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Ana Laura Octávio - TXXII SENTIDOS QUÍMICOS – VISÃO NOÇÕES ESTRUTURAIS BÁSICAS DOS OLHOS I) ESTRUTURAS EXTERNAS - PUPILA: abertura que permite a entrada de luz para o interior do globo ocular. - ÍRIS: localizada em volta da pupila, sua pigmentação caracteriza a cor dos olhos. Possui dois músculos lisos de ação antagônica (contração ou relaxamento). - CÓRNEA: está anteriormente a pupila e a íris, é uma superfície curva e transparente de tecido conjuntivo. Funciona como uma lente fixa de grande capacidade de refração que filtra os raios UV. É a primeira estrutura a ser atravessada pela luz. É lavada pela secreção lacrimal. - PÁLPEBRA: dobras finas de pele e músculo que cobrem e protegem os olhos. - ESCLERA: tecido conjuntivo rígido e esbranquiçado que continua a córnea. Dá forma esférica aos olhos. - MÚSCULOS EXTRÍNSECOS DO OLHO: associados a esclera, são seis pares m. estriados esqueléticos que garantem o movimento do globo ocular. II) ESTRUTURAS INTERNAS - Internamente, o olho tem sua parede composta por 3 camadas concêntricas: ▪ ESCLERA – camada mais externa, derivada da dura-máter, (``branco do olho´´). ▪ CORÓIDE – camada intermediária, derivada da pia-máter e aracnoide. É intensamente vascularizada e recoberta por um epitélio pigmentado que absorve o excesso de luz, evitando reflexões indesejáveis. ▪ RETINA – camada mais interna, é composta por fotorreceptores e células nervosas. Local onde a imagem é projetada (fotorreceptores detectam os estímulos luminosos). - FÓVEA: região central da retina, onde ocorre a focalização da luz (convergência de luz → formação da imagem). - DISCO ÓPTICO: local pelo qual o nervo óptico (II) emerge da retina, é desprovido de fotorreceptores (``ponto cego´´ do olho). - MÚSCULO CILIAR: constituído por fibras musculares lisas (radiais e circulares) que se prendem próximo as junções da córnea com a esclera. - CRISTALINO: estrutura transparente e elástica que junto com a córnea funciona como uma lente móvel (pode ter sua curvatura alterada, ajustada pelo m. ciliar). Ana Laura Octávio - TXXII CÓRNEA – LENTE FIXA - A córnea é um tecido único e o elemento de foco mais poderoso do olho, conhecido como janela para os olhos. - É extremamente lembrar que a córnea funciona como uma lente FIXA. - Suas principais características são resistência mecânica e transparência. - Em relação à transparência da córnea, as características específicas da córnea incluem seu privilégio imunológico e angiogênico, além de sua zona de limbo: ▪ Angiogênese na córnea – substâncias químicas evitam a angiogênese na córnea para ela não apresentar vasos sanguíneos, mantendo assim sua transparência. OBS.: Processos inflamatórios estimulam a angiogênese, a fim de formar vasos para transportar anticorpos até o local afetado (somente as lagrimas não são suficientes para conter a inflamação). CRISTALINO – LENTE MÓVEL ACOMODAÇÃO VISUAL - O cristalino é capaz/responsável por convergir os raios luminosos para um único ponto: a fóvea. - Ele funciona como uma segunda lente. Porém, diferente da córnea, ele pode sofrer alterações em sua curvatura, graças a ação do m. ciliar, para ser capaz de acomodar a visão (focar). - A alteração de curvatura é controlada por fibras pós-ganglionares parassimpáticas do nervo oculomotor (III). Ela torna a lente mais ou menos convergente: ▪ MÚSCULO CILIAR CONTRAIDO – ligamentos relaxados → aumento da curvatura do cristalino – maior convergência dos raios luminosos (visualização de objetos pertos). ▪ MÚSCULO CILIAR RELAXADO – ligamentos contraídos → diminuição da curvatura do cristalino – menor convergência dos raios luminosos (visualização de objetos longes). Ana Laura Octávio - TXXII - Presbiopia: perda da elasticidade do cristalino, em função do avançar da idade, que compromete a visão de perto (cristalino não consegue mais ser acomodado). - Catarata: patologia relacionada com a opacidade do cristalino. Proteínas são depositadas nessa estrutura e isso dificulta a passagem de luz. Diabetes mellitus pode desencadear essa condição. DISTÂNCIA FOCAL - Distância entre o cristalino e a fóvea (região