hospital environments in Alivaz city, Southwestern Iran Nassiri, H. et al. 2015 Ahvaz, Irã Study of pathogenic bacteria detected in fly samples using universal primer-multiplex PCR Tsagaan, A.; Kanuka, I.; Okado, K. 2015 Nepal Fungi in housefly (Musca domestica L.) as a disease risk indicator – a case study in South Africa Phoku, J. Z. et al. 2014 África do Sul Genome of the house fly, Musca domestica L., a global vector of diseases with adaptations to a septic environment Scott, J. G. et al. 2014 NY, USA Role of housefly (Musca domestica, Diptera; Muscidae) as a disease vector; a review Iqbal, W. et al. 2014 Paquistão Pest status of housefly (Musca Domestica l.). According to the opinion of community of southern punjab, Pakistan Zafar, J. et al. 2014 Paquistão Isolation of pathogenic bacteria on the house fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae), body surface in Ahwaz Hospitals, Southwestern Iran Kassiri, H.; Akbarzadeh, K.; Ghaderi, A. 2012 Irã Biodegradation of pig manure by the housefly, Musca domestica: a viable ecological strategy for pig manure management Čičková, H. et al. 2012 Slovakia Isolation of pathogenic bacteria on the house Fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae), body surface in Ahwaz Hospitals, Southwestern Iran Kassiri, H.; Akbarzadeh, K.; Ghaderi, A. 2012 Irã Biodegradation of pig manure by the housefly, Musca domestica: a viable ecological strategy for pig manure management Čičková, H. et al. 2012 Slovakia Retention of Campylobacter (Campylobacterales: Campylobacteraceae) in the house fly (Diptera: Muscidae) Skovgård, H.; Kristensen, K.; Hald, B. 2011 Dinamarca The potential of house flies to act as a vector of avian influenza subtype H5N1 under experimental conditions Wanaratana, S.; Panyim, S.; Pakpinyo, S 2011 Bangkok, Tailândia The housefly, Musca domestica, as a possible mechanical vector of Newcastle disease virus in the laboratory and field. Barin, A. et al. 2010 Teerã, Irã Evaluation of the house fly Musca domestica as a mechanical vector for an anthrax Fasanella, A. et al. 2010 Foggia, Itália Potencial of houseflies to contaminate ready-to-eat food with antibiotic-resistant Enterococci Macovei. L.; Zurek, L. 2008 NY, Manhattan Isolation of Salmonella enterica Serovar Enteritidis from houseflies (Musca domestica) found in rooms containing Salmonella Serovar Enteritidis-Challenged Hens Holt, P. S. et al. 2007 Florida, USA Flies and water as reservoirs for bacterial enteropathogens in urban and rural areas in and around Lahore, Pakistan Khalil, K. et al. 2004 Paquistão The housefly (Musca domestica) as a vector for emerging bacterial enteropathogens Nayduch, D.; Stutzenberger, F. 2001 Vector potential of the hospital house flies with special reference to Klebsiella species Fotedar, R. et al. 1992 Cambridge, Inglaterra Epidemiological role of arthropods detectable in health facilities. Srámová, H. et al. 1992 Checoslováquia Fonte: pesquisa digital. Organização: Seolin Dias e Faria (2019). Ambiente e Saúde - 55 É importante registrar que Zafar (2014), citando Fotedar et al., Holt et al., Khalil et al., Macovei e Zurek, Nayduch e Stuzenberger, Srámová et al. e Wanaratana e Panyim (Quadro 1), escreve que recentes temores sobre doenças humanas de origem alimentar aumentaram o número de trabalhos publicados sobre o papel da mosca doméstica na disseminação de organismos causadores de doenças, especialmente Escherichia coli, Shigella spp. e Salmonella spp. Verificou-se que as moscas domésticas carregam bactérias resistentes a vários medicamentos em ambientes hospitalares e podem desempenhar um papel na transmissão de patógenos nos hospitais. Ainda, para os autores, relatórios recentes revelaram que a mosca doméstica também é reconhecida como potencial transmissora do vírus da gripe aviária, causando ameaças aos seres humanos e à indústria avícola em todo o mundo. MEDIDAS DE CONTROLE PARA MOSCAS DOMÉSTICAS Os entomologistas enfrentam um conjunto diversificado de desafios para ajudar a proteger os seres humanos e os animais domésticos dos insetos-pragas urbanos. A população mundial em crescimento constante faz aumentar a urbanização. Atualmente, cerca de 55% da população mundial vive em áreas urbanas, uma proporção que atingirá 70% até 2050. Estima-se que 6,3 bilhões de pessoas viverão em cidades até 2050 (ONU, 2019; WIKIMEDIA COMMONS, 2016). Desta forma, os pesquisadores terão a tarefa de desenvolver práticas sustentáveis para controlar de maneira efetiva as pragas urbanas que estão intimamente associadas à saúde e bem-estar dos seres humanos e animais domésticos (ZHU et al., 2016). A forma mais efetiva e eficiente de controle da mosca doméstica é por meio de um programa de monitoramento de moscas baseado nos princípios de Manejo Integrado de Pragas (MIP) ou Controle Integrado de Pragas (CIP). O conceito Manejo Integrado de Pragas foi desenvolvido em 1950, inicialmente limitado à combinação de métodos de controle químico e biológico (MICHELBACHER; BACON, 1952; SMITH; BOSCH, 1967). Posteriormente, o conceito de Manejo Integrado de Pragas foi expandido para incluir a integração de tópicos biológicos, culturais e químicos de maneira compatível para alcançar consequências econômicas e ambientais favoráveis (ZHU et al., 2016). Sendo assim, Monteiro (1995, p. 2) afirma que O controle integrado é baseado nos métodos culturais, biológicos e químicos com o uso de inseticidas seletivos, manejo adequado do substrato e conhecimento dos principais inimigos naturais; é o método mais eficiente para obter a redução da população de moscas à níveis aceitáveis. 56 E o manejo integrado de pragas/vetores conforme Prado (2003, p. 1), é a seleção e implementação de métodos de controle (cultural, químico e biológico) dessas pragas/vetores, levando em consideração as consequências econômicas, ecológicas e sociológicas. É um processo de tomada de decisão que leva em consideração cada grupo de circunstâncias particulares; os ambientes naturais diferem em algum grau, assim, as soluções para o controle de pragas; vetores devem ser, especificamente, "desenhadas", à medida que vão aparecendo. Desta forma, se aplicarmos ao caso das moscas em áreas urbanas a idéia do manejo integrado de pragas, adaptando seus cinco passos básicos, poderemos manejar de modo mais racional o controle de moscas. Para isso, devemos seguir os passos seguintes: 1) detecção do problema e identificação das espécies envolvidas; 2) monitoramento das populações e relação com o tempo e o clima; 3) decisão e implementação das medidas de controle (cultural, biológico e químico); 4) monitoramento permanente de manutenção. Como visto, não existe uma solução única para o controle de população de moscas; desta forma, reforçam, Crespo e Lecuona (2002), Keiding (1976) e West (1951), que é possível ter o controle de M. domestica por meio de um adequado programa de controle de moscas que deve ter alguma forma de monitoramento, incluindo medidas de controle cultural, biológico e químico. Já para Flint e Dreistadt (1998), a melhor abordagem baseia- se na integração de diferentes estratégias de manejo, incluindo medidas de controle químico, cultural (físico) e biológico que integradas são essenciais para um bem-sucedido programa de controle de moscas. Destaca-se que no passado, na pecuária, o controle de moscas em instalações destinadas a alojar o gadoleiteiro ou gado dependia apenas do uso de inseticidas. Mas esse único método de controle pode agravar a resistência das populações de moscas aos inseticidas e destruir inadvertidamente os inimigos naturais desses insetos. Atualmente, os agricultores de sucesso estão combinando o uso cuidadoso de pesticidas com outras práticas de manejo integrado de pragas (WATSON; WALDRON; RUTZ, 1994). Como visto, o MIP é a implantação de uma variedade de métodos de controle de pragas, projetados para complementar, reduzir ou substituir a aplicação de pesticidas sintéticos. O IPM incorpora o gerenciamento e a integração simultâneos de táticas, o monitoramento regular de pragas e inimigos naturais, o uso de limites para decisões e abrange métodos desde o gerenciamento/substituição de produtos pesticidas até o redesenho de todo o agroecossistema. A consequente redução no uso de pesticidas sintéticos melhora a sustentabilidade dentro e fora da fazenda, bem como reduz os custos para o agricultor. Ambiente e Saúde - 57 Os sistemas de IPM também podem fornecer uma variedade de bens e serviços do ecossistema além do controle de pragas, aumentando a resiliência geral nas escalas de fazendas e paisagens. Assim, o IPM é um exemplo de intensificação sustentável, definido como “produzir mais produção da mesma área de terra, reduzindo os impactos ambientais negativos e, ao mesmo tempo, aumentando as contribuições para o capital natural e o fluxo de serviços ambientais” (PRETTY; TOULMIN; WILLIAMS, 2011; PRETTY; BHARUCHA, 2015). O monitoramento é qualquer técnica empregada para determinar a presença ou ausência de picos de controle da população de moscas domésticas. Heuskin et al. (2011) e Weinzierl et al. (2005) citam que o monitoramento de populações de insetos tem geralmente três propósitos: detectar a presença de pragas invasoras; para estimar a densidade relativa de uma população de pragas em um local específico; para indicar a primeira emergência ou pico de atividade de voo de uma espécie de praga em determinada área. Controles culturais são quaisquer medidas que alterem deliberadamente o ciclo de vida da mosca doméstica sem o uso de agentes químicos ou biológicos. Controles biológicos são agentes ou organismos que alteram o ciclo de vida da mosca e os controles químicos são substâncias químicas derivadas de forma natural ou sintética que podem alterar o ciclo biológico desse díptero (HERTZ, 2007). Ressalta-se que as medidas de controle mais usadas para moscas domésticas são saneamento, uso de armadilhas e inseticidas, mas em alguns casos o controle integrado de moscas foi implementado. O uso do controle biológico no manejo de moscas ainda está em um estágio relativamente inicial (SANCHEZ-ARROYO; CAPINERA, 1998), e há, portanto, “muito conhecimento a ser gerado nesse setor. Os defensivos biológicos chegam para compor um pacote de ferramentas de manejo que resultem em soluções para problemas fitossanitários, no qual os químicos também estão inseridos” (JAKUBASZKO, 2016, p. 26). Método cultural ou saneamento Existem várias práticas de controle cultural, ou controle físico, que podem ser usadas para combater as moscas domésticas, que são medidas eficazes de proteção à saúde. O método cultural altera o ambiente para impedir o desenvolvimento de moscas. A melhor prática de controle é descartar corretamente os resíduos orgânicos, ou qualquer outra matéria orgânica (inclui vegetais), que sejam locais de reprodução de mosca, ou seja, no qual as moscas podem depositar ovos. 58 Segundo Iqbal et al. (2014), é sabido que cerca de 50% das moscas domésticas em áreas urbanas ocorre pelo descarte incorreto dos resíduos domésticos, hospitalares e estabelecimentos comerciais de alimentos. Matar as moscas adultas pode reduzir a infestação, mas a eliminação dos locais de reprodução desses insetos é necessária para um bom manejo. Os recipientes coletores de resíduos orgânicos devem ter tampas adequadas e permanecer tampados, serem limpos com frequência com remoção de todos os restos alimentares, e o lixo deve ser descartado regularmente. Os sacos plásticos destinados para acondicionamento do material orgânico devem ser bem fechados e amarrados. Todos os recipientes coletores de lixo devem ficar distantes das entradas de residências, restaurantes e estabelecimentos comerciais de alimentos. Destaca-se que um saneamento eficiente é a fase básica de qualquer programa de controle de moscas domésticas (SANCHEZ-ARROYO; CAPINERA, 1998). O saneamento é o principal meio de controlar a proliferação de mosca doméstica, pois eliminam os locais de criação e os substratos que servem de alimentos das larvas, e que também atraem moscas adultas. Ao eliminar o lixo alimentar e o esterco, todos os estágios do ciclo de vida das moscas são interrompidos (MEYER; SHULTZ, 1990; WELCH, 2006). A limpeza urbana e manejo adequado dos resíduos sólidos urbanos, por meio de técnicas que agregam interesses ambientais ou sanitários, evidencia a disposição do Poder Público em controlar a proliferação de moscas (ou outros insetos) que possam transmitir várias doenças e causar agravos à saúde da população. Outras medidas práticas para manter as moscas domésticas afastadas das residências e estabelecimentos comerciais de alimentos: manter as portas e janelas fechadas, instalar portas que abrem e fecham mecanicamente, colocar telas bem ajustadas nas portas e janelas, principalmente em áreas rurais. As fraldas infantis ou geriátricas usadas também devem ser acondicionadas em recipientes bem fechados; remover todos os possíveis restos de alimentos da grelha de churrasco após o uso, ou seja, limpar e lavar bem; retirar constantemente as fezes de animais domésticos das residências e, ainda, dos espaços públicos. Armadilhas tradicionais com atrativos, armadilhas luminosas, armadilhas eletrocutivas, e fitas adesivas também são utilizados como medidas de controle, mas sua eficácia na redução das populações de moscas domésticas é limitada, e seu uso deve ser primariamente considerado como uma técnica de monitoramento. Porém, essas medidas prendem e matam moscas e as armadilhas devem ser descartadas corretamente. Ambiente e Saúde - 59 Na verdade, na probabilidade de grandes infestações não existirem, as armadilhas são um bom método para matar moscas (como em supermercados e restaurantes), mas algumas considerações devem ser feitas antes seu uso. Armadilhas com atrativos não podem ser usadas em ambientes fechados ou perto de residências porque o odor associado a essa medida de controle é repulsivo para os seres humanos (HERTZ, 2007; PICKENS; MILLER; MOWRY, 1973). Em ambientes internos, a utilização de armadilhas pegajosas (adesivas) é eficaz para capturas de moscas, no entanto, o seu uso é limitado devido a uma desvantagem que as partículas de poeira acumulam no material pegajoso. Como as moscas voam próximo ao solo, as fitas devem ser instaladas próximo ao solo (KEIDING; 1986; TOMBERLIN, 2017). As armadilhas luminosas e com atrativos não só capturam moscas domésticas como contribuem na morte de insetos benéficos (BOWDEN, 1982; IQBAL et al., 2014). Na avicultura de postura, os métodos de controle cultural modificam o ambiente reprodutivo favorável, manipulando fatores abióticos (isto é, temperatura, teor de umidade do material de reprodução) para reduzir a proliferação de moscas domésticas nesses locais (WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO, 1991; SHIELL, 2015; WALKER; STACHECKI, 1996). O manejo inadequado do esterco das aves cria condições favoráveis para o desenvolvimento de moscas. Confirma Shiell (2015) que técnicas de manejo que tornam o esterco de aves menos adequado para a reprodução de moscas criam condições desfavoráveis para o crescimento larval, postura e alimentação de adultos e podem reduzir a infestação de moscas. Desta forma, a remoção frequente do esterco é umcomponente essencial para um programa bem-sucedido de controle de moscas, pois impede a proliferação, interrompendo o ciclo de vida das moscas. O processo de espalhar o esterco ao ar livre provoca sua secagem, e os ovos das moscas não eclodem ou as larvas morrem. Evitar o empilhamento do esterco, ou qualquer prática que limita a umidade no esterco também é importante para o controle das moscas. Segundo McWard e Taylor (2000), a umidade da cama, independentemente do tipo de material de cama utilizado na criação, é um dos fatores determinantes para o aumento da temperatura e da proliferação microbiana, com fermentação e liberação de gases, como nitritos, nitratos, amônia e sulfato de hidrogênio. E para Tiquia e Tam e Hodgkiss (1997), o equilíbrio dinâmico dos microrganismos na cama depende da sua capacidade de adaptação ao meio, o que determinará sua maior ou menor competitividade. 60 Sendo assim, o uso de cal virgem (CaOH) na superfície da cama de aviário, que é um agente efetivo e barato, pode reter a umidade. Confirma Alves (2011, p. 13), que “em granjas de aves de postura, a cal virgem é utilizada para reduzir a umidade do esterco das aves”. Ainda, Crespo e Lecuona (2002) citados pelo autor, referem que “a cal virgem diminui consideravelmente os focos larvais e de umidade, importantes para o desenvolvimento de M. domestica”. Em seu trabalho intitulado “Uso de cal virgem para o controle de Salmonella spp. e Clostridium spp. em camas de aviário”, Pra et al. (2002) concluíram que a utilização de cal virgem é efetiva na redução de Salmonella spp. e Clostridium spp. a partir da dose de 300 g/m -2 de cama de aviário. No entanto, é bom lembrar que em avicultura de postura, devem ser constantes os cuidados com o controle de moscas domésticas (MENEGUETTI, 2013). O desconhecimento sobre o manejo adequado do esterco das aves ou os acúmulos embaixo das gaiolas e a falta de aplicação de medidas corretas de controle de criação de moscas, implica que a população excessiva de moscas pode causar prejuízos ao avicultor pela transmissão de doenças, baixa produção dos funcionários das granjas pelo contínuo incômodo causado pela presença desses dípteros, diminuição na qualidade dos ovos por sujidades depositadas pelas moscas adultas e incômodos aos vizinhos, ocasionando reclamações e demandas” (BRASIL, 1998, 2003, p. 1). Destaca-se que, em geral, as granjas de aves de postura encontram-se situadas distantes dos centros urbanos, porém, com a urbanização, as residências passaram a ficar mais próximas e, assim, os produtores de aves são confrontados com pressões crescentes para reduzir populações de moscas pelo incômodo e por serem esses insetos de grande importância com relação à saúde pública. Assim, por ser um dos maiores problemas, os cuidados com o controle de moscas tanto em granjas de postura quanto em granjas de suínos devem ser constantes para alcançar um nível aceitável. Segundo Brasil (1998, p. 1), em avicultura de postura, devem ser constantes os cuidados com o controle de moscas. É importante lembrar que a produção excessiva de moscas pode causar, além de prejuízos para o próprio avicultor pela transmissão de doenças, baixa produção dos operários pelo contínuo incômodo causado pela presença dos insetos, diminuição na qualidade dos ovos por sujidades depositadas pelas moscas e, também, prejuízos e incômodos aos vizinhos, ocasionando reclamações e demandas. Ambiente e Saúde - 61 Para Jaenisch (2000, p. 4), A redução da multiplicação de moscas é obtida pelo adequado manejo e descarte dos resíduos da produção. Esses podem ser trabalhados em compostagem ou enterrados em fossas sépticas, localizadas longe de fontes de água, preferencialmente na parte baixa do terreno, reduzindo o risco de extravasamento do conteúdo. É importante lembrar que a compreensão básica do ciclo de vida das moscas e sua interação com o meio ambiente é importante para o desenvolvimento de estratégias para reduzir seu impacto, pois esses insetos são considerados uma das principais pragas nas granjas de aves e de suínos. Na agricultura, o principal local de reprodução de moscas domésticas é o esterco (WEST, 1951). Assim, áreas agrícolas que possuem estercos acumulados têm maiores populações desses insetos (LYSYK; AXTELL, 1986). Ressalta-se que adubação com esterco pode trazer alguns benefícios ao solo (p. ex.: elementos químicos como nitrogênio, cálcio, fósforo, magnésio entre outros); mas, por outro lado, pode ocorrer danos às plantas e ao meio ambiente e aumento de temperatura do solo, queima de raízes, proliferação de agentes biológicos nocivos às culturas, proliferação de moscas, contaminação química da água, entre outros males ao meio ambiente (AGNOL, 2013). Nas fazendas de criação de bovinos, remoção dos dejetos dos currais e dos resíduos alimentares dos cochos, currais ou estábulos e qualquer outro local que tenha matéria orgânica (principalmente vegetal em decomposição) é uma ferramenta essencial em um manejo de praga integrada no controle de moscas domésticas, pois minimiza os problemas causados pela mosca (LAZARUS et al., 1989; LYSYK; AXTELL, 1986). Recorda-se que, como o acúmulo de material orgânico propicia o desenvolvimento de moscas domésticas, assim como esse inseto pode completar seu ciclo biológico em menos de sete dias, Clymer (1973) sugere que o esterco e os restos de ração dos cochos (ou derramada) devem ser removidos pelo menos duas vezes por semana para interromper o ciclo de reprodução desse inseto. Como visto, o manejo integrado de pragas pode ser uma maneira de controle eficiente de controle de pragas e doenças, desde que feito corretamente. Porém, Alves (2011, p. 13) entende que, para “ter sucesso do manejo integrado de pragas, práticas de controle cultural devem ser aliadas a estratégias de controles biológico e químico”. 62 Controle biológico Com a crescente incidência de populações de moscas domésticas resistentes a inseticidas químicos, o aumento dos custos de inseticidas e uma crescente preocupação pública sobre os impactos reais ou potenciais associados aos inseticidas, houve o interesse crescente em estratégias alternativas de controle de moscas (SANCHEZ-ARROYO; CAPINERA, 2017), como o controle biológico. O controle biológico faz parte do controle natural e pode ser aplicado a qualquer tipo de organismo, praga ou não, e independe se o agente desse controle ocorrer naturalmente, introduzido por seres humanos ou manipulado de qualquer maneira. O controle biológico difere do químico, controles culturais e mecânicos, à medida que requer manutenção de algum nível de suprimento de alimentos (por exemplo, pragas) para que o agente de controle biológico sobreviva e se desenvolva. Portanto, o controle biológico é definido como a ação dos inimigos naturais (DOELLE; ROKEM; BEROVIC, 2009). Para Michaud e Sloderbeck e Nechols (2008), em termos mais simples, o controle biológico é a redução das populações de pragas provocada por ações de outros organismos vivos, geralmente referidos como inimigos naturais ou espécies benéficas. E Abbas e Sajeel e Kausar (2013) compreendem que o controle biológico é um método eficaz para controlar pragas, como insetos, usando outros organismos vivos. Ainda para os autores, vários agentes de controle biológico são usados para o controle das populações de moscas domésticas. O controle biológico para reduzir as populações de moscas pode ser feito naturalmente por fatores bióticos que incluem predadores, parasitas (parasitoides), patógenos (p. ex.: bactérias, vírus, entre outros), recursos e competidores (tanto espécies nativas quanto espécies exóticas) (AXTELL, 1986; ALSTON, 2011; SKOVGÅRD, 2017; KWENTI, 2017) (Figura 2). Ambiente e Saúde - 63 Figura 2 – Imagens de alguns parasitas-pragas comuns (ciclo central) e agentes de controle biológico(ciclos externos) usados no biocontrole de parasitas Fonte: Kwenti (2017, p. 25). A população de moscas domésticas pode ser controlada pela utilização de seus inimigos naturais como Entomophthora muscae (fungos entomopatogênicos), nematoides, vespas parasitas (algumas espécies de pteromalídeos), formigas-de-fogo, besouros predadores (espécies histerídeos = Coleoptera: Histeridae e estafilinídicas = Coleoptera: Staphylinidae) e ácaros, moscas (Hydrotaea aenescens) e pássaros (SANCHEZ-ARROYO; CAPINERA, 2017; SKOVGÅRD; JESPERSEN, 1999). Outros métodos de controle biológico incluem o uso do vírus MdSGHV, bactérias, fungos, nematoides, parasitas, parasitoides, insetos predadores, entre outros (IQBAL et al., 2014). As mais importantes nas instalações avícolas são as vespas Sphalangia cameroni e Muscidifurax raptor (Figura 3) que parasitam a pupa das moscas domésticas (SANCHEZ-ARROYO; CAPINERA, 2017). 64 Figura 3 – Muscidifurax raptor é um ectoparasitoide em pupas de muscoides. Uma vez que a fêmea escolhe um hospedeiro de pupário, ela coloca um único ovo nele. O ovo choca e a larva da vespa se alimenta das pupas da mosca Fonte: USDA. Sanchez-Arroyo e Capinera (2017). Compreende Alston (2011) que o controle biológico é frequentemente mais eficaz quando aplicado junto com outras táticas de controle de um programa de manejo integrado de pragas. Ainda para Alston, o uso bem-sucedido do controle biológico eficaz geralmente requer uma boa compreensão da biologia e o comportamento da praga e seus inimigos naturais, bem como a capacidade de identificar vários estágios de vida de insetos relevantes no campo. Segundo a previsão do relatório da Organização das Nações Unidas - ONU (2019), a população mundial, em 2050, atingirá os 9,7 bilhões de pessoas, cerca de dois bilhões a mais de pessoas “que terão que ser alimentadas com maior produtividade agrícola, mas também de uma forma mais saudável e em harmonia com a natureza” (ABUD, 2019). Dessa forma, para Abud, o controle biológico será a ferramenta do futuro como a principal forma de manejo das pragas e doenças. Se existe o invasor, existe o predador na natureza, sempre foi assim e se expandirá no futuro. No futuro, para o combate de insetos e pragas por meio de controle biológico, El-Shafie (2018) afirma que o treinamento e a educação contínuos dos agricultores representam a base para o estabelecimento de um programa sólido e eficaz de Manejo Integrado de Pragas nos agroecossistemas. Atualmente, sendo de ação rápida, economicamente mais acessíveis e conveniente, os inseticidas sintéticos geralmente são a escolha preferida para o controle de pragas, incluindo moscas domésticas. Globalmente, inseticidas químicos como piretroides, organofosforados e carbamatos têm sido usados para controlar moscas domésticas (NIELSEN et al., 2011; WANG et al., 2019). Ambiente e Saúde - 65 Controle químico O controle químico é uma técnica importante de intervenção para diminuir as populações de espécies vetoriais e reduzir a probabilidade de surgimento de doenças (MATTHEWS, 2011). Os inseticidas utilizados para controlar insetos-pragas desempenham importante papel na agricultura e na saúde pública. Diz-se que uma praga está controlada quando seus níveis populacionais estão sob controle. Na agricultura, determinada espécie de praga está controlada quando a população está “abaixo do nível de dano econômico”, e em saúde pública quando “abaixo do nível de dano à saúde” (BRASIL, 2001, p. 17). Todavia, a aplicação a longo prazo e o uso extensivo de inseticidas sintéticos representa desvantagens, pois causa efeitos adversos à saúde dos seres humanos e dos ecossistemas (MOSSA; MOHAFRASH; CHANDRASEKARAN, 2018). Alguns praguicidas favorecem a contaminação ambiental, podendo causar a destruição genérica da fauna. Os produtos biocumulativos, devido sua difícil degradação, ficam retidos no tecido vivo e passam a fazer parte da cadeia alimentar, como os inseticidas clorados (BRASIL, 2001, p. 17). Outros resultaram no acúmulo de resíduos em alimentos, leite, água e solo (MOSSA; MOHAFRASH; CHANDRASEKARAN, 2018). Cabe mencionar que inseticidas para o controle de pragas nas lavouras e de insetos vetores, mais de 80.000 substâncias químicas estão disponíveis no mercado por ano. Em 2014, foram cerca 4,6 milhões de toneladas de pesticidas aplicados ao meio ambiente (ANSARI; MORAIET; AHMAD, 2014). Para autores, os efeitos dos inseticidas na saúde humana são mais arriscados devido à exposição direta ou indireta; anualmente, mais de 26 milhões de pessoas sofrem com envenenamento por pesticidas, com quase 220.000 mortes. No entanto, com todos os riscos, a produção de inseticidas está aumentando continuamente no comércio internacional. No caso de insetos vetores, as estratégias de controle das doenças transmissíveis por vetores biológicos são de difícil execução, principalmente quando associadas à existência de reservatórios domésticos e silvestres e aos aspectos ambientais. O uso de inseticidas direcionado ao combate de formas adultas de dípteros vetores tem sido frequente (MACIEL et al., 2010, p. 1). 66 Para Iqbal et al. (2014), o uso de praguicidas químicos é muito eficaz para diminuir a população de moscas domésticas. Contudo, seus efeitos são temporários, requer uso periódico e os custos elevados (PRADO, 2003; KEIDING, 1999). Os atrativos alimentares como inseticidas na forma sólida em geral são constituídos de pequenos grânulos à base de açúcar, os quais são depositados em pequenas porções sobre superfícies de pouso, reprodução e alimentação de moscas (ALVES, 2010; PERRY, 1958). Essas iscas possuem um composto que atrai as moscas adultas em direção a elas; assim, sempre que as moscas se aproximarem devido a essa atração, elas são mortas alimentando-se com esses inseticidas. Muitos aerossóis que são inseticidas a base pré-hioideos também podem reduzir a população de moscas em áreas de habitação humanas (IQBAL et al., 2014). Por outro lado, as moscas domésticas desenvolveram resistência aos inseticidas DDT, carbamato, piretoides e organofosfatos (BUTLER; GERRY; MULLENS, 2007; PERRY, 1958). Ainda foi observado resistência a inseticidas reguladores de crescimento de insetos como a Ciromazina (um regulador de crescimento – IGR) e abamectina (um agonista 28 do ácido – γ aminobutírico) (FERGUNSON, 2004; SHEN; PLAPP, 1990). Alves (2010, p. 23) reforça-se que a “evolução da resistência de pragas a pesticidas tem se tornado um dos grandes entraves em programas de controle de pragas envolvendo o uso de produtos químicos”. A resistência já foi detectada para praticamente todos os grupos de inseticidas, incluindo DDT, ciclodienos, organofosforados e piretroides (OMOTO, 2000). O problema tem sido relatado inclusive para os produtos mais recentes do grupo de reguladores de crescimento de insetos e de origem microbiana como Bacillus thuringiensis e Baculovirus anticarsia (DENNEHY; OMOTO, 1994; OMOTO, 2000). Gorghiou (1983), citado por Salmeron (2002, p. 9), ressalta que dentre as consequências drásticas da evolução da resistência estão as aplicações mais frequentes de pesticidas, aumento na quantidade do produto e a substituição por outro produto geralmente de maior toxicidade. Essas “consequências acabam comprometendo os programas de manejo de pragas em vista da maior contaminação do meio ambiente, destruição de organismos benéficos e elevação nos custos de controle. A resistência é definida como o desenvolvimento de uma habilidade em uma linhagem de um organismo (como um inseto) de tolerar doses de tóxicos que seriam letais para a maioria dos indivíduos em uma população normal da mesma espécie (WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 1957). Ambiente e Saúde - 67 Cabe mencionar que mais de quarenta anos de uso intensivo de inseticidas para controlar pragase vetores de doenças resultaram em resistência a pesticidas entre mais de 500 espécies de insetos em todo o mundo (CORBEL; GUESSAN, 2013; GEORGHIOU, 1986). Completam Ansari e Moraiet e Ahmad (2014) que mais de 645 espécies de insetos e ácaros desenvolveram resistência a inseticidas com 542 espécies de artrópodes resistentes a pelo menos um composto. Cerca de 7.470 casos de resistência foram relatados em insetos para um determinado inseticida; 16 espécies de artrópodes representaram 3.237 (43%). Como observado, “o uso indiscriminado e imprudente de pesticidas levou ao desenvolvimento generalizado de resistência” (KARUNAMOORTHI; SABESAN, 2013, p. 6), e essa resistência a inseticidas tem sua ocorrência aumentada. Em diferentes partes do mundo, o interesse e o estudo sobre a resistência a inseticidas em populações da mosca doméstica também aumentaram. No Quadro 2, para exemplificar, alguns trabalhos. 68 Quadro 2 – Estudos sobre a resistência a inseticidas em populações da mosca doméstica Título Autores Ano Local Resistance of house fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae), to five insecticides in Zhejiang Province, China: the situation in 2017 Wang, J. N. et al. 2019 Hangzhou, China Novel cytochrome P450 (CYP6D1) and voltage sensitive sodium channel (Vssc) alleles of the house fly (Musca domestica) and their roles in pyrethroid resistance Pan, J. et al. 2018 Beijing, China Two novel house fly Vssc mutations, D600N and T929I, give rise to new insecticide resistance alleles Sun, H.; Kasai, S.; Scott, J. G. 2017 Nanjing, China Resistance to pyrethroid insecticides in house flies, Musca domestica L., (Diptera: Muscidae) collected from urban areas in Punjab, Pakistan Khan, H. A. A.; Akram, W.; Fatima, A. 2017 Punjab, Paquistão Biological trait analysis and stability of lambda-cyhalothrin resistance in the house fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae) Abbas, N. et al. 2016 Paquistão Effects of four commercial fungal formulations on mortality and sporulation in house flies (Musca domestica) and stable flies (Stomoxys calcitrans) Weeks, E. N. I. et al. 2016 Florida, USA Degradation of insecticides in poultry manure: determining the insecticidal treatment interval for managing house fly (Diptera: Muscidae) populations in poultry farms Ong, S. Q. et al. 2016 Malaysia Insecticide resistance and management strategies in urban ecosystems Zhu, F. et al. 2016 Washington, USA Evolution of resistance to pyrethroid insecticides in Musca domestica Scott, J. G. 2016 New York, USA Assessment of resistance risk to fipronil and cross resistance to other insecticides in the Musca domestica L. (Diptera: Muscidae) Abbas, N. et al. 2016 Paquistão Inheritance of propoxur resistance in a near-isogenic line of Musca domestica (Diptera: Muscidae) Shan, C. et al. 2016 Beijing - China Assessment of resistance risk to lambda-cyhalothrin and cross-resistance to four other insecticides in the housefly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae). Abbas, N.; Shad, S. A. 2015 Paquistão Comparative effectiveness of insecticides for use against the house fly (Diptera: Muscidae): determination of resistance levels on a malaysian poultry farm Ong, S. Q. et al. 2015 Malásia Resistance to conventional and new insecticides in house flies (Diptera: Muscidae) from poultry facilities in Punjab, Pakistan Abbas, N.; Ali Shad, S.; Ismail, M. 2015 Punjab, Paquistão Assessment of resistance risk in Musca domestica L. (Diptera: Muscidae) to methoxyfenozide Shah, R. M.; Abbas, N.; Shad, S. A. 2015 Multan, Paquistão Cross-resistance, stability, and fitness cost of resistance to imidacloprid in Musca domestica L. (Diptera: Muscidae) Abbas, N.; Khan, H.; Shad, S. A. 2014 Multan, Paquistão Genetics, cross-resistance and mechanism of resistance to spinosad in a field strain of Musca domestica L. (Diptera: Muscidae) Khan, H. A. A.; Akram, W.; Shad, S. A. 2014 Paquistão Resistance of the house fly Musca domestica (Diptera: Muscidae) to lambda-cyhalothrin: mode of inheritance, realized heritability, and cross-resistance to other insecticides N. Abbas; Khan, H. A. A.; Shad S. A. 2014 Paquistão The effect of temperature on the toxicity of insecticides against Musca domestica L.: implications for the effective management of diarrhea Khan, H. A. A.; Akram, W. 2014 Paquistão Insecticide mixtures could enhance the toxicity of insecticides in a resistant dairy population of Musca domestica L. Khan, H. A. A. et al. 2013 Paquistão Selection for resistance to imidacloprid in the house fly (Diptera: Muscidae). Kaufman, P. E. et al. 2010 Florida, USA Resistência à ivermectina em populações de Musca domestica (Diptera: Muscidae) provenientes de granjas de galinhas poedeiras Ambrós, C.M.G.; Prado, A.P. 2010 Campinas, Brasil Tolerance of house fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae) to dichlorvos (76% EC) an insecticide used for fly control in the tsunami-hit coastal villages of southern India Srinivasan, R. et al. 2008 India Resistencia en Insectos, Plantas y Microorganismos Badii, M. H.; Almanza, V. G. 2007 México The status and seasonal changes of organophosphate and pyrethroid resistance tin turkish populations of the house fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae) Akiner, M. M.; Çağlar, S. S. 2006 Ankara, Turquia Survey of deltamethrin resistance in house flies (Musca domestica) from urban garbage dumps in Northern China. Cao, X. M. et al. 2006 China Strategies for controlling house fly populations resistant to cyromazine Crespo, D. C.; Lecuona, R. E.; Hogsette, J. A. 2002 Florida, USA Uso correcto de insecticidas: control de la resistencia Bisset, J. A. 2002 Cuba Fonte: Pesquisa digital. Organização: Seolin Dias e Faria (2019). Ambiente e Saúde - 69 Segundo Who (1957), os resultados iniciais do uso de inseticidas modernos indicaram que a maioria das doenças transmitidas por vetores do homem poderia ser controlada de forma efetiva e, em alguns casos, erradicada. Com o desenvolvimento da resistência de moscas domésticas, certas espécies de organismos a inseticidas de hidrocarbonetos clorados, essa perspectiva otimista foi um pouco modificada. Infelizmente, para Zhu et al. (2016), o uso intenso de inseticidas em ambientes urbanos causa maior pressão de seleção e, portanto, levou ao desenvolvimento generalizado da resistência a inseticidas. Destaca-se que segundo Castro e Rozemberg (2015, p. 309). a lógica empregada nas políticas de controle dos vetores em ambiente doméstico, baseada no uso de inseticidas, é semelhante ao modelo de uso de agrotóxicos para controle fitossanitário na agricultura. No entanto, tem se acumulado críticas bastante consistentes sobre a insustentabilidade do modelo agrícola químico-dependente. Já no ambiente urbano, são poucas as críticas e relativamente escassos os estudos evidenciando as decorrências deste modelo de “proteção à saúde”, dedicado ao controle das chamadas “pragas urbanas e domésticas. Os insetos, incluindo as moscas domésticas, são o grupo de animais de maior abundância nos ecossistemas terrestres. Porém, a cultura alimentar é danificada por mais de dez mil espécies de insetos, com uma perda anual estimada de 13,6% em todo o mundo. Na saúde humana, mais de 3.100 espécies de mosquitos, vetores da malária (ANSARI; MORAIET; AHMAD, 2014), em 2017, causaram aproximadamente 219 milhões de casos em 90 países e territórios e 435.000 mortes. No Brasil, estima-se que houve cerca de 218 mil casos (OPAS, 2019). Estima-se que a dengue, a doença viral transmitida por mosquito mais prevalente, causa 319 de infecções anualmente, no mundo, das quais 96 milhões se manifestam clinicamente (OPAS, 2019). No Brasil, em 2017, foram registrados 251.711 casos prováveis de dengue (BRASIL, 2018). Muito se tem discutidorecentemente acerca do uso de inseticidas no mundo que são de grande importância para o meio ambiente e a saúde humana. Na verdade, para Ansari e Moraiet e Ahmad (2014), estamos continuamente enfrentando os desafios de diminuir a incidência de pragas e vetores de insetos para manter um ambiente seguro para as gerações futuras. Portanto, esforços globais concentrados devem ser feitos para alcançar esse objetivo por alternativas mais seguras e efetivas. 