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A Etica Organizacional Ana

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Índice
1. Introdução	3
2. A Importância de ética profissional nas organizações	4
2.1. Conceito de Ética	4
2.1.1. Importância da Ética Profissional	5
2.2. Classificação da Ética Socratistica e Platonistica	8
2.2.1. Ética socrática - A Bondade	8
2.2.2. Ética Platónica - A sabedoria	11
2.3. Diferentes Correntes da Ética	14
2.3.1. Os clássicos	14
2.3.2. Contratualismo (abordagem do bem comum)	15
2.3.3. Utilitarismo (abordagem consequencialista)	17
2.3.4. Ética baseada em princípios absolutos ou universais (abordagem universalista)	19
3. Conclusão	23
Bibliografia	24
1. Introdução
O mercado de trabalho vem passando grandes transformações por conta da globalização. De acordo com essas mudanças o que as empresas tem hoje como seu maior capital, são seus funcionários e colaboradores.
Com as novas gerações entrando no mercado de trabalho, o que antes era feito automaticamente por todos, hoje todos querem saber o “Por que ou Para que” tal ordem tem que ser cumprida. Antigamente as pessoas desenvolviam suas funções, sem questionar nada, hoje o que vemos são empregados mais questionadores, sempre em busca de novos conhecimentos. 
O trabalhador do século XXI visa o conhecimento na sua totalidade, sendo um cidadão, intelectual, ético e comprometido com a construção de uma nova sociedade, com visão ampla e transformadora do meio em que vive.
Por isso nessa busca pelo capital humano as empresas tentam se diferenciar em todas as áreas. As empresas buscam atractivos de todas as formas, desde um salário e benefícios bons para o empregado, até sua mudança de clima e cultura organizacional.
Nesse contexto, o trabalho tem com objectivo geral Analisar a importância da ética tanto para organização, como para o funcionário e para sociedade, visando a melhoria nas relações de trabalho. 
No entanto, para a materialização do presente trabalho, a autora optou pela revisão bibliográfica que de acordo com LAKATOS e MARCONI (2003, p. 183) é levantamento, selecção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisado, em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses, dissertações, materiais cartográficas, como metodologia mais viável da pesquisa.
2. A Importância de ética profissional nas organizações
Para que se pudesse fazer uma análise sobre a importancia da ética nas organizacoes, entendeu-se que era preciso apresentar uma discussão sobre a conceituação da mesma e justificando-se o porque discutir o mesmo. Dessa forma apresentar-se-á, primeiramente, uma discussão sobre a conceituação de Ética.
2.1. Conceito de Ética
O termo “ética” origina-se da palavra grega ethos, geralmente, traduzida por habitação, morada ou costume e que significa, também, “modo de ser”ou “caráter”. É um princípio da conduta humana. A palavra ethos é, para os romanos, “moralis”, dando origem à palavra moral.
De acordo com SÁ (1996), ética é um modo de regulação dos comportamentos que provém do indivíduo e que assenta no estabelecimento, por si próprio, de valores (que partilha com outros) para dar sentido às suas decisões e acções.
Para VASQUEZ (2002), a Ética é a ciência que estuda o comportamento moral dos homens na sociedade. Nesse contexto, a ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais.
A definição acima remete a duas questões segundo PASSOS (2004):
O primeiro relaciona-se com o papel que ela desempenha na sociedade, no sentido de possibilitar um equilíbrio entre os anseios individuais e os interesses da sociedade, no sentido de possibilitar um equilíbrio entre os anseios individuais e os interesses da sociedade; assim, não existe uma moral individual; ela é sempre social, pois envolve relações entre sujeitos. Diante disso, as normas morais são colocadas em função de uma concepção teórica em vigor, que quase sempre a concepção dominante.
A ética é, assim, uma filosofia prática que procura regulamentar a conduta tendo em vista o desenvolvimento humano. Porque procura aperfeiçoar o homem através da acção e por isso procura que os actos humanos se orientem pela rectidão, isto é, a concordância entre as acções e a verdade ou o bem. Nesta medida, a ética é uma racionalização do comportamento humano, ou seja, um conjunto de princípios obtidos através da razão e que apontam o caminho certo para a conduta.
Ademais, a ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por essa razão, é um elemento vital na produção da realidade social . Todo homem possui um senso ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. A Ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as atividades humanas envolvem uma carga moral.
Conforma CENCI (2001), a realidade humana é definida pelo permitido e pelo proibido. Essas condições sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos, relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida mantendo com as outras ciências relações justas e aceitáveis, fundamentada, geralmente, nas idéias de bem e virtude. São essas idéias do bem e do mal, certo e errado, permitido e proibido que definem a realidade.
Portanto, a ética opera no plano da reflexão ou das indagações, estuda os costumes das coletividades e as morais que podem conferir-lhes consistência com o objetivo de libertar os agentes sociais da prisão do egoísmo que não se importa com os efeitos produzidos sobre os outros. A ética visa à sabedoria ou ao conhecimento temperado pelo juízo.
E de um modo geral, a função fundamental da ética é semelhante à de toda teoria que é o de esclarecer ou investigar uma dada realidade, elaborando os conceitos adequados. Nesse sentido, o campo da ética não está no âmbito da moral efetiva e também não se limita a um determinado aspecto temporal e relativo da mesma. A ética é teoria, investigação ou explicação de um modelo de comportamento humano, o da moral, contemplado na sua totalidade, diversidade e variedade.
