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Atividades e Atos Administrativos Prof. Patrícia Sampaio 31/07/2017 AULA 0 - Introdução O que é o direito administrativo e para que serve? - Regula o funcionamento do Estado (Administração Pública) - Necessário para satisfazer as necessidades públicas Crítica ao princípio da supremacia do interesse público: Marçal Justen Filho: invenção para que Administração Pública não tivesse que justificar seus atos. Caderno da Isa: Para que serve o direito administrativo? organização do serviço público. É importante lembrar que serviços públicos não são, necessariamente, gratuitos. Ainda assim, o preço dos serviços públicos pagos não acompanham regras de mercado de oferta/demanda. Além disso, o Direito Administrativo estuda o poder de polícia. Contrato administrativo: forma de estabelecer o preço e a qualidade do serviço. Lembrar que o direito administrativo exige prestação de contas, logo, a forma é da essência do direito/contrato administrativo, ao contrário do contrato civil. O art. 37, CF, estabelece como princípios da administração pública a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Por impessoalidade, deve-se considerar que a administração pública não pode dar preferência a uma empresa específica ou a um grupo específico da sociedade civil. Improbidade é uma falha grave de moralidade. BLOCO I - PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 02/08/2017 AULA 1 - A supremacia do interesse público (sobre o particular) [Aula 1 da apostila] SLIDES: Maria Sylvia Zanella di Pietro “Apesar das críticas a esse critério distintivo, que realmente não é absoluto, algumas verdades permanecem: em primeiro lugar, as normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer que o direito público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do direito civil (...) e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito (própria do individualismo) pelo princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a Administração em todas as suas decisões: o de que os interesses públicos têm supremacia sobre os individuais.” Desvalorização cambial/inflação/contratos IGP-DI ou IPCA Concessão de serviço público União Federal >< Concessionária >< Usuário Qual(is) o(s) interesse(s) público(s) e privado(s) envolvidos? > O interesse privado deve sempre ceder diante do interesse do Estado? > Interesse do Estado = interesse público? > O interesse público tem supremacia sobre o particular? > Existe apenas 01 interesse público envolvido no caso concreto? Atualmente, entretanto, vem-se crescentemente firmando uma vertente doutrinária que contesta a supremacia apriorística dos direitos coletivos sobre os individuais, sustentando que, em caso de conflito, a solução somente possa se apresentar no caso concreto, tendo por norte a dignidade da pessoa humana e a proteção aos direitos fundamentais. Em certas situações, os benefícios advindos da intervenção para um “determinado interesse público” sejam irrazoáveis e desproporcionais aos problemas e desvantagens que acarretarão para “outros interesses públicos” ou para direitos individuais. A problemática do tema tem o seu cerne na impossibilidade de adoção de um interesse público unívoco, e, portanto, a inviabilidade de se cogitar a existência de um “princípio” de supremacia desse mesmo interesse público. A problemática do tema tem o seu cerne na impossibilidade de adoção de um interesse público unívoco, e, portanto, a inviabilidade de se cogitar a existência de um “princípio” de supremacia desse mesmo interesse público. Supremacia e indisponibilidade O agente público não pode escolher entre atender ou não ao interesse público => o interesse público é indisponível Mas...interesse público = interesse do Estado? Interesse da coletividade? Interesse da maioria? É possível compatibilizar a expressão com a determinação constitucional de proteção aos direitos fundamentais do indivíduo? Crítica ao princípio da supremacia do interesse público “Como visto, existem interesses coletivos múltiplos, distintos, contrapostos – todos eles merecendo tutela por parte do direito. Bem por isso, o critério da ‘supremacia do interesse público’ apresenta utilidade reduzida, uma vez que não há um interesse único a ser reputado como supremo. O critério da supremacia do interesse público não permite resolver de modo satisfatório os conflitos, nem fornece um fundamento consistente para as decisões administrativas.” Posição intermediária: interesses públicos primários e secundários Luis Roberto Barroso: “O interesse público primário é a razão de ser do Estado e sintetiza-se nos fins que cabe a ele promover: justiça, segurança e bem-estar social. Estes são os interesses de toda a sociedade. O interesse público secundário é o da pessoa jurídica de direito público que seja parte em uma determinada relação jur[dica – quer se trate da União, do Estado-membro, do Município ou das suas autarquias. Em ampla medida pode ser identificado com o interesse do erário, que é o de maximizar a arrecadação e minimizar as despesas”. “(...) O interesse público secundário – i.e., o da pessoa jurídica de direito público, do erário – jamais desfrutará de supremacia a priori e abstrata em face do interesse particular. (...) O interesse público primário, consubstanciado em valores fundamentais como justiça e segurança, há de desfrutar de supremacia em um sistema constitucional e democrático. (...) o interesse público primário desfruta de supremacia porque não é passível de ponderação. Ele é o parâmetro da ponderação.” E em caso de conflito entre interesses públicos primários? Voltando ao caso gerador… STJ (2004) > Ag. Rg. na Suspensão de Liminar nº 57-DF “Agravo regimental. Suspensão de liminar. Ação civil pública. Lesão à ordem pública e econômica configurada. Insegurança jurídica e risco Brasil Agravado. (...) 2. Caracterizado o risco inverso, refletido no cenário de insegurança jurídica que pode se instalar com a manutenção da liminar, que, em princípio, admite a quebra do equilíbrio dos contratos firmados com o Poder Público, lesando a ordem pública administrativa e econômica e agravando o risco Brasil, defere-se o pedido de suspensão. “Vistos, relatados e discutidos (...), acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (...), por maioria, (...) dar provimento ao agravo regimental, no sentido de manter o ato da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, que fixou o índice de correção para reajuste das tarifas telefônicas pela aplicação do IGPDI, sendo que esse reajuste não terá efeito retroativo, só será aplicado após a proclamação dessa decisão, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.” Caso gerador: O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública em face da Agência Nacional de Telecomunicações — ANATEL, com vistas à anulação dos atos da agência reguladora que haviam permitido o reajuste da tarifa de telefonia fixa comutada com base no IGP-DI, o índice previsto nos contratos de concessão celebrados por ocasião da licitação no âmbito do Programa Nacional de Desestatização. Em sua petição, o Ministério Público sustentou que a implementação do reajuste contratualmente previsto teria por efeito o aumento em 25% da tarifa residencial, onerando demasiadamente o orçamento da população brasileira como um todo, com grave dano ao interesse público. Dessa forma, o Parquet requereu a substituição do referido índice pelo INPC, que naquele ano havia apresentado variação significativamente inferior ao IGP-DI. Na visão do Ministério Público, os atos da ANATEL violavam o direito difuso dos usuários do serviço público a tarifas módicas. De outro lado, alegavam as concessionárias que a promoção do interesse público, no caso, consistia na preservação dos contratos celebrados pela AdministraçãoPública e na manutenção do seu equilíbrio econômico-financeiro, meio necessário para permitir às concessionárias conservarem a qualidade, a continuidade e as metas de universalização dos serviços públicos concedidos. Alegavam, ainda, que caso o Poder Judiciário determinasse a alteração no índice de recomposição inflacionária contratualmente acordado, nulificando o ato da ANATEL que homologara os novos valores tarifários, estaria promovendo a insegurança jurídica e afugentando novos investidores, realidade que, inclusive, feriria a Ordem Econômica constitucionalmente estabelecida. A seu ver, a invocação, pelo Poder Judiciário, do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, como razão de decidir, seria suficiente para resolver a controvérsia acima quanto à legalidade ou constitucionalidade do ato administrativo da ANATEL? Caderno da Bia: O que é o interesse público? Serviços públicos são aqueles cuja universalização é almejada. O interesse público é a escolha política das necessidades coletivas. Os contratos que o poder público travam com o funcionário privado devem ser cumpridos, é um contrato comutativo (para toda prestação existe uma contraprestação). No caso gerador, alguns interesses constitucionalmente protegidos são: A igualdade; Defesa do consumidor; Segurança jurídica; Sociedade solidária; Equilíbrio econômico financeiro. O MPF pode ajuizar ação contra a ANATEL, pois foi ela que celebrou o contrato, ou em face da União. O que o MPF quer é que as empresas se abstenham de cobrar essa tarifa, então as concessionárias de serviços telefônicos também devem figurar no polo passivo. Em contrapartida, uma vez o contrato celebrado, o reajuste já foi previsto, de modo que não realizá-lo feriria a segurança jurídica. Além disso, a falta de investimentos afetaria a qualidade do serviço prestado para o consumidor. Ainda, pela ótica da separação de poderes, o reajuste compete à administração pública, ou seja, ao Executivo, de modo que o Judiciário não pode decidir isso. A discussão inteira que rolou na sala demonstra que não há um interesse que, a priori, possa ser considerado como preponderante. Não existe uma lista dos interesses públicos que são supremos. Ler cap. 2 do Marçal. Diz que nunca pode invocar um interesse genérico público em detrimento de um direito subjetivo (que deve ser respeitado). Também não se pode confundir com interesse da maioria. Caderno da Isa: Princípio da supremacia do interesse público. Crítica: Alegar a “supremacia do interesse público” seria uma forma da administração pública não ter que justificar os seus atos. Seria uma forma insatisfatória de resolver conflitos, na medida em que não fornece um fundamento consistente para as decisões administrativas. 