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Ambiente e Saúde - 1 Organizadores Raul Borges Guimarães Leonice Seolin Dias Silas Seolin Dias Ambiente e Saúde pensar, aplicar e agir 1ª Edição ANAP Tupã/SP 2019 2 EDITORA ANAP Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos, fundada em 14 de setembro de 2003. Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, Cidade de Tupã, São Paulo. CEP 17.605-310. Contato: (14) 99808-5947 www.editoraanap.org.br www.amigosdanatureza.org.br editora@amigosdanatureza.org.br Editoração e Diagramação da Obra: Leonice Seolin Dias; Sandra Medina Benini Revisão Ortográfica: Smirna Cavalheiro Índice para catálogo sistemático Brasil: Geografia Ambiente e Saúde - 3 Conselho editorial interdisciplinar permanente Prof. Dr. Adeir Archanjo da Mota – UFGD P Profa. Dra. Alba Regina Azevedo Arana – UNOESTE Prof. Dr. Alexandre Carneiro da Silva – IFAC Prof. Dr. Alexandre França Tetto – UFPR Prof. Dr. Alexandre Sylvio Vieira da Costa – UFVJM Prof. Dr. Alfredo Zenen Dominguez González – UNEMAT Profa. Dra. Alina Gonçalves Santiago – UFSC Profa. Dra. Aline Werneck Barbosa de Carvalho – UFV Prof. Dr. Aurelio Bandeira Amaro – UFPel Prof. Dr. Alyson Bueno Francisco – CEETEPS Profa. Dra. Ana Klaudia de Almeida Viana Perdigão – UFPA Profa. Dra. Ana Lúcia de Jesus Almeida – UNESP/PP Profa. Dra. Ana Lúcia Reis Melo Fernandes da Costa – IFAC Profa. Dra. Ana Paula Branco do Nascimento – UNINOVE Profa. Dra. Ana Paula Fracalanza – USP Profa. Dra. Ana Paula Novais Pires – UFG/Catalão Profa. Dra. Ana Paula Santos de Melo Fiori – IFAL Prof. Dr. André de Souza Silva – UNISINOS Profa. Dra. Andrea Aparecida Zacharias – UNESP Profa. Dra. Andrea Holz Pfutzenreuter – UFSC Prof. Dr. Antonio Fábio Sabbá Guimarães Vieira – UFAM Prof. Dr. Antonio Marcos dos Santos – UPE Profa. Dra. Arlete Maria Francisco – FCT/UNP Profa. Dra. Beatriz Ribeiro Soares – UFU Profa. Dra. Carla Rodrigues Santos – UNEMAT Prof. Dr. Carlos Andrés Hernández Arriagada – MICAP Profa. Dra. Carmem Silvia Maluf – Uniube Profa. Dra. Cibele Roberta Sugahara – PUC Profa. Dra. Célia Regina Moretti Meirelles – UPM Prof. Dr. Cesar Fabiano Fioriti – FCT/UNESP Prof. Dr. César Gustavo da Rocha Lima – UNESP Prof. Dr. Cledimar Rogério Lourenzi – UFSC Profa Dra. Cristiane Miranda Martins – IFTO Profa Dra. Daniela de Souza Onça – FAED/UESC Prof. Dr. Darllan Collins da Cunha e Silva – UNESP Profa. Dra. Dayana Ap. M. de Oliveira Cruz – UFSCAR Profa. Dra. Denise Antonucci – UPM Profa. Dra. Diana da Cruz Fagundes Bueno – UNITAU Prof. Dr. Edson L. Ribeiro – Unieuro – Minist. das Cidades Prof. Dr. Eduardo Salinas Chávez – UFMS Prof. Dr. Eduardo Vignoto Fernandes – UFG/Jataí Prof. Dr. Edvaldo Cesar Moretti – UFGD Profa. Dra. Eliana Corrêa Aguirre de Mattos – UNICAMP Profa. Dra. Eloisa Carvalho de Araújo – UFF Profa. Dra. Eneida de Almeida – USJT Prof. Dr. Erich Kellner – UFSCar Prof. Dr. Eros Salinas Chàvez – UFMS /Aquidauana Profa. Dra. Fátima Aparecida da SIlva Locca – UNEMAT Prof. Dr. Felippe Pessoa de Melo – Centro Univ. AGES Profa. Dra. Fernanda Silva Graciani – UFGD Prof. Dr. Fernando Sérgio Okimoto – UNESP Profa. Dra. Flávia Akemi Ikuta – UFMS Profa. Dra. Flávia Maria de Moura Santos – UFMT Profa. Dra. Flávia Rebelo Mochel – UFMA Prof. Dr. Flavio Rodrigues do Nascimento – UFC Prof. Dr. Francisco Marques Cardozo Júnior – UESPI Prof. Dr. Frederico Braida Rodrigues de Paula – UFJF Prof. Dr. Frederico Canuto – UFMG Prof. Dr. Frederico Yuri Hanai – UFSCar Prof. Dr. Gabriel Luis Bonora Vidrih Ferreira – UEMS Profa. Dra. Geise Brizotti Pasquotto – USP Profa. Dra. Gelze Serrat de S. Campos Rodrigues – UFU Prof. Dr. Generoso de Angelis Neto – UEM Prof. Dr. Geraldino Carneiro de Araújo – UFMS Profa. Dra. Gianna Melo Barbirato – UFAL Prof. Dr. Glauco de Paula Cocozza – UFU Profa. Dra. Isabel C. Moroz Caccia Gouveia – FCT/UNESP Profa. Dra Jakeline Aparecida Semechechem – UENP Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA Prof. Dr. João Carlos Nucci – UFPR Prof. Dr. João Paulo Peres Bezerra – UFFS Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria – FAAC/UNESP Prof. Dr. José Aparecido dos Santos – FAI Prof. Dr. José Queiroz de Miranda Neto – UFPA Prof. Dr. José Seguinot – Universidad de Puerto Rico Prof. Dr. Josep Muntañola Thornberg – UPC/Barcelona Profa. Dra. Josinês Barbosa Rabelo – UFPE Profa. Dra. Jovanka B. Cavalcanti Scocuglia – UFPB Profa. Dra. Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro – FEA Prof. Dr. Júnior Ruiz Garcia – UFPR Profa. Dra. Karin Schwabe Meneguetti – UEM Profa. Dra. Katia Sakihama Ventura – UFSCar Prof. Dr. Leandro Gaffo – UFSB Profa. Dra. Leda Correia Pedro Miyazaki – UFU Profa. Dra. Lidia M. de Almeida Plicas – IBILCE/UNESP Profa. Dra. Lisiane Ilha Librelotto – UFS Profa. Dra. Luciana Ferreira Leal – FACCAT Profa. Dra. Luciana Márcia Gonçalves – UFSCar Prof. Dr. Marcelo Campos – FCE/UNESP Prof. Dr. Marcelo Real Prado – UTFPR Profa. Dra. Marcia Eliane Silva Carvalho – UFS Prof. Dr. Márcio R. Pontes – EQUOIA Eng. Ambiental Ltda. Profa. Dra. Margareth de Castro Afeche Pimenta – UFSC Profa. Dra. Maria Ângela Dias – UFRJ Profa. Dra. Maria Ângela P. de Castro e S. Bortolucci – IAU Profa. Dra. Maria Augusta Justi Pisani – UPM Profa. Dra. María Gloria F. Rodríguez – IEA/Cienf./ Cuba Profa. Dra. Maria Helena Pereira Mirante – UNOESTE Profa. Dra. Maria José Neto – UFMS Profa. Dra. Maristela Gonçalves Giassi – UNESC Profa. Dra. Marta C. de Jesus A. Nogueira – UFMT Profa. Dra. Martha Priscila Bezerra Pereira – UFCG 4 Prof. Dr. Maurício Lamano Ferreira – UNINOVE Prof. Dr. Miguel Ernesto González Castañeda – Universidad de Guadalajara – México Profa. Dra. Natacha Cíntia Regina Aleixo – UEA Profa. Dra. Natália Cristina Alves – UNESP/PP Prof. Dr. Natalino Perovano Filho – UESB Prof. Dr. Nilton Ricoy Torres – FAU/USP Profa. Dra. Olivia de Campos Maia Pereira – EESC – USP Profa. Dra. Onilda Gomes Bezerra – UFPE Prof. Dr. Oscar Buitrago – Univ. Del Valle, Colombia Prof. Dr. Paulo Alves de Melo – UFPA Prof. Dr. Paulo Cesar Vieira Archanjo – UFAM Prof. Dr. Paulo Cesar Rocha – FCT/UNESP Profa. Dra. Priscila Varges da Silva – UFMS Profa. Dra. Regina Célia de Castro Pereira – UEMA Prof. Dr. Renan Antônio da Silva – UNESP – IBRC Prof. Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino – UNICAMP Prof. Dr. Ricardo Toshio Fujihara – UFSCar Profa. Dra. Risete Maria Queiroz Leão Braga – UFPA Prof. Dr. Rodrigo Barchi – UNISO Prof. Dr. Rodrigo Cezar Criado – TOLEDO Pres. Prudente Prof. Dr. Rodrigo Gonçalves dos Santos – UFSC Prof. Dr. Rodrigo José Pisani – UNIFAL – MG Prof. Dr. Rodrigo Simão Camacho – UFGD Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Araujo – UFMA Profa. Dra. Roselene Maria Schneider – UFMT Prof. Dr. Salvador Carpi Junior – UNICAMP Profa. Dra. Sandra M. Alves da Silva Neves – UNEMAT Prof. Dr. Sérgio Augusto Mello da Silva – FEIS/UNESP Prof. Dr. Sergio Luis de Carvalho – FEIS/UNESP Profa. Dra. Sílvia Carla da Silva André – UFSCar Profa. Dra. Silvia Mikami G. Pina – Unicamp Profa. Dra. Simone Valaski – UFPR Profa. Dra. Sueli Angelo Furlan – USP Profa. Dra. Tânia Paula da Silva – UNEMAT Profa. Dra. Tatiane Bonametti Veiga – UNICENTRO Prof. Dr. Umberto Catarino Pessoto – SUCEN – SES/SP Profa. Dra. Vera Lucia Freitas Marinho – UEMS Prof. Dr. Vilmar Alves Pereira – FURG Prof. Dr. Vitor Corrêa de Mattos Barretto – FCAE/UNESP Prof. Dr. Xisto S. de Santana de Souza Júnior – UFCG Profa. Dra. Yanayne Benetti Barbosa – UFSCar Ambiente e Saúde - 5 Conselho editorial ad hoc Profa. Dra. Ana Paula Novais Pires Koga – UFG Prof. Dr. Aurélio Bandeira Amaro – UFPel Prof. Dr. Baltazar Casagrande – UNEMAT Profa. Dra. Carla Rodrigues Santos– UNEMAT Prof. Dr. Carlos Eduardo das Neves – IFMS/Corumbá Prof. Dr. Cláudio Antonio Di Mauro – IG/UFU Prof. Dr. Eros Salinas Chàvez – UFMS/Aquidauana Prof. Dr. Fernando Pinheiro de Souza Neto – UEL Prof. Dr. Flávia Mochel – UFMA Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA Prof. Dr. Hugo Rogério Hage Serra – UFPA Profa. Dra. Lilian Barazetti – UNIOESTE Profa. Dra. Regina Célia de Castro Pereira – UFMA Profa. Dra. Lourdes Ap. Zamperieri D’Andrea – UNESP/Presidente Prudente Prof. Dr. Luis Roberto Almeida Gabriel Filho – UNESP/Tupã Prof. Dr. Marcio Rogério Pontes – EQUOIA Engenharia Ambiental Ltda Profa. Dra. Maria Cristina Risk – UNESP/Presidente Prudente Profa. Dra. Sandra Medina Benini – UNIVAG Prof. Dr. Vagner Camarini Alves – UNOESTE/Presidente Prudente Comissão científica internacional ad hoc Prof. Dr. Marcelino Maurício Ricárdez Cabrera – FCPyS/México Profa. Convidada Tatiana Alonso Pérez (médica) – Policlínico Universitario/Cuba Profa. Convidada Yanet de la Caridad F. Cordero (médica) – Policlínico Universitario/Cuba 6 Organizadores Raul Borges Guimarães Licenciado e Bacharel em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre e Doutor em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Livre Docente pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Professor Titular do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Presidente Prudente/SP. Leonice