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Propriedades das Células Excitáveis e sinalização neuronal Ecofisiologia Animal Organização do sistema nervoso Nos vertebrados, o sistema nervoso central é uma estrutura bilateral e essencialmente simétrica com sete partes principais. Células Existem duas classes principais de células no sistema nervoso: Células nervosas (neurônios); Células gliais (glia). Existe cerca de 10 a 50 vezes mais glia do que neurônios no sistema nervoso central. Células Funções essenciais da glia: Sustentação; Produção de mielina; Remoção de fragmentos e substâncias (lixeiras); Estabelecimento das conexões (guiam os axônios em crescimento); Regulação (regulam as sinapses); Formam a barreira hematoencefálica; Nutrição dos neurônios (liberam fatores de crescimento). Células Um neurônio típico tem quatro regiões definidas morfologicamente: Corpo celular; Dendritos; Axônio; Terminais pré-sinápticos. O corpo celular é o centro metabólico da célula. O corpo celular origina dois tipos de processos: Vários dendritos curtos; Um axônio longo e tubular. Células Os dendritos se ramificam num padrão similar a uma árvore: Principal via de entrada de informações (aferências). Os axônios se estendem para além do corpo celular: Principal via de saída de informações (eferências). Células Neurônios podem ser classificados, quanto a sua função, em: Sensoriais (aferentes); Motores (eferentes); Interneuronais. Células Neurônios sensoriais (aferentes): Transmitem informação da periferia do corpo até o sistema nervoso; Responsáveis pela percepção e coordenação motora. Neurônios motores (eferentes): Transmitem comandos do cérebro, ou da medula espinhal, para músculos e glândulas. Interneurônios: Todas as células nervosas que não são, especificamente, sensoriais ou motoras. Células Princípio da polarização dinâmica: Sinais elétricos dentro de uma célula fluem em apenas uma direção. Princípio da especificidade conectiva: Células nervosas não se conectam indiscriminadamente umas com as outras para formar redes neuronais aleatórias. Princípio da linha marcada: A função do sinal não é determinada pelo próprio sinal, mas pela via em que ele trafega. Células As células nervosas formam redes específicas de sinalização que medeiam comportamentos específicos. Algumas funções comportamentais do encéfalo incluem o: Processamento da informação sensorial; Programação de respostas motoras e emocionais; Armazenamento da informação (memória). Células As conexões entre neurônios podem ser: Excitatórias; Inibitórias. Células A sinalização é organizada do mesmo modo em todas as células nervosas. Cada célula nervosa gera, sequencialmente, quatro sinais diferentes em locais distintos dentro da célula: Sinal de entrada (componente receptivo); Sinal disparador (componente integrativo); Sinal de condução (componente de sinalização); Sinal de saída (componente secretório). Células Os neurônios, assim como as outras células, mantém uma diferença de potencial elétrico em cada lado da membrana plasmática: Chamado de potencial de repouso da membrana; Geralmente este potencial está por volta de -65 mV; Podem haver variações em diferentes células nervosas (por volta de -40 mV a -80 mV). Excitabilidade Células excitáveis diferem das outras células porque seus potenciais de membrana podem ser significativamente e rapidamente alterados: Neurônios; Células musculares. Tipos de potenciais de membrana: Potencial de repouso; Potenciais graduados; Potencial de ação. Excitabilidade Despolarização: Redução no potencial de membrana; Por exemplo: de –65 mV para –55 mV; Geralmente excitatória. Hiperpolarização: Aumento no potencial de membrana; Por exemplo: de –65 mV para –75 mV; Geralmente inibitória. Excitabilidade O componente de receptivo da sinalização produz potenciais graduados: Forma potenciais locais, graduados, pequenos e passivos; A amplitude e duração do potencial dependem da intensidade da estimulação; A grande maioria dos potenciais é do tipo despolarizante (excitatório); Exceção: células da retina. Excitabilidade O componente integrativo da sinalização é o elemento-chave para gerar um potencial de ação: Exerce ação integrativa; Também chamada de zona de disparo; Local onde se concentra uma maior número de canais de Na+; Região de limiar mais baixo para gerar potenciais de ação. Excitabilidade O componente de condução da sinalização propaga um potencial de ação: Forma potenciais não-graduados (tudo-ou-nada), grandes, ativos (regenerado); Potenciais formados possuem amplitude e duração fixas; Informação será codificada pela frequência de potenciais e pelo intervalo de tempo entre eles; Potenciais formados serão sempre despolarizantes. Excitabilidade O componente secretório da sinalização produz potenciais graduados: Forma potenciais locais, graduados, pequenos e passivos; A amplitude e duração dependem da quantidade e duração dos potenciais de ação (pré-sináptico) ou dos neurotransmissores (pós-sináptico); Podem formar potenciais despolarizantes ou hiperpolarizantes. Excitabilidade Porque os potencias graduados não são utilizados para longas distâncias? Reduzir o ruído: ruídos poderiam alterar a amplitude do potencial e haveria perda de informação; Economia de energia: o potencial teria que apresentar grandes amplitudes com grande dispêndio de energia; Otimizar o processamento das informações: o processamento de frequências é mais fácil do que o processamento de amplitudes. Canais iônicos Os canais iônicos regulam o fluxo dos íons através das membranas de todas as células. Canais iônicos são importantes para o controle das mudanças rápidas do potencial de membrana: Potencial de ação; Potenciais graduados. Canais iônicos Os canais iônicos possuem três propriedades importantes: Conduzem íons; Reconhecem e selecionam íons específicos; Podem