02/08/2017 AULA 2 - Princípio da legalidade e poder regulamentar [Aula 2 da apostila] Caderno da Isa: Caso gerador: Anatel determinou o reajuste da tarifa da telefonia fixa. O Destinatário são as empresas (concessionárias) e quem paga a tarifa é o usuário. O MPF argumentava que geraria onerosidade para o consumidor a aplicação do contrato da maneira como estava. Logo, seria contrário ao interesse público. Mas o que é interesse público? Se o interesse público for visto como uma escolha política, onde a matéria em questão estaria constitucionalmente assegurada? Igualdade (acesso a telefonia por pessoas de baixa renda), defesa do consumidor, sociedade livre, justa e solidária, segurança jurídica (“ato jurídico perfeito” é o termo constitucional), equilíbrio econômico-financeiro do Estado (visto o art. 37, XXI). Ação judicial: MPF vs. Anatel - O contratante é o poder público. A empresa é beneficiária da decisão da Anatel. Há alguma decisão política fundamental que vai aparecer na contestação? um dos argumentos pode alegar que isso feriria segurança jurídica. É possível, ainda, alegar que o consumidor será prejudicado (investimento). Princípio da separação dos poderes - poder judiciário não pode fixar índices para um contrato. O que fazer para resolver esse problema? trata-se de um caso de choque de valores de igual estatura portanto, é necessário realizar a ponderação entre os princípios. “as normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo” - isso é uma falácia, pois, em alguns casos, a proteção de interesses individuais ou de minorias é do interesse público. Existe interesse público, também, em questões que parecem estritamente individuais (ex.: interesse dos acionistas, pagos pela concessão). Lembrar que concessão que não é rentável não é concessão. obs.: reajuste tarifário costuma estar previsto nos contratos de concessão (contratos de concessão são contratos comutativos) (no aniversário do contrato) tendo em vista a inflação. Contratos de direito administrativo são contratos de adesão (a minuta do contrato vem do poder público). cdc se aplica a relação entre concessionária e usuário (contudo, costuma estar amarrada a relação entre concessionária e poder público). reforma ou manutenção da sentença? Conclusão da aula: Não é possível determinar quais interesses públicos são supremos Ler leitura obrigatória - diferença entre interesse vs. direito subjetivo Interesse público não é igual a interesse da maioria (não haveria lei de proteção a deficientes físicos, ou gratuidade para idosos, etc). Não tem como dizer que o interesse público é a soma dos interesses individuais. Não é possível somar interesses individuais (os interesses das pessoas podem ser opostos). Há uma parcela da doutrina que faz diferenciação entre interesses públicos primários e secundários (os discutidos no caso são os primários). Interesses arrecadatórios do estado/município seriam secundários. primário prevalece sobre o secundário. 09/08/2017 AULA 3 - Princípio da legalidade e poder regulamentar [Aula 2 da apostila] Apostila: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE A legalidade constitui o motor de atuação de toda a atividade administrativa, constituindo princípio constitucional de acordo com o art. 37, caput, da Constituição de 1988. Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da legalidade é capital para a configuração do regime jurídico-administrativo, pois é aquele que qualifica o Estado de Direito e que lhe dá identidade própria. A ideia de administração pública só pode ser exercida em conformidade com a lei, sendo, portanto, sublegal, infralegal, consistente em comandos complementares à lei. Nessa ordem de ideias, é de notar-se que, se de um lado o poder de decisão das questões de natureza política primária compete ao Poder Legislativo na edição de normas jurídicas, por outro é indisputável que a lei não pode regular o direito nos detalhes que a solução dos problemas cotidianos exige. Daí porque há necessidade de que o Poder Executivo tenha, em muitas situações, de atuar sem uma conduta totalmente pré-determinada por uma norma, sempre, porém, balizado por certos limites jurídicos. Hoje em dia, prevalece uma legalidade temperada, em que se admite o instituto da delegação normativa e da deslegalização. Uma legislação minuciosa e exaustiva sobre a conduta administrativa não é garantia de lisura ou proteção aos cidadãos. É nessa ordem de questões que a doutrina pátria vem apresentando teses controvertidas acerca da abrangência e dos limites do poder regulamentar de competência do Chefe do Poder Executivo, órgãos e entidades estatais autônomas. O aspecto central do debate tem a ver com a possibilidade ou não do Chefe do Poder Executivo editar regulamentos autônomos, assim como acerca da constitucionalidade de uma função regulamentar diversa daquela exercida pelo Chefe do Poder Executivo — e seus Ministros — por titular de órgão ou entidade da Administração Pública indireta. REGULAMENTOS AUTÔNOMOS E AUTORIZADOS O regulamento autônomo é aquele que retira seu fundamento de validade diretamente da Constituição, na ausência de lei em sentido formal que regule a matéria. A maioriada doutrina administrativa clássica sustenta que, à luz da Constituição de 1988 e ao menos até o advento da Emenda Constitucional nº 32, não havia a possibilidade de a Administração Pública exarar regulamentos autônomos, tendo em vista o dever de obediência ao princípio da legalidade (art. 37, caput, CRFB/88) e o fato de a redação original do art. 84, VI, exigir que os decretos de organização da Administração fossem expedidos “na forma da lei”. A Emenda Constitucional nº 32/01 veio alterar a redação do art. 84, VI, da Constituição, retirando a expressão “na forma da lei”. Dessa forma, o Chefe do Poder Executivo pode expedir decretos autônomos — isto é, que prescindem de lei — quando a matéria regulada diga respeito à auto-organização da Administração Pública federal, desde que de suas disposições não decorram criação de novos cargos ou sua extinção, ou aumento de dispêndio para a Administração Pública. Trata-se, assim, de possibilidade relativamente limitada. Sobre a possibilidade de existirem regulamentos autônomos no direito brasileiro após a EC nº 32/01, Gustavo Binenbojm destaca a existência de três diferentes correntes doutrinárias, nos seguintes termos: (I) a primeira, composta por aqueles que continuam a negar a existência dos regulamentos autônomos, no Brasil, a partir de uma compreensão rígida do princípio da legalidade, como vinculação positiva da Administração à lei; (II) a segunda, em sentido diametralmente oposto, entendendo que a nova modalidade do art. 84, VI, (a), ocorrerá em âmbito de reserva de administração (na modalidade de reserva de poder regulamentar), imune à lei em sentido formal, que simplesmente não mais poderá dispor sobre organização e funcionamento da Administração Pública em matérias que não importem aumento de despesa, exceto no que disser respeito à criação e extinção de órgãos, sob pena de configuração de inconstitucionalidade formal; (III) e a terceira, reconhecendo a existência de uma nova espécie de regulamento ou do velho regulamento autônomo, agora apenas admitido formalmente pelo novel texto constitucional, mas mantendo incólume o princípio da preferência da lei; ou seja: a matéria relativa à organização e funcionamento da Administração Pública pode até ser tratada por regulamento, mas no caso de superveniência de lei de iniciativa do Presidente da República, esta prevalecerá no que dispuser em sentido diverso. De igual modo, será cabível a expedição de regulamentos autônomos em espaços normativos não sujeitos constitucionalmente a reserva de lei (formal ou material), sempre que à míngua do ato legislativo, a Administração Pública estiver compelida a agir para cumprimento de seus deveres constitucionais. Também neste caso, por evidente, assegura-se a preeminência da lei superveniente sobre os regulamentos até então editados. Além disso, tem-se observado a importância crescente dos chamados “regulamentos autorizados”, isto é, aqueles que dispõem sobre matérias que, embora não cheguem a ser disciplinadas detalhadamente em lei formal, nela encontram seu fundamento de validade. Assim, por exemplo, as leis que instituem as agências reguladoras comumente atribuem a essas entidades competência para editar atos normativos abstratos em matérias que exijam conhecimentos técnicos específicos. FUNÇÃO REGULAMENTAR: Quem são os titulares da competência para a edição de regulamentos? Caio Tácito sustenta que se o “poder regulamentar” é em princípio e dominantemente exercido pelo Presidente da República, em razão de sua competência constitucional (art. 84, IV, CF/88). Todavia, segundo o autor, nada impede — antes em determinadas circunstâncias aconselha — possa a lei habilitar outras autoridades à prática do poder normativo. Nesse sentido, sustenta que a norma constitucional que outorga competência ao Presidente da República (art. 84) é enumerativa, não sendo válido o raciocínio a contrario sensu, excludente de outra fórmula de ação normativa que o Legislativo entenda necessária ou conveniente Para outro autor, essa competência se distribui entre as diversas entidades integrantes da Administração Pública. Na mesma senda, Alexandre Santos de Aragão adverte que muitas vezes a lei confere “poder regulamentar” a titular de órgão ou a entidade da Administração Pública distinta do Chefe do Poder Executivo. O autor se vale da expressão cunhada por San Tiago Dantas, “descentralização do poder normativo do Executivo” para órgãos ou entidades tecnicamente mais aparelhados. Por essa descentralização, o poder de baixar regulamentos, isto é, de estatuir normas jurídicas inferiores e subordinadas à lei, mas que nem por isso deixam de reger coercitivamente as relações sociais, é uma atribuição constitucional do Presidente da República, mas a própria lei pode conferi-la, em assuntos determinados, a um órgão da Administração Pública ou a uma dessas entidades autônomas que são as autarquias. Sergio Varella Bruna: só competência das demais autoridades dotadas de poder hierárquico para expedir normas gerais aos seus subordinados, no intuito de viabilizar o cumprimento da lei. