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AAPPOOSSTTIILLAA DDOO CCUURRSSOO DDEE FFOORRMMAAÇÇÃÃOO DDEE AAGGEENNTTEE DDEE SSEEGGUURRAANNÇÇAA PPRRIISSIIOONNAALL -- AASSPP Disciplina: Direitos Humanos 2 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com APOSTILA DE DIREITOS HUMANOS 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA Os direitos humanos sempre surgiram das necessidades de cada tempo e da luta empreendida para conseguir efetivá-los através de leis. Conforme a sociedade foi se tornando mais complexa, foi evidenciando-se a necessidade do estabelecimento de normas, de pactos, para a sua organização econômica, política, social e até religiosa. O direito, para ser o instrumento social direcionado à construção de uma sociedade justa e pacífica, objetivo com o qual foi criado, tem que evoluir conforme os anseios e demandas desta sociedade. Vale dizer: é necessário, dentro de uma perspectiva histórica, que haja uma identificação entre a aquisição de direitos e a constante evolução na formação de identidades coletivas. É nesse sentido que os direitos humanos, pilares fundamentais da construção da democracia, vêm se construindo e aprimorando. No contexto histórico, as normas que regiam o comportamento dos homens teve, durante séculos, um caráter religioso provido de inspiração divina. Assim foram elaborados o Código de Hamurabi (Khammu-rabi, rei da Babilônia, séc. 18 A.C., o Código de Manu (séc. 11 A.C. legislação do mundo Indiano), a Lei Mosaica (Lei de Deus (dez mandamentos) e Lei de Moisés). Depois a Lei das XII Tábuas (Plebeus em Roma) que foi a expressão do povo através dos tribunos romanos. Como primeiro momento da conquista desses direitos humanos, nas palavras de alguns autores, delimitou-se a expansão e afirmação dos direitos civis (aqui incluído o direito à liberdade, sua principal bandeira), direitos políticos e de proteção da propriedade e da vida numa perspectiva de enfrentamento ao poder do Estado, que, ao tempo, era opressor. Num segundo momento, vieram os direitos relacionados à participação política, de universalização dos direitos à livre organização, expressão e voto (a perspectiva, aqui, já seria de inserção no Estado). A Declaração de Independência (1776) dos Estados Unidos da América e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) da Assembleia Constituinte Francesa, constituem a vertente liberal e individualista da história dos Direitos Humanos. No século XVIII esses direitos tinham um cunho individualista (primeira geração), mas a 3 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com partir do séc. XIX surge a vertente social dos direitos humanos, juntamente com a industrialização. Como terceiro momento, pôde-se, numa evolução histórica, atribuir os direitos humanos ao surgimento do Estado de bem-estar social, das medidas de proteção social (dos desempregados, dos menores, dos idosos e dos inválidos) e dos mecanismos de universalização à educação, à saúde, e à moradia. O Estado figurou, nessa etapa, como parceiro dos indivíduos, como garantidor de seus direitos. Após a Segunda Guerra Mundial, foi criada a ONU – Carta da ONU, tendo como principal objetivo a proteção da paz e segurança internacional e a disseminação e encorajamento do respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais. Em 10 de dezembro de 1948, proclamou-se, em São Francisco da Califórnia, na Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que no caráter abrangente dos seus trinta artigos visam garantir não somente os direitos civis, mas também os direitos sociais. Os direitos humanos são atualmente uma concepção universal. Estes direitos emanam da dignidade do homem, conceito aceito por todas as civilizações. Um quarto momento (Direitos Difusos), para alguns autores, seria a associação dos direitos humanos a uma perspectiva ecológica, em princípio. Há, porém, uma tendência a ampliar essa visão se considerarmos a realidade social. O que se percebe é a inserção de muitos e novos sujeitos e objetos do direito, como grupos sexuais, étnicos, etários, que também, e de igual importância, são titulares de direito. Sob esse prisma, mas diferindo um pouco em relação à transição dos direitos humanos, temos a opinião de alguns sociólogos, no sentido de que a sociedade se acha no limiar de um novo momento. Para esses estudiosos, alguns dos aspectos que, a princípio, estariam inclusos no quarto momento, teriam que estar delimitados dentro de um novo agrupamento (o que seria, hoje, uma quinta geração de direitos). Esse grupo abarcaria questões decisivas para a humanidade por seus aspectos irreversíveis, como questões relacionadas a tecnologias aplicadas ao ser humano, tendo por destaque e engenharia genética e as novas formas de reprodução e, futuramente, os mecanismos de integração entre sistemas de informática e a mente humana. 4 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com A história dos Direitos Humanos é bastante antiga. A consideração pelos princípios de humanidade na conduta dos Estados em nível nacional e internacional pode ser datada de muitos séculos. 1.1 Antecedentes históricos 1706 a.c. – Os dez mandamentos (não matarás) O Judaísmo – Bíblia Hebraica (a igualdade entre as pessoas) 1694 a.c. – Código de Hamurabi – Prevenir a opressão do fraco pelo forte, Direito à vida, propriedade. 450 a.c. – Lei das XII Tábuas – do pátrio poder, do casamento. 622 d.c. – Alcorão; 1215 –Magna Carta (Inglaterra) – liberdade da Igreja, Nenhum homem livre será detido ou sujeito a prisão... 