70 CONSIDERAÇÕES FINAIS A mosca doméstica constitui-se um vetor mecânico de transmissão de patógenos, como parasitas, bactérias, fungos e vírus. Um controle eficiente dessas moscas beneficia toda a comunidade. Para tanto, é necessário que se faça uma combinação de diferentes métodos de controle e prevenção das moscas para que se impeça o surgimento de doenças em humanos e animais domésticos. Os métodos de prevenção e controle usuais utilizados são os culturais, biológicos e químicos e a combinação deles configura-se um programa integrado de controle. Uma vez alcançada uma considerável redução da população de moscas, há necessidade de manter esse programa para não retroceder ao já conquistado. Normalmente, quando as moscas já não apresentam mais um sério problema, a tendência é diminuir o interesse público, já que outros problemas comunitários atraem a atenção dos agentes públicos e então as moscas podem reiniciar sua ocupação sutil e segura. A educação é requisito número um de qualquer programa de controle de vetores e pragas urbanas, iniciando-se com a compreensão do problema por cidadãos responsáveis, estendendo-se aos funcionários públicos como agentes sanitários e a toda a comunidade. A educação é bem aceita e defendida em áreas de alto risco, em que se queira implantar saneamento ambiental, higiene pessoal e educação em saúde. Uma forma bastante sensata é dar atenção a todos os impactos que as medidas de controle que foram tomadas podem acarretar aos insetos, aos seres humanos e ao ambiente. Assim, sugere-se realizar estudos para determinação da amplitude do problema e para conduzir as operações de controle; seguem-se as medidas de controle eficientes e efetivas e nova pesquisa para avaliar os resultados e onde há necessidade de maior controle. Importante lembrar que o conhecimento de informações básicas e de medidas preventivas desempenham um papel importante no manejo de insetos-pragas, e sabendo- se que a mosca doméstica se constitui um vetor mecânico de transmissão de patógenos, um controle eficiente dessas moscas beneficia toda a comunidade. Ampliando a visão do cenário, novas perspectivas serão vistas tanto para análise do próprio vetor como para o desdobramento de medidas de controle, o que pode gerar sistematização e aprofundamento dos estudos complementares a esta análise para atingir os efeitos no ambiente, políticas de saúde e epidemiologia. Assim, ao ampliar a visão do cenário e elucidar algumas ferramentas para trabalhar com essas medidas, abriremos caminhos para trabalhar em novas perspectivas com o vetor propriamente analisado. Ambiente e Saúde - 71 Num país extenso e diverso como o nosso, é de suma importância que o governo não apenas crie protocolos de prevenção e controle de pragas, mas que os adéque às necessidades de cada região e treine pessoal para que essas ações se repliquem nas comunidades locais e que o controle dessas pragas seja realmente eficaz. Somente a informação e a educação são capazes de mudar o nosso meio. REFERÊNCIAS ABUD, S. Controle biológico será a grande ferramenta do futuro. Revista Cultivar, 2019. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/noticias/controle-biologico-sera-grande-ferramenta-futuro-afirma- pesquisador-sergio-abud. Acesso em: 5 out. 2019. ABBAS, M. N; SAJEEL, M.; KAUSAR, S. House fly (Musca domestica), a challenging pest; biology, management and control strategies. Elixir Entomology, v. 64, p. 19333-19338, 2013. ABBAS, N.; SHAD, S. A. Assessment of resistance risk to lambda-cyhalothrin and cross-resistance to four other insecticides in the house fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae), Parasitology Research, v. 114, n. 7, p. 2629–2637, 2015. AGNOL, S. Esterco de galinha e seus benefícios. Rural Atual. Disponível em: http://ruralatual.blogspot.com/2013/08/esterco-de-galinha-e-seus-beneficios.html. Acesso em: 8 set. 2019. ALSTON, D. G. General concepts of biological control. Utah State University Extension and Utah Plant Pest Diagnostic Laboratory, Utah, 2011. Disponível em: https://digitalcommons.usu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1908&context=extension_curall. Acesso em: 8 set. 2019. ALVES, C. M. Manejo de Musca domestica em indústria de alimentos. 2010. 59 fl. Dissertação (Mestrado em Biologia) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2010. ALSTON, D. G. General concepts of biological control. Utah State University Extension and Utah Plant Pest Diagnostic Laboratory, Utah, 2011. Disponível em: < https://digitalcommons.usu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1908&context=extension_curall>. Acesso em: 08 set. 2019. ALVES, V. I. C. Estratégias de manejo integrado de Musca domestica em granja de aves de postura. 2011. 57 fl. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, 2011. ANSARI, M. S.; MORAIET, M. A.; AHMAD, S. Insecticides: impact on the environment and human, environmental deterioration and human health. The Netherlands: Springer, 2014. AWACHE, I.; FAROUK, A. A. Bacteria and fungi associated with houseflies collected from cafeteria and food Centres in Sokoto. FUW Trends in Science & Technology Journal, v. 1, n.1, p. 123–5, 2016. AXTELL, R. C. Fly management in poultry production cultural, biological and chemical. Journal of Poultry Science, v.65, p. 657-667, 1986. BORROR, D. J.; TRIPLEHORN, C. A.; JOHNSON, N. F. An introduction to the study of insects. Fort Worth: Saunders, 1989. 875 p. BOWDEN J. An analysis of factors affecting catches of insects in light-traps. Bulletin of Entomological Research, v. 72, p. 35-556, 1982. 72 BRASIL. EMBRAPA. PAIVA, D. P. P. Controle integrado de moscas em avicultura intensiva de postura: controle da criação de moscas no esterco. 1998. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/itav007.pdf. Acesso em: 2 set. 2019. BRASIL. EMBRAPA. Produção frangos de corte. 2003. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/SP/aves/Moscas.html. Acesso em: 2 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional da Saúde – Funasa. Controle de vetores: procedimentos de segurança. Brasília: Assessoria de Comunicação e Educação em Saúde. 2001. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/controle_vetores.pdf. Acesso em: 14 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, v. 49, 2018. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/julho/06/Monitoramento-dos- casos-de-dengue-23-018.pdf. Acesso em: 15 set. 2019. BRITO et al. Manual de identificação, importância e manutenção de colônias estoque de dípteras de interesse veterinário em laboratório. Roraima: EMBRAPA, 2008. 18 p. BROWN, J. R.; LUSCH, R. F.; NICHOLSON, C. Y. Power and relationship commitment: their impact on marketing channel member performance. Journal of Retailing, v. 71, n. 4, p. 363–392, 1995. BUTLER, S. M.; GERRY, A. C.; MULLENS, B. A. Housefly house FLY (Diptera: Muscidae) activity near baits containing (Z)-9-tricosene and efficacy of commercial toxic fly baits on a southern California dairy. Journal of Economic Entomology, v. 100, n. 4, p. 1489-95, 2007. CARVALHO, C. J. B. Muscidae (Diptera) of the neotropical region: taxonomy. Curitiba: Universidade Federal do Paraná – UFPR, 2002. 287 p. CHAIWONG, T. et al. Survey of the synanthropic flies associated with human habitations in Ubon Ratchathani Province ofNortheast Thailand. Journal of Parasitology Research, v. 2012, 2012. Disponível em: https://www.scienceopen.com/document_file/1894eee8-fe48-4c9c-b5a6- b52f83305aa9/PubMedCentral/1894eee8-fe48-4c9c-b5a6-b52f83305aa9.pdf. Acesso em: 20 ago. 2019. CAPINERA, J. L. Insects and wildlife: arthropods and their relationships with wild vertebrate animals. Hoboken, Nova Jersey: Wiley-Blackwell, 2010. 500 p. CAPINERA, J. L. House fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae). In: CAPIRERA, J. L. Encyclopedia of entomology. 2. ed. Springer, 2008. p. 1877-1880. Disponível em: https://link.springer.com/referenceworkentry/10.1007%2F978-1-4020-6359-6_1415. Acesso em: 24 jul. 2019. CASTRO, J. S. M.; ROZEMBERG, B. Propaganda de inseticidas: estratégias para minimização e ocultamento dos riscos no ambiente doméstico. Saúde e Sociedade, v. 24, n. 1, p. 308-320, 2015. CHAVASSE, D. C. et al. Impact of fly control on childhood diarrhoea in Pakistan: Community-randomised trial. Lancet, v. 353, p. 22-25, 1999. CLYMER, B. Control of flies around feedlots. Great plains cattle feeding handbook. College Station, TX, Texas A&M University, 1973. COLLINET- ADLER, S. et al. Environmental factors associated with high fly densities and diarrhea in Vellore, India, Applied and Environmental Microbiology, v. 81, n. 17, p. 6053-6058, 2015. CORBEL, V, N’GUESSAN, R. Distribution, mechanisms, impact and management of insecticide resistance in malaria vectors: A pragmatic review. In: Manguin S, editor. Anopheles Mosquitoes—New Insights into Malaria Vectors. Rijeka: InTech Open Access; 2013. Disponível em: https://www.intechopen.com/books/anopheles-mosquitoes-new-insights-into-malaria- vectors/distribution-mechanisms-impact-and-management-of-insecticide-resistance-in-malaria-vectors-a- pragmat. Acesso em: 5 out. 2019. Ambiente e Saúde - 73 RESPO, D. C. et al. Strategies for Controlling House Fly Populations Resistant to Cyromazine. Neotropical Entomology, v. 31, n. 1, 2002. CRESPO, D.; LECUONA, R. E. Empleo del larvicida diflubenzuron en un programa de manejo integrado de la mosca doméstica. Revista de Investigaciones Agropecuarias, v. 31, n. 2, p. 9–24, 2002. DENNEHY, T. J. OMOTO, C. Sustaining the efficacy of dicofol against citrus rust mite (Phyllocoptruta oleivora): a case-history of industrial and academic collaboration. In: Brighton Crop Protection Conference- Pests and Diseases, Farnham, Surrey, England, p. 955-962, 1994. DOELLE, H. W.; ROKEM, J, S.; BEROVIC, M. Biotechnology. Fundamentals in Biotechnology – Part II, v. 6. Encyclopedia of Life Support Systems (EOLSS). Oxford: UNESCO, 2009. 382 p. Disponível em: https://books.google.com.br/books/about/BIOTECHNOLOGY_Volume_VI.html?id=XXF5DAAAQBAJ&redir_e sc=y. Acesso em: 9 set. 2019. ECHEVERRIA, P.; ORSKOV, F.; ORSKOV, I.; PLIANBANGCHANG, D. Serotypes of enterotoxigenic Escherichia coli in Thailand and the Philippines. Infection and Immunity, v. 36, p. 851–856, 1982. EL-SHAFIE, H. A. F. Integrated Insect Pest Management. Reviewed chapter, 2018. Disponível em: https://www.intechopen.com/online-first/integrated-insect-pest-management. Acesso em: 5 out. 2019. ESPOSITO, M. C. A fauna de moscas varejeiras (Diptera, Calliphoridae) da Amazônia e sua ecologia na região de Caxiuanã e cidade de Portel/Estado do Pará. 1999. 134 fl. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus. ESPOSITO, M. C.; CARVALHO, F. S. Composição e abundância de califorídeos e mesembrinelídeos (Insecta, Diptera) nas clareiras e matas da base de extração petrolífera, Bacia do Rio Urucu, Coari, Amazonas. In: II WORKSHOP DE AVALIAÇÃO TÉCNICA E CIENTÍFICA, Manaus, 2006. EESA, N. M.; EL-SIBAE, M. M. Population dynamics of some synanthropic fly species in different habitats in Buraydah, Saudi Arabia. Journal of the Egyptian Society of Parasitology, v. 23, n. 1, p. 133-140, 1993. FOTEDAR, R. et al. Vector potential of the hospital house flies with special reference to Klebsiella species. Epidemiology and Infection, n. 109, p. 143-147, 1992. FERGUSON, J. S. Development and stability of insecticide resistance in the leafminer Liriomyza trifolii (Diptera: Agromyzidae) to cyromazine, abamectin and spinosad. Journal of Economic Entomology, v. 97, n. 1, p. 112-119, 2004. FLINT, M. L.; DREISTADT, S. H. Natural enemies handbok. The Illustrated guide to biological pest control, Oakland: University of California Press; v. 3386, 1998. GABRE, R. M.; ABOUZIED, E. M. Sarcosaprophagous flies in Suez province Egypt II synanthropic and abundance degrees. Bulletin Entomology Society of Egypt, v. 80, p. 125-132, 2003. GEORGHIOU, G.; TAYLOR, C. Genetic and Biological Influences in the Evolution of Insecticide Resistance. Journal of Economic Entomology, v. 70, n. 3, 1976. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/1790/ee09ae783c501385a5cc040b08fa45c82904.pdf. Acesso em: 4 ago. 2019. GEORGHIOU, G.P. The magnitude of the resistance problem. In Pesticide resistance: strategies and tactics for management. Washington: National Academy Press, 1986, p.14-43 GEORGHIOU, G. P. Management of resistance in Arthropods. In: GEORGHIOU, G.P.; SAITO, T. Pest resistance to pesticides: challenges and prospects. New York: Plenum Press, 1983. p. 769-792. GOMES, P. M. S.; SANTOS, A. M. M. Moscas sinantrópicas nocivas, um desafio atual: “Musca domestica” L. (Muscidae) e “Chrysomya Megacephala” (Fabricius) (Calliphoridae). Sustinere, v. 3, n. 2, 2015. 74 GRACZYK, T. K. et al. The role of non-biting flies in the epidemiology of human infectious diseases. Microbes and infection, v. 3, n. 3, p. 231-235, 2001. GREENBERG, B. Flies and Disease, Journal Scientific American, v. 213, n. 1, p. 92-99, 1965. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/24931943?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em: 16 maio 2019. GREENBERG, B. Flies and diseases: ecology, classification and biotic association. Princeton: Princeton University Press, 1971. v. I. 856 p. GREENBERG, B. Flies and disease: biology and disease transmission. v. II. Princeton: Princeton University, 1973. 447 p. GRÜBEL, P. et al. Vector potential of houseflies (Musca domestica) for Helicobacter pylori. Journal of Clinical Microbiology, v. 35, n. 6, p. 1300-1303, 1997. HATCH, E. JR. The housefly as a carrier of disease. The American academy of Political and Social Science, v. 37, p. 168-179, 1911. HEMMATINEZHAD, B.; OMMI, D.; HAFSHEJANI, T. T.; KHAMESIPOUR, F. Molecular detection and antimicrobial resistance of Pseudomonas aeruginosa from houseflies (Musca domestica) in Iran. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v. 30, n. 21, p.18, 2015. HERTZ, J. C. Potential of insecticide-treated cords and sprayable baits for control of house flies (Diptera: Muscidae). 85 f. Dissertação (Mestrado em Ciência) – Escola de Pós-Graduação da Universidade da Florida. Universidade da Florida, 2007. Disponível em: http://etd.fcla.edu/UF/UFE0021396/hertz_j.pdf. Acesso em: 20 ago. 2019. HEUSKIN, S. et al. The use of semiochemical slow-release devices in integrated pest management strategies. Biotechnology, Agronomy, Society and Environment, v. 15, n. 3, p. 459-470, 2011. HEWITT, C. G. The housefly, Musca Domestica Linn. Its structure, habits, development, relation to disease and control. The American Journal of the Medical Sciences, v. 151, n. 2, p. 278, 1916. HEWITT, C. G. The structure, development, and bionomics of the house-fly, Musca domestica, Linn., Part II - The Breeding Habits, Development, and the Anatomy of the Larva, 1908. Disponível em: https://jcs.biologists.org/content/joces/s2-52/208/495.full.pdf. Acesso em: 19 ago. 2019. HOLT, P. S. et al. Isolation of Salmonella enterica Serovar Enteritidis from Houseflies (Musca domestica) Found in Rooms Containing Salmonella Serovar Enteritidis-Challenged Hens. Applied and Environmental Microbiology, v. 73, n. 19,p. 6030-6035, 2007. HOWARD, L. O. The house fly: disease carrier. New York: Frederick Abbott Stokes, 2011. Disponível em: https://archive.org/details/houseflydiseasec00howa/page/n123. Acesso em: 19 ago. 2019. IQBAL, W. Role of housefly (Musca domestica, Diptera: Muscidae) as a disease vector; a review. Journal of Entomology and Zoology Studies, v. 2, v. 2, p. 159-163, 2014. ISSA, R. Musca domestica acts as transport vector hosts. Bulletin of the National Research Centre, 2019. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1186/s42269-019-0111-0. Acesso em: 19 ago. 2019. IWASA, M. et al. Detection of Escherichia coli O157:H7 from Musca domestica (Dipera: Muscidae) at a cattle farm in Japan. Journal of Medical Entomology, v. 36, p. 108-112, 1999. JAKUBASZKO, R. A natureza venceu: Controle biológico é o equilíbrio da natureza no agrosistema. Agro DBO, p. 22-28, 2016. Disponível em: file:///C:/Users/Nice/Downloads/reportagem-capa.pdf. Acesso em: 3 out. 2019. Ambiente e Saúde - 75 JAENISCH, F. R. Procedimentos de biosseguridade na criação de frangos no sistema agroecológico. Instrução técnica para o avicultor – Embrapa: Suinos e Aves, 2000. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/cot258.pdf. Acesso em: 03 out. 2019. JIN, B. L.; JAAL, Z. Temporal changes in the abundance of Musca domestica Linn (Diptera: Muscidae) in poultry farms in Penang, Malaysia. Tropical Biomedicine, v. 26, n. 2, p. 140-148, 2009. KHAMESIPOUR, F. et al. A systematic review of human pathogens carried by the housefly (Musca domestica L.), BMC Public Health, v. 18, n. 1049, 2018. KHALIL, K. et al. Flies and water as reservoirs for bacterial enteropathogens in urban and rural areas in and around Lahore, Pakistan. Epidemiology and Infection, v. 113, n. 3, p. 435-44, p. 1994. KARUNAMOORTHI, K.; SABESAN, S. Insecticide resistance in insect vectors of disease with special reference to mosquitoes: A Potential Threat to Global Public Health. Health Scope, v. 2, p. 4-18, 2013. Disponível em: http://jhealthscope.com/en/articles/20041.html. Acesso em: 9 set. 2019. KWENTI, E. T. Biological Control of Parasites. Reviewed chapter, 2017. Disponível em: https://www.intechopen.com/books/natural-remedies-in-the-fight-against-parasites/biological-control-of- parasites-2017-07. Acesso em: 5 out. 2019. KEIDING, J. The house fly biology and control: training and information guide. Geneva: World Health Organization (WHO), 82 p. 1976. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/58637. Acesso em: 23 ago. 2019. KEIDING, J. The housefly: biology and control. World Health Organization. Division of Vector Biology and Control. Series 63. Geneva, 1986. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/60254/WHO_VBC_86.937_eng.pdf?sequence=1&isAllow ed=y. Acesso em: 18 ago. 2019. KEIDING, J. Review of the global status and recent development of insecticide resistance in field populations of the house fly, Musca domestica (Diptera: Muscidae). Bulletin of entomological research, 89. Suppl. 1, 1999. KWENTI, T. E. Biological control of parasites. 2017. Disponível em: file:///C:/Users/Nice/Downloads/55437.pdf. Acesso em: 8 set. 2019. LARA, F. M. Princípios da entomologia, 1977. 178 p. LARINI, L. Herbicidas. In: LARINI, L. Toxicologia. 3. ed, São Paulo: Editora Manole LTDA, 1997. Cap.7, p. 199-203. LARRAÍN, P. S.; SALAS, C. F. House fly (Musca domestica L.) (Diptera: Muscidae) development in different types of manure. Chilean Journal of Agricultural Research, v. 68, n. 2, p. 192-197, 2008. LAZARUS, W. F.; RUTZ, D. A.; MILLER, R. W. et al. Costs of existing and recommended manure management practices for house fly and stable fly (Diptera: Muscidae) control on dairy farms. Journal of the Entomological, v. 82, n. 4, p. 1145-1151, 1989. LI, S. E.; STUTZENBERGER, F. J. The housefly (Musca domestica) as a possible vector for Helicobacter pylori at agricultural sites, International Journal of Environmental Health Research, v.10, n. 2, p. 141-152, 2000. LIETZE, V. U. et al. Tissue tropism of the Musca domestica salivary gland hypertrophy virus. Virus Research, v. 155, p. 20–27, 2010. LYSYK, T. J.; AXTELL, R. C. Field evaluation of three methods for monitoring populations of house flies (Musca domestica) (Diptera: Muscidae) and other filth flies in three types of poultry housing systems. Journal of the Entomological, v. 79, p. 144-151, 1986. 76 MACIEL, M. V. et al. Extratos vegetais usados no controle de dípteros vetores de zoonoses. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 1, 2010. MACOVEI. L.; ZUREK, L. Potencial of houseflies to contaminate ready-to-eat food with antibiotic-resistant enterococci. Journal of food protection, v. 71, n. 2, 2008. McGAVIN, G. C. Insects, spiders and other terrestrial arthropods. Londres: Dorling Kindersley, 2000. 256 p. McWARD, G. W.; TAYLOR, D. R. Acidified clay litter amendment. Journal of Applied Poultry Research, v. 9, n. 4, p. 518-529, 2000. MICHAUD, J. P.; SLODERBECK, P. E.; NECHOLS, J. R. Biological control of insect pests on field crops in Kansas. Manhattan: Kansas State University, Manhattan, 2008. Disponível em: <https://pdfs.semanticscholar.org/a41d/142a28d11d15e6fb300a04400f29a7482109.pdf>. Acesso em: 8 set. 2019. MALIK, A.; SINGH, N.; SATYA, S. House fly (Musca domestica): a review of control strategies for a challenging pest. Journal of Environmental Science and Health, Part B, v. 42, n. 4, p. 453-469, 2007. MATTHEWS, G. A. Integrated vector management: controlling vectors of malaria and other insect vector borne diseases. Hoboken, Nova Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. 248 p. MENEGUETTI, M. F. S. Avaliação de diferentes atrativos em armadilha para coleta de moscas adultas em granjas avícolas de Bastos-SP. 2013. 30 f. Monografia (Especialista em Entomologia Urbana) – Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2013. MEYER, J. A.; SHULTZ, T. A. Stable fly and house fly breeding sites on dairies. California Agriculture, v. 44, p. 28-29, 1990. MICHAUD, J. P.; SLODERBECK, P. E.; NECHOLS, J. R. Biological control of insect pests on field crops in Kansas. Manhattan: Kansas State University, Manhattan, 2008. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/a41d/142a28d11d15e6fb300a04400f29a7482109.pdf. Acesso em: 8 set. 2019. MICHELBACHER A. E.; BACON, O. G. Walnut insect and spider mite control in Northern California. Journal of Economic Entomology, v. 45, p. 1020-27, 1952. MINKIN, J. S.; SCOTT, H. G. House fly pupation under baseboards. Journal of Economic Entomology, v. 53, p. 479-480, 1960. MIAN, L. S.; MAAG, H.; TACAL, J. V. Isolation of Salmonella from muscoid flies at commercial animal establishments in San Bernardino Country, California. Journal of Vector Ecology, v. 27, n. 1, p. 82-85, 2002. Disponível em: Acesso em: 19 ago. 2019. MOON, R. D.; MEYER, H. J. Non-biting flies. In: WILLIAMS, R. E.; HALL, R. D.; SCHOLL, P. J. (Editors). New York: Livestock entomology, 1985, p. 65-82. MOSSA, A. T. H.; MOHAFRASH, S. M. M.; CHANDRASEKARAN, N. Safety of natural insecticides: toxic effects on experimental animals. BioMed Research International, v. 2018, p. 1-18, 2018. MONTEIRO, M. R. Microhimenópteros (insecta: hymenoptera) parasitóides e insetos predadores de moscas sinantrópicas (insecta: diptera) na Granja Capuavinha, Monte Mor - SP. 1995. 160 f. Dissertação (Mestrado em parasitologia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995. MONZON, R. B. et al. Comparison of the role of Musca domestica (Linnaeus) and Chrysomya megacephala (Fabricius) as mechanical vectors of helminthic parasites in a typical slum area of metropolitan Manila. Southeast Asian Journal of Tropical Medicine and Public Health, v. 22, p. 222-8, 1991. Ambiente e Saúde - 77 ZAFAR, J. Pest status of housefly (Musca domestica L.) According to the opinion of community ofsouthern punjab, pakistan. International Journal of Agriculture and Crop Sciences, v. 7, n. 13, p. 1332-1338, 2014. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/662e/3d6a5af2c69cee8d6f0d88dd3b0a48ecdda1.pdf . Acesso em: 9 out. 2019. NAZARI, M. et al. Bacterial Contamination of Adult House Flies (Musca domestica) and Sensitivity of these Bacteria to Various Antibiotics, Captured from Hamadan City, Iran, Journal of Clinical and Diagnostic Research, v. 11, n. 4, 2017. NAZNI, W. A. et al. Bacteria fauna from the house fly, Musca domestica (L.). Tropical biomedicine, v. 22, n. 2, p. 225-31, 2005. NAZNI, W. A. et al. Determination of the flight range and dispersal of the house fly, Musca domestica (L.) using mark release recapture technique. Tropical biomedicine, v. 22, n. 1, p. 53-61, 2005. NAYDUCH, D.; STUTZENBERGER, F. The housefly (Musca domestica) as a vector for emerging bacterial enteropathogens. Recent Research Developments in Microbiology, v. 5, n. p. 205-209, 2001. NICHLOLS, G, L. Fly transmission of Campylobacter. Emerging Infectious Diseases, v. n. 3, p. 361-364, 2005. NIELSEN, A. A. et al. Persistence of low-pathogenic avian influenza H5N7 and H7N1 subtypes in house flies (Diptera: Muscidae). Journal of Medical Entomology, v. 48, n. 3, p. 608–614, 2011 OMMI, D. M. D. et al. Molecular detection and antimicrobial resistance of Aeromonas from houseflies (Musca domestica) in Iran, La Revista MVZ Córdoba, Supl., p. 4929-4936, 2015. Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/mvz/v20s1/v20s1a08.pdf. Acesso em: 6 out. 2019. OMOTO, C. Modo de ação de inseticidas e resistência de insetos a inseticida. In: GUEDES, J.C.; COSTA, I.D.; CASTIGLIONI, E. Bases e técnicas no manejo de insetos. Santa Maria: UFSM/CCR/ DFS, 2000. p. 31-49. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. HABITAT. ONU: mais de 70% da população mundial viverá em cidades até 2050. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2019/02/1660701. Acesso em: 22 ago. 2019. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Relatório da ONU mostra população mundial cada vez mais urbanizada, mais de metade vive em zonas urbanizadas ao que se podem juntar 2,5 mil milhões em 2050. 2019. Disponível em: https://www.unric.org/pt/actualidade/31537-relatorio-da-onu-mostra-populacao-mundial- cada-vez-mais-urbanizada-mais-de-metade-vive-em-zonas-urbanizadas-ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes- em-2050. Acesso em: 14 set. 2019. ORGANIZACION PAN-AMERICANA DE LA SALUD (OPAS). Moscas de importancia para la salud pública y su control. Washington, 1962. (Publicaciones Cientificas n. 61). Disponível em: http://iris.paho.org/xmlui/bitstream/handle/123456789/1344/42163.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 16 ago. 2019. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAUDE - OPAS. Folha informativa – Malária. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5682:folha-informativa- malaria&Itemid=812. Acesso em: 15 set. 2019. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAUDE (OPAS). Folha informativa – Dengue e dengue grave. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5963:folha- informativa-dengue-e-dengue-grave&Itemid=812. Acesso em: 15 set. 2019. PAIVA, S. P. controle integrado de moscas em avicultura intensiva de postura: controle da criação de moscas no esterco. Instrução técnica para o avicultor – Embrapa: Suinos e Aves, 1998. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/itav007.pdf. Acesso em: 03 out. 2019. PEDIGO, L. P.; RICE, M. E. Entomology and pest management. USA: Macmillan Publishing Company, 2009. 784 p. 78 PERRY, A. S. Factors associated with DDT resistance in the house fly Musca domestica L. Proceedings. 10TH INTERNATIONAL CONGRESS OF ENTOMOLOGY, v. 2, p. 157-172, 1958. PICKENS, L.; MILLER, R.; MOWRY. G. R. An improved bait for flies (Diptera: Muscidae, Calliphoridae). Journal of Medical Entomology, v. 10, p. 84-88, 1973. PHOKU J. Z. et al. Fungi in housefly (Musca domestica L.) as a disease risk indicator-A case study in South Africa. Acta Tropica, 140: 158–165, 2014. POVOLNÝ, D. Synanthropy. In: GREENBERG, B. (ed.), Flies and Disease: Ecology, classification, and biotic associations. Princeton: Princeton Univ. Press, v. 1, p. 17-54, 1971. 856 p. PRA, M. A. D. et al. Uso de cal virgem para o controle de Salmonella spp. e Clostridium spp. em camas de aviário. Ciencia Rural, v. 39, n. 4, p. 1189-1194, 2009. PRADO, A. P. P. Controle das principais espécies de moscas nas áreas urbanas. O Biológico, v. 65, n. 1/2, p. 95- 97, 2003. Disponível em: http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/docs/bio/v65_1_2/prado.pdf. Acesso em: 23 ago. 2019. PRETTY, J.; TOULMIN, C.; WILLIAMS, S. Sustainable intensification in African agriculture. International Journal of Agricultural Sustainability, v. 9, n. 1, 5-24, 2011. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.3763/ijas.2010.0583. Acesso em: 09 out. 2019. PRETTY, J.; BHARUCHA, Z. P. Integrated Pest Management for Sustainable Intensification of Agriculture in Asia and Africa, v. 6, n. 1, p. 152-182, 2015. PUJOL-LUZ, J. R.; ARANTES, L. C.; CONSTANTINO, R. Cem anos da entomologia forense no Brasil (1908- 2008). Revista Brasileira de Entomologia, v, 52, n. 4, p. 485-492, 2008. SHANE, S. M.; MONTROSE, M. S.; HARRINGTON, K. S. Transmission of Campylobacter jejuni by the housefly (Musca domestica), Avian Diseases, v. 29, n. 2, p. 384-91, 1985. SANCHEZ-ARROYO, H.; CAPINERA, J. L. House fly, Musca domestica Linnaeus (Insecta: Diptera: Muscidae). UF/IFAS Extension Service, University of Florida, 2017. Disponível em: http://edis.ifas.ufl.edu/pdffiles/IN/IN20500.pdf. Acesso em: 16 ago. 2019. SANCHEZ-ARROYO, H.; JOHN, L.; CAPINERA, J. L. Musca domestica: Distribution, description and life cycle, damage and medical importance, economic hreshold, management and selected. University of Florida. Disponível em: http://entnemdept.ufl.edu/creatures/urban/flies/house_fly.HTM#ref. Acesso em: 2 ago. 2019. SALMERON, E. Subsídios para o manejo da resistência de Blattella germanica (L., 1767) (Dictyoptera: Blattellidae) a inseticidas. 2002. 118 fl. Tese (Doutorado em Entomologia) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. SANCHEZ-ARROYO, H.; CAPINERA, J. L. House fly, Musca domestica Linnaeus (Insecta: Diptera: Muscidae), IFAS Extension University of Florida, 2014. SANCHEZ-ARROYO, H. House fly, Musca domestica Linnaeus. Entomology and Nematology Department, University of Florida, 2011. Disponível em: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.594.65&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 29 jul. 2019. SANCHEZ-ARROYO, H.; CAPINERA, J. House fly-Muscadomestica L. Entomology & Nematology, 2008. SASAKI, T.; KOBAYASHI, M.; AGUI, N. Epidemiological potential of excretion and regurgitation by Musca domestica (Diptera: muscidae) in the dissemination of Escherichia coli O157: H7 to food. Journal of Medical Entomology, v. 37, p. 945-949, 2000. Ambiente e Saúde - 79 SAVOPOULOU-SOULTANI, M. et al. Abiotic factors and insect abundance. A Journal of Entomology, v. 2012, 2012. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/psyche/2012/167420/. Acesso em: 26 ago. 2019. SEOLIN DIAS, L. et al. Biodiversidade de moscas calliphoridae no lixão urbano de Presidente Prudente, São Paulo, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.76, n. 4, p. 659-663, 2009. SCOTT, J. G. et al. A Case for Sequencing the Genome of Musca domestica (Diptera: Muscidae). Journal of Medical Entomology, v. 46, n. 2, p. 175-182, 2009. SCOTT, H. G.; LITTIG, K. S. Flies of public health importance and their control. U. S. Dept. of Health, Education and Welfare, Communicable Disease Center, 1962. SMALLEGANGE, R. C.; DEN OTTER, J. C. Houseflies, annoying and dangerous. In: Emerging pests and Vector- borne Diseases in Europe. Ecology and control of vector-borne diseases, 2007. . SHEN, J. L.; PLAPP, F. W. Cyromazine resistance in the housefly (Diptera: Muscidae): genetics and cross- resistance to diflubenzuron. Journal of Economic Entomology, v. 83, n. 5, p. 1690-1697, 1990. SHIELL, J. Y. Manure characteristics affecting the management of house fly (Musca domestica L.) populations in duck production facilities. 2015. Thesis. Master (Science Environmental Sciences), University of Guelph. Disponivel em: https://pdfs.semanticscholar.org/a6f1/a7e190adc5639f4dc573ec928809ea5b5ad3.pdf. Acesso em: 29 set. 2019. SKOVGARD, H.; JESPERSEN, J. B. Activity and relative abundance of hymenopterous parasitoids that attack puparia of Musca domestica and Stomoxys calcitrans (Diptera: Muscidae) on confined pig and cattle farms in Denmark. Bulletin of Entomological Research, n. 89, p. 263-269, 1999. SKOVGÅRD, H. Modelling biological control of stable flies by means of parasitoids. Environmental Protection Agency / Emne / Titel på publikation. 2017. Disponível em: https://www2.mst.dk/Udgiv/publications/2017/02/978-87-93529-69-4.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019. SMITH, R. F.; BOSCH, V. D. R. Integrated control. In: KILGORE, W. W.; DOUTT, R. L. (Eds.). Pest control: biological, physical, and selected chemical methods. New York: Academic Press, 1967. p. 295-340. SRÁMOVÁ, H. et al. Epidemiological role of arthropods detectable in health facilities. Journal of Hospital Infection, v. 20, n. 4, p. 281-292, 1992. TAN, S.; YAP, K.; LEE, H. Mechanical transport of rotavirus by the legs and wings of Musca domestica (Diptera: Muscidae), Journal of Medical Entomology, v. 34, n. 5, p. 527-527, 1997. TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Veterinary parasitology. 3. ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2007. 874 p. TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Veterinary Parasitology. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 2015. 