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por outro lado, sustenta que, da mesma maneira que os Ministérios, outros órgãos administrativos de nível inferior também têm reconhecidamente o “poder” de praticar atos normativos, como portarias, resoluções, circulares, instruções, porém nenhum deles podendo ter caráter regulamentar, à vista da competência indelegável do Chefe do Executivo para editá-los. Destaca a autora que inúmeros órgãos administrativos e entidades da Administração indireta editam atos normativos por meio especialmente de resoluções e portarias, em grande parte dos casos, por expressa atribuição legal. Malgrado a polêmica sobre o tema, Manoel Gonçalves Ferreira Filho adverte que é difundida e tolerada a prática de que órgãos autárquicos regulamentem as leis, “lembrando que todos têm presentes as circulares e as portarias de que certos órgãos da Administração Pública usam e abusam, fazendo ‘leis’ que não raro mais interferem na vida do cidadão que as leis propriamente ditas”. Daí a polêmica sobre se aos órgãos e entidades descentralizadas da Administração Pública pode ser conferida uma função normativa e, em caso positivo, qual a sua abrangência. Caso da aula 2: O art. 2º da Lei estadual 3.438/2000 do Rio de Janeiro impõe às distribuidoras de combustível o dever de colocar lacres nos tanques dos postos revendedores de gasolina, prevendo o art. 3º a imposição de pena pecuniária caso não seja cumprida essa determinação: “Obriga as distribuidoras de combustíveis a colocarem lacres eletrônicos, nos tanques dos postos de combustíveis, no âmbito do estado do rio de janeiro, Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º — Obriga as Distribuidoras de Combustíveis a colocarem equipamentos de segurança, ou adotarem procedimentos técnicos, que garantam a inviolabilidade dos tanques dos postos de combustíveis em que fazem distribuição. § 1º — Os equipamentos de segurança, ou procedimentos técnicos citados no caput deste artigo deverão ser testados e aprovados pelo INMETRO, tendo suas eficiências atestadas para o fim a que se destinam, além de estarem sujeitos à aprovação do órgão estadual competente. § 2º — Para efeito dos meios de controle previstos no caput deste artigo, poderão ser utilizadas substâncias identificadoras, que serão continuamente monitoradas, sendo estas substâncias, exclusivas para cada distribuidora, incorporadas aos combustíveis. (redação dada pela Lei nº 4563/2005). Art. 2º — Fica a distribuidora responsável pela colocação de lacres nos Postos, podendo só a mesma ter acesso à abertura dos tanques. Art. 3º — O não cumprimento desta Lei, sujeitará as infratoras, à multa de 10.000 Unidades Fiscais de Referência — UFIR, para cada caso aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 4º — O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 30 diasa contar de sua publicação. Art. 5º — Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.” Posteriormente, decreto do chefe do Poder Executivo estadual vem a determinar que os postos revendedores de combustíveis são responsáveis em caso de violação ou depredação do lacre, sob pena de sanção pecuniária. Nesse sentido, o Decreto Estadual 29.043/2001, modificando o Decreto 27.254/2000, regulamentador do tema, incluiu o art. 10-A, que prevê: Art. 10-A. No caso de violação ou depredação assim como na recusa da instalação do lacre por parte de postos revendedores para venda a varejista que exibam marca da distribuidoras, incidirão sobre os mesmos as penalidades previstas no artigo anterior A seu ver, é constitucional esse decreto? Justifique o seu entendimento. SLIDES: Princípio da legalidade aplicado à Administração Pública vs. Princípio da legalidade aplicado aos particulares Quais as principais diferenças? Princípio da legalidade aplicado à Administração > Vinculação negativa à lei – Administração não pode fazer o que a lei proíbe (Art. 5º, II) > Vinculação positiva à lei – Administração somente pode agir quando houver lei que a autorize ou obrigue, e tem o dever de promover os objetivos previstos na lei (Art. 37, caput) Princípio da legalidade > Direito brasileiro : Regra geral é a reserva de lei para atuação do administrador (lei obriga ou faculta o ato – art. 37, caput, CF/88). Administração não pode exigir do cidadão comportamento que não seja determinado em lei. > O cidadão pode fazer aquilo que a lei não proíbe => art. 5º, II, CF/88 > Na França: reserva de regulamento Excetuados os espaços especificamente destinados pela Constituição à lei, tudo o mais pode ser normatizado através de regulamento do Poder Executivo O direito brasileiro adota lógica semelhante? Celso Antônio Bandeira de Mello “Só por lei se regula liberdade e propriedade; só por lei se impõem obrigações de fazer ou não-fazer. Vale dizer: restrição alguma à liberdade ou à propriedade pode ser imposta se não estiver previamente delineada, configurada e estabelecida em alguma lei, e só para cumprir dispositivos legais é que o Executivo pode expedir decretos e regulamentos.” Só existiriam regulamentos conforme a lei... Regulamentos no direito brasileiro Decretos Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Minhas anotações: MS: para proteger direito líquido e certo (não precisa de provas documentais). Normalmente, não precisa de provas documentais de violação quando a Administração Pública age ilegalmente ou com abuso de poder. ALERJ promulgou lei dizendo que a distribuidora tem que colocar lacre, senão pode sofrer sanção. Estabelece prazo para regulamentar. Para que regulamentar? Para preencher lacunas. No caso: quem vai aplicar? Qual o procedimento? Mesmo que não houvesse previsão, o Executivo poderia regulamentar. Competência regulamentar é ínsita à Administração Pública e decorre do Art. 84, IV, CF (no caso, o do chefe do Executivo). Mas, nesse caso, tem prazo para regulamentar. E se descumprir o prazo? Não retira o poder de regulamentar, mesmo que fora do prazo. É sempre dele, com fundamento na Constituição. Toda lei pode ser regulamentada por decreto (mesmo que sem previsão), mas só do chefe do Executivo (presidente pelo Art. 84, IV, CF e, pelo princípio da simetria, também o governador e o prefeito). Ministro, autarquia não pode expedir decreto (só os chefes do Executivo). No caso, governador baixou um decreto, exercendo seu poder de regulamentar. Questionamentos: > Não está ampliando a abrangência da lei? Isso não extrapola seu poder de regulamentar? > Ou só está assegurando a fiel execução à lei, porque estava claro para todo mundo desde o início que o objetivo era evitar fraude? Está simplesmente completando, detalhando a lei, cujo objetivo era evitar a adulteração, e quem tem mais capacidade de evitar a adulteração é o próprio posto (e não a distribuidora). Princípio que a lei busca efetivar: defesa do consumidor. Princípio que tem base constitucional (art.170, V e art. 5º, XXX) e base legal (Lei 8.079). Obs: direito é líquido e certo porque questão não depende de perícia etc. Questão é eminentemente de direito. Característica do MS é ser rápido e célere. Tem quase absoluta preferência em julgamento (depois de habeas corpus). Prazo decadencial a partir do fato é de 120 dias. Princípio da legalidade aplicado à Administração Pública: PEGAR NO SLIDE No Brasil, só é decreto o que é emitido pelo chefe do Executivo. É diferente regulamentar uma lei e extrair fundamento da lei (x da Constituição). Decreto x Decreto-lei. Não existe decreto-lei no ordenamento jurídico brasileiro segundo a Constituição de 88. No direito brasileiro, é uma contradição nos próprios termos, porque decreto serve para regulamentar a lei. Obs: existem decretos-leis vigentes no Brasil porque são anteriores à CF88 (ex: Estado Novo e ditadura militar), e a recepção pela CF88 é apenas material. Obs: lei delegada > pegar! MP (depende de aprovação posterior pelo Legislativo para ter eficácia; depende de urgência e relevância) tem força de lei, já o decreto tem status infralegal. Não pode inovar na ordem jurídica (só dar fiel execução a outras leis). Caderno da Isa: Caso gerador: postos revendedores são pessoas jurídicas totalmente independentes das distribuidoras (costumam ter um acordo de bandeira). O caso retoma a pirâmide de Kelsen, tendo em vista em hierarquia entre as normas (lei acima e mais geral do que o decreto). O posto impetrou um mandado de segurança, visto que tiveram um direito líquido e certo (ou seja, um direito que não comporta dilação probatória, isto é, tudo o que precisa para convencer o juiz do seu direito