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Abordagem Histórico-cultural (Vigotski) Vigotski (1896-1934) Vigotski (1987, 1988, 1989, 1993, 1995, 1996) a gênese do psiquismo humano em seu contexto histórico-cultural, tomando como base o marxismo dialético e concebendo a sociedade, o indivíduo e a cultura como sistemas complexos e dinâmicos que se desenvolvem a partir de um processo de contínuo desenvolvimento e transformação. Pressupostos teóricos: Homem – Ativo, que age sobre o mundo, sempre nas relações sociais. Desenvolvimento – Contínua interação entre as mutáveis condições sociais e a base biológica do comportamento humano. Meio Ambiente – Instrumentos Físicos e simbólicos desenvolvidos em gerações precedentes. Três aspectos para o desenvolvimento Infantil: Instrumental – Refere-se à natureza basicamente mediadora das funções psicológicas complexas. Cultural – Meios socialmente estruturados pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefa e os tipos de instrumentos que a criança em crescimento enfrenta – ênfase para a linguagem. Histórico – Fundem-se com o cultural, pois os instrumentos que o homem usa forma criados e modificados ao longo da história. • Dedicou-se a estudar: - as funções psicológicas superiores, considerando que estas se originam das relações reais entre indivíduos em ambientes culturalmente organizados. • Vigotski (2000, p.33) concebe a pessoa como “um agregado de relações sociais encarnadas num indivíduo”. - A existência do sujeito ocorre devido a sua constituição em contextos sociais resultantes da ação concreta do homem que vive coletivamente. - O indivíduo, portanto, apreende o significado das atividades humanas, de sua cultura pela experiência vivenciada com os outros, pelos objetos que substanciam as atividades anteriores e pela sua própria história de ação nesses objetos e com os outros. Importância das interações na constituição do sujeito interações sociais cultura (concepções, ideias e crenças internalizadas e a ação partilhada com outros) Vigotski (1989) afirma que “nos tornamos nós mesmos através dos outros” (p. 56) e que “eu sou uma relação social de mim comigo mesmo” (p. 57). Através do processo de interação com o seu meio social que as características do funcionamento psicológico, bem como o comportamento de cada ser humano, são construídas e a cultura é apropriada. A internalização envolve a reconstrução da atividade psicológica tendo como base as operações com signos. Os signos externos transformam-se em signos internos, criando novas formas de processos psicológicos enraizados na cultura. A concepção sobre a transformação das funções interpsicológicas em funções intrapsicológicas, base de uma nova proposta teórica de relações entre as interações sociais e as construções cognitivas. O processo de internalização, que corresponde à própria formação da consciência, é também um processo de constituição da subjetividade a partir das situações de intersubjetividade. A passagem do nível interpsicológico para o nível intrapsicológico envolve, assim, relações interpessoais densas, mediadas simbolicamente. As funções mentais superiores são relações sociais internalizadas ancora-se no fato do funcionamento mental ocorrer à medida que os sujeitos são afetados por signos e sentidos produzidos nas relações com os outros. As funções mentais superiores incluem dois componentes: 1) o fato de que estas contam com a mediação do comportamento por signos e sistemas de signos, dos quais o mais importante é a linguagem e; 2) a explicação do desenvolvimento histórico e ontogenético das formas mediadas ou instrumentais de comportamento, voltados para a função primária da própria linguagem como um meio de interação social e comunicação. Relação do homem com o mundo instrumentos e sistemas de signos construídos historicamente para operar a mediação dos seres humanos entre si e destes com o mundo Para Vigotski (1996), o aprender também é caracterizado como momentos de crise que representa uma necessidade interna de mudança onde a criança abandona ou se esvazia de características da etapa anterior para que ocorra a reorganização da sua personalidade e, conseqüentemente, da sua aprendizagem. Esses momentos de crise apresentam períodos de estabilidade (mudanças lentas e quase imperceptíveis) ou períodos críticos (mudanças bruscas e marcantes). A criança acaba perdendo o que já tinha adquirido antes de alcançar algo novo. Segundo Facci (2004, p.74), a criança “perde os interesses que ultimamente ocupavam a maior parte de seu tempo e atenção, e agora é como se houvesse um esvaziamento das formas de suas relações externas, assim como de sua vida anterior”. Períodos de crise: crise pós-natal (2 meses a 1 ano); crise do primeiro ano (1 a 3 anos); crise dos três anos (3 a 7 anos); crise dos sete anos (8 a 12 anos); crise dos treze anos (14 a 18 anos) crise dos dezessete anos A criança nesse período de crise da personalidade necessita negar o que aprendeu nas etapas anteriores para que, assim, ocorra uma reorganização (neoformação) da sua personalidade, ocorrendo uma extinção e retirada, decomposição e desintegração do que existia na formação anterior, caracterizando a criança na etapa em que ela se encontra. Em cada crise existem algumas características que os compõem: - dificuldade na determinação do início e fim das crises, - distinção dos períodos nas crianças e; - o negativismo, apresentado por uma atitude negativista da criança com relação às exigências antes cumpridas. A neoformação direciona o processo de desenvolvimento que caracteriza a reorganização da personalidade da criança sobre o que ele denominou de base nova. transformações internas e as mudanças na forma de agir com relação às outras pessoas que favorecem a reestruturação social do desenvolvimento. Respostas das crianças no início: Processos naturais (herança biológica) – mediação dos adultos tornam-se mais complexos, inicialmente esses processos são interpsíquicos (partilhados entre pessoas) e depois intrapsíquicos (dentro da criança). Transformação do Biológico no Sócio-histórico Fase pré-verbal (pré-linguística) do Desenvolvimento do pensamento: *Utilização de instrumentos como mediadores entre o homem (e animais) e o ambiente para resolver determinados problemas. *Inteligência Prática Fase pré-intelectual da Linguagem: Meio de expressão emocional e de comunicação com os outros, mas não indica significados específicos. Ela ainda não tem função de signo. Pensamento Verbal e Linguagem Racional Relação fala externa e pensamento modifica-se ao longo do desenvolvimento. Até +/- três anos – fala acompanha ação, o comportamento Fala precede o comportamento – planeja a ação, autodireção Após seis anos – fala interna (sussurros), aspecto integral do pensamento. Fala egocêntrica – transição entre fala externa e interna As funções psicológicas emergem e as consolidam no plano da ação entre as pessoas e tornam-se internalizadas; O plano interno é constituído pelo processo de internalização, fundado nas ações, nas interações sociais e na linguagem. Fase pré-linguística do Pensamento Utilização de instrumentos Inteligência prática Pensamento Verbal e Linguagem Racional Transformação do biológico no sócio-histórico Fase pré-intelectual da Linguagem Alívio emocional Função social √ √ A associação entre pensamento e linguagem é atribuída à necessidade de intercâmbio dos indivíduos durante o trabalho. √ O surgimento do pensamento verbal e da linguagem (interligados) como sistema de signos é um momento crucial no desenvolvimento da espécie humana – transformação do biológico – sócio-histórico. √ A aquisição de um sistema linguística (linguagem) reorganiza para Vigotski todos os processos mentais infantis, sistematiza a experiência diretada criança.
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