1032 p. TIQUIA, S.M.; TAM, N. F. Y.; HODGKISS, I. J. Effects of turning frequency on composting of spent pig-manure sawdust litter. Bioresource Technology, v. 62, n. 1, p. 37-42, 1997. TOMBERLIN, J. K. et al. A review of bacterial interactions with blow flies (Diptera: Calliphoridae) of medical, veterinary, and forensic importance. Annals of the Entomological Society of America, v. 110, n. 1, p. 19-36, 2017. Disponível em: https://entomology.tamu.edu/forensicentomology/wp- content/uploads/sites/2/2017/10/Tomberlin-et-al-2017.pdf. Acesso em: 25 ago. 2019. UGBOGU, O. C.; NWACHUKWU, N. C.; OGBUAGU, U. N. Isolation of Salmonella and Shigella species from house flies (Musca domestica l.) in Uturu, Nigeria. African Journal of Biotechnology, v. 5, n. 11, p. 1090-1091, 2006. WALL, R.; SHEARER, D. Athropods ectopoarasites of veterinary importance. Veterinary Entomology. Londres: Chapman and Hall, 1997. 439 p. 80 WALKER, E. D.; STACHECKI, J. A. Livestock pest management: a training manual for commercial pesticide applicators. Michigan: Michigan State University, 1996. WANG, JIN-NA et al. Resistance of House Fly, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae), to Five Insecticides in Zhejiang Province, China: The Situation in 2017. Canadian Journal of Infectious Diseases and Medical Microbiology, v. 2019. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/cjidmm/2019/4851914/. Acesso em: 5 out. 2019. WANARATANA, S.; PANYIM, S.; PAKPINYO, S. The potential of house flies to act as a vector of avian influenza subtype H5N1 under experimental conditions. Medical and Veterinary Entomology, v. 25, n. 1, p. 58-63, 2011. WATSON, D. W.; KEITH, J. K.; RUTZ, D. A. Integrated management of flies in and around dairy and livestock barns. Entomology, NYS IPM Program 102DMFS450.00, 1994. Disponível em: https://ecommons.cornell.edu/bitstream/handle/1813/42360/barnflies-FS- NYSIPM.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 24 ago. 2019. WELCH, R. M. Relative effectiveness of commercial fly traps and ammonium carbonate/yeast in catching house flies (Diptera: Muscidae). 2006. Thesis (Master of Science). University of Florida. Disponível em: http://etd.fcla.edu/UF/UFE0016282/welch_r.pdf. Acesso em: 09 out. 2019. WEST, L. S. The housefly. New York: Comstock Publishing Company, 1951. 584 p. WEINZIERL, R. et al. Insect attractants and traps. IFAS Publication Extension. Gainesville, Flórida: University of Florida, 2005. Disponível em: http://edis.ifas.ufl.edu/in080. Acesso em: 14 set. 2019. WEINZIERL, R. et al. 2005. Insect attractants and traps. IFAS Publication N. ENY 277. Accessed July 26, 2012. WIKIMEDIA COMMONS. Percentage of world population urban rural. Licensed under Attribution via Wikimedia Commons. 2016. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Percentage_of_World_Population_Urban_Rural.PNG#mediaview er/File:Percentage_of_World_Population_Urban_Rural.PNG. Acesso em: 22 ago. 2019. WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. World Health Expert committee on insecticides: 7 th report. 1957. 88p. (Technical Report Series, 125). Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/40380/WHO_TRS_125.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 10 set. 2019. WORLD HEALTH ORGANIZATION, GENEVA - WHO. Instructions for determining the susceptibility or resistance of house flies, tsetse, stable flies, blow flies, etc. to insecticides. Document WHO/VBC/ 81.813, 1981. WORLD HEALTH ORGANIZATION, GENEVA – WHO (KEIDING, J.). The housefly: biology and control. Document WHO/VBC/86.937, 1986, 63 p. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/60254/WHO_VBC_86.937_eng.pdf?sequence=1&isAllow ed=y. Acesso em: 8 set. 2019. WORLD HEALTH ORGANIZATION, GENEVA – WHO. The housefly. Training and information guide. Document WHO/VBC/90.987, 1991. Disponível em; https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/58637/WHO_VBC_90.987.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 6 set. 2019. ZHU, F. et al. Insecticide resistance and management strategies in urban ecosystems. Insects, v. 7, n. 1, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4808782/. Acesso em: 22 ago. 2019. Ambiente e Saúde - 81 C A P Í T U L O 4 Panorama dos acidentes causados pela serpente cascavel (Crotalus durissus) no Brasil8 Adriana Falco de Brito 9 Rosa Maria Barilli Nogueira 10 INTRODUÇÃO Os acidentes ofídicos representam um grave problema de Saúde Pública e foram reinseridos na lista de doenças tropicais negligenciadas da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2017, quando o órgão publicou uma resolução com várias iniciativas para melhoria da situação nas áreas mais afetadas (CHIPPAUX, 2017; MEDIAVILLA, 2018). Estimativa da OMS aponta cerca de 5 milhões de acidentes ofídicos por ano, que resultam em até 2,7 milhões de envenenamentos. São relatadas anualmente entre 81.000 e 138.000 mortes, além de cerca de 400.000 amputações e outras incapacidades permanentes. Muitos acidentes ofídicos não são notificados, ou porque as vítimas procuram tratamentos não médicos ou porque não têm acesso a cuidados de saúde. Acredita-se, portanto, que esse número seja resultado de subnotificação (OMS, 2018). A soroterapia é o tratamento padrão, com uso de soro antiofídico produzido geralmente em equinos. O processo é caro e sofre com problemas de regionalização das espécies de serpentes, distribuição e manutenção quando o produto não é liofilizado, prazos de validade curtos do produto e dificuldade de acessibilidade quando necessário em áreas isoladas (CHIPPAUX, 2017). 8 Este capítulo é a revisão de literatura da Tese da Doutorado de Adriana Falco de Brito, defendida em 04 de dezembro de 2018 junto ao programa de Doutorado em Fisiopatologia e Saúde Animal, área de Ciências Agrárias: Medicina Veterinária da Universidade do Oeste Paulista-UNOESTE com o título "Comparação clínica e laboratorial dos efeitos do veneno bruto das serpentes Crotalus durissus collilineatus e Crotalus durissus terrificus em ratos Wistar". 9 Doutora em Fisiopatologia e Ciência Animal pela Universidadedo Oeste Paulista (UNOESTE) de Presidente Prudente/SP; Mestre em Vigilância Sanitária pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu/SP; Docente da disciplina de Medicina Veterinária Preventiva do curso de Medicina Veterinária da Unoeste, Presidente Prudente/SP. E-mail: adrianabrito@unoeste.br 10 Doutora em Clínica Médica área de Toxicologia animal pela UNESP de Botucatu/SP; Mestre em Clínica Médica pela UNESP de Botucatu/SP; Docente da disciplina de Toxicologia Animal no curso de graduação em Medicina Veterinária; Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência Animal da Unoeste, Presidente Prudente, Coordenadora do Curso de Graduação em Medicina veterinária da Unoeste. E -mail: rosa@unoeste.br 82 As consequências dos envenenamentos envolvem a família toda. Em muitos casos eles aumentam os níveis de pobreza e pode haver estresse pós-traumático; as famílias gastam suas poupanças ou têm que pedir empréstimo para pagar pelo tratamento. O acesso ao soro antiofídico e ao tratamento é precário em países de baixo desenvolvimento e em zonas rurais. O custo benefício de produção leva à interrupção de produção pelos grandes laboratórios, há dificuldade de distribuição de produtos biológicos por falta de fornecimento de energia elétrica e falhas de treinamento das equipes de saúde (MEDIAVILLA, 2018; SERVA, 2018). O custo médio do tratamento e o cálculo das DALYs (Disability Adjusted Life Years – Esperança de Vida corrigida pela Incapacidade) não são facilmente encontrados, mas apenas o custo do soro antiofídico pode variar de US$ 50 a US$ 640. Na Índia, em 2010, o tratamento custava em média US$ 5150, podendo dobrar por causa de complicações (WHO, 2018). Mediavilla (2018) cita que, na Espanha, cada internação custaria cerca de €2000,00 (R$8566,00). Kasturiratne et al. (2017) estimaram as DALYs em 11,01 a 15,076 anos no Sri Lanka como resultado de acidentes ofídicos. Habib e Brown (2018) discutem em seu artigo que as manifestações psiquiátricas pós- acidente incluem depressão e estresse pós-traumático e podem afetar as vítimas, suas famílias e a comunidade local de maneira crônica, especialmente em comunidades rurais com agricultura de subsistência, onde são comuns. O impacto geral dos acidentes ofídicos na agricultura familiar não costuma ser formalmente calculado e, embora os acidentes ofídicos tenham um impacto alto em DALYs quando comparado a outras doenças negligenciadas, sua parcela no orçamento dos sistemas de saúde costuma ser menor. O custo médio do tratamento dos acidentes ofídicos por DALY é mais baixo que o de outros problemas de saúde e, portanto, o custo benefício do tratamento antiofídico na prevenção de morte e sequelas é alto, devendo ser levado em consideração e ser tratado com prioridade (BROWN; LANDON, 2010; HABIB et al., 2015). Apesar de seu amplo impacto nas famílias e comunidades atingidas, há falta de investimento até por entidades filantrópicas, que priorizam enfermidades transmissíveis ou preveníveis por vacinas (CALVETE et al., 2018). Ambiente e Saúde - 83 No Brasil o soro antiofídico para uso humano é fornecido ao Ministério da Saúde pelos laboratórios produtores oficiais brasileiros: Instituto Butantã (SP), Instituto Vital Brazil (RJ) e Fundação Ezequiel Dias (MG). A solicitação das doses e manutenção dos estoques é responsabilidade dos Estados e Municípios, a partir dos dados epidemiológicos de ocorrência (AQUINO; SOUZA; ABREU, 2017). O soro antiofídico brasileiro é líquido e necessita de refrigeração para transporte a armazenamento. Há soros liofilizados disponíveis na América Latina, mas não há importação destes produtos. Um dos problemas para a importação é a falta de especificidade do produto, já que não seria produzido com o veneno de serpentes locais. O custo por dose do soro líquido é de R$ 150 a R$ 200. Para haver produção nacional de soro liofilizado, o investimento em uma máquina de liofilização giraria em torno de R$ 3,8 milhões e o custo do frasco de soro liofilizado seria cerca de 50% maior (SERVA, 2018). Em estudo realizado no Estado de Roraima, o número médio de ampolas de soro antiofídico utilizado por tratamento variou de 6,5 a 11,5 com falhas no conhecimento clínico e epidemiológico para a real classificação do quadro e, por consequência, administração inadequada de doses. Os mesmos autores citam que a produção do soro utilizado na região é realizada em outros estados com espécies que não representam a fauna regional (RORIZ et al., 2018). A realidade é que hospitais em áreas onde acidentes ofídicos são comuns nem sempre conseguem manter estoque necessário de soro antiofídico, mesmo que os pacientes tenham condições de pagar pelo tratamento. Isso aumenta o tempo decorrido entre o acidente e o início do tratamento, pois as vítimas necessitam de transporte para hospitais mais distantes (HABIB; BROWN, 2018). O tempo máximo considerado adequado descrito na literatura médica é de 6 horas. No estudo de Roriz et al. (2018), 72,7% dos pacientes levaram mais de 6 horas entre a picada e a chegada ao hospital, tempo relacionado à distância entre o domicílio e o hospital de referência para tratamento antiofídico. Devido ao amplo território e grande diversidade de espécies de serpentes peçonhentas, o Brasil apresenta o maior índice de acidentes ofídicos da América Latina, com cerca de 26 a 29 mil casos por ano, seguido pela Venezuela (7000), Colômbia (3000) e Equador (1400 – 1600). Segundo os últimos dados, houve uma redução nos impactos regionais dos acidentes, relacionada às melhorias no atendimento aos pacientes. As regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil possuem a maior proporção de casos de ofidismo em relação ao número de habitantes (RORIZ et al., 2018). 84 Bochner e Struchiner (2003) realizaram uma revisão de relatos de acidentes ofídicos no Brasil e observaram que as variáveis presentes em mais de 50% dos estudos - como sexo, idade, mês de ocorrência, local da picada, gênero da serpente, tempo decorrido entre o acidente e o atendimento e evolução - já haviam sido descritos por Vital Brazil em 1901. Segundo eles, o perfil dos acidentes se mantém inalterado ao longo dos últimos 100 anos no Brasil. Ocorrem com maior frequência no início e no final do ano, em pessoas do sexo masculino, em trabalhadores rurais, na faixa etária produtiva de 15 a 49 anos; atingem sobretudo os membros inferiores. A maioria desses acidentes é atribuída ao gênero Bothrops. Na tabela 01 encontra-se distribuído o número de notificações e óbitos causados por acidentes com diferentes tipos de serpentes no Brasil, no período entre 2007 a 2016 (BRASIL, 2018). Apesar do acidente crotálico não ser o mais comum, é o que possui maior letalidade (8,12%) quando comparado aos outros acidentes ofídicos (Tabela 1). Em grande parte dos acidentes não há identificação da espécie agressora e o diagnóstico do tipo de envenenamento é baseado apenas em critérios clínicos e epidemiológicos. Há problemas de preenchimento dos formulários, em 28400 prontuários a causa da morte está assinalada como ignorada ou em branco. Não há como identificar quais seriam as outras causas de óbito relacionadas aos acidentes ofídicos. Tabela 1: Acidentes por animais peçonhentos - Notificações registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Brasil Notificações por Tipo Serpente e Evolução do caso. Período: 2007-2016 Tipo Serpente Ign/Branco Cura Óbito pelo agravo notificado (Letalidade) Óbito por outra causa Total Bothrops 24656 176864 752 (3,05%) 69 202341 Crotalus 2351 18230 191 (8,12%) 16 20788 Micrurus 276 1832 5 (1,81%) - 2113 Lachesis 1117 7189 60 (5,37%) 3 8369 Total 28400 204115 1008 (3,5%) 88 233611 Fonte: Brasil (2018). Castro (2006) cita que a incidência de casos de acidentes ofídicos no Brasil tinha média de 20 mil casos por ano em 1992, sendo 86,16% deles acidentesbotrópicos e 8,94% crotálicos, número que se manteve inalterado pelo observado no Quadro 1. Em adição, a mortalidade geral seria de 6% à época. A letalidade geral dos acidentes observada entre 2007 e 2016 foi de 3,5%, o que representa uma queda significativa. Duarte e Menezes (2013) citam que o acidente crotálico é responsável por 7,7% dos 20 mil acidentes ofídicos ocorridos no Brasil. Ambiente e Saúde - 85 Não há obrigatoriedade da notificação dos acidentes ofídicos em Medicina Veterinária. Em um estudo retrospectivo dos dados dos prontuários de atendimento no período de 1972 a 1989 junto ao Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP – Campus de Botucatu, foram registrados 149 acidentes ofídicos, sendo 128 causados por Bothrops, 11 por Crotalus e 10 sem identificação. Dentre os acidentes, 103 ocorreram em caninos, 22 em equinos, 17 em bovinos, quatro em caprinos, dois em felinos e um em suíno (BICUDO, 1994). Tokarnia e Peixoto (2006) realizaram um levantamento sobre a importância dos acidentes ofídicos em bovinos no Brasil e concluíram que as opiniões sobre o assunto eram divergentes entre os profissionais da área. Os diagnósticos eram realizados a distância, sem avaliação clínica ou laboratorial e sem realização de necropsia ou histopatologia e que, baseados nos dados e em sua experiência, acidentes ofídicos fatais em bovinos seriam menos frequentes do que se acredita. Santos et al. (2013) citam que no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram atendidos 10 cães envenenados por serpentes no ano de 2012 até maio de 2013, sendo nove acidentes crotálicos e um botrópico. Os diagnósticos caninos foram realizados com base na identificação da serpente, nas manifestações clínicas e achados laboratoriais. Considerando a complexidade dos acidentes ofídicos, seu alto custo e riscos durante o tratamento, o diagnóstico clínico e laboratorial preciso é fundamental para que o profissional de saúde possa atuar de forma eficaz. Conhecer as alterações clínicas e laboratoriais facilita o diagnóstico correto e a avaliação da gravidade do quadro, orientando o tratamento do paciente. O objetivo geral deste estudo foi analisar os efeitos clínicos, laboratoriais, locais de ocorrência e distribuição dos acidentes no Brasil relacionados a peçonha bruta do gênero Crotalus durissus. REVISÃO DE LITERATURA Classificação das serpentes Serpentes estão amplamente distribuídas pelo mundo com maior concentração em regiões tropicais e subtropicais; não há serpentes na Antártida. Já foram descritas cerca de 2.900 espécies de serpentes, de 465 gêneros e 20 famílias (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS, 2018). Seu corpo é alongado e recoberto por escamas, não possuem ouvidos 86 externos nem apêndices locomotores. Sua respiração é pulmonar e a língua é delgada e bífida, relacionada com o sentido do olfato. São poiquilotérmicas e dependem de fonte externa de calor para a manutenção da temperatura corporal (BLANCO; MELO, 2014a). Aproximadamente 250 espécies de serpentes são listadas pela OMS como sendo de importância médica em razão do dano que seu veneno pode causar. As serpentes podem ser encontradas em 160 países do mundo (Figura 1). O ofidismo é um problema de saúde pública particularmente importante em áreas rurais de países tropicais e subtropicais situados na África, Oriente Médio, Ásia, Oceania e América Latina (OMS, 2018). Figura 1: Quantidade relativa de espécies de serpentes com importância médica Fonte: Organização Mundial de Saúde (2018). Longbottom et al. (2018) realizaram um estudo global e seus dados mostram que cerca de 6,85 bilhões de pessoas vivem em áreas habitadas por serpentes peçonhentas, sendo que 146,7 milhões delas em áreas remotas, onde faltam recursos médicos eficazes. Há disponibilidade de soro antiofídico apenas contra 159 (57%) das espécies de serpentes conhecidas. Ambiente e Saúde - 87 O Brasil apresenta uma das mais ricas faunas do Planeta, sendo conhecidas 366 espécies de serpentes, pertencentes a 10 famílias: Anomalepididae (6 espécies), Leptotyphlopidae (14), Typhlopidae (6), Aniliidae (1), Tropidophiidae (1), Boidae (12), Colubridae (34), Dipsadidae (237), Elapidae (27) e Viperidae (28). Dessas, 15% (55 espécies) são consideradas peçonhentas e são responsáveis por até 20 mil acidentes ofídicos anualmente no país (BERNARDE, 2011). As serpentes peçonhentas no país pertencem a duas famílias: Viperidae (acidentes botrópico, crotálico e laquético) e Elapidae (acidente elapídico) (BLANCO; MELO, 2014a). A família Viperidae apresenta cabeça triangular, olhos pequenos com pupilas em fendas e um par de fossetas loreais (Figura 2). Situada entre as narinas e os olhos, a fosseta funciona como órgão sensorial termo receptor, captando também as vibrações do ar, por intermédio da membrana que reveste o septo entre suas duas câmaras (BLANCO; MELO, 2014a). Segundo a FUNASA (2001), a presença da fosseta loreal indica com segurança que a serpente é peçonhenta. É encontrada nos gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis, daí a denominação popular de “serpente de quatro ventas”. Todas as serpentes destes gêneros são providas de dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis, situados na porção anterior do maxilar. Figura 2: Detalhe da cabeça de uma cascavel e da fosseta loreal (seta) Fonte: Blanco e Melo (2014a). A dentição das serpentes é uma característica importante, pois a inoculação do veneno depende de presas apropriadas para esta função. De acordo com a dentição as serpentes podem ser classificadas em quatro grupos: áglifa - não apresenta presas inoculadoras de veneno, os dentes são maciços, sem canal central nem sulco externo – são 88 as serpentes não peçonhentas, como as jiboias e as sucuris; opistóglifa - possui duas ou mais presas com sulco externo na posição posterior do maxilar superior - fazem parte deste grupo as falsas corais; proteróglifa - dotada de um par de presas fixas com um canal central, localizadas na posição anterior do maxilar superior - característica das corais verdadeiras; solenóglifa - possui um par de presas inoculadoras grandes pontiagudas e retráteis, com um canal central, localizadas na porção anterior do maxilar superior (Figura 3); está presente nas jararacas, cascavéis e surucucus (BLANCO; MELO, 2014a). O veneno é produzido pelas glândulas de veneno supralabiais, presentes nos dois lados da cabeça, ao longo dos maxilares. A constituição dos venenos é bastante complexa, contendo toxinas com diversas atividades (BLANCO; MELO, 2014a). As principais frações do veneno crotálico são: crotoxina, crotamina, giroxina e convulxina (BLANCO; MELO, 2014b). Figura 3: Dentição solenóglifa presente nas cascavéis Fonte: FUNASA (2001). A cauda também é importante item para identificação das espécies dessa família (Figura 4). A presença do guizo ou chocalho identifica as serpentes do gênero Crotalus. A quantidade de anéis (Figura 5) está relacionada ao número de trocas de pele e à possível idade da serpente (FUNASA, 2001). Figura 4: Características das caudas das serpentes peçonhentas Fonte: FUNASA (2001). Ambiente e Saúde - 89 Figura 5: Guizos de Crotalus durissus terrificus com quantidade diferente de anéis Fonte: Blanco e Melo (2014b). Gênero Crotalus e a espacialização dos acidentes As serpentes do gênero Crotalus (Figura 6) encontram-se de modo geral em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas, encostas de morro, cerrados e, raramente, na faixa litorânea ou nas florestas úmidas (BLANCO; MELO 2014b). Figura 6: Crotalus durissus, Américado Sul Fonte: Willians (2017). 90 Estão representadas, no Brasil, por uma única espécie, a Crotalus durissus (C. d.) e distribuídas em seis subespécies: C. d. terrificus, C. d. collilineatus, C. d. cascavella, C. d. ruruima, C. d. marajoensis e C. d. trigonicus (SAKATE, 2002; BERNARDE, 2011; BLANCO; MELO 2014b). Popularmente são conhecidas por cascavel, cascavel-quatro-ventas, boicininga, maracamboia, maracá e outras denominações populares. Não costumam atacar e, quando provocadas, denunciam sua presença pelo ruído característico do guizo ou chocalho (FUNASA, 2001). As serpentes do gênero Crotalus têm distribuição irregular no Brasil, o que determina variações na frequência de registros de acidentes humanos. As subespécies C. d. terrificus e C. d. collilineatus são as mais frequentes no Sudeste (AZEVEDO-MARQUES; CUPO; HERING, 2003). Ingenloff e Peterson (2015) utilizaram modelos de nicho ecológico para identificar corredores potenciais de dispersão das serpentes do gênero Crotalus durante o Pleistoceno (2.5 milhões e 11,7 mil anos atrás). Os estudos indicaram duas possíveis rotas de dispersão durante o último ciclo glacial que resultaram nas duas áreas de distribuição atual do gênero em habitats norte e sul da Bacia Amazônica. É consenso que as espécies de C. durissus são derivadas de um ancestral norte americano, podendo ser vistas em áreas secas do México até a Argentina. São ausentes na América Central e na floresta amazônica, mas sua distribuição tem sido alterada pela atividade humana. A fragmentação da floresta amazônica e as enchentes se tornaram variáveis importantes de dispersão desse gênero (DUARTE; MENEZES, 2013). A figura 7 mostra a alteração de distribuição do gênero no Brasil segundo fonte oficial do MS (A) e uma mais recente (B), com indicação de mapeamento das diferentes subespécies. Figura 7: Distribuição da espécie Crotalus durissus no Brasil Fonte: A: Funasa (2001), B: Guidolin et al. (2013). Ambiente e Saúde - 91 A classificação taxonômica das serpentes tem sofrido mudanças, o que pode gerar certa confusão no meio científico. As cascavéis, comumente descritas como pertencentes ao gênero Crotalus, foram alocadas no gênero Caudisona (BERNARDE, 2011). Blanco e Melo (2014b) relatam que esta classificação logo deixou de ser aceita. Composição do veneno crotálico A composição química das peçonhas é uma mistura extremamente complexa de proteínas farmacológica e bioquimicamente ativas e as lesões resultantes de sua inoculação, além de dependerem da natureza dos elementos dessa mistura, dependem também da interação biológica entre cada um deles (DAL PAI; NETO, 1994). O principal componente da peçonha das serpentes do gênero Crotalus é uma neurotoxina fosfolipase A2 denominada crotoxina. Outras toxinas importantes foram identificadas, como a giroxina, que é uma serinoprotease trombina like, um agregador de proteínas denominado convulxina e um polipeptídeo miotóxico conhecido como crotamina (LIMA et al., 2018). Céspedes et al. (2010) compararam na Colômbia a composição proteica e a ação da peçonha bruta (PB) de oito espécimes de C. d. cumanensis. Diferenças nos perfis proteicos, letalidade, propriedades hemolítica, coagulante e desfibrinante foram observadas, confirmando a alta variabilidade do veneno das espécies de Crotalus. Boldrini-França et al. (2010) compararam a composição dos venenos das C. d. cascavella e C. d. collilineattus e concluíram que a PB dessas espécies possui entre 20 a 25 toxinas principais e que as espécies compartilham cerca de 90% da composição da peçonha. A fração crotamina representou 20,8% em média das proteínas totais da PB da C. d. collilineatus, mas estava ausente na PB da C. d.cascavella. A crotoxina neurotóxica foi a fração mais abundante nos dois venenos e frações miotóxicas tiveram concentrações mais baixas na PB da C. d. collilineatus. Baseados nesses achados, os autores discutem a eficácia dos antivenenos produzidos. De Oliveira et al. (2009) realizaram análise comparativa da variação na composição do veneno de 22 espécimes de C. d. collilineatus. Houve diferenças qualitativas e quantitativas significativas. Alguns componentes do veneno foram identificados pela primeira vez em C. d. collilineatus, como a glutationa peroxidase, fator de crescimento nervoso, 5'-nucleotidase, enzima conversora de angiotensina, carboxipeptidase, fosfodiesterase, glutaminil ciclase e fosfolipase B. Em relação à atividade da hialuronidase, 92 dois venenos não apresentaram atividade enzimática detectável nas quantidades testadas. Além disso, o envenenamento crotálico in vivo em camundongos mostrou que venenos de diferentes espécimes resultaram em alterações diferentes de parâmetros bioquímicos e imunológicos, como CK e interleucina 6 (IL6). Este estudo demonstrou variações intraespecíficas significativas no veneno de C. d. collilineatus, que podem ter impacto no diagnóstico dos acidentes e na produção e eficácia da terapia antiveneno. Crotoxina Cerca de 50% da fração do veneno é o complexo molar de proporção 1:1 denominado crotoxina. Esta é formada por uma fração básica, chamada crotoxina B, com atividade fosfolipase A2, e uma fração ácida chamada crotoxina A ou crotapotina, sem atividade enzimática (PUIG et al., 1995). A crotapotina de C. d. terrificus apresenta um padrão de substituição de aminoácidos que produziriam dez tipos de crotapotinas diferentes (DE OLIVEIRA, 2017). Quando um componente da crotoxina é separado do outro, seu efeito tóxico é praticamente anulado, sendo dez vezes menor que a sua forma associada (SAMPAIO et al., 2010). A fração crotoxina produz efeitos tanto no sistema nervoso central (SNC) como no sistema nervoso periférico (SNP). Causa lesões na junção neuromuscular e fibras musculares, provocando bloqueio periférico irreversível da transmissão neuromuscular, podendo levar o paciente a óbito por paralisia respiratória. Tem efeito bifásico na exocitose da acetilcolina, atuando em canais iônicos e desencadeando falhas na liberação de acetilcolina na pré-sinapse. Ação pós-sináptica por dessensibilização do receptor nicotínico não pode ser excluída (CAVALCANTE et al., 2017). As neurotoxinas são classicamente divididas em pré e pós-sinápticas, e estudos revelam que algumas neurotoxinas produzem redução do número de vesículas sinápticas do terminal motor das junções neuromusculares. Estes distúrbios podem estar relacionados ao mecanismo de reciclagem da membrana axolemal, durante os fenômenos de reconstituição das vesículas sinápticas ou à atividade fosfolipásica (DAL PAI; NETO, 1994). Ribeiro et al. (2012) estudaram os efeitos da crotoxina na indução de paralisia em músculo extraocular e concluíram que ela apresentou efeito semelhante ao da toxina botulínica tipo A. Ambiente e Saúde - 93 A maior parte dos venenos ofídicos possui atividade fosfolipásica e, sendo a bainha de mielina constituída de lipídios, pode-se admitir que, dependendo da concentração dessa enzima, lesões de componentes nervosos intramusculares podem ocorrer. Após quatro a seis horas da inoculação da crotoxina são observadas lesões subsarcolêmicas com edema intramitocondrial e, após 24 a 48h, as mitocôndrias apresentam depósitos densos, com elevada concentração de cálcio. Na inoculação de fosfolipase A2, observou-se necrose com qualquer dose; concluindo, portanto, que as lesões provocadas pela crotoxina, embora mais graves, são as mesmas causadas pela fosfolipase A2 (GOPALAKRISHNAKONE et al., 1984; KINI; EVANS, 1989). A crotoxina também é capaz de produzir uma miotoxicidade moderada. Na atualidade, várias isoformas têm sido isoladas (TOYAMA et al., 2000). A atividade miotóxica ocorre por alteração nos canais de sódio da membrana plasmática das células musculares. Há liberação maciça de mioglobina e rabdomiólise com aumento nosníveis de CK, desidrogenase láctica (DHL) e AST (CASTRO, 2006). Silva et al. (2012), em estudo de inoculação em pele de dorso de ratos Wistar, concluíram que não ocorrem manifestações clínicas macroscópicas visíveis da crotoxina, apesar dos efeitos edematogênico, inflamatório e necrosante. Crotamina A crotamina é um polipeptídeo básico muito menos tóxico que a crotoxina. Representa entre 10 a 25% do peso seco da peçonha bruta e nem todas as serpentes do gênero Crotalus expressam essa fração (LIMA et al., 2018). Ela ativa canais de sódio quase exclusivamente na membrana celular e nas fibras do músculo esquelético, induzindo um influxo desse cátion. A crotamina despolariza o músculo esquelético por meio de um mecanismo que envolve a participação de canais de sódio tetrodoxina sensíveis, enquanto a miotoxina promove a liberação do cálcio citoplasmático, através do receptor de riodine. Outro dado importante da crotamina recai sobre a sua potente ação analgésica, muitas vezes comparada à morfina, observada primeiramente em ratos (HUDELSON; HUDELSON, 1995; MANCIN et al., 1998). Há indícios de que a musculatura esquelética seja o seu principal alvo de ação. A principal característica observada em inoculação experimental de crotamina pura em animais de laboratório é a síndrome da paralisia dos membros seguida de morte por paralisia respiratória. Esse efeito é dose dependente e representa uma vantagem evolutiva no ciclo natural uma vez que facilita a captura da presa (LIMA et al., 2018). 