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Resumo Capitulo 7

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Aluna: Líbia Gomes de O. Vaz / Mat.: 600811966 
Resumo capítulo 7: Preconceito, estereótipos e discriminação. 
 
Definição e exemplos históricos: 
Em psicologia social, preconceito é uma atitude negativa dirigida a um grupo e aos que dele 
fazem parte. O preconceito é tão velho quanto à humanidade e, por isso, de difícil erradicação. Em uma 
parte da historia os alemães foram retratados por americanos como extremamente pontuais e poucos 
amistosos, fanáticos por cerveja e muito conformados a regras, leis e regulamentos. Estes exemplos nos 
entanto, não fornecem a dimensão acurada dos males profundos que se escondem por trás do 
preconceito e de suas consequências, ora sutis, ora extremamente violentas. 
Assistimos nos meados de 1990 a verdadeira face do preconceito, com massacres perpetrados 
em nome de etnias, posse de territórios e poder. Aprendemos que “Iugoslávia” era uma espécie de 
ficção nacional, um sentimento de ódio renitente entre sérvios, croatas, bósnios e montenegrinos, ou 
ainda, entre católicos e mulçumanos. Algo bem semelhante ocorreu no Iraque. Uma vez que liberados 
do controle rígido de Saddan Hussein, xiitas, sunis e curdos se mostraram pouco dispostos a uma 
conciliação nacional e as cenas de violência assumiram proporções de uma verdadeira guerra civil. 
Na África, agrupamentos distintos ganham de tempos em tempos manchetes dos jornais por 
suas crueldades e agressões. No meio do século XX, talvez o exemplo mais estarrecedor de todos: O 
Holocausto, quando milhões de judeus foram massacrados na Europa. Extermínio de populações 
judaicas inteiras, atos de crueldade organizados e sistemáticos, operações premeditadas de matança com 
requinte de crueldade, muitas vezes as palavras se mostram débeis para retratar o horror do que 
realmente significou o Holocausto. 
Os efeitos do preconceito podem apresentar níveis distintos em termos de agressividade exibida. 
No Brasil, a escravidão teve consequências obvias na convivência entre brancos e negros. Por um lado, 
a maioria dos brancos aqui aportou por escolha própria; por outro lado, os negros vieram como 
escravos, trazidos à força da África para viverem aqui no Brasil condições desumanas. 
“Preconceitos contra a cor de parte de uns; contra a origem escrava, de parte de outros” 
(FREYRE, 1984). Na verdade, qualquer grupo social e não apenas as minorias pode ser alvo de 
preconceito. A ideia de se encarar o preconceito como objeto de estudo cientifico emergiu apenas ao 
longo do ano de 1920, até então, basicamente durante o século XIX quase toda a comunidade cientifica 
americana e europeia não se preocupava com a questão porque partia da premissa de que realmente 
havia diferenças entre as raças e que seriam umas inferiores as outras. Sendo assim, falar de preconceito 
racial não tinha nenhum significado especial. As teorias da época preocupavam-se em explicar a suposta 
inferioridade dos negros, atribuindo a um atraso evolutivo, a limitações na capacidade intelectual e a um 
excessivo ímpeto sexual, entre outras causas das supostas diferenças. Foi na década de 1930 em diante 
que se fizeram sentir mudanças na visão do preconceito, passou a ser encarado como irracional ou 
injustificado. 
Uma ocasião de polêmica levantada em 1994 em função da publicação do livro The Bell Curve, 
de Herrnstein e Murray, que sugeria que as diferenças encontradas entre os desempenhos acadêmicos 
entre negros e brancos nos Estados Unidos poderiam se dever a uma base genética. O que vem a 
acrescentar claramente a necessidade de se concentrar esforços na busca de elucidação para os processos 
psicológicos subjacentes à chamada natureza do preconceito, bem como as possíveis maneiras de 
diminui-lo. 
Estereótipos: a base cognitiva do preconceito 
Na base do preconceito estão as crenças sobre características pessoais que atribuímos a pessoas 
ou grupos, chamada de estereótipos. O termo foi utilizado de forma não muito precisa, pelo jornalista 
americano Walter Lippman (1922), para se referir a imputação de certas características a pessoas 