Seolin Dias Graduada em Ciências pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã/SP (FAFIT). Habilitação em Biologia pelas Faculdades Adamantinenses Integradas de Adamantina/SP (FAI). Mestrados em Ciências Biológicas e em Ciência Animal e Especialização em Ciências Biológicas pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Presidente Prudente/SP. Silas Seolin Dias Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina/PR (UEL). Especialista em Anatomia e Histologia pela Universidade Estadual de Maringá/PR (UEM). Atualmente, mestrando em Educação Física pela UEL e docente na Faculdade Instituto de Ensino Superior de Londrina (INESUL). Ministra aulas de Educação e Meio ambiente. Ambiente e Saúde - 7 Sumário Prefácio 09 Apresentação 11 PARTE I: PENSAR Capítulo 1 Cambios en el clima y cáncer de piel en la provincia de Cienfuegos, Cuba María Gloria Fabregat Rodríguez; Wilmer Ramírez Carmona 15 Capítulo 2 Saneamento ambiental e Leptospirose humana em Manaus/AM Ulliane de Amorim Pereira; Natacha Cíntia Regina Aleixo 31 Capítulo 3 A mosca doméstica, sua importância e controle Leonice Seolin Dias; Lucas de Castro Farias 47 Capítulo 4 Panorama dos acidentes causados pela serpente cascavel (Crotalus durissus) no Brasil Rosa Maria Barilli Nogueira; Adriana Falco de Brito 81 PARTE II: APLICAR Capítulo 5 La percepción social del agua como indicador de salud ambiental en una Cuenca Hidrográfica: Cuenca del Río Dagua, Colombia Oscar Buitrago Bermúdez; Marco Antonio Aguirre; Francy Viviana Bolaños Trochez 103 Capítulo 6 Salud ambiental de las enfermedades vectoriales: aplicación geo tecnológica para entender la situación del Dengue, el Zika y el Chikungunya en Puerto Rico Jose Seguinot Barbosa 129 Capítulo 7 Externalidades negativas aos elementos da natureza: efeitos da precipitação pluviométrica em áreas degradadas Paulo Augusto Romera e Silva; Renata Ribeiro de Araújo; José Cezar Zoccal 157 8 Capítulo 8 Abordagem geoespacial para a análise da concentração de muscídeos sinantrópicos em uma estação ecológica, região Oeste Paulista Rogerio Giuffrida; Rodrigo José Pisani; Ana Paula Jorge de Carvalho; José Sergio Costa Junior; Marcos Vinicius Cultienski Souza 175 PARTE III: AGIR Capítulo 9 O meio ambiente e a prática de atividade física nos centros urbanos: uma análise da cidade de Londrina, Paraná Eduardo Vignoto Fernandes; Silas Seolin Dias 191 Capítulo 10 Paisagem, ambiente e desenvolvimento: uma análise geográfica do uso do turismo para promoção da saúde Martha Priscila Bezerra Pereira; Xisto Serafim de Santana de Souza Júnior 211 Capítulo 11 A importância das estações de tratamento de esgotos da SABESP de Adamantina para o Saneamento Ambiental Júlio Cesar Villagra; Raul Borges Guimarães 225 Ambiente e Saúde - 9 Prefácio A avaliação das condições de saúde humana na sua relação com o ambiente, incluindo a qualidade de vida, está presente na investigação geográfica desde Finke (1792), ao sublinhar a necessidade e a validade de uma percepção holística em saúde, indo para além da influência hipocrática do lugar, considerando a multicausalidade da doença. Hoje, é absolutamente incontestável a relevância que o ambiente detém sobre a saúde e bem- estar humano nas suas múltiplas dimensões, algumas das quais imateriais. A presente obra – Ambiente e saúde: pensar, aplicar e agir – presta um adequado tributo a este processo holístico de pensar a saúde na sua relação com o ambiente, cruzando observações e explicações que vão da escala local até a sua relação com os determinantes macroglobais (economia, alterações climáticas e ambientais, políticas, mobilidade, entre outras). Nos quatro primeiros capítulos encontramos uma reflexão que passa pela discussão da vulnerabilidade humana, ampliada pelas mudanças climáticas associadas ao aumento da exposição à radiação UV, passando pela investigação das interações clássicas homem-vetor, indo até a apreciação do risco presente nos acidentes ofídicos. Os cenários de estresse climático com que nos confrontamos, aos quais se adiciona uma crescente taxa de urbanização, constituem o pretexto para que os autores discutam o impacto gerado pela interação dos grupos humanos com o ecossistema, à medida que ocupamos e transformamos o território de um modo cada vez mais impressivo, sem que alguns decisores compreendam que a veiculação de informação cientificamente informada e a educação constituem pilares fundamentais para se mitigarem contextos de vulnerabilidade. Os capítulos 5 a 8 dão conta de investigação aplicada em diferentes geografias da América Latina. Os dois primeiros capítulos (5-6) apresentam estudos de caso na Colômbia, demonstrando a importância da compreensão dos mecanismos de percepção social e a sua relação com indicadores ambientais, como a qualidade e disponibilidade de água na bacia hidrográfica do rio Dagua, ou discutem o imaginário social relacionado com a doença, incluindo as patologias propagadas por vetores em Porto Rico (Aedes abopictus e Aedes aegypty) e a sua associação com variáveis econômicas que, entre outras, condicionam a qualidade das infraestruturas sanitárias, a presença de medidas de controle vetorial e políticas de informação/educação, fundamentais na contenção de patologias geradas por arbovírus, cuja espacialização é adequadamente auxiliada por cartografia temática. 10 Encerram a componente de investigação aplicada do capítulo II, dois estudos de caso produzidos em território brasileiro nos quais se demonstra a importância da avaliação de riscos ambientais, valorizando a percepção e a sua aplicação didática sob a forma de medidas de prevenção de riscos hídricos. Adicionalmente, outro artigo avalia o impacto gerado por vetores na transmissão de microrganismos patogênicos entre zonas antrópicas e áreas de conservação. A terceira e última parte é composta por um conjunto de três artigos nos quais se avaliam, entre outras coisas, a qualidade dos espaços verdes urbanos e a sua relação com a prática de atividade física em adultosna cidade de Londrina; o impacto das políticas públicas no contexto de desenvolvimento e qualificação paisagística, a sua relação com a prática turística e a promoção da saúde na região de Campina Grande. Por último, mas não menos importante, debate-se a importância do tratamento de efluentes urbanos na preservação dos recursos hídricos e na melhoria da saúde da população de Adamantina minorando a propagação de doenças hídricas. Como fica demonstrado, a presente coletânea congrega uma discussão multinível sobre a dinâmica das dimensões ambientais que condicionam a saúde humana, maioritariamente ampliadas por causas antrópicas às quais se associam a fragilidade de algumas políticas de ordenamento e de gestão territorial. Perante as mudanças ambientais geradas pelos modos de vida e pelos diferentes projetos preconizados para o território, a obra, no seu conjunto, também questiona a qualidade das soluções produzidas pelos poderes públicos no confronto com a complexidade das necessidades evidenciadas a diferentes escalas, sublinhando a importância dos investimentos e das respostas informativas e educativas que devem acompanhar programas de prevenção e de promoção da saúde. A valorização e problematização da dimensão ambiental no contexto da promoção da saúde surge aqui reforçada pela demonstração do valor translacional dos processos de investigação-ação produzidos na academia. O alcance deste objetivo evidencia que o investimento em ciência não pode ser uma variável facultativa para os Estados, compromisso apenas disponível em sociedades abastadas, assumido de modo discricionário pelos poderes públicos. Antes, constituiu-se num compromisso inadiável para com a sociedade e num instrumento indispensável para a valorização do(s) território(s) e da saúde enquanto direito universal. Coimbra, 05 de outubro de 2019. Dr. Paulo Nuno Nossa Professor da Universidade de Coimbra, Portugal. Ambiente e Saúde - 11 Apresentação É com satisfação que me dirijo aos nossos leitores para apresentar a obra Ambiente e saúde: pensar, aplicar e agir. Como nos diz o professor Paulo Nuno Nossa, no prefácio, a relação entre saúde e ambiente envolve uma visão holística de diversos processos que se relacionam em diferentes escalas de análise, do nível local ao global. Aparentemente desconexos, os temas abordados no livro também nos colocam a refletir diante de diferentes desafios impostos pela relação entre ambiente e saúde: o ato de pensar, de aplicar e de agir. Os capítulos reunidos na Parte I demonstram como devemos organizar nossa forma de pensar os problemas de saúde ambiental a partir das questões impostas pela própria realidade. Em primeiro lugar, pensar a saúde ambiental é nunca perder de vista a relação sociedade/natureza. E compreender essa relação a partir das características do meio impõe uma série de condições que conformam a saúde como espaço, numa unidade complexa e indissociável dos componentes físicos, biológicos e sociais. Ao pensar as relações entre esses temas não se trata de um ecletismo metodológico, mas do pluralismo metodológico