para os raios luminosos convergem na retina). - Pode sofrer alterações. Quando isso ocorre, tem-se as deficiências visuais: p.ex. miopia, hipermetropia, astigmatismo. CÂMARAS DO OLHO - O olho é dividido pelo cristalino em duas câmaras: ▪ CÂMARA ANTERIOR – entre a córnea e o cristalino, é preenchida pelo humor aquoso (fluido). - Esse fluido é responsável por nutrir a córnea, uma vez que ela não apresenta vasos sanguíneos. ▪ CÂMARA POSTERIOR – entre o cristalino e a retina, é preenchida pelo humor vítreo. - Esse fluido é responsável por manter o globo ocular esférico. RETINA - É na retina que estão presentes os fotorreceptores: receptores responsáveis por transformar fótons em mudanças do potencial de membrana (potencial receptor). - A retina recebe os raios luminosos e forma, a partir disso, uma imagem nítida. Ana Laura Octávio - TXXII - O ponto mais importante da retina é a fóvea, depressão na qual os raios luminosos convergem para formação da imagem. Assim, quanto mais raios de luz incidirem na fóvea, melhor será a qualidade da visão. FOTORRECEPTORES - As células sensoriais fotossensíveis responsáveis pela transdução fotoelétrica são os cones e bastonetes. OBS.: Os fotorreceptores não são neurônios. - Os cones e bastonetes apresentam em comum três segmentos: • TERMINAL SINÁPTICO – liberação de neurotransmissores para as células nervosas da retina (células bipolares). • SEGMENTO INTERNO – local onde as organelas celulares estão localizadas. • SEGMENTO EXTERNO – local onde as reações fotoquímicas ocorrem e onde a rodopsina está presente. o Dos bastonetes – longo, possui, em seu interior, uma pilha discos membranosos (ou lamelas) flutuantes de dupla membrana com grandes quantidades de rodopsina. o Dos cones – são segmentos mais curtos e cuneiformes, compostos por dobras da membrana superficial com pouca quantidade de rodopsina. FÓVEA Ana Laura Octávio - TXXII I) BASTONETES - São sensíveis a um amplo espectro de luz e possuem apenas uma molécula fotossensível → rodopsina (presente no segmento externo). - Identificam a intensidade da luz. São capazes de gerar potencias em baixas quantidades de luz – p.ex. somente um fóton - (visão escotópica), em razão de seus baixos limiares. - O comprimento de onda que detectam é purpura (tons de cinza). ▪ RODOPSINA – proteína complexa, formada por retinol (aldeído de vitamina A) e opsina (proteína pertencente a superfamília dos receptores acoplados a proteína G). - Presente nas membranas dos segmentos externos dos cones e bastonetes, principalmente. II) CONES - Os cones geram potenciais receptores nos comprimentos de onda azul, verde e vermelho. Ou seja, os cones são sensíveis a esses determinados comprimentos. - Eles estão relacionados com a qualidade da visão e a visão em cores e tridimensional. - Estão relacionados com a visão fotótica: visão diurna, que necessita de muita iluminação para gerar potenciais receptores (necessidade de centenas de fótons). OBS.: A fóvea apresenta exclusivamente cones. Á medida que se afasta da fóvea, a densidade de cones diminui drasticamente e o de bastonetes aumenta. ÍRIS E O MÚSCULO RADIAL - Como já dito anteriormente, a íris está localizada em volta da pupila e sua pigmentação caracteriza a cor dos olhos. - A íris é responsável por regular a entrada de luz pela pupila, através de seu diâmetro, o qual pode variar aças a ação antagônica de dois músculos lisos: ✓ Músculo circular da íris – ↓diâmetro da pupila em situações de altaluminosidade. ↑Luz - ação simpática - miose (constrição da pupila). ✓ Músculo radial da íris - ↑diâmetro da pupila em situações de baixa luminosidade. ↓ Luz - ação parassimpática - midríase (dilatação da pupila). OBS.: Ambos os eventos musculares são contração. Diferem no resultado, pois trata-se de diferentes músculos. Ana Laura Octávio - TXXII I) MECANISMO DO REFLEXO DE ACOMODAÇÃO DO CRISTALINO E DE MIOSE CONSTITUIÇÃO DA VIA AFERENTE (SENSITIVA) → Parte das fibras do trato óptico - que se originam dos receptores da retina - conectam-se ao núcleo pré-tectal do mesencéfalo superior (tronco encefálico), após passar pelo núcleo geniculado lateral (NGL), na região conhecido