1679 – Lei de “Habeas Corpus”. 1789 –Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França) – Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. 1848 – Constituição Francesa – Liberdade, igualdade. 1864 – Convenção de Genebra. 1945 – Carta das Nações Unidas – Manter a paz e a segurança internacionais. 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1966 – Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP). 1969 – Convenção Americana sobre os Direitos Humanos. BRASIL 1924 – A incorporação dos Direitos Humanos no Direito Constitucional Brasileiro. 2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES 2.1 Direito Quando falamos em direito, estamos preocupados com o relacionamento entre as pessoas. Assim, direito é um conjunto de normas e regras impostas ou convencionadas, com a 5 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com finalidade de disciplinar a convivência das pessoas na sociedade. 2.2 Direitos Humanos Direitos humanos derivam da dignidade e do valor inerente à pessoa humana, e esses são universais, inalienáveis e igualitários. Isto significa que são inerentes a cada ser humano, não podem ser tirados ou alienados por qualquer pessoa; e todos têm os direitos humanos em igual medida– independente do critério de raça, cor, sexo, idioma, religião, política ou outro tipo de opinião, nacionalidade ou origem social, propriedades, nascimento ou outro status qualquer. “Direitos humanos”, “direitos do homem”, ”liberdades públicas” ou “direitos fundamentais”, são todos aqueles direitos inerentes e universais destinados ao ser humano. 2.3 Cidadania Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na constituição. Os direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que, ao cumprirmos nossas obrigações permitimos que o outro exerça também seus direitos. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais. Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da educação de um país. A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 5 de outubro de 1988, pela Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas (deputados e senadores). A Constituição consolidou a democracia, após os anos da ditadura militar no Brasil. A cidadania está relacionada com a participação social, porque remete para o envolvimento em atividades em associações culturais (como escolas) e esportivas. A ideia de cidadão aparece junto com a ideia de democracia representativa, que é a primeira manifestação real do cidadão, que queria participar da vida política de forma ativa. Cidadão, portanto, era aquele a quem se atribuem os direitos políticos, o direito de participar ativamente da vida política do país em que vive. 6 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com Posteriormente, essa ideia de cidadão vai sendo modificada quando inicia a internacionalização dos direitos humanos, em 1948. Vale ressaltar que, nesta data, a Segunda Guerra Mundial teria acabado há pouco tempo, o Estado de Israel havia sido criado e a ONU (Organização das Nações Unidas) também tinha sua estreia, aparecendo principalmente para assumir um papel de controle da paz. Era necessário, à época reconstruir os direitos humanos. Era preciso retomar o direito a ter direitos. Passam então a figurar como cidadãos aqueles que não somente possuíam direitos e deveres civis e políticos, mas aqueles que habitavam o âmbito da soberania de um estado e deste estado recebiam uma carga de direitos. Como cidadão você tem o direito de: Ir e vir em todo território nacional em tempo Paz; Direito de igualdade perante a Lei; Direito de não ser torturado e de não receber tratamento desumano ou degradante; Direito a sua intimidade, sua vida particular, sua honra, sua imagem, à inviolabilidade de seu domicílio, de sua correspondência, de suas comunicações telegráficas, de dados e telefônicas; Direito de liberdade de expressão de atividade artística, intelectual, cientifica, literária, e de comunicação; Direito de reunião e às liberdades políticas e religiosas; Direito à Informação, Direito de propriedade. Como cidadão você tem o dever de: Votar para escolher nossos governantes e nossos representantes nos poderes executivos e legislativo; Cumprir a leis; Respeitar os direitos sociais de outras pessoas; Prover o seu sustento com o seu trabalho; alimentar parentes próximos que sejam incapazes; Educar e proteger nossos semelhantes, Proteger a natureza; 7 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com Proteger o patrimônio comunitário; Proteger o patrimônio público e social do país; Colaborar com as autoridades. 3. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS 3.1 Imprescritibilidade: Podemos afirmar que os direitos fundamentais não se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis e exercidos, não sendo perdidos pela falta de uso (prescrição); tal regra não é absoluta, existindo direitos que, eventualmente podem ser atingidos pela prescrição, como é o caso da propriedade, que não sendo exercida, poderá ser atingida pela usucapião. 3.2 Inalienabilidade: São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são de conteúdo econômico- patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis; Irrenunciabilidade: Não se renunciam direitos fundamentais. Alguns deles podem até não ser exercidos, pode-se deixar de exercê-los, mas não se admite sejam renunciados.” 