pertencentes a determinados grupos, aos quais se atribuem determinados aspectos típicos. Antes dos 
psicólogos sociais, os psiquiatras já usavam a palavra “estereotipia“ para descrever a frequente e quase 
mecânica repetição de um mesmo gesto, postura ou modo de falar, comuns em certos tipos de distúrbios 
mentais graves. 
Mas especificamente, podemos dizer que a partir de uma representação mental de um grupo 
social e de seus membros tendemos enfatizar o que há de similar entre as pessoas, não necessariamente 
similares, e a agir de acordo com essa percepção. Os psicólogos sociais contemporâneos identificam o 
estereótipo como base cognitiva do preconceito. É verdade que, para alguns teóricos, esta divisão não se 
faria necessária, com termo preconceito significando mais uma atitude intergrupal que englobaria 
naturalmente esses três componentes. Mas a maioria dos estudiosos prefere analisar a questão em 
separado, examinando distintamente os estereótipos, o preconceito e a discriminação. 
Em um estudo experimental, cuja finalidade foi verificar como os estudantes de psicologia eram 
vistos por seus colegas. Uma lista de aproximadamente 90 adjetivos foi apresentada a uma amostra de 
estudantes, sendo-lhes solicitado em seguida que dissessem quais deles mais se aplicaria a estudantes de 
psicologia. Com os resultados fornecidos pelos 60 participantes da amostra foi construída uma tabela de 
frequências com os cinco adjetivos que, segundo a opinião de cada sujeito, melhor caracterizam os 
alunos do curso de psicologia. 
 Problemáticos (18) 
 Pesquisadores (18) 
 Idealistas (18) 
 Observadores (17) 
 Humanos (16) 
Contrariamente ao esperado pelos autores, estudantes do Curso de Psicologia foram 
categorizados pelos demais alunos da universidade simplesmente com alguns poucos adjetivos, a 
maioria de conotação positiva. De qualquer forma, existe um estereótipo acerca do estudante de 
Psicologia que o faz ser visto como dotado de certas características bem marcantes. 
No estudo original de Katz e Braley, por exemplo, alunos da Universidade de Princeton foram 
solicitados a escolher cinco dentre 84 adjetivos que melhor descreveriam diferentes grupos sociais ou 
étnicos. 75% dos estudantes brancos selecionaram com os adjetivos que melhor retratariam os negros as 
palavras: preguiçosos, supersticiosos, ignorantes, musicais e imprevidentes. Quando se referiam a si 
mesmos, a descrição era outra: trabalhadores, inteligentes, materialistas, empreendedores e 
progressistas. Este tipo de estudo permite avaliar o conteúdo de estereótipos sociais, além do grau de 
consenso em torno dele, bem como do preconceito igualmente envolvido. Ao considerar essas e outras 
pesquisas, eles afirmam que hoje em dia o preconceito no que diz respeito aos estereótipos, estaria 
sendo expresso não mais pela atribuição de traços negativos e sim pela negação de atributos positivos a 
um grupo-alvo. 
Outros ainda usam atribuições de causalidade como forma de detectar preconceito. Deaux e 
Emsweilwer (1974) verificam, por exemplo, que o sucesso de um homem branco é geralmente atribuído 
a sua capacidade, enquanto que o sucesso de um homem negro é geralmente atribuído ao seu esforço. 
Estereótipos, pois, podem ser corretas ou incorretas e também positivas, neutras ou negativas. O fato de, 
num primeiro momento, facilitar em nossas reações frente ao mundo esconde a realidade de que, na 
maioria das vezes, estereotipar pode levar a generalizações incorretas ou e indevidas, principalmente 
quando não se consegue “ver” um indivíduo com suas idiossincrasias e traços pessoais por trás do véu 
aglutinador do estereótipo. 
Devine (1989) faz uma distinção entre o que chamou de ativação automática e ativação 
controlada de estereótipos. Define chamou de ativação controlada o que poria um freio no processo de 
discriminação, impedindo-o de prosseguir adiante.Banaji e Hardin (1996) e Monteith (1993) são outros 
autores que, referendando a distinção anteriormente proposta, vem pesquisando fórmulas de enfraquecer 
ou de contrabalançar as ações fruto da ativação automática. 
 
