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Aula 1 e 2 - Teoria do Conhecimento John Locke e David Hume 1º Ano Filosofia

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FILOSOFIA – 1º Ano – 3º Colégio da Polícia Militar do Paraná
Aula 01 e 02
Professor – PLINIO ANDRADE
DEFINIÇÃO DE CONHECIMENTO
 O conhecimento é a substantivação do verbo conhecer. Conhecer é o ato de entender, compreender, apreender algo por meio da experiência ou do raciocínio. O conhecimento fascina a humanidade desde a Antiguidade, quando a Filosofia passou a pensar os modos como o ser humano pode conhecer a verdade.
A Epistemologia: Teoria do Conhecimento
A teoria do conhecimento em
John Locke e em David Hume
 John Locke
A recusa do inatismo
A obra Ensaio sobre o entendimento, de Locke, está dividida em quatro livros. Examinaremos as teses centrais de sua introdução e do primeiro livro, em que o autor explana, respectivamente, sobre as razões que o conduziram ao Ensaio e os argumentos usados para refutar o inatismo.
Na introdução, Locke justifica por que devemos nos preocupar com o exame do entendimento. Para ele, é o entendimento que torna o ser humano um ser especial e lhe propicia vantagens quando comparado com as outras espécies. Sendo assim, torna-se um dever de todo e qualquer filósofo procurar compreender como funciona essa faculdade que eleva e distingue a humanidade de outros seres vivos.
Com Locke, a volta que o entendimento faz sobre si, para poder determinar com precisão a origem, o alcance e o fundamento do conhecimento humano, obedece à seguinte ordem de exposição: inicialmente, o filósofo investiga a origem das ideias que se encontram em nossa mente, o que implica explicar por que o inatismo não pode ser admitido como explicação apropriada para o conhecimento. Em seguida, ele explica que conhecimento o entendimento adquire, mediante essas ideias.
Para ele ideia é tudo que se encontra na mente.
 Após ter refutado o inatismo, Locke dirige suas investigações à possibilidade do conhecimento. Suas teses estão situadas entre duas concepções. De um lado, há as teses apresentadas pelos filósofos que admitiam que o conhecimento está limitado apenas pelas coisas que existem. Nesse caso, é correto admitir que, em determinado momento, nosso entendimento conheceria todas as coisas existentes, não havendo mais nada a ser conhecido. De outro lado, há a tese de que nosso conhecimento apresenta limites próprios. Nessa concepção, seria possível conhecermos apenas parte da realidade, deixando escapar muito de seus aspectos, situados além do nosso entendimento.
Por “ideia”, Locke entende qualquer coisa que esteja presente na consciência (mente), seja de natureza sensível ou de natureza reflexiva. Dessa forma, ele as divide em “ideias de sensação” e “ideias de reflexão”.
As ideias da sensação são aquelas que se formam quando acolhemos algum objeto no mundo, mediante os sentidos.
Exemplos desse tipo de ideias são tudo o que remeta à sensação, como, por exemplo, algo branco, úmido, quente etc. 
As ideias de reflexão são formadas no próprio entendimento e são provenientes da percepção. Graças à percepção é que o entendimento se debruça sobre as ideias recebidas pela experiência. Noções como acreditar, desejar, pensar são exemplos de ideias reflexivas.
 O conhecimento, portanto, se constitui quando o entendimento, ainda vazio, passa a ser preenchido pelo conteúdo proveniente da experiência. Locke recupera a antiga imagem do entendimento como uma tábula rasa ou folha de papel em branco, que vai sendo aos poucos preenchida pelos conteúdos recolhidos pelos sentidos.
 Após receber as ideias, o entendimento vai se familiarizando com elas e guardando-as na memória. Ali recebem um nome, e, por fim, vamos abstraindo as características particulares ate chegar ao ponto de permanecer somente com os traços gerais; esses traços gerais serão nomeados ou rotulados, identificando assim os vários objetos que se abrigam sob esse rótulo.
Locke detalhou a tese da tábula rasa em seu livro Ensaio acerca do Entendimento Humano, de 1690. Para ele, todas as pessoas nascem sem conhecimento algum (i.e. a mente é, inicialmente, como uma "folha em branco"), e todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido através da experiência.