são provas documentais ou previsões legais - não é necessário perícia, testemunha, etc.). O mandado de segurança é previsto no art. 5º, LXIX, CF. Em um Estado de Direito, a Administração Pública não pode agir arbitrariamente, assim, sendo vítima de arbitrariedade do Estado, o posto de gasolina pode impetrar o mandado. A celeridade na tramitação é um aspecto vantajoso do mandado de segurança - essa celeridade é garantida visto que o mandado de segurança é usada em casos de arbitrariedade estatal. É o mandado é impetrado sempre em faça de uma autoridade (secretário de Estado do Rio - subordinado ao Governador. Governador faz o decreto e o secretário fiscaliza). Prazo de 120 dias para impetrar o mandado de segurança. Qual seria o direito líquido e certo do posto? ● Lei 3.438 - Lei Estadual (instituída pela Alerj): A distribuidora, ao entregar o combustível, tem que lacrar o tanque (evita adulteração do combustível). A lei dá o poder ao Executivo de regular a lei. Regular = preencher as lacunas que a lei deixou (ex.: quem vai aplicar? procedimento?) ● Toda lei precisa ser regulamentada? não. Mas se der para ser, pode. Quem pode regulamentá-la? O chefe do poder executivo - art. 84, IV, CF. Pode ter decreto expedido por Ministro/autarquia? não. ● Poderes da administração: regulamentar, de polícia (tem mais 2). O poder regulamentar deriva do art. 84, IV, CF. Qualquer lei pode ser regulamentada. ● Prazo para regulamentação: o fato do chefe do executivo deixar de regulamentar não é, necessariamente, um ato de improbidade administrativa. É necessário identificar um elemento subjetivo, isto é, dolo - intenção de não regulamentar. A mera não regulamentação não deveria, portanto, ser considerado improbidade administrativa. A perda desse prazo não retira do chefe do Poder Executivo o poder de regulamentar (com base na Constituição Federal). Decreto Estadual: Governador baixou o decreto, inserindo um art.10-A. Objeto do mandado de segurança: não pagar a multa. Para tanto, quer a declaração de nulidade do decreto, alegando ilegalidade do decreto, visto que amplia a abrangência da lei Argumento contrário:decreto estaria agindo apenas como detalhamento. Decreto-lei: qual a diferença entre decreto e decreto-lei? o decreto-lei não é previsto constitucionalmente. A noção de decreto-lei é controversa, inclusive, visto que o decreto surge apenas após a lei estar disponível como forma de detalhá-la. Diferença entre baixar um decreto vs. medida provisória? medida provisória = tem força de lei; decreto = não tem. Existem matérias que não podem ser tratadas em decreto. O Chefe do Executivo estaria inovando no ordenamento jurídico, e não detalhando algo já existente. Lei delegada: previstas constitucionalmente, apesar de não ser de uso comum. 10/08/2017 AULA 4 - Ainda legalidade e poder regulamentar [Aula 2 da apostila] Princípio da legalidade e poder regulamentar Qual a esfera de abrangência, então, do regulamento? Existe espaço no ordenamento brasileiro para os regulamentos autônomos? Tipos de regulamentos: > Regulamento “secundum legem” (a maioria). Desde que haja uma lei sobre a matéria, chefe do Executivo pode regulamentar. Art. 84, IV. SÃO OS AUTORIZADOS. Além disso, tem os das autarquias??? > Regulamento “praeter legem” (autônomos, na ausência de lei). Regulamento que retira seu fundamento de validade diretamente da Constituição, não necessitando da prévia existência de lei em sentido estrito. Art. 84, IV, CF, não autoriza (autoriza apenas decreto quando já existe a lei). E o inciso VI? Há discussão sobre se essa autorização do presidente para dispor mediante decreto sobre organização interna do Poder Executivo se enquadraria como praeter legem, porque é muito restrita e não tem impacto sobre terceiros (e muito pouco impacto interno; não pode nem criar órgão etc.) Art. 84, VI, a. SÃO OS AUTÔNOMOS. > Regulamento “contra legem”: Como regra geral, não é admitido (não pode ferir o degrau de cima da pirâmide, do qual retira seu fundamento de validade). Em resumo, visão clássica: Apenas os regulamentos de execução são admitidos, em virtude do princípio da legalidade (ressalva-se a previsão do art. 84, VI, CF/88, pós EC 32 que, entretanto, tem um escopo de aplicação bastante reduzido) Obs: e os atos emitidos pelas agências reguladoras? Têm poder normativo de editar regras que têm, sim, impacto sobre a vida de terceiros. São qualificadas como regulamentos autorizados, porque são autorizados por leis pré-existentes, que dão um arcabouço, uma moldura, a partir dos quais a agência reguladora pode exercer poder normativo. Não é um poder normativo na ausência de lei, mas um poder normativo autorizado pela lei. Retiram seu fundamento de validade das leis que criam as agências. Obs: aula 2 na apostila questiona se esses atos não estariam assumindo caráter de decreto, usurpando um papel que seria dos chefes do Executivo. Regulamento autônomo Art. 84, VI, (a), CF => Redação dada pela Emenda Constitucional 32/2001 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos Correntes no direito brasileiro 1ª: continua a negar a existência de regulamento autônomo, por ofensa ao princípio da legalidade 2ª. Admite-se o regulamento autônomo em matérias onde CF não impuser reserva de lei José dos Santos Carvalho Filho: regulamentos autônomos não podem existir, porque violam o princípio da legalidade (art. 5º, II, da CF). E o art. 84, IV, CF? Os atos de organização e funcionamento, ainda que tenham caráter normativo, não são suficientes para caracterizar o Brasil como um país que adota os regulamentos autônomos. “Os atos de organização e funcionamento da Administração Federal, ainda que tenham conteúdo normativo, são meros atos ordinatórios, ou seja, atos que preordenam basicamente ao setor interno da Administração para dispor sobre seus serviços e órgãos”. Gustavo Binembojm: esses atos de organização e funcionamento caracterizam-se, sim, como decretos autônomos. Inclusive, outras matérias podem ser regulamentadas por regulamento autônomo, se o presidente identificar um interesse constitucional que lhe incumba promover ou preservar. Isso desde que não seja um campo sujeito a reserva absoluta de lei (ex: penal, tributário). CNJ (Art. 103-B, §4º, I): órgão interno ao Poder Judiciário que exerce poder normativo e poder disciplinar sobre os juízes (caráter, portanto, administrativo). Problema (“podendo expedir atos regulamentares”), porque, segundo o Art. 84, IV, o poder de regulamentar é privativo do chefe do Executivo. “Poder regulamentar” aqui, bem como em outros casos, como das agências reguladoras, deve ser entendido como poder de expedir atos de caráter normativo. O poder regulamentar mesmo é privativo do chefe do Executivo. > CNJ pode expedir decretos autônomos ou apenas regulamentando leis? Resolução 7/2005 do CNJ. Contra nepotismo. Pode destituir parentes mesmo sem lei (a despeito do Art. 37, caput, CF, ou só pode agir/deixar de agir de acordo com comandos pré-estabelecidos em lei? Moralidade e impessoalidade têm mesmo status constitucional que a legalidade, então o que se estaria fazendo seria só dar cumprimento a um princípio constitucional x Princípio da legalidade no sentido estrito se aplica à Administração Pública. ADC-MC 12/DF no Supremo. Foi proposta uma ADC para discutir a questão. Foi declarado Constitucional no STF, porque resolução era geral, impessoal e abstrata (portanto, caracteriza-se como lei). Tem caráter normativo primário, porque inova primariamente na ordem jurídica (portanto, caracteriza-se como lei). É constitucional, porque tem como fim efetivar princípios básicos na Constituição. Primeira vez que se admitiu que tenha sido editada uma lei sem iniciativa do Congresso. Obs: Art. 37, caput, se aplica à Administração Pública de todos os Poderes. CNJ é órgão de administração do Poder Judiciário. Em suma, são constitucionais os regulamentos autônomos? > Não, pois violam o art. 84, IV, XCF. Exceções seriam apenas os espaços expressamente previstos na própria Constituição (ex: arts. 84, IV; 103, B, §2º, I; 130-A, §2º, I). Doutrina majoritária. > Sim, dever da Administração de atender aos comandos constitucionais, nos espaços não limitados à reserva absoluta da lei; teoria dos poderes implícitos (se a lei conferiu ao órgão a competência de efetivar um princípio constitucional, deve ter dado também o poder de normatizar sobre a matéria). Posição minoritária. > De qualquer forma, não se pode dizer que eles têm exatamente poder/caráter regulamentar. Mas isso foi relativizado, com o poder do presidente de emitir regulamento para organizar o Poder Executivo, o reconhecimento do caráter de lei da resolução 7/2005 do CNJ na ADC no Supremo etc. A redação do art. 84, IV, da Constituição é compatível com a atribuição de poderes normativos a outros entes das Administração Pública que não o chefe do Poder Executivo? “Compete privativamente ao Presidente da República” Lei 9.472.97 (Lei Geral de Telecomunicações), Art. 19: > Dá à agência um poder de expedir atos normativos. > Está delegando o poder de legislar? Isso seria inconstitucional. > Não, está atribuindo um espaço normativo para que a partir dos princípios etc. previstos na lei se possam desenhar os detalhes técnicos. O Parlamento já exerceu sua competência; ele legislou; Administração Pública pode legislar secundariamente. O regulamento autorizado A lei fixa princípios gerais com elevado teor de abstração e atribui a um ente da Administração Pública a competência de densificá-los. Podem ser criados direitos ou impostas obrigações nessas bases ou haveria ofensa ao princípio da legalidade ? 1ª corrente: É inconstitucional: trata-se de delegação legislativa disfarçada sem observância dos requisitos da Constituição (Art. 68, CF)! 