94 Giroxina A giroxina, descrita por Barrio em 1961 e isolada por Barrabin et al. 1978, produz sintomas labirínticos e não é considerada letal. É uma enzima trombina símile com ação indutora de coágulos, pertencente ao grupo das serinoprotease, enzimas catalíticas que clivam ligações peptídicas nas quais uma serina é o aminoácido nucleofílico no sítio ativo. Pode, também, ter atividade esterásica, por induzir efeitos motores como espasmos, opistótono, arreflexias, parestesia e alterações do equilíbrio, culminando na síndrome de rolamento em barril, no qual o animal executa giros em seu próprio eixo longitudinal, aparentemente devido a convulsões de origem central, como sugerido por eletroencefalogramas (SILVA et al., 2016). Costa et al. (2018) purificaram e isolaram uma nova isoforma de giroxina a partir de C. d. terrificus com efeito pró inflamatório significativo. Os autores estudaram sua capacidade de causar edema pela via metabólica do ácido araquidônico envolvendo vários tipos de mediadores. Convulxina A convulxina induz a síntese de tromboxano A2. É um potente agregador plaquetário com atividade similar à da trombina causando agregação plaquetária ou aglutinação plaquetária in vitro com transformação do fibrinogênio sérico em fibrina (BARRAVIERA, 1994; FRANCISCHETTI et al., 1997; BLANCO; MELO, 2014b). Outros sinais clínicos atribuídos à convulxina são o aparecimento de convulsões, alterações circulatórias e respiratórias (AMARAL; MAGALHÃES; REZENDE, 1991). Sinais clínicos Roriz et al. (2018) relatam que a identificação da serpente agressora é realizada pelo conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo paciente no momento do atendimento. O sinal mais evidente em humanos é a facies miastenica, resultado da atividade neurotóxica do veneno crotálico. Nas primeiras seis horas há ptose palpebral, oftalmoplegia, visão turva ou diplopia. Queixas menos frequentes são dificuldade de deglutição, de respiração e alterações de olfato e paladar. Há mioglobinúria e dores musculares generalizadas, resultado da ação miotóxica. Pode haver incoagulobilidade sanguínea em cerca de 40% dos pacientes, devido à ação coagulante da fração tipo trombina do veneno (PINHO; PEREIRA, 2001; AZEVEDO-MARQUES; CUPO; HERING, 2003). Ambiente e Saúde - 95 Envenenamento experimental em equinos causou aumento de volume no local de inoculação (escápula) que se estendeu por todo o membro, apatia e cabeça baixa, alterações locomotoras evidenciadas pelo arrastar das pinças no solo, decúbito e dificuldade para levantar, redução dos reflexos auricular, palatal, do lábio superior e de ameaça, e aumento das frequências cardíaca e respiratória (LOPES et al., 2012). O edema no local de inoculação visto em equinos não pôde ser observado em outras espécies de produção e, apesar de relatado em literatura como frequente, não foi observada hemoglobinúria nem lesões renais em bovinos e equinos (TOKARNIA et al., 2014). Inoculação experimental em bubalinos e bovinos de PB de C. d.terrificus produziu quadro nervoso com paralisia flácida e hipotonia muscular generalizada. Nos bubalinos não houve paralisia ocular, observada nos bovinos. Os bubalinos foram mais resistentes aos efeitos do veneno. O edema no local de inoculação foi quase imperceptível e facilmente passaria despercebido durante exame clínico e na necropsia, dificultando o diagnóstico correto (BARBOSA et al., 2011). Lago et al. (2000) inocularam bovinos experimentalmente e os animais apresentaram, cronologicamente, as seguintes alterações a partir da segunda hora: apatia, cabeça baixa, letargia profunda e edema discreto no local da inoculação; em seis horas o edema local desapareceu e mioclonias foram observadas nas grandes massas musculares; em 10 horas, houve diminuição do tônus muscular e de reflexos superficiais, aparecimento de incoordenação motora e decúbito esternal; em 14 horas, observaram-se movimentos de pedalagem e diminuição da sensibilidade profunda; em 16 horas houve paralisia flácida dos membros pélvicos; e, a partir da 20ª hora, surgiram dispneia, sialorreia e morte de todos os animais. A duração do curso clínico foi de 28 ± 9 horas e, muito embora estas alterações clínicas sejam comuns a outras doenças, os autores julgam que a rapidez e a ordem com que aparecem seja um fator determinante no diagnóstico diferencial. Em cães, o edema no local de inoculação é discreto nas primeiras horas, podendo desaparecer após 6h. Geralmente, não se consegue identificar o local da picada, e o animal não apresenta sinais nociceptivos. Após 24h aproximadamente, surge mialgia, decorrente do efeito miotóxico do veneno e mioglobinúria. Os cães atendidos no Hospital Veterinário da UFMG apresentaram oftalmoplegia; midríase bilateral; boca aberta e disfagia (devido paralisia flácida dos músculos mandibulares) acompanhada de sialorreia; paralisia flácida (especialmente dos membros posteriores); ataxia; perda dos reflexos superficiais e profundos; sedação em graus variados; redução da frequência cardíaca; diminuição da pressão arterial; dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória 96 aguda e vômitos (SANTOS et al., 2013). Os mesmos sinais foram observados por Nogueira et al. (2007a). No local da inoculação, houve edema discreto, além de áreas focais e multifocais de coloração esbranquiçada, bem marcadas, devido à degeneração e necrose, resposta do linfonodo poplíteo e discreta atividade mio regenerativa (NOGUEIRA et al., 2007b). O acidente crotálico tem como complicações a insuficiência renal aguda e a insuficiência respiratória aguda. A insuficiência renal aguda é a principal causa de morte dos pacientes picados, geralmente ocorrendo nos casos graves ou tratados tardiamente. A dispneia com insuficiência respiratória é atribuída à paralisia muscular transitória (BLANCO; MELO, 2014b). Sangiorgio et al. (2008) avaliaram aspectos histopatológicos em envenenamentos experimentais de cães com veneno de C. d. terrificus. Houve mionecrose no membro inoculado, degeneração tubular renal, hiperplasia linfoide do baço e hepatite reativa inespecífica, demonstrando a antigenicidade e ação do veneno no sistema imunológico. Alterações Laboratoriais Em seres humanos há lesão de fibras musculares e rabdomiólise com liberação de enzimas e mioglobina. Há aumento de CK, DHL, AST e ALT séricas.A CK-MB pode se encontrar elevada em torno de 6% do total da CK. Biópsias musculares mostram necrose de fibras musculares mesmo em pontos distantes da picada (AZEVEDO-MARQUES; CUPO; HERING, 2003). Em intoxicação experimental em cães com peçonha bruta de C. d. terrificus, Nogueira et al. (2007a) observaram diminuição dos níveis de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito, leucocitose com neutrofilia, diminuição do número de linfócitos e eosinófilos. Houve trombocitopenia, hipocelularidade em medula óssea e redução nos níveis de fibrinogênio seis horas após a inoculação do veneno. Incoagulabilidade sanguínea foi a alteração mais frequente, iniciada uma hora após a inoculação do veneno e retornando à normalidade 18 horas após a terapia com soro antiofídico. Embora incoagulabilidade e trombocitopenia tenham sido observadas, não houve sangramento importante. A urinálise dos cães mostrou alteração de cor, proteinúria, sangue oculto e mioglobinúria seis horas após a administração do veneno, confirmando a atividade miotóxica (rabdomiólise) relacionada aos componentes crotoxina e crotamina. Os níveis de ureia e creatinina se mantiveram dentro da normalidade. Acidose respiratória na gasometria e dispneia foram observadas seis horas após a inoculação do veneno em todos os grupos experimentais (NOGUEIRA et al., 2007b). Ambiente e Saúde - 97 Nos exames complementares, o perfil sanguíneo de animais intoxicados mostra aumento dos tempos de Coagulação (TC), Protrombina (PT) e Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa), diminuição significativa de fibrinogênio, leucocitose com neutrofilia e aumentos das enzimas CK, DHL e AST. Na urinálise, são frequentes mioglobinúria, proteinúria e cilindrúria em graus variados (SANTOS et al., 2013). REFERÊNCIAS AMARAL, C.F.S.; MAGALHÃES, R.A.; REZENDE, N.A. Comprometimento respiratório secundário a acidente ofídico crotálico. Revista Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 33, p. 251-255, aug.1991. DOI: 10.1590/S0036-46651991000400002. AQUINO, L.M.; SOUZA, L. R. O.; ABREU, R. G. Distribuição de soros antivenenos no Brasil. In: Seminário sobre vigilância de acidentes por animais peçonhentos. Livro de resumos do Seminário sobre vigilância de acidentes por animais peçonhentos. Niterói: Instituto Vital Brazil ,2017. Disponível em: http://www.vitalbrazil.rj.gov.br/arquivos/seminarioanimaispeconhentosms.pdf. Acesso em: 22 set. 2018. AZEVEDO-MARQUES, M. M.; CUPO, P.; HERING, S.E. Acidentes por animais peçonhentos: Serpentes peçonhentas. Medicina, Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, v. 36, p. 480-89, apr./dec. 2003. DOI: 10.11606/issn.2176-7262.v36i2/4p480-489. BARBOSA, J. D. et al. Quadro clínico-patológico do envenenamento crotálico experimental em bubalinos comparado com o de bovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.31, n.11, p.967-73, nov. 2011. DOI: 10.1590/S0100-736X2011001100005. BARRAVIERA, B. Acidentes por serpentes dos gêneros “Crotalus” e “Micrurus” In: BARRAVIERA, B. (Coord.). Venenos Animais: uma visão integrada. Rio de Janeiro: Publicações Científicas, 1994. p.281-295. BERNARDE, P. S. Mudanças na classificação de serpentes peçonhentas brasileiras e suas implicações na literatura. Gazeta Médica da Bahia, v. 85, n. 8, p. 55–63, 2011. Disponível em: http://www.gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/viewFile/1141/1076. Acesso em: 22 jun. 2018. BICUDO, P. L. Acidentes ofídicos em Medicina Veterinária. In: BARRAVIERA, B. Venenos animais: uma visão integrada. Rio de Janeiro: Publicações Científicas, 1994. p.375-387. BLANCO, B. S., MELO, M. M. Ofidismo. In: Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia. Belo Horizonte: FEPMVZ Editora, 2014a. p. 9-14. (Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG; n.75) BLANCO, B. S., MELO, M. M. Acidente crotálico. In: Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia. Belo Horizonte: FEPMVZ, 2014b. p. 27-35. (Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG; n.75) BOCHNER, R.; STRUCHINER, C. J. Epidemiologia dos acidentes ofídicos nos últimos 100 anos no Brasil: uma revisão. Cadernos De Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n.1, p. 7-16, 2003. DOI: 10.1590/S0102- 311X2003000100002. BOLDRINI-FRANÇA, J. et al. Poison and anti-venom of snakes of the Crotalus durissus subspecies of Brazil: evaluation of the geographic variation and its implication in the management of the snake bite. Journal of Proteomics, v. 73, n.9, p.1758-76, Aug. 2010. DOI: 10.1016 / j.jprot.2010.06.001 BRASIL. Informações da Saúde TABNET. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203&id=29878153. Acesso em: 26 abr. 2018. 98 BROWN, N.; LANDON, J. Antivenom: The most cost-effective treatment in the world? Toxicon, v. 55, n. 5, p. 1405-07, jun. 2010. DOI: 10.1016/j.toxicon.2010.02.012. CALVETE, J. J. et al. Toxin-resolved antivenomics-guided assessment of the immunorecognition landscape of antivenoms. Toxicon, v. 148, p. 107-122, 2018. DOI: 10.1016/j.toxicon.2018.04.015. CASTRO, I. Estudo da toxicidade das peçonhas crotálicas e botrópicas, no acidente ofídico, com ênfase a toxicidade renal. O Mundo da Saúde São Paulo, São Paulo, v. 30, n. 4, p. 644-53, 2006. CAVALCANTE, W. L. G. et al. Neuromuscular paralysis by the basic phospholipase A2 subunit of crotoxin from Crotalus durissus terrificus snake venom requires its acidic chaperone to concomitantly inhibit the release of acetylcholine and produce muscle blockade. Toxicology and Applied Pharmacology, v.334, n.1, p.8-17. nov. 2017. DOI: 10.1016/j.taap.2017.08.021. CÉSPEDES, N. et al. Biochemical comparison of venoms from 98oung Colombian Crotalus durissus cumanensis and their parentes. Journal of Venomous Animals and toxins including Tropical Diseases, Botucatu, v.16, n.2, p.268-84, may. 2010. DOI: 10.1590/S1678-91992010000200009 CHIPPAUX, J. P. Snakebite envenomation turns again into a neglectted tropical disease! Journal of Venomous Animals and toxins including Tropical Diseases, Botucatu, v.23, n.38, aug. 2017. DOI: 10.1186/s40409-017-0127-6 COSTA, C. R. C. et al. Edema induced by a Crotalus durissus terrificus venon serine protease (Cdtsp 2) involves the PAR pathway end PKC and PLC activation. International Journal of Molecular Sciences, v. 19, n. 8. aug. 2018. DOI:10.3390/ijms19082405. DAL PAI, V.; NETO, H. S. Ação dos venenos sobre os tecidos animais. In: BARRAVIERA, B. Venenos animais. Uma visão integrada. São Paulo: Publicações Científicas, 1994. p.97-105. DE OLIVEIRA, D. G. L. et al. Functional and structural analysis of two fibrinogen activating enzymes isolated from Crotalus durissus terrificus and Crotalus durissus collilineatus venoms. Acta Biochimica and Biophysica Sinica, Xangai, v.41, n.1, p.21-9, jan. 2009. DOI 10.1093/abbs/gmn003. DE OLIVEIRA, L. A. et al. Crotalus durissus terrificus crotapotin naturally displays preferred positions for amino acid substitutions. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, Botucatu, v.23, n.46, 2017. DOI: 10.1186/s40409-017-0136-5. DUARTE, M. R.; MENEZES, F. A. Is the population of Crotalus durissus (Serpentes, Viperidae) expanding in Brazil? Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, Botucatu, v.19, n.30, dec. 2013. DOI: 10.1186/1678-9199-19-30. FRANCISCHETTI, I. M. B. et al. Convulxin, a potent platelet-aggregating protein from Crotalus durissus terrificus venom, specifically binds to platelets. Toxicon, v.35, n.8, p.1217-1228, aug.1997. FUNASA. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2. ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001. 120p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/manu_peconhentos.pdf. Acesso em: 16 jul. 2018. GOPALAKRISHNAKONE, P. et al. Cellular and mitochondrial changes induced in the structure of murine skeletal muscle by crotoxin, a neurotoxic phospholipase A2 complex. Toxicon, v. 22, n.1, p.85-98, 1984. GUIDOLIN, F.R et al. Characterizationof anti-crotalic antibodies. Toxicon, v. 66, p. 7-17, may 2013. DOI:10.1016/j.toxicon.2013.01.015. HABIB, A.; BROWN, N. I. The snakebite problem and antivenom crisis from a health-economic perspective. Toxicon, v. 150, p. 115-23, Epub, may 2018. DOI: 10.1016/j.toxicon.2018.05.009. Ambiente e Saúde - 99 HABIB, A. G. et al. Cost-effectiveness of Antivenoms for Snakebite Envenoming in Nigeria. PLOS Neglected Tropical Diseases, Valencia, v. 9, n. 1, e3381, jan. 2015. DOI:10.1371/journal.pntd.0003381. HUDELSON, S.; HUDELSON, P. Pathophysiology of snake envenomization and evaluation of treatments-Part II. Compendium on Continuous Education Practice Veterinary, v.17, p.1035- 1040, 1995. INGENLOFF, K.; PETERSON, A. T. Trans-Amazon dispersal potential for Crotalus durissus during Pleistocene climate events. Biota Neotropica, Campinas, v.15, n.2, e20130081, 2015. DOI: 10.1590/1676- 06032015008113. KASTURIRATNE, A. et al. The socio-economic burden of snakebite in Sri Lanka. PLOS Neglected Tropical Diseases, Valencia, v.11, n.7, eCollection, jul. 2017. DOI: 10.1371/journal.pntd.0005647. KINI, R. M., EVANS, H. J. A model to explain the pharmacological effects of snake venom phospholipases A2. Toxicon, Oxford, v.27, p.613-635, 1989. LAGO, L. A. et al. Quadro clínico do envenenamento crotálico experimental em bovinos (Crotalus durissus terrificus - crotamina positivo). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v.37, n.4, p. 312-15, 2000. DOI: 10.1590/S1413-95962000000400010. LIMA, S. C. et al. Pharmacological characterization of the effects of crotamine on hind limb paralysis of mice using ex vivo and in vivo assays: Findings on the involvement of voltage-dependent ion channels in the action of crotamine on the skeletal muscles. PLOS Neglected Tropical Diseases, Valencia, v.12, n.8, eCollection, aug. 2018. DOI 10.1371 / journal.pntd.0006700. LONGBOTTOM, J. et al. Vulnerability to snakebite envenoming: a global mapping of hotspots. The Lancet, v. 392, n. 10148, aug. 2018. DOI: 10.1016/S0140-6736(18)31224-8. LOPES, C. T. A. et al. Aspectos clínico-patológicos e laboratoriais do envenenamento crotálico experimental em equinos. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.32, n.9, p. 843-49, set. 2012. DOI 10.1590/S0100-736X2012000900005. MANCIN, A. C et al. The analgesic activity of crotamine a neurotoxin from Crotalus durissus terrificus (South American rattlesnake) venom: a biochemical and pharmacological study. Toxicon, v.36, n.12, p.1927-1937, 1998. MEDIAVILLA, D. O mundo se une contra as picadas de cobra, outra grande doença mortal. El País Brasil, 29 mai 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/05/24/politica/1527179251_016445.html. Acesso em: 01 out. 2018. NOGUEIRA, R. M. B. et al. Experimental envenomation with Crotalus durissus terrificus venom in dogs treated with antiophidic serum – part I: Clinical evaluation, hematology and myelogram. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, Botucatu, v.13, n.4, p. 800-10, nov. 2007a. DOI: 0.1590/S1678-91992007000400010. NOGUEIRA, R .M. B. et al. Experimental envenomation with Crotalus durissus terrificus venom in dogs treated with antiophidic serum – part II: Laboratory aspects, electrocardiogram and histopathology. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, Botucatu, v.13, n.4, p. 811-20, nov. 2007b. DOI: 10.1590/S1678-91992007000400011. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Snakebite envenoming. Disponível em: http://www.who.int/snakebites/disease/en/. Acesso em: 25 jul. 2018. PINHO, F. M. O.; PEREIRA, I. D. Ofidismo. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo v.47, n.1, p. 2- 13, mar. 2001. DOI: 10.1590/S0104-42302001000100026. PUIG, J. et al. Acute intrinsic renal failure and blood coagulation disorders after a snakebite in a dog. Journal of Small Animal Practice, v.36, p. 333-336, jul. 1995. 100 RIBEIRO, G. B. et al. Study of crotoxin on the induction of paralysis in extraocular muscle in animal model. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, São Paulo, v.75, n.5, p.307-312, oct. 2012. DOI: 10.1590/S0004- 27492012000500002. RORIZ, K. R. P. S. et al. Epidemiological study of snakebite cases in Brazilian Western Amazonia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 51, n. 3, p. 338-46, may-jun. 2018. DOI: 10.1590/0037-8682-0489-2017. SAKATE, M. Terapêutica das intoxicações. In: ANDRADE, S.F. Manual de terapêutica veterinária. São Paulo: Roca, 2002.p.523-555. SAMPAIO, S. C. et al. Crotoxin: Novel activities for a classic β-neurotoxin. Toxicon, v.55, n.6, p.1045-60, jun. 2010. DOI: 10.1016/j.toxicon.2010.01.011. SANGIORGIO, F. et al. Histopathological evaluation in experimental envenomation of dogs with Crotalus durissus terrificus venom. Journal of Venomous Animals and toxins including Tropical Diseases, Botucatu, v.14, n.1, p. 82-99, 2008. DOI: 10.1590/S1678-91992008000100007. SANTOS, W. G. et al. Envenenamento crotálico em cães. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.13, supl., p. 5-6, 2013. SERVA, L. No Brasil, áreas com mais picadas de cobra têm acesso difícil a soro. Folha de São Paulo. São Paulo. 02 jul. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/07/no-brasil-areas-com- mais-picadas-de-cobra-tem-acesso-dificil-a-soro.shtml . Acesso em: 01 out. 2018. SILVA, T. F. et al. Avaliação histológica dos efeitos da crotoxina de – Crotalus durissus terrificus na pele do dorso de ratos Wistar. Scientia Plena, Sergipe, v.8, n.2, 2012. SILVA, V. A. R. et al. Determinação da estrutura da giroxina isolada do veneno de Crotalus durissus terrificus por modelagem molecular. Journal of the Health Sciences Institute, São Paulo, v. 34, n.3, p. 168-72, jul./set. 2016. TOKARNIA, C. H et al. Quadros clínico-patológicos do envenenamento ofídico por Crotalus durissus terrificus e Bothrops spp. em animais de produção. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.34, n.4, p.301- 12, abr. 2014. DOI 10.1590/S0100-736X2014000400001. TOKARNIA, C. H.; PEIXOTO, P.V. A importância dos acidentes ofídicos como causa de mortes em bovinos no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.26, n.2, p. 55-68, abr./jun. 2006. DOI 10.1590/S0100-736X2006000200001. TOYAMA, M. H. et al. Biochemical characterization of two crotamine isoforms isolated by a single step RP- HPLC from Crotalus durissus terrificus (South American rattlesnake) venom and their action on insulin secretion by pancreatic islets. Biochimica and Biophysica Acta, v.6, n.1474, p.56-60, mar. 2000. DOI: 10.1016/S0304-4165(99)00211-1. WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. Global snakebite burden. Seventy-First World Health Assembly. Disponível em: <http://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA71/A71_17-en.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018. WILLIANS, D. J. Crotalus durissus, South America. Disponível em: <http://www.who.int/snakebites/resources/photo_gallery_snakes/en/#&gid=1&pid=12>. Last update: 29 August 2017. Acesso em: 29/08/2018. Ambiente e Saúde - 101 PARTE II APLICAR 102 Ambiente e Saúde - 103 C A P Í T U L O 5 La percepción social del agua como indicador de salud ambiental en una Cuenca Hidrográfica: Cuenca del Río Dagua, Colombia11 Oscar Buitrago Bermúdez12 Marco Antonio Aguirre13 Francy Viviana Bolaños Trochez14 INTRODUCCIÓN Para la Organización Mundial para la Salud (OMS), la salud ambiental se relaciona con todos los factores físicos, químicos y biológicos externos de una persona, incluyendo el agua para consumo humano (OMS, 2018), que garantizan una sensación de bienestar o felicidad. Dicha noción se asocia a la prevención de enfermedades y creación de escenarios propiciospara la vida, lo cual demanda trabajo conjunto entre organismos estatales y comunidades para cumplir con dicho objetivo. En ese contexto, el ambiente representa el campo de interacciones o relaciones entre sociedad naturaleza o entre la cultura y el ecosistema, es decir, una totalidad compleja, diversa, en permanente trasformación y autoorganización, totalidad red de la cual nosotros (los seres humanos) somos tejido y tejedor (NOGUERA, 2006; ÁNGEL, 2015). En ese marco de referencia, la salud humana es un aspecto clave en el ambiente como “un estado de completo bienestar físico, mental y social y no meramente la ausencia de enfermedad o incapacidad” (YASSI et al., 2002, p.11), debido a que existen factores como la geografía, el clima, los entornos laborales, el ingreso económico, la alimentación, acceso a educación y vivienda, valores éticos, junto con el desarrollo pleno de las capacidades y potencialidades de cada individuo, en sus aspectos físicos, fisiológicos, psicológicos, sociales entre otros, que en conjunto dan la condición de bienestar (o felicidad) y al final, constituyen lo que se conoce como salud 11 El presente capítulo hace parte de los resultados del proyecto de investigación denominado Estrategias para la recuperación y manejo integrado del recurso hídrico de las cuencas de los ríos Cauca y Dagua en el Valle del Cauca, liderado por la Universidad del Valle y distintos grupos de investigación, el cual fue financiado a través del Fondo de Ciencia y Tecnología del Sistema General de Regalías de Colombia. 12 Profesor Titular, Departamento de Geografía, Universidad del Valle; Coordinador Maestría en Desarrollo Sustentable, Escuela de Ingeniería Civil y Geomática, Universidad del Valle, Colombia. Director Grupo Territorios. Correo: oscar.buitrago@correounivalle.edu.co 13 Geógrafo, Asistente de Investigación del Grupo Territorios, Departamento de Geografía, Universidad del Valle, Colombia. Correo: geografía.777@gmail.com 14 Geógrafa, Asistente de Investigación del Grupo Territorios, Departamento de Geografía, Universidad del Valle, Colombia. Correo: llinfko2@gmail.com 104 (INSTITUTO NACIONAL DE HIGIENE, EPIDEMIOLOGÍA Y MICROBIOLOGÍA, 2007; RENGIFO, 2008;). La definición de salud y enfermedad no es sólo una cuestión meramente científica y clínica, sino también social, política, ecológica y cultural. Desde el punto de vista conceptual del Programa de las Naciones Unidas (PNUMA), el medio ambiente se asocia a una serie de valores naturales, sociales, políticos, económicos y culturales localizados sobre la superficie terrestre, que influyen en los ecosistemas y en la vida material y psicológica de las personas, y en el futuro de generaciones venideras (RENGIFO, 2008; ORDOÑEZ, 2000); además, considera como ambiente todos los elementos externos que influyen en un individuo o comunidad tales como: El abastecimiento y calidad de agua potable, alcantarillado, saneamiento, vivienda y alimentos; incluyendo la eliminación sanitaria de excretas y desechos sólidos, esenciales para el disfrute de una vida sana y productiva. Adecuada educación ambiental, aspectos demográficos, aseo urbano, vigilancia y control de la calidad y el servicio de agua para consumo humano; vigilancia de la calidad del aire y fuentes de agua. Cambio de actitudes y hábitos inadecuados para la conservación ecológica y políticas económicas, producción de alimentos. Lo anterior, tiene gran repercusión sobre la salud y la vida en el planeta. Los elementos con mayores grados de afectación en la salud humana según Instituto Nacional de Higiene, Epidemiología y Microbiología (2007) se relacionan con el agua y clasifican en biológicos (bacterias, virus, protozoarios, toxinas, hongos, alergenos), químicos orgánicos e inorgánicos (metales pesados, plaguicidas, fertilizantes, bifenilos policlorados, dioxinas y furanos), físicos no mecánicos (ruido, vibraciones, radiaciones ionizantes y no ionizantes, calor, iluminación, microclima) o mecánicos (lesiones intencionales, no intencionales y autoinflingidas). Desde esta perspectiva, en el proceso de lograr condiciones ambientales optimas, el agua se convierte en un elemento central; articulador y promotor de la vida en todas sus formas, por lo que su adecuada gestión y manejo, conlleva, por ejemplo, al mejoramiento de la calidad de vida y reducción de tasas de mortalidad asociadas a problemas de salud ambiental, generadas por incipientes formas de acceso al agua y saneamiento básico (WORLD HEALTH ORGANIZATION AND UNICEF, 2010). Esto es relevante en la medida que el agua sea concebida como el eje central de la vida en la tierra (SILVÉRIO, 2012, p. 381) y como elemento imprescindible en el “desarrollo económico” de la humanidad. Tal es el caso de la localización y elaboración de prácticas cotidianas en relación al vital líquido. Ambiente e Saúde - 105 En la actualidad, no deja de ser significativo el hecho de que el denominado “desarrollo” de las naciones, la sociedad y, en particular, el crecimiento de las ciudades y avances en la agricultura, dependan no solamente de su acceso al agua, sino también de su disponibilidad y calidad. En ese contexto, la “ordenación de este elemento de vida resulta de vital importancia en la medida en que su presencia o ausencia, tanto espacial como temporal, garantizará la sostenibilidad de los actuales niveles de calidad de vida y, por ende, la salud ambiental de muchos grupos sociales o aún, su permanencia a mediano o largo plazo” (BUITRAGO et al., 2011, p. 18). Desde otro punto de vista, el agua es concebida como un recurso económico cuya función es eminentemente ecológica. Sus límites son impuestos “por áreas o el paisaje natural y por las transformaciones ejercidas mediante actividades humanas” (ORTIZ, 2005; MATEO; SILVA; LEAL, 2012, p. 31). Sin embargo, bajo esta última noción reduccionista y utilitarista se pasa a un segundo plano la idea de hacer uso eficiente del agua y garantizar su disponibilidad y calidad en el tiempo, lo cual conlleva a numerosos casos de problemas en la salud ambiental de la vida en el planeta. De esta forma, una gestión eficaz y eficiente del vital líquido puede contribuir a la reducción y mitigación de problemas de salud ambiental vinculados con la calidad del agua (MC JUNKIN, 1988), que paralelo a procesos de planificación y ordenamiento ambiental del territorio, garantiza la construcción social de un ambiente sano para las distintas formas de vida. Con base en lo anterior, Torres et al. (2009) manifiestan que, en Colombia, el deterioro y contaminación de fuentes hídricas se encuentra asociado, principalmente, al vertimiento de aguas residuales domésticas, industriales, de actividades agropecuarias, de transporte terrestre, fluvial y marítimo; aguas residuales por extracción minera y por lixiviados derivados de la filtración de agua en rellenos sanitarios o directamente en éstas. Esto refleja espacialmente altas concentraciones de materia orgánica biodegradable (DBO) en el agua (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA – FAO, 2018). Según informes de la FAO para Colombia, en las cuencas hidrográficas, uno de los mayores causantes de altas concentraciones de Sólidos Totales Disueltos en el agua (SST) proviene de actividades económicas como la agricultura en ladera que implica procesos de arado, labranza y remoción de coberturas vegetales (FAO, 2018). Así mismo, se destaca altas concentraciones de sustancias nocivas para la salud ambiental ligadas al uso desmedido de agroquímicos en la agricultura y productos como el mercurio procedente de actividades de extracción auríferas (minería del oro). 106 A pesar de que en promedio el 78% de la población colombiana tiene acceso a agua potable, en algunos departamentos y cuencas hidrográficas se evidencian problemasde salud ambiental, relacionados con la calidad del vital líquido para consumo humano debido a la deficiencia presente en las formas de planificación de éste elemento. Entre las más comunes se destacan el cólera que inició en la Costa Pacífica en 1991, la fiebre tifoidea y la hepatitis (FAO, 2018). Aunado a lo anterior, se destaca que los mayores impactos sobre la salud ambiental y la vida se dan a través de los sistemas de abastecimiento de agua (TORRES et al., 2009) ya que la alteración de las características organolépticas, físicas, químicas y microbiológicas de las fuentes de abastecimiento inciden directamente sobre el nivel de riesgo sanitario presente en el vital líquido. Ello ha conllevado a dispendiosos procesos de vigilancia de fuentes hídricas para evaluar los impactos antrópicos sobre el agua a través de estudios químicos, físicos y biológicos mediante programas de monitoreo (SAMBONI et al., 2007). Sin embargo, este tipo de procesos de evaluación y seguimiento no se pueden llevar a cabalidad en contextos como el colombiano, ya que requieren de métodos, insumos y equipos sofisticados, que en muchas ocasiones son de difícil acceso, manipulación y comprensión a la hora de valorar la calidad el agua por los diferentes agentes sociales involucrados en su gestión (FERNÁNDEZ; SOLANO, 2005). Como alternativa a estas situaciones, surgen metodologías desde las ciencias sociales que permiten la construcción de escenarios de participación en la continua búsqueda por mejorar la salud ambiental de las personas y brindar insumos para garantizar la calidad ambiental, tal es el caso de las formas de evaluación y monitoreo del agua y su calidad a través de métodos cualitativos como la percepción y la cartografía social (UNIVERSIDAD DEL VALLE, 2016a; 2016b). Entre las formas de organización y participación se resalta el rol de la percepción de los distintos agentes sociales entendida como la primera forma en la cual los individuos establecen relaciones con el medio que los rodea, lo cual la convierte en una vía importante en la gestión y seguimiento en la calidad del vital líquido (AGUIRRE et al., 2017) y en la búsqueda de alternativas metodológicas para avanzar en temas de salud ambiental, ya que, por un lado, ayuda a destacar las prioridades en la gestión; segundo, los grados de responsabilidad social; tercero, el conocimiento y eficiencia de los instrumentos de gestión y participación; y por último, las dificultades existentes en la gestión, las cuales pueden agudizar en el mediano y largo plazo problemas de carácter socioambientales asociados a la salud ambiental, como por ejemplo, deterioro de la calidad fisicoquímica y biológica del vital líquido, problemas sanitarios, epidemiológicos, entre otros (INSTITUTO NACIONAL DE HIGIENE, EPIDEMIOLOGÍA Y MICROBIOLOGÍA, 2007). Ambiente e Saúde - 107 La percepción como un proceso complejo de los órganos sensoriales humanos permite la selección de información, el reconocimiento e interpretación de mensajes recibidos desde el exterior, de forma que es distinta para cada individuo y depende de rasgos culturales y propios de la personalidad de cada individuo dentro una determinada sociedad (BOLÓS, 1992; TANGARIFE; VILLAQUIRA, 2016; LÓPEZ y GONZÁLEZ, 2016). Dichos factores definen la imagen que un individuo o comunidad adquieren de su territorio posibilitando elementos para comprender, desde las ciencias sociales, cómo las comunidades perciben el agua, su calidad o grados de contaminación. Lo anterior, cobra vital importancia en la medida que los agentes sociales, mediante sus percepciones materializadas a través de instrumentos y otras herramientas, modifican y transforman la realidad espacial, así como las condiciones ambientales del paisaje, el agua y las cuencas hidrográficas. En correspondencia a la propuesta de estas nuevas metodologías para valorar, desde la percepción social, la calidad del agua como un indicador de salud ambiental, se destaca el caso de estudio de la cuenca hidrográfica del río Dagua, la cual se localiza al suroccidente de Colombia, sobre la vertiente pacífico de la Cordillera Occidental, y que, a su vez, hace parte del corredor terrestre y marítimo del Choco Biogeográfico que se extiende desde Panamá, hasta el Ecuador. Dicha área es de interés para la región y el país debido a su ubicación estratégica con respecto al principal puerto marítimo de Colombia sobre el océano Pacífico, así como por su riqueza hídrica, ecosistémica, paisajística y cultural, que brinda un atractivo económico expresado en el comercio nacional e internacional y el turismo (AGUIRRE et al., 2017; UNIVERSIDAD DEL VALLE, 2016a; 2016b). En este sentido, para lo anterior, se emplearon métodos cualitativos como son los talleres de cartografía social, revisión de literatura, entrevistas semiestructuradas y análisis de contenido (BABBIE, 1998; FLICK, 2004; LÉTOURNEAU, 2009; MARTÍNEZ, 2006), realizados con agentes sociales claves en la gestión del agua en la cuenca hidrográfica del río Dagua, seleccionados mediante muestreo teórico (MARTÍNEZ, 2012). Los talleres de cartografía social contaron con un mapa base de la cuenca que indicaba la red hídrica y otros aspectos topográficos asociados a curvas de nivel y centros poblados. Las personas identificaban desde su experiencia, las acciones humanas con mayores grados de afectación sobre la calidad del agua e identificaran en el mapa cuerpos de agua con 108 buenas y malas condiciones ambientales. Con las entrevistas semiestructuradas se identificó aspectos claves para comprender cada uno de los elementos presentes en la cartografía social. Para ello se tuvo presente categorías de análisis asociadas a: formas de gestión y uso del agua, actividades productivas que afectan el agua y el rol de los agentes sociales en la calidad ambiental del agua en la cuenca hidrográfica. Finalmente, esto permitió identificar que la percepción social comprende un aporte fundamental a los procesos de gestión asociados a la salud ambiental, debido a que rescata las distintas experiencias y vivencias de los agentes sociales y las traduce en indicadores que permiten, en este caso, la valoración de la calidad del agua a través de métodos cualitativos, destacando la participación y el saber consuetudinario de las comunidades que habitan la cuenca. LA CUENCA HIDROGRÁFICA DEL RÍO DAGUA La cuenca del río Dagua hace parte de la porción central del denominado Andén Pacífico colombiano, el cual comprende fisiográficamente el sector occidental del país, desde el Ecuador hasta Panamá y desde el borde costero hasta la divisoria de aguas de la cordillera Occidental; área que al ser afectada por la Zona de Convergencia Intertropical (ZCI) presenta alta pluviosidad, lo cual sumado a su baja altitud y a su localización sobre la zona de subducción de la placa de Nazca por debajo de la de Suramérica, la configuran como un área de enorme complejidad en aspectos como la geología y fisiografía. Debido lo angosto del Anden Pacífico las condiciones geomorfológicas evidencian en la cuenca hidrográfica abruptos cambios de topografía que se expresan en dos partes: primero, parte alta montañosa con significativos procesos naturales de erosión del suelo, donde actualmente, se desarrolla actividades extractivas como agricultura y ganadería en ladera, cultivos forestales de pino y eucalipto, y parcelación acelerada del suelo para construcción de viviendas de recreo; y segundo, parte baja de relieve colinado y plano donde predomina el bosque denso de tierra firme tropical. En esta área sobresale como situación crítica, en materia socioambiental, la extracción de materiales de arrastre del cauce principal del río Dagua y la minería aurífera de tipo artesanal (GOBERNACIÓN DEL DEPARTAMENTO DEL VALLE DEL CAUCA et al., 2014 citado por AGUIRRE et al., 2017) (Mapa 1). Ambiente e Saúde- 109 Mapa 1. Cuenca hidrográfica del río Dagua Fuente: Elaboración propia. Dichas condiciones de localización hacen que en la cuenca se presenten extremos de precipitaciones, así en la parte alta el régimen de precipitación es bimodal y el promedio anual de lluvias oscila entre los 900 y 1.600 mm/año, mientras que en la parte baja es monomodal y el promedio de lluvias va de 6.000 y 8.000 mm/año (CORPORACIÓN AUTÓNOMA REGIONAL DEL VALLE DEL CAUCA – CVC, 2014, 2017; AGUIRRE et al., 2017). Todas estas condiciones aunadas a la diversidad socio-cultural le atribuyen a la cuenca hidrográfica una gran variedad de contextos y realidades en materia espacial y ambiental, los cuales deben ser considerados en los procesos de planificación, gestión ambiental y territorial ya que inciden en la calidad de vida y salud ambiental de la población. En la cuenca hidrográfica tienen jurisdicción los municipios de Dagua con 58.439,49 ha; seguido de Buenaventura con 33.371,97 ha; La Cumbre con 22.199,02 ha; Restrepo con 18.975,87 ha; Vijes con 6.585,26 ha; Yotoco con 2.327,71 ha, y Calima Darién con 300,86 ha (AGUIRRE et al., 2017; UNIVERSIDAD DEL VALLE, 2016a). Adicionalmente, es preciso mencionar que existe gran diversidad de agentes sociales, entre los cuales se destacan comunidades afrodescendientes organizadas bajo la figura de consejos comunitarios, 110 grupos indígenas bajo la figura de resguardos, grupos campesinos subdivididos entre pequeños productores con prácticas agrícolas de subsistencia o pancoger y medianos productores con mayores grados de tecnificación agropecuaria (LÓPEZ; GONZÁLEZ, 2016; TANGARIFE; VILLAQUIRÁ, 2016). Sus formas organizativas y percepción frente al agua son diversos y brindan distintas concepciones de su gestión, un aspecto que contribuye a la identificación de factores problemáticos asociados al vital líquido y a elementos determinantes en la salud ambiental. Una de las principales características de la cuenca que destacan su importancia a nivel nacional y regional, lo constituye su ubicación geoestratégica con respecto al principal puerto marítimo de Colombia localizado en la bahía de Buenaventura sobre el océano Pacífico (AGUIRRE et al., 2017). Desde esta perspectiva, la cuenca se ha convertido en uno importante canal de intercambio de bienes, productos y servicios de importación y exportación que dinamizan la económica nacional (BUITRAGO; BOLAÑOS; AGUIRRE, 2017). Adicionalmente, su posición le permite tener una conexión directa con la ciudad de Santiago de Cali, principal polo de desarrollo económico del suroccidente del país, cuya influencia incide en su configuración socio-espacial, específicamente de la parte alta (UNIVERSIDAD DEL VALLE, 2016a, 2016b, 2016c); esta influencia dinamiza constantes procesos de fragmentación de la tierra para construcción de viviendas campestres y de fin de semana, hecho que ha trasformado la realidad socioespacial y paisajística, ya que por un lado, la fragmentación del suelo ha conllevado a cambios en las prácticas agropecuarias, deforestación acelerada en ladera, mayor demanda sobre el agua, reducción de fuentes del vital líquido, e incremento en el número de vertimientos superficiales a fuentes hídricas. Esto conlleva a nuevos procesos de reconfiguración en la organización social alrededor de la gestión del agua y problemas asociados a la salud ambiental de las personas. De acuerdo con Buitrago, Bolaños e Aguirre (2017) y Aguirre et al. (2017), en la cuenca se han identificado algunas problemáticas que evidencian un alto grado de intervención antrópica y complejizan las relaciones socio-espaciales que la configuran; entre estas se destacan las siguientes: 1) agudización de procesos erosivos del suelo que, aunque es un fenómeno natural, se intensifica por el crecimiento de actividades agropecuarias, forestales, mineras y construcción de vivienda campestre; 2) contaminación de fuentes hídricas, principalmente por pérdida y fragmentación de bosques naturales, ampliación de la frontera agrícola, inexistencia de sistemas de tratamiento de aguas Ambiente e Saúde - 111 residuales domésticas, disposición inadecuada de residuos sólidos y mineros; entre otros, que afectan la disponibilidad y acceso al vital líquido en condiciones de equidad; y 3) cambios asociados al paisaje y los ecosistemas, como resultado de las dinámicas humanas realizadas durante las dos últimas décadas, que dieron origen a importantes transformaciones del área de estudio (UNIVERSIDAD DEL VALLE, 2016a, 2016b, 2016c). Frente a lo anterior, el agua ha sido uno de los elementos naturales más afectados por la intervención humana en la cuenca; pese a su importancia como eje articulador de la vida y el territorio, su deterioro y uso ineficiente responde, en parte, a la percepción social que existe en torno a el vital líquido, lo cual, a su vez incide en sus procesos de planificación y gestión. Por esta razón, en el proyecto de investigación denominado Estrategias para la recuperación y manejo integrado del recurso hídrico en las cuencas del Cauca y Dagua, en el Valle del Cauca, el Grupo Territorios del Departamento de Geografía de la Universidad del Valle, en el marco de la Actividad 1, la cual buscó establecer la percepción de los distintos agentes sociales y su relación con los ecosistemas en la cuenca hidrográfica del río Dagua, se logró caracterizar la visión que éstos tienen en torno a la gestión del agua teniendo en cuenta aspectos como sus objetivos, responsabilidades, instrumentos, mecanismos de participación empleados, dificultades existentes, así como problemáticas ambientales del agua y posibles soluciones. Para efectos de mostrar los resultados logrados, en primera instancia se presenta la estructura general del marco de referencia asociado a elementos normativos de la salud ambiental en Colombia, la percepción, agua y cuenca hidrográfica. LA SALUD AMBIENTAL EN COLOMBIA Actualmente, la política de salud ambiental en Colombia no se ha desarrollado de manera explícita, pero cuenta con lineamientos generales definidos en el marco normativo asociado a condiciones ambientales, cuyo deterioro influye negativamente en la salud humana, entre los que se encuentran de forma prioritaria la baja calidad de aire, del agua para consumo humano y la gestión inadecuada de sustancias químicas (seguridad química), que en conjunto requieren una gestión integral por parte de las instituciones públicas del Estado, así como la participación directa de los actores sociales involucrados en los diferentes conflictos (DEPARTAMENTO NACIONAL DE PLANEACIÓN, 2008, p. 1 citado por ERAZO et al., 2014). 