como colículo superior. A partir do núcleo pré-tectal, os axônios se conectam bilateralmente aos neurônios do Núcleo de Edinger-Westphal (NEW), constituindo, assim, a via aferente. CONSTITUIÇÃO DA VIA EFERENTE (MOTORA) → As fibras motoras viscerais originados do NEW (via eferente parassimpático) formam os componentes motores autônomo parassimpático do nervo oculomotor (III). - Quando os núcleos são excitados, há a ativação da resposta parassimpática, via colinérgica-colinérgica (comunicação através do NT acetilcolina). - Após isso, já no órgão efetor, o neurônio pós-ganglionar da via faz sinapse com as musculaturas lisas (musculo ciliar, para alteração do cristalino e músculo circular da íris, para a miose) contraindo-as. II) MECANISMO DO REFLEXO DE MIDRÍASE - As vias aferentes partem do olho até o SNC (medula torácica). - Após o processamento da resposta, os neurônios pré-ganglionares partem rumo ao gânglio paravertebral do SNA simpático, onde realizam sinapses com neurônios pós- ganglionares. - Esses neurônios pós-ganglionares dirigem-se a musculatura efetora (musculo radial), e estimulam a contração do músculo, o que resulta em midríase. Ana Laura Octávio - TXXII MECANISMO DE TRANSDUÇÃO DA VISÃO ESTRUTURA DAS VIAS VISUAIS - Os receptores dessa via são os cones e bastonetes e estão presentes na retina (epitélio sensorial). - Além dos fotorreceptores, a retina conta com outros tipos de células, as quais também estão envolvidas na transdução de sinal dessa via. São elas: • Interneurônios – células bipolares, células horizontais e células amácrina. • Células ganglionares. - Por apresentar esses diferentes tipos celulares, a retina é organizada em camadas, e essa organização, direciona o sentido da via: 1. Epitélio pigmentar - a retina começa dentro da coroide, com uma camada de epitélio pigmentado, cujas células contêm melanina e realizam absorção de luminosidade, impedindo a dispersão da luz. 2. Camada Fotorreceptora - local onde os fotorreceptores estabelecem seus terminais sinápticos. 3. Camada Nuclear Externa - contém os corpos celulares dos fotorreceptores. 4. Camada Plexiforme Externa - local onde os fotorreceptores estabelecem contato sináptico com as células bipolares. 5. Camada Nuclear Interna - camada que contêm corpos celulares de células bipolares. 6. Camada Plexiforme Interna – local de contato sináptico entre as células bipolares e as células ganglionares. 7. Camada de Células Ganglionares - camada retinianas mais interna; contém os corpos celulares das células ganglionares. 8. Camada do Nervo Óptico – formada pelos os axônios das células ganglionares da retina. Esses axônios passam pela retina (evitando a mácula), entram no disco óptico e deixam o olho pelo nervo óptico. - Após deixar o globo ocular, o nervo óptico (II) se encontra com seu par no quiasma óptico, mas logo se destaca para seguir até o tálamo (núcleos geniculados laterais (NGL). OBS.: A nível do quiasma ocorre decussação parcial das fibras: as fibras nasais de um mesmo olho cruzam o plano mediano para o lado o oposto e as fibras laterais se mantêm homolateralmente. - No tálamo, ocorre sinapses e os neurônios talâmicos partem para o córtex visual. - Dessa forma, tem-se a via direta da visão: Fotorreceptores → Células bipolares → Células ganglionares → Fibras do nervo óptico → Nervo óptico → Quiasma óptico → Tálamo (NGL) → Radiação óptica → Córtex visual primário (córtex estriado) Ana Laura Octávio - TXXII OBS.: Acuidade visual - Os cones e os bastonetes diferem quanto à acuidade, o que pode ser explicado pelas diferenças em seus circuitos retinianos. Somente alguns cones fazem sinapses com uma única célula bipolar que, por sua vez, faz sinapse com uma só célula ganglionar. Essa disposição é responsável pela maior acuidade e menor sensibilidade dos cones. A acuidade é maior na fóvea. - Por outro lado, muitos bastonetes fazem sinapse com uma única célula bipolar. Essa disposição é responsável pela menor acuidade, mas maior sensibilidade dos bastonetes (a luz que atinge qualquer um dos bastonetes é capaz de ativar a célula bipolar). FOTORRECEPÇÃO - A fotorrecepção é o processo de transdução