Aula 2. Continuação de Locke e Hume
Para garantir a correspondência entre uma ideia e o objeto que ela representa, Locke introduz uma nova distinção, a saber, entre as “qualidades primárias” e as “qualidades secundárias”.
As qualidades primárias são definidas como tudo o que acompanha o objeto. Por “primário”, devemos entender características que são inerentes ao objeto. Assim, as ideias de solidez, figura e movimento seriam provenientes das qualidades primárias dos corpos, enquanto a cor, o peso ou o gosto seriam ideias derivadas das qualidades secundárias dos corpos materiais.
Locke propõe que há quatro tipos de acordo ou desacordo entre ideias: 
1) identidade e diversidade; 
2) relação; 
3) coexistência, ou conexão necessária; 
4) existência real 
IDENTIDADE 
 Refere-se a própria identidade do objeto, “a mente percebe de modo claro e infalível que cada ideia concorda consigo mesma, que ela é o que é, e que todas as ideias distintas discordam, i.e., que uma não é a outra. E isso faz [...] à primeira vista, por seu poder natural de percepção e distinção” (i 4). Exemplos dados por Locke: ‘Branco não é vermelho’, ‘Redondo não é quadrado’
Relação 
Trata-se da segunda forma de acordo ou desacordo, na qual o entendimento julga a possível relação que pode existir entre duas ideias quaisquer. Nessa etapa, o entendimento trabalha com a necessidade de encontrar relação entre ideias diferentes para poder alcançar um conhecimento mais completo e positivo do objeto.
 Se duas ideias, apesar de distintas, podem ser relacionadas, ocorrendo um acordo que conduz ao conhecimento; se não podem ser relacionadas, estabelece-se um desacordo que deve ser evitado.
Coexistência ou conexão necessária
nessa espécie, a mente procura perceber quais são as qualidades que coexistem em determinado objeto, gerando uma ideia mais clara e precisa, e quais as que não coexistem e podem ser descartadas, pois não pertencem àquele objeto. Se afirmarmos que o metal se expande quando
aquecido, estamos percebendo uma qualidade primária que deve estar necessariamente conectada à ideia de metal. Dessa forma, se comprovarmos que determinado objeto, apesar de parecido com o metal, quando aquecido não se expande, podemos abandonar a ideia de que tínhamos em nossa frente um exemplar do objeto conhecido como metal.
Existência Real
quarta espécie de acordo ou desacordo, traduz-se como aquilo que concorda com qualquer ideia, tornando-a efetivamente existente
David Hume
O argumento cético que abalou a filosofia
Diferente de Locke, para quem a mente do homem, ao nascer, era uma "folha em branco" a ser preenchida pela experiência sensível, Hume era também cético a respeito de uma fundamentação para o que aprendemos com base na experiência. 
A filosofia de Hume, portanto, está duplamente vinculada à de Locke, visto que ambos aceitam que somente a experiência pode fornecer os conteúdos para o entendimento das coisas existentes no mundo e admitem a necessidade de examinar detalhadamente como funciona o entendimento.
Para Hume, tudo aquilo que podemos vir a conhecer tem origem em duas fontes diferentes da percepção:
 Impressões e Ideias 
Impressões: são os dados fornecidos pelos sentidos. Podem ser internas, como um sentimento de prazer ou dor, ou externas, como a visão de um prado, o cheiro de uma flor ou a sensação tátil do vento no rosto. 
Ideias: são as impressões tais como representadas em nossa mente, conforme delas nos lembramos ou imaginamos. A lembrança de um dia no campo, por exemplo.
Como as ideias se formam no entendimento?
Os pensamentos são considerados menos fortes e vivos quando comparados com as impressões, afinal, existe uma diferença significativa entre pensar que ontem estive com dor e sentir, neste momento, determinada dor. A lembrança da dor é incomparavelmente mais fraca do que a sensaçãoda dor efetivamente experimentada. Dessa forma, Hume afirma que as ideias ou pensamentos são cópias das coisas percebidas pelos sentidos

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