112 Estos lineamientos se promueven con la Constitución Política de 1991 a través de los artículos 49, 81 y 366, en los cuales se establece que: 1) la atención en salud y saneamiento ambiental son servicios públicos a cargo del Estado, y deben ser garantizados conforme a los principios de eficiencia, universalidad y solidaridad; 2) Es prohibido fabricación, importación, posesión y uso de armas químicas, biológicas y nucleares, así como la introducción de residuos nucleares y desechos tóxicos que impliquen un riesgo para la vida; y 3) el bienestar general y el mejoramiento de la calidad de vida de la población son finalidades sociales del Estado, y es responsabilidad de este solucionar necesidades insatisfechas en materia de salud, educación, saneamiento ambiental y agua potable. Bajo estos principios constitucionales, el Plan Nacional de Desarrollo (PND) 2006 – 2010 promueve la formulación del documento Conpes 3350 de 2008 (DNP, 2008), en cual se expone, primero, un marco conceptual capaz de orientar la salud ambiental en Colombia, concebida como un proceso de carácter intersectorial que requiere de la participación coordinada y eficaz de los diversos sectores involucrados en ella; y segundo,los lineamientos generales para fortalecer la gestión integral de la salud ambiental orientada principalmente a la prevención, manejo y control de los efectos adversos en la salud causados por la degradación ambiental, con el fin de contribuir al mejoramiento de la calidad de vida y bienestar de la población. Para garantizar la coordinación, diseño, formulación, implementación, seguimiento y evaluación de las políticas y estrategias nacionales de la Política Integral de Salud Ambiental (PISA), se crea como mecanismo de coordinación la Comisión Técnica Nacional Intersectorial para la Salud Ambiental (CONASA), la cual constituye una instancia de carácter técnico, cuyo objetivo consiste en articular las entidades que integran la comisión en las diferentes áreas temáticas de salud ambiental y en particular, promover la efectiva coordinación entre las políticas y estrategias de ambiente y salud (DNP, 2008). Dicha comisión se conforma por delegados de las siguientes instituciones: Ministerio de Ambiente, Vivienda y Desarrollo Territorial (actualmente conocidos como Ministerio de Ambiente y Desarrollo Sostenible y Ministerio de Vivienda, ciudad y territorio); Ministerio de la Protección Social; Ministerio de Agricultura y Desarrollo Rural; Ministerio de Comercio, Industria y Turismo; Ministerio de Educación Nacional; Ministerio de Minas y Energía; Ministerio de Transporte. viii. Departamento Nacional de Planeación, DNP; Instituto de Hidrología, Meteorología y Estudios Ambientales, IDEAM; Instituto Nacional de Vigilancia de Medicamentos y Alimentos, INVIMA; Instituto Nacional de Salud, INS; Instituto Colombiano Agropecuario, ICA y Colciencias. Ambiente e Saúde - 113 Desde este punto de vista, la política de salud ambiental concebida como un sistema intersectorial, incorpora otros sistemas claves como constituye el sistema de gestión del agua, el cual responde las a las políticas ambientales emanadas por Estado, que se materializan en normas de carácter sectorial vertical descendente, obedeciendo a la condición de ser una República unitaria en su forma de organización del poder público, es decir, que la soberanía no está dividida, sino que existe un único centro de poder que adopta todas las decisiones políticas y administrativas y posee el monopolio en la elaboración de las normas jurídicas aplicables en todo el territorio nacional y a todo ciudadano. En ese sentido, la Constitución Política de 1991 estableció la descentralización como un mecanismo para el desarrollo regional, pero es un proceso que avanza y retrocede con los cambios de gobierno del orden nacional (BUITRAGO; BOLAÑOS; PATIÑO, 2017). En Colombia, la organización social frente al agua en el actual sistema de gestión ambiental de Colombia presenta dos sectores dominantes: primero, el ambiental, que interpreta al agua como recurso productivo y reproductivo para la vida y la economía del país; y segundo, el de seguridad social, que concibe el agua como un bien económico a cargo del Estado, necesario para suministrar el servicio público de agua potable a la población. Con respecto a lo anterior, el Cuadro 1 muestra una aproximación de estas dos perspectivas de organización, con las funciones esenciales de las distintas instituciones del gobierno existentes en la gestión de las fuentes hídricas y el agua potable. Cuadro 1. Principales funciones de la gestión del agua en Colombia Recurso hídrico Agua potable Institución Función Objetivo Institución Función Objetivo Ministerio de Ambiente y Desarrollo Sostenible Formulación de políticas, regulador, planificador Sustentabilidad (cantidad y calidad) Ministerio de Vivienda, Ciudad y Territorio Formulación de políticas Garantizar calidad y cantidad Corporaciones autónomas regionales Ejecución, regulador Sustentabilidad (cantidad, calidad) Departamentos Ejecución Garantizar calidad y cantidad municipios y distritos Ejecución Sustentabilidad Municipios Ejecución Garantizar calidad, cantidad y cobertura Contraloría Ambiental Control Control fiscal Superintendencia de Servicios Control, regulación Garantizar suministro con calidad y precios adecuados Procuraduría Defensa de los intereses colectivos Comisión de Regulación de agua Potable y Saneamiento Básico (CRA) Fuente: Elaborado a partir Buitrago, Bolaños y Patiño (2017). 114 Es importante señalar que, estos sistemas de gestión se rigen bajo principios de la Constitución Política de 1991, la cual emana en su Artículo 1 que “Colombia es un Estado social de derecho, organizado en forma de República unitaria, descentralizada, con autonomía de sus entidades territoriales, democrática, participativa y pluralista, fundada en el respeto de la dignidad humana, en el trabajo y la solidaridad de las personas que la integran y en la prevalencia del interés general” (CONGRESO DE COLOMBIA, 1991). Desde esta perspectiva, la participación ciudadana se convierte en un eje transversal no sólo a los sistemas de gestión del agua sino a los demás sectores existentes. Lo anterior permite al Estado “facilitar la participación de los agentes sociales en las decisiones que los afectan y en la vida económica, política, administrativa y cultural de la Nación” (ASAMBLEA NACIONAL CONSTITUYENTE, 1991, art. 2.º, p. 1). En este contexto, los ciudadanos pueden intervenir en la toma de decisiones políticas, a través de diversas acciones en la gestión pública; además, el Estado debe promoverla y garantizarla en todo el territorio nacional. LA PERCEPCIÓN SOCIAL DEL AGUA COMO INDICADOR DE SALUD AMBIENTAL En este apartado se describen tres elementos claves para comprender el papel de la percepción como indicador de salud ambiental, tanto en la cuenca alta como baja: primero se identificó junto a los participantes de los talleres de cartografía social y entrevistas situaciones ambientales que conllevan a procesos de detrimento del vital líquido: segundo, se ilustra los resultados de la cartografía social como instrumento comunitario para identificar y comprender el estado ambiental del agua en la parte alta y baja de la cuenca hidrográfica: y tercero, se menciona desde las experiencias de los participantes algunas estrategias locales para reducir los impactos antrópicos que afectan el agua y su calidad ambiental. LA PERCEPCIÓN SOCIAL COMO INDICADOR PARA VALORAR LA CALIDAD AMBIENTAL DEL AGUA: CUENCA ALTA DEL RÍO DAGUA En la cuenca alta del río Dagua, los agentes sociales percibieron que una de las principales acciones antrópicas que afectan la calidad del agua y por ende la salud ambiental de la cuenca, se relaciona con el vertimiento directo de aguas residuales sin ningún tipo de tratamiento a las fuentes hídricas, así lo expresa el encargado de la Unidad Municipal de Asistencia Técnica Agropecuaria UMATA en el municipio de La Cumbre: Ambiente e Saúde - 115 Yo creo que ese es un problema muy grave que debe solucionar el municipio, pero solucionarlo de la mano con todos los acueductos rurales y con la Corporación Autónoma Regional del Valle del Cauca (CVC) como autoridad ambiental del departamento qué es la que regula también esa parte de los vertimientos; las comunidades en ocasiones hacen esos pozos sépticos con sitios de desagüe de desechos cercanos a fuentes hídricas sin controles; en el área no se tiene una regulación y control verdadero sobre el tema y los problemas de salud hacen presencia. La cabecera municipal en ese caso sí tiene el problema de aguas residuales y domésticas, porque todos esos vertimientos van a parar al río Pavas. Aunque la gente no toma su agua directamente del río, los problemas ambientales nos afectan (Encargado de la Unidad Municipal de Asistencia Técnica Agropecuaria UMATA, municipio de La Cumbre, 2016). Además, frente a esta problemática según los agentes sociales, perciben que existepoca o nula intervención de las instituciones encargadas de la gestión ambiental y la planificación del territorio al momento de realizar acciones que contrarresten este tipo de contaminación, así lo menciona el representante de FEDECACAO (Federación Nacional de Cacaoteros) en el corregimiento El Queremal, municipio de Dagua: Si usted tiene para construir su casa, usted debe tener para construir su sistema séptico; debe tenerlo, es decir, si yo no tengo para hacer mis cimientos no debo hacer una casa, porque sin cimientos no puedo hace mi casa. Yo creo que lo esencial de una licencia de construcción debe ser el sistema séptico, y no solo en la parte rural; aquí en Dagua pagan alcantarillado, ¿pero qué clase de alcantarillado?; aquí lo que hay es unas redes que conducen las aguas servidas directamente al río y las fuentes hídricas; no hay más, aquí no hay alcantarillado solo se multiplican los problemas ambientales por malos olores y residuos (Representante de FEDECACAO El Queremal, 2016). Pese a lo anterior, en la cuenca alta los agentes sociales entrevistados son conscientes que la responsabilidad en la gestión no sólo es competencia de las instituciones del Estado sino también de la comunidad en general, que del mismo modo debe hacerse responsable de sus vertimientos, así queda expresado en palabras del representante de Asofrugold: En el campo o en la ciudad todos debemos tener conciencia de que las aguas usadas se deben verter con un tratamiento, que se vayan más limpias para que no sigan contaminando al de más abajo y mejorar el ambiente y problemas de salud asociados a las aguas contaminadas, porque el de más abajo también la coge, la usa; en eso debemos tener cultura ambiental (Representante de Asofrugold, municipio de Restrepo, 2016). Con relación a lo anterior, en las fotografías 1 y 2 durante el desarrollo del trabajo en campo en la parte alta de la cuenca hidrográfica del río Dagua, se evidencia parte de la problemática asociada al vertimiento de aguas residuales domésticas y los procesos de fragmentación de la propiedad para la construcción de vivienda campestre, así como la expansión de la frontera agrícola en zonas de alta pendiente que acelera procesos erosivos en la cuenca del río Dagua (Fotografías 1 y 2). 116 Fotografía 1. Procesos de fragmentación de la propiedad para construcción de vivienda campestre y ampliación de la frontera agrícola en zonas de ladera. Municipio de Dagua. Fuente: grupo de trabajo, 2017 Fotografía 2. Parte alta de la cuenca del río Dagua, se observa como las viviendas del centro poblado de Bitaco vierten sus aguas domésticas al río sin controles. Fuente: grupo de trabajo, 2017 Fuente: Grupo de trabajo (2017). Igualmente, a partir de la percepción de los agentes sociales en la cuenca alta se logró identificar el estado ambiental de las fuentes hídricas, y las actividades antrópicas que conllevan a su deterioro o, por el contrario, a su conservación y protección. Lo anterior, es posible apreciarlo en el Mapa 2 que sintetiza los resultados de talleres de cartografía social realizados en los distintos municipios con jurisdicción en esta parte de la cuenca. Mapa 2. Percepción de la calidad ambiental del agua en la cuenca hidrográfica del río Dagua, parte alta Fuente: Grupo de trabajo. Ambiente e Saúde - 117 La cartografía construida a partir de la percepción colectiva de los agentes sociales, permitió relacionar que las buenas o malas condiciones de los afluentes se encuentran relacionadas con la presencia de elementos como bosques, localización de viviendas, crecimiento poblacional, ganadería en áreas aledañas a fuentes de agua, disposición de residuos sólidos, puntos de envenenamiento de agua y finalmente, trazas asociadas a trayectos de las fuentes hídricas en buenas y malas condiciones ambientales para uso humano (Mapa 2). En ese sentido, se percibe que las fuentes de hídricas superficiales percibidas en malas condiciones ambientales, coincide con la presencia próxima a centros poblados, donde se presentan los mayores problemas de vertimientos de aguas residuales domésticas y agrícolas, depositados de manera directa a los afluentes sin ningún tipo de tratamiento. Como consecuencia de lo anterior, el agua superficial disponible no es apta para consumo humano y sus niveles de contaminación afectan otras formas de vida. Sin embargo, es importante destacar que actualmente estas fuentes hídricas tienen una alta demanda para uso agropecuario, en especial para el riego de cultivos de hortalizas, lo cual implica un riesgo para la salud debido a que los cultivos se convierten en productos bio-acumuladores de sustancias toxicas. Además, gran parte de la población realiza actividades de pesca y de esparcimiento sobre dichas fuentes de agua. Finalmente, se destaca que, aunque no se logró abarcar el total de las redes hídricas en el mapa, los resultados preliminares como insumo en la identificación de la calidad ambiental del agua fueron satisfactorios dado que el ejercicio permitió avanzar en la reconstrucción de la historia ambiental en esta parte de la cuenca. SOLUCIONES A LAS PROBLEMÁTICAS AMBIENTALES ASOCIADAS AL AGUA Y LA SALUD AMBIENTAL Como respuesta a la identificación de las anteriores situaciones ambientales, los agentes sociales en la cuenca alta del río Dagua, identifican la necesitada el trabajo articulado y coordinado entre las distintas instituciones públicas, privadas y comunitarias que intervienen en la gestión ambiental del agua la cuenca. En palabras del presidente de la Junta de Acueducto de Tocota, municipio de Dagua se destaca que: 118 Las medidas serían principalmente de parte de la Corporación Autónoma Regional del Valle del Cauca (CVC) y toda la comunidad, para que nos entendamos y podamos llegar a justos acuerdos y eduquemos a la gente en saber lo vital e importante que es el agua y no desperdiciarla y contaminarla; eso sería muy bueno; necesitamos cambios culturales frente al agua (presidente de la Junta de Acueducto de Tocota, 2016). Entre las soluciones para afrontar problemáticas de tipo ambiental asociadas a la calidad del agua se destacan las siguientes: educación ambiental, procesos de reforestación, aislamiento de fuentes hídricas, manejo adecuado del suelo, establecimiento de un régimen tarifario diferencial por uso y, finalmente, un sistema de monitoreo del caudal que incluya sus parámetros físico-químicos y biológicos. En palabras de un representante de Asofrugold se evidencia lo siguiente: Debemos tener conciencia de un manejo justo del agua y de procesos de reforestación, así mismo, la cultura y la conciencia ciudadana deben incidir principalmente en su uso racional para no contaminarla demasiado; nosotros utilizamos el agua y debemos devolverla limpia; la responsabilidad está en el antes y el después, ya que son dos etapas fundamentales en la gestión […] hay que pensar en la responsabilidad para que no se nos acabe el vital líquido y crear formas para expulsarlas y devolverlas otra vez a la naturaleza de alguna manera menos contaminada. Teniendo en cuenta estas acciones podremos mejorar la calidad ambiental de la cuenca (Representante de Asofrugold, municipio de Restrepo, 2016). También, en cuanto al agua, se puede observar que las comunidades tienen planes concretos, como es el caso del Distrito de Manejo Integrado de Atuncela localizado en el municipio de Dagua, el cual según el representante de la Asociación de Productores y Comercializadores de Atuncela, dicho distrito tiene proyectos de sistemas de riego, complementados con la construcción de un trapiche ecológico, que surge como iniciativa comunitaria avalada por el Ministerio de Agricultura, así lo expresa el representante: Nosotros queremos el agua tecnificada para el sistema de riego, por goteo y por micro-aspersión; adicionalmente,queremos cuidar y proteger los bosques y garantizar la calidad ambiental de la cuenca, pero la cosa más importante es concientizar a la gente, ahora hay que capacitar, yo no sé de qué manera, pero hay que buscar los mecanismos que promuevan un uso eficiente del agua (Representante de la Asociación de Productores y Comercializadores de Atuncela, 2016). Por otra parte, los agentes institucionales están desarrollando mecanismos para el cuidado del preciado líquido, según dice el encargado de la Unidad Municipal de Asistencia Técnica Agropecuaria del Municipio de Dagua (UMATA), que se centran en la realización de campañas de uso eficiente del recurso para mejorar su calidad ambiental, así lo expresa el Ambiente e Saúde - 119 agente social: nosotros estamos en el plan de desarrollo del municipio en estos momentos, y dentro del plan tenemos un apartado de sensibilización y uso eficiente del agua, tanto en la parte rural, como en la parte urbana; la idea es llevar la sensibilización directamente a las casas en el ámbito rural y, aquí, en lo urbano; hacerlo en colegios y otras dependencias municipales (Encargado de la Unidad Municipal de Asistencia Técnica Agropecuaria del Municipio de Dagua). Del mismo modo, los usuarios y la sociedad civil, principalmente Juntas de Acueductos y Juntas de Acción Comunal, también, realizan mecanismos para el cuidado del agua y para asegurar su calidad frente a posibles elementos que puedan interferir con la salud de las personas, según un líder de Provincia se evidencia que: Nosotros el acueducto lo tenemos aislado, cuando hay mucho monte vamos a limpiarlo trabajando en comunidad; desde el punto donde cogemos el agua para consumo hasta el tanque que almacena el agua y la distribuye; los mantenimientos comunitarios son claves cuando se presentan fuertes lluvias, ya que el agua se contamina de sedimentos y otros materiales que pueden ser peligrosos, por tal razón, hay que hacerle un mantenimiento a los tanques para evitar enfermedades que se puedan presentar en los usuarios, así como problemas de desabastecimiento del líquido (líder Junta de Acción Comunal de Provincia, 2016). Finalmente, es necesario destacar el papel de las redes sociales como mecanismo para el cuidado del agua y promover la calidad ambiental de la misma, ya que, los agentes sociales mencionan que dichos medios innovadores, económicos y están a la mano de todos. Al respecto, el encargado del Acueducto de La Ventura, municipio de Dagua, menciona lo siguiente: Pues nosotros mensualmente sacamos un boletín donde hablamos de la parte operativa en la gestión del agua, la parte financiera, pero también, hablamos del componente educativo para un uso eficiente y mejorar su calidad ambiental […] sí, hacemos esas campañas, inclusive, éste acueducto es uno de los pocos de aquí de la región que cuentan con redes sociales en internet como Facebook, y por ahí se habla mucho, además, estamos conectados con la página del CDEA (Centro de Educación Ambiental) a través de la cual se comparten herramientas a los usuarios sobre el cuidado y mejoramiento del medio ambiente y el agua (Encargado del Acueducto de La Ventura, 2016). LA PERCEPCIÓN SOCIAL COMO INDICADOR PARA VALORAR LA CALIDAD AMBIENTAL DEL AGUA: CUENCA BAJA DEL RÍO DAGUA En la cuenca baja del río Dagua los agentes percibieron que una de las principales acciones antrópicas que afectan la calidad del vital líquido y por ende la salud ambiental, se asocia principalmente con tres elementos claves: el primero, ligado al vertimiento 120 directo de aguas residuales sin ningún tipo de tratamiento a las fuentes hídricas; segundo, la minería ilegal de oro, la cual tuvo su mayor auge en el año 2011 y que paulatinamente se ha ido trasladando hacia otras partes del corredor biogeográfico; y tercero, la ampliación de la doble calzada Cali-Buenaventura como plataforma de competitividad económica del país, debido al flujo de mercancías de importación y exportación que favorece y se distribuyen a través del principal puerto marítimo de Colombia sobre el océano Pacífico, cuya construcción demanda la extracción continua de materiales de arrastre del cauce principal del río Dagua. Las anteriores situaciones ambientales son reconocidas por los agentes sociales de la cuenca baja, entre los cuales se encuentra un funcionario de la Gobernación del Departamento del Valle del Cauca quien manifiesta lo siguiente: Pues yo creo que en este momento la problemática es la misma contaminación del río; imagínate, ese río ya va muy contaminado porque recoge todas las aguas servidas de los municipios de la parte alta de la cuenca, y esa parte de Cisneros, todo eso va a llegar a la bahía de Buenaventura totalmente contaminado; uno de los mayores contaminantes de la bahía de Buenaventura es el río Dagua y los problemas de salud asociados a la contaminación a las personas que hacen uso del agua; entonces, prácticamente es una desventaja en este momento que evidencia la inadecuada gestión del agua en la cueca, yo por lo menos la percibo así (FUNCIONARIO DE LA GOBERNACIÓN DEL VALLE, 2017). Del mismo modo, un funcionario de la Corporación Autónoma Regional del Valle del Cauca (CVC) describe la problemática de la minería ilegal del oro en la cuenca baja, la cual además de generar daños irreversibles a los ecosistemas promovió una ola de violencia que atentó contra los procesos de organización social comunitaria e instituciones del Estado quienes defendían la protección y conservación ambiental de la cuenca. Así lo expresó en sus palabras: hace como dos años el tema fuerte fue la minería que se salió de las manos de las autoridades; dicha actividad ilegal se desarrolló aproximadamente desde el 2012. Habían más de 200 retroexcavadoras y grupos armados allí, es decir, que uno no podía decir nada; a mí me toco más de una vez salir corriendo de allí, nos amenazaban; entonces no es fácil. Y los otros procesos fuertes corresponden a ley 70, cuando se le da la potestad a las comunidades el derecho a la tierra, eso les da más apego y saben que hay un reconocimiento; cuando sucede eso la gente se organiza, y la gente organizada nos ha prestado mucha más atención que cuando eran comunidades dispersas; una vez se organizan es mucho más fácil trabajar porque la ley 70 tiene el tema ambiental, y establece que las comunidades tienen que conservar los elementos naturales velar por la calidad ambiental del agua (FUNCIONARIO DE LA CORPORACIÓN AUTÓNOMA REGIONAL DEL VALLE DEL CAUCA CVC, MUNICIPIO DE BUENAVENTURA, 2017). Ambiente e Saúde - 121 En las fotografías 3 y 4, tomadas durante trabajo de campo se evidencia la actual problemática existente en torno a los vertimientos de aguas residuales domésticas en la cuenca bajas, así como la extracción de material de arrastre sobre el cauce principal del río Dagua asociado a la ampliación de la doble Calzada Cali-Buenaventura (Fotografías 3 y 4). Fotografía 3. Viviendas dispersas localizadas en la margen principal del río Dagua, municipio de Buenaventura, corregimiento la Delfina. Descarga directa de aguas domésticas a fuentes hídricas e inadecuado manejo de residuos sólidos. Fuente: grupo de trabajo, 2017 Fotografía 4. Extracción de material de arrastre en el cauce principal del río Dagua, Corregimiento de Córdoba municipio de Buenaventura. Fuente: grupo de trabajo, 2017 Fuente: Grupo de trabajo (2017). Finalmente, una de las integrantes del Consejo Comunitario del Alto y Medio Dagua destaca que la construcción y ampliación de la doble calzada Cali-Buenaventura ha impactado el río pese a las acciones de mitigación realizadas por las empresas constructoras y el Estado, pues la obra trajo consigo el desarrollo de otras actividades que ocasionan conflictos de tipo socioambientales, así lo expresa un integrante del Consejo Comunitario Alto y MedioDagua: La construcción de la doble calzada impactó mucho la calidad ambiental de la cuenca y el agua del río, a la hora de bajar los taludes para ampliar la vía hubo una pérdida de árboles; por otro lado, la contaminación del agua en el río es debido al manejo de basuras; entonces, si percibimos que desde la parta alta del río Dagua se echan muchos desechos sólidos como basura y aguas domésticas; todo tipo de cosas viene al río entonces, y el río mantiene muy contaminado y está generando algunos problemas de salud por la basura y los malos olores. El agua de las cocinas, de los baños de las casas, todo va aparar a las quebradas porque no tenemos alcantarillado; en algunas viviendas hay pozos sépticos, pero no en todas, aproximadamente un 70% tienen pozos sépticos; alcantarillado como tal no existe en la cuenca; entonces ese tipo de contaminación si la tenemos y la vemos a diario, pero solamente en el río Dagua. Otra cosa es la contaminación que tiene el río Dagua por la lavada de Vehículos, si ustedes miran a los lados de la vía, se percibe que lavan vehículos sin ningún control, entonces, todo ese tipo de desechos van a dar al río Dagua (INTEGRANTE DEL CONSEJO COMUNITARIO DE ALTO Y MEDIO DAGUA, 2016). 122 Paralelamente, las percepciones de los agentes sociales entrevistados en la cuenca baja, permitieron la representación colectiva de situaciones ambientales asociadas a la calidad del agua, las cuales estuvieron acompañadas de la identificación de los factores o causantes que inciden en su estado actual. Lo anterior, se convierte en un instrumento cualitativo de fácil acceso para la valoración de la salud ambiental en la cuenca, ya que su construcción integra y rescata el conocimiento local, las experiencias y vivencias de las comunidades que habitan la cuenca. En este sentido, el Mapa 3 producto del desarrollo de la cartografía realizada en sectores claves de la cuenca baja, permite indentificar las fuentes hídricas en buenas y malas condiciones, cuyo estado se ha relacionado específicamente a la presencia de los siguientes factores: localización de pozos sépticos, puntos de reciclaje y disposición inadecuada de residuos sólidos, puntos de minería para extracción de material de arrastre sobre el cauce principal del río Dagua, minería aurífera, prácticas agrícolas, procesos de deforestación, vertimientos de aguas residuales domésticas, y finalmente, las redes hídricas asociadas a trayectos en buenas y malas condiciones ambientales para uso humano (Mapa 3). Con respecto a la percepción de los participantes respecto a fuentes hídricas de mejor calidad ambiental en la parte baja de la cuenca, se resalta que el cauce principal del río Dagua se encuentra en malas condiciones, desde el punto de intersección de los ríos Bitaco y Dagua a la altura del corregimiento de Lobo Guerrero hasta el corregimiento de Córdoba (municipio de Buenaventura) (Mapa 3). En concordancia a los planteamientos anteriormente expuestos, los agentes sociales percibieron que las malas condiciones de las fuentes hídricas se deben a: la localización de lavaderos de carros de carga pesada sobre la vía, puntos asociados a envenenamiento del agua en fuentes hídricas, minería para extracción de material de arrastre y vertimiento de aguas residuales domésticas. Estas situaciones ambientales sobre el río han potenciado otro tipo de actividades antrópicas como la inadecuada disposición de residuos sólidos, lo cual, según los agentes sociales entrevistados, ha tenido serias repercusiones sobre la calidad ambiental del río y sobre la salud humana de las personas que hacen uso del mismo. Por otro lado, los agentes sociales percibieron que las fuentes de mejor calidad ambiental corresponden en la reserva natural de los Ríos Escalerete y San Cipriano, así en zonas de bosque restaurado que se combina con actividades agrícolas de subsistencia para las comunidades indígenas (Mapa 3). Ambiente e Saúde - 123 Mapa 3. Percepción de la calidad ambiental del agua en la cuenca hidrográfica del río Dagua, parte baja Fuente: grupo de trabajo. Igualmente, es importante destacar que la buena calidad ambiental del agua se debe en parte al trabajo comunitario de la población que habita la reserva, así como los esfuerzos de las comunidades étnicas quienes paulatinamente han modificado sus antiguas prácticas económicas para promover nuevas formas de sustento en armonía con el medio ambiente y cada uno de sus elementos. Aunque la pesca es restringida sólo a sus pobladores, las condiciones ambientales del agua permiten el consumo humano directo de dicha fuente. Otro factor importante identificado en el mapa de cartografía social se relaciona con el cambio en calidad ambiental del agua percibido desde el corregimiento de Córdoba hasta la desembocadura del río Dagua en el municipio de Buenaventura. Dicho comportamiento, según la experiencia y percepción de los asistentes a talleres y entrevistas, corresponde al incremento significativo del caudal del río Dagua, ya que los cambios abruptos en los niveles de precipitación permiten periodos de recarga más prolongados sobre la parte baja de la cuenca, logrando una constancia de mayores caudales, lo cual, a su vez, facilita los procesos de dilución de sustancias tóxicas, la evacuación de residuos sólidos, y aporta mayores de niveles de sedimento y materia orgánica al río. 124 SOLUCIONES A LAS PROBLEMÁTICAS AMBIENTALES ASOCIADAS AL AGUA Y LA SALUD AMBIENTAL En la cuenca baja del río Dagua los agentes sociales entrevistados perciben que las medidas para solucionar las problemáticas ambientales asociadas al agua y su calidad deben estar orientadas a articular esfuerzos entre las instituciones públicas, privadas y las comunidades presentes a lo largo de la cuenca, con el fin de mejorar sus condiciones ambientales, sociales y de salud, ya que las acciones emprendidas por algunas personas para evitar la contaminación del vital líquido, no pueden seguir realizándose de manera aislada; así lo manifiesta una de las integrantes del Consejo Comunitario del Alto y Medio Dagua: Como acción colectiva se destaca la construcción de alcantarillados para que todas las aguas residuales no viertan el 100% de su contenido al río directamente. Para el manejo de basuras, como no tenemos recolección de las mismas, por ejemplo, cogemos lo que son cáscaras de la cocina y elementos orgánicos, todo eso lo echamos a los mismos sembrados y cultivos en forma de abono orgánico. Lo que son plásticos y ese tipo de cosas, se queman, que no es lo usual, pero los quemamos y otras veces los enterramos para no tirarlo al río. Todo eso que usted ve que baja por el río (plásticos y otros materiales sólidos), viene de la parte de arriba, y llega hasta acá, y eso va a dar al mar, lo que sé hace arriba afecta abajo ambientalmente; propondría que el gobierno hiciera el manejo con la gente de arriba, pensar en una buena gestión de las basuras y del agua. En ese sentido, las comunidades que nos localizamos en la parte baja somos las perjudicadas. Sí nos toca ir y hacer sinergias con las comunidades de la parte alta para una mejor gestión de los elementos mencionados, lo haremos. Eso es un proceso educativo, de tomar conciencia, acá lo importante es, si todo el mundo tiene conciencia de lo ambiental es compromiso de todos, debe existir la conciencia, percibir de manera diferente el agua y la naturaleza (INTEGRANTE DEL CONSEJO COMUNITARIO DE ALTO Y MEDIO DAGUA, 2017). En este sentido, dentro de las soluciones identificadas por los agentes sociales entrevistados se destacan: la educación ambiental, la reforestación, el aislamiento y protección de fuentes hídricas, manejo adecuado del suelo y la concientización de los habitantes en la cuenca, así lo menciona el funcionario de la Gobernación del Departamento del Valle del Cauca: Así haya poco bosque, debemosseguir protegiéndolos porque los bosques son productores de agua; debemos sancionar a los que están haciendo daño al río y deteriorando su calidad ambiental, como por ejemplo, el tema de la minería; y capacitar a la comunidad, porque en la medida que la comunidad se empodere de todo esto, van a ayudar a proteger la naturaleza y el agua, y serán ellos mismos quienes apliquen otros correctivos morales a las personas que están haciendo daño con sus acciones a la cuenca; ya no podemos pescar, antes se podía tomar el agua del río para consumo humano (FUNCIONARIO DE LA GOBERNACIÓN DEL VALLE, 2016). Ambiente e Saúde - 125 Del mismo modo, se considera clave realizar un seguimiento en los sectores donde se presentó la minería ilegal para evitar su resurgimiento, pues los daños provocados al agua, la flora y fauna fueron determinantes en materia socioambiental y en la salud de la población, así lo expresa el funcionario de Hidropacífico: Desde el punto de vista minero, acabar con ese tema de la minería, prohibir esa práctica en la cuenca, eso sí sería vital en materia ambiental, para nosotros que usamos el agua del río; creo que es una de las cosas que más daño ha hecho al agua y los ecosistemas; y desde el punto de vista de la ciudadanía, como decía, por otro lado, es pertinente organizar una Planta de Tratamiento de Aguas Residuales y domésticas (PTAR) que recoja todas esas aguas y desechos para que se traten antes de devolver el agua al río Dagua, eso ayudaría mucho con mejorar la calidad ambiental del agua y del río previniendo enfermedades asociadas a la mala calidad del recurso (FUNCIONARIO DE HIDROPACÍFICO, 2016). Finalmente, por parte de las instituciones del Estado se están desarrollando proyectos que ayudan a la conservación de fuentes hídricas y a las comunidades de la zona como es el ejemplo que se vive en la Reserva Forestal de San Cipriano (municipio de Buenaventura), donde las instituciones y la comunidad han logrado conservar la reserva forestal y la preservación de importantes elementos naturales que contribuyen en mejorar la calidad ambiental del agua, así lo expresa una representante de la fundación San Cipriano: La gente ha respetado siempre la naturaleza y el agua y se ha aferrado a ella para adaptarse a las nuevas condiciones de la zona y buscar alternativas que permitiera vivir y conservar la reserva en ese momento; digamos, que hubo como diez años de desespero porque no sabíamos que hacer y un tema de prohibiciones, entonces surge el proceso comunitario, un proceso del cual comienzan unos comités inter-veredales; uno en esta comunidad que es Bodegas y el otro comité era en la comunidad de San Cipriano, y nos reuníamos mensualmente […] éramos apoyados por instituciones como la Corporación Autónoma Regional del Valle del Cauca (CVC), INDERENA (Instituto Nacional de los Recursos Naturales Renovables y del Ambiente) y Acuavalle. Entonces, cuando ellos visitaron a la gente, empezamos la construcción del plan de manejo para la reserva, en el cual se plasmó todas nuestras costumbres y modos de vida de las comunidades frente a la reserva y el agua, lo cual era bueno porque plasmó nuestra visión de la naturaleza. Y salió un libro bien elaborado. Después de cuatro años de trabajo, jóvenes, niños y adultos participaron de las mesas de diálogo y mesas de trabajo agotadoras, pero al final se logró el plan de manejo; ya en 1997, el 30 de abril, se unen estas dos comunidades en una sola organización llamada Organización San Cipriano que es una ONG ambiental, entidad sin ánimo de lucro que se encarga de la protección y conservación de la reserva y al mismo tiempo, vela por el bienestar social y ambiental de las dos comunidades que habitan la zona […] en ese orden de ideas, económicamente estábamos en el desespero, no sabíamos qué íbamos a hacer como comunidades, y con el plan, comienza el turismo, uno en armonía con el medio ambiente. (REPRESENTANTE DE LA FUNDACIÓN SAN CIPRIANO, 2016). 