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1 Alienação Fiduciária em Garantia É o negócio em que uma das partes (fiduciário), proprietário de um bem, aliena-o (vende) em confiança para a outra – fiduciante, a qual se obriga a devolver-lhe a propriedade do mesmo bem nas hipóteses delineadas em contrato. ( Fábio Ulhoa) Possui natureza instrumental, ou seja, trata-se de negócio- meio para propiciar a realização de um negócio-fim. Assim, o contrato de alienação fiduciária em garantia é um contrato instrumental de mútuo (empréstimo), onde o mutuante-fiduciante (devedor) para garantir o cumprimento da sua obrigação, aliena ao mutuante-fiduciário (credor) a propriedade de um bem. Nestes contratos o credor tem a propriedade resolúvel e a posse indireta da coisa alienada, ficando o devedor como depositário e possuidor direto desta. Com a quitação da dívida, resolve-se o domínio (propriedade resolúvel) em favor do fiduciante que passa a ser o titular pleno da propriedade do bem dado em garantia. Obs.: Não há impedimento que a alienação fiduciária em garantia tenha por objeto bem já pertencente ao devedor – STJ, Súmula n. 28. Alienação fiduciária em garantia de coisas móveis está prevista na Lei n. 4.728/65 – LMC – Lei de Mercado de Capitais – regulamentada pelo Decreto-Lei n. 911/69. Já a alienação fiduciária em garantia de coisas imóveis tem previsão legal na Lei n. 9.514/97, que dispõe que todo contrato do negócio fiduciário de imóvel ser registrado no CRI. . Quanto aos bens móveis, as Companhias de financiamento, crédito e investimento têm ampla proteção na Lei de Mercado de Capitais – Lei n. 4728/65 e no Decreto-Lei n. 911/69, para exercício de seus direitos, quais sejam: • Promover ação de busca e apreensão do bem; • se o bem não for encontrado, converte-se a ação de busca e apreensão em ação executiva; • executar o crédito faltante; e, • em caso de falência do devedor, pode postular a restituição do bem para venda e solução de seu crédito. Se, decorridos cinco dias da execução da liminar de busca e apreensão do bem sem o pagamento do valor devido, consolida-se a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repartições competentes, se for o caso, expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre de qualquer ônus. Todavia, nos termos da Súmula n. 72 do STJ, “a comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente”. CDC Art. 53 . Nos contratos de compra e venda de móveis e imóveis, mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado. Súmula n. 384/STJ - Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia. 2 No que se refere a alienação fiduciária de bem imóvel, o instrumento deve ter as seguintes informações, entre outras: • Valor principal da dívida; • Prazo e condições de reposição do empréstimo ou do crédito fiduciário; • Taxa de juros e encargos incidentes • Cláusula de constituição da propriedade fiduciária; • Descrição do imóvel objeto da alienação fiduciária; O instrumento de alienação fiduciária de bem imóvel pode ser celebrado por escritura pública ou instrumento particular com efeitos de escritura pública, devendo ser registrado no CRI. A propriedade fiduciária do imóvel se resolve com o pagamento da dívida e seus encargos e o credor fiduciário deve fornecer, no prazo de 30 dias da liquidação da dívida, o termo de quitação, sob pena de multa de 0,5% ao mês, sobre o valor do contrato.
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