2ª corrente: É constitucional: não há ofensa ao princípio da legalidade porque o Legislador exercitou sua competência e, ao fazê-lo, atribuiu espaços normativos a autoridades administrativas (p.ex. CVM, CMN, ANATEL...).Justifica-se especialmente em casos de elevada complexidade técnica e que envolvem relação de especial sujeição STF ADI - MC 1668 ...decide... a) quanto aos incisos IV e X, do art. 19, sem redução de texto, dar-lhes interpretação conforme à Constituição Federal, com o objetivo de fixar exegese segundo a qual a competência da Agência Nacional de Telecomunicações para expedir normas subordina-se aos preceitos legais e regulamentares que regem outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações no regime público e no regime privado, vencido o Min. Moreira Alves, que o indeferia; Tendo isso tudo em mente: e o caso da aula 2? Caderno da Isa: Classificação dos Regulamentos ● Regulamento “secundum legem”: É a regra. ● Regulamento: trata de matéria segundo a qual o legislador ainda não se posicionou. regulamentos que são feitos na ausência de lei. Esse tipo de regulamento é admissível no ordenamento jurídico brasileiro? Sim. A admissibilidade decorre do art. 84, VI, CF, após nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 32/01. Essa disposição é de espaço muito limitado; é apenas uma autorização para o Presidente da República organizar internamente a administração pública. Esses decretos não produzem efeitos sobre terceiros. Diante dessa limitação, questiona-se se isso pode, de fato, ser considerado um regulamento autônomo - Deveria ser considerado regulamento autônomo algo de conteúdo tão limitado ou deveria-se ater a noção de regulamento autônomo como algo que é produzido na falta de lei? ● Regulamento “contra legem”: Doutrina - Carvalho: regulamentos autônomos não podem existir em nosso ordenamento porque se opõe o art. 5º, II, CF (princípio da legalidade). Sobre o art. 84, VI, CF: Doutrina - Binenbojm: A existência do art. 84, VI, CF não inibe o reconhecimento de outros espaços regulamentares autônomos, implícitos ou explícitos na sistemática da Carta Magna. A administração tem o poder constitucional de agir, ela precisa dos instrumentos necessáriso para tanto. CNJ: Exerce poder normativo e disciplinar - organização da ativ adm dos tribunais - poder regulamentar/atos de natureza administrativa. poder regulamentar: poder detalhar toda e qualquer lei é privativa do poder executivo. Contudo, poder regulamentar, nesse caso, trata da expedição de normas para organização adm Cargos comissionados: cargos de livre nomeação/exoneração (obs.: pegar qual a lógica) - se aplica o princípio da impessoalidade? sim, considerando o disposto no art. 37, CF Resolução nº 7 veda a nomeação de parentes no Poder Judiciário - Poderia ter feito isso (não havendo lei)? ADC - quando há divergências entre os tribunais e a questão vai para o stf stf: declarou a constitucionalidade da resolução nº 7 - caráter genérico/geral/normativo primário - quem tem isso é lei desde que a matéria não seja de espaço absoluto de lei - administrador pode regulamentar a matéria (posição que não era majoritária, mas que está se tornando mais relevante) Lei Geral de Telecomunicações: transfere determinada matéria para uma agência reguladora. Isso é uma delegação legislativa disfarçada (fraude a separação de poderes e inconstitucional) ou é constitucional? trata-se de um espaço normativo secundário (poder normativo secundário atribuído à administração pública). ● STF - ADI - MC 1668: Constitucionalidade Caso gerador: obs.: ato administrativo não pode criar sanção - para haver sanção é necessário lei (multa tem caráter sancionador) vinculação positiva a lei 14/08/2017 AULA 5 - Discricionariedade e vinculação [Aula 3 da apostila] Os atos administrativos vinculados podem ser amplamente revisados pelo Poder Judiciário em caso de vício. A partir da constitucionalização do direito administrativo e da ampliação da plêiade de princípios constitucionais, explícitos e implícitos, a que a Administração Pública deve obediência, observa-se uma tendência à crescente sindicabilidade dos atos administrativos discricionários pelo Poder Judiciário. Todavia, faz-se necessário cuidar para que não haja violação da separação dos poderes, pois não deve o Judiciário substituir o administrador no exercício das competências que são próprias ao Poder Executivo, como o exercício do poder discricionário. Caso gerador: Ticio foi multado por trafegar acima do limite de velocidade Limite de velocidade foi fixado em ato regulamentar, a partir de previsão em lei (Código Nacional de Trânsito) Tendo a decisão sido confirmada em segunda instância, o DETRAN/RS recorreu ao Superior Tribunal Justiça, sustentando a legalidade da velocidade fixada para a referida estrada, pois havia sinalização indicativa no local, em obediência, portanto, à exigência do art. 61, §2º, do Código Brasileiro de Trânsito. Além disso, argumentou que a fixação do limite de velocidade em 40 km/h era fruto do exercício legítimo de sua competência discricionária, sobre a qual não teria o Poder Judiciário competência revisional. Podia o órgão de trânsito ter fixado a placa em 40 km/h? Quais os limites ao Administrador no exercício de competência regulamentar, limites da discricionariedade administrativa? Caso o Poder Judiciário entenda que o limite de velocidade fixado pela autoridade administrativa é manifestamente desproporcional e irrazoável, poderia o tribunal fixar, no acórdão, o novo limite de velocidade? CNT: Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas suas características técnicas e as condições do trânsito. §1º. Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de: I – nas vias urbanas: a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido;(...) II – nas vias rurais: 1) nas rodovias, cento e dez quilômetros para automóveis, caminhonetas motocicletas; 2) Noventa quilômetros por hora, para ônibus e microônibus; 3) Oitenta quilômetros por hora, para demais veículos;b) nas estradas, sessenta quilômetros por hora. §2º. O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário local com circunscrição sobre a via poderá regulamentar por meio de sinalização velocidades superiores ou inferiores àquelas estabelecidas no parágrafo anterior. Podia, então, no caso gerador, o limite de velocidade ser fixado em 40 km/h? Em que consiste a discricionariedade do Administrador Público? O que é discricionariedade? Classicamente: exercício, pelo administrador, de juízo de conveniência e oportunidade no que concerne ao interesse público, nas margens de liberdade conferidas pela lei Atenção aos deveres de motivação e funcionalização do direito administrativo, que atuam como limitadores da discricionariedade Discricionariedade e vinculação Na vinculação, todos os elementos do ato administrativo já estão definidos na lei Na discricionariedade, há espaço para juízo de valor pelo Administrador (“mérito do ato administrativo”) Decisão é subjetiva, nos limites da lei, e não pode ser revista pelo PJ Princípio da responsividade > É decorrência da noção de Estado democrático > Liame entre a vontade popular e a racionalidade pública => dever da Administração de responder adequadamente às demandas da cidadania (Diogo de Figueiredo Moreira Neto) > Importância da publicidade e da transparência dos atos administrativo s para permitir o controle do ato administrativo > “Accountability” => prestação de contas Pode o Poder Judiciário rever o mérito do ato administrativo discricionário? > Doutrina clássica: o mérito do ato administrativo (conveniência + oportunidade) é insindicável pelo PJ, sob pena de violação do princípio da separação dos poderes > Doutrina contemporânea: não refuta a tese acima, mas sustenta que é possível um controle principiológico do ato administrativo discricionário, à luz da razoabilidade, da proporcionalidade e demais princípios constitucionais ... E o que é o “controle principiológico”? AgRg no REsp 1436903/DF “Em face da constitucionalização do direito administrativo e da evolução do estado de direito, tem-se entendido que o Poder Judiciário pode se imiscuirna análise do mérito do ato administrativo, desde que seja analisado sob o seu aspecto jurídico, e para que sejam observados, além da legalidade em sentido amplo do ato, também os princípios e mandamentos constitucionais. No caso sub judice, constata-se claramente que o magistrado adentrou o mérito do ato administrativo produzido pelo CADE, sem nenhuma justificação de infringência aos ditames da lei ou às normas constitucionais. (...). Depreende-se que a análise perpetrada pelo juiz sobre o mérito do ato administrativo não foi jurídica, mas, pelo contrário, casuística, uma verdadeira aventura jurídica, pois não compreendeu os relevantes fatos e provas produzidos pelo CADE, onde ficou evidenciada a formação de Cartel entre as empresas e o cometimento de infração à ordem econômica.” E o caso gerador? TJRS: “Ausente motivo suficiente para justificar a manutenção da redução de velocidade, em rodovia, a 40 km por hora também durante a madrugada, a multa aplicada pela infração - trafegar a 54 km - constatada por equipamento eletrônico (lombada) não guarda proporção com o fim colimado, que é o da segurança do trânsito.” STJ, REsp 451.242: “O Código de Trânsito Brasileiro permite ao administrador, no exercício do seu poder de polícia, insindicável pelo Judiciário, regular a velocidade considerando o local e o horário de tráfego. Em conseqüência, não malfere a lei o ato administrativo de polícia que fixa esses limites, porquanto a razoabilidade ou proporcionalidade da velocidade admitida é fruto da técnica do administrador, cuja aferição escapa ao poder judicante na esfera do recurso especial, quer pela invasão da matéria fática, quer pela intromissão indevida no âmbito do administrador.” Obs: Resp 588253 sobre o mesmo tema Os critérios adotados pela administração pública para fixação dos limites de velocidades nas vias de trânsito estão relacionadas à discricionariedade estabelecida no próprio CTB, não cabendo ao Poder Judiciário, salvo em caso de ilegalidade ou manifesto abuso de autoridade, adentrar no mérito do ato administrativo que os instituiu. Minhas anotações: Objetivo da norma: evitar acidentes. Alegação do autor: regra é desproporcional. > Regra da proporcionalidade: 1. Adequação > em tese, fixar o limite de 40 km/h para todos é adequado para a consecução do objetivo. 