126 CONSIDERACIONES FINALES Entre los principales resultados asociados la percepción social del agua como indicador de salud ambiental en la cuenca hidrográfica de estudio se destacan los siguientes: 1. Conocer la percepción de los agentes sociales, es un aspecto fundamental para comprender la visión de las comunidades y sus procesos organizativos que permiten entender sus prioridades en las acciones encaminadas a mejorar la salud ambiental de la cuenca de manera participativa, convirtiéndose en una herramienta para reorientar procesos de planificación ambiental oficial, que muchas veces reducen la participación a escenarios de consulta. Igualmente, lo anterior también es enriquecedor desde el punto de vista de los métodos de investigación cualitativos, porque convierte los ejercicios de cartografía social y entrevistas semiestructuradas en instrumentos de empoderamiento social de libre acceso para la valoración de la calidad ambiental del agua como un indicador de salud ambiental en la cuenca, pues su construcción y uso integra y rescata el conocimiento local, las experiencias y vivencias de las comunidades que habitan y producen socialmente la cuenca. 2. La diversidad de agentes sociales en la cuenca hidrográfica, enriquece las distintas concepciones que se pueden tener en torno al vital líquido y su manejo, contribuyendo con ello, a la identificación de problemáticas y soluciones asociadas a la salud ambiental de la cuenca, desde una mirada horizontal que en repetidas ocasiones ha sido invisible a los procesos de planificación oficial. En este sentido, los resultados comprenden un incentivo para los mismos agentes sociales que permite reorientar sus prácticas cotidianas y concientizarse de las condiciones ambientales del agua en la cuenca. 3. Aunque para los agentes sociales entrevistados en la cuenca del río Dagua, el manejo adecuado del agua es esencial para garantizar su conservación y uso sustentable en el espacio-tiempo, los problemas de articulación y participación de los distintos agentes sociales en dicho proceso, agudizan las formas de acceso, calidad y disponibilidad de este elemento en la cuenca, aspecto que queda representado en los mapas colectivos y las entrevistas semiestructuradas, donde no sólo se identifica las buenas o malas condiciones ambientales de las fuentes hídricas sino también sus detonantes. REFERENCIAS AGUIRRE, M.; LÓPEZ IBARRA, L.; BOLAÑOS TROCHEZ, F. et al. Percepción del paisaje, agua y ecosistemas en la cuenca del río Dagua, Valle del Cauca, Colombia. Revista Perspectiva Geográfica, Colombia, v. 22, n. 1, 2017. ANGEL, A. La fragilidad ambiental de la cultura. Historia y medio ambiente. 2. ed. Colombia: Editorial de la Universidad Nacional de Colombia, 2015. Ambiente e Saúde - 127 BABBIE, E. Métodos de investigación por encuesta. Ciudad de México, México: Fondo de Cultura Económica, 1998. BOLÓS, M. Manual de ciencia del paisaje. Teorías, métodos y aplicaciones. Barcelona, España: Editorial Masson, 1992. BUITRAGO, O.; BOLAÑOS, F.; AGUIRRE, M. Organización comunitaria en la gestión del agua potable en el Departamento del Valle del Cauca, Colombia. In: Processos de cooperação e solidariedade na América Latina. Brasil: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2017. p. 295- 320. BUITRAGO BERMÚDEZ, O.; PAREDES RODRÍGUEZ, S.; MOTTA GONZÁLEZ, N. De los farallones al cauca: situaciones ambientales, actores e imaginarios. Local: Editorial Universidad del Valle, 2011. 234p. BUITRAGO BERMÚDEZ, O.; BOLAÑOS TROCHEZ, F.; PATIÑO, Z. La cuenca hidrográfica como unidad de gestión del agua. Visiones de las organizaciones sociales de base e instituciones públicas. Cali, Colombia: Programa Editorial Universidad del Valle, 2017. BUITRAGO BERMÚDEZ, O.; AGUIRRE, M. Análisis socioespacial de los humedales Guarinó y La Guinéa (municipio de Jamundí, Colombia). Revista Finisterra, Portugal, LI, n. 103, p. 3-24, 2016.ERAZO NAVIA, D.; BOLAÑOS TROCHEZ, F.; MARTÍNEZ PEREA, F. et al. Salud ambiental y suministro de agua potable. Problemas de gestión pública en medio de la abundancia caso municipio de candelaria - Valle del Cauca, Colombia. Revista Geouece, v. 3, n. 4, 2014. FERNANDEZ, N.; SOLANO, F. Índices de calidad y de contaminación del agua. Local: Universidad de Pamplona, 2005. FLICK, U. Introducción a la investigación cualitativa. Madrid, España: Ediciones Morata, 2004. INSTITUTO NACIONAL DE HIGIENE, EPIDEMIOLOGÍA Y MICROBIOLOGÍA. Los factores ambientales como determinantes del estado de salud de la población. Revista Cubana de Higiene y Epidemiologia, Havana/Cuba, v. 45, n. 2, 2007. LÉTOURNEAU, J. La caja de herramientas del joven investigador: guía de iniciación al trabajo intelectual. Bogotá, Colombia: La Carreta Editores, 2009. LÓPEZ IBARRA, L.; GONZÁLEZ GUEVARA, D. Percepción del paisaje y los ecosistemas en la cuenca hidrográfica del río Dagua. 2016. Monografia (graduação), Geografia, Universidad del Valle, Colombia, 2016. MC JUNKIN, E. Agua y salud humana. Organización Panamericana de la Salud. Oficina Sanitaria Panamericana México D.F. Traducción al español de Edward Cruz Quevedo. Lima, Peru: Noriega Editores, 1988. MARTÍNEZ, M. Investigación cualitativa: síntesis conceptual. Revista de investigación en psicologia, Lima Perú, v. 9, n. 1, p. 123-146, 2006. MARTÍNEZ, C. El muestreo en investigación cualitativa: principios básicos y algunas controversias. Revista Ciencia & Saúde Colectiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 613-619, 2012. MATEO, J.M.; DA SILVA, E.V.; LEAL, A. Paisaje y geosistema: apuntes para una discusión teórica. Geonorte, v. 4, n. 1, p. 249-260, 2012. NACIONES UNIDAS. Resolución aprobada por la Asamblea General el 28 de julio de 2010. (A/64/L.63/Rev.1 y Add.1). 64/292. El derecho humano al agua y el saneamiento. Local: ONU, 2010. p. 3. 128 NOGUERA, E. Emergencia de una episteme-ético-estética-política que constituye un nuevo concepto de ciencia desde el pensamiento ambiental complejo. Las ciencias ambientales como nueva área del conocimiento para Colombia. RCFA – Colciencias, Bogotá, Colombia, p. 63-80, 2006. ORDOÑEZ, G. Salud ambiental: conceptos y actividades. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 7, n. 3, p. 137-147, 2000. RENGIFO CUELLAR, H. Conceptualización de la salud ambiental: teoría y práctica. Revista Perú Médica Exp Salud Publica, Peru, v. 25, n. 4, 2008. SAMBONI RUIZ, N.; CARVAJAL ESCOBAR, Y.; ESCOBAR, J. Revisión de parámetros fisicoquímicos como indicadores de calidad y contaminación del agua. Revista Ingeniería e Investigación, v. 27, n. 3, p. 172-181, 2007. SILVÉRIO FLAUZINO, F. Avaliação temporale espacial da qualidade da água para a gestão de recursos hidricos: Reservatorio Miranda no triângulo mineiro. Planejamento e gestão de recursos hidricos: exemplos mineiros. Local: Assis Editora, 2012. p. 381. TANGARIFE, M.; VILLAQUIRA, Y. Paisaje y agua: el sentir de las comunidades asentadas en la cuenca baja del río Dagua. 2016. Monografia (graduação), Geografia, Departamento de Geografía, Universidad del Valle, 2016. TORRES, P.; CRUZ, H.; PATIÑO, P.J. Índices de calidad del agua en fuentes superficiales utilizadas en la producción de agua para consumo humano. Una revisión crítica. Revista de Ingenierías, Medellín, v. 8, n. 15, p. 79-94, 2009. UNIVERSIDAD DEL VALLE. Informe avance final marco teórico y metodológico actividad 1. Proyecto de Investigación Estrategias para la Recuperación y Manejo Integrado del Recurso Hídrico en las Cuencas del Cauca y Dagua, en el Valle del Cauca, 2016a. UNIVERSIDAD DEL VALLE. Informe diagnóstico de la gestión del agua en la cuenca del río Dagua. Proyecto de Investigación Estrategias para la Recuperación y Manejo Integrado del Recurso Hídrico en las Cuencas del Cauca y Dagua, en el Valle del Cauca, 2016b. WORLD HEALTH ORGANIZATION AND UNICEF. Progress on sanitation and drinking-water: 2010 Update. Switzerland. ISBN 978 92 4 156395 6. YASSI, A.; KJELLSTRÖM, T.; KOK, T. et al. Salud ambiental básica. Programa de las Naciones Unidas para el Medio Ambiente, Oficina Regional para América Latina y el Caribe. México D.F. 2002. p. 11. Documentos en línea: ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA ALIMENTACIÓN Y LA AGRICULTURA – FAO. 2018. Disponível em: http://www.fao.org/nr/water/aquastat/countries_regions/COL/ indexesp.stm#gender DEPARTAMENTO NACIONAL DE PLANEACIÓN. Conpes 3350 de 2008 - Lineamientos para la formulación de la política integral de salud ambiental con énfasis en los componentes de calidad de aire, calidad de agua y seguridad química. 2008. Disponível em: http://www.minambiente.gov.co/images/normativa/conpes/2008/ Conpes_3550_2008.pdf MINISTERIO DEL MEDIO AMBIENTE Y DESARROLLO SOSTENIBLE. Decreto 1640, de 2 de agosto de 2012. Disponível em: http://www.minambiente.gov.co/images/normativa/decretos/2012/dec_1640_2012.pdf ORGANIZACIÓN MUNDIAL PARA LA SALUD. 2018. Documento consultado en línea en enero de 2018. Disponível em: http://www.who.int/topics/environmental_health/es/. Ambiente e Saúde - 129 C A P Í T U L O 6 Salud ambiental de las enfermedades vectoriales: aplicación geo tecnológica para entender la situación del Dengue, el Zika y el Chikungunya en Puerto Rico José Seguinot Barbosa15 INTRODUCCIÓN El presente trabajo persigue evaluar la producción cartográfica de las enfermedades vectoriales transmitidas por el Aedes aegypti en Puerto Rico. Nuestro objetivo central es presentar la naturaleza de estas tres enfermedades y la situación de salud en términos de los casos ocurridos en el pasado, hasta muy recientemente (enero del 2017). Otro objetivo es realizar un análisis cartográfico de los mapas del mundo, Estados Unidos y Puerto Rico utilizando criterios provistos por los sistemas de información geográfica (SIG) y de la cartografía tradicional. Estos incluyen la escala, la proyección, el sistema de coordenadas y la resolución. Estos indicadores se aplicaron a los mapas sobre la base de la teoría del imaginario social. La conclusión principal que se deriva del presente trabajo es que una de las características compartida por los vectores es que pocas veces podemos verles. Mucho menos podemos ver los virus y bacterias que transmiten. Para resolver los problemas de representación de los vectores y de las enfermedades imaginarias se sugiere la creación de un modelo vectorial o de rastrilla basada en una escala que sea considerablemente pequeña, la cual se podría llamar la escala microscópica o la micro-escala. El imaginario social es un concepto creado por Cornelius Castoriadis (TURQUÍA, 1922-1997), usado habitualmente en ciencias sociales para designar las representaciones sociales encarnadas en sus instituciones. El concepto se usa habitualmente como sinónimo de mentalidad, cosmovisión, conciencia colectiva o ideología, pero en la obra de Castoriadis tiene un significado preciso, ya que supone un esfuerzo conceptual desde el materialismo para relativizar la influencia que tiene lo material sobre la vida social. Castoriadis abordó las dos facetas de la ontología social-histórica-psíquica-imaginaria, la faceta individual y la faceta social. Según él, las instituciones y las psiques se auto-elaboran en el tiempo (quizá a diferente escala para cada una, pero ciertamente en el tiempo) en una interacción recíproca, una relación dialéctica (www.iep.utm.edu/castoria/). 15 Catedrático de Salud Ambiental, Departamento de Salud Ambiental, Recinto de Ciencias Médicas, Universidad de Puerto Rico, San Juan. E-mail: jose.seguinot@upr.edu https://es.wikipedia.org/wiki/Cornelius_Castoriadis https://es.wikipedia.org/wiki/Ciencias_sociales https://es.wikipedia.org/wiki/Mentalidad https://es.wikipedia.org/wiki/Cosmovisi%C3%B3n https://es.wikipedia.org/wiki/Conciencia_colectivahttps://es.wikipedia.org/wiki/Ideolog%C3%ADa https://es.wikipedia.org/wiki/Materialismo https://es.wikipedia.org/w/index.php?title=Relaci%C3%B3n_dial%C3%A9ctica&action=edit&redlink=1 130 Como se relaciona el imaginario social con las enfermedades, específicamente con las enfermedades transmitidas por vectores, nos lleva a un experimento conceptual e intelectual muy interesante. La mayor parte de las enfermedades se transmiten o se adquieren de forma imperceptible al ojo humano. Constituyen por tanto una red de bacterias, viruses, células enfermas y vectores que solo existen en el imaginario. Son parte de un mundo microscópico el cual solo puede ser visto mediante este instrumento y para el cual no existe una escala, ni una cuadrícula de coordenadas que pueda representarlos cartográficamente. Son, entonces, imaginarios en el sentido social y cultural y también imaginarios en el sentido geográfico. La imagen a continuación (Figura 1) representa un imaginario infantil de viruses y vectores. Observen que algunos hasta se parecen a animales que existen en la realidad y otros se parecen a miembros de nuestras familias, incluyendo algunas mascotas. Figura1 – Imaginando vectores, virus y bacterias Fuente: <https://all-free-download.com/free-vector/download/funny-cartoon-bacteria-and-virus-vector_588548.html>. Ambiente e Saúde - 131 El imaginario social se extiende más allá de lo imaginable pues existen, también, enfermedades imaginarias. Los hipocondriacos representan el 5%-9% de la población y consumen el 10%-20% de los recursos sanitarios, pero hasta ahora no se sabía bien cómo tratarlos. La terapia cognitiva, según una reciente investigación, puede ayudar a evaluar y cambiar sus ideas distorsionadas sobre las enfermedades. Algunos fármacos son otra posible opción. De acuerdo a los datos de la organización Mundial de la Salud (OMS) uno de cada tres pacientes tiene una enfermedad imaginaria, es decir que no existe en la realidad y que no hay modo científico alguno de corroborar que la persona la padece. Por otro lado, las enfermedades transmitidas por vectores representan más del 17% de todas las enfermedades infecciosas, y provocan cada año más de 1 millón de defunciones. Más de 2500 millones de personas, en más de 100 países, corren el riesgo de contraer dengue. Cada año, el paludismo provoca más de 400 000 defunciones en todo el mundo, la mayor parte de ellas entre niños menores de cinco años. Otras enfermedades, tales como la enfermedad de Chagas, la leishmaniasis y la esquistosomiasis y más reciente el Chicungunya y el Zika, afectan a cientos de millones de personas en todo el mundo. Muchas de estas enfermedades son prevenibles mediante medidas de protección fundamentadas en mecanismos y políticas de control. Figura 2 – Mapa de la distribución de mosquitos en el mundo (National Geographic Society) Fuente: <http://kids.nationalgeographic.com/animals/mosquito/#mosquito-closeup.jpg>. Aquí viven los mosquitos http://kids.nationalgeographic.com/animals/mosquito/#mosquito-closeup.jpg 132 Los vectores son organismos vivos que pueden transmitir enfermedades infecciosas entre personas, o de animales a personas. Muchos de esos vectores son insectos hematófagos que ingieren los microorganismos patógenos junto con la sangre de un portador infectado (persona o animal), y posteriormente los inoculan a un nuevo portador al ingerir su sangre. Los mosquitos (Figura 2) son los vectores de enfermedades mejor conocidos. Garrapatas, moscas, ratas, flebótomos, pulgas, triatominos y algunos caracoles de agua dulce también son vectores de enfermedades. Una característica compartida por los vectores es que pocas veces podemos verles. Mucho menos podemos ver los viruses y bacterias que transmiten. Por tanto desconocemos su lugar de ubicación, su localización y su movilidad o desplazamiento. En síntesis, permanecen ocultos al ojo humano por lo cual no pueden ser cartografiados ni como sujetos-objetos, ni como entes imaginarios. Revisando algunos mapas que intentan cartografiar la presencia de vectores encontramos cosas como las siguientes. En la figura 3 se presenta la distribución del Aedes albopictus y del Aedes agypti en los Estados Unidos. La escala y las fronteras son tan difusas que si pudiéramos hacer una ampliación seguro no sabríamos sobre que condados caen los límites. Este mapa hecho por el Center Desease Control (CDC) muestra a Puerto Rico sin la presencia del Aedes arbopictus. No obstante, este mosquito es el transmisor del Zika y el Chicungunya en el Caribe y muy posiblemente nuestra crisis del 2015 fue causada por la presencia de este vector. Tiene que ser muy difícil imaginarse una avalancha de mosquitos tan pequeños en una escala nacional como la los Estados Unidos. Sería por supuesto mucho más fácil en una isla como la de Puerto Rico o inclusive en una isla más pequeña como Guadalupe o como Martinica. Creo que aun así no sería la representación apropiada, por lo tanto la única solución optada es la de una mancha en el mapa, en lugar de muchos punticos. Figura 3 – Presencia del Aedes albopictus y del Aedes aegypti en los Estados Unidos, 2016 Fuente: <https://www.cdc.gov/zika/vector/range.html>. Ambiente e Saúde - 133 Representar vectores en una escala global es aún mucho más difícil y poco práctico. Los cartógrafos optan casi siempre por las manchas o los polígonos de colores en lugar de los puntos. Esto puede apreciarse en la Figura 4 donde se representa la distribución de la Plaga a nivel mundial. Claramente podemos apreciar que esta enfermedad transmitida por las ratas y algunos roedores tiene una distribución geográfica que abarca los países continentales localizados en las regiones tropicales y latitudes medias (Africa, Brasil, India, Sureste Asiático y los Estados Unidos). No obstante, no podemos decir si hay muchos o pocos vectores que transmiten la plaga, tampoco podemos decir cómo se desplazan y como se difunde la enfermedad en la medida que el vector se expande por el territorio. Figura 4 – Distribución de la Plaga a nivel mundial Fuente:<http://blogs.biomedcentral.com/bugbitten/wp-ontent/uploads/sites/11/2015/03/World_distribution_of_plague_1998.png>. Jose Países reportados con Plaga Regiones donde la Plaga existe en animales 134 Para resolver los problemas de representación de los vectores y de las enfermedades imaginarias sugiero un modelo vectorial o de rastrillas basado en una escala considerablemente pequeña a la cual podríamos llamar micro-escala. Ello implicaría construir un sistema de coordenadas que mida las unidades en billones o trillones para poder ver entonces lo que no está al alcance de nuestra vista, pero si puede ser visto por un microscopio si se tratara de virus o bacterias o por un telescopio si se tratara de otros planetas o cuerpos celestes. Creo que esto solo sería posible adaptando los sistemas de información geográfica para medir lo imperceptible y lo poco sensible al ojo humano. Quiero a continuación presentar como han sido cartografiado y analizado los casos del vector Aedes aegyptis en un contexto isleño como el de Puerto Rico. Creo que ello sirve de modelo para hacer una buena cartografía tradicional, pero no necesariamente para cartografiar al sujeto (el Aedes aegyptis). Si centramos en el vector y no en las enfermedades que transmite podemos decir que la distribución del Ae aegypti está asociada a entornos urbanos en las regiones tropicales y subtropicales y es muy sensible a la variabilidad climática, así como a factores sociodemográficos tales como la densidad de población y el nivel de pobreza (Nagao, 2003) Una mirada académica apunta a mejorar la vigilancia de la Ae. aegypti y sus estrategias de control mediante el estudio de variables socio-demográficasy climáticas para ver cómo están asociados con los niveles de infestación en los diversos países. Con ello se espera mejorar el control del vector del dengue. Para conseguir esta mirada nos apoyamos en la Figura 5. Esta estructura analítica constituye un mapa conceptual de cómo entender la relación del vector con otras variables sociales y ambientales. Este también es un mapa imaginario de redes y conexiones de flujo y de reflujo en distintas direcciones. Ambiente e Saúde - 135 Figura 5 – Mapa conceptual para el estudio de El Dengue Fuente: <http://sameens.dia.uned.es/Trabajos10/Trab_Publicos/Trab_2/Herreros_Madueno_2/Texto/Multicausal.htm>. La biología del Aedes aegyptis lo describe como el principal vector de las enfermedades de Fiebre Amarilla, Dengue, Chikungunya y Zika en las Américas. Existen varias especies de Aedes. Entre las subespecies se incluyen: Stegomyia, Arbopictus y el Scutellaris. El Ae habita en las regiones tropicales y subtropicales del mundo y es un mosquito mayormente urbano. Ei ciclo de vida comprende: los huevos, el estado larval, un estadio de pupa y la etapa de adulto. Sus huevos son de 1mm, se depositan en aguas claras y estancadas, se desarrollan en 48 horas en temperaturas altas y 5 días en bajas. Resisten la desecación por meses. Las etapas de larva y de pupas son exclusivamente acuáticas. Se alimentan de materia orgánica existente en los recipientes. La etapa larval dura de 7 a 14 días, mientras la etapa de pupa dura de 2 a 3 días. En la etapa de adulto (Figura 6) el Ae es un mosquito oscuro con bandas blancas (Figura A). El macho se distingue de la hembra por sus antenas plumosas. La hembra es la que pica. Ambos sexos suelen aparearse y en veinte y cuatro horas estar listo para la picadura o absorción de sangre. Un apareo es suficiente para que la hembra continúe 136 poniendo huevos. La hembra vuela contra el viento y prefiere los humanos para picar. Es atraída por los olores y gases del huésped. La sangre absorbida provee para el crecimiento de los huevos. Una vez liberados los huevos vuelve a picar. El rango de vuelo normal es de 50 metros. Entran en reposo en sitios oscuros y tranquilos. Viven en el ambiente por unas pocas semanas. Mientras que en un laboratorio pueden vivir varios meses. Figura 6 – Imagen del mosquito Aedes aegypti a la izquierda (foto A) y Aedes albopictus a la derecha (foto B) Fuente: <https://www.google.com/search?q=fotos+del+aedes+aegypti&rlz> El Dengue El dengue es la enfermedad más importante transmitida por vectores de virus en todo el mundo por lo cual plantea una preocupación grave de salud pública en el continente Americano. El agente que causa el dengue es un Flavio virus, de los cuales hay cuatro serotipos. Este virus se transmite principalmente por el mosquito Aedes aegypti (Ae. aegypti). De acuerdo con la Organización Panamericana de la salud (OPS) el número de casos de dengue aumentaron en las Américas cinco veces entre 2003 y 2013. En 2013, había 2,3 millones de casos, incluyendo 37.705 casos graves y 1.289 muertes. En los últimos tres años, la tasa de letalidad del dengue ha sido 0.05%. La principal estrategia para controlar el Dengue en muchos países de América Latina se basa en la vigilancia y control de vectores. El dengue es una enfermedad transmitida por la picadura del mosquito Aedes aegypti y el Aedes albopictus. Este mosquito tiene que poseer el virus del dengue del cual existen 4 serotipos. El dengue fue descrito por primera vez en 1780 por Benjamin Rush en Filadelfia, Pensilvania, Estados Unidos de América. Los síntomas pueden aparecer luego de los 3 a 14 días. Esta enfermedad ha afectado a millones de personas. Actualmente es un problema Ambiente e Saúde - 137 serio de salud pública para las poblaciones del Caribe. La enfermedad del dengue existe en Puerto Rico desde cerca del año 1963. A partir de ese año las personas en Puerto Rico sufren de dengue todos los días ya que es una enfermedad endémica. El departamento de Salud de Puerto Rico y el “Centers for disease Control and prevention” (CDC por su siglas en inglés) determinaron que en Puerto Rico hubo 5 años epidémicos. Los años epidémicos fueron los siguientes: el 1994 para un total de 24,700, el 1998 para un total de casos de 17,000, el 2007 para un total de 10,508 y el año 2010 para un total de 26,766 casos. Todos estos casos se analizaron en un laboratorio y el 47% resultó positivo. Estudios previos han demostrado que el aumento en las temperaturas ha causado que la incubación de los mosquitos disminuya. Estudios realizados por el Dr. Pablo Méndez Lázaro (2014) han demostrado una correlación entre la época de lluvia y los casos de dengue en Puerto Rico. Estos datos demuestran que la temporada de dengue para Puerto Rico refleja un pico mayormente en los meses de octubre. Según el CDC, tanto el dengue como el dengue hemorrágico son causados por uno de cuatro serotipos de virus estrechamente relacionados, pero antigénicamente distintos (DEN-1, DEN-2, DEN-3 y DEN-4), del género Flavivirus. La infección por uno de estos serotipos crea inmunidad de por vida solamente contra ese serotipo, por lo cual las personas que viven en un área donde el dengue es endémico pueden contraer más de una infección por dengue en el transcurso de su vida. La enfermedad es de distribución mundial, sin embargo, es endémico de la región tropical y subtropical entre los 30 grados al norte y los 40 grado al sur del ecuador. Es endémico del sur y este de Asia, el Pacífico, el este y oeste de África, el Caribe y las Américas (GULATI et al., 2007). En Puerto Rico el dengue es considerado un problema de salud pública debido a que está presente todo el año con variaciones en la intensidad. En años donde no ocurren epidemias se reportan entre 3,400 y 7,000 casos. De la misma manera, es importante señalar que es muy difícil eliminar o controlar el vector ya que este se adapta muy bien a cualquier ambiente y se reproduce con mucho éxito en Puerto Rico. Además, tiene la habilidad de reponerse fácilmente de fenómenos naturales o intervención humana (CDC, 2009). De la misma manera los huevos tienen la habilidad de resistir la desecación y sobrevivir hasta por dos meses sin agua. Su capacidad de recuperación es tal que si por ejemplo se eliminaran todas las larvas, pupas y adultos de un lugar, la población se recuperaría en dos semanas gracias a los huevos que ya habían sido depositados (CDC, 2009). 138 En Puerto Rico los casos de dengue son informados semanalmente al Sistema de Vigilancia de Dengue del Center for Disease Control. Según los datos compilados para el año 2003 la Figura 7 y la tabla (Tabla 1) muestran claramente una tendencia al aumento de casos en los meses de septiembre y octubre que se inicia desde el mes de junio alcanzando su máximo en septiembre. Figura 7 y Tabla 1 – Número de casos de dengue por región para ele año 2003 Fuente: Sistema de Vigilancia de Dengue – CDC (2009). Al buscar las tasas de cada región se puede determinar cuáles son las regiones de salud más afectadas por el dengue. En la Tabla 2, que muestra las tasas crudas por región, se presenta el total de casos de dengue ocurridos desde el año 2003 al 2008, ajustados a la población existente en ese momento según el censo. Se puede observar que existen variaciones entre las regiones a través de los años. Sin embargo, no se debe perder de vista como en todas las regiones, excepto Fajardo, se registraron un aumento considerable en el número de casos para el año 2005. De la misma manera en el 2007 (Figura 6) ocurrió un aumento aún más drástico en el número de casos pero esta vez en todas las regiones. Se puede observar también que la región de Fajardo es la menos afectada en el 2005 pero es la más afectada en el 2007 esto se puede deber a un fallo en cuanto al controldel vector, un deterioro en la prevención o quizá un aumento en la cantidad de precipitación para esa región en específico. Es interesante notar que la región metropolitana siempre tuvo la mayor cantidad de casos de dengue sin embargo al ajustarlo a la población iguala a la región de Ponce. Tabla 1: Número de casos de dengue por región de salud para el año 2003 2003 REGION ENERO FEBRERO MARZO ABRIL MAYO JUNIO AGOSTO SEPTIEMBRE OCTUBRE NOVIEMBRE Sum Region ARECIBO 29 17 20 7 23 16 39 70 82 66 369 BAYAMON 42 39 35 26 22 49 81 124 107 82 607 CAGUAS 13 6 20 20 17 12 29 40 45 57 259 FAJARDO 7 19 21 21 22 18 7 24 15 15 169 MAYAGUEZ 27 18 36 32 27 23 45 91 65 68 432 PONCE 39 35 18 18 31 33 50 164 119 51 558 METROPOLITANA 38 35 54 31 40 39 67 115 100 113 632 Sum Mensual 195 169 204 155 182 190 318 628 533 452 3026 La grafica muestra claramente una tendencia al aumento de casos en los meses de septiembre y octubre que comienza desde el mes de junio alcanzando su máximo en septiembre Ambiente e Saúde - 139 Tabla 2 – Tasas regionales de casos de dengue por cada 100,000 habitantes Región de salud 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Arecibo 77.54 125.66 149.25 98.23 246.50 109.08 Bayamón 95.88 71.15 242.17 61.61 281.65 94.32 Caguas 44.25 57.18 81.03 76.72 191.75 69.83 Fajardo 116.36 80.09 64.70 105.69 449.80 103.55 Mayagüez 77.13 62.24 134.06 53.77 291.33 46.89 Ponce 93.16 66.65 161.63 58.28 309.61 46.74 Metropolitana 71.87 116.89 134.59 92.68 297.28 79.86 Total 576.20 579.85 967.42 546.98 2067.91 550.26 Fuente: Sistema de Vigilancia de Dengue – CDC (2009). Retomando la cartografía del dengue solo hemos podido cartografiar por regiones dee salud las tasas de prevalencia por cada cien mil habitantes (Figura 8). Cuantos vectoress han causado esta cantidad de casos es algo que ni existen datos, ni tenemos forma alguna de cartografiarlo. Por ello generalmente asumimos que si tenemos muchos casos ess porque teníamos muchos mosquitos. Pero no siempre es así, pues otras variables entrann en juego tales como la exposición de los ciudadanos, el uso de repelentes y la cantidadd de basura que hay en el vecindario. Figura 8 – Tasas del dengue por cada 100,000 habitantes, Puerto Rico, 2007 Fuente: Sistema de Vigilancia de Dengue – CDC, 2009. © José Seguinot (2009). PONCE ARECIBO CAGUAS MAYAGUEZ BAYAMON FAJARDO METROPOLITANA FAJARDO FAJARDO Tasas del dengue por cada 100,000 habitantes, Puerto Rico, 2007 Leyenda Regiones de salud 2007 192 246 282 291 297 310 450 30 0 3015 Kilometros 140 En la Figura 8 se presentan el total de casos de dengue ocurridos desde el año 2003 al 2008 según las tasas crudas existente en ese momento. En la gráfica se puede observar que existen variaciones entre las regiones a través de los años. Sin embargo, igualmente se puede ver como en todas las regiones, excepto Fajardo, se vio un aumento considerable en el número de casos para el año 2005. De la misma manera en el 2007 ocurrió un aumento aún más drástico esta vez reflejado en todas las regiones. Figura 9 – Casos de Dengue por Regiones de Salud 2003-2008 Fuente: Sistema de Vigilancia de Dengue – CDC (2009). De los análisis realizados podemos concluir que el dengue es el producto directo de condiciones climáticas donde prevalecen una alta humedad y precipitación, asociada también a altas temperaturas. Por eso el dengue siempre ha sido propio de lugares tropicales, aunque con los cambios climáticos hoy día puede presentarse en países tan templados como la Argentina. En Puerto Rico los brotes de dengue han estados asociados con años de calentamiento térmico siendo el 2005 y el 2007 los más representativos. Igualmente son los meses de julio a noviembre donde se presentan la mayor cantidad de casos. Esto coincide con nuestra época lluviosa y con el periodo donde se presentan la mayor cantidad de huracanes. Por el contrario, la presencia de frentes fríos que generalmente coincide con los meses de diciembre a febrero disminuye la posibilidad del desarrollo de condiciones que originan el mosquito transmisor del dengue. A base de la 0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Arecibo Bayamon Caguas Fajardo Mayaguez Ponce Metropolitana Ambiente e Saúde - 141 realidad que reflejan los datos estudiados para Puerto Rico podemos concluir que el dengue en definitiva es una de las enfermedades más asociadas a los cambios climáticos globales y locales y que Puerto Rico no ha sido la excepción a esta norma. El modelo cartográfico usado por el Programa de vigilancia del dengue es uno basado en la cartografía temática por regiones de salud (Figura 10). Generalmente incluye la gráfica de la tendencia a disminuir o aumentar de los casos durante los meses del año. Este modelo solo reporta la cantidad de casos por región de salud, más no proyecta índices de infestación del mosquito o tipo de vector causante de la enfermedad. Figura 10 – Modelo cartográfico del Programa de Vigilancia de Dengue (Tablas, mapas y gráficas) Fuente: <http://www.salud.gov.pr/Estadisticas-Registros-y-Publicaciones/Pages/Dengue.aspx>. El Zika El virus del Zika fue descubierto en la selva Zika que se localiza en el país africano de Uganda, específicamente, en la región de Entebbe en ese país (DICK; KITCHEN; HADDOW, 1952; KADDUMUKASA; MUTEBI; LUTWAMA; MASEMBE; AKOL, 2014). El virus fue hallado a través de un vector, en este caso, el mosquito Aedes africanus (KADDUMUKASA et al., 2014) y en los componentes sanguíneos de unos ejemplares de monos de tipo Rhesus en 1947 (DICK et al., 1952). Durante el proceso inicial de descubrimiento en la sangre de los monos Rhesus fue diferenciado de otros arbovirus como los virus que producen la fiebre amarilla y el que produce la fiebre del dengue. 