Rotulação 
O ato de rotular as pessoas é um processo bastante similar à estereotipia. Poderíamos mesmo 
dizer que a rotulação seria um caso especial dentro do ato de estereotipar. Em nossas relações 
interpessoais, facilitamos nosso relacionamento com os outros se atribuímos a eles determinados rótulos 
capazes de fazer com que certos comportamentos possam ser antecipados. Assim, por exemplo, quando 
um gerente rotula um empregado de “preguiçoso”, ele “prevê” determinado comportamentos que este 
empregado deverá exibir frente a certas tarefas. 
A atribuição de um rótulo a uma pessoa nos predispõe a pressupor comportamentos compatíveis 
com rotulo imputado; nossas percepções são distorcidas e isto pode acarretar uma ou duas 
consequências importantes: (A) Em virtude de nossas tendências a consistência cognitiva, faz com que 
comportamentos que não se harmonizem como rotulo imposto. (B) As expectativas ditadas pelo rotulo 
podem nos fazer agir não consciente e consistentemente, de modo a induzir o rotulado a se comportar de 
maneira que esperamos. 
O famoso experimento levado a cabo por Rosenhan (1973) este estudo já considerado um 
clássico, mostrou claramente a impressionante influencia da rotulação nas percepções do 
comportamento da pessoa rotulada. Tal tendência, embora comum, é perigosa e pode levar a injustiças e 
erros de julgamento grave. Um bom exemplo para o entendimento dos estereótipos esta em uma história 
que diz o seguinte: Um pai e um filho sofreram um acidente grave. O pai morreu na hora, e o filho 
gravemente ferido é levado ao hospital. Chegando lá ele vai direto para o centro cirúrgico. A equipe 
medica chega para realizar a operação, então a pessoa que ia operar quando viu o garoto grita “NÃO 
POSSO OPERA-LO! ELE É MEU FILHO!” Como isto é possível sendo que o pai morreu? A resposta 
é simples e sem erro nenhum, a mãe dele iria operá-lo. O único erro esta na educação que recebemos 
que nos impede de ver homens e mulheres cumprindo papeis sociais rígidos e distintos, que nos impede 
de ver mulheres exercendo atividades que não foram impostas culturalmente. 
Para Daryl e Sandra Bem (1970), falsos enigmas como citado, revelam o que eles chamaram de 
ideologia inconsciente, conjunto de crenças que aceitamos implícita e não conscientemente, por que 
não conseguimos sequer perceber a possibilidade de concepções alternativas. No meio cultural em que 
vivemos, apesar de todo movimento em direção à igualdade resultante das pressões exercidas pelo 
movimento de emancipação feminina, ainda consideramos certos papeis e funções como uma 
exclusividade de um dos sexos. 
 