necessário para compreender as múltiplas e complexas facetas da forma própria da saúde como espaço. As duas outras partes da obra reúnem capítulos que integram o conhecimento científico com a interpretação de fatos e intervenção na realidade, tendo em vista a valorização da vida. Como o leitor poderá verificar nos diferentes capítulos, há distintos graus de influência dos conhecimentos gerados pela ciência e sua aplicação na resolução de problemas concretos. É claro que qualquer campo científico pode ser projetado até a aplicação. Não há exceções. De fato, desde tempos imemoráveis, isso vem ocorrendo. Basta olhar para a contribuição prática gerada pelos conhecimentos produzidos por Ptolomeu, Leonardo da Vinci ou Max Planck. Investigar é um exercício do qual a ciência se vale para conectar interrogações com hipóteses, e a estas com respostas, mais ou menos sólidas, à medida que podem confrontar-se com a realidade. Nesse processo, o pesquisador segue um caminho que lhe permite avançar, em passos sucessivos, desde as afirmações hesitantes até os argumentos mais consistentes. Para isso, não raras vezes o pesquisador trata de reduzir a realidade a elementos que lhe permitam operar. Assim, ele haverá de modelá-la, 12 simplificando-a. Por um procedimento heurístico – a analogia –, usará o modelo como uma ferramenta de prova, permitindo um trabalho mais eficiente. Os passos seguintes exigem o tratamento do modelo como se fosse a realidade e de imediato se transformam os papéis no sentido inverso, chegando ao último nível operativo, aquele que provoca a mudança na realidade. Por fim, o desafio de reunir temas da ciência aplicada demonstra que a associação entre pesquisadores não está relacionada ao fato de pertencer a uma mesma disciplina. Muito pelo contrário, são os problemas de saúde ambiental que reúnem especialistas de diferentes áreas na mesma obra. Ou seja, quando um problema é importante, tem a possibilidade de convocar pesquisadores de diferentes especialidades que, à medida que se incorporam, deixam de ser aqueles estritos “representantes” de uma ou outra disciplina para criar um campo transdisciplinar – no caso, saúde e ambiente, algo assim como uma nova especialidade que já não responde a velhas disciplinas, mas que conforma um estatuto epistemológico independente. Denominamos de estatuto epistemológico o conjunto de conceitos e metodologias adotados por qualquer ciência, resultado do acúmulo de experiências de pesquisa, assim como do esforço teórico e prático para a compreensão do próprio pensamento. No que se refere aos capítulos reunidos na presente obra, uma leitura transversal permite a reflexão das interfaces entre o pensar, aplicar e agir que fazem parte do estatuto epistemológico do campo de saberes e práticas denominada de “saúde e ambiente”. Boa leitura! Dr. Raul Borges Guimarães Professor titular na Universidade Estadual Paulista de Presidente Prudente. Ambiente e Saúde - 13 PARTE I PENSAR 14 Ambiente e Saúde - 15 C A P Í T U L O 1 Cambios en el clima y cáncer de piel en la provincia de Cienfuegos, Cuba María Gloria Fabregat Rodríguez1 Wilmer Ramírez Carmona2 INTRODUCCIÓN En el Informe de síntesis al Quinto Informe de Evaluación (IE5) del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático (IPCC), publicado en el año 2014, se plantea de forma categórica que “el calentamiento en el sistema climático es inequívoco. La atmósfera y el océano se han calentado, los volúmenes de nieve y hielo han disminuido y el nivel del mar se ha elevado” (IPCC, 2014, p. 4). De esa forma queda claro que “la evidencia de la influencia humana en el sistema climático ha aumentado… y es sumamente probable que haya sido la causa dominante del calentamiento observado desde mediados del siglo XX causando impactos en los sistemas naturales y humanos en todos los continentes y en los océanos” (IPCC, 2014, p. 4). También se alerta de la diferente vulnerabilidad de las personas a estos cambios e impactos a partir de las desigualdades socioeconómicas, factores naturales, demográficos, culturales, entre otros. Como resultado, aunque los cambios climáticos sean globales, habrá siempre diferencias en sus impactos y respuestas en dependencia de múltiples factores. PETKOVA et. al. (2015) plantea un modelo interesante sobre la posible influencia del cambio climático en la salud física y mental y la alta posibilidad de crear inestabilidad social (Figura 1). Lo que llevaría al aumento de conflictos, violencia y emigraciones generalizadas desdeáreas que no puedan proporcionar suficiente comida, agua y refugio a las poblaciones actuales, hacia otras áreas que puedan satisfacer sus necesidades. 1 Doctora en Ciencias Geográficas. Universidad de La Habana, Cuba. Profesora Titular Universidad de Cienfuegos, Cuba. E-mail: mgfabregat1961@yahoo.es 2 Doctor en Medicina. Universidad de Ciencias Médicas de Cienfuegos, Cuba. Especialista en Medicina General Integral. Universidad de Ciencias Médicas de Cienfuegos, Cuba. Bolsista CAPES Maestría Ciencias de la Salud, Universidade do Oeste Paulista, São Paulo, Brasil. E-mail: wilmerramirezcarmona@gmail.com 16 Figura 1. Impacto del cambio climático sobre la salud humana en Estados Unidos Fuente: Petkova (2015). El informe considera que no están bien cuantificados los daños a la salud humana provocados por los cambios en el clima, aunque “se ha producido un aumento de la mortalidad asociada al calor” y “los cambios locales en la temperatura y la precipitación han alterado la distribución de algunas enfermedades transmitidas por el agua y vectores de enfermedades” (IPCC, 2014, p. 6). La exposición a la radiación ultravioleta (UV), la sensibilidad de las personas a esa radiación, así como el tipo (exposición a una intensidad alta de corta duración y exposición crónica) y la modalidad (continua e intermitente), son factores de riesgo para desarrollar cualquiera de los tres tipos principales de cáncer de piel que son: “carcinoma de células basales (CCB), carcinoma de células escamosas (CCE) y melanoma” (KOH, 1991, p. 33; ENGLISH et al., 1998, p. 26). “La radiación solar que llega a la Tierra se divide en luz visible, que estimula la retina; la infrarroja, responsable de la sensación de calor y la ultravioleta, que a su vez se subdivide en tres bandas: UV-A, UV-B y UV-C” (CABRERA et al., 2013, p. 16). “Los rayos UV-A afectan directamente las capas más profundas de la piel y causan envejecimiento prematuro mientras los UV-B afectan la superficie de la piel y pueden producir cáncer” (CABRERA et al, 2013, p. 17). Ambiente e Saúde - 17 La radiación UV-C es absorbida totalmente en la parte alta de la atmósfera por el oxígeno y por moléculas de ozono. A la superficie terrestre llega radiación UV compuesta en su mayoría por radiación UV-A y solo una pequeña parte de UV-B (BARCIA, 2013, p. 4). Algunos factores que tienen relación con la incidencia de la radiación solar UV son: “el ozono atmosférico, la elevación solar, la altitud y las nubes y el polvo” (BARCIA, 2013, p. 5). Al ser el ozono el principal absorbente de la radiación UV-B la intensidad de la misma en la superficie terrestre depende fuertemente de la cantidad de ozono presente en la atmósfera, de ahí la gran importancia de preservar la capa de ozono, reconocida como “la zona de la estratosfera terrestre que se extiende entre los 15 y los 50 km de altitud, reúne el 90% del ozono presente en la atmósfera y absorbe del 97% al 99% de la radiación ultravioleta de alta frecuencia” (BARCIA, 2013, p. 3). La radiación solar depende fuertemente de la elevación solar, varía con la latitud, estación y hora, siendo mayor en los trópicos, en verano y al mediodía. La radiación UV aumenta con la altitud debido a que la cantidad de absorbentes en la atmósfera decrece con la altura. Las medidas demuestran que “la radiación UV aumenta entre un 6% y un 8% por cada 1000 m de elevación sobre el nivel medio del mar” (BARCIA, 2013, p. 4). La radiación UV es mayor generalmente para cielos totalmente despejados. Las nubes normalmente reducen la cantidad de radiación UV, pero la atenuación depende del grosor y tipo de éstas. Para concienciar a la población sobre los efectos negativos que tiene la radiación solar UV en la salud y para alertar sobre la necesidad de adoptar medidas de protección se creó el índice de UV que es una “medida de intensidad de la radiación UV y varía entre 0 y 16” (BARCIA, 2013, p. 5). La Agencia de Protección Ambiental de los Estados Unidos de América (EPA), categoriza los valores del índice como se muestra en la Figura 2. Cuanto más bajo el número, más bajo el peligro de quemadura de sol. Figura 2. Categorías de exposición BAJA MODERADA ALTA MUY ALTA EXTREMA Fuente: Agencia de Protección Ambiental de los Estados Unidos de América (2018). 