142 Aunque no había sido del todo desconocido que el Zika había estado en el África tropical y también en partes tropicales de Asia oriental, aun no se pensaba que fueran cepas distintas y se desconoce cómo ocurrió estos cambios moleculares para tener al final dos cepas distintas del virus del Zika; así en Camboya y en algunos sitios de Vietnam se había registrado del virus del Zika, la cepa asiática, en las década del 1970, e incluso ya en las cercana Malasia, isla Yap e islas Micronesias (HADDOW et al., 2012; HAMEL et al., 2016; MALONE et al., 2016; RABAAN, BAZZI, AL-AHMED, AL-GHAITH; AL-TAWFIQ, 2016). No fue hasta 2007 cuando reaparece el virus de Zika en la región de las islas de la Federación de las islas Micronesia y otras, entre ellas, en la isla de Yap. El brote epidémico se dio con unos síntomas en 14 pacientes con artralgia, conjuntivitis y un eczema corporal (DUFFY et al., 2009; IOOS et al., 2014; TU-XUAN NHAN, 2015). Otras islas en específico afectadas por el virus del Zika fueron New Caledonia, Polinesias Francesas y la Islas Cook, las cuales habían estado sufriendo concurrentemente tres brotes de dengue, Chikungunya y Zika; y como vector el mosquito Aedes spp. (ROTH et al., 2014). El virus llega al continente suramericano en 2014 al 2015 y se extiende por Brasil. La transmisión “autóctona” del Zika fuera del continente africano y de las islas del Pacífico tomó por sorpresa a la comunidad científica debido a la previa ausencia de episodios epidémicos en este continente y por la poca información científica relacionada al mismo (HAMEL et al., 2016). En 21 de octubre de 2015, la Organización Mundial para la Salud (OMS) y la Organización Panamericana de la Salud (OPS) reportaron en un comunicado de vigilancia a respuestade emergencias que lee que el extraño entonces virus del Zika había llegado a Brasil y detectado también en Colombia (“Emergencies preparedness, response Zika virus infection – Brazil and Colombia,” 2015). Esta es la primera vez históricamente que el virus del Zika había llegado al continente de las Américas. A partir de ese momento, el virus del Zika tomó una dirección ascendente, viajando con el vector A. Aegypti ha todo el continente y luego a las Antillas Menores, Antillas Mayores, América Central y finalmente a los Estados Unidos de América con la Florida como el primer estado en anunciar contagios locales autóctonos en el verano de 2016. En el caso de los EE.UU. Cabe explicar, que si tomamos la prioridad comenzando no por los estados sino por sus territorios entonces el territorio norteamericano de Puerto Rico detectó el virus del Zika de forma autóctona en el mes de diciembre de 2015. Ambiente e Saúde - 143 Las vías de transmisiones sexuales es particularmente importante para las mujeres en edad de embarazo, pues el Zika puede pasar la barrera cordón umbilical y placenta y allegar al feto en desarrollo (GRISCHOTT et al., 2016). Se cree que se aloja en las células umbilicales llamadas fibroblastos (MALONE et al., 2016; Rabaan et al., 2016) que migran luego a los tejidos fetales, de ahí puede recorrer los tejidos nerviosos-neurológicos en desarrollo del feto o del embrión según sea la semana del contagio. Se ha visto que mientras más temprano es el contagio de la madre embarazada, es decir en las primeras semanas que componen el primer trimestre de embarazo, mayor es el daño neurológico podría presentar el feto y mayor sería un cuadro de sufrir la madre un aborto espontáneo (“Correspondence Prolonged Shedding of Zika Virus Associated with Congenital Infection,” 2016; Soares de Oliveira-Szejnfeld et al., 2016). Recientemente, se ha ido comprobando que otro vehículo de transmisión no arbórea del Zika es a través de la sangre, en especial en los bancos de sangres o de alguno de sus componentes y en hombres con sangre en la esperma (“Emergencies preparedness, response Zika virus infection – United States of America - Puerto Rico,” 2016; Rabaan et al., 2016; Soares de Oliveira-Szejnfeld et al., 2016; Tu-Xuan Nhan, 2015). En los EE.UU, incluyendo a Puerto Rico, se está cribando y analizando toda donación de toda sangre a nivel de todas las jurisdicciones sanitarias para la detección del virus y evitar su transmisión por este modo (RASMUSSEN; JAMIESON; HONEIN; PETERSEN, 2016). En cuanto a la sintomatología específica del virus del Zika se destaca que un 80% de los infectados no presenta ninguna sintomatología según el CDC. De los infectados y que sí presentan síntomas se menciona que a partir del período de incubación, determinado como desde que el virus accede por las distintas vías de transmisión mencionadas, más comúnmente la vía del vector mosquito, tarda desde 3 a 12 días en presentarse según el CDC. Entre las mismas es una fiebre moderada, menor que la fiebre causada por el dengue, muy parecida a la fiebre de otros arbovirus; incluyen además eczema maculopapular, mialgias, artralgias, dolor de cabeza y una conjuntivitis o dolor retro-ocular (MAcNAMARA, 1954). Los síntomas van desapareciendo en su totalidad alrededor de 2 semanas. Sin embargo, luego de estas dos semanas de remisión de síntomas, en adultos se ha visto un inusual aumento de casos del raro síndrome de Guillain-Barré en las zonas afectadas por esta epidemia comenzándose a detectar inicialmente en las islas Micronesias y Brasil subrayado en (CAYLÀ et al., 2016). También se vio un aumento inusual en casos de microcefalia en fetos infectados en su primer trimestre el cual es tan severo que levantó la alarma de la OMS en febrero de 2016 (PLOURDE; BLOCH, 2016). 144 El virus del Zika en Puerto Rico, transmitido principalmente por el vector Ae. aegypti, había llegado para el mes de noviembre de 2015 con el caso confirmado en la semana epidemiológica 1 para el 2016, el 31 de diciembre de 2015, por las autoridades del Departamento de Salud de la isla en coordinación con los Centros de Enfermedades y Control en Atlanta (CDC)(“Emergencies preparedness, response Zika virus infection – United States of America - Puerto Rico,” 2016). Hasta la semana epidemiológica número 40, el Departamento de Salud de Puerto Rico había comunicado públicamente que había 29,755 casos confirmados de Zika en Puerto Rico, y de esa población habían 2,313 mujeres embarazadas. A la vez, en esa misma semana, el Departamento de Salud de Puerto Rico comenzó a divulgar activamente el Sistema De Vigilancia Activa del Zika en embarazos (SVAZE). Este sistema será útil para detectar o darle de forma regular seguimiento a los bebés que nazcan de estas madres en su desarrollo hasta que cumplan un año de edad, en algunos casos, hasta que tengan edad pre-escolar. SVAZE está consiente que habrá casos graves de microcefalia severa por infección de Zika, y peor aún, daños neurológicos desarrollados, que no son visibles ni medibles al momento de que nazcan todos los bebés expuestos al Zika. Según el autor Nishiura la probabilidad estimada de que un bebé tenga microcefalia severa en una madre con infección de Zika en sus primer trimestre puede ser de hasta un 30%, menor que una mujer infectada con rubeola y no haya sido inmunizada. Pero hasta el momento, no se conoce ninguna vacuna para inmunizar a la población por este virus aunque se están realizando diferentes investigaciones clínicas de vacunas en Puerto Rico como se menciona en (JIMENEZ; SHAZ; BLOCH, 2016). En el año 2016 se reportaron unos 70,957 de los cuáles 38,461 fueron confirmados como casos positivos. De estos 3,050 eran casos de mujeres embarazadas. De ellas 316 tuvieron que ser hospitalizadas y 5 fallecieron. Se reportaron 68 caos de que sufrieron el síndrome Guillain Barré. Las regiones de salud más afectadas fueron Ponce, San Juan y Bayamón. El modelo cartográfico de la representación de los casos del Zika sigue el mismo patrón que con los casos de dengue. Este analiza el número de casos por regiones de salud y presenta de forma temática las regiones y municipios con mayor y menor número de afectados (Figura 11). Ambiente e Saúde - 145 Figura 11 – Modelo cartográfico para la Vigilancia del Zika para la Región de Salud de Arecibo con Tablas y Mapas Fuente: <http://www.salud.pr.gov/Estadisticas-Registros-y-Publicaciones/Pages/Reporte-de-Zika-por-Municipios.aspx>. El Chikungunya La fiebre chikungunya es una enfermedad viral emergente descrita por primera vez durante un brote en el sur de Tanzania en 1952. Desde entonces ha infectado a millones de personas en el mundo y sigue causando epidemias en varios países del sudeste de Asia, África y Oceanía (Figura 12). A finales de 2013, fue introducida en la región de las Américas donde ya ha ocasionado epidemias importantes en diferentes países. La fiebre Chikungunya es una de las denominadas enfermedades “olvidadas” o “desatendidas”, que empezaron a remerger debido a factores determinantes como el cambio climático, la mutación viral, la urbanización desorganizada con acceso deficiente a fuentes de agua que obliga a almacenarla en recipientes mal tapados o dejados a la intemperie, la diseminación de los vectores y el desplazamiento de las personas en el mundo. El Chikungunya ha provocado un impacto a nivel económico y social, principalmente en la calidad de vida de la población. Las muertes relacionadas a la infección Chikungunya son raras, pero la mayoría de los individuos afectados presentan secuelas a largo plazo. 146 Uno de los efectos más significativos del cambio climático hoy día es el aumento de las enfermedades por vectores como el dengue, la malaria, fiebre amarilla y Chikungunya. Éste último es de las más recientes epidemias a nivel mundialque ha provocado la preocupación de muchos (Revista Virtual REDESMA Cambio climático y las enfermedades transmitidas por vectores: el análisis). Además, se ha corroborado que el clima influye en los vectores de enfermedades de muchas maneras, desde el control de la duración de su ciclo de vida hasta sus condiciones de reproducción (SciDev, 2014). Incluso, el calentamiento global ha permitido que los vectores se propaguen en áreas donde anteriormente no eran capaces de vivir (SciDev, 2014) e incide directamente en la duración e intensidad de los brotes de enfermedades (IZE, 2007). Por otro lado, la vulnerabilidad de la población a los efectos de los eventos climatológicos extremos está aumentando debido al crecimiento acelerado de la población, al aumento en los asentamientos humanos y la pobreza persistente (IZE, 2007). Los vectores de sangre fría como los mosquitos son extremadamente sensibles a los efectos directos del clima como temperatura, patrones de precipitación y viento, ya que influyen en su comportamiento, desarrollo y reproducción. Si el cambio climático aumenta la longevidad, aumenta la reproducción, aumenta la frecuencia de piquetes de estos insectos en la población o altera sus rangos de distribución, puede ocurrir un aumento en la cantidad de gente infectada (IZE, 2007). La palabra “Chikungunya” proviene de la lengua africana makonde, que significa “doblarse” en alusión a la postura encorvada que tienen los pacientes por el dolor. Este virus fue detectado por primera vez en Tanzania, África en 1952 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS, 2014). A finales del 2013, se detectó por primera vez en islas del Caribe (OMS, 2014). A partir de 2004, se han reportado brotes intensos y extensos alrededor del mundo. En 2007 el virus ocasionó un brote en Italia, en la región de Emilia-Romagna por viajeros que regresaron a Italia luego de visitar África (OMS, 2014). La fiebre chikungunya es un virus ARN que pertenece al género Alfavirus de la familia Togaviridae. Se caracteriza por la aparición súbita de fiebre alta, generalmente acompañada de dolores articulares, dolores musculares, dolor de cabeza, náuseas, vómitos, cansancio extremo y diarrea (OMS, 2014). Algunos pacientes se recuperan rápidamente, pero la mayoría padece estos fuertes dolores por varios meses, incluso años. Dicha enfermedad es transmitida al ser humano por mosquitos infectados de la familia Aedes como el Aedes albopictus y Aedes aegypti. La enfermedad suele aparecer entre 4 y 8 días después de la picadura del mosquito infectado (OMS, 2014). Ambiente e Saúde - 147 Figura 12 – Mapa Mundial de Países con Chikungunya Fuente: <https://www.cdc.gov/chikungunya/geo/index.html> El Aedes aegypti y Aedes albopictus son el mismo mosquito que produce la enfermedad del dengue y por lo general pican bien temprano en la mañana o en altas horas de la tarde (OMS, 2014). El Aedes aegypti se encuentra mayormente en las zonas tropicales y subtropicales. A diferencia del Aedes aegypti, la especie Aedes albopictus tiene la capacidad de prosperar en varios tipos de ambientes que le sirven como criaderos, tales como cáscaras de coco, vainas de cacao, tocones de bambú, huecos de árboles, además de depósitos artificiales como neumáticos de vehículos, entre otros (OMS, 2014). Esta diversidad de hábitats explica la abundancia de Aedes albopictus en zonas rurales y periurbanas y en parques urbanos sombreados. Por otro lado, Aedes aegypti está más estrechamente asociado a las viviendas y tiene criaderos en espacios interiores, por ejemplo en floreros, recipientes de agua y tanques de agua en baños, además de los mismos hábitats exteriores artificiales que Aedes albopictus (OMS, 2014). Países y Territorios donde el Chikungunya ha sido Reportado en el Año 2014 Lugares de transmisión reciente o pasada del Chikungunya https://www.cdc.gov/chikungunya/geo/index.html 148 El Aedes aegypti presenta hoy en día una distribución mundial en los trópicos (CERDA et al., 2008). Su creciente expansión no solamente ha ocurrido a consecuencia de la existencia de climas progresivamente más cálidos y húmedos, si no también promovida por una creciente urbanización no planificada, especialmente en países en vías de desarrollo, cuyas ciudades ofrecen hábitats idóneos para el desarrollo de larvas de mosquitos. Tal es la situación en América Latina, donde un número considerable de personas viven en comunidades altamente urbanizadas, con redes sanitarias deficientes y medidas de control vectoriales insuficientes (CERDA et al., 2008). Tan alta concentración de personas conviviendo en espacios geográficos relativamente pequeños aumenta la masa crítica de transmisibilidad de enfermedades provocadas por Aedes aegypti (CERDA et al., 2008). Todos los individuos no infectados previamente con el virus Chikungunya están en riesgo de adquirir la infección y desarrollar la enfermedad. Se cree que una vez expuestos a la condición, los individuos desarrollan inmunidad prolongada que los protege contra la reinfección (OMS, 2014). Entre las poblaciones en mayor riesgo se encuentran los niños/as, personas de edad avanzada mayores de 65 años, mujeres embarazadas y personas que padecen otras condiciones de salud. No existe ninguna vacuna ni medicamento para aliviar el virus. El tratamiento consiste principalmente en aliviar los síntomas, entre ellos el dolor articular y fiebre con medicamentos que no contengan aspirina. Se recomienda reposo, hidratación oral y lociones a base de óxido de zinc para tratar la picazón (Figura 13). Figura 13 – Diagnósticos diferenciales del Chikungunya Fuente: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6086161/>. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6086161/ Ambiente e Saúde - 149 La principal estrategia de prevención y control es la educación. No se debe acumular agua en los recipientes exteriores, utilizar aire acondicionado, instalar telas metálicas en las ventanas y puertas, utilizar repelente de mosquito, usar ropa que cubra la piel (pantalones largos y manga larga), evitar viajar a zonas con brotes del virus y si está infectado evitar la picadura de los vectores para ayudar a prevenir una mayor propagación del virus Chikungunya. Por otro lado, es sumamente necesaria la intervención del estado para trabajar con este problema. Durante los brotes se pueden aplicar insecticidas, ya sea por vaporización, para matar los moquitos en vuelo, o bien sobre las superficies de los depósitos o alrededor de éstos, donde se posan los mosquitos; también se pueden utilizar insecticidas para tratar el agua de los depósitos a fin de matar las larvas inmaduras. Además, se deben apoyar los programas de control de vectores y cada uno de los ciudadanos aportar el granito de arena. De los aspectos positivos del tema se puede mencionar que aunque el Chikungunya es una enfermedad reciente y ha sorprendido a todos, se le está dando continuo seguimiento tanto al vector como al patógeno. La población debe hacer conciencia de que pueden seguir surgiendo nuevas enfermedades a raíz del cambio climático. Por otro lado, gracias a la investigación, existe hoy día conocimiento científico de un vector que no se le había dado tanta importancia. . Éste es un vector inmigrante que transmite enfermedades y que el ambiente le permite sobrevivir en Las Américas. Por otro lado, entre los aspectos negativos del tema se encuentra la poca documentación científica de la fiebre Chikungunya, además del gran impacto que provoca en nuestra salud debido al desconocimiento y el aumento de la vulnerabilidad del país en enfermedades no endémicas, lo que nos indica que podemos ser vulnerables a otras similares que se presenten en el futuro. Para prevenir y trabajar con enfermedades como éstas se recomienda mejor documentación, más investigación y lacreación e implantación de programas de control y prevención efectivos para todo el mundo. En el año 2015 para toda la isla de Puerto Rico se reportaron unos 1,043 de los cuáles 216 fueron confirmados como casos positivos. De éstos solo 1 persona falleció. Las regiones de salud más afectadas fueron San Juan y Bayamón. Nuevamente el modelo cartográfico, presentado por el Departamento de Salud de Puerto Rico y sostenido por el CDC, del Chikungunya se basa en un sistema de cartografía temática básica. Generalmente 150 este sistema va acompañado como se observa en la Figura 14 por una gráfica de barra que muestra la tendencia de los casos durante un año determinado. Un informe de alto valor por su contenido y representación es la Figura 15. En ella se pueden comparar las tendencias y valores de las enfermedades arbovirales (Zika, Chicungunya y Dengue). El mapa de la Figura 16 muestra estas tres enfermedades según se distribuyen a lo largo y ancho del territorio de Puerto Rico. Figura 14 – Modelo Cartográfico y gráfico para la Vigilancia del Chikungunya Fuente: <http://www.salud.gov.pr/Estadisticas-Registros-y-Publicaciones/pages/chikungunya.aspx> Ambiente e Saúde - 151 Figuras 15 – Informe de las Enfermedades Arbovirales: Dengue, Zika y Chikungunya Fuente:<http://www.salud.gov.pr/estadisticas-registros-y-publicaciones/informes%20arbovirales/forms/allitems.aspx>. http://www.salud.gov.pr/estadisticas-registros-y-publicaciones/informes%20arbovirales/forms/allitems.aspx 152 Figura 16 – Cartografía de las Enfermedades Arbovirales Zika, Chicungunya y Dengue en Puerto Rico Fuente: <http://www.salud.gov.pr/estadisticas-registros-y-publicaciones/informes%20arbovirales/forms/allitems.aspx>. CONCLUSIONES De acuerdo a la información examinada podemos concluir lo siguiente: 1. El imaginario social se relaciona con las enfermedades, específicamente con las enfermedades transmitidas por vectores porque la mayor parte de las enfermedades se transmiten o se adquieren de forma imperceptible al ojo humano. Constituyen por tanto una red de bacterias, viruses, células enfermas y vectores que solo existen en el imaginario. http://www.salud.gov.pr/estadisticas-registros-y-publicaciones/informes%20arbovirales/forms/allitems.aspx Ambiente e Saúde - 153 2. También existen enfermedades imaginarias. Los hipocondriacos representan el 5%- 9% de la población y consumen el 10%-20% de los recursos sanitarios. De acuerdo a los datos de la organización Mundial de la Salud (OMS) uno de cada tres pacientes tiene una enfermedad imaginaria. 3. Por otro lado, las enfermedades transmitidas por vectores representan más del 17% de todas las enfermedades infecciosas, y provocan cada año más de 1 millón de defunciones. 4. Los mosquitos son los vectores de enfermedades mejor conocidos. Una característica compartida por los vectores es que pocas veces podemos verles. Mucho menos podemos ver los viruses y bacterias que transmiten. Estos permanecen ocultos al ojo humano por lo cual no pueden ser cartografiados ni como sujetos-objetos, ni como entes imaginarios. 5. En la Figura 3 (Mapa de distribución del Aedes albopictus y del Aedes aegypti en los Estados Unidos, 2016) se presenta la distribución del Aedes albopictus y del Aedes agypti en los Estados Unidos. La escala y las fronteras son tan difusas que si pudiéramos hacer una ampliación seguro no sabríamos sobre que condados caen los límites. 6. Representar vectores en una escala global es aún mucho más difícil y poco práctico. Los cartógrafos optan casi siempre por las manchas o los polígonos de colores en lugar de los puntos. Esto puede apreciarse en la Figura 4 donde se representa la distribución de la Plaga a nivel mundial. 7. Existen también mapas no espaciales. Entre ellos la Figura 5 constituye un mapa conceptual de cómo entender la relación del vector (el mosquito) con otras variables sociales y ambientales. 8. En Puerto Rico el dengue es considerado un problema de salud pública debido a que está presente todo el año con variaciones en la intensidad. En años donde no ocurren epidemias se reportan entre 3,400 y 7,000 casos. 154 9. Retomando la cartografía del dengue solo hemos podido cartografiar por regiones de salud las tasas de prevalencia por cada cien mil habitantes (Figura 8). Cuantos vectores han causado esta cantidad de casos es algo que ni existen datos, ni tenemos forma alguna de cartografiarlo. 10. El modelo cartográfico usado por el Programa de vigilancia del Dengue, Zika y Chicungunya (Enfermedades Arbovirales) es uno basado en la cartografía temática por regiones de salud (Figuras 10, 11, 14, 15 y 16). Generalmente incluye una gráfica de la tendencia a disminuir o aumentar de los casos durante los meses del año. Este modelo solo reporta la cantidad de casos por región de salud, más no proyecta índices de infestación del mosquito o tipo de vector causante de la enfermedad. REFERENCIAS CAYLÀ, J.A.; DOMÍNGUEZ, Á.; VALÍN, E.R. et al. e Grupo de Trabajo Sobre Zika Del Programa de Prevención, V. Y. C. De E. T. P. D. C. De E. Y. S. P. C. La infección por virus Zika: Una nueva emergencia de salud pública con gran impacto mediático. Gaceta Sanitaria, p. 1-4, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Gaceta.2016.05.015 CERDA, J.; VALDIVIA, G.; VALENZUELA, B. et al. Cambio climático y enfermedades infecciosas: un nuevo escenario epidemiológico. Revista Chilena De Infectología, v. 25, n. 6, p. 447-452, 2008. Correspondence Prolonged Shedding of Zika Virus Associated With Congenital Infection, 2016. p. 1-3. DICK, G.W.A.; KITCHEN, S.F.; HADDOW, A.J. Zika Virus (I). Isolations and serological specificity. Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 46, n. 5, p. 509-520, 1952. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/0035-9203(52)90042-4 DEPARTAMENTO DE SALUD DE PUERTO RICO. Programa de Vigilancia de Dengue, Zika Y Chicungunya De Puerto Rico. 2017. Disponível em: http://Www.Salud.Gov.Pr/Estadisticas-Registros-Y- Publicaciones/Pages/Vigilanciadezika.Aspx#Arbov DUFFY, M.R.; CHEN, T.-H.; HANCOCK, W.T. et al. Zika virus outbreak on Yap Island, Federated States Of Micronesia. New England Journal of Medicine, v. 360, n. 24, p. 2536-2543, 2009. Disponível em: http://Doi.Org/10.1056/Nejmoa0805715 EMERGENCIES PREPAREDNESS, RESPONSE ZIKA VIRUS INFECTION – BRAZIL AND COLOMBIA. 2015. Disponível em: http://www.who.int/csr/don/21-october-2015-zika/en/#. Acesso em: 30 ago. 2016. EMERGENCIES PREPAREDNESS, RESPONSE ZIKA VIRUS INFECTION – UNITED STATES OF AMERICA - PUERTO RICO. 2016. Disponível em: <https://www.fda.gov/emergency-preparedness-and-response/mcm- issues/zika-virus-response-updates-fda>. Acesso en: 30 ago. 2016. GRISCHOTT, F.; PUHAN, M.; HATZ, C. et al. Non-vector-borne transmission of Zika virus: a systematic review. Travel Medicine and Infectious Disease, v. 14, n. 4, 313-330, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Tmaid.2016.07.002 HADDOW, A.D.; SCHUH, A.J.; YASUDA, C.Y. et al. Genetic characterization of Zika virus strains: geographic expansion of the asian lineage. Plos Neglected Tropical Diseases, v. 6, n. 2, p. E1477–7, 2012. Dispnível em: http://Doi.Org/10.1371/Journal.Pntd.0001477 Ambiente e Saúde - 155 HAMEL, R.; LIÉGEOIS, F.; WICHIT, S. et al. Zika virus: epidemiology, clinical features and host-virus interactions. Microbes and Infection, v. 18, n. 7-8, p. 441–449, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Micinf.2016.03.009 IOOS, S.; MALLET, H.P.; GOFFART, I.L. et al. Current Zika virus epidemiology and recent epidemics. Medecine et Maladies Infectieuses, v. 44, n. 7, 302-307, 2014. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Medmal.2014.04.008 JIMENEZ, A.; SHAZ, B.H.; BLOCH, E.M. Zika virus and the blood supply: what do we know? Transfusion Medicine Reviews, p. 1-10, 2016.Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Tmrv.2016.08.001 BROOKS, J. T.; OSTER, A. M.; STRYKER, J. E.; KACHUR, R. E.; MEAD, P.; PESIK, N. T.; PETERSEN, L. R. Update: interim guidance for prevention of sexual transmission of Zika virus — United States, July 2016. Disponível em: http://Doi.Org/Http://Dx.Doi.Org/10.15585/Mmwr.Mm6529e2. Acesso em: 27 jul. 2016. KADDUMUKASA, M.A.; MUTEBI, J.P.; LUTWAMA, J.J. et al. Mosquitoes of zika forest, Uganda: species composition and relative abundance. Journal of Medical Entomology, v. 51, n. 1, p. 104-113, 2014. Disponível em: http://Doi.Org/10.1603/ME12269 LEMA, I.I. Instituto Nacional de Ecología. 2007. Disponível em: http://Www2.Inecc.Gob.Mx/Publicaciones/Gacetas/367/Cambioysalud.Html. Acesso em: 21 out. 2014. LIUZZI, G.; NICASTRI, E.; PURO, V. et al. Zika virus in saliva—new challenges for prevention of human to human transmission. European Journal of Internal Medicine, v. 33, n. C, p. E20–E21, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Ejim.2016.04.022 MACNAMARA, F.N. Zika virus: a report on three cases of human infection during an epidemic of jaundice In Nigeria. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 48, n. 2, p. 139-145, 1954. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/0035-9203(54)90006-1 MALONE, R.W.; HOMAN, J.; CALLAHAN, M.V. et al. Zika virus: medical countermeasure development challenges. Plos Neglected Tropical Diseases, v. 10, n. 3, p. E0004530–26, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1371/Journal.Pntd.0004530 MÉNDEZ-LÁZARO, P.; MULLER-KARGER, F.; OTIS, D. et al. Assessing climate variability effects on dengue incidence in San Juan, Puerto Rico. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 11, n. 9, p. 9409-9428, 2014. Doi:10.3390/Ijerph110909409 MUSSO, D.; NILLES, E.J.; CAO-LORMEAU, V.M. Rapid spread of emerging Zika virus in the pacific area. Clinical Microbiology and Infection, v. 20, n. 10, p. O595-O596, 2014. Disponível em: http://Doi.Org/10.1111/1469-0691.12707 NAGAO, Y.; THAVARA, U.; CHITNUMSUP, P. et al. Climatic and social risk factors for Aedes infestation in rural Thailand. Tropical Medicine & International Health, n. 8, p. 650-659, 2003. NISHIURA, H.; MIZUMOTO, K.; ROCK, K.S. et al. A theoretical estimate of the risk of microcephaly during pregnancy with Zika virus infection. Epidemics, n. 15, p. 66-70, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Epidem.2016.03.001 OLSON, J.G.; KSIAZEK, T.G.; SUHANDIMAN, T. Zika virus, a cause of fever in Central Java, Indonesia. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 75, n. 3, p. 389-393, 1981. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/0035-9203(81)90100-0 PAHO.ORG. Chikungunya: un nuevo virus en la región de las Américas. 2014. Disponível em: http://Www.Paho.Org/Arg/Index.Php?Option=Com_Content&View=Article&Id=1343:Chikungunya-Un- Nuevo-Virus-En-La-Region-De-Las-Americas-. Acesso em: 21 out. 2014. 156 ______. Guía informativa sobre el Chikungunya. 2014. Disponível em: http://Www.Paho.Org/Dor/Images/Stories/Archivos/Chikungunya/Preguntas_Chikungunya_Mayo2014.Pdf. Acesso em: 30 out. 2014. PLOURDE, A.R.; BLOCH, E.M. A literature review of Zika virus. Emerging Infectious Diseases, v. 22, n. 7, p. 1185-1192, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.3201/Eid2207.151990 RABAAN, A.A.; BAZZI, A.M.; AL-AHMED, S.H. et al. Overview of Zika infection, epidemiology, transmission and control measures. Journal of Infection and Public Health, p. 1-9, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Jiph.2016.05.007 RASMUSSEN, S.A.; JAMIESON, D.J.; HONEIN, M.A. et al. Zika virus and birth defects — reviewing the evidence for causality. New England Journal of Medicine, v. 374, n. 20, p. 1981-1987, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1056/Nejmsr1604338 REDESMA, A.K.G.; LINDSAY, S. W.; CONFALONIERi, U. E.; PAZ, J. A. El cambio climático y las enfermedades transmitidas por vectores: un análisis regional, v. 3, n. 3, 2009. Bulletin of the World Health Organization, v. 78, n. 9, p. 1136-1147, 2000. Disponível em: http://Www.Cebem.Org/Cmsfiles/Articulos/REDESMA_08_Art03.Pdf. Acesso em: 30 out. 2014. ROTH, A.; MERCIER, A.; LEPERS, C. et al. Concurrent outbreaks of Dengue, Chikungunya and Zika virus infections – an unprecedented epidemic wave of mosquito-borne viruses in the Pacific 2012-2014. Eurosurveillance, v. 19, n. 41, 2014. Disponível em: http://Doi.Org/10.2807/1560-7917.ES2014.19.41.20929 SIROHI, D.; CHEN, Z.; SUN, L. et al. The 3.8 a resolution Cryo-EM structure of Zika virus. Science, v. 352, n. 6284, p. 467-470, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1126/Science.Aaf5316 SOARES DE OLIVEIRA-SZEJNFELD, P.; LEVINE, D.; MELO, A.S.O. et al. Congenital brain abnormalities and Zika virus: what the radiologist can expect to see prenatally and postnatally. Radiology, p. 161584–16, 2016. Disponivem em: http://Doi.Org/10.1148/Radiol.2016161584 SPECIAL REPORT ZIKA VIRUS AND BIRTH DEFECTS — Reviewing the Evidence for Causality. The New England Journal of Medicine, p. 1–7, 2016. Obtenido de: https://www.cdc.gov/ncezid/pdf/nejmsr1604338.pdf. TU-XUAN NHAN, D.M. Emergence of Zika virus. Clinical Microbiology: Open Access, v. 4, n. 5, p. 1-4, 2015. Disponível em: http://Doi.Org/10.4172/2327-5073.1000222 UPDATE: Ongoing Zika Virus Transmission — Puerto Rico, November 1, 2015–July 7, 2016, p. 1-6. Obtenido de: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/65/wr/mm6530e1.htm. YE, Q.; LIU, Z.-Y.; HAN, J.-F. et al. Genomic characterization and phylogenetic analysis of Zika virus circulating in the Americas. Meegid, v. 43, n. C, p. 43-49, 2016. Disponível em: http://Doi.Org/10.1016/J.Meegid.2016.05.004 WHO. Chikungunya. 2014. Disponível em: http://Www.Who.Int/Mediacentre/Factsheets/Fs327/Es/. Acesso em: 21 out. 2014. Ambiente e Saúde - 157 C A P Í T U L O 7 Externalidades negativas aos elementos da natureza: efeitos da precipitação pluviométrica em áreas degradadas Paulo Augusto Romera e Silva16 Renata Ribeiro de Araújo17 José Cezar Zoccal18 INTRODUÇÃO Este capítulo relata resultados da parceria do Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH/DAEE), com a Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (CODASP) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP/FCT), na instalação, em 2010, de um equipamento denominado “simulador de chuva” em Presidente Prudente (SP), sua operação e os resultados obtidos nos anos seguintes, como uma experiência de sentido didático na aproximação entre aspectos da teoria e a sua aplicação. Esse equipamento foi construído sob a orientação do CTH/DAEE e instalado na unidade da CODASP em Presidente Prudente (SP), passando a ser operado pela CODASP em conjunto com a UNESP em atividades realizadas com professores do ensino público, grupos de alunos de graduação e pós-graduação da UNESP e com grupos de produtores rurais da região, e essas atividades realizadas tiveram como foco: i) demonstrar a importância da preservação da cobertura vegetal do solo; ii) mostrar forma do surgimento da erosão; iii) mostrar em observação direta o impacto da chuva no solo; e iv) permitir a visualização experimental de um conjunto de processos que envolve o desequilíbrio provocado pelo escoamento das águas das chuvas pela superfície do solo, na ausência da cobertura e proteção do solo pela vegetação. Pelo lado da CODASP, essas atividades buscaram difundir junto a produtores rurais da região, a importância da conservação de estradas rurais de terra, como elemento de impacto no ambiente, quando o seu leito se torna o canal de escoamento das águas das chuvas, sendo grande parte delas destruídas e inutilizadas em épocas de chuvas pela 16 Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), São Paulo, Brasil. E-mail: romera948@gmail.com 17 ProfessoraAssistente Doutora Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) de Presidente Prudente, São Paulo, Brasil. E-mail:renata.r.araujo@unesp.br 18 Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (CODASP), São Paulo, Brasil. E-mail: jczoccal@gmail.com 158 ausência de dispositivos de dissipação e de infiltração dessas águas. Resultados disso, dentre outros: erosão com a inutilização da via de transporte, prejuizos sociais, prejuízo econômico para as atividades de produção rural e severos prejuízos ambientais com o assoreamento de canais naturais e a alteração da qualidade da água de uso humano e rural. Pelo lado da UNESP/FCT, essas atividades buscaram difundir a importância dos conceitos relativos ao ciclo hidrológico, fazendo com que a abordagem em sala de aula deixasse de ser uma descrição teórica, para absorver diretamente o manejo simulado de variáveis do ciclo hidrológico, aspectos do manejo relacionados à gestão e preservação ambiental, estabelecendo assim uma ligação direta entre a teoria e o exercício da prática da gestão ambiental e dos recursos hídricos. Pelo lado do CTH/DAEE, que projetou e desenvolveu a construção do equipamento, bem como a calibragem da chuva considerada mais conveniente para a finalidade didática do experimento, essas atividades buscaram estabelecer regras para trabalhar com unidades hidrológicas (precipitação intensa, escoamento superficial, infiltração em diferentes tipos de cobertura de solo), interpretando ensinamentos de “Lições de Hidrologia” (LENCASTRE, 2005) sobre tipos e coberturas de solo para o manejo do regime hidrológico de bacias hidrográficas. Dessa forma, este artigo procura descrever o equipamento, o formato desenvolvido para as atividades didáticas realizadas pelos parceiros envolvidos, e as conclusões relevantes que resultaram da experiência desse uso multi-institucional que, pela dificuldade da percepção direta de boa parte dos fenômenos envolvidos (enchentes, inundações, erosão, assoreamento, deslizamento de encostas, etc.) em situações de calamidades do mundo real, enquadram-se como educação para riscos. Aspectos relacionados à fundamentação conceitual Diante do anseio de oportunidades de ganhos, como impulso positivo da sociedade na busca do desenvolvimento e de melhor qualidade de vida, a abordagem ambiental tornou-se um excelente instrumento para percepção, reconhecimento, e para o entendimento das interdependências existentes entre os múltiplos elementos desse sistema ambiental. Ambiente e Saúde - 159 A identificação dessas interdependências tem permitido a ampliação dos conhecimentos para uma avaliação de riscos e das consequências das intervenções ambientais, ao longo de toda a história da humanidade considerada apenas como “custos”, e que começam a ser percebidas como a garantia da continuidade dos benefícios pretendidos no uso dos recursos naturais renováveis. A esse processo deu-se o nome de sustentabilidade e procura-se representar de forma conceitual. A “SITUAÇÃO LIMITE” representa o ponto crítico da menor condição de produtividade que possa ser obtida em determinado local, com a utilização dos recursos naturais ali disponíveis. Essa condição de produção denominada de “SITUAÇÃO LIMITE” existe sempre e, dependendo da condição de uso, preservação e exploração, poderá ser alcançada de forma lenta e pouco perceptível ao longo do tempo. Assim, os fatores de risco que vão se acumulando com a lixiviação do solo, com o surgimento de processos erosivos no solo, com a baixa recarga do lençol freático, com o carreamento dos nutrientes do solo pelas águas das chuvas, vão provocando redução gradual da produtividade. Em consequência, em certo momento, quando essa “SITUAÇÃO LIMITE” é alcançada, deixa de existir as condições mínimas de retorno socioeconômico para que o produtor mantenha suas atividades no campo. As diferentes situações de uso de recursos naturais são demonstradas por meio das Figuras 1 (situações “A”) e Figura 2 (situações “B”). Nessa evolução lenta e gradual, a curva da “Situação A”, apresentada na Figura 1, procura representar o tipo de processo de visão da exploração econômica em que os recursos naturais (solo, água, nutrientes do solo, produtividade), necessários para atividades de produção, são exauridos por não haver condições de preservação para o equilíbrio de reposição natural. Nessa situação, ao longo do tempo de exploração: os custos de produção aumentam, diminui a rentabilidade do produtor, a terra degradada perde valor para produção. Figura 1 – Exploração econômica da terra, maior necessidade de subsídios externos ao sistema e aumento de custos Fonte: autores (2018). 