que ocorre nos fotorreceptores (cones e bastonetes) que converte a energia luminosa em energia elétrica. - A imagem atinge os fotorreceptores presentes na retina após passar pelo sistema de lentes composto pela córnea e cristalino e os fluidos das câmaras do olho (humor aquoso e humor vítreo). OBS.: A formação de uma imagem nítida na superfície da retina é crucial para a percepção visual. SEQUÊNCIA DE EVENTOS 1. A luz atinge a retina (fotorreceptores) e inicia um processo de fotoisomerização do retinal – aldeído que compõe a rodopsina. Esse processo, consiste em converter cis- retinal opsina em trans-retinal opsina. Com isso, a opsina passa uma série de alterações conformacionais, culminando na produção de metarrodopsina II. LUZ Ana Laura Octávio - TXXII OBS.: A regeneração do cis-retinal requer vitamina A, dessa forma, a deficiência dessa vitamina causa a cegueira noturna 2. A metarrodopsina II ativa transducina (proteína G). Quando ativada, a transducina estimula uma fosfodiesterase que catalisa a conversão de GMPc em 5’-GMP. Consequentemente, ocorre aumento da degradação do GMPc, reduzindo sua concentração. 3. e 4. Na membrana do fotorreceptor, os canais de Na+, que carreiam a corrente de influxo, são regulados pelo GMPc. • Na luz, ocorre a diminuição dos níveis de GMPc, como descrito, que fecha os canais de Na+ na membrana do fotorreceptor, reduz a corrente de influxo do íon resultando em hiperpolarização da membrana do fotorreceptor. • No escuro, ocorre aumento nos níveis de GMPc, produzindo a corrente de influxo do Na+ (ou “corrente do escuro”) e despolarização da membrana do fotorreceptor. 5. A hiperpolarização da membrana do fotorreceptor diminui a liberação de neurotransmissores excitatórios ou inibitórios dos terminais sinápticos do fotorreceptor. 6. O tipo de receptor na célula bipolar ou horizontal determina se a resposta será despolarização (excitação) ou hiperpolarização (inibição) nessas células. Existem dois tipos de receptores de glutamato nas células bipolares e horizontais: • Receptores ionotrópicos, os quais são de despolarização (excitatório). • Receptores metabotrópicos, que são hiperpolarizantes (inibitório). Assim, a diminuição da liberação de glutamato que interage com os receptores ionotrópicos resultará na inibição e hiperpolarização da célula bipolar ou horizontal (ou seja, a diminuição de excitação). Ana Laura Octávio - TXXII E a diminuição da liberação de glutamato que interage com os receptores metabotrópicos resultará em despolarização e excitação da célula bipolar ou horizontal (ou seja, inibição diminuída causa excitação). Esse processo estabelece os padrões de ligado-desligado dos campos visuais.Ana Laura Octávio - TXXII DEFICIÊNCIAS VISUAIS RELACIONADAS COM A FORMAÇÃO DE IMAGENS - É sabido que a imagem é formada na retina, mais especificamente, na fóvea. Para isso, os raios luminosos convergem para esse ponto. Em razão disso, é dito que ̀ `quanto mais luz, melhor a visão´´. - Todavia, existem deficiências relacionadas com a formação dessas imagens na retina, em alguns casos, essas imagens são formadas antes, em outros, depois. ▪ MIOPIA – ocorre em indivíduos que apresentam um globo ocular longo demais ou possuem o cristalino muito arredondado, assim a imagem se forma ``antes da retina´´. Ou seja, os raios de luz convergem em um ponto anterior a fóvea. - Dessa forma, o indivíduo apresenta dificuldades em enxergar objetos posicionados longe. - CORREÇÃO: uso de lentes divergentes (fazer o ponto de convergência ``ir mais para trás´´, alcançando a fóvea). ▪ HIPERMETROPIA – ocorre em indivíduos que apresentam um globo ocular curto demais ou cristalino alongado demais ou ainda, ocasionalmente, um sistema de lentes fraco, assim a imagem se forma ``depois da retina´´. Ou seja, os raios de luz convergem em um ponto posterior a fóvea. - Dessa forma, o indivíduo apresenta dificuldades em enxergar objetos posicionados perto. - CORREÇÃO: uso de lentes convergente (fazer o ponto de convergência ``ir mais para frente´´, alcançando a fóvea). VISÃO EMENOTRÓPE (NORMAL) MIOPIA HIPERMETROPIA
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