18 Más de la mitad de la exposición UV de la vida de una persona se produce durante la infancia y la adolescencia a causa de más oportunidades y tiempo de exposición. Esta exposición desempeña un papel importante en el desarrollo futuro de cáncer de piel. Desde 2009 la Agencia Internacional de Investigación sobre el Cáncer (IARC), que es un grupo de trabajo de la Organización Mundial de la Salud (OMS), emitió una alerta internacional sobre los “peligros de la exposición inadecuada a los rayos ultravioleta proveniente tanto de la radiación solar como la emitida por dispositivos de bronceado (camas y lámparas) y otras sustancias peligrosas como el plutonio y ciertos tipos de radio” (THE SKIN CANCER FOUNDATION, 2009, p. 2). En el año 2006 “se trataron unas 2.152.500 personas por cánceres de piel no melanoma en los Estados Unidos de América” (ROGERS et al., 2010, p. 7), lo que “excedió todos los otros casos de cáncer calculados por la Sociedad Americana Contra El Cáncer durante ese año, que fue de cerca de 1,4 millones” (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2006, p. 2). Aunque los dos tipos de cáncer de piel no melanoma son las neoplasias malignas más comunes de todas, “representan menos de 0,1% de las defunciones de pacientes por cáncer. En cambio, el melanoma conforma solo 1% de los casos de cáncer de piel, pero es causa de la gran mayoría de las muertes” (ROGERS et al., 2010, p. 8). Para el año 2018 la Sociedad Americana Contra el Cáncer estimó un “aumento de 91,270 nuevos casos de este tipo de cáncer con aproximadamente el 10 % de muertes” (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2018, p. 1). En el 45 Congreso Nacional de Dermatología y Venereología desarrollado en Madrid, España en mayo de 2017 y organizado por la Academia Española de Dermatología y Venereología (AEDV), se dio a conocer que la “incidencia del cáncer de piel en España ha aumentado un 38 % en los últimos cuatro años, lo que supone un incremento de casi el 10 % anual y 600 muertes anuales” (ACADEMIA ESPAÑOLA DE DERMATOLOGÍA Y VENEREOLOGÍA, 2017, p. 3). Las estadísticas muestran que en general la incidencia del cáncer de piel ha tenido un aumento progresivo en los últimos 30 años y a pesar de que su mortalidad es baja con respecto a otros tipos de cáncer, produce efectos negativos sobre la salud física y mental en las personas. Ambiente e Saúde - 19 El Programa Internacional de Intercambio sobre Dermatología (IDEP) y The Skin Cancer Foundation, patrocinan congresos en un entorno colaborativo en un intento por mejorar la comunicación internacional entre dermatólogos, donde se presenta la más reciente información sobre el manejo del cáncer de piel que incluye el diagnóstico, tratamiento, técnicas quirúrgicas y aspectos tan complejos como la prevención. Cuba ha sido sede en los años 2001 y 2014. Atendiendo al aumento progresivo de la incidencia de esta patología y a las alertas internacionales de su posible relación con algunos cambios en el clima, según los informes de los especialistas dedicados al tema, este artículo se propone como objetivo: reflexionar sobre el aumento de la incidencia del cáncer de piel en la provincia de Cienfuegos en Cuba y su relación con determinadas condiciones físico geográficas de la provincia y el comportamiento de algunas variables meteorológicas asociadas al desarrollo de este tipo de cáncer. Además, pretende dar constancia y continuidad al taller “Cambios en el clima y patologías de piel”, desarrollado en el Centro de Estudios Ambientales de la provinciade Cienfuegos en el año 2013 donde se reunieron y debatieron médicos, dermatólogos, geógrafos y otros especialistas, con una visión multidisciplinaria y atendiendo a la continuada preocupación de estos temas en la comunidad científica y población en general. DESARROLLO Caracterización de la provincia de Cienfuegos en Cuba La provincia de Cienfuegos se ubica en el centro sur de la isla de Cuba entre los 22° 34’ y 21° 49’ de latitud norte y los 80° 17’ y 80° 06’ de longitud oeste. Limita al norte con las provincias de Villa Clara y Matanzas, al este con Villa Clara y Sancti Spíritus, al sur con el Mar Caribe y al oeste con la provincia de Matanzas (HERNÁNDEZ REY, 2016, p. 43). Predomina el relieve de llanura en las zonas occidental y central, ondulado hasta montañoso hacia el este con la presencia de las montañas de Trinidad donde se encuentra la “mayor elevación de la provincia y del centro de Cuba, el Pico San Juan, con 1140 m de altura sobre el nivel medio del mar” (OFICINA NACIONAL DE ESTADÍSTICAS E INFORMACIÓN DE CIENFUEGOS - ONEI, 2016, p. 16). Al sur el relieve está contorneado por el Mar Caribe, con costas abrasivas y acumulativas donde se destaca la “bahía de bolsa de Cienfuegos con un área de 88 Km2” (ONEI, 2016, p. 13). 20 Su “extensión superficial es de 4 188,61 km2 y es una de las tres provincias más pequeñas de Cuba con una población residente de 407 695 habitantes, que representa el 3,5% de la población total de la Isla” (ONEI, 2016, p. 13). Es la “tercera provincia más urbanizada del país” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 4). Las corrientes superficiales más importantes son los ríos Damují, Caunao, Arimao, Salado, San Juan, Hanábana, Yaguanabo, Hanabanilla, Cabagán y Río Hondo. Predominan los “suelos pardos con y sin carbonatos” (ONEI, 2016, p. 23). Su clima responde a las “condiciones tropicales de Cuba, modificado por la influencia de las masas de aguas oceánicas, la latitud y la altitud. Tiene definidos dos períodos: uno fresco y poco lluvioso entre noviembre y abril y otro caliente y lluvioso de mayo hasta octubre” (HERNÁNDEZ REY, 2016, p. 45). Presenta comportamientos climáticos diferentes en dependencia de las características físico geográficas, lo cual permite distinguir tres zonas: la del macizo montañoso, la zona costera y la del centro interior, con manifestaciones de continentalidad. Los “sectores económicos fundamentales son el agropecuario, el industrial y los servicios” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 5). En la industria se destaca una refinería de petróleo con la mayor capacidad de procesamiento existente en Cuba, una fábrica de cemento y una termoeléctrica. El uso de la tierra presenta la siguiente estructura: “74,4 % de la superficie total es agrícola y de ésta se destina el 22,0 % a la caña de azúcar, el 40,8 % a pastos y forrajes y el 13,1 % a cultivos temporales. La superficie forestal representa el 17,5 % y la acuosa el 2,2 % de la superficie total” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 20). “La provincia tiene ocho municipios con 267 asentamientos humanos de los cuales 41 son urbanos y el resto rurales” (DIRECCIÓN PROVINCIAL DE PLANIFICACIÓN FÍSICA DE CIENFUEGOS, 2017, p. 4). La capital provincial es la ciudad de Cienfuegos. Tendencias del clima en Cuba y Cienfuegos Según el Informe Impacto del Cambio Climático y Medidas de Adaptación en Cuba presentado por el Instituto Nacional de Meteorología de Cuba, “se ha observado un incremento en la temperatura superficial del aire (0.9° Celsius) desde mediados del siglo XX, lo que pudiera respaldar la afirmación que, en Cuba el clima se ha vuelto más cálido (PLANOS et al., 2012, p. 2). Ambiente e Saúde - 21 Además, el Informe fundamenta una posible ocurrencia de un proceso de redistribución de las precipitaciones durante el año, revelando que “desde finales de la década de los años de 1970, se ha producido un ligero, pero continuo aumento de las anomalías positivas y una tendencia al aumento de las precipitaciones en el período estacional poco lluvioso” (PLANOS et al., 2012, p. 5). “Los eventos de sequía registraron un significativo incremento de su frecuencia de ocurrencia en el período 1961-1990 con respecto al 1931-1960” (PLANOS et al., 2012, p. 6). Lo que ha mantenido su continuidad en los persistentes eventos de sequía que afectaron la mitad oriental del país desde principios de los años 90 hasta el presente. Otro dato interesante que resalta el Informe y considera una de las más peligrosas variaciones observadas en el clima de Cuba en los años recientes ha sido la “ocurrencia de siete huracanes intensos desde el año 2001, cifra que no se había registrado en ninguna década desde 1791 hasta el presente” (PLANOS et al., 2012, p. 7). La radiación solar incidente en la isla de Cuba es alta, debido a su ubicación geográfica intertropical y a su configuración latitudinal y estrecha, teniendo poca variación interna, solo influenciada por peculiaridades locales, el grado de exposición de las pendientes o la interacción con otros elementos meteorológicos como la nubosidad. En la Figura 3 se observa el comportamiento de la radiación solar global para la provincia de Cienfuegos en tres puntos de medición, Aguada de pasajeros (AG), Cienfuegos (CF) y Delfinario, referido a la zona de playa en la costa sur de la provincia, también puede encontrarse con el nombre de Rancho Luna. 22 Figura 3. Comportamiento anual de la radiación solar global en Cienfuegos Fuente: Barcia (2013). Estas tendencias en el clima se reflejan en la provincia de Cienfuegos a través de un “aumento de la temperatura media anual del aire” (BARCIA, 2013, p. 7) como puede observarse en la Figura 4, según los registros de sus estaciones meteorológicas. Figura 4. Tendencia de la temperatura media anual del aire. Período 1977-2010 Cienfuegos Aguada de Pasajeros Fuente: Barcia (2013). 