160 Nessa visão, a preservação ambiental é ignorada como condição de equilíbrio, gerando outros riscos para o ambiente e, em grande parte desses casos, esse padrão de exploração chegou a exigir o abandono da produção e até do local, quando a substituição da cultura não foi possível. Já a curva da “Situação B”, apresentada na Figura 2, representa a visão da sustentabilidade ambiental, em que os recursos naturais (solo, água, nutrientes do solo, produtividade), são mantidos por processos de preservação natural, garantindo assim maior continuidade da produção com menores riscos e com retorno para o produtor por tempo bem mais longo. Figura 2 – Sustentabilidade ambiental, menor necessidade de subsídios externos ao sistema e menor custo Fonte: autores (2018). A comparação das duas formas de visão, Figuras 1 e 2, tem mostrado nas últimas décadas que a análise conjunta associada garante para a visão da sustentabilidade ambiental a redução de riscos sociais e ambientais, pela garantia de retorno em produtividade por longo tempo. Um exemplo de relevância internacional dessa visão da sustentabilidade ambiental, hoje bastante consolidado e reconhecido, é mantido e operado pela Itaipu Binacional na Região Sul do Brasil. Por meio do Programa Cultivando Água Boa; mantido com recursos dos royalties da geração de energia criados pela Lei Federal 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Este programa foi implantado e é realizado na área denominada Bacia Paraná III, enquadrada no Sistema Brasileiro de Informações Hidrológicas da Agência Nacional de Águas (ANA/BRASIL), e está situada na vertente leste, do Rio Paraná, região oeste do Estado do Paraná, com área total de 8.389 km2, e que abrange 28 municípios na margem brasileira do lago da Barragem de Itaipu. O “Programa Cultivando Água Boa” incentiva, apoia e acompanha ações de agricultura familiar nessa parcela do oeste do Estado do Paraná que constitui a bacia de contribuição para a margem esquerda do lago dessa barragem, envolvendo: conservação e recuperação do solo, controle na destinação de resíduos da produção rural e incentivos diretos para a recomposição de áreas de preservação permanente no entorno do lago, ampliando sob as mais variadas formas, as alternativas de permanência desses produtores em suas respectivas áreas rurais de produção. Ambiente e Saúde - 161 Como consequência positiva desse programa, além dos benefícios sociais e econômicos que mantêm a expectativa de vida futura bastante positiva e de baixos riscos para as famílias e produtores rurais estabelecidos nessa região (sustentabilidade da atividade econômica de natureza agrícola), ocorreu a recente atualização das condições de assoreamento do lago da barragem de Itaipu, realizada pela Itaipu Binacional, que mostrou um aumento da projeção da vida útil do volume útil do reservatório nesses anos: dos 75 anos previstos inicialmente na época da implantação da barragem em 1975, para 250 anos em 2012 (FGV, 2012). Em razão da incorporação do conceito de sustentabilidade ambiental, por meio de atividades continuadas de conservação do solo nessa região, o Sudeste e o Sul do Brasilterão a garantia do fornecimento e uso de energia elétrica, pela maior hidroelétrica do planeta, por mais 180 anos, muito além do que era previsto pelos critérios tradicionais de engenharia na época da construção dessa barragem. Essa informação tem uma relevância fantástica para demonstrar as vantagens da ampliação dos nossos conhecimentos, com a identificação de interdependências entre elementos do sistema ambiental, permitindo uma avaliação mais objetiva entre riscos e consequências, passando a ser tratadas como a garantia da continuidade dos benefícios que os recursos naturais renováveis podem possibilitar para a sociedade. Esse mesmo conceito, aplicado de forma específica ao estudo das intervenções humanas no ciclo da água por Drew (2011), no texto “Processos interativos homem-meio ambiente”, destaca de forma bastante adequada diferentes níveis de riscos e possíveis impactos decorrentes dessas intervenções humanas no sistema ambiental, com seus reflexos no regime hidrológico dos cursos d’água e no meio físico da bacia hidrográfica em que ocorre o escoamento e a armazenagem hídrica nas várias etapas do ciclo hidrológico. A Figura 3 destaca as etapas do ciclo hidrológico que, segundo Drew (2011), apresentam os maiores pesos de impactos das intervenções decorrentes do uso do solo. Destacam-se ainda na Figura 4 as linhas de inter-relações entre esses elementos e os demais, mostrando não existir isolamento entre eles e que os impactos em elementos diretamente atingidos pela intervenção humana provocam diversos reflexos em outras partes do sistema ambiental. Alguns aspectos relevantes dessas interrelações dizem respeito: à identificação da unidade “bacia hidrográfica” como parcela do território em que é possível dimensionar monitorar transferências e depósitos próprios da água que nela circula; 162 à água como elemento em movimento nesse sistema, cuja alteração nas condições de equilíbrio natural – em grande parte provocadas por atividades humanas – faz com ela seja fator gerador de impactos; e por outro lado, já são bem conhecidas das ciências agrárias diversas tecnologias como, terraceamento, construção de curvas de nível, plantio direto, cobertura morta e outras, como alternativas que favorecem a infiltração da água das chuvas no solo, a recarga do lençol freático e o aumento do tempo de permanência da umidade e dos nutrientes na zona produtiva do solo. Figura 3 – Representação do ciclo hidrológico com o destaque a impactos de intervenção humana Fonte: adaptado de Drew (2011). Ambiente e Saúde - 163 Conforme já conceitualmente destacado e apresentado pela Figura 4, a água, pela sua movimentação no ciclo hidrológico, caracteriza-se quase sempre como elemento determinante de diversos processos que podem tanto fortalecer quanto destruir o potencial produtivo do solo. Figura 4 – Causas do uso do solo e suas consequências no ambiente Fonte: Zoccal (2016). Alguns exemplos bastante reconhecidos desses processos, que têm gerado crescentes impactos e custos para as mais diferentes atividades humanas, são listados a seguir: 164 erosão do solo e do leito de estradas; assoreamento de cursos d’água; assoreamento de reservatórios e redução do seu volume útil; lixiviação do solo pela água em excesso; alteração do equilíbrio água-solo-oxigênio com influência na produtividade agrícola; redução de processos naturais de infiltração, pela ausência de cobertura vegetal; água em falta no solo, pela redução da infiltração; cheias alteradas pela ausência de processos de conservação no uso do solo; aumento da temperatura do solo pela ausência de proteção de cobertura natural; redução da recarga do lençol freático pela redução da infiltração; o reservatório do freático como fonte natural de abastecimento do rio na estiagem; alteração do regime hidrológico do rio como água de uso na bacia; escassez ou ausência de água corrente em épocas de estiagem; outros processos de alteração natural que afetam atividades humanas. Esse conjunto de processos, todos contínuos e inter-relacionados na unicidade do sistema ambiental, mostra que mesmo que a ação humana não ocorra diretamente no sistema hidrológico, os riscos e as consequências dessas intervenções poderão ter influência na condição do regime natural do curso d’água e nas condições do solo. Dessa forma, fica caracterizado o aprendizado para a percepção de condições do ambiente como competência necessária para ações de prevenção ambiental, com especial destaque neste artigo, para situações de evolução lenta e progressiva ao longo do tempo, evidenciando que o conhecimento e a capacidade análise de informações são determinantes para decisões prévias que possam ser tomadas para o controle e redução de riscos (VEYRET, 2007). Descrição do equipamento e instalação Nessa atitude de trabalhar com educação para a percepção e redução de riscos, o equipamento denominado “Simulador de Chuva”, implantado na unidade da CODASP em Presidente Prudente, São Paulo, Brasil, é apresentado na Figura 5 com uma visão geral do equipamento e um paralelo entre cada componente do equipamento e cada elemento correspondente no ambiente natural. Ambiente e Saúde - 165 Figura 5 – Visão geral do “Simulador de Chuva” e comparação com os elementos correspondentes no ambiente natural NO EQUIPAMENTO NO AMBIENTE Dispositivo pingador Nas nuvens A condensação da água e precipitação Caixas sobre as quais escoa água do dispositivo pingador Superfície do relevo aonde chega a água das chuvas Caixas com coleta da água na superfície Água do escoamento superficial Caixas com coleta da água infiltrada no fundo Água infiltrada como recarga do lençol freático Fonte: autores (2018). Cada um dos componentes do equipamento “Simulador de Chuva” é descrito abaixo com alguns aspectos construtivos de relevância. O “dispositivo pingador” realiza a função da condensação da água na atmosfera que provoca a precipitação O dispositivo pingador contém fontes alimentadoras externas de água e energia, e quanto à vazão de trabalho, foi dimensionado para uma descarga equivalente a uma chuva de 1,1 mm/min de intensidade, que corresponde à precipitação com a probabilidade de ocorrência de uma vez a cada 100 anos (Tempo de Retorno de 100 anos). Essa peça tem o formato de uma grelha nas dimensões 1,21 m (largura) por 1,00 m (profundidade) e o volume dos tubos é totalmente preenchido de água durante o funcionamento, para que o dispositivo pingador trabalhe sob pressão, com descarga (controlada e conhecida) preestabelecida. Já quanto à duração da chuva, para a realização das atividades, optou-se por um tempo de 10 minutos. O dispositivo pingador conta ainda com uma ligação de tubo flexível, entre as partes superior e inferior e um equipamento vibrador fixado à parte inferior, que permite a dispersão da água, enquanto descarregada, para que a descarga de água se assemelhe à situação real da chuva. 166 Quanto ao material construtivo, esse dispositivo pingador foi construído em tubos PVC e para as saídas d’água foram utilizados dispersores comuns de para-brisa de automóvel (Foto 1). Foto 1 – Dispositivo pingador, construído em PVC e dispersores de para-brisa de automóvel Fonte: autores (2018). As caixas de solo correspondem à superfície do relevo aonde chegam as águas das chuvas, para escoar pela superfície ou infiltrar no solo O equipamento simulador de chuva foi montado para trabalhar com pares de caixas com diferentes situações de coberturas da superfície, sendo uma delas com cobertura vegetal e outra com o solo nu (desprotegido), de modo que se possa observar e comparar a diferença de efeitos, com a mesma chuva, sobre os diferentes tipos de superfícies, sendo que cada caixa tem uma superfície superior abertade 0,60 m2. As caixas estão apoiadas sobre estruturas de aço que permitem variar a inclinação da caixa, para simular a declividade considerada crítica para o escoamento da água na superfície, tendo sido considerada mais adequada, para as atividades demonstrativas a declividade de 20%. Quanto ao material construtivo, as caixas de solo são de plástico rígido, compostas por camadas sucessivas de solo, areia, pedra e uma grelha de metal que mantém o fundo livre para o escoamento da água que chegue ao fundo (Foto 2). Assim, as caixas de solo contam com um fundo vazio para que a água, que infiltra no solo, possa escoar para ser coletada pelos tubos de saída situados no fundo de cada caixa. Ambiente e Saúde - 167 Foto 2 – Caixas de plástico rígido, pronto para a finalização da montagem do experimento Fonte: autores (2018). Dessa forma, a água que cai e escoa pela superfície, representa a parcela do escoamento superior direto da chuva, enquanto a água que infiltra no solo representa a parcela que contribui para a recarga do lençol freático, ou seja, na realização das atividades demonstrativas existem 4 pontos de coleta de água para observação e/ou medição, sendo duas saídas nas partes superiores e duas saídas nas partes inferiores das caixas. Calibragem do equipamento Sendo esse “Simulador de Chuva” um equipamento que procura reproduzir uma situação real do meio físico para observação, a condição da chuva utilizada nas atividades foi previamente dimensionada para uma condição de risco, tendo sido adotada para operação do equipamento uma chuva do Posto de Registro da Rede Hidrológica do Estado de São Paulo (CTH, DAEE/SP, 1999) do município de Martinópolis (SP) (Lat. Sul: 22º 15’ e Long. Oeste: 51º 10’) (Tabela 1). 168 Tabela – Valores de precipitações intensas para tempo de retorno (TR) de 5 a 100 anos, relativas ao período de 1974 a 1994, no município de Martinópolis – SP Fonte: autores (2018). Tal posto é o de localização mais próxima da localidade onde o equipamento foi instalado, dispondo de registros de informações de precipitações intensas para tempo de retorno (TR) de 5 a 100 anos, relativas ao período de 1974 a 1994. Para as atividades de simulação do equipamento foi escolhido um evento com duração de 10 minutos, associado à probabilidade de 1%, que corresponde à probabilidade de uma vez a cada 100 anos (TR = 100 anos), por ser essa a condição adotada pela CODASP no dimensionamento de projetos de terraceamentos, em atividades de conservação de solo. Dessa forma, a precipitação assumida para a simulação foi a de 2,992 mm/min, conforme Tabela 1, equivalente a 2,992 litros/m2.min. Com base nessa informação, foi regulado o dispositivo pingador do simulador de chuva para uma vazão de 3,6 litros/min, já que a área de descarga do dispositivo pingador (e das duas caixas do equipamento) é de 1,2 m2, e dessa forma procurou-se garantir que a água descarregada, sob a forma de chuva, sobre as duas caixas do equipamento fosse a mesma. A Foto 3 apresenta o procedimento adotado na etapa de medição de vazão, para a calibragem do dispositivo pingador. Ambiente e Saúde - 169 Foto 3 – Procedimento adotado na etapa de medição de vazão, para a calibragem do dispositivo pingador Fonte: autores (2018). Descrição das atividades realizadas O “Simulador de Chuva” foi concebido como um experimento lúdico, de sentido científico (ALVES, 2011), com a finalidade de permitir que os usuários pudessem utilizá-lo de duas formas: a) uma alternativa simples, onde apenas assistam ao seu funcionamento ou; b) uma alternativa avançada, apresentada na Figura 6, na qual os participantes se distribuem em tarefas para operar diretamente a atividade, com a abordagem didática que lhes seja proposta, por meio da qual podem avaliar e comparar os efeitos da chuva precipitada sobre diferentes tipos de cobertura de solo. Com isso, após vários testes, o formato considerado mais apropriado para a realização de uma atividade nesse equipamento foi estabelecido com os seguintes critérios: a) “chuva simulada” com a duração de 10 minutos; b) troca de copos (conforme PASSO 1) a cada 15 segundos nos 4 pontos de coleta. 170 Figura 6 – Passos da alternativa avançada, no qual os participantes se distribuem em tarefas para operar diretamente a atividade PASSO 1 - Coleta de água nos 4 pontos PASSO 2 – Troca de copo e transporte para a bancada PASSO 3 - Alinhamento dos copos na bancada Fonte: autores (2018). Ao final da simulação serão 40 copos, de cada ponto de coleta, alinhados numa bancada, que passam a funcionar como se fossem 40 pontos de uma curva (Tempo X Vazão) representando as variações da quantidade de água em cada instante de coleta, ao longo dos 10 minutos da duração da chuva. Para isso, a equipe de participantes é distribuída entre as diversas tarefas para a realização da atividade: é provocada uma chuva com duração de 10 minutos; troca de copo, a cada 15 segundos, em cada coleta; coleta de água do escoamento SUPERFICIAL na caixa SEM cobertura vegetal; coleta de água do escoamento INFILTRADO na caixa SEM cobertura vegetal; coleta de água do escoamento SUPERFICIAL na caixa COM cobertura vegetal; coleta de água do escoamento INFILTRADO na caixa COM cobertura vegetal; com duas pessoas, para as trocas de copos, em cada ponto de coleta de água. Ambiente e Saúde - 171 RESULTADOS DA ATIVIDADE Ao final dos 10 minutos da “chuva simulada” no equipamento obtém-se a visualização dos resultados com os copos alinhados na bancada, separadamente para cada um dos 4 pontos de coleta (Fotos 4 e 5). Foto 4 – Visualização dos resultados com os copos alinhados na bancada Fonte: autores (2018). Foto 5 – Diferença entre a quantidade e qualidade da água nos copos, resultado da simulação em um solo exposto e um solo recoberto com vegetação Fonte: autores (2018). 172 E é possível observar uma demonstração comparativa entre as situações das duas caixas: a diferença entre as quantidades de água infiltrada no solo; a diferença de quantidade de água escoada pelas superfícies do solo; a alteração da coloração da água, pelo transporte de sedimentos, na caixa sem a cobertura de vegetação para a proteção de superfície do solo; Neste contexto, o desenvolvimento e aplicação do equipamento didático para simulação de eventos de precipitação pluviométrica sobre o solo propiciaram os seguintes resultados: simular situação de chuva intensa, com a possibilidade de antecipar riscos e efeitos desse tipo de evento; permitir a percepção de aspectos negativos decorrentes do impacto da chuva no solo; pelo escoamento dessas águas na superfície e seu impacto nos demais elementos do ambiente; na ausência do equilíbrio natural; permitir a observação direta para demonstrar a importância da manutenção da cobertura vegetal do solo como prevenção de riscos de médio e longo prazo; contribuir para a conscientização no controle da vulnerabilidade de elementos da natureza para prevenção dos riscos e; facilitar a identificação de tecnologias adequadas à recomposição e recuperação ambiental. permitir, na observação direta da “fase chuva” do ciclo hidrológico, uma percepção objetiva da interrelação entre os elementos do ambiente: água-solo- vegetação; permitir a identificação de alguns efeitos provocados pelo escoamento das águas; como elemento ambiental em movimento, interagindo com os demais elementos do ambiente; quando a condição de equilíbrio natural é desfeita; permitir a análise e quantificação de alguns componentes do ciclo hidrológico, a partir da chuva, e os efeitos do escoamento superficial direto e básico, associados à existência, ou não, da cobertura vegetal do solo; contribuir, como instrumentode conscientização, para a necessidade e importância de maior atenção ao manejo e conservação adequados do solo; e contribuir para a identificação de tecnologias adequadas à recomposição e recuperação ambiental, e para o controle da vulnerabilidade de elementos da natureza. Ambiente e Saúde - 173 A observação desse experimento logo levou ao desenvolvimento e introdução, nos cursos sobre a gestão e preservação de recursos hídricos, de novas formas didáticas de expor sobre a inter-relação entre os elementos do ambiente: solo-vegetação-água. Passado algum tempo, numa exposição sobre essas questões, para técnicos da CODASP, que desenvolviam atividades de conservação do solo na manutenção de estradas rurais de terra pelo “Programa Melhor Caminho”; verificou-se que o efeito demonstrativo desse tipo de experimento era de alta sensibilidade para permitir a avaliação antecipada do potencial destruidor das chuvas. Quando o leito da estrada de terra é transformado em canal preferencial do escoamento das águas das chuvas, fica caracterizado o aspecto lúdico do aprendizado como competência necessária para a prevenção de riscos, em que o conhecimento forma a base para futuras decisões a serem tomadas. CONCLUSÕES Mesmo com as limitações que toda simulação carrega, como simplificação da realidade que deseja interpretar, enfatizando os aspectos que são determinados pelos métodos e instrumentos utilizados, como é possível avaliar pelos conceitos e relatos acima, o experimento realizado com o uso desse “simulador de chuva” tem a vantagem de permitir a percepção direta e objetiva de inter-relações entre causa e efeito em fenômeno muito comum que envolve o sistema ambiental. E as principais conclusões da análise relatada neste artigo envolvem a importância do aprendizado para a prevenção de riscos ambientais ao ampliarem a possibilidades de acesso à percepção dos fenômenos e, assim, facilitar e valorizar os alertas relacionados às medidas de prevenção que, de outra forma, estariam difusas e pouco perceptíveis no ambiente. Outra conclusão diz respeito à necessidade de se desenvolver instrumentos que nos permitam complementar informações técnicas para situações como essa, de muito interesse para a sociedade. Nesse sentido, outras iniciativas surgiram como desdobramento dessa parceria, cabendo destaque para: elaboração do Manual de Conservação e Recuperação de Estradas Rurais de Terra (ZOCCAL, 2016) como parte da Coleção Soluções da CODASP; possibilidade de tornar mais perceptível, para diversos segmentos do Comitê de Bacia do Pontal do Paranapanema, a necessidade da proteção do manancial do Rio Santo Anastácio, na mesma região, como interesse para abastecimento urbano e equilíbrio da qualidade das águas da região; 174 a inclusão no projeto “Capacitação para Preservação e Gestão de Recursos Hídricos (Contrato FEHIDRO 107/2015), assumido pela Associação de Recuperação Florestal Pontal Flora (2015), da construção de outro experimento do mesmo tipo em Presidente Venceslau, desta vez para realizar atividades com professores da rede pública e com reflorestadores; e, por fim, essa iniciativa fez surgir projetos de Iniciação Científica e de bolsa em pós-graduação pela UNESP/FCT. O relato acima e seus desdobramentos mostram o poder multiplicador de tal iniciativa, assumida pela parceria CODASP/CTH/UNESP, ao introduzir essa forma de aprendizado, como melhoria de competência para a prevenção de riscos ambientais. AGRADECIMENTOS Ao Sr. Luis Carlos Ribeiro, do CTH/DAEE; aos técnicos Edson Roberto Batista Sanches e Diego Henriques dos Santos, da Unidade Presidente Prudente da CODASP; e ao geógrafo Diogo Laercio Gonçalves, pelas contribuições importantes para o desenvolvimento e uso do simulador de chuva. Acesse o site abaixo para assistir a uma reportagem sobre essa iniciativa http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/videos/v/estudantes-conhecem-simulador-de- chuva-em-presidente-prudente/5752081/ REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Sistema Nacional de Informações Hidrográficas. Brasília, DF: ANA, 2008. ALVES, J. V. Jogos e simulações de empresas. Rio de Janeiro: Alta Books, 2015. ASSOCIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO FLORESTAL PONTAL FLORA. Capacitação para preservação e gestão de recursos hídricos (Contrato FEHIDRO 107/2015). Presidente Venceslau (SP), 2015. CENTRO TECNOLÓGICO DE HIDRÁULICA. Estudo de chuvas intensas do Estado de São Paulo. São Paulo: DAEE, 1999. DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Estudo de caso: Programa Cultivando Água Boa, Curitiba: FGV, 2012. LENCASTRE, A.; FRANCO, F. M. Lições de hidrologia. 3. ed. Coimbra: Fundação FCT, 2006. VEYRET, Y. Os riscos. São Paulo: Contexto, 2007. ZOCCAL, J. C.; ROMERA E SILVA, P. A. Adequações de erosões em estradas rurais. São Paulo: CODASP, 2016. Ambiente e Saúde - 175 C A P Í T U L O 8 Abordagem geoespacial para a análise da concentração de muscídeos sinantrópicos em uma estação ecológica, região Oeste Paulista Rogério Giuffrida 19 Rodrigo José Pisani20 Ana Paula Jorge de Carvalho21 José Sergio Costa Junior22 Marcos Vinicius Cultienski Souza23 INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA Moscas sinantrópicas são dípteros veiculadores de ampla diversidade de microrganismos patogênicos. Apresentam grande impacto sanitário para o homem, posto que disseminam agentes infecciosos e parasitários, especialmente associados a diarreias, captados em substratos contaminados utilizados para reprodução e alimentação (GRACZYK et al., 2001; LEVINE; LEVINE, 1991). Estes microrganismos podem estar aderidos a porções corpóreas da superfície externa das moscas, incluindo exoesqueleto de quitina, proboscida e patas e tubo alimentar (BARRO et al., 2006; NAZNI et al., 2005; YAP; KALPANA; LEE, 2008), ou colonizarem o tubo alimentar desses insetos, sendo expelidos conjuntamente com os peletes fecais ou secreções digestivas (DE JESÚS et al., 2004; NAYDUCH; NOBLET; STUTZENBERGER, 2002). Moscas sinantrópicas são reconhecidas como bioindicadores da qualidade ambiental dos locais onde habitam. Em ambientes insalubres, ricos em poluentes e matéria orgânica, geralmente se multiplicam em níveis acima dos tolerados por humanos e animais (CHAKRABARTI; KAMBHAMPATI; ZUREK, 2010; PIMENTEL, 2007). Em algumas regiões, o controle da população de moscas sinantrópicas tem sido associado à redução em casos de diarreia em crianças (LEVINE; LEVINE, 1991). Substratos orgânicos presentes nas fezes de animais domésticos como aves, bovinos e cães favorecem as taxas de sobrevivência de das larvas, eclosão de ovos, longevidade dos insetos adultos de espécies de moscas sinantrópicas (KHAN; SHAD; AKRAM, 2012). 19 Docente do Programa de Mestrado em Saúde Animal da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), Presidente Prudente/SP. E-mail: rgiuffrida@unoeste.br 20 Professor Adjunto do Instituto de Ciências da Natureza da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL/MG). E-mail: pisanigeo@gmail.com 21 Graduada em Medicina Veterinária pela UNOESTE. E-mail: anapaulacarvalho@hotmail.com 22 Graduado em Medicina Veterinária pela UNOESTE e mestrando em cirurgia veterinária na UNESP, campus de Jaboticabal. E-mail: jose.scj@hotmail.com 23 Graduado em Medicina Veterinária pela UNOESTE. E-mail: marcos_cult@hotmail.com 176 Substratos vegetais também influenciam na proliferação, especialmente frutas que caem no solo, normalmente em setembro, quando a população de moscas tende a aumentar (D’ALMEIDA, 1989). A expansão dos sistemas agrícolas brasileiros tem acarretado impactos ambientais importantes na Região Sudeste. Áreas de grande extensão territorial, outrora cobertas por vegetação tropical, transformaram-se em fragmentos isolados queresultam em consequências desastrosas para a população de animais silvestres (VERA Y CONDE; ROCHA, 2006). Nas bordas desses fragmentos, as alterações de microclima e contato com ambientes antrópicos acarretam os efeitos marcantes sobre a fauna e flora locais (EWERS; BANKS-LEITE, 2013; VERA Y CONDE; ROCHA, 2006), com destaque para interações entre espécies domésticas e selvagens que favorecem a introdução de patógenos exóticos em população de animais selvagens após modificações antropogênicas (BREARLEY et al., 2013; TORRES; PRADO, 2010). Em contraste, o mesmo fator contribui para a transmissão de enfermidades para animais domésticos, a partir de reservatórios silvestres, com destaque para doenças de caráter zoonótico (BENGIS et al., 2004). Existem poucos estudos acerca do papel de moscas sinantrópicas na propagação de patógenos em zonas de conservação que fazem fronteiras com áreas rurais onde se localizam criações de animais domésticos. Ao que tudo indica, moscas que transmitam em áreas de produção animal podem carrear enteropatógenos para zonas de conservação, como Salmonella, Cryptosporidium sp e Giardia sp (CONN et al., 2007; WANG et al., 2011). Dentre as ferramentas potencialmente empregadas para o estudo da dispersão de patógenos por moscas sinantrópicas, destaca-se a análise geoespacial. Este ramo da estatística quantifica a continuidade espacial da variável em estudo em modelos de interpolação espacial. Nos modelos utilizados considera-se como parâmetros, a variabilidade estrutural dos dados e a simulação estocástica para estudar a incerteza do fenômeno espacial (SOARES, 2014). Diante desse cenário, o presente trabalho tem como objetivo principal, utilizar técnicas análise geoespacial para avaliar zonas influência de moscas sinantrópicas sobre a Estação Ecológica do Mico-Leão Preto e potencial desses insetos para carrear Salmonella spp, Escherichia coli e Listeria monocytogenes. Ambiente e Saúde - 177 MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo A área de estudo está localizada entre os municípios de Teodoro Sampaio-SP e Euclides da Cunha Paulista (Figura 1), que possuem uma população aproximada de 21.395 e 9.685 habitantes respectivamente (IBGE, 2010) e distantes cerca de 670 km da capital São Paulo (Figura 1). O clima da estação ecológica é definido como Cfa, úmido em todas as estações e com verões quentes, não havendo uma estação seca (ICMBIO, 2007) . O relevo da região é composto por colinas de topos aplainados com declividades planas e suavemente onduladas. A única exceção é uma mais alta denominada “Morro do Diabo”, que está presente no Parque Estadual, evidenciando a presença de fragmentos de planaltos residuais. As áreas de uso e cobertura da terra foram compostas pelas seguintes classes: pastagens, culturas agrícolas (principalmente monoculturas de cana-de-açúcar), assentamentos rurais e remanescentes de mata nativa, com destaque para o Parque Estadual do Morro do Diabo e a Estação Ecológica do Mico-Leão Preto, com vegetações compreendidas em grande parte pela Floresta Estacional Semidecidual (ICMBIO, 2007). Figura 1 – Localização da área de estudo Fonte: os autores (2017). 178 A Estação Ecológica do Mico-Leão Preto é margeada por áreas agrícolas (monoculturas de cana-de-açúcar e pastos) e faz fronteira na Região Sudoeste com um assentamento rural (Figura 2). Figura 2 – Detalhamento da área de estudo com ênfase nas áreas de uso e cobertura da terra Fonte: Os autores (2018). Elaboração da base cartográfica O mapa foi elaborado a partir de uma imagem orbital de 14 de julho de 2013, órbita 326, ponto 094, do satélite IRS P6 (Indian Remote Sensing/Resourcesat-1) sensor LISS III (Linear Imaging Self-Scanner), obtido das bases de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A imagem foi posteriormente registrada com base na carta do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em escala de 1:50.000 a partir do método de anexação das coordenadas do cruzamento das quadrículas da carta topográfica. Utilizou- se o Datum Córrego Alegre, fuso 22 Sul, convertido para o Datum SIRGAS 2000. Foram consideradas as seguintes áreas experimentais para o presente estudo: 1 – Assentamento; 2 – Culturas agrícolas; 3 – Mata nativa; 4 – Pastagens. Ambiente e Saúde - 179 As imagens foram interpretadas visualmente a partir da rotulação de polígonos no programa ArcGIS 10.2.1 (ESRI, 2016), com validação dos dados em campo. Para aprimorar a análise visual e rotulação dos polígonos, utilizou-se uma função linear. Foram utilizadas as bandas 3 (vermelho), 4 (infravermelho próximo) e 5 (infravermelho médio). Após contrastar as bandas, gerou-se uma composição colorida no ArcGIS (função composite bands), pela técnica de vetorização de polígonos, utilizada como base das interpretações. Este método é baseado na experiência do analista, que extrai informações acerca do uso e cobertura da terra a partir de características das imagens, incluindo textura, forma, tamanho e padrões. Informações obtidas no campo também podem ser utilizadas neste processo. Captura e identificação das moscas As moscas foram capturadas com armadilhas entomológicas compostas por garrafas tipo PET, contendo iscas à base de fígado bovino no interior das mesmas (DIAS et al., 2009). Antes do uso as armadilhas utilizadas foram pintadas de preto para evitar a atração diferenciada pela cor, higienizadas, desinfetadas com álcool 70% e seladas com fita adesiva e papel (FERRAZ; AGUIAR-COELHO, 2008). Todos os pontos de coleta onde se localizavam as armadilhas foram georreferenciados para obtenção dos dados de coordenadas planas em Universal Transversa de Mercator (UTM) em X e Y. As coletas foram realizadas em três diferentes períodos (chuvoso, seco e intermediário) do ano de 2015. Foram colocadas 22 armadilhas entomológicas, fixadas em tripés de madeira a uma altura de 1,5 m, dispostas em grade regular, com distância aproximada de 1.000 metros entre os pontos de coleta e com pontos adensados com distâncias de 700 metros em regiões onde se esperam maiores associações espaciais entre as variáveis, a partir da interpolação realizada pelo método do inverso da distância ponderada (YAMAMOTO; LANDIM, 2013), principalmente nas áreas de borda da região de mata, assentamento e outros pontos escolhidos aleatoriamente da área de estudo. Após 24 horas de permanência no ponto de captura, as armadilhas foram removidas e levadas para e encaminhadas para o Laboratório de Identificação no menor tempo possível. No laboratório, as armadilhas foram congeladas em freezer a -20 oC para inativação das moscas. Após este processo, as moscas foram separadas pela similaridade física em placas de Petri estéreis, e as famílias taxonômicas identificadas com lupas em capela de segurança biológica classe II. A classificação das moscas foi realizada com base em chaves taxonômicas específicas para cada grupo (CARVALHO; MELLO-PATIU, 2008). 180 Isolamento de patógenos As análises microbiológicas foram realizadas separadamente para cada família de moscas, a partir de pools de até cinco exemplares capturados de uma mesma família de moscas. Inicialmente, o pool de moscas foi pesado e depositado em sacos plásticos vedados contendo água peptonada tamponada na proporção de 1:10 (peso/volume), onde foram manualmente maceradas e submetidas à homogeneização por 5 minutos. A massa obtida foi centrifugada a 10.000 rpm por cinco minutos para separação do material grosseiro. O sobrenadante obtido correspondeu à diluição 10-1. A seguir, foram realizadas diluições seriadas em água peptonada tamponada nas frações 10-2 e 10-3. De cada diluição foram retirados 0,1 mL para semeadura superficial em placas de Petri contendo agar cromogênico para isolamento de Escherichia coli, agar ALOA para isolamento de Listeria monocytogenes e agar