Estereótipos e gêneros 
Há uma serie de experimentos já clássicos que são levados a cabo periodicamente e que 
continuam ilustrando o fenômeno em questão. Em um deles, Goldberg (1968) solicitou a alunas 
universitárias que avaliassem artigos acadêmicos. Para algumas participantes o artigo era assinado por 
uma mulher, e para outras, por um homem. Apesar de o artigo ser o mesmo para os dois grupos, aquele 
assinado por uma mulher era invariavelmente menos elogiado que o supostamente escrito por um 
homem. Apesar de o artigo ser os mesmos para os dois grupos, aquele assinado por uma mulher era 
invariavelmente menos elogiado que o suspostamente escrito por um homem. 
Um estudo da universidade de Havana, que relata a partir de sua experiência com “Grupos de 
reflexão para homens”, como o estereótipo ligando os homens às funções de “herói” e as mulheres às de 
“mães”. A norma genética dominante ainda exige dos homens que sejam machistas, narcisistas, 
onipotentes, impenetráveis e ousados. Qualquer desvio em relação a esta norma pode significar fracasso, 
debilidade ou sinal de homossexualidade. Outro famoso experimento, conduzido por Clark e Clark 
(1947) nos Estados Unidos, mostrou que crianças negras já aos três anos exibiam preferencia por 
bonecas de cor branca. Neste experimento, especificamente, pedia-se às crianças que indicassem, por 
exemplo, qual a boneca mais bonita, a branca ou a preta. A maioria das crianças optou pela branca. 
Desta maioria, cerca de 70% eram crianças negras. Quando o oposto solicitado – qual boneca feia ou má 
– quase 80% das crianças negras apontavam para a boneca de cor preta. 
A diminuição da autoestima pode começar cedo. Uma pessoa com a autoestima abalada pode se 
convencer de que não merece uma educação de bom nível, trabalhos e moradias descentes, além de um 
perverso e difuso sentimento de inferioridade que se acompanhado por sentimentos de culpa, pode levá-
la a uma situação de desamparo e sofrimento. As crianças de ambas as raças continuam atribuindo 
características positivas a bonecos brancos e negativos aos bonecos escuros. Embora a porcentagem 
agora esteja em torno de 60%, não deixa de ser deplorável que, não obstante os progressos verificados 
em relação à questão racial. O preconceito pode ter se tornado apenas mais sutil menos explícito. 
Uma pesquisa feita pelo IBGE em 1998 (Pesquisa de padrão de vida) em seis grandes cidades 
do Brasil comparou, entre outros dados, o salario médio percebido por homens e mulheres, brancos e 
negros. Foi constatado que homens brancos recebiam em média, por mês, o maior salario; em segundo 
lugar vinham as mulheres brancas, em terceiro, os homens negros, e por fim, as mulheres negras. Nova 
pesquisa a cargo do IBGE (2009), comparando dados de março de 2003 a março de 2009, observou que, 
a renda mensal real dos negros e pardos foi de R$690,30 para R$847,70 enquanto que a dos brancos foi 
de R$1.443,30 para R$1.663,90 comprovando a permanência de grande desigualdade salarial entre 
negros e brancos. Da mesma forma, segundo estudo realizado pelo Fundo De Desenvolvimento Das 
Nações Unidas para a mulher, em 1992, os homens ganhavam 50% a mais que as mulheres, diferença 
esta que teria caído para 30% dez anos depois em 2002. Assim, apesar da significativa melhora, existe 
ainda um longo percurso a ser percorrido no caminho da igualdade. Para alguns autores, o que há em 
termos de evolução limita-se ao que chamam de racismo moderno; 
As pessoas podem abrandar seu comportamento discriminatório, mas, internamente, mantem 
seus preconceitos. Em pesquisas realizadas em 1984 e descritas mais adiante, segundo as quais os 
entrevistados reconhecem a existência do preconceito no Brasil, mas não se consideram 
preconceituosos. 
 