Assim, o valor dessa teoria está em explicar e não em prescrever ou recomendar uma ação em circunstâncias concretas. A ética é explicação daquilo que foi ou é e não uma mera narração, não lhe cabendo juízo de valor sobre a prática moral de outras sociedades ou de outras épocas em nome de uma moral absoluta e universal, devendo sim, explicar o fato de os seres humanos terem lançado mão de práticas morais divergentes ou contrárias.
Segundo VÁSQUEZ (2003), o objeto da ética é o ser humano, enquanto ser racional de forma que à medida que se constrói a teoria sobre o homem, simultaneamente se estabelecerá a teoria da ordem política.
Assim, o campo ético é composto por dois extremos que se relacionam internamente que são o sujeito moral e os valores morais ou virtudes éticas. O sujeito moral pode apresentar um caráter de passividade e atividade. Passivo é o indivíduo que se deixa dominar e ser levado por impulsos, ambições e paixões, pelos acontecimentos, pelo acaso, pela opinião de terceiros, pelo medo dos outros, pela vontade de uma outra pessoa, deixando de considerar a sua própria consciência e vontade.
De uma outra forma, ativo é o indivíduo que mantém o controle sobre os seus impulsos, seus desejos e paixões, discutindo consigo próprio e com os outros o sentido dos valores e dos objetivos determinados. Esse indivíduo questiona se devem e como devem ser honrados ou desrespeitados por outros valores e propósito superiores aos existentes, consultando a sua razão e vontade antes de tomar uma atitude. Ativo é aquele que tem consideração pelos outros sem submeterse ou subordinar-se a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias intenções e não admite violência contra si mesmo nem contra terceiros, (OLIVEIRA, 1995).
2.1.1. Importância da Ética Profissional
A ética é cada vez mais uma ética aplicada, para dar resposta a um mundo cada vez mais complexo. A ética aplicada procura aplicar na prática os fundamentos gerais da ética, no plano individual, familiar e social. Poisa ética não é puramente teórica: é um conjunto de princípios que balizam as acções dos seres humanos nas sociedades em que vivem, devendo ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de atitudes e comportamentos quotidianos.
Segundo ROSINI (2003,p. 146):
A ética é definida como estudo de juízos de apreciação referentes à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, relativamente à determinada sociedade, ou de modo absoluto. No ambiente corporativo, ela procura guiar o individuo na tomada de decisões levando-se em conta o ponto de vista predominante na sociedade, num determinado espaço de tempo.
Nos dias atuais, as economias nacionais e globais, as práticas empresariais dos administradores afectam a imagem da empresa para qual trabalham. Sendo assim, para a empresa competir com sucesso nos mercados nacional e mundial, será preciso manter uma sólida reputação de comportamento ético.
A ética empresarial pode ser entendida como um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua reputação e, consequentemente, seus bons resultados. É o comportamento da empresa quando ela age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela colectividade.
Desta forma, a ética profissional - os padrões de conduta a aplicar no exercício da profissão, uns comuns a várias profissões, outros específicos da profissão em causa - ajuda os indivíduos a pertencerem a um determinado grupo e distingue esse mesmo grupo dos demais grupos profissionais. Ajuda a tomar decisões profissionais que sejam acertadas do ponto de vista ético. E a boa reputação que o grupo profissional consiga alcançar com a sua conduta ética ajudará os seus membros a poder exercer as suas funções na sua área de expertise, (SÁ, 1996).
A Ética Empresarial é algo de grande importância nas empresas nos dias de hoje, não porque as organizações tornaram-se boazinhas e bem feitoras, mas sim porque a sociedade esta mais consciente, e vem exigindo mais de seus direitos e as empresas por sua vez exigindo mais de seus parceiros.
Conforme sustenta SROUR (2003), ao comentar que os procedimentos éticos facilitam e solidificam os laços de parceria empresarial, quer com os clientes, quer com os fornecedores, quer ainda, com sócios efectivos ou potências. Isso ocorre em função do respeito que um agente ético gera em seus parceiros.
Percebe-se assim que a Ética Empresarial não é somente uma relação de pessoas, é também a relação da empresa perante a sociedade como um todo, na qual ela esta. A Empresa quando se instala em um determinado lugar, ele não necessita somente da mão-de-obra qualificada de seus colaboradores, ela precisa de vários recursos, espaço físico, recursos naturais, matérias-primas diversas, fontes energéticas, e os recursos humanos, do intelecto e esforço físico de seus colaboradores. Se a empresa não tem uma postura ética e transparente, perante a todos os que estão envolvidos directamente e indirectamente, essa empresa não será bem vista.
De acordo com PASSOS (2004), empresas éticas seriam aquelas que subordinam suas actividades e estratégias a uma prévia reflexão Ética e agem de forma socialmente responsável. O autor sugere que se pense, fale e pratique a ética, pois, dessa forma haverá coerência no que se fala e no que se faz.
A medida que se configura a cultura corporativa, a responsabilidade de contribuir para o bem comum é de todos da empresa, não dependendo de acções individualizadas, o que cria um ambiente favorável para a educação e para as virtudes. A autora defende a ideia de que a cultura corporativa reforça e difunde acções virtuosas sem eliminar a liberdade de cada um.
As empresas buscam serem éticas independentemente de sua nacionalidade e ramo de actuação. A Ética pode ser um diferencial no mercado empresarial e profissional. Como em geral a imagem da organização esta ligada directamente a empresa e aos seus profissionais, a falta de ética pode comprometer consideravelmente o desempenho da mesma. Por isso é de grande importância a ética empresarial ser vista como algo muito importante para obter metas e objectivos, e garantir o sucesso perante todos.