3.3 Inviolabilidade: Os direitos de outrem não podem ser desrespeitados por nenhuma autoridade ou lei infraconstitucional, sob pena de responsabilização civil, penal ou administrativa. 3.4 Universalidade: Tendo em vista que os direitos e garantias fundamentais vinculam-se ao princípio da liberdade, conduzido pela dignidade da pessoa humana, os mesmos devem possuir como sujeito ativo, todos os indivíduos, independente da raça, credo, nacionalidade, convicção política, a coletividade jurídica em geral, podendo pleiteá-los em qualquer foro nacional ou internacional, conforme devidamente expresso no parágrafo 5 na Declaração e Programa de 8 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com Ação de Viena de 1993. 3.5 Efetividade: Ao desenvolver seu papel de agente garantir das políticas sociais, o Estado deve garantir o máximo de efetivação dos direitos fundamentais. 3.6 Interdependência: Direitos fundamentais estão vinculados uns aos outros, não podendo ser vistos como elementos isolados, mas sim como um todo, um bloco que apresenta interpenetrações; as várias previsões constitucionais, apesar de autônomas, possuem diversas intersecções para atingirem suas principais finalidades. No intuito de exemplificarmos a característica relacionada neste comando, podemos dizer que a liberdade de locomoção está relacionada à garantia do habeas corpus e ao devido processo legal. 3.7 Complementaridade: Os direitos fundamentais devem ser interpretados em conjunto, e não de forma isolada, não havendo hierarquia entre eles, com a finalidade de se alcançar os objetivos previstos pelo legislado constituinte. 4. A IMPORTÂNCIA E A VALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO A quem se destinam os direitos humanos? A todos os seres humanos, indistintamente, independentemente de sexo, raça, cor, 9 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com nacionalidade ou religião. Quem deve protegê-los? O Estado e todos os seres humanos, pois os direitos são direitos e deveres de todos. O policial (Encarregado da aplicação da lei) é a figura emblemática do Estado e tem um papel de proteger e garantir os direitos humanos. Validade no mundo: Os direitos humanos são notadamente dirigidos a todos os seres humanos, mas nem todos, os tem assegurado, seja em razão dos interesses de grupos hegemônicos (oligarquias), seja pelonão reconhecimento destes direitos, pela frontal violação e outros fatores diversos. 5. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS A Declaração aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1948, em Paris, que proclama os direitos fundamentais da humanidade foi recebida como parte integrante da constituição portuguesa de 1976, que estabelece que as normas constitucionais relativas aos direitos fundamentais devem ser interpretadas e integradas em harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem. A Declaração Universal dos Direitos do Homem preconiza o direito a vida, à liberdade, à educação e à igualdade perante a lei e também à liberdade de circulação, religião, associação e informação, bem como o direito a uma nacionalidade. Ao abrigo da Convenção Europeia de Direitos Humanos (1950), o Conselho da Europa fundou a Comissão Europeia dos Direitos Humanos (com sede principal em Estrasburgo, França), examina as acusações realizadas pelos estados ou pelos indivíduos. Os seus pareceres são examinados pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (fundado em 1959), cuja jurisdição obrigatória tem sido reconhecida por numerosos estados. O Dia dos Direitos Humanos, celebrado a 10 de Dezembro, comemora a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas. “Preâmbulo” CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família 10 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade; CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão; CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações; CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla; CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a observância desses direitos e liberdades; CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso; A Assembleia Geral das Nações Unidas proclama a presente "Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. ARTIGO 1 Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e 11 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. ARTIGO 2 I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. ARTIGO 3 Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. ARTIGO 4 Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas. ARTIGO 5 Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. ARTIGO 6 Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. ARTIGO 7 Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. ARTIGO 8 Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. ARTIGO 9 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. ARTIGO 10 12 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. ARTIGO 11 I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido assegurada todas as garantias necessárias a sua defesa. II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. ARTIGO 12 Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. ARTIGO 13 I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. ARTIGO 14 I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. ARTIGO 15 I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. ARTIGO 16 Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. 