Estereótipos e atribuição 
O preconceito frequentemente contamina nossas percepções, como exemplo: dois homens veem 
um padre sair de um prostibulo. Um deles, protestante, comenta maliciosamente a hipocrisia de um 
representante da Igreja Católica; o outro, católico, responde com orgulho, argumentando que quando um 
membro de sua igreja está à morte, mesmo que seja num prostibulo, ele é merecedor do Sagrado 
Sacramento. A “moral” da anedota está no fato de, quando se defrontam com situações ambíguas, as 
pessoas fazem atribuições consistentes com suas crenças ou preconceitos. Além do estudo já citado 
sobre uma possível superioridade dos homens sobre as mulheres, e do falso enigma do “pai morto e o 
estereótipo sobrevivente”, tem demonstrado que diante de uma situação em que, por exemplo, somos 
apresentados a um bem-sucedido médico ou à sua contrapartida do sexo feminino, tendemos a atribuir o 
sucesso da mulher a uma maior motivação intrínseca. 
Pode-se depreender daí que ou as mulheres tiveram de trilhar um caminho mais cheio de 
obstáculos ou precisou de doses suplementares de sorte ou de motivação suplantar supostas deficiências 
internas. Entre nós, sabemos que chamar um aluno de “esforçado” não significa um elogio: pelo 
contrário, dá a entender que ele compensa uma possível inferioridade intelectual por meiode trabalho 
duro. No momento, apesar de todos os progressos resultantes do movimento de emancipação feminina, 
quando diante de um sucesso profissional, a tendência é no sentido de atribuí-lo a uma capacidade fora 
do comum em termos de motivação ou a uma sorte igualmente rara. 
Dois trabalhos realizados por Rodrigues (1984) e Rodrigues et al. (1984ª) confirmam 
parcialmente os achados de Yarkin, Town e Walston visto antes. O primeiro foi uma replica do 
experimento citado, com uma amostra de estudantes universitários cariocas e mineiros. A tarefa dos 
participantes era ler uma carta em que um funcionário de um banco solicitava promoção e justificava 
seu pedido com base em seu excelente desempenho profissional. Era apresentado o curriculum vitae do 
funcionário. Ambos tinham o mesmo teor em quatro condições experimentais, variando apenas o sexo e 
a cor do funcionário que pleiteava a promoção (homem branco, homem negro, mulher branca e mulher 
negra). Pedia-se aos participantes que explicassem a causa do sucesso do funcionário em questão. 
Curiosamente, não foi detectada qualquer indicação de estereótipo sexual contra as mulheres; apenas na 
amostra mineira, leves sinais de preconceito racial: os homens negros supostamente seriam mais 
esforçados. Outro dado importante deste estudo foi à crença de que os brancos, mais provavelmente do 
que os negros conseguiriam a promoção almejada, o que pode significar a percepção de que vivemos em 
uma sociedade preconceituosa. O que este conjunto de trabalhos reafirma é, em primeiro lugar, a 
necessidade de se estudar mais e mais sobre o tema. 
Será que o brasileiro tem vergonha de assumir que é preconceituoso? É uma pergunta que 
reafirma a necessidade de serem conduzidas novas pesquisas dentro de uma área que se mostra ao 
mesmo tempo tão presentes, tão complexas e tão relevantes. O autor encerra essa seção do capitulo 
citando um experimento levado a cabo por Porter et al. (1983). Nele eram exibidas fotos nas quais 
aparecia um grupo de estudantes em torno de uma mesa. O grupo era que um grupo era composto por 
homens e mulheres, outro só homens e outro só mulheres. Um teste de primeiras impressões, 
perguntava quem eles achavam que seria daquele grupo, a pessoa que aparentemente estava conduzindo 
os trabalhos exercendo uma maior influência. Quando os grupos eram compostos por indivíduos do 
mesmo sexo, a pessoa sentada na extremidade central da mesa era indicada como sendo o líder dos 
trabalhos. A coisa muda de figura no grupo misto. Aí, ainda com as mulheres em maioria e com uma 
delas sentada na cabeceira da mesa, os homens eram indicados com os líderes, mesmo somando-se os 
pontos recebidos por todas as mulheres! Um retrato e tanto da realidade dos estereótipos! 
 
Preconceito e discriminação 
Se o estereótipo é a sua base cognitiva, os sentimentos negativos em relação a um grupo 
constituíram um componente afetivo do preconceito, e as ações, o componente comportamental. 
Tecnicamente, o preconceito pode ser positivo ou negativo. Não entanto, em psicologia social, o termo é 
usado apenas no caso de atitude negativa. Quando nos referimos à esfera do comportamento fazemos o 
uso do termo discriminação. Neste caso, sentimentos hostis somados a crenças estereotipadas resultam 
em um comportamento que pode variar de um tratamento diferenciado a expressões verbais de desprezo 
e a atos manifesto de agressividade. “A hostilidade se vai quando os grupos se juntam para alcançar 
objetivos maiores que sejam realmente importantes para a promoção do bem comum” (TROTTER, 
1985). 
 
Causas do preconceito 
Podemos classificar as causas do preconceito em quatro grandes categorias: 
 Espaço competição e conflitos políticos e econômicos; 
 O papel do “bode expiatório”; 
 Fatores de personalidade; 
 Causas sociais do preconceito, aprendizagem social, conformidade e categorização 
social. 
O preconceito parece estar tão entranhado no âmbito das relações humanas que se torna difícil 
distinguir suas origens. Suas raízes parecem tão profundas e tão próximas da agressividade que, por 
vezes, suspeitamos estarem elas ligadas a própria natureza humana. Em certo sentido, todos nós somos 
preconceituosos: na melhor das hipóteses, em relação às pessoas que sabemos que são preconceituosos. 
 
