Buscar

Preconceito, Discriminação e Racismo

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB 
CUSO DE MEDICINA 
DIVERSIDADE E SOCIEDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABRIELE BABEL, ISABELLE STAACK, LUÍSA DA SILVEIRA KLOPPEL, 
MARIA EDUARDA PEREIRA, MARIA EDUARDA PONTICELLI 
 
 
 
 
 
 
 
PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E RACISMO 
PROFESSORA SIMONE RISKE KOCH 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
MARÇO, 2021 
 
1. Leitura do capítulo 2 da obra “Não basta não ser racista, sejamos antirracistas” 
e defina a diferença entre preconceito, discriminação e racismo. Na sequência 
disserte sobre a possibilidade da existência de racismo reverso. 
Três conceitos que estão muito em alta na sociedade, porém as pessoas ainda 
não sabem seu verdadeiro significado: preconceito, discriminação e racismo. 
O preconceito nada mais é que um pré-conceito: ideias criadas nas nossas 
cabeças acerca de um grupo antes de se conhecer, um conjunto de estereótipos que 
todo mundo aplica a grupos dos quais não faz parte, ele é cultural e intrínseco à 
sociedade. Por vezes vemos as pessoas se gabando por não terem preconceitos 
contra nenhum grupo, porém isso não é real, é natural do ser humano ter preconceito 
com algo que não conhece ou não vivencia e negá-lo não vai ajudar em nada, é 
necessário que todos entendam que ele existe e que precisa ser combatido. 
A discriminação por outro lado é a representação mais física do preconceito, 
enquanto preconceito é uma ideia, a discriminação é a ação que expõe fisicamente 
essa ideia. Pode ocorrer através da exclusão, humilhação, agressões, xingamentos. 
Já o terceiro termo, racismo, é o mais falado por todos atualmente, basicamente 
se baseia no preconceito e na discriminação somados a um poder institucional. O 
racismo acontece quando o preconceito de um grupo social é apoiado por alguma 
autoridade legal e ele nada mais é que um sistema estrutural de opressão. Ao 
contrário do que muitos pensam, é um termo social criado pelas pessoas para 
legitimar a desigualdade e opressão de um grupo para com outro. Advindo de uma 
construção histórica, o racismo se tornou intrínseco à sociedade assim como o 
preconceito, algo que foi passado de geração em geração e fez com que as pessoas 
banalizassem e tornassem normal. 
Pessoas brancas historicamente sempre foram muito mais beneficiadas do 
que as pessoas pretas e hoje em dia não é diferente: uma pessoa preta numa posição 
de poder e status não muda o fato de que a maioria ainda sofre todos os dias com a 
falta de privilégios ao enfrentar barreiras que para brancos não são reais. O poder 
institucional, social e privilégios concedidos às pessoas brancas torna o preconceito 
contra pessoas pretas racismo, nossa visão é limitada e é preciso tentar se colocar 
fora da nossa realidade para enxergar o real problema. Por fim, o racismo é um 
sistema de vantagens baseado na raça, criado pelo ser humano e imposto legalmente 
a todos. 
Como o racismo pode ser praticado por qualquer pessoa e contra qualquer pessoa, 
dá-se a possibilidade de imaginar uma reversão. Porém, o racismo é um termo que 
fixo, não muda de rumo e independe de grupos sociais que julgam-se sobrepor a 
outros. O racismo reverso não existe do mesmo modo que não há o dia da consciência 
branca e do mesmo modo que pessoas brancas não são expulsas de locais pela sua 
cor de pele; as pessoas brancas estão em posição benéfica e de privilégio na 
sociedade, impedindo-as de conviverem com ataques racistas, ou seja, o opressor 
continuará sendo opressor e o oprimido continuará sendo oprimido. Infelizmente, a 
crença no “racismo reverso” cresce cada vez mais, conforme ações afirmativas (cotas 
sociais e raciais) progridem no Brasil, em uma tentativa de promover uma sociedade 
justa. Portanto, acreditar que o racismo reverso existe é como acreditar que há um 
racismo bom (contra as pessoas negras) e ruim (contra as pessoas brancas); é 
acreditar que todos os séculos de escravidão, de opressão e de desigualdade 
simplesmente não existiram. 
 