2. Necessidade 3. Proporcionalidade em sentido estrito Componentes da discricionariedade: conveniência e oportunidade. Como regra geral, no direito administrativo, a nulidade opera em efeitos ex tunc (retroativos). Mérito do ato administrativo: conveniência e oportunidade. Só os atos discricionários têm mérito a ser revisado pelo Judiciário. Ato vinculado não tem mérito. Pode ser revisto judicialmente também (declarado legal ou ilegal). Presunção (relativa) de legalidade dos atos administrativos. Caderno da Isa: Caso Gerador: Atos administrativos: (1) estabelecimento do limite de velocidade (regulamento de execução) e (2) exercício do poder sancionador CTB (lei ordinária): art. 61, §§ 1º e 2º = poderia ser estabelecida qualquer velocidade desde que sinalizado? Se sim, qual o pleito de Tício? Tício: fere o princípio da proporcionalidade e razoabilidade - violando adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. Qual seria a finalidade da lei? Haveria limite de velocidade como uma forma de garantia de direito a vida e evitar gastos com saúde (equilíbrio orçamentário), por exemplo. Contudo, o órgão/entidade de trânsito/rodoviário local seria a pessoa com maior conhecimento para determinar o limite de velocidade. Não passa pelo crivo da adequação, portanto. obs.: finalidade do ato administrativo deve ser considerada além do princípio da legalidade. Tício: (1) O ato de fixação seria desproporcional - intervenção desnecessária na vida das pessoas. O que fazer? Impetrar um mandado de segurança. Violação do direito líquido e certo de ir e vir. (2) Além disso, argumenta que a administração quer é aumentar a receita por meio de multas. Há uma diferença entre interesse públicos primários e secundários, de modo que o desejo de arrecadação de receitas não pode estar acima do direito de ir e vir. O exercício da discricionariedade administrativa não pode ser ilimitado. Ato discricionário não se confunde com o ato arbitrário. Elementos do discricionariedade: (a) Conveniência do ato a ser aplicado e (b) oportunidade do ato a ser executado (o momento em que a decisão será tomada - ex.: recapeamento de uma rua. Qual dia/horário isso será feito?). Deve ser balizado por princípios constitucionais (proporcionalidade/finalidade) A limitação de velocidade é um ato discricionário ou vinculado? Discricionário visto que as normas superiores ao próprio ato trazem um espectro de decisão. A aplicação da multa é um ato discricionário ou vinculado? Vinculado (ao limite de velocidade). Mas e se as disposição do CTB forem inconstitucionais? Isto é, forem contrárias ao princípio da proporcionalidade? O CTB está vinculado a uma norma superior (Constituição). Se o ato da administração for nulo (inconstitucional), a multa também seria nula. [na pirâmide = CTB - 40km/h - multa]. Nulidade opera efeito ex tunc (retroativo); se fosse ex nunc não pegaria o ato praticado por Tício. Tício: a administração pública estaria exercendo um poder arbitrário. Pode o Poder Judiciário rever o mérito do ato administrativo discricionário? Mérito do ato administrativo = conveniência + oportunidade. Só o ato discricionário têm conveniência e oportunidade. Os atos vinculados, por exemplo, não tem mérito (ex.: multa). R: não porque isso viola a separação dos poderes (violação do art. 2º, CF). A lei deu poder para ao executivo estabelecer o limite de velocidade, não cabendo ao juiz determinar isso. O exercício de conveniência e oportunidade é competência exclusiva do administrador público. Contudo, tício quer o controle de constitucionalidade do ato administrativo no ato concreto. Caso: falta de motivação + violação do princípio da proporcionalidade e finalidade - ato discricionário Controle do ato administrativo - não é apenas sobre a formalidade. Desproporcionalidade + falta de motivação devem ser considerados - legalidade é só o começo do controle da adm pública 23/08/2017 AULA 6 - Princípio da legalidade e a densificação de conceitos jurídicos indeterminados pela Administração Pública [Aula 4 da apostila] Apostila: Os conceitos determinados delimitam o âmbito da realidade ao qual a norma se refere, de forma clara e específica Os conceitos jurídicos indeterminados servem, sobretudo, para dar margem de atuação ao administrador público, impedindo, assim, o excessivo engessamento da atuação administrativa pelo legislador. De outro lado, pela técnica de utilização de conceitos jurídicos indeterminados no processo legiferante, as regras para sua adoção não aparecem bem delineadas, não obstante indiquem a sua aplicação em determinados casos concretos. Nessas circunstâncias, a norma não determina o exato e preciso sentido desses conceitos, haja vista que estes não admitem uma rigorosa e abstrata quantificação ou limitação, somente devendo ser identificados, caso a caso, diante do fato real. Grosso modo, esses conceitos previstos na norma expressam e qualificam necessidades públicas, a exemplo das expressões “utilidade pública”, “urgência”, “relevância”, “risco iminente à saúde”, “serviço adequado”, “modicidade tarifária”, “eficiência”, etc. A questão a se indagar é: há correlação entre a discricionariedade e os denominados conceitos jurídicos indeterminados? Ao se adotar a tese de que os conceitos jurídicos indeterminados devem ser integrados pelo método interpretativo, e, assim, admitir apenas uma única solução justa (afastada a oportunidade e conveniência do ato), os resultados decorrentes desses mesmos atos devem ser controlados com maior intensidade pelo Poder Judiciário. Por outro lado, em se considerado que os conceitos jurídicos indeterminados se inserem no contexto da discricionariedade administrativa,o mérito desses atos administrativos não deve ser revisto positivamente pelo Poder Judiciário. Ex: considerar como poder discricionário da Administração Pública e insuscetíveis de revisão judicial casos de aplicação de conceitos jurídicos indeterminados, como ‘interesse público’, ‘paz e ordem pública’, ‘conveniência’, ‘necessidade’, etc. Walter Jellinek: tal como o conceito jurídico determinado, o conceito indeterminado também tem limites, pois, do contrário, não seria um conceito. Porém, o primeiro tem um só limite, que permiterealizar um juízo seguro (certo) sobre a pertinência ou não do mesmo a um determinado fenômeno, ao passo que o segundo tem dois limites.53 Nessa ordem de convicções, o conceito jurídico indeterminado também permite realizar juízos seguros (certos), mas entre o juízo positivo e o negativo existe um terreno limítrofe de mera possibilidade. Esferas de certeza positiva e negativa e esfera da dúvida possível. Considerando que a clarificação dos conceitos jurídicos indeterminados se dá na aplicação em casos concretos, a doutrina alemã criou uma teoria de que só existe uma única solução justa em cada caso, determinável segundo um processo cognitivo. Porém, ao estar referindo-se a fatos concretos e não a vagas, imprecisas ou contraditórias situações, entendem esses autores que a aplicação de tais conceitos ou a qualificação de circunstâncias concretas não admite mais que uma solução: ou se dá ou não se dá o conceito Nesse sentido, García de Enterría e Tomás-Ramón Fernández sustentam que a diferença entre a discricionariedade e os conceitos jurídicos indeterminados é vital, capital. Vale dizer, em sendo a aplicação dos conceitos jurídicos indeterminados um caso de aplicação e interpretação da lei que utilizou tal conceito, o juiz pode controlar tal aplicação valorando se a solução a que com ela se chegou é a única solução justa que a lei permite. 63 Asseveram esses doutrinadores que, ao contrário, o juiz não pode fiscalizar a entranha da decisão discricionária, haja vista que, seja esta no sentido que seja, se foi produzida dentro dos limites da remissão legal da apreciação administrativa, é necessariamente justa. A discricionariedade é basicamente uma liberdade de eleição entre alternativas igualmente justas, porque a decisão se fundamenta em critérios extrajurídicos que não estão incluídos na lei, e sim no juízo subjetivo da Administração Pública. Por outro lado, o conceito jurídico indeterminado é um caso de aplicação da lei, pois se trata de subsumir, em uma categoria legal, determinadas circunstâncias reais Morón: Para esse doutrinador nem sempre é factível assegurar com total exatidão qual seria a única solução justa, fato este que está exigindo que os juízes resolvam essa dúvida sob seus próprios valores. Assim, prevalecendo a tese de que existe apenas uma solução justa na interpretação dos conceitos jurídicos indeterminados, ter-se-ia que apoiar essa idéia em um conceito transcendental de justiça (e de verdade) e em uma fé absoluta da possibilidade de discernimento humano, idealismo esse de difícil aceitação inevitável uma margem de apreciação que há de se conceder à Administração na aplicação de certos conceitos normativos indeterminados, de modo que é impossível seguir afirmando que em sua aplicação existe uma unidade de solução justa o autor conclui que o Direito não oferece parâmetros suficientes ou positivos, razão pela qual resulta complicado, quando não impossível, encontrar