2.2. Classificação da Ética Socratistica e Platonistica
2.2.1. Ética socrática - A Bondade
De acordo com MASSARUTTI (2003), Sócrates nasceu em Atenas e viveu ali toda sua vida. Racionalista convicto, defendia a ideia de que o verdadeiro conhecimento vem de dentro do ser humano e quem sabe o que é certo faz a coisa certa. Vivia pelas praças e mercados conversando com as pessoas, pois, achava que os campos e as árvores não lhe poderiam ensinar nada.
Sócrates não escreveu nada, o que se sabe sobre ele foi descrito por Platão, seu discípulo, que o acompanhava por todo lado. Achava que sua missão era ajudar as pessoas a descobrirem por si próprias as coisas, usando sua própria razão. Para ele a ética é a felicidade; o homem deve viver em sociedade; o homem bom, o sábio, é um bom cidadão.
Ele dizia que a única coisa que sabia era que não sabia de nada, esse é o verdadeiro sentimento de um filósofo. A razão para ele é algo eterno e imutável. Para ele o saber fundamental é o saber a respeito do homem: “conhece-te a ti mesmo” (VASQUEZ, 2002).
Considerou o problema ético individual como o problema filosófico central e a ética como sendo a disciplina em torno da qual deveriam girar todas as reflexões filosóficas. Para Sócrates ninguém pratica voluntariamente o mal. Somente o ignorante não é virtuoso, ou seja, só age mal, desconhece o bem, pois todo homem quando fica sabendo o que é bem, reconhece-o racionalmente como tal e necessariamente passa a praticá-lo.
Ele considerava que ao praticar o bem, o homem sente-se dono de si e, consequentemente, é feliz e que ninguém podia ser feliz indo contra suas próprias convicções. A virtude seria o conhecimento das causas e dos fins das acções fundadas em valores morais identificados pela inteligência e que impelem o homem a agir virtuosamente em direcção ao bem.
O pressuposto básico da Ética de Sócrates é que basta saber o significado de bondade para que se seja bom, o que nem sempre era vivido pelos gregos, mas, acreditavam nisso. Sócrates foi o primeiro a reflectir sobre a Ética e o “homem moral” e por isto é tido como “Pai da Ética”. O seu grande mérito foi enfrentar a hipocrisia da sociedade ateniense, foi o único que defendeu a identidade entre os interesses individuais e os comunitários como caminho para a felicidade, (MASSARUTTI, 2003).
Sócrates dialoga com os sofistas sobre o enfrentamento aos gregos na discussão do relativismo moral do entendimento dos mesmos sobre Ética. Ele acreditava que esse relativismo devia-se, na verdade, ao facto de que os homens desconheciam o verdadeiro significado de bondade.
Contrapunha-se aos sofistas e aos tradicionalistas, aos primeiros por negarem uma realidade objectiva e universal aos valores éticos, aos segundos por não serem capazes de compreender a essência desses valores. Para Sócrates o problema Ético é, sobretudo, uma questão de definição de termos.
Apresentou uma proposta de um método para se chegar a uma resposta, que era o de não apresentar respostas prontas às questões éticas que eram apresentadas, fazia com que o povo buscasse as respostas, que ao fim teriam respostas definitivas, buscando provocar mudança do próprio homem. Razão pela qual costumava conversar com todo tipo de pessoas, tentando convencê-las a reflectir. Com isso buscava não apresentar respostas que pudessem ser tomadas como verdades, que se cristalizassem com o tempo e se transformassem, também, em verdade, (Idem).
Tal comportamento não será compreendido e entendido por seus discípulos, Platão e Aristóteles, que se opõem a ele. Foi acusado de corromper a juventude, em 399 A.C., e de não reconhecer a existência dos deuses. Razões pelas quais foi condenado à morte, sendo obrigado a beber um cálice de cicuta, por parecer perigoso ensinar as pessoas a se questionarem.
Na sua Teoria, Sócrates sustentava que a sabedoria preeminente que o oráculo de Delfos lhe atribuiu consistia numaconsciência única da ignorância.
Ainda assim, as posições de Sócrates mais importantes na história do pensamento ético são fáceis de harmonizar com sua convicção de ignorância e tornam ainda mais fácil compreender sua infatigável inquirição da opinião comum. Enquanto mostrava claramente a dificuldade de adquirir conhecimento, Sócrates estava convencido de que somente o conhecimento poderia ser a fonte de um sistema coerente da virtude, assim como o erro estava na origem do mal, (VASQUEZ, 2002). 
Assim, de acordo com Sócrates, pela primeira vez na história do pensamento, propõe uma lei científica positiva de conduta: a virtude é conhecimento. Esse princípio envolvia o paradoxo de que a pessoa que sabe o que é o bem não pratica o mal. Mas esse é um paradoxo derivado de seus truísmos irretorquíveis. Toda a pessoa deseja o seu próprio bem e obtê-lo-ia se pudesse” e “Ninguém negaria que a justiça e a virtude em geral são bens; e entre todos, os melhores”. Todas as virtudes, portanto, estão sintetizadas no conhecimento do bem. Mas esse bem, para Sócrates, não é um dever que se opõe ao interesse próprio.