Competição e conflitos econômicos 
A competição é um dos caminhos que mais facilmente conduzem a formação de estereótipos, 
preconceitos e atos discriminatórios. O status social, ao poder político e ao acesso a recursos limitados 
fornece fermento poderoso a esse tipo de hostilidade. Aparentemente, é mais fácil atacar, sem remorsos, 
um adversário, se o mesmo for dotado de características de personalidade negativas, hábitos nocivos ou 
se for claramente mal-intencionado. Os exemplos históricos aqui são incontáveis. Veja por exemplo, a 
bem documentada oscilação das atitudes e comportamentos de brancos norte-americanos para com os 
imigrantes chineses ao longo do século XIX, em função do nível de competição econômica entre ambos. 
Brancos e chineses competiram por vagas e estes passaram a ser descritos como “desumanos, 
cruéis, depravados” e etc. Anos depois, ao aceitar trabalhos duros e não almejados por brancos na 
construção de ferrovias, os mesmos chineses passaram a ser descrito como “dirigentes, obedientes e 
confiáveis”. Pouco tempo depois com a volta dos soldados brancos após a guerra da secessão, 
congestionado, na época, um já não muito extenso mercado de trabalho e levando os chineses a serem 
percebidos como “criminosos, ardilosos e obtusos”. Enfim, competição e conflito são claramente 
capazes de provocar reações hostilidade e de criar inimigo onde antes havia paz. 
 
O papel do bode expiatório 
Este conceito é uma espécie de complemento da causa anterior. Uma vez despertados a raiva, a 
hostilidade ou a frustração, a quem dirigi-las? Muitas vezes, a causa real do sofrimento é muita vaga, ou 
muito grande ou poderosa. O que a história tem mostrado é que nessas ocasiões a raiva é deslocada para 
grupos minoritários, sem muito poder e facilmente detectáveis. Os antigos hebreus tinham o costume 
pelo qual o sacerdote, durante um período de expiação, pousava as mãos na cabeça de um bode e, por 
meio das devidas rezas, exortações e enunciação dos pecados cometidos transferia-os para um animal 
que depois era abandonado no deserto para morrer, levando consigo os pecados e limpando a 
comunidade de seus erros. O termo ficou e hoje é usado para designar aqueles que levam a culpa de 
algo, ainda que seja inocente. 
Vale a pena citar que as pesquisas vêm demonstrando que, quanto menor à distância na escala 
socioeconômica entre brancos e negros, tanto maior o preconceito manifestado pelos primeiros. Na 
Alemanha nazista onde, após a derrota na primeira guerra mundial, os judeus foram responsabilizados 
pela inflação, pela recessão e pelo sentimento de frustração então existente. Criou-se a crença de que, 
eliminando os judeus, todos os problemas estariam resolvidos. Mesmo em um nível microssocial, 
conforme vimos ao tratar do fenômeno de atribuição de causalidade, procuramos transferir nossos 
sentimentos de raiva ou de inadequação colocando a culpa de um fracasso pessoal em algo externo ou 
sobre os ombros de outra pessoa. Diversos experimentos vêm comprovando este fenômeno, embora, a 
rigor, não seja fácil distinguir o preconceito causado por competições e conflitos daqueles originados 
pela agressão desviada para Bodes expiatórios. A hipótese do bode expiatório postula que indivíduos, 
quando frustrados ou infelizes, tendem a deslocar sua agressividade para grupos visíveis, relativamente 
sem poder e por quem nutrem de antemão sentimentos de repulsa. 
 