essa única solução legal que anularia a discricionariedade.7 Eros Grau: concorda com os alemães. chegando a sustentar que não existem conceitos jurídicos indeterminados, ao argumento de que todo conceito é uma soma de idéias que, para ser conceito, tem de ser, no mínimo, determinada. Para ele, é, na verdade, “noção, vale dizer, idéia temporal e histórica, homogênea ao desenvolvimento das coisas; logo, passível de interpretação” Eros Roberto Grau distingue entre os conceitos jurídicos meramente formais (regulae juris) e os tipológicos (fattispecie), que cumprem diferentes funções na linguagem jurídica. Sobre este último, os tipológicos, inserem-se os conceitos jurídicos apontados como indeterminados. só existirão atos discricionários quando a norma jurídica atribuir ao Administrador Público juízos de oportunidade; vale dizer, fora dessa hipótese o agente público estará jungido, unicamente, à lei. Em suma, sustenta que os conceitos jurídicos indeterminados se submetem, exclusivamente, a um processo interpretativo/ aplicativo de textos normativos. Tércio: nem sempre o vago e ambíguo gera discricionariedade. E conclui: “quando o conceito é determinado, apesar de vago e ambíguo, o ato com base nele é vinculado”.76 Pelo entendimento do autor, dispositivos tradicionalmente tidos como “poderes discricionários” são, na verdade, simples enunciados de conceitos jurídicos indeterminados. Vale dizer, conceitos como calamidade pública, ordem pública, utilidade pública não permitem em sua aplicação uma pluralidade de soluções justas, mas, apenas, uma só solução em cada caso concreto Celso Antônio aduz que os efeitos de direito são idênticos quando o Administrador, ao aplicar a regra ao caso concreto, apreende o significado de um conceito impreciso dentro da significação contextual que comportavam, ou decide segundo critérios de conveniência e oportunidade (este traduzindo uma opção por um dentre dois ou mais comportamentos que se conformam à finalidade da norma a ser aplicada). Nesse preciso sentido, defende que nenhuma diferença existe entre estas análises, e em ambas a extensão da investigação judicial é a mesma. Assim, tanto em uma como em outra, se for o caso, o ato administrativo não é passível de censura porque a Administração atuou dentro de esfera legítima, isto é, dentro do campo de liberdade (intelectiva ou volitiva) que a lei lhe proporcionava, porque não se excedeu ao decidir que tal ou qual comportamento era o mais conveniente e oportuno, por ter se mantido dentro dos limites da razoabilidade. Caso gerador: A Lei 9.478/97 instituiu a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis — ANP —, incumbindo-a de promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis (art. 8º). Constitui atribuição da ANP, nos termos do art. 56, caput e parágrafo único, do mesmo diploma legal, baixar normas sobre a habilitação dos interessados em efetuar qualquer modalidade de transporte de petróleo, seus derivados e gás natural, estabelecendo as condições para a autorização e para a transferência de sua titularidade, observado o atendimento aos requisitos de “proteção ambiental” e “segurança de tráfego”. No exercício dessa prerrogativa, a ANP editou a Portaria 201/99 (atualmente revogada pela Resolução ANP 8/2007), proibindo o Transportador- Revendedor-Retalhista — TRR — de transportar e revender gás liquefeito de petróleo — GLP, gasolina e álcool combustível. A seu ver, pode a ANP editar ato normativo vedando esse transporte por parte do Transportador-Revendedor-Retalhista? Quais seriam os limites ao exercício dessa competência normativa? Caso provocado, poderá o Poder Judiciário rever esse ato normativo da ANP? SLIDES: Caso gerador Princípio da legalidade e poder normativo da Administração Conceitos jurídicos indeterminados: > A quem cabe densificá-los? > Cabe revisão pelo Poder Judiciário? O que diz a CF Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de petróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de matérias-primas renováveis, respeitados os princípios desta Constituição. O que diz a lei Lei 9.478/97 Art. 8o A ANP terá como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis, cabendo-lhe: (...) I - implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de petróleo, gás natural e biocombustíveis, contida na política energética nacional, nostermos do Capítulo I desta Lei, com ênfase na garantia do suprimento de derivados de petróleo, gás natural e seus derivados, e de biocombustíveis, em todo o território nacional, e na proteção dos interesses dos consumidores quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos; V - autorizar a prática das atividades de refinação, liquefação, regaseificação, carregamento, processamento, tratamento, transporte, estocagem e acondicionamento; XV - regular e autorizar as atividades relacionadas com o abastecimento nacional de combustíveis, fiscalizando-as diretamente ou mediante convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios. Lei 9478/97 Art. 56. Observadas as disposições das leis pertinentes, qualquer empresa ou consórcio de empresas que atender ao disposto no art. 5° poderá receber autorização da ANP para construir instalações e efetuar qualquer modalidade de transporte de petróleo, seus derivados e gás natural, seja para suprimento interno ou para importação e exportação. Parágrafo único. A ANP baixará normas sobre a habilitação dos interessados e as condições para a autorização e para transferência de sua titularidade, observado o atendimento aos requisitos de proteção ambiental e segurança de tráfego. Portaria ANP 201/99 (já revogada) Vedou a aquisição e a comercialização, por TRR, de gás liquefeito de petróleo. As normas da ANP são compatíveis com o princípio da legalidade? REsp 1101040/PR: O ato foi praticado nos limites da atribuição conferida à ANP, de baixar normas relativas ao armazenamento, transporte e revenda de combustíveis, nos moldes da Lei 9.478/97. “Ao contrário do que uns advogam, trata-se do exercício de função administrativa, e não legislativa, ainda que seja genérica sua carga de aplicabilidade. Não há total inovação na ordem jurídica com a edição dos atos regulatórios das agências. Na verdade, foram as próprias leis disciplinadoras da regulação que, como visto, transferiram alguns vetores, de ordem técnica, para normatização pelas entidades especiais” (Carvalhinho) Obs: Decisão anterior > “As portarias, atos normativos que funcionam como fontes subsidiárias ou complementares das regras constantes dos atos legislativos, somente podme substitui-los ou mesmo regulamentá-los se houver expressa autorização constitucional ou legal; fora desse permissivo, a chamada delegação legislativa nã é permitida em face do princípio da legalidade ou da reserva legal” Discricionariedade e conceito jurídico indeterminado Conceito jurídico indeterminado – sua densificação, pelo Administrador, pode ser revista pelo PJ? Ex. “risco iminente à saúde”, “urgência”, “relevância” 1ª corrente: sendo uma questão de interpretação, haveria uma única solução => sindicabilidade pelo PJ, à luz da motivação 2ª corrente: > zona de certeza negativa > zona de certeza positiva > zona de penumbra => espaço de escolha do administrador, insindicável pelo PJ (mesmas considerações acerca do juízo discricionário – revisão só “principiológica”) Discricionariedade técnica Na discricionariedade técnica, há propriamente juízo discricionário? Duas correntes (1) Sim, desde que haja mais de uma solução tecnicamente viável (2) Não, porque sempre haverá 01 melhor técnica, não havendo espaço para juízo subjetivo STJ, AgRg no RMS 20.200/PA: “A banca examinadora de concurso público elabora e avalia as provas com discricionariedade técnica. Assim, não há como o Poder Judiciário atuar para proceder à reavaliação da correção das provas realizadas, mormente quando adotados os mesmos critérios para todos os candidatos.” JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA NESSE SENTIDO. Por mais que haja só uma solução melhor, o juiz não seria a autoridade adequada para determiná-la. STJ, RMS 19.590/RS: “Viabilidade do controle do Poder Judiciário acerca de conceitos jurídicos indeterminados e do motivo do ato administrativo.” Caderno da Isa: Conceitos jurídicos indeterminados Todo ato administrativo é discricionário? Não, visto que existe ainda o ato vinculado. O ato discricionário tem o juízo de mérito da questão (a lei concede ao administrador esse juízo de mérito). Ocorre em um espaço no qual a lei não esmiúça totalmente a situação isto é, não determinada questões que são importantes para concretização do ato administrativo (ex.: quando um rua será fechada). O ato administrativo vinculado não tem juízo de conveniência e oportunidade (mérito). Art. 170, p.ú, CF - O legislador pode estabelecer limites para a livre iniciativa. No caso gerador, é necessário a autorização da ANP, conforme estabelece o art. 56. da lei n. 9.478. Contudo, se trata de ato administrativo, e não de lei. Poderia um ato administrativo estabelecer esses limites? ● art. 56, §1º - “A ANP baixará normas sobre a habilitação dos interessados” - Exercício do poder normativo da autarquia (isso porque as normas estarão acompanhando a lei que instaura a autarquia). ● Portaria: ato administrativo. ● Em princípio, o art. 170, p.