As características historicamente importantes de sua filosofia moral, tomando-se conjuntamente seus ensinamentos e o seu carácter pessoal, podem ser sintetizados da seguinte maneira, (MASSARUTTI, 2003): 
1. Uma busca apaixonada por um conhecimento que não está disponível em lugar algum, mas que, se encontrado, aperfeiçoará a conduta humana; 
2. Simultaneamente, uma exigência de que os homens deveriam agir na medida do possível conforme uma teoria coerente; 
3. Uma adesão provisória à concepção recebida sobre o que é bom, com toda a sua complexidade e incoerência, e uma prontidão permanente em sustentar a harmonia de seus diversos elementos, e em demonstrar a superioridade da virtude mediante um apelo ao padrão do interesse próprio; 
4. Firmeza pessoal em adoptar essas convicções práticas. É só quando se tem em vista todos esses pontos que se pode compreender como, das conversações socráticas, brotaram as diferentes correntes do pensamento ético grego.
2.2.2. Ética Platónica - A sabedoria
Segundo CARAPETO & FONSECA (2012), Platão foi discípulo de Sócrates e tinha vinte e nove anos quando seu mestre morreu. Publicou um discurso em defesa de Sócrates e muitos outros diálogos filosóficos. Fundou sua própria escola filosófica nos arredores de Atenas, em um bosque denominado Academos, nome de um herói grego, razões pelas quais sua escola recebeu o nome de Academia, onde o ensino se fazia através de diálogos, o que se acreditava fosse a melhor maneira de aprender e de ensinar.
O seu interesse estava naquilo que é eterno e imutável e naquilo que flui. Sua opinião era a de que nunca poderíamos ter certeza das coisas do mundo dos sentidos, pois só se tem certeza das coisas que reconhecemos com a razão. O homem seria um ser dual, isto é, temos um corpo que flui, ligado ao mundo dos sentidos, o qual está ligado às outras coisas do mundo, portanto, não inteiramente confiáveis. E temos uma alma que é imortal, onde mora a razão, e por não ser material, ela teria acesso ao mundo das ideias.
Ele achava que a alma já existia antes de estar num corpo encarnado e quando tomada por um corpo ela perdia o acesso ao mundo das ideias, recuperando aos poucos as lembranças das coisas conhecidas e vividas, entrando em contacto com as formas da natureza, (MASSARUTTI, 2003).
Ao examinar a ideia do Bem à luz da sua teoria das ideias, Platão subordinou sua ética à metafísica. Sua metafísica era a do dualismo entre o mundo sensível e o mundo das ideias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, que constituíam a verdadeira realidade e tendo como cume a ideia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo.
Para Platão, a alma - princípio que anima ou move o homem - se divide em três partes, as virtudes de cada parte da alma: razão que deve aspirar a sabedoria; a vontade (ou ânimo) que deve que deve aspirar a coragem; e o apetite (ou desejos) que devem ser controlados para atingir a temperança. As virtudes são função desta alma, as quais são determinadas pela natureza da alma e pela divisão de suas partes. Na verdade ele propunha uma ética das virtudes, que seriam função da alma.
VASQUEZ (2002), diz que Pela razão, faculdade superior e característica do homem, a alma se elevaria mediante à contemplação ao mundo das ideias. Seu fim último seria purificar-se ou libertar-se da matéria para contemplar o que realmente é, acima de tudo, a ideia do Bem. A seu ver, para alcançar a purificação seria necessário o ser humano praticar essas virtudes que cada parte da alma possui.
Para ele cada uma dessas partes da alma, com suas respectivas virtudes, estaria relacionada com uma parte do corpo. A razão se manifesta na cabeça, a vontade no peito e o desejo no baixo-ventre. Somente quando as três partes do homem puderem agir como um todo é que temos o indivíduo harmónico. A harmonia entre essas virtudes constituía uma quarta virtude: a justiça.
Platão de certa forma criou uma "pedagogia" para o desenvolvimento das virtudes. Na escola as crianças, primeiramente, têm que aprender a controlar seus desejos desenvolvendo a temperança, depois incrementar a coragem para, por fim, atingir a sabedoria.
A ética de Platão está relacionada, intimamente, com sua filosofia política, porque para ele, a polis (cidade estado) é o terreno próprio para a vida moral. Assim, ele buscou um estado ideal, um estado-modelo, utópico, que era constituído exactamente como o ser humano. Assim, como o corpo possui cabeça, peito e baixo-ventre, também, o estado deveria possuir, respectivamente, governantes, sentinelas e trabalhadores, comparando as partes do corpo com funções hierárquicas. O bom estado é sempre dirigido pela razão, conforme se menciona a seguir, (CARAPETO & FONSECA, 2012):
· CORPO, ALMA, VIRTUDE, ESTADO, Cabeça, Razão, Sabedoria, Governantes, Peito, Vontade, Coragem, Sentinelas, Baixo-ventre, Desejo, Temperança, Trabalhadores.
Pode-se então dizer que a cabeça é a que pensa, o órgão que dirige, que conduz; peito e baixo-ventre estão no meio desse processo decisório; e, quanto ao estado esta hierarquia é mantida num processo de um todo conforme o corpo humano.
É curioso notar que, no Estado de Platão, os trabalhadores ocupam o lugar mais baixo em sua hierarquia. Talvez isto tenha ligação com a visão depreciativa que os gregos antigos tinham sobre as actividades dos mesmos.
A ética platónica exerceu grande influência no pensamento religioso e moral do ocidente. O que podemos observar, a priori, é que essa divisão por “castas” (grifo nosso) e essa visão ainda permanece, apenas que com outras denominações, apenas com outras atribuições e funções, ainda hoje, na sociedade denominada moderna, (Idem).