Traços da Personalidade 
É possível dizer, a priori, que uma pessoa seja mais propensa a ser preconceituosa do que a 
outra? Aparentemente, sim. A ideia, desenvolvida por Adorno et al. (1950), parte do pressuposto de que 
algumaspessoas, em função do tipo de educação recebida, estariam mais predispostas a se tornarem, 
preconceituosos. Denominou de personalidade autoritária o conjunto de traços adquiridos que tornaria 
uma pessoa mais rígida em suas opiniões, intolerante para com quaisquer demonstrações de fraqueza em 
si ou nos outros, pronta a adotar valores convencionais, desconfiada, propensa a adotar ou pregar 
medida de caráter punitivo, aderente a princípios morais e estrita e a dedicar respeitosa submissão a 
figura de autoridade de seu próprio grupo e clara rejeição aos que não pertencem ao seu ciclo de 
relações. Na Alemanha nazista, acreditavam que pessoas enquadradas como fortemente autoritarismo 
estariam mais propensas a perseguir quaisquer grupos minoritários. 
Qual seria origem dessa configuração de personalidade? Para os pesquisadores, após extensa as 
entrevistas, o cenário resultante apontava para uma infância marcada pelos seguintes acontecimentos: 
quando crianças, as pessoas teriam sido duramente disciplinadas, com seus pais sendo muito punitivos, 
usando ainda do artifício de manipular manifestações de afeto para obter respostas de obediência por 
parte delas. Isto tornaria as crianças inseguras, dependentes e muito ambivalentes Para com os próprios 
pais, amando-os e odiando-os concomitantemente. 
Qual tipo de educação ajudaria a formar um adulto preocupado com questões de status e poder, 
rígido, intolerante e com dificuldades em lidar com situações de ambiguidade. É natural que crianças 
vejam mundo em branco e preto, tendo bem marcada em suas mentes a diferença entre mocinhos e 
bandidos, bons e maus. As críticas posteriormente levadas compra essa concepção não negam o seu 
valor e sua expressiva contribuição no que toca a gênese do preconceito. No entanto, em primeiro lugar, 
esta teoria não teria levado em consideração o papel desempenhado pelos pais, no que se refere aos seus 
próprios preconceitos. Filhos de pais preconceituosos tendem a se identificar com ele, ou, por 
aprendizagem, imitar o seu comportamento, independentemente ou concomitantemente ao tipo de 
educação recebida, qualquer que tenha sido. 
Em segundo lugar, uma crítica mais específica: a escala original teria uma orientação ideológica 
muito definida, pela quais apenas pessoas de extrema-direita se enquadrariam na tipologia preconizada. 
Apesar desses reparos, a verdade é que trabalhos realizados no final da década de 1980 e no início dos 
anos de 1990 na Rússia, na África do Sul e nos Estados Unidos, vêm confirmando a influência do 
autoritarismo como traço de personalidade adquirido que predispõem a manifestação de preconceitos e 
discriminações. 
 
Causas sociais do preconceito: a aprendizagem social, conformidade e categorização social. 
A Teoria Da Aprendizagem Social enfatiza que estereótipos e preconceitos fazem parte de um 
conjunto maior de normas sociais. Estas, por sua vez, seriam o conjunto de crenças de uma dada 
comunidade acerca dos comportamentos tidos como socialmente corretas, aceitáveis e permitidos. 
Evidentemente, o que é estranho em uma cultura pode ser encarado como normal e ajustado em outra 
história. Hábitos alimentares, modo de educar os filhos, moda, prática religiosa, poligamia constituem 
alguns exemplos de como diferentes sociedades lidam de forma diversas com aspectos similares de 
comportamento social humano. 
As normas sociais são apreendidas em casa, nas escolas, nas instituições religiosas, com colegas 
e a partir da mídia e das artes. Desta forma é que preconceitos persistiram em um dado momento em 
uma dada por toda. Basta que seja uma sociedade que acredite em certos tipos de estereótipos 
depreciativos ou veja como normal o trato diferenciado à determinado grupo étnicos, regionais, ou 
ainda, a mulheres ou a praticantes de uma religião. Como vimos no início do capítulo, ainda não é 
comum que mulheres detenham certas funções e papéis sociais. Ou seja, é “normal” que uma mulher 
seja enfermeira e um homem, neurocirurgião. 
A conformidade seria um caso especial do exposto anteriormente em que as pessoas, de tanto 
perceberem e viverem relações de desigualdade entre grupos, sexo, etc., passam a considerar tais 
tratamentos diferenciados como naturais. Em outras palavras, conformam-se Como a situação reinante. 
Na conformidade, cedemos a pressão social para sermos aceitos, não sofrermos punições por realmente 
acreditarmos na veracidade das teses disseminadas no meio cultural em que vivemos. Estas 
considerações nos levam ao papel desempenhado pela mídia e pelas artes na perpetuação de estereótipos 
e preconceitos. Nas novelas, programas de maior audiência da TV brasileira, negros sempre apareceram 
em papéis secundários e basicamente como serviçais ou bandidos. 
As mulheres também não tem melhor sorte; mesmo uma análise superficial dos comerciais de 
televisão indica que elas são basicamente retratadas como dona de casa, objetos sexuais ou como 
pessoas passivas, dependentes e sequiosas da aprovação de seus maridos. Evidentemente, a mídia e as 
artes também atuam no sentido de propagar comportamentos pró-sociais. As próprias novelas 
supracitadas contribuíram para divulgação de papéis de gênero mais equilibrados ao levar para os 
interiores dos estados brasileiros, imagens típicas da realidade moderna das grandes cidades, onde a uma 
diversão menos rígida e tradicionalmente entre as funções desempenhadas por homens e mulheres. 
Sem dúvida, a mídia e as artes são hoje poderosos disseminadores de opiniões e verdadeiros 
agentes de socialização e seu peso na transmissão de estereótipos e preconceitos ainda não foi 
devidamente avaliado no que se refere a sua decisiva influência sobre nossos comportamentos e 
atitudes. 
 