2. Observe seu dia a dia, seu curso, a vida na universidade, identifique: 
 
a) Exemplos, situações, atividades positivas de combate a preconceitos, 
discriminações e racismos. 
Como ações de combate a preconceitos na FURB, podemos citar o 
Departamento Central dos Estudantes Mulher (DCE mulher); a iniciativa da IFMSA 
Brazil FURB de ter criado um grupo no WhatsApp apenas para pessoas pretas, 
destinado a desabafos e troca de ideias; a mesma instituição IF e as ligas acadêmicas 
frequentemente trazem como pauta em palestras a saúde LGBTQI+, saúde do idoso, 
da mulher indígena. Já fora da universidade, numa visão global, podemos mencionar 
os movimentos ‘’Me Too’’ e ‘’Black Lives Matter’’ como formas de combate ao 
machismo e racismo, respectivamente, que alcançaram o mundo inteiro. 
 
b) Situações de preconceitos, discriminações e racismos. Em seguida, crie 
um conjunto de ações para eliminá-las, ou seja, uma ou mais soluções. 
As mídias sociais criaram um amplo centro de interações entre as mais 
diferentes pessoas e um lugar de desabafo. Não muito tempo atrás uma mulher de 
vinte e poucos anos compartilhou com outros internautas sua história de vida, na rede 
social “TikTok” ela falou do que a discriminação e o racismo a levaram a fazer. 
Aos 11 anos de idade ela iniciou um processo de clareamento de sua pele por 
ser vítima de preconceito no colégio em que estudava, todas as tardes ela utilizava 
sumo do limão em todo o corpo para promover o clareamento, pois havia escutado 
sua vó dizer que manchava a pele (clareava). Mais tarde, começou a notar que seu 
cabelo também era um “problema” e depois de várias situações constrangedoras 
pediu que sua mãe alisasse seu cabelo. Com 17 anos ela conheceu uma garota que 
trabalhava em uma farmácia de manipulação e dividiu sua vontade com a moça, que 
passou a manipular misturas de ácidos para chegar em um produto capaz de clarear 
cada vez mais a pele. 
Seus pais não tinham ciência de tudo que ela vinha fazendo em seu corpo, 
somente anos depois ela contou a eles, pois os problemas decorrentes da utilização 
desses diferentes ácidos estavam se agravando. Muitos dos produtos manipulados 
agrediam seriamente a pele dela, causando bolhas, alergias, vermelhidão, entre 
outras coisas. Atualmente, com o acompanhamento de uma dermatologista, ela 
precisa tratar os problemas que os ácidos causaram, durante todos esses anos, com 
mais ácido. O grande vilão nessa história de vida com toda a certeza não foi o ácido, 
mas sim o preconceito tão enraizado em grande parte do subconsciente popular 
brasileiro. 
Já no âmbito do preconceito, também não é preciso ir muito longe para chegar 
em situações devastadoras. Em escolas particulares, raramente podemos ver 
crianças e adolescentes com síndromes, transtornos mentais e comportamentais, ou 
com outros tipos de deficiências, normalmente esse tipo de colégio nem gosta da ideia 
de aceitar matrícula em tais situações. Mas o mais chocante é que quando há crianças 
assim na escola, não há amparo nenhum para elas e suas famílias, muito menos 
professores ou profissionais especializados no seu jeito particular de comunicação e 
aprendizado. A falta desses profissionais para amparar e inserir essas crianças no 
meio escolar, acaba culminando com uma maior exclusão desse grupo, as crianças 
ficam com dificuldade de comunicar seus anseios ao grupo grande, e por 
consequência o grupo grande de crianças vai nutrir um preconceito ainda maior com 
aquele coleguinha que não consegue se expressar como a maioria. 
Situações de preconceito acontecem, inclusive, dentro da nossa universidade, 
por meio de comentários e mini agressões que podem vir tanto de colegas quanto 
orientadores, frases como ‘’medicina é lugar de homem’’ e até mesmo um leilão de 
calouras na festa Sunset mostram o quanto somos parte dessa realidade. Além de ser 
visível a falta de pessoas pretas no curso, considerado elitizado. 
O combate ao preconceito e ao racismonão é uma tarefa fácil, vendo que 
muitas situações estão enraizadas em nossa cultura brasileira – sendo muitas vezes 
tratados como piada e brincadeiras. É de suma importância a conscientização da 
população sobre os problemas que ocorrem ainda hoje no Brasil, essa ação pode ser 
feita por meio de palestras, dando lugar de voz para minorias, e pela mídia, mostrando 
situações tanto positivas quanto negativas em suas novelas e propagandas – gerando 
ao mesmo tempo conscientização sobre o problema, mas mostrando que as minorias 
não são reduzidas apenas às situações de preconceito que sofrem, criando uma 
imagem nova para essas pessoas.

Continue navegando