23 23.5 24 24.5 25 25.5 26 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 9 Te m p e ra tu ra M e d ia ( ºC ) 23 23.5 24 24.5 25 25.5 26 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 9 Te m p e ra tu ra M e d ia ( ºC ) Ambiente e Saúde - 23 En la serie de valores anuales de precipitación para la provincia de Cienfuegos se revela que “desde inicios de los años 90 del siglo XX, se ha producido un ligero, pero continuo aumento de las anomalías positivas” (BARCIA, 2013, p. 11) como puede observarse en la Figura 5. Figura 5. Anomalías de precipitaciones anuales en la provincia de Cienfuegos. Período 1967-2010 Fuente: Barcia (2013). En el análisis por períodos estacionales (poco lluvioso y lluvioso) se puede observar que el valor del estadígrafo es positivo en el caso del período seco, comportamiento fuertemente condicionado por las variaciones de los meses de noviembre y diciembre, los cuales manifiestan las tendencias positivas más importantes. Las mayores disminuciones se concentran en el bimestre mayo-junio (Figura 6), el más lluvioso del año. Este ha sido un comportamiento recurrente en los últimos años y uno de los elementos que más ha influido en los eventos de sequía meteorológica recientes. -400.0 -300.0 -200.0 -100.0 0.0 100.0 200.0 300.0 400.0 500.0 600.0 1 9 6 7 1 9 6 9 1 9 7 1 1 9 7 3 1 9 7 5 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 92 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 9 m m 24 Figura 6. Anomalías de precipitaciones en el bimestre mayo-junio en la provincia de Cienfuegos. Período 1967-2010 Mayo 2004 Mayo 2010 Junio 2004 Junio 2010 Fuente: Barcia (2013). Riesgos de la exposición al sol en Cienfuegos. Fotoprotección La existencia de las montañas de Trinidad al este de la provincia con una altitud superior a los 1000 m snmm y de una amplia zona costera, son elementos naturales que favorecen la exposición a la radiación solar ultravioleta (UV) por gran parte de la población de la provincia de Cienfuegos, lo que combinado con elementos culturales como son la tradición de baño en las playas, la exposición laboral al sol, principalmente en actividades agrícolas, así como la insuficiente divulgación sobre los daños de la radiación UV a la piel y la poca educación ambiental y de salud relacionadas con estos temas, inciden en el aumento del riesgo de padecer cáncer de piel. Ambiente e Saúde - 25 En la Figura 7 se muestra el índice de UV horario y por meses del año en la zona de la playa Rancho Luna, balneario natural de la provincia de Cienfuegos, con gran asistencia de público principalmente en los meses de verano. Como se observa, el índice de UV se mantiene alto durante todo el año en el horario entre las 11:00 y las 14:00 horas. Figura 7. Comportamiento del índice de UV. Playa Rancho Luna. Período 2008-2010 Fuente: Barcia (2013). Esta situación; unida a la tendente disminución anual de la nubosidad media diurna (Figura 8) en tres puntos de la provincia, Cienfuegos, representativo del centro sur costero; Aguada de Pasajeros, representativo de la llanura oeste y Topes de Collantes, representativo de la zona montañosa de la provincia; constituye una alerta para las autoridades sanitarias y un reto para la promoción de la salud en función del conocimiento de las personas para evitar la exposición innecesaria al sol y los riesgos a la salud. 26 Figura 8. Tendencia de la nubosidad media diurna anual. Período 1977-2006 Fuente: Barcia (2013). Cienfuegos 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 N u b o s id a d ( o c ta v o s ) Aguada de Pasajeros 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 N u b o s id a d ( o c ta v o s ) Topes de Collantes 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 1 9 7 7 1 9 7 9 1 9 8 1 1 9 8 3 1 9 8 5 1 9 8 7 1 9 8 9 1 9 9 1 1 9 9 3 1 9 9 5 1 9 9 7 1 9 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3 2 0 0 5 N u b o s id a d ( o c ta v o s ) Ambiente e Saúde - 27 Según el Anuario Estadístico de Salud de Cuba 2017 la mayor tasa de incidencia de cáncer en la isla para ambos sexos y principales localizaciones corresponde al cáncer de piel y las “tasas brutas por 100 000 habitantes para el año 2014 eran de 104.3 para el sexo masculino y de 92.6 para el femenino con tendencia al aumento con respecto a los años anteriores” (MINISTERIO DE SALUD PÚBLICA DE CUBA, 2017, p. 102). Esta situación se repite en la provincia de Cienfuegos donde también está en primer lugar el cáncer de piel según la incidencia entre las principales localizaciones y para ambos sexos (SUÁREZ, 2013, p. 19). En el año 2013 la “tasa bruta por 100 000 habitantes para el sexo masculino fue de 181.7” y para el “femenino de 169.9 superiores a las tasas para Cuba” (CUETO-EDUARDE et al., 2018, p. 18). Según Cabrera et al., (2013, p.7) el “cáncer de piel es el más frecuente de todos los cánceres, el daño solar es acumulativo y el 50% ocurre antes de los 18 años de edad” por lo que es tan importante las prácticas y actitudes saludables desde edades tempranas que permitan reducir los riesgos y prevenir esta enfermedad. Cualquier persona puede padecer de cáncer de piel, pero tienen mayor riesgo las personas “con piel muy clara, pelo rubio o pelirrojo y ojos claros; las que se queman con facilidad; las que llegan a tener 50 o más lunares, las personas con exposición solar considerable; las que tienen antecedente de quemaduras solares en la infancia y las que tienen antecedentes familiares de cáncer de piel” (CABRERA et al., 2013, p. 8). Para los estudios se han establecido tres patrones de exposición solar (CABRERA et al., 2013, p. 6): - Exposición solar crónica: expresada a través de las profesiones que exponen al individuo de forma crónica y casi a diario al sol. - Exposición solar intermitente: se expresa fundamentalmente a través de la práctica de hobbies donde existe exposición solar en algunos períodos del año o de forma discontinua. - Exposición solar aguda (quemadura solar): es la de máxima intensidad y se caracteriza por eritema intenso, inflamación y puede llegar a la formación de ampollas y vesículas. El Servicio de Dermatología en Cienfuegos (CABRERA et al., 2013) recomienda el uso de sombreros o gorras, lentes de sol y prendas de vestir confeccionadas con tejidos naturales que no obstruyan la transpiración; beber abundante líquido durante la exposición al sol; evitar las pulverizaciones de agua de mar ya que las gotas actúan como lupas sobre el cuerpo que 28 incrementan el efecto negativo de los rayos UV y posterior a la exposición solar se aconseja tomar una ducha con agua tibia e hidratar las partes expuestas con cremas y otros productos específicos; acudir al dermatólogo ante cualquier cambio en las pecas, lunares o aparición de manchas. Se debe tener extrema precaución con la exposición al sol durante el embarazo, en niños menores de 2 años de edad y si se está sometiendo a algún tratamiento con medicamentos susceptibles de causar reacciones de fotosensibilización. COMENTARIOS FINALES Existe preocupación en la comunidad científica internacional sobre los datos que apuntan a determinadas variaciones en el clima de la Tierra, su repercusión en la dinámica del planeta debe ser detalladamente estudiada como es el caso específico del impacto sobre la salud humana. Especialmente en la zona tropical, donde se ubica Cuba, es imprescindible la alerta sobre determinados cambios climáticos y su posible relación con el aumento de la incidencia de determinadas patologías como puede ser el cáncer de piel, donde existe una cultura indiscriminada de exposición al sol. Este artículo hace referencia a uno de los temas menos estudiados y donde las personas tienen menor percepción de riesgo. Fundamenta la alerta sobre la necesidad de prestar mayor atención e incentivar los estudios sobre la relación entre la exposición al sol y el incremento de la incidencia del cáncer de piel, con el ejemplo de la provincia de Cienfuegos en Cuba, situación que posiblemente se repita para otras regiones del país. REFERENCIAS ACADEMIA ESPAÑOLA DE DERMATOLOGÍA Y VENEREOLOGÍA (AEDV). 45 CONGRESO NACIONAL DE DERMATOLOGÍA Y VENEREOLOGÍA. Madrid, España. 10-13 mayo 2017. Disponível em: https://aedv.es/Eventos/45o-congreso-nacional-2017/. Acesso em: 26 ago. 2018. AGENCIA DE PROTECCIÓN AMBIENTAL DE ESTADOS UNIDOS (EPA). Información básica sobre la radiación. (español). Disponivel em: https://espanol.epa.gov/espanol/informacion-basica-sobre-la-radiacion. Acesso em: 6 mai. 2018. AMERICAN CANCER SOCIETY. Cancer facts and figures 2006. Atlanta, Ga: American Cancer Society, 2006. Disponível em: http://www.cancer.org/acs/group/. Acessoem: 15 jun. 2018. Ambiente e Saúde - 29 ______. Acerca del cáncer de piel tipo melanoma. Atlanta, Ga. 2018. (Español). Disponível em: https://www.cancer.org/es/cancer/cancer-de-piel-tipo-melanoma/acerca/estadisticas-clave.html. Acesso em: 25 ago. 2018. BARCIA, S. Variaciones observadas en el clima de la provincia Cienfuegos. Ponencia presentada en el TALLER: Cambios en el clima y patologías de piel. 16 de septiembre de 2013. Cienfuegos, Cuba: Centro de Estudios Ambientales de Cienfuegos, 2013. CABRERA, M.J. et al. PIEL Y SOL, fotoprotección y prevencion del cáncer de piel. Ponencia presentada en el TALLER: Cambios en el clima y patologías de piel. 16 de septiembre de 2013. Cienfuegos, Cuba: Centro de Estudios Ambientales de Cienfuegos, 2013. p. 6, 17 y 28. CUETO-EDUARDE I, DÍAZ-MARRERO J. Anuario Estadístico de Salud. 