Entretanto, a ética de Platão não pode ser tratada adequadamente como um produto acabado; mas sim como um movimento contínuo, a partir da posição de Sócrates, em direcção ao sistema mais completo e articulado de Aristóteles, excepto por sugestões de teor ascético e místico em algumas partes dos ensinamentos de Platão que não encontram correspondência em Aristóteles, e que, de fato, desaparecem da filosofia grega logo após a morte de Platão, para bem mais tarde ressurgirem e serem entusiasticamente desenvolvidas pelo neopitagorismo e pelo neoplatonismo. 
Para MASSARUTTI (2003), o primeiro ponto em que se pode identificar uma concepção ética platónica distinta da de Sócrates está presente no Protágoras. Nesse diálogo, Platão envida esforços genuínos, embora nitidamente tenteadores, em definir o objecto daquele conhecimento que ele e seu mestre consideravam ser a essência de toda a virtude.
Esse conhecimento seria na verdade uma mensuração de prazeres e dores por meio da qual o sábio evita erroneamente subestimar as sensações futuras em comparação com o que se costuma chamar de ceder ao medo e ao desejo.
Os traços característicos dessa bondade prática no pensamento maduro de Platão reflectem as noções fundamentais de sua concepção de universo. A alma do homem, em seu estadobom e normal, deve estar organizada e harmonizada conforme a orientação da razão.
2.3. Diferentes Correntes da Ética
2.3.1. Os clássicos
De acordo com CARAPETO & FONSECA (2012), a ética como ciência nasceu com o advento das cidades gregas, no "Século de Péricles" (século V a.C.), primeiro com os sofistas, depois com Platão e Aristóteles, autor das três obras básicas da ética no Ocidente: Ética a Nicómaco, A grande moral e a Ética a Eudemio.
Esta época destaca-se o "idealismo platónico". Para Platão (427-347 a.C.), agir eticamente é agir com rectidão de consciência. A inteligência, quando bem utilizada, conduz ao Bem, ao Belo, ao Justo. Ao comportar-se de forma ética, o homem aproxima-se do verdadeiro mundo, o mundo das Ideias, do qual o mundo em que vivemos é uma mera cópia. O verdadeiro sábio procura actuar em busca do ideal e corrigir-se quando se engana. Através da sua inteligência e virtude, o homem regressa ao mundo das ideias. 
Também de particular importância se revestiu o "realismo aristotélico". Aristóteles (384-322 a.C.) defendia que a ética é a ciência prática do bem. E Bem é aquilo que todos desejam. Não existe um único bem, este é relativo, é um modo de existência determinado pela natureza das diferentes criaturas - por isso, ao agir, cada um deve tratar de forma igual o que é igual e de forma desigual o que é desigual. Cada um procura alcançar o bem ao actuar, pelo que do bem depende a auto-realização do homem, a sua felicidade, (CARAPETO & FONSECA, 2012). 
O bem próprio do homem é a inteligência: o homem é um animal racional. Por isso, o homem deve viver segundo a razão, de forma a alcançar as virtudes, nomeadamente a sabedoria. E Aristóteles define a virtude, por oposição à mediocridade, como um hábito que torna bom quem o pratica. As virtudes são ideais que o homem procura alcançar e que proporcionam o completo desenvolvimento da humanidade, como, por exemplo, honestidade, coragem, generosidade, justiça e prudência. Esses ideais são descobertos através da reflexão.
De destacar igualmente a escola estóica (que sobrevive até hoje), fundada por Zenão de Cício (por volta de 300 a.C.) e que dominou parte significativa da cultura greco-romana. Afirma o primado do problema moral sobre os problemas teóricos. Os estóicos defendiam que a ética decorre de uma lei natural universal. Para os estóicos, a vida feliz é a vida virtuosa, conforme com a Natureza, conforme a razão. Defende que o fundamental é viver com rectidão, lutando contra as paixões. Aspectos fundamentais da doutrina estóica são também a compreensão, o cosmopolitismo (o homem como cidadão do mundo) e a igualdade de todos os homens.
Inimiga da escola estóica, o epicurismo (fundado por Epicuro de Samos, 341 -270) perdura ainda hoje, sob a designação de hedonismo ou utilitarismo. Basicamente, defende que o homem deve fazer o que gosta mais, o que lhe dá prazer, do corpo e da alma. Esta busca do prazer deve ser regida pela prudência: o homem deve diminuir os desejos, para ser auto-suficiente, despreocupado e tranquilo: "não ter dor no corpo nem perturbação na alma". Todavia, as interpretações simplistas desta doutrina levaram quase sempre à conclusão de que, em termos éticos, é lícito tudo o que produz prazer, desde que se faça com domínio de si mesmo, sem perturbação. Por outro lado, contrariamente ao estoicismo, o epicurismo defende uma vida associal, sem participação do filósofo na vida da cidade, (VASQUEZ, 2002).
Contudo, as doutrinas clássicas foram fonte de inspiração para muitos filósofos modernos e contemporâneos.
2.3.2. Contratualismo (abordagem do bem comum)
CARAPETO & FONSECA (2012), afirma que para contratualistas, a ética é um conjunto de regras e princípios em que temos de acordar para que a sociedade funcione. Neste sentido, torna-se difícil distinguir entre normas éticas e normas sociais e os principais filósofos desta corrente foram filósofos políticos. 