13 ATIVIDADESDE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com I) Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. ARTIGO 17 I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. ARTIGO 18 Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. ARTIGO 19 Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras. ARTIGO 20 I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. ARTIGO 21 I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. ARTIGO 22 Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade. 14 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com ARTIGO 23 I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. ARTIGO 24 Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas. ARTIGO 25 I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família, saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. ARTIGO 26 Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. I) A instrução técnica profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a 15 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com seus filhos. ARTIGO 27 I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios. II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. ARTIGO 28 Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. ARTIGO 29 I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas. ARTIGO 30 Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e liberdades aqui estabelecidos. 6. CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS DIREITOS HUMANOS A dignidade da pessoa humana pode ser considerada como o fundamento último do Estado brasileiro. Ela é o valor-fonte a determinar a interpretação e a aplicação da Constituição, assim como a atuação de todos os poderes públicos que compõem a República Federativa do Brasil. Em síntese, o Estado existe para garantir e promover a dignidade de todas as pessoas. 16 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com É nesse amplo alcance que está a universalidade do princípio da dignidade humana e dos direitos humanos. Como valor-fonte, é da dignidade da pessoa humana que decorrem todos os demais direitos humanos. A origem da palavra dignidade ajuda-nos a compreender essa ideia essencial. Dignus, em latim, é um adjetivo ligado ao verbo decet (é conveniente, é apropriado) e ao substantivo decor (decência, decoro). Nesse sentido, dizer que alguém teve tratamento digno significa dizer que essa pessoa teve tratamento apropriado, adequado, decente. Se pensarmos em dignidade da vida humana ou o que é necessário para se ter uma vida digna, começaremos a ver com mais clareza como todos os direitos humanos decorrem da dignidade da pessoa humana. Para que uma pessoa, desde sua infância, possaviver, crescer e desenvolver suas potencialidades decentemente, ela precisa de adequada saúde, alimentação, educação, moradia, afeto; precisa também de liberdade para fazer suas opções profissionais, religiosas, políticas, afetivas, etc. Esse conjunto de necessidades e capacidades nada mais é que o conteúdo dos direitos humanos, reconhecidos, por essa razão, como princípios e direitos fundamentais na Constituição Brasileira. É em decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana que a Constituição de 1988, no seu Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, afirma uma extensa relação de direitos individuais e coletivos (Capítulo I, Artigo 5o), de direitos sociais (Capítulo II, Artigos 6o a 11), de direitos de nacionalidade (Capítulo III, Artigos 12 e 13) e de direitos políticos (Capítulo IV, Artigos 14 a 16). A Constituição de 1988, em seu Artigo 4o, inciso II, é a primeira em nossa história a estabelecer a prevalência dos direitos humanos como princípio do Estado brasileiro em suas relações internacionais. Assim, ao afirmar esse princípio, o Estado brasileiro compromete-se a respeitar e a contribuir na promoção dos direitos humanos de todos os povos, independentemente de suas nacionalidades. A Carta de 1988 é a primeira constituição nacional a consagrar um universo de princípios que guiam o Brasil no cenário internacional, fixando valores que orientam a agenda internacional do País. 17 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com Essa orientação internacionalista se traduz nos princípios da prevalência dos direitos humanos, da autodeterminação dos povos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo e da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, nos termos do artigo 4o, incisos II, III, VIII e IX. O artigo 4o, como um todo, simboliza a reinserção do Brasil na arena internacional. Essa inovação em relação às Constituições anteriores consagra a prioridade do respeito aos direitos humanos como a principal referência para a atuação do País no cenário internacional. Isso implica não apenas o engajamento do Brasil no processo de elaboração de normas internacionais de direitos humanos, mas também a busca da plena incorporação de tais normas no direito interno. Implica ainda o compromisso de adotar uma posição política contrária aos Estados em que os direitos humanos sejam gravemente desrespeitados. Também é de extrema importância o alcance da previsão do Artigo 5o, parágrafo segundo da Carta de 1988, ao determinar que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte. Isto é, ao aderir a um tratado internacional de direitos humanos, o Brasil não apenas assume compromissos perante a comunidade internacional, mas também amplia o catálogo de direitos humanos previstos em nossa Constituição. No título I (DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS) da