2016. Medisur, v. 16, n. 1, 2018. Disponível em: http://www.medisur.sld.cu/index.php/medisur/article/view/3880. Acesso em: 31 ago. 2018. ENGLISH, D.R.; ARMSTRONG, B.K.; KRICKER, A. et al. 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Ambiente e Saúde - 31 C A P Í T U L O 2 Saneamento ambiental e Leptospirose humana em Manaus/AM Ulliane de Amorim Pereira3 Natacha Cíntia Regina Aleixo 4 INTRODUÇÃO Conforme o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB, 2013), o Brasil dispõe como meta universalizar os serviços de saneamento, compreendendo o acesso por parte de todos no que tange aos bens produzidos na sociedade, sem distinção, abrangendo seus amplos aspectos, até o ano de 2030, atendendo aos requisitos prescritos na Lei 11.445/2007, a qual institui a Política de Saneamento no país (BRASIL, 2007), assim como o disposto na Agenda 2030, apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU), trazendo em seu sexto objetivo “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos e todas”. A universalidade, por sua vez, deve compreender a integralidade dos elementos que compõem o saneamento, tais como, abastecimento de água potável, serviços e tratamento de esgoto, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, assim como drenagem e manejo das águas pluviais, haja vista que a disposição de infraestrutura implica diretamente na qualidade de vida da sociedade, o que abrange os aspectos da saúde. Tais aspectos consideram na avaliação da saúde pública não única e exclusivamente o ponto de vista do saneamento, fazendo-se necessário relacionar outros indicadores socioambientais com a ocorrência dos agravos à saúde, habitação, aspectos socioeconômicos, déficit de equipamentos urbanos, entre outros. Diante desse contexto, objetivamos analisar neste trabalho a relação do saneamento ambiental com o processo saúde-doença da leptospirose na cidade de Manaus. A cidade de Manaus foi selecionada em decorrência de seu aparecimento na lista das cem maiores cidades brasileiras em termos populacionais, analisadas em um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil em 2017, intitulado Ranking do Saneamento, com base em dados de 2015 do Sistema Nacional de Informações de Saneamento. 3 Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: ullianeamorim@gmail.com 4Doutora em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) campus Presidente Prudente e docente da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: natachaaleixo@yahoo.com.br 32 A cidade de Manaus apresentou a posição 95ª, o que lhe confere uma precariedade quanto à disposição dos serviços de saneamento, principalmente no que diz respeito a tratamento de água e esgoto, requisitos analisados na pesquisa citada. Apresentando-se, assim, no rol das cem maiores cidades brasileiras entre as dez piores em serviços de saneamento ambiental. Em consonância à disposição dos serviços de saneamento, para a realização deste trabalho optou-se por estudar a leptospirose, compreendendo esta doença como consequência da precariedade do saneamento ambiental nas cidades, dentre outros fatores. O saneamento é definido pela Organização Mundial da Saúde como o “controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem-estar físico, mental ou social” (OMS apud HELLER, 1998). Esta conceituação abrange aspectos ambientais e de saúde, os quais estão intimamente relacionados com a disposição do saneamento ambiental.Kobiyama et al. (2008) apresentam a definição de saneamento como “o conjunto de serviços e ações com objetivo de alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, nas condições que maximizem a promoção e a melhoria da qualidade de vida no meio urbano e rural”. O saneamento ambiental engloba a sanidade das habitações, seu entorno e as condições de saúde da sociedade em geral, o que demonstra abordar uma escala mais ampla que o saneamento básico. Segundo Kobiyama et al. (2008), o saneamento ambiental “consiste não só nos serviços enumerados no saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo dos resíduos sólidos e de águas pluviais), mas também no que diz respeito ao controle de doenças, garantindo a saúde pública”. Em contrapartida, Souza (2002) nos apresenta que não necessariamente o saneamento básico deve ser tratado única e exclusivamente no seu sentido técnico, “mas compreendido no conjunto das dinâmicas da produção socioespacial da cidade em face das precárias condições de vida da maioria da população”. Condições de vida estas que hão de embasar planejamentos e ações públicas em tomadas de decisões no que tange à universalização dos serviços de saneamento, considerando as peculiaridades e nuances da urbanização e espacialização da cidade. Haja vista que a cidade é socialmente produzida, compreendendo uma diversidade na sua desigualdade, o que deve ser considerado no ato de pensar o processo saúde-doença. Ambiente e Saúde - 33 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os dados utilizados para caracterização do cenário de saneamento ambiental na cidade de Manaus foram coletados do banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no censo demográfico realizado no ano de 2010. Também foram realizadas visitas à sede da Manaus Ambiental, empresa responsável pelo abastecimento de água e esgoto para obtenção de informações sobre a cobertura e os serviços na cidade. Também foram coletados os dados da patologia leptospirose, no portal do DATASUS, referentes às internações hospitalares do período de 2010 a 2015. Os dados foram tratados estatisticamente com técnicas descritivas: máximo, mínimo, média e coeficiente de incidência do período de 2010 a 2015. Tanto as variáveis de saneamento ambiental: água, esgoto e resíduos sólidos, como da população residente, foram mapeadas por bairro5. Foi calculada a taxa das variáveis por bairro (total/domicílios do bairro ou a população) e delimitados os índices pela técnica dos quartis em quatro classes, sendo o quartil 1 definido como condições ruins, quartil 2 regular, quartil 3 médio, e quartil 4 boas condições de saneamento. A escala espacial por bairro foi utilizada em decorrência da disponibilidade de dados pelo IBGE e dos dados das internações referirem-se ao CEP da residência da população internada e com isso agrupado ao bairro, uma vez que o mesmo CEP engloba vários quarteirões de uma mesma rua/avenida. Com isso, foi calculada a taxa de incidência da doença leptospirose, utilizando o total de internações por bairro no período a cada cem mil habitantes. Nos bairros que apresentaram condições de deficiência de saneamento e maior incidência da doença, foram realizados trabalhos de campo nos meses de janeiro a março de 2018, para verificar criticamente as condições socioambientais das áreas pelo olhar geográfico. 5 A presente pesquisa solicitou, porém, não obteve os dados de inundações urbanas e alagamentos na Defesa Civil do período, limitando a análise dessa associação com a espacialidade da doença. Conforme a instituição, os dados são agrupados na área urbana, sem incorporar as diferenças entre alagamentos, enchentes e inundações, dessa maneira, poderiam indicar constatações limitadas à baixa qualidade dos mesmos para correlacionar a leptospirose. 34 A urbanização e o saneamento ambiental em Manaus/AM Pensar a perspectiva do processo saúde-doença implica pensar o processo de urbanização ocorrente nas cidades, que exige planejamento e infraestrutura adequada às condições de moradia, acesso aos serviços de saúde e saneamento. O Brasil, atualmente, constitui-se em um país urbano com pouco mais de 85% de sua população total vivendo em cidades, conforme dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Ab’Saber (1999, p. 54), “esse dado aponta para um grande desafio a ser enfrentado por governantes no fim desse século e início do próximo milênio”, pois, conjuntamente a formação dos grandes centros urbanos no âmbito das cidades, atrelou- se a intensificação dos problemas socioambientais. Sendo eles relacionados às desigualdades sociais, que tão marcadamente caracterizam o espaço geográfico, tais como habitação precária, subemprego, educação, fragilidade ou inexistência de saneamento básico e saneamento ambiental, dentre outros, que compõem o metabolismo urbano no âmbito das cidades. Manaus, a partir da década de 1970, conforme os dados censitários apresentados pelo IBGE (Quadro 1) apresentou crescimento populacional residente constante em consonância com o número de domicílios e a expansão territorial urbana. O contexto encontra-se atrelado à instalação da zona franca no final da década de 1960, a qual é responsável pela configuração espacial de novos bairros, imprimindo instalações de residências nos mais diversos terrenos ambientalmente fragilizados da cidade, as quais necessitavam de expansão de infraestrutura, o que não ocorreu na mesma intensidade. Quadro 1 - Dados censitários relacionados à série histórica que representam o crescimento populacional ocorrente na cidade de Manaus a partir da década de 1960 Ano População residente N° de domicílios Densidade demográfica 1960 175.343 - - 1970 311.622 52.053 - 1980 633.383 118.375 - 1996 1.154.330 - - 2000 1.405.835 326.837 123,23 hab./km 2007 1.646.602 - - 2010 1.802.014 460.767 158,06 hab./km Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, @Cidades censo séries históricas. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/municipio/1302603/pesquisa/43. Acesso em: 26 dez. 2016. Ambiente e Saúde - 35 Diante deste contexto, para além das áreas periféricas que já marcavam a paisagem urbana de Manaus, agora como moradias da classe média, têm-se na cidade a construção de edifícios residenciais marcando o início do seu processo de verticalização. Esse crescimento demográfico ocorrente em Manaus relaciona-se com o êxodo rural do próprio Estado e ainda em migrações intra/inter-regionais, para as quais as pessoas vêm para a cidade em busca de emprego nas indústrias atraídas especialmente pela Zona Franca (LAVIERI; LAVIERI, 1999 apud NOGUEIRA et al., 2007): No final da década de 70 do século XX, começa a expansão para as zonas administrativas Leste e Norte, seja por ocupações regulares e/ou irregulares, o uso do solo tornou-se mais estratificado e as novas ocupações que foram se formando na cidade já surgiram bem mais marcadas pelo nível de renda dos seus habitantes. (LAVIERI; LAVIEREI, 1999 apud NOGUEIRA et al., 2007, p. 35 e 44). Com a fragilidade da infraestrutura urbana da cidade, uma significativa parcela da população migrante passou a residir em domicílios precários, sem serviços básicos de saúde e saneamento, o que contribuiu para o impacto na qualidade de vida dessas pessoas e intensificação dos problemas socioambientais urbanos em Manaus. Pois a grande massa dessa população acaba por residir nos locais condizentes com seus poderes aquisitivos. Sendo esses locais ambientalmente fragilizados, comportando uma população socialmente vulnerável, estando esta nas margens dos igarapés, nos fundos de vale, nas encostas, dentre outros ambientes. Conforme apontado por Oliveira (2003), não foram criados na cidade de Manaus alternativasque dessem conta de garantir as mínimas condições de vida do grande contingente de população que migrou para a cidade após a implantação da Zona Franca. A precariedade dos serviços públicos urbanos na cidade de Manaus mediante esse contexto tornou-se mais visível e presente no cotidiano da sociedade, agora acompanhado de diversos problemas socioambientais, pois a cidade não detinha infraestrutura adequada para recepcionar tal demanda demográfica, o que implicou no aumento substancial da espacialidade da cidade, que ocorreu sem planejamento adequado. Dentre os impactos socioambientais ligados ao saneamento potencializou-se neste período a poluição dos igarapés urbanos (Figura 1), que, segundo Nogueira et al. (2007), “foi ocasionado pela dinâmica da expansão da cidade”. 36 Figura 1 - Margem do igarapé paulatinamente ocupado por residências e embarcações, passando a receber em seus cursos d’água resíduos domésticos e outros efluentes advindos com o processo de urbanização sem planejamento e ação pública, fazendo-se necessária a coleta dos resíduos via balsa em decorrência da expressiva quantidade de material a ser coletado Fonte: Nogueira (2017). A sanidade do ambiente urbano, em decorrência da urbanização não planejada, encontra-se comprometida em decorrência do modo de vida desigual instituído na produção do espaço urbano da cidade, em que a parcela da sociedade menos abastada economicamente acaba por conviver com a poluição e degradação em seu cotidiano, o que implica diretamente no processo de saúde-doença dessa população que agora divide o espaço com as águas inservíveis dos igarapés, seja pelo descarte de esgoto sem o devido tratamento, seja pelo descarte de resíduos sólidos ou outros meios de contaminação. A propagação dos ambientes insalubres via contaminação dos igarapés urbanos na cidade de Manaus, onde estão canalizados os detritos urbanos, implica diretamente no abastecimento de água, no que concerne aos parâmetros adequados para o consumo humano, pois o serviço é delineado pela captação das águas do rio Negro, este que também é responsável pelo recebimento do deságue dos igarapés que delineiam a cidade. Fonseca et al. (1982, p. 275) desenvolvem uma análise identificando a poluição do rio Negro nas cercanias de Manaus, no fim da década de 1970, onde já se observou naquele momento a presença de bairros, como, por exemplo, Compensa, em que moradores construíram seus sanitários sobre um pequeno curso d’água, o que claramente implica na qualidade da água captada para abastecimento na cidade. O sistema de abastecimento de água de Manaus compõe-se de três Estações de Tratamento de Água (ETAs), as quais se encontram em constante operação (Figura 2) “e apesar de a captação de água para Ambiente e Saúde - 37 tratamento e distribuição ser feita por tubos situados em regiões profundas, não impossibilita a sucção de, pelo menos, parte da massa contaminada tornando a purificação mais onerosa” (FONSECA et al., 1982). Diante desse contexto, segundo a concessionária Manaus Ambiental, responsável pela prestação de serviços de tratamento e disposição de água na cidade, explicitou que a cidade de Manaus em 2016 contava com uma rede de distribuição de 3.700 km de água, atendendo, assim, 96% da população residente na área urbana, onde 522.000 residências contavam com ligação de água, estimando-se, assim, que dois milhões de habitantes dispunham do atendimento. Figura 2 - Configuração do abastecimento atual de água na cidade de Manaus segundo a concessionária Manaus Ambiental, destacando as Estações de Tratamento responsáveis pelo abastecimento da cidade Fonte: Manaus Ambiental (2016, adaptado de PEREIRA, 2018). Contudo, vale ressaltar que os dados da concessionária Manaus Ambiental não vão ao encontro com o cotidiano vivenciado e noticiado em Manaus, assim como contradiz os dados das pesquisas realizadas pelo ITB (2013) e IBGE (2010), e, ainda, opõe-se também a realidade presenciada pelos moradores da cidade em seu cotidiano, que convivem com a precariedade dos serviços de saneamento, configurando o acesso deficiente à água potável e esgotamento sanitário em vários bairros da cidade, o que demonstra as desigualdades sociais implícitas na produção excludente do espaço urbano e que os riscos à saúde estão imbricados com as condições distintas e injustas de vulnerabilidade socioambiental da população. 38 Aportes do saneamento ambiental e impactos à saúde humana em Manaus/AM Com base no levantamento realizado pelo IBGE em Manaus, divulgado no censo de 2010, identificou-se mediante um total 460.844 domicílios, que 347.822 beneficiam-se do abastecimento de água via rede geral de distribuição e 65.851 domicílios beneficiam-se do abastecimento de água via poço ou nascente na propriedade. Tal contexto apresenta a disposição dos serviços e suas respectivas instalações e funcionamento, identificando que sua espacialização não ocorreu de maneira uniforme na cidade, estando longe de contemplar a população como um todo, o que compromete a universalização dos serviços de saneamento almejados na política e pela sociedade, assim como acaba por ratificar a pesquisa realizada pelo ITB (2017). A falta de água potável disponível nas torneiras ao longo do dia, principalmente no que diz respeito às áreas periféricas do ambiente urbano manauara ainda são comumente identificadas nos principais noticiários da cidade, o que denuncia a instabilidade e precariedade da prestação dos serviços, implicando na identificação de que não foi seguido o padrão de crescimento e urbanização da cidade (Figura 3). Portanto, o acesso ao abastecimento de água na cidade de Manaus, não ocorrendo de maneira uniforme, constitui-se em um problema socioambiental à medida que muitos bairros da cidade ainda se encontram desassistidos quanto ao abastecimento de água potável regular. Figura 3 - Notícias comumente identificadas nos principais noticiários da cidade de Manaus, os quais demonstram a fragilidade e precariedade no sistema de abastecimento de água na cidade Fonte: Jornal Acrítica (Reportagem de Alik Menezes, em 17/04/2017). Ambiente e Saúde - 39 O Mapa 1 apresenta qualitativamente o acesso à rede geral de distribuição de água por bairros na cidade de Manaus. Mapa 1 - Síntese da distribuição de água nos bairros de Manaus com acesso via rede geral de distribuição Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Org. Ulliane Amorim e Jean Campos (2017). A distribuição dos serviços de água encontra-se precária e em condições ruins nos bairros Colônia Antônio Aleixo (11), Cidade de Deus (9), Colônia Terra Nova (14), Distrito Industrial II (20), Gilberto Mestrinho (24) e Jorge Teixeira (27), ambos localizados nas zonas Norte e Leste da cidade, estas que são as atuais zonas de expansão da cidade. Com exceção do bairro de Flores (23), que fica localizado na zona Centro-Sul de Manaus, os demais bairros com índice ruim, apresentando precárias condições de acesso à água potável em Manaus, estão espacialmente localizados nas zonas Leste e Norte de Manaus. Com o inchaço urbano, as zonas Leste e Norte da cidade passam a ser expressivamente ocupadas, internalizando grandes impactos e níveis de degradação ambiental em seus territórios, estando desprovidas de condições adequadas de saneamento. E o descompasso na distribuição de água nesta área da cidade implica no armazenamento em vasilhames e outros meios, como escavações de poços tubulares, sem considerar os devidos critérios ambientais, os quais propagam maiores desdobramentos na saúde desta população. 