Os conceitos comuns a estes autores são o "estado de natureza" e o "contrato social", embora os utilizem em sentidos muito diferentes. Mas a premissa básica é, a partir do "estado de natureza", descobrir argumentos racionais para um "contrato social" que rege as relações entre indivíduos em sociedade. Os filósofos diferem na forma do consentimento dado ao contrato mas concordam que, uma vez celebrado, o contrato social constitui a base da lei e da ética e da nossa obrigação social de reconhecer e respeitar as necessidades dos outros indivíduos. Na realidade, são teorias mais políticas do que éticas, (idem).
A abordagem do bem comum defende uma ética em que o bem individual está ligado ao bem comum, da comunidade. Por isso, os membros da comunidade estão ligados por objectivos e valores comuns. A noção de bem comum remonta a Platão, Aristóteles e Cícero e foi, mais recentemente, definido por John Rawls como as condições que existem em benefício de todos.
Na sua obra Uma teoria da justiça, John Rawls formula um conjunto de princípios que ocupam um lugar de destaque na ética económica e social contemporânea. A preocupação central é assegurar a cada cidadão, na medida do possível, aquilo que lhe é necessário para que possa realizar a sua concepção de uma vida boa. Os meios necessários para essa realização são designados por Rawls "bens primários", de dois tipos: naturais (saúde, aptidões, etc.) e sociais. Estes últimos integram as liberdades fundamentais (direito de voto e de elegibilidade, liberdade de expressão e de pensamento, direito de propriedade, protecção contra a prisão arbitrária), as oportunidades de acesso às posições sociais e as vantagens socioeconómicas ligadas a essas posições (rendimento e riqueza, poderes, bases sociais do respeito por si, lazer), (MASSARUTTI, 2003). 
Uma sociedade justa, que respeite as concepções de uma vida boa e ofereça a possibilidade de a realizar, é uma sociedade em que as instituições repartem os bens primários sociais de maneira equitativa entre os seus membros, tendo em conta, nomeadamente, o facto de estes diferirem uns dos outros em termos de bens primários naturais.
Nesta abordagem, procura-se que as políticas sociais, os sistemas sociais, as instituições e o ambiente sejam benéficos para todos. Exemplo de bens comuns a todos são o sistema de saúde, segurança pública, paz, um sistema legal justo e um ambiente saudável. Esta perspectiva procura que cada um de nós se reveja como membro de uma mesma comunidade e reflicta no tipo de sociedade que pretende ter e como pode alcançá-la.
2.3.3. Utilitarismo (abordagem consequencialista)
Para os Utilitaristas, o objectivo da ética é a maior felicidade para o maior número possível de pessoas. O padrão ético do utilitarismo é "estão certas as acções que produzam a maior quantidade possível de bem-estar". Estes dois autores podem ser considerados os inspiradores do utilitarismo social, político e ético, adoptado em larga escala a partir da Revolução Industrial. Para eles, o conceito de felicidade não é o conceito clássico (perfeição, sentido nobre da vida), mas o conceito hedonista (interesse imediato, prazer, bem-estar), (LIMA, 1999).
BORNHEIM (2002) cita Stuart Mill onde defende
que os prazeres intelectuais e morais são superiores aos prazeres sensoriais. Por isso, considera que o homem deve aspirar aos prazeres do espírito, os prazeres superiores. Por outro lado, o seu utilitarismo não é individualista: exalta a ideia de comunidade, do social, ao afirmar que a utilidade se refere à maior soma total e geral de felicidade e não apenas à máxima felicidade do agente. O princípio da felicidade geral ou da utilidade significa que a sociedade no seu conjunto pode alcançar a máxima quantidade de felicidade.
Este princípio "aritmético" obriga o filósofo a uma permanente contabilidade entre grupos de beneficiários e de prejudicados. Os conteúdos éticos variam com o tempo mas a ética é constituída pelos sentimentos morais da humanidade, o desejo de estarmos unidos com os nossos semelhantes.
O que dá ênfase aos sentimentos de solidariedade. Ao decidir o que fazer, devemos perguntar qual a acçãoque irá promover a maior felicidade para todos os que são afectados pelos nossos actos. E devemos fazer o que é melhor desse ponto de vista. 
O utilitarismo é uma das principais referências da ética económica e social contemporânea. Esta doutrina sustenta, ao fim e ao cabo, que não existe entidade suprema que tenha o poder de decretar o que é bom para a humanidade: só importa o prazer ou o sofrimento vivido pelo homem. Por isso, este deve procurar a maior felicidade, o maior bem-estar, a maior utilidade para o maior número, (LIMA, 1.999)
Esta é uma doutrina consequencialista, segundo a qual são as consequências previsíveis das acções que relevam de um ponto de vista ético e não as intenções, as virtudes ou os deveres com que se conformam. E é um consequencialíssimo individualista, pois o bem último que preside à avaliação das consequências reduz-se ao agregado dos bens individuais (o interesse colectivo é a soma dos interesses individuais, embora não se trate de egoísmo, pois o interesse colectivo deve prevalecer sobre o interesse individual). 
E um consequencialíssimo de bem-estar: o bem dos indivíduos reduz-se ao seu nível de bem-estar, que, nas interpretações mais modernas, pode nem se reduzir ao prazer e à dor, incluindo também a satisfação das preferências das pessoas.