se abrir e se fechar em resposta a sinais específicos (elétricos, mecânicos ou químicos). Canais iônicos O segredo para a ampla versatilidade da sinalização neuronal é a ativação de diferentes classes de canais iônicos: Cada classe seletiva para íons específicos. Canais podem ser “regulados por” ou serem “dependentes de” algum fator: Dependentes de voltagem (alterações de voltagem); Dependentes de ligantes (transmissores químicos); Controlados por estímulos mecânicos (pressão ou estiramento). Existem canais que não são modulados: Canais de permeabilidade de repouso. Canais iônicos O fluxo de íons através de um canal é passivo: Determinado por forças eletroquímicas; As forças eletroquímicas vão depender da diferença de potencial elétrico e do gradiente de concentração dos íons. Canais iônicos Os canais podem assumir três estados funcionais: Fechado e passível de ser ativado (repouso); Aberto (ativo); Fechado e não passível de ser ativado (refratário). Canais iônicos Fatores exógenos (e.g. drogas e toxinas) podem afetar os sítios regulatórios de abertura e fechamento de uma canal iônico: Maioria tende a fechar o canal; Poucos promovem sua abertura. 59 Potencial de membrana de repouso Os canais de permeabilidade de repouso estão normalmente abertos e não são significativamente influenciados por fatores externos. A importância primária dos canais de repouso é a formação e manutenção do potencial de membrana de repouso. Durante o repouso a maioria dos canais regulados estão fechados. Potencial de membrana de repouso O potencial de membrana de repouso resulta da separação de cargas através da membrana: Excesso de cargas positivas no lado extracelular; Excesso de cargas negativas no lado intracelular. A separação de cargas origina o surgimento de uma diferença de potencial elétrico, ou voltagem, através da membrana:Denominada potencial de membrana de repouso. Potencial de membrana de repouso Os íons estão submetidos a duas forças de membrana: Força química (depende do gradiente de concentração); Força elétrica (depende da diferença de potencial elétrico). Quando a força química se iguala à força elétrica o fluxo de íons para fora da célula é igual ao fluxo de íons para dentro da célula: Se atingiu o potencial de equilíbrio para aquele determinado íon. Potencial de membrana de repouso A membrana celular é impermeável aos grandes ânions orgânicos (proteínas e aminoácidos). Os canais de permeabilidade de repouso das células nervosas são seletivos a várias espécies iônicas: Muito permeáveis a K+ (fundamental no estabelecimento do potencial); Menos permeáveis a Na+ (contribui menos para o potencial); Muito pouco permeáveis a Cl- (quase desprezível para o potencial). Potencial de membrana de repouso Como a permeabilidade da membrana ao K+ é muito maior que ao Na+: O potencial de membrana não chega próximo ao potencial de equilíbrio do Na+. 67 À medida que o Na+ entra na célula O potencial de membrana se modifica (despolarizando-se) Provocando um efluxo resultante de K+ Potencial de membrana de repouso Quando os fluxos de Na+ e K+ se igualam, o potencial se estabiliza em torno de –60 mV: Potencial de equilíbrio do potássio é de –75 mV; Potencial de equilíbrio do sódio é de +55 mV. O potencial de repouso de membrana pode variar de célula para célula: O cloro pode ser o principal responsável por esta variação. 68 Potencial de membrana de repouso Para que a célula mantenha seu potencial de membrana estável durante o repouso: Separação de cargas através da membrana deve ser mantida constante; O influxo de cargas positivas deve ser contrabalançado pelo efluxo de cargas positivas. O vazamento contínuo dos íons não pode permanecer sem oposição por muito tempo: Gradientes de Na+ e K+ se dissipariam; Potencial de membrana se reduziria. 69 Potencial de membrana de repouso Os fluxos passivos de sódio e potássio são contrabalançados pelo transporte ativo de íons. A bomba de Na+-K+ evita a dissipação dos gradientes iônicos: Transporta os íons contra seu gradiente eletroquímico; Para cada 2 K+ transportados ela transporta 3 Na+. 70 Potencial de ação Características do potencial de ação: Amplitude grande; Despolarizante; Tudo-ou-nada; Codifica informação com base em frequência; Propagação ativa (regenerativo ou saltatório). O potencial de ação é gerado pelo fluxo de íons através dos canais dependentes de voltagem. Princípios de Fisiologia Animal - Christopher D. Moyes e Patricia M. Schulte Potencial de ação Os canais de sódio e potássio voltagem dependentes diferem quanto a frequência de abertura e suas respostas a uma despolarização prolongada: Canas de sódio se abrem mais rapidamente que os de potássio; Canais de sódio se inativam; Canais de potássio permanecem abertos enquanto a membrana estiver despolarizada. Potencial de ação A despolarização faz com que os canais de sódio voltagem dependentes transitem por três estados (conformações) diferentes: Repouso; Ativado; Inativado. Cada canal de sódio voltagem dependente possui dois tipos de comportas: Comporta de ativação (aberta com a despolarização); Comporta de inativação (se fecha com a despolarização). Potencial de ação O potencial de ação é seguido de uma hiperpolarização transiente, chamado pós-potencial: Canais de K+ voltagem dependentes demoram a se fechar. Potencial de ação O potencial de ação também é seguido por um período refratário, durante o qual a excitabilidade é menor: Período refratário absoluto: Ocorre logo após o início do potencial de ação; Impossível estimular a célula; Inativação dos canais de sódio voltagem dependentes. Período refratário relativo: Ocorre após o período refratário absoluto; Só é possível estimular a célula com um estímulo supralimiar; Os canais de potássio voltagem dependentes ainda estão abertos.
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