40 O serviço apresenta-se com índice regular nos bairros Armando Mendes (4), Aleixo (2), Cidade Nova (10), São José Operário (55), Zumbi dos Palmares (63), dentre outros. A disposição do serviço apresenta melhora, paulatinamente, tornando-semediana nos bairros Redenção (47), Crespo (17), e Bairro da Paz (18), e tomando caráter de boa disposição nos bairros da Compensa (15); Dom Pedro (21); Planalto (41); Vila da Prata (62) e outros. Tais bairros, por sua vez, se constituem áreas centralizadas, sendo presididas por pessoas de melhores condições socioeconômicas, o que não exime a presença de desestruturas em seu interior. E, ainda, conforme identificou Oliveira (2011), em Manaus: As populações mais empobrecidas economicamente são as mais afetadas em relação à adoção da valoração econômica da água como parâmetro norteador das políticas públicas, sofrendo com os cortes de abastecimento e com o abandono no que diz respeito à ausência de investimentos. (OLIVEIRA, 2011, p. 185). A fragilidade implica na ínfima presença desses serviços no âmbito da cidade, os quais, mesmo com base legal para implantação e operacionalização, não abrange a sociedade em sua totalidade. Considerando a disposição dos serviços de esgotamento sanitário, drenagem e manejo das águas pluviais, observa-se uma precariedade mais intensa na cidade de Manaus, conforme apresenta o Mapa 2. Neste podemos observar, a partir da espacialização dos dados do censo (IBGE, 2010), quanto a situação do acesso aos serviços de esgotamento sanitário por bairros na cidade de Manaus. Dos 63 bairros da cidade de Manaus com base no Mapa 2, identifica-se que apenas 11 bairros apresentam boa disposição do serviço de esgotamento sanitário, sendo eles o Centro (7), Nossa Senhora de Aparecida (33), Parque 10 de Novembro (39), Planalto (41), Nova Esperança (36), São Lázaro (56), São Jorge (54), Dom Pedro I (21), Nossa Senhora das Graças (34), Morro da Liberdade (32) e Santa Luzia (49). Dentre os bairros que apresentam uma condição mediana quanto ao acesso ao serviço, têm-se uma lista de 18 bairros. Dentre esses se tem o Nova Cidade (35), que se trata de um bairro planejado pelo Poder Público. A situação é precária ao que diz respeito ao acesso ao esgotamento sanitário, apresentando uma infraestrutura ruim e deficitária, e tal situação abrange mais expressivamente os bairros situados nas zonas Leste, Oeste e Norte da cidade. Zonas que, respectivamente, são aquelas de maior extensão e população. Ambiente e Saúde - 41 Atualmente, a expansão da espacialidade da cidade na zona Norte, Oeste e Leste, principalmente, vem ocorrendo continuamente sem planejamento adequado, o que é uma preocupação, haja vista que a mesma não dispõe, em seu território, dos serviços de saneamento, apresentando precárias condições de infraestrutura, especificamente, nos bairros Santa Etelvina (48), Puraquequara (45), Tancredo Neves (58), Colônia Terra Nova (14), Cidade de Deus (9), Colônia Antônio Aleixo (11), Lago Azul (28), Jorge Teixeira (27), dentre outros identificados no Mapa 2. Mapa 2 - Espacialização dos bairros com acesso e respectiva situação de esgotamento sanitário na cidade de Manaus Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), org. Ulliane Amorim e Jean Campos (2017). Em detrimento da existência de rede coletora de esgoto na totalidade da espacialidade que compreende a cidade de Manaus, a sociedade acaba por utilizar a fossa séptica como meio de esgotamento sanitário. 42 Pereira e Aleixo (2018) verificaram que a precariedade nos serviços de saneamento ambiental em Manaus abrange a coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos. Em conjunto, a irregularidade no serviço de coleta nos bairros, a disposição em lixeiras “viciadas” de forma cumulativa por semanas sem coleta e o despejo inadequado de resíduos nos igarapés urbanos constituem-se na cidade fatores condicionantes de doenças. “A disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos não ocorre de forma homogênea na cidade, sendo os sujeitos mais vulneráveis aos riscos decorrentes da disposição inadequada os que possuem menor poder aquisitivo” (PEREIRA; ALEIXO, 2018, p. 50). As precariedades, no que concerne à disposição dos resíduos sólidos urbanos, esgotamento sanitário e acesso à água potável na cidade de Manaus, configuram desdobramentos estruturais e na saúde da população de maior vulnerabilidade socioambiental. Dentre os principais acometimentos de doenças relacionadas às repercussões do déficit de infraestrutura e disposição dos serviços de saneamento ambiental na cidade, relacionamos o acometimento da leptospirose. A leptospirose é uma patologia que possui como transmissor principal nos centros urbanos o rato (Rattus norvegicus conhecida como ratazana de esgoto). Os cães também participam da cadeia de transmissão da doença, segundo Oliveira et al. (2009), pois, quando infectados, podem eliminar leptospiras por meio da urina durante meses, sem apresentar sintomas. E, ainda, “após o contágio da bactéria leptospira, o período de incubação para o aparecimento dos primeiros sintomas pode levar até 30 dias, com média de 7 a 14 dias. Os sintomas podem variar desde um processo inaparente até formas graves. A manifestação da doença pode ser dividida em dois subtipos, a anictérica e a ictérica” (ALEIXO, 2012, p. 118). Quanto ao risco de adquirir a doença, Oliveira et al. (2009) afirmam que “ficou evidenciado entre as pessoas que residiam a menos de 20 metros de esgoto aberto, confirmando a importância da localização da residência em áreas com precárias condições de saneamento”. Soares et al. (2014) também chamam a atenção para os agravantes e condicionantes da ocorrência da doença, os quais, segundo os autores, estão ligados ao déficit de “sistema de tratamento pluvial e de redes de esgotos adequados, bem como uma coleta de lixo periódica, a leptospirose apresenta-se em nível bastante acentuado nas populações, uma vez que os vetores da doença encontram nestas ambientes condições propícias para se proliferarem”. Ambiente e Saúde - 43 Ressalta-se que a vacina humana da leptospirose existe em alguns países, mas ainda não é muito segura, sendo que mais pesquisas precisam ser desenvolvidas para comprovação e segurança na utilização (FMUSP, 2013). No Brasil, apesar de se apresentar como um grave problema de saúde pública, a vacina é inexistente. Apenas é utilizada a vacina para animais como bovinos, suínos e cães que podem ser vacinados todos os anos para se prevenir da doença (FIOCRUZ, 2017). Com base na análise das condições de saneamento na cidade de Manaus, abrangendo principalmente o abastecimento de água potável e o esgotamento sanitário, verificando disposições precárias à população, fez-se o levantamento no banco de dados do DATASUS do total de 176 casos de internações no período de 2010-2015, que foram espacializados por bairro, inserindo a taxa de incidência de internação (número de casos/população) por leptospirose em Manaus, identificando assim os bairros mais acometidos pela doença, conforme exposto no Mapa 3. Considerando a temporalidade total analisada nesta pesquisa, dos anos de 2010 a 2015, a taxa de incidência de internações por leptospirose em Manaus, conforme apresentado no mapa 3, delineou-se em todas as zonas da cidade, com maior expressividade nas zonas Sul e Oeste de Manaus seguida da zona Leste. Mapa 3 - Taxa de incidência de internações por leptospirose em Manaus (2010-2015) Fonte: DATASUS (2010-2015). Org. Ulliane Amorim e Jean Campos (2018). 44 Durante o período analisado, os bairros com maiores taxas de incidência de internações por leptospirose em Manaus, foram Distrito Industrial I (19), Morro (32), Raiz (46), Educandos (22), São Raimundo (57), Presidente Vargas (44), São Jorge (54), Tarumã-Açu (60) e Zumbi (63). As ocorrências de leptospirose presentes na zona Sul da cidade de Manaus estão ligadas às ocorrências de alagamentos e transbordamentos configurados nos igarapés urbanos presentes nessas áreas da cidade, os quais se encontram poluídos com resíduos
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