Segundo BORNHEIM (2002) o Utilitarismo é uma das linhas de pensamento mais seguidas pelos utilitaristas defende que cada indivíduo pode utilizar as suas preferências como guia para a acção, embora cada pessoa deva também promover as condições que permitam aos outros prosseguir as suas próprias preferências. 
Nesta perspectiva, cada pessoa tem uma dupla obrigação: maximizar o seu próprio bem-estar, que cada um define, mas apenas desde que seja compatível com a promoção das condições que permitam aos outros maximizar o seu próprio bem-estar, tal como eles o definirem. 
Ainda para o autor acima, é necessário que pelo menos duas condições estejam presentes para que um indivíduo prossiga o seu bem-estar: 
· Em primeiro lugar, cada indivíduo deve dispor da máxima liberdade pessoal, para que possa prosseguir o bem-estar tal como ele o define; e, 
· Em segundo lugar, deve dispor das condições de existência básicas (físicas, como a saúde, e não físicas, como a educação) para concretizar o mesmo.
O utilitarismo não é isento de críticas. Por um lado, requer um amplo conhecimento dos fatos, o que nem sempre é possível, sobretudo em termos de análise das consequências a longo prazo de um dado projecto. Por outro lado, maximizar a utilidade à custa de alguns indivíduos conduz a injustiças para estes (por exemplo, extracção de um minério importante à custa da saúde dos mineiros). Por outro lado ainda, mesmo que se consiga calcular a utilidade de uma acção, não se consegue simplesmente somar e subtrair as diversas consequências positivas e negativas das várias acções alternativas. Outras teorias salvaguardam melhor a posição dos indivíduos, sobretudo de minorias.
Podemos, ainda, questionar se os fins justificam os meios, se uma acção é sempre justificável se tiver consequências boas, independentemente da intenção de quem a pratica ou do tipo de acção em causa. Efectivamente, para alguns filósofos, há coisas que não se deve fazer independentemente dos resultados da acção: não são só as consequências que interessam, mas também os objectivos, as intenções e as acções que, apesar de aparentemente necessárias, violam o nosso sentido de justiça (colocando-nos perante dilemas éticos).
Todavia, o utilitarismo segundo BORNHEIM (2002) é uma perspectiva essencial para a ética da engenharia, confrontada com inúmeras decisões que devem ser analisadas em termos de custo/benefício ou risco/benefício (análises que aplicam os princípios do utilitarismo). 
Efectivamente, a análise utilitarista de um problema ético é muito útil num processo de decisão, uma vez que se inicia com a identificação das consequências para quem é afectado pela decisão. Comporta basicamente quatro passos, (LIMA, 1999):
1. Identificar as várias acções possíveis;
2. Identificar os stakeholders, ou seja, todos aqueles que possam ser afectados (positiva ou negativamente) pela decisão ou nela ter interesse;
3. Determinar os efeitos positivos e negativos das várias decisões possíveis;
4. Decidir qual a acção que produz a maior utilidade global (moires benefícios com o menor dano possível) – “o maior bem para o maior número”.
2.3.4. Ética baseada em princípios absolutos ou universais (abordagem universalista)
Para LIMA (1999), a ética baseada em princípios absolutos ou universais tem a sua raiz na ética kantiana. Kant (1724-1804), à semelhança de David Hume (1711-1776), defende que a ética não tem fundamentos científicos nem metafísicos, mas é algo mais que os hábitos sociais. É uma ética humana, autónoma, resultante da lei moral intrínseca ao homem. É uma ética pura, não contaminada pelo empirismo nem por exigências exteriores. Assim, não é só a liberdade que importa, a racionalidade também é importante.
Para Kant, os princípios da ética são imperativos categóricos. São imperativos porque a lei moral manda, não aconselha. São categóricos porque são juízos absolutos e não hipotéticos e são incondicionados.
Ainda de acordo com, o imperativo categórico é baseado em três critérios: universalidade (as razões para agir devem ser razões que todos pudessem partilhar), transitividade (as razões para alguém agir devem ser razões que justificassem a mesma acção por parte de outra pessoa) e individualidade (deve tratar-se cada ser humano como uma pessoa cuja existência livre e racional deve ser promovida).
A ideia fundamental a reter é a concepção da ética como um sistema de regras que devemos seguir partindo de um sentido do dever, independentemente do nosso desejo. Um juízo ético tem de se apoiar em boas razões. E as razões têm de ser válidas para todas as pessoas em todos os momentos. 
Para Kant, existem alguns direitos e deveres morais que o homem deve obrigatoriamente cumprir, independentemente dos benefícios que obtenha. Por isso, esta corrente diz que as consequências das acções não são o principal aspecto a ter em conta na decisão sobre o que se deve fazer. Deve-se ter em conta, em primeiro lugar, a justiça e a equidade, (PASSOS, 2004).
Existem alguns argumentos contrários a esta tese que defende a existência de leis morais absolutas, segundo (SÁ, 1996):
1) Os ideais universais não são aplicáveis em todas as situações;
2) E há situações de conflitos de regras.
Por isso, surgiram escolas que defendem não há leis morais absolutas mas relativas, ou seja, em certas circunstâncias, algumas leis morais podem ser quebradas. O problema é determinar qual a lei moral apropriada. De certa forma, esta inflexão (que defende a existência de leis morais relativas) acaba por aproximar-se do utilitarismo.