ú, só lei pode restringir/condicionar direitos. Proteção Ambiental e Segurança de tráfego: conceitos jurídicos indeterminados. Quando há um conceito jurídico indeterminado a ANP tem um poder discricionário ou vinculado? Há duas correntes (I) uma que afirma que não há discricionariedade, visto que, no final, diante da aplicação no caso concreto, forma-se um sentido unívoco para esses conceitos indeterminados e outra que afirma que (II) há discricionariedade técnica (afastada de um teor político). Julgamento do Mandado de Segurança: Decisão da 2ª instância julgou procedente por meio de uma ação declaratória. Por mais que a ANP tivesse boas intenções ao estabelecer a proteção ambiental e a segurança de tráfico, ela estaria desbordado dos limites do princípio da legalidade e da reserva legal Quais os casos em que cabe recurso especial: (I) recorrente sustenta que a decisão recorrente viola lei federal ou (II) quando dois tribunais inferiores tem uma visão diferentes sobre a interpretação de lei federal. art. 105, III. Quando os desembargadores dizem que só por lei se restringe/limite direito eles esquecem que a lei 9.847/97 ao criar a ANP, ela permite que a autarquia estabeleça os limites. Nesse sentido, pode-se argumentar que não é possível haver delegação de competência legislativa. Por outro lado, uma segunda visão afirma que na verdade, não se trata de uma competência legislativa delegada, mas, sim, um poder normativo técnico (a autarquia teria a capacidade de estabelecer esses parâmetros). Prova da OAB: elaboração e correção - discricionariedade técnica (entendimento jurisprudencial pacífico). 24/08/2017 AULA 7 - Princípios da finalidade, da impessoalidade e da motivação [Aula 5 da apostila] Apostila: FINALIDADE O ato administrativo, para ser lícito e legítimo, deve atender aos fins públicos a que se destina. Deste modo, o princípio da finalidade corresponde a uma orientação obrigatória da atividade administrativa ao interesse público. 81 Na mesma senda vigora o princípio da impessoalidade, que impõe à autoridade pública, no exercício da atividade administrativa, a consideração, de modo objetivo, dos vários interesses públicos e privados a avaliar.82 O não atendimento do fim público ou se a decisão administrativa for fundamentada em favoritismos pessoais do administrador público, ou de determinados grupos, considera-se haver vício de finalidade ou desvio de poder. Os vícios de finalidade ou do fim dos atos administrativos “escondem a intenção do administrador sob a capa da legalidade”.83 Assim é que “demonstrados, mediante prova irrefutável, permitem o controle jurisdicional da medida viciada, por desvio de poder, acarretando a anulação do ato, eivado desse defeito ou vício”. Caio Tácito: um limite à ação discricionária, um freio ao transbordamento da competência legal além de suas fronteiras José Cretella Júnior: Desvio de poder. Trata-se de distorção da discricionariedade de que é detentor o agente público, que se inclina fundado no interesse próprio e não no interesse da Administração.86O desvio de poder, fundamento para anulação do ato administrativo que nele incide, difere dos outros casos, porque não se trata aqui de apreciar objetivamente a conformidade ou não-conformidade de um ato com a regra de direito, mas de proceder-se a uma dupla investigação de intenções subjetivas: é necessário indagar se os móveis que inspiraram o administrador deveriam realmente inspirá-lo. Os outros casos de anulação dos atos administrativos fundamentam-se em razões de existência objetiva e que podem justificar a decisão. Aqui, o móvel, ao contrário, é o sentimento, o desejo que inspirou o autor do ato, mas na forma o ato é perfeito Dessa forma, o que vicia o ato, inquinando-o de desvio de poder, é o fim privado, isto é, a vontade distorcida do agente público que deixa de ser administrador para tornar-se dominus, praticando ato com finalidade absolutamente incompatível com o espírito de objetividade e imparcialidade que deve nortear os atos do agente público.89 Esse limite visa impedir que a prática do ato administrativo possa dirigir-se à consecução de um fim de interesse privado, ou mesmo de outro fim público estranho à previsão legal IMPESSOALIDADE Odete Medauar: Com o princípio da impessoalidade a Constituição visa a obstaculizar atuações geradas por antipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias, nepotismo, favorecimentos diversos, muito comuns em licitações, concursos públicos, exercício do poder de polícia (...) Em situações que dizem respeito a interesses coletivos ou difusos, a impessoalidade significa a exigência de ponderação equilibrada de todos os interesses envolvidos, para que não se editem decisões movidas por preconceitos ou radicalismos de qualquer tipo.9 guarda direta relação com os princípios da moralidade, da publicidade e da motivação dos atos administrativos. MOTIVAÇÃO: Tomás Ramón-Fernandez: um primeiro critério de deslinde entre a discricionariedade e a arbitrariedade, de maneira que o que não é motivado é, só por esse fato, arbitrário não se confundem motivo e motivação. Todo ato administrativo tem de ter um motivo, i.e., uma razão pública na origem. No entanto, existe controvérsia quanto a se necessariamente todos os atos administrativos necessitam vir com motivação, entendida esta como a exteriorização do motivo. A doutrina pátria é pacífica no entendimento de que a inexistência do motivo alegado como fundamento (quando ele é falso ou inidôneo) para a prática de qualquer ato administrativo acarreta a sua nulidade. Desse modo, para que o Poder Judiciário possa controlar o ato administrativo, há que se ter uma perfeita e clara identificação dos reais motivos que levaram o agente à adoção da decisão. No caso dos atos discricionários, o mérito do ato identifica-se com a análise da oportunidade e conveniência na tomada da decisão, sobre os quais o administrador possui a faculdade discricionária, concedida por lei, para decidir entre as soluções possíveis aquela que melhor atenda ao interesse público. Portanto, o mérito engloba a valoração procedida pelo administrador quanto a determinados fatos concretos, com base nos quais deverá escolher, após uma ponderação dos interesses envolvidos, a solução que entender seja a mais adequada, razoável e proporcional. É a partir dessa constatação que emerge a clássica lição de que o mérito do ato administrativo é insindicável, isto é, não pode ser revisto pelo Poder Judiciário. Sabe-se, entretanto, que essa afirmação hoje é lida com temperos, especialmente para se compreender que mesmo o ato discricionário pode ser controlado pelo Poder Judiciário à luz dos princípios constitucionais, explícitos ou implícitos, dentre os quais, a motivação. Celso Antônio Bandeira de Mello nos seguintes termos: Dito princípio implica para a Administração o dever de justificar seus atos, apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada, nos casos em que este último aclaramento seja necessário para aferir-se a consonância da conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo Derivação do princípio da cidadania, todo poder emana do povo. a garantia inscrita no art. 5º, XXXV, da Constituição, segundo a qual a qualquer cidadão é assegurado o direito à apreciação judicial em caso de lesão ou ameaça a direito.98 De fato, o dever de motivação dos atos administrativos constitui uma exigência a que esses possam se submeter ao posterior controle do Poder Judiciário, Diogo Moreira neto: deria do devido processo legal. Embora não previsto expressamente dentre os princípios constitucionais da Administração Pública constantes do art. 37, caput, da Constituição Federal, a doutrina aponta possuir referido princípio guarida constitucional. Caso gerador: Determinada instituição de ensino superior requereu ao Ministério da Educação o credenciamento de alguns cursos de graduação. Designada Comissão de Avaliação pelo MEC, foi proferido parecer favorável ao início dos cursos. Com base nesse parecer, a instituição iniciou uma série de reformas no prédio e outros investimentos. Sobreveio, então, ato do Ministro de Educação, que negou à instituição de ensino o credenciamento de alguns dos cursos pretendidos. O despacho, publicado no Diário Oficial da União, tem o seguinte teor: ”Indefiro a autorização para o funcionamento do curso referido no presente processo, tendo em vista a evidente desnecessidade do mesmo, não só no que se refere ao desenvolvimento regional, mas também no que tange ao excesso de oferta de vagas, por outras instituições, na área de sua eventual instalação”. Caso você fosse advogado da instituição de ensino, o que aconselharia ao seu cliente? Na qualidade de Procurador Federal, como você defenderia a decisão do Ministro? SLIDES: O que é o poder da Administração? > Não há poder “fruível” pela Administração > Há, em realidade, prerrogativas que se justificam para atendimento a necessidades coletivas > É um dever de agir > Poder-dever / dever-poder Princípio da finalidade > É princípio e elemento do ato administrativo > Sua violação é causa de nulidade do ato administrativo > Desvio de finalidade pública para finalidade privada > Desvio de uma finalidade pública para outra igualmente pública, mas para a qual não é competente > Liga-se aos princípios da legalidade e da moralidade Lei 4717/65 (Lei da Ação Popular) Art. 2º. Parágrafo único. (...) e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. CF/88 – mandado de segurança Art. 5º. (...) LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; Motivação > Não está no art. 37, CF/88 > Decorre da própria noção de Estado democrático = art. 1º, par. un. CF/88 (todo o poder emana do povo...). > Está no art. 93, CF/88, no que se refere à competência do Judiciário para exercício de função administrativa > Impte. para permitir controle pelo PJ. Motivação - Constituição Federal > Poder judiciário no exercício de função atípica (administrativa) Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Princípios do processo administrativo federal – L. 9784/99 Lei nº 9.784/99 => aplica-se à Administração Direta e Indireta federal (art. 1º) “Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
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