 
 
 
Ameaça Estereotípica 
Steele (1992, 1997, 2004) e Steele Aronson (1995) chamaram atenção para um efeito do 
preconceito que, até então, não havia sido detectado. 
Trata-se, do que ele chama “ameaça estereotípica” e consiste, como já esboçamos anteriormente 
no item “estereótipos e atribuição“, no fato de pessoas de grupos alvo de atitudes preconceituosas, 
cientes dos estereótipos negativos que sustenta um preconceito, deixarem-se por eles influenciaram em 
seu desempenho. 
Se existe um estereótipo de que os negros apresenta um rendimento acadêmico inferior aos 
brancos, quando numa situação de desempenho acadêmico, as pessoas de raça negra ficam ansiosos 
devido ao estereótipo existente em relação a elas e acabou confirmar o estereótipo, desempenhando se 
de forma insatisfatória. Infelizmente, ha maneiras de neutralizar os efeitos da ameaça estereotípica. 
Uma delas é reforçar a ideia de que existem pessoas do grupo estereotipado que não confirmam 
o estereótipo. No caso dos negros de que falamos antes, chamar a atenção para existência de pessoas da 
raça negra que se destacaram nas artes, nas ciências e na política ajuda a diminuir o efeito da ameaça 
estereotípica. 
 
A Redução do Preconceito 
Diante do que vimos antes, é possível a criação de mecanismos eficazes para diminuir o 
preconceito? A resposta é sim. 
Acreditava-se que, aumentando-se o contato entre, por exemplo, na situação forçada de contato, 
acabaria prevalecendo uma interação pacífica inter-racial. O que se observou na prática, nos Estados 
Unidos, a partir da criação de escolas integradas em meados dos anos de 1950 (antes havia escolas só 
para brancos ou só para negros), foi um inesperado aumento de tensões e conflitos entre crianças 
brancas e negras. O curioso é que anos antes, observar uma notável diminuição do preconceito quando 
brancos e negros tiveram de ocupar moradias integradas. 
Após alguns meses de convivência, os moradores brancos desses projetos não segregados 
mostraram considerável aumento de atitudes positivas para com os negros. Qual a explicação para 
diferença entre esses dois episódios? O que se descobriu depois é que a simples interação não é 
suficiente. Ela tem dese dar no contexto de igualdade de status. Assim, o contato pode diminuir o 
preconceito, desde que se dê sob certas condições. 
A questão da interdependência mútua foi bastante estudada por Aronsom (1978), levando-o a 
criar o sistema de “quebra-cabeças” em salas de aula no início dos anos 1970. Ele desenvolveu um 
método de ensino que dava ênfase a cooperação. Pequenos grupos de estudos multirraciais eram 
organizados com suas tarefas de aprendizagem divididas como se fossem peças de um quebra-cabeça. 
Para aprender toda a lição, os alunos tinham de ouvir com atenção os seus colegas de grupo, já que cada 
um estudar e uma parte separadamente. A nota final dependia, pois, da colaboração entre todos. 
Após um início tumultuado, no qual as crianças tendiam a repetir seus padrões preconceituosos, 
sobrevinha uma mudança de rumo, no momento em que elas tomavam consciência da necessidade de 
ouvir o outro, em condições de igualdade e em prol de um objetivo maior. Este tipo de arranjo provoca 
também uma alteração perceptiva dos estereótipos. Normalmente, estereótipos já formados são bastante 
imunes a novas informações que os contradigam. No caso do quebra-cabeça, a partir do novo tipo de 
contato proposto os alunos acabavam reformulando suas percepções iniciais, desfazendo estereótipos.

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