A ética kantiana está de certa forma na origem de uma corrente que também ganhou muitos adeptos, a ética do respeito pelas pessoas. Esta teoria tem como padrão ético "estão certas as acções que respeitam de forma igual cada pessoa como agente moral". Agente moral é um indivíduo capaz de formular e prosseguir objectivos próprios de ser responsável pelas acções que se destinam a alcançar esses objectivos. O respeito pelo indivíduo está bem patente na máxima (presente nas maiores tradições religiosas) "faz aos outros aquilo que gostarias que te fizessem a ti". Esta máxima obriga o sujeito que atua a imaginar-se na posição daqueles que podem ser afectados pela sua decisão, (PASSOS, 2004).
Os direitos necessários a esta ética são direitos de liberdade e as condições físicas e não físicas necessárias para concretizar o bem-estar que cada um define. A ética do respeito pelas pessoas considera que estes direitos básicos não podem ser sacrificados apenas para proporcionar uma maior utilidade a outro indivíduo ou grupo: estes direitos só podem ser sacrificados para proteger os direitos de outro indivíduo ou grupo que sejam considerados mais básicos. Esta é a maior diferença entre o utilitarismo e a ética do respeito pelaspessoas.
Para operacionalizar este raciocínio, é necessário criar uma hierarquia de direitos: direitos básicos (vida, integridade física e saúde mental), seguidos pelos direitos que permitem manter um nível de concretização dos objectivos de vida já alcançados (direito a não ser enganado, a não ser roubado, a não ser difamado ou sofrer quebra de promessas) e só depois os direitos que permitem aumentar o nível de concretização dos objectivos individuais (direito de propriedade, respeito e não discriminação).
Entretanto, a aplicação desta ética passa por três fases, (SROUR, 2003):
· À semelhança da análise utilitarista, a primeira fase é determinar quais são os stakeholders;
· Na segunda fase, é avaliado o nível de lesão de direitos que cada acção possível pode causar;
· Por último é escolhida a acção que produza a menor lesão possível de direitos (que lese direitos menos básicos, que apenas limite e não impeça o exercício de direitos ou que apenas possa produzir lesões e não lesões concretas).
Mas esta teoria também apresenta dificuldades. Por um lado, pode não ser clara a prioridade dos direitos envolvidos: Um outro problema é a implausibilidade de alguns julgamentos morais que esta teoria pressupõe, na medida em que conflituam demasiado com a utilidade geral. 
3. Conclusão 
Conclui-se que as boas práticas nas organizações são primordiais, para o sucesso da mesma. A ética é vista como uma delas, uma empresa que zela pela sua imagem, possui valores éticos morais.
As empresas vêm buscando diferenciais para enfrentar à grande competitividade, que ocorrem no mundo dos negócios, e a postura ética é uma grande parceira para que as organizações tenham sucesso e vida longa.
Com a globalização e as constantes mudanças no mundo dos negócios, a ética é fundamental, para as organizações e seus parceiros. Quanto mais eficiente for este processo, menos tempo é perdido, menor é a distorção de fatos com consequente diminuição de erros e menor o número de conflitos. Esse processo ético faz com que valores como, honestidade, lealdade e competência, sejam zelados nas empresas e na sociedade em que ela se encontra.
Vive-se, actualmente, situações de mudanças em decorrência do repensar a realidade das organizações e dos seres humanos em relação às mesmas, quanto aos direitos e deveres como indivíduos e como participantes do mundo dos negócios no que diz respeito ao comportamento ético por parte de todos os membros que convivem nessas instituições. Foi este fato que chamou a nossa atenção para a discussão sobre a ética, que aqui se pretende desenvolver, como já se disse, a partir de material bibliográfico e de experiências vividas e conhecidas.
A literatura permitiu igualmente entender que os profissionais, no desempenho das funções que lhes são próprias, participando de acções que envolvem outros entes da relação humana têm que respeitar determinadas regras para que o resultado de seu trabalho seja frutífero e satisfaça aos anseios, tanto próprios, como daqueles que o procuram em busca de soluções para suas questões. São nestas relações que brotam os conceitos de moral e ética profissional.
A perfeita interacção do profissional com seu patrão e os demais “stakeholders”, com sua classe profissional e com a sociedade como um todo, depende em muito de como ele se conduz diante dessas entidades. O sucesso de seu trabalho, a prosperidade pessoal e daqueles que de seu conhecimento se valem, é um reflexo do comportamento ético com que executa seu labor.
Bibliografia 
BORNHEIM, Gerd. Ética, ciência e técnica: interfaces e rumos. São Paulo: Editora SENAC. 2002.
CARAPETO, Carlos & FONSECA, Fátima. Ética e Deontologia, Manual de Formação, Lisboa, 2012.
CENCI, Ângelo Vitório. O que é ética. 2. ed. Passo Fundo: Batistel, 2001.
LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade, Fundamentos de metodologia científica, 5. ed. São Paulo: Atlas 2003.
LIMA, Alex de Oliveira Rodrigues de. Ética global: legislação profissional no terceiro milénio. São Paulo: Iglu, 1999.
MASSARUTTI, Neusa Maria Orthmeyer. Ética Empresarial: Valores e Normas qQue Delineiam a Identidade Organizacional, Londrina, 2003.
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Ética e práxis histórica. São Paulo: Ática, 1995.
PASSOS, E- Ética nas Organizações. São Paulo, Editora Atlas, 2004.
ROSINI, A.M. Administração de Sistemas de Informação e a Gestão do Conhecimento. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
SÁ, António Loopes de. Ética Profissional. São Paulo: Atlas, 1996.
SROUR, R. Ética Empresarial – A gestão da Reputação. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
VÁSQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética 22 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

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