Constituição, proclama que o Brasil se rege em suas relações internacionais pelo princípio da prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II), constituindo-se em Estado Democrático de Direito tendo como fundamento a cidadania e dignidade da pessoa humana (art. 1º, II e III). No título II (DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS) enumera os direitos e garantias fundamentais, antecipando-os inclusive à própria estruturação do Estado. No mesmo título, no capítulo I enuncia os “DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS” (1ª geração). No capítulo II os “DIREITOS SOCIAIS” (2ª geração). Esta enumeração é exemplificativa e não terminativa, pois segundo o art. 5º, § 2º os direitos e garantias expressos na Carta Magna não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que o Estado brasileiro seja parte. No mesmo artigo em seu § 1º acrescenta que as normas definidoras dos direitos e 18 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com garantias fundamentais têm aplicação imediata. Assim, pela Constituição de 1988, depreende-se que os direitos nela elencados são bilaterais tendo como sujeitos ativos as pessoas individualmente ou em grupos determinados ou indeterminados, e como sujeito passivo o Estado, a quem deve respeitá-los e cumpri-los. Todos os indivíduos e grupos devem respeitar as liberdades reciprocamente uns dos outros. A nova Constituição vem assim a fortalecer a tendência das Constituições recentes, de reconhecer a relevância da proteção internacional dos direitos humanos e dispensar atenção e tratamentos especiais à matéria. 7. O PROFISSIONAL DE SEGURANÇAPÚBLICA FRENTE AOS DIREITOS HUMANOS Recentes pesquisas demonstram que a Segurança Pública é, atualmente, um dos maiores problemas que afetam a qualidade de vida dos brasileiros. A violência, antes limitada aos grandes centros urbanos, avança aceleradamente até nas mais distantes localidades do interior do Brasil, congregando dia-a-dia novas legiões de jovens lançados à criminalidade por falta de perspectivas e pela recessão econômica. Aliada a essa sensação de impotência frente ao crescimento da criminalidade, realça-se o papel dos Direitos Humanos no contexto atual de Segurança Pública, frente à necessidade de combate à criminalidade crescente e ao respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, erigido a objetivo fundamental da República Federativa do Brasil. 7.1 Promoção e Proteção As garantias legais previstas durante a execução da pena, assim como os direitos humanos do preso, estão previstos em diversos estatutos legais. Em nível mundial existem várias convenções, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem e a proteção das garantias do homem preso. Existem ainda em legislação específica – a Lei de Execução Penal – os incisos de I a XV do art. 41, que dispõem sobre os direitos infraconstitucionais garantidos ao sentenciado no decorrer da execução penal. No campo legislativo, nosso estatuto executivo-penal é tido como um dos mais 19 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com avançados e democráticos existentes. Ele se baseia na ideia de que a execução da pena privativa de liberdade deve ter por base o princípio da humanidade, e qualquer modalidade de punição desnecessária, cruel ou degradante será de natureza desumana e contrária ao princípio da legalidade. 7.2 Conduta ética e legal na aplicação da lei O CCEAL foi adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 17 de dezembro de 1979, através da Resolução 34/169. Não é um tratado, mas pertence à categoria dos instrumentos que proporcionam normas orientadoras aos governos sobre questões relacionadas com Direitos Humanos e justiça criminal. ARTIGO 1.º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, a todo o momento, o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer. ARTIGO 2.º No cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveis pela aplicaçãoda lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de todas as pessoas. ARTIGO 3.º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o cumprimento do seu dever. ARTIGO 4.º As informações de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que o cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro comportamento. ARTIGO 5.º Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos 20 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com cruéis, desumanos ou degradantes. ARTIGO 6.º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar a proteção da saúde das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar medidas imediatas para assegurar a prestação de cuidados médicos sempre que tal seja necessário. ARTIGO 7.º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer qualquer ato de corrupção. Devem, igualmente, opor-se rigorosamente e combater todos os atos desta índole. ARTIGO 8.º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitá-la presente Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se vigorosamente a quaisquer violações da lei ou do Código.” Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que se produziu ou irá produzir uma violação deste Código, devem comunicar o fato aos seus superiores e, se necessário, a outras autoridades com poderes de controle ou de reparação competentes. No que tange a participação dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei podemos nos deparar com o uso da força em determinados momentos. Mas, o uso arbitrário da força pelos agentes penitenciários constitui violações do Direito Penal. Também constituem violações dos Direitos Humanos, cometidas justamente por aqueles (os policiais e agentes), que são os responsáveis por manter e preservar esses mesmos direitos. O abuso da força pode ser visto como uma violação da dignidade e integridade humana, tanto dos policiais envolvidos como dos próprios suspeitos ou infratores (alvos da intervenção), que agora passam a assumir a condição de vítimas. No entanto, não importa como as violações sejam vistas, elas prejudicarão de fato o sensível relacionamento entre a organização policial e toda a comunidade a que estiver servindo, sendo capazes de causar “ferimentos” que levarão muito tempo para “cicatrizar”. É por todas as razões expostas acima que o abuso não pode e não deve ser tolerado. Devemos ter em mente que, quando uma organização policial recorre a violações da lei para aplicá-la ou manter a ordem pública, perde sua credibilidade e sua autoridade. Não sobrará mais nada, a não ser o uniforme que vestem, para distinguir os policiais dos infratores 21 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com que eles perseguem. Um Agente de Segurança Penitenciário que exceda no uso da força ou que seja corrupto, pode fazer com que a organização inteira seja denominada violenta ou corrupta, porque o ato individual será visto como ato da Instituição. As palavras chaves na aplicação da lei são negociação, mediação, persuasão, resolução de conflitos. Comunicação é o caminho preferível para se alcançar os objetivos de uma aplicação da lei legítima. Contudo, os objetivos da legítima aplicação da lei não podem sempre ser atingidos pelos meios da comunicação, permanecendo basicamente duas escolhas. Ou a situação é deixada como está, e o objetivo da aplicação não será atingido, ou os encarregados da aplicação da lei decidem usar a força para alcançar o objetivo. Os Estados não negam a sua responsabilidade na proteção do direito à vida, liberdade e segurança pessoal quando outorgam aos seus encarregados da aplicação da lei a autoridade legal para o uso da força e arma de fogo. A autoridade legal está inserida na legislação nacional que claramente define as circunstâncias sob as quais a força pode ser empregada, assim como os meios que podem ser empregados em uma situação particular. Uma confirmação maior do reconhecimento pelos Estados da sua responsabilidade pode ser encontrada nas normas e Ato Discricionário Ato Legítimo Ato Legal PROFISSIONAL Uso da Violência Uso da Força Impulso Arbitrário Ato Ilegal Ato Ilegítimo AMADOR Atividade Prisional 22 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com práticas existentes relativas ao recrutamento, seleção, formação e treinamento dos encarregados da aplicação da lei. Os Encarregados da Aplicação da Lei somente recorrerão ao uso da força, quando todos os outros meios para atingir um objetivo legítimo tenham falhado, e o uso da força pode ser justificado quando comparado com o objetivo legítimo. Esta avaliação, que tem que ser feita individualmente pelo encarregado da aplicação da lei em cada ocasião em que a questão do uso da força surgir, pode levar à conclusão de que as implicações negativas do uso da força em uma determinada situação não são equiparadas à importância do objetivo legítimo a ser alcançado. Nestas situações, recomenda-se que os policiais se abstenham de prosseguir. Uso de armas de fogo O uso de armas de fogo com o intuito de atingir objetivos legítimos de aplicação da lei deve ser considerada uma medida extrema. Os encarregados da aplicação da lei não usarão armas de fogo contra indivíduos, exceto: *em casos de legítima defesa ou defesa de outrem contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave; para impedir a perpetração de crime particularmente grave que envolva séria ameaça à vida; ou efetuar a prisão de alguém que represente tal risco e resista à autoridade, ou para impedir a fuga de alguém que represente tal risco; e apenas nos casos em que outros meios menos extremos se revelem insuficientes para atingir tais objetivos. O uso letal intencional de armas de fogo só poderá ser feito quando for estritamente inevitável para proteger a vida (PB9). O uso da arma de fogo é uma medida extrema, o que é evidenciado ainda mais pelas regras de comportamento que devem ser observadas pelos encarregados da aplicação da lei antes de seu uso prático. O uso arbitrário de força e armas de fogo pelos encarregados da aplicação da lei constitui violações do direito penal de um país. Também constituem violações dos direitos 23 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com humanos cometidas por aqueles que são chamados a manter e preservar esses direitos. O abuso da força e de armas de fogo pode ser visto como uma violação da dignidade e integridade humana tanto dos encarregados envolvidos como das vítimas. Agente de Segurança Prisional: cidadão qualificado O agente de Segurança Penitenciário é um cidadão qualificado e tem, portanto, a missão de preservar a integridade física do preso, do staff de sua Unidade Prisional e do cidadão quando este estiver no circulo de sua atuação. Além disso, porta a singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da lei, o que lhe confere natural e destacada autoridade para a construção social ou para sua devastação. O impacto sobre a vida de indivíduos e comunidades, exercido por esse cidadão qualificado é, pois, sempre um impacto extremado e simbolicamente referencial para o bem ou para o mal-estar da sociedade. 8. GRUPOS VULNERÁVEIS O Brasil – pós governos militares – adotou um novo modelo de Constituição, donde a cidadania e os direitos a ela inerentes foram alçados a um primeiro plano. Decorrente da lógica constitucional, proliferaram-se organizações de apoio as lutas dos grupos em situação de risco, ou de vulnerabilidade, propondo políticas públicas ao Estado, visando à concretização dos direitos de cidadania, de sem tetos, sem terras, vítimas de violência policial, populações quilombolas, índios, mulheres, negros, homossexuais, e muitos outros grupos vulneráveis, ou marginalizados pela sociedade envolvente. 8.1 Conceito Conjunto de pessoas pertencentes a uma minoria que, por motivação diversa, tem acesso, participação e/ou oportunidade igualitária dificultada ou vetada, a bens e serviços universais disponíveis para a população. São grupos que sofrem tanto materialmente como social e psicologicamente os efeitos da exclusão, seja por motivos religiosos, de saúde, opção sexual, etnia, cor de pele, por incapacidade física ou mental, gênero, dentre outras. 24 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com 8.2 Principais Públicos Mulheres, gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais, portadores de deficiências ou necessidades especiais, crianças, adolescentes, idosos e etc. 8.3 Minoria X Grupos Vulneráveis O termo minoria diz respeito a determinado grupo humano ou social que esteja em inferioridade numérica ou em situação de subordinação sócio econômica, política ou cultural, em relação a outro grupo, que é majoritário ou dominante em uma dada sociedade. Uma minoria pode ser étnica, religiosa, linguística, de gênero, idade, condição física ou psíquica. Minorias não são necessariamente perseguidas ou dizimadas pelo grupo dominante, mas historicamente existem numerosos casos de perseguições. Grupo vulnerável é um conjunto de pessoas que por questões ligadas a gênero, idade, condição social, deficiência e orientação sexual, tornam-se mais suscetíveis à violação de seus direitos. Para efeito didático esses grupos são classificados em seis categorias: Mulheres; Crianças e adolescentes; Idosos; População de rua; Pessoas com deficiência física ou sofrimento mental; e Comunidade LGBTT. Existem outros grupos na sociedade em situação de risco, porém, a vulnerabilidade neste caso é a sujeição constante ao preconceito e à discriminação, independente de outros fatores. 8.3.1 Minorias étnicas 25 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com A discriminação racial e étnica continua a ser um dos maiores problemas de direitos humanos no mundo atual, atingindo tanto minorias étnicas quanto, em alguns casos, populações inteiras. Muito da atenção internacional recaiu sobre o apartheid na África do Sul, extinto em 1994. Entretanto, a luta contra o ódio étnico e racial continuou durante a década de 1990 violentamente acometida pelos piores conflitos étnicos jamais vistos nos Bálcãs e na região dos Grandes Lagos na África. Raça é definida como "um grupo de pessoas de comum ancestralidade, diferenciada dos outros por características físicas tais como tipo de cabelo, cor dos olhos e pele, estatura, etc" (Dicionário Inglês Collins). Étnico é definido como "relativo ou característico de um grupo humano que tem certos traços raciais, religiosos, linguísticos, entre outros, em comum" (Dicionário Inglês Collins). A Convenção Internacional sobre a Eliminação da Discriminação Racial (artigo1) não define "raça", mas define "discriminação racial" para designar "qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou origem étnica com o propósito ou efeito de anular ou impedir o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em pé de igualdade, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos campos políticos, econômicos, sociais e culturais ou qualquer outro da vida pública". Etnia é explicitamente entendida sob esta definição pelo termo "raça". Muitos tratados sobre os direitos humanos se referem a "raça" e não utilizam a terminologia "etnia". Exemplos: Índios, comunidades negras remanescentes de quilombos, ciganos, judeus, dentre outros. 8.3.2 Minorias Linguísticas Minorias linguísticas são aquelas que usam uma língua (independentemente de ser escrita) diferente da língua da maioria da população ou da adotada oficialmente pelo Estado. Vale salientar que não é considerado língua mero dialeto com sutis diferenças em relação à língua predominante. 26 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com 8.3.3 Minorias Religiosas Minorias religiosas, por sua vez, são grupos que professam uma religião distinta da professada pela maior parte da população, mas não apenas uma outra crença, como o ateísmo ). No Brasil existem as seguintes minorias: budistas, muçulmanos, espíritas, praticantes de candomblé (religião jeje-nagô ouioruba), dentre outras. 9. DIREITOS HUMANOS NO SISTEMA PRISIONAL A Declaração de Direitos Humanos prevê as garantias fundamentais da pessoa humana, em seu Preâmbulo, traz os princípios de igualdade entre todos os homens, além de liberdade, paz e justiça. O Art. 3º da presente Carta afirma que todos têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal O princípio de respeito ao preso considerado pela Carta Magna de 1988 busca reprimir os maus tratos, as torturas, as condições desumanas em que os presos são mantidos, consoante o Capítulo III, do Art. 5º, além da discriminação da própria sociedade. Conforme a Lei de Execução Penal (lei nº 7.210), uma legislação complementar aprovada em 11 de julho de 1984, onde no Art. 10 desta lei considera a assistência aos presos é dever do Estado, e segue afirmando que também é de sua responsabilidade uma assistência material ao apenado, consistindo no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas, consoante o Art. 12. A assistência à saúde do preso terá um caráter preventivo e curativo, e contará com o atendimento médico, farmacêutico e odontológico, conforme Art. 14 De acordo com Muakad (1998, p. 24): “A prisãodeve ter o mesmo objetivo que tem a educação da infância na escola e na família; preparar o indivíduo para o mundo a fim de subsistir ou convier tranquilamente com seus semelhantes”. Como já exposto, o art. 10 da LEP (Lei de Execução Penal), acrescenta: “A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade”. A LEP ainda garante que deve haver um sistema de tratamento reeducativo, frisando os instrumentos do tratamento penal, como: “A assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa”. Sabe-se que a situação da maioria dos presos é a de que foram indivíduos marginalizados pela sociedade, oriundos da exclusão econômica, cultural e social, 27 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com fatores que na maioria das vezes explicam a alta incidência da criminalidade no país. Tendo em vista que a base para o desenvolvimento do indivíduo encontra-se enraizado no conhecimento, Albergaria (1993, p.50) mostra que: “Um dos objetivos da política criminal integrada na política social será tentar a transformação da instituição penitenciária em escola de alfabetização e profissionalização do preso, para inseri-lo no processo de desenvolvimento da Nação, a serviço do bem comum. A administração penitenciária tem o dever de ofertar ao preso todas as possibilidades de instrução escolar e formação profissional.” Educar ou reeducar o presidiário seria, portanto, uma forma de inclusão do mesmo ao âmbito social, fomentando nele a vontade de promover algum desenvolvimento para sua comunidade, através de mérito próprio, contribuindo de alguma forma para a criação de uma nova personalidade. Para isso os “estabelecimentos penais” deverão ser bem equipados com aparelhos televisivos, audiovisuais, bibliotecas e tudo mais que lhes garantam acesso a atividades educacionais, garantidas pelos artigos 18 a 21 da Lei de Execução Penal. Além da educação, os apenados também possuem o direito ao trabalho, que é visto como “um dos elementos mais eficazes do tratamento criminológico”. Já dizia Weber que o trabalho dignifica o homem, e é através deste que muitos apenados têm a oportunidade de se reintegrar com o meio social, além de evitar a ociosidade. Tais atividades podem ser exercidas dentro ou fora do estabelecimento prisional de acordo com sua situação, e com remuneração, possuindo caráter educativo, como podemos observar no art. 28 da LEP: “O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.”. Garantindo a profissionalização dos apenados, o ambiente prisional já começa a dar os primeiros passos à efetivação de seus objetivos, oferecendo-lhes uma ocupação que aos poucos acaba se tornando um dos fatores para que os presidiários, ao conseguirem a liberdade, tenham uma maior estabilidade econômica, contribuindo para que voltem a ter uma vida normal e digna, garantindo na maioria das vezes uma não reincidência. Não menos importante aparece também à necessidade de se garantir o desenvolvimento espiritual dos presos, oferecendo-lhes locais para práticas religiosas, como capelas, por exemplo, bem como livros de sua religião, algo que também é previsto na lei. 28 ATIVIDADES DE ENSINO Travessa Bezerra de Meneses (Rua 94-A), Qd. 18, nº. 12, Setor Sul, Goiânia / Goiás, CEP: 74.080-300 Telefones: (062) 3201-8198, Fax: (062) 3201-8199 e Funcional (062) 8418-3233 E-mail: gerenciadeensino.sapejus@gmail.com “As Regras Mínimas da ONU preconizam que cada estabelecimento penitenciário deve dispor de serviços de, pelo menos, um médico, com conhecimento de psiquiatria e que os serviços médicos devem ter sua organização estreitamente relacionada com a administração geral dos serviços de saúde da comunidade ou da nação (nº 22.1), devendo todo preso poder valer-se dos cuidados de um dentista devidamente habilitado (nº 22.3)”. “Como qualquer dos direitos humanos, os direitos do preso são invioláveis, imprescritíveis e irrenunciáveis” e devem ser garantidos pelo Estado, como é estabelecido pelo art. 41 da LEP, que detalha os seus direitos, pois só garantindo-lhes é que o Direito Penal estará realizando seu papel, e consagrando aqueles que esperam ter de volta a liberdade que lhes foi tirada, um retorno ao meio social de forma digna e legal, visando assim diminuir o regresso destes e consequentemente o índice de violência e de criminalização no nosso país. De fato o Sistema Carcerário é um órgão punitivo, tendo em vista que a maior punição para qualquer ser humano, não só para o criminoso, é a privação de sua liberdade. No entanto não deve haver distorções na função do Estado, em que ele não deve apenas punir, mas deve também fornecer aparatos para que estas pessoas paguem por seus delitos e não voltem a cometê-los, e que saiam da prisão sendo respeitados pelos demais cidadãos